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Guias e Dicas
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Terra brasil - revista, Notas de estudo de Engenharia Agrícola

Revista do Ministerio da Agricultura

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 06/05/2010

rodrigo-alencar-nunes-1
rodrigo-alencar-nunes-1 🇧🇷

4.7

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Baixe Terra brasil - revista e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Agrícola, somente na Docsity! Be. d o ) 1984l204005 Wi dis ENINAS Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento » Bl UM PAÍS DE TODOS E] GOVERNO FEDERAL O (775791) Especial Zoneamento Agroecológico ' ' ao De um só golpe, a cana-de-açúcar NA ProgramaBoiGuardião |; A renciamento impede avanço do desmatamento no bioma amazônico q a so E OD oo gia pu Sa TRE CO] 2 Terra Brasil Setembro/2009 2 3 Terra Brasil Setembro/2009 3 iderar as exportações de carne bovina e de frango, soja, café, suco de laranja, açúcar e etanol para os continentes europeu, americano, asiático, africano e oceânico e fidelizar esses mercados não é tarefa fácil. E ser referência mundial na produção e no desenvolvimento de biocombustíveis aumenta a responsabilidade do País para com o seu povo e os povos de além terra e mar. Exige compromisso do governo brasileiro, exportadores, produtores e todos os que participam dos negócios relacionados à cadeia produtiva, alicerçado em decisões que devem ser irrigadas permanentemente. O Brasil tem essência agrícola. Muita terra para se plantar. Clima diversificado. Pesquisa e tecnologia em expansão. Modernas indústrias de máquinas e implementos. É um negócio de vanguarda, eficiente e competitivo. Sem apoderar-se das florestas, o Brasil tem potencial para triplicar a sua produção de grãos e instituir uma nova ordem nas terras ocupadas por pastagens. Uma iniciativa inédita do Ministério da Agricultura vai monitorar por satélite fazendas de gado situadas no bioma amazônico para conter o avanço do desmatamento na região em função da pecuária. É o Programa Boi Guardião, tema da matéria especial desta edição, cujo projeto-piloto começou no Pará, em parceria com o governo estadual. A grandiosidade dos números e os vigorosos resultados da agricultura dão a dimensão exata da participação e contribuição preciosa deste setor para a economia brasileira. A agricultura representa 26,5 % do PIB e, em 2008, participou com 36,28% das exportações. Mesmo com a crise mundial e com problemas de estiagem no sul do País, a safra 2009/2010 foi a segunda maior da história, garantindo o abastecimento interno e a exportação de excedentes para mais de 200 países. O ano registrou, ainda, a consolidação das exportações de produtos do agronegócio para países em desenvolvimento. Central de Relacionamento 0800 704 1995 © 2009 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer f im comercial. A responsabil idade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é do autor. Catalogação na Fonte Biblioteca Nacional de Agricultura – BINAGRI L Expediente Conselho Editorial Wilma Annete Cesar Gonçalves, Neuza Arantes Silva, Tony Geraldo Carneiro, Jorge Caetano Junior, Helinton José Rocha, Débora de Freitas Oliveira Pinheiro, Leda Laboissière, Eliana Maria Martins Ferreira. Redação Editora-Executiva Adélia Azeredo Editora Rosa Maria Reis Projeto Gráfico SLA Propaganda Fotografia Antônio Araújo, Carlos Silva, Nilton Matos da Silva, Saulo Cruz. Impressão Gráfica Brasil Colaboradores Eline Santos, Hilda Guimarães, Inez De Podestà, Kelly Beltrão, Laila Muniz, Leilane Alves, Lis Weingärtner, Regina Rabelo, Sophia Gebrim, Thiago Ferreira. Circulação Nacional SUMÁRIO 04 ESPECIAL Pecuária e meio ambiente em paz. O agronegócio sai da berlinda no desmatamento da Amazônia, com programas de monitoramento do avanço de pastagens e recuperação de áreas degradadas. 56 DEFESA SANITÁRIA Aftosa sob controle. Sem registro de casos de febre aftosa, o País continua atento e reforça as medidas de controle da doença. 63 SERVIÇO Cochonilha-do-Carmim. Praga que está atacando a região semiárida do Nordeste brasileiro. 30 PESQUISA E TECNOLOGIA Aristocracia bovina. Genética privilegiada dos touros e vacas coloca o Brasil em destaque na pecuária internacional de elite. Seleção dos melhores touros e matrizes garante a qualidade da carne e do leite. Agricultura e mudanças climáticas. Boas práticas agrícolas ajudam a diminuir o efeito estufa. 42 COMÉRCIO E MERCADOS Cachaça de Paraty. Tradição e qualidade contribuem para o selo de Indicação Geográfica do produto. Café com qualidade. Segunda bebida mais consumida no mundo, os grãos de café têm rigorosas regras de produção, seleção e processamento. 16 PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL Expansão verde. Agora é lei: ampliação da produção de cana-de-açúcar deverá ocorrer sem desmatamento. Usinas mostram como é possível aliar preservação com viabilidade econômica. Árvores que dão sustento. Terceiro item na pauta das exportações do agronegócio em 2008, o mercado florestal está em expansão no Brasil. Tiragem: 40 mil exemplares Distribuição Assessoria de Comunicação Social acsgm@agricultura.gov.br Terra Brasil. Ano 1, n.1 (dez. 2008)- .– Brasília : Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento v. ; 27 cm. Quadrimestral ISSN 1984-204X 1. Agricultura. I. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Assessoria de Comunicação Social. II. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. AGRIS A01 CDU 630 8 Terra Brasil Dezembro/2009 8 9 Terra Brasil Dezembro/2009 9 A frase de Albênio Caldas, no início desta reportagem, faz sentido no momento em que ONGs e concorrentes, principal- mente em países importadores da carne brasileira, incluem a pecuá- ria na lista dos responsáveis pelo desmatamento na Amazônia. É exatamente para reverter esse quadro que um projeto concebido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) quer orientar a relação entre a pecuária e o desmatamento do bioma Amazônia. A proposta do “Desmatamento zero em função do avanço da pecuária”, ou simples- mente o Programa Boi Guardião, é monitorar via satélite fazendas de gado e, semestralmente, analisar a ocorrência de desmatamento. A medida foi lançada em dezem- bro e começa a vigorar em janeiro de 2010. O termo de compromis- so do projeto foi firmado pelo Mapa, governo do Pará, Fede- ração da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), Instituto Na- cional de Meteorologia (Inmet), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Asso- ciação Brasileira de Supermerca- dos (Abras), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e frigoríficos. instituições de pesquisa do País: a Embrapa Monitoramento por Satélite e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Na primeira fase, foi feito um retrato da ocupação de pas- tagem até dezembro de 2009. Por meio de imagens, analistas identificaram, por padrões de cores, textura e formas geomé- tricas, as áreas ocupadas pela pecuária. Cada pasto foi delimi- tado e as imagens iniciais serão comparadas aos novos retratos, a cada seis meses. “Teremos uma precisão muito boa e poderemos ver o avanço do desmatamento com segurança”, explica o coor- denador do Laboratório de Tra- tamento de Imagens de Satélite (Latis), Divino Figueiredo. Durante um ano, o projeto- piloto foi preparado pelo Mapa e o governo paraense. Fazen- das de Marabá, Eldorado dos Carajás, Água Azul do Norte, Ourilândia do Norte, Tucumã e São Félix do Xingu, no sudeste do estado, foram georreferen- ciadas, ou seja, suas localizações foram definidas no sistema de coordenadas geográficas. O programa estará implantado plenamente até o final do pri- meiro semestre de 2011. Entre dezembro de 2009 e junho de 2010, o monitoramento será realizado nos seis municípios paraenses citados. A partir de junho de 2010, o programa será estendido a mais 38 municí- pios do centro-sul do Pará que, juntamente com os seis da fase pi loto, estão dentro da área livre da febre aftosa com vaci- nação (status fornecido à região pela Organização Mundial de Saúde Animal – OIE). Também será implantado o monitora- mento dos estados de Rondô- nia e Mato Grosso. Na terceira etapa, iniciada em dezembro de 2010, o monitoramento al- cançará o restante do Pará, que compreende 67 municípios do nordeste, o Baixo Amazonas e a região da I lha de Marajó, com 32 cidades, além da tota- lidade dos outros dois estados incluídos no programa. Setenta técnicos da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará), pessoal contratado para o censo do IBGE e agentes co- munitários de saúde cadastraram, aproximadamente, 20 mil fazen- das de gado. Munidos de GPS, os agentes conferiram a localização geográfica de cada fazenda. O trabalho científico ficou por conta de duas das mais conceituadas Município de São Félix do Xingu(PA), com áreas preservadas em verde, em imagem de satélite Mapeamento, por satélite, das áreas de agropecuária 10 Terra Brasil Dezembro/2009 10 11 Terra Brasil Dezembro/2009 11 De posse desse material, técnicos do governo vão cruzar, eletroni- camente, os dados de georrefe- renciamento das fazendas com os de desmatamento na Amazônia. A propriedade que estiver derru- bando árvores será identificada e pode, inclusive, perder o direito à Guia de Trânsito Animal (GTA), instrumento fundamental para o transporte dos animais. “Sem esse documento, o pecu- arista não pode movimentar os animais para outras fazendas ou para frigoríficos”, adverte o coordenador de Trânsito e Qua- rentena Animal do Ministério da Agricultura, Luiz Felipe Car- valho. A GTA, que até este ano era preenchida em formulário de papel, agora é eletrônica. O Pará é a primeira unidade da federa- ção a adotar o novo sistema do Ministério da Agricultura. No futuro, com a introdução desse modelo on-line em todo o País, as informações sobre or i ge m e d e s t i no do g ado poderão ser consultadas em tempo real, além de permitir uma atualização mais ágil do Cadastro Nacional de Explora- ções Pecuárias, que engloba as propriedades brasileiras. Quem desmata não transporta animais Pecuária unida contra o desmatamento Na opinião do diretor-geral da Adepará, Aliomar Arapiraca, não existe inquietude com a qualidade da carne consumida no mercado interno e exportada. No entanto, os olhos dos produtores e do governo estão, cada vez mais, vol- tados para a adequação às rígidas exigências internacionais, já que o estado possui o quinto maior rebanho do Brasil, com mais de 18 milhões de cabeças. “Existe uma preocupação nesta caminhada de qualificar o proces- so produtivo nas diversas cadeias alimentares e, em relação à carne, especificamente, com a origem do animal. Para isso, será necessário o georreferenciamento da pro- priedade”, reforça Arapiraca. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), Carlos Xavier, acredita que o projeto é interessante para a região. “É importante que nós, Pará e Amazônia, possamos dizer para o mundo que temos cuidado na utilização dos nossos recursos naturais”, enfatiza. Segundo Xavier, o agronegócio re- presenta 45% do Produto Interno Bruto (PIB) paraense e a pecuária, com a bovinocultura de corte, é a primeira empregadora, com mais de 400 mil empregos diretos. Dada a representatividade do setor na economia do estado, ele afirma que os produtores têm forte interesse em contribuir para que a criação de gado e a pre- servação do meio ambiente con- vivam em harmonia. “Estamos buscando a sustentabilidade no nosso produto”, defende. Iniciativas paralelas para zerar o desmatamento da Amazônia já começam a ser vistas no estado. O Projeto Preservar é um com- promisso da sociedade paraen- se consolidado por entidades ligadas aos produtores rurais, indústria, comércio e serviços, entre outros setores. Pela pro- posta, 11 milhões de hectares de pecuária extensiva serão con- vertidos em atividades agrícolas e f lorestais, com o objetivo de melhor aproveitamento de área com o uso de tecnologia. A Associação Brasileira de Su- permercados (Abras) também colocou em prática uma forma de cert if icar a carne bovina produzida respeitando ques- tões de segurança alimentar, sociais e ambientais. O superintendente da Abras, Tiaraju Pires, acredita que, no âmbito da proposta, o georrefe- renciamento no Pará pode ter “sinergia” com o projeto da en- tidade. Nele, os supermercados signatários não podem comprar carne de frigoríficos sem certifi- cação. Além disso, a própria en- tidade deverá auditar, por amos- tragem, fazendas fornecedoras de gado para o abate. “Vamos exigir que comprovem, de forma clara e objetiva, que não estão desmatando. E a maneira mais precisa de que eles façam isso é pelo georreferenciamento”, acrescenta Pires. 12 Terra Brasil Dezembro/2009 12 13 Terra Brasil Dezembro/2009 13 Fazendas em municípios do P ará com georreferenciament o Em todo o estado são criadas 18.009.849 cabeças de gado. O Pará tem o maior rebanho do Norte e é o 5º maior produtor do País Imagem por Satélite de Curral no Pará Além da definição de uma política para alcançar o desmatamento zero no bioma amazônico, em função do avanço da pecuária, outras contribuições para a preservação do meio ambiente são estudadas e algumas, inclusive, já são aplicadas pelo Ministério da Agricultura. Para a diminuição das emissões de gases de efeito estufa, por exemplo, estimula-se a implementação de pastagens de qualidade, que efetivam a captura de CO2 da atmosfera. Propriedades Município Pontos Água Azul do Norte 1.684 Eldorado dos Carajás 1.957 Marabá 4.685 Ourilândia 674 São Félix do Xingu 4.810 Tucumã 1.668 Total 15.478 Em 2009, o monitoramento cobre os 6 municípios da área-piloto. A partir de 2010, serão realizados monitoramentos semestrais que gradualmente cobrirão outras regiões da pecuária brasileira. 18 Terra Brasil Dezembro/2009 18 19 Terra Brasil Dezembro/2009 19 Josiane e Lázaro, protagonistas de uma nova era na produção de cana Em Goiás, considerada nova fron- teira de expansão da cana, foram definidos pelo ZAECana 12,5 milhões de hectares como áreas aptas ao cultivo. Rocha explica que o estado dispõe de solo, clima, topografia e infraestrutura favorá- veis a essa ampliação. Segundo ele, os números mostram crescimento expressivo em investimentos no setor sucroenergético nos últimos anos. De 1999 a 2009, a quantidade de usinas instaladas em território goiano subiu de 12 para 33, acrésci- mo de 175%. Atualmente, o estado é o quarto produtor nacional de açúcar, com mais de 950 mil tone- ladas por ano, e o terceiro na fabri- cação de etanol, com 1,7 bilhão de litros. “Esse avanço ocorreu com o ganho de produtividade, princi- palmente em áreas de pastagens, boa parte degradadas”, menciona o dirigente do Sifaeg. No Brasil, 433 usinas estão ati- vas. A produção nacional de eta- nol gira em torno de 27 bilhões de litros e a de açúcar alcançou, na safra 2008/2009, 31 milhões de toneladas. Quase 60% do total de cana-de-açúcar cultivada para uso na indústria sucroalcooleira são destinados ao estado de São Paulo (325 milhões de toneladas). Os vários usos possíveis da cana são outro atrativo para os inves- tidores. Além do açúcar e etanol, a cana pode gerar, por exemplo, bioeletricidade, levedura seca para ração animal, torta e vinhaça para adubação. Dados do Sifaeg apon- tam que as usinas do estado se- rão capazes de produzir, em 2013, energia suficiente para atender o consumo de toda a população, hoje em 1,7 mil megawatts. A ele- tricidade é gerada a partir do baga- ço, resultado do esmagamento da cana no processo industrial. Muitas usinas já conseguem su- prir suas próprias necessidades de energia com o bagaço, como a São Manoel e a São Francisco. “No caso da indústria goiana, a capacidade de produção de bioe- letricidade é quatro vezes maior que a demanda de consumo”, sa- lienta o gerente industrial, Hélio Teixeira Belai. Mecanização – “Estavam contra- tando mulheres e resolvi tentar uma vaga”, relata a ex-motorista de ônibus e van Josiane Pereira, funcionária da usina São Manoel, há um ano. Josiane passou por um mês de treinamento para operar uma colheitadeira. A paulista de Barra Bonita, cidade vizinha a São Manuel, conta que as condições de trabalho e financeiras melhora- ram com a nova profissão. “Meu salário aumentou 100%”, revela. Vagas como a de Josiane ilustram a mudança da realidade nas usi- nas brasileiras, que caminham para a redução do corte manual da cana. Uma das diretrizes do zoneamento é justamente o uso de áre- as com decli- vidade igual ou inferior a 12%, que permitem a mecanização e eliminam a prática de queimadas nas áreas de expansão. Com três anos de funcionamento, a usina São Francisco já nasceu com 100% de mecanização na co- lheita. São 37 máquinas com ca- pacidade para colher 650 tonela- das de cana-de-açúcar por dia. Na São Manoel, fundada há 60 anos, a colheita mecânica dos 36 mil hectares de plantação atinge 53%. E para ter mão-de-obra capaz de operar essas máquinas com tec- nologia de ponta, as indústrias estão investindo na qualificação dos funcionários. Este é o caso do ex-cortador de cana Lázaro Alcântara. “Deixei o corte ma- nual na mi- nha cidade, Porteirinha- MG, porque vi uma opor- tunidade de melhorar de vida”, conta o ago- ra operador de colheitadeira da usina de Quirinópolis. Lázaro é responsável por conduzir um ve- ículo com GPS, ar-condicionado, computador de bordo e pneu com tecnologia que evita com- pactação do solo. “Capacitamos cerca de 120 pes- soas por ano, entre eletricistas, mecânicos, operadores de má- quinas e outros profissionais. A ideia é requalificar princi- palmente os funcionários que já temos”, explica o gerente ad- ministrativo da indústria São Manoel, Silvio Nicoletti, que iniciou a carreira aos 14 anos, como ferramenteiro na usina. Preservação – Não é o verde da plantação de cana e nem o tom prateado das caldeiras e cha- minés da indústria do interior paulista que chamam atenção. Logo ao entrar na área da usi- na, uma variedade de cores em flores, plantas nativas e árvores se destaca na paisagem. O visual da área é uma amostra da convi- vência entre uma atividade agrí- cola e industrial e o cuidado com a preservação do meio ambien- te. “Destinamos uma área de 360 hectares para um projeto de 12 anos em parceria com a Esalq (Escola Superior de Agricultu- ra Luiz de Queiroz-USP) para o repovoamento de Áreas de Pro- teção Permanente”, informou o engenheiro agrônomo responsá- vel, Luis Alberto Manoel. O pro- jeto, que inclui 80 espécies de plantas, prevê o plantio de 200 mil mudas por ano. 60 milhões de hectares poderão ser usados para a expansão da cana-de-açúcar. O número representa 7,5% do território nacional. 20 Terra Brasil Dezembro/2009 20 21 Terra Brasil Dezembro/2009 21 Iniciativa semelhante é realizada em Quirinópolis. Ipê, baru, jatobá, louro e goiaba são algumas das 50 espécies cultivadas no viveiro da usina São Francisco. Ao todo, 180 mil mudas foram plantadas e outras 120 mil são produzidas por ano. A produção sustentável - que reúne condições ambientais, econômicas e sociais - é a principal consequência da expansão “verde” que o governo pretende delimitar com o Zonea- mento Agroecológico da Cana-de- Açúcar. “Não podemos ser contra o zoneamento usado com base em critérios técnicos. Quem pensa em longo prazo e pretende permanecer na atividade sabe que existem áreas suficientes para o plantio fora do Pantanal e da Amazônia”, atesta Carlos Dinucci, diretor-presidente da usina São Manoel. Eng. agrônomo Luis Alberto Manoel Na usina paulista ou na goiana, o foco é o mesmo: cultivar mudas para reflorestar Áreas de Proteção Permanente Terra Brasil - Qual a posição do setor em relação ao Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar? MJ - Somos muito a favor desse propósito. Concordamos 100% que a cana cresça sem pro- vocar desmatamento. E quando falo desmatamento, refiro-me ao avanço da cana em qualquer tipo de floresta ou vegetação nativa. Isso vale também para o Cerrado, campos, Pantanal, flo- restas Atlântica e Amazônica. Por outro lado, entendemos que o crescimento da cana em áreas antropizadas - que já têm agricultura - precisa acontecer. Se queremos consolidar o etanol como uma commoditty, não faz muito sentido vedar o crescimento da cana em áreas já antropizadas. Terra Brasil - A expansão da cana em áreas antropizadas já não é um dos princípios centrais do zoneamento? MJ - Um parágrafo no projeto de lei que estabelece o zoneamento determina que a cana não pode afetar a segurança alimentar. Entendemos que esse é um discurso que não faz sentido no Brasil. Esse debate de alimentos versus energia nasceu nos Estados Unidos ao deslocar grandes volumes de milho para produção de etanol. Essa não é a realidade do Brasil, que tem 170 milhões de hectares de pastagens e apenas sete milhões de hectares de cana e em torno de 60 milhões de hectares de outras culturas. A agricul- tura no Brasil tem grande potencial de crescimento em áreas de pastagens sem precisar invadir flores- tas. Isso acontece porque, por um lado, existe o Sistema de Integração Lavoura- Pecuária-Silvicultura, que está funcionando muito bem no Centro-Oeste. Por outro lado, temos a pos- sibilidade de executar duas culturas por ano de cana e soja, por exemplo. Então, tecnicamente esse con- ceito não tem fundamento econômico, agronômico e nem ambiental. Também não concordamos com a restrição à Bacia do Alto Paraguai. Colegas dos sindicatos de Mato Grosso do Sul e de Mato Grosso dizem que as usinas instaladas na região foram estimuladas pelo estado, 30 anos atrás. Nesse período não houve nenhum incidente ambiental grave. Então por que aquela área vai poder continuar com expansão para a soja ou milho e não para a cana? Terra Brasil - Diante dessa posição, o setor irá participar do processo de tramitação do projeto de lei no Congresso? MJ - Como o zoneamento foi para o Congresso em formato de projeto de lei, existe sempre uma expectativa de debate. Queremos revisar os artigos e aprimorar, mas, em hipótese alguma, rever o conceito de não expansão da cana sobre vegetação nativa ou floresta. A gente quer simples- mente que o projeto não impeça o crescimento da cana nas áreas antropizadas. Queremos que o projeto reflita a sustentabilidade, que inclui o tripé econômico, social e ambiental. Terra Brasil - Na sua opinião, essa política que prevê a expansão da cana-de-açúcar fora de florestas e vegetação nativa beneficia a inserção do etanol no mercado internacional? MJ - O setor da cana tomou uma atitude mais contundente que outros setores de aceitar que a cultura não vai crescer em nenhum bioma com desmatamento, porque o etanol precisa ter esse selo. É até uma coisa curiosa porque a mesma cana faz açúcar e álcool e a pressão não é sobre o açúcar, mas sobre o álcool. Acreditamos que o combustível terá grande futuro no mercado internacional, principalmente, se o álcool de cana for reconhecido como um redutor de emissões de gases de efeito estufa mais poderoso do que o álcool de milho. O álcool de cana reduz as emissões em 90% se comparado com a gasolina e, em 30%, em relação ao milho. Então, perderíamos esses 90% se a cana expandisse com desmatamento. “Concordamos 100% que a cana cresça sem provocar desmatamento.” • O gov erno de termin ou, a p artir do Zonea mento Agroe cológic o da Ca na- de-Açú car (ZA ECana) , que a expans ão da c ultura n ão oco rrerá em áreas de veg etação nativa , Amaz ônia, Pa ntanal e Bacia d o Alto P aragua i. • As áre as apta s ao cul tivo som am 60 m ilhões d e hecta res ou 7 ,5% do territór io brasi leiro. • O est udo co nsidero u tamb ém com o critér ios para novos plantio s: - Áreas que nã o neces sitam d e irrigaç ão plen a e que econom izam re cursos, como á gua e e nergia. - Locais com de clividad e igual ou infe rior a 1 2% que permit em a meca nização e elimi nam a prática de que imadas . - Estím ulo ao u so de á reas de gradad as ou d e pasta gens pa ra impl antaçã o de no vos pro jetos. • O ZA ECana foi elab orado e ntre jul ho de 2 007 e ju lho de 2 008. Co ordena ram o estudo os Min istérios da Agr icultura e Meio Ambie nte, a C ompan hia Nac ional d e Abaste ciment o (Cona b), o Ins tituto N aciona l de Me teorolo gia (Inm et) e a E mpresa Brasile ira de P esquisa Agrop ecuária (Embra pa). Tam bém in tegrara m a eq uipe o Institut o Brasi leiro de Geogr afia e E statísti ca (IBG E), o Ce ntro de Tecnol ogia Ca navieir a, a Rede Interun iversitá ria para o Dese nvolvim ento do Setor S ucroalc ooleiro (Rides a), a Unive rsidade de Cam pinas (U nicamp ), além de out ras inst ituiçõe s de pe squisa. • Para compo r o trab alho, o govern o realiz ou uma série d e reuni ões com represe ntante s de go vernos estadu ais, com o Rio G rande d o Sul, P araná, São Paulo, Acre, M ato Gro sso e M ato Gro sso do Sul, Go iás e M inas Ge rais. • As no vas reg ras par a o plan tio fora m instit uídas p elo Dec reto nº 6.961/ 2009. • Tamb ém est á em tr amitaç ão no C ongres so Nac ional u m projeto de lei q ue insti tui o ZA ECana. • Medi da adic ional a nuncia da pelo govern o estab elece o fim da s queim adas n as lavoura s até 2 017. Veja mais detalhes do zoneamento em: www.cnps.embrapa.br Marcos Jank , presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Única) Entrevista 22 Terra Brasil Dezembro/2009 22 23 Terra Brasil Dezembro/2009 23 Árvores que dão sustento Terceiro item na pauta das exportações do agronegócio em 2008, o mercado florestal está em expansão no Brasil a g r ic u ltor ca ta- r i n e n s e E m í l i o Einsfeld Filho não planta café, milho ou soja, mas cultiva árvores. Ele é f lorestador de 16,4 mil hectares em Campo Belo do Sul-SC. Um episódio ocorrido em 1986 levou Seu Emíl io a transformar sua propriedade de gado em produtora de toras de madeira. Ele recebeu a visita de um funcionário do Instituto Na- cional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para inspecionar o estabelecimento. Como o gado era criado extensivamente, a fazenda foi considerada improdutiva. Seu O 28 Terra Brasil Dezembro/2009 28 29 Terra Brasil Dezembro/2009 29 Consulte seu agente de viagem. www.turismo.gov.br Onde fi ca este lindo lugar que espera pela sua visita? A ( ) Porto de Galinhas, PE B ( ) Angra dos Reis, RJ C ( ) Ilha do Mel, PR D ( ) Belém, PA RESPOSTA: B – ANGRA DOS REIS, RJ Se você é brasileiro e não sabe a resposta, está na hora de conhecer melhor o Brasil. NAS FÉRIAS, VIAJE PELO BRASIL. É BOM PARA VOCÊ. É BOM PARA O PAÍS. Fonte: Abraf/2008 30 Terra Brasil Dezembro/2009 30 31 Terra Brasil Dezembro/2009 31 Aristocracia bovina Genética privilegiada dos touros e vacas coloca o Brasil em destaque na pecuária internacional de elite. Seleção dos melhores touros e matrizes garante a qualidade da carne e do leite PESQUISA E TECNOLOGIA 32 Terra Brasil Dezembro/2009 32 33 Terra Brasil Dezembro/2009 33 A dose de acerto é medida pelas últimas gerações. Elas devem ser sempre um degrau a mais em relação às anteriores. “A seleção gené- t ic a pre vê u m campeão antes do bezerro nascer. Mas somente o tempo é capaz de confirmar as qualidades que prevemos”, explica o zootecnista da Mata Velha, Nilo Sampaio Júnior. Ele conta orgulho- so, ao mostrar a matriz Elegance II, avaliada em R$ 3 milhões, descen- dente das recordistas de preços em grandes leilões. Nessa fazenda, os principais re- produtores são enviados às cen- trais de inseminação para coleta e comercialização de sêmen. A Mata Velha desenvolve um dos maiores programas de transferência de embriões em fa- zendas no Brasil desde a década de 80. As fazen- das São Geraldo e Mata Velha r e p r e s e nt a m a l g u m a s d a s propr ied ades que têm como objetivo desen- volver o zebu ideal, que repro- duza características genéticas e econômicas nos pastos do rebanho comercial e garanta animais precoces, com mais musculatura e cortes nobres. Além de obter carne e leite saudáveis e a preços acessíveis. Pesquisas da unidade de Gado de Corte da Empresa Bra- sileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) apontam que 40% da maciez da carne e 25% do ganho de peso estão relacionados à genética e 60% ao ambiente em que vivem. Os produtores brasileiros buscam o zebu ideal, que reproduza características genéticas e econômicas nos pastos do rebanho comercial e garanta animais precoces, com mais musculatura e cortes nobres. Hoje, as propriedades da família Franco reúnem oito mil cabeças de guzerá em Minas Gerais e São Paulo e servem de referência para matrizes e touros da raça guzerá nos outros estados. Também na BR-050, a fazenda Mata Velha coleciona títulos e preços re- cordes de matrizes de nelore a partir do melhoramento genético. Todo mês o rebanho é avaliado e cada fêmea parida acasalada com touros diferentes, segundo características genéticas, produção ou pedigree. Museu do Zebu, em Uberaba-MG, conta a história da raça no Brasil O zootecnista Nilo Sampaio Júnior conduz a campeã Elegance II Centrais de inseminação para coleta e comercialização de sêmen margens da BR- 050, na cidade de Uberaba, em Minas Gerais, a paisagem im- pressiona pelo número de fazendas com bois e vacas que se alternam entre o pasto e as pistas de julgamento. Ali, os animais não seguem para o abate. São touros e matrizes consi- derados de elite. O local, conhecido como Rota do Zebu, reúne, além das propriedades, laboratórios especializados em melhoramento genético bovino. Hoje, a cidade mineira é considerada vitrine das melhores raças zebuínas e principal fornecedora de matrizes e touros para o mundo. A trajetória da Rota do Zebu como referência em genética bovina começou com a chegada dos animais da raça ao Brasil, importa- dos da Índia, no final do século 19. Em 1898, foram registradas as pri- meiras importações internacionais de zebu pelo pecuarista mineiro Teófilo de Godoy. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) con- tabilizam o rebanho bovino brasi- leiro com 202 milhões de cabeças, em 2008. Desse total, 80% têm o sangue zebuíno. Com o crescimento do rebanho, o País lidera a explora- ção do gado de origem indiana com finalidades comerciais. A história da evolução pecuária também é contada nas centenas de fotos, troféus e medalhas expostos na sede da Fazenda São Geraldo, em Uberaba. Começou em 1936, quando o proprietário, Mário de Almeida Franco, deu início à criação de nelore e, dois anos depois, adqui- riu as primeiras cabeças de guzerá que chegaram ao Brasil. O proprie- tário investiu na raça guzerá ao va- lorizar a rusticidade, nobreza e boa conversão alimentar. A fazenda também é referência em melhoramento genético bovino no País. Para selecionar os melhores animais, na década de 1970, come- çaram os investimentos em tecno- logia com a utilização de insemina- ção artificial. Dez anos mais tarde, vieram os testes de transferência de embriões. A fecundação in vitro foi acrescentada ao trabalho de seleção, para dar continuidade à modernização do rebanho e alcan- çar as principais características do mercado: precocidade, ganho de peso, fertilidade e funcionalidade. Às 38 Terra Brasil Dezembro/2009 38 39 Terra Brasil Dezembro/2009 39 clima pode afetar tanto o crescimen- to e desenvolvimen- to de uma planta, quanto o surgi- mento de pragas e doenças. Tudo que é realizado no campo, como adubação, preparação do solo, irrigação, semeadura e colheita, depende das condições climáticas. Como semear em terra seca e árida? Como colher uma determinada fruta em época de fortes chuvas? No Brasi l, a preocupação do governo federal com os efeitos do clima na agricultura colocou a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) à frente do projeto Plataforma de Mu- danças Climáticas e Agricultura, coordenado pelo pesquisador Eduardo Assad. “O governo nomeou um grupo de pesquisadores para organizar essa plataforma. Foram catalogados 212 projetos de pesquisa sobre mudanças climáticas, constatan- do que o Ministério da Agricultura é a pasta que mais investiu em pes- quisas de mudanças climáticas no Brasil”, explica Assad. Segundo informações da Embrapa, entre 1995 e 2006, foram investi- dos mais de R$ 30 milhões em pes- quisas sobre gases de efeito estufa, sistemas de produção apropriados, melhoramento genético de plantas adaptadas ao estresse ambiental e estudos de vulnerabilidade. Para Assad, qualquer atividade econômica mal planejada pode causar danos à atmosfera. “A in- dústria mal planejada polui. Um carro mal regulado polui, assim como a agricultura malfeita pode prejudicar o ambiente”. Porém, segundo ele, a agricultura bem planejada contribui, e muito, para a redução dos gases de efeito estufa no mundo. Pesquisas da Embrapa, das em- presas estaduais e de univer- sidades buscam soluções para mitigar o aquecimento global e fortalecer a produção agropecuá- ria. Para Eduardo Assad, são téc- nicas limpas, sustentáveis e que somente a agricultura brasileira consegue executar. “Estamos falando de ações mitigadoras que são fáceis de incentivar. É como dizer aos agricultores que usem o que já existe. Esse é o grande diferencial”, ressalta. O Boas práticas agrícolas ajudam a diminuir o efeito estufa Boas alternativas para mitigação 1 – Plantio direto de qualidade Boas práticas de manejo do solo sequestram o carbono da atmosfera. A mais usada é a do Sistema de Plantio Direto, que promove o cultivo sobre a palha deixada no solo pela cultura anterior, sem a necessidade de remoção do solo. 2 – Recuperação de pastagens O gás metano derivado do sistema digestivo do gado pode ser neutralizado, se o criador mantiver o pasto manejado e recuperado. 3 – Integração Lavoura-Pecuária A rotação de pastagem com lavoura encurta o período de uso das áreas, em ciclo de três a cinco anos de plantios intensivos. Além do bom manejo, o agricultor recupera a área com lavoura, melhora as condições do pasto e ainda produz grãos em locais que, hoje, são considerados degradados, poluentes ou emissores de carbono. 4 – Fixação biológica de nitrogênio A técnica foi criada nos anos 1980, identificando a bactéria que, inoculada na semente, dispensa adubação nitrogenada e retira o nitrogênio do ar. O que significa isso em termos de gases de efeito estufa? Um dos principais gases que estão na atmosfera e podem provocar aquecimento é o óxido nitroso, que vem exatamente do nitrogênio do adubo. 5 – Reflorestamento Essa ação é bem simples. A árvore tem um mecanismo para sequestrar carbono e transferir o carbono para o solo. A técnica é muito eficiente e barata. 40 Terra Brasil Dezembro/2009 40 41 Terra Brasil Dezembro/2009 41 Objetivos do Climapest • Avaliar os efeitos da concentração do dióxido de carbono atmosférico sobre doenças, pragas e plantas invasoras; • Avaliar os efeitos de alterações da tem- peratura sobre doenças, pragas e plantas invasoras; • Avaliar os efeitos da radiação UV-B sobre micro-organismos associados às plantas; • Avaliar riscos potenciais das mudanças climáticas na distribuição geográfica e tem- poral de pragas, doenças e plantas invasoras. A unidade d e Informátic a da Embrap a, em C a mp i n a s - SP, desenvolv e softwares, f erramentas e programa s de comput ação espec íficos para as questõe s ambienta is. De nov e laboratório s da unida de, dois sã o dedicados à s previsões climáticas: os laboratórios de modelag em ambient al e de modelag em matemát ica. “A partir da s informaçõ es, tentamo s for mular modelos q ue possam esclarecer o que está acontecend o, em dois ní veis, o real e a projeçã o futura”, ex plica Silvio Evangelist a, responsáv el pelo lab oratório d e modelagem ambiental. Como é medido o gás metano emitido pelos bovinos Uma cápsula é colocada dentro do sistema digestivo do animal emissor de metano. E, como se fosse um microfone, o medidor fica em frente à narina do animal e captura o metano e o hexafloreto. Pela razão entre o metano e o hexafloreto, são calculadas as emissões totais. O metano é emitido por meio de duas fontes: arroto e escretas, e está presente nas fezes e na urina (produz óxido nitroso, gás 300 vezes mais potente que o CO2). O óxido nitroso também é contabilizado nas emissões pelos animais. “Ao mesmo tempo, a pastagem captura carbono da atmosfera, por fotossíntese, e aumenta os estoques do carbono na matéria orgânica do solo. Pastagem é uma das alternativas nesse sentido”, explica Luís Gustavo Barioni, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente. O Instituto Nacional de Meteo- rologia (Inmet), vinculado ao Mi- nistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), criado em 1909, realiza previsões climá- ticas para apoiar as estimativas de safras. O objetivo é minimizar riscos climáticos na agricultura e no agronegócio brasileiro. Segundo o diretor do Inmet Divino Moura, 436 estações automáticas foram instaladas em todo o País até 2009. Acordos de cooperação entre o instituto e serviços meteorológicos dos centros de previsão de países da América no Sul garantem a coorde- nação de previsões em rede. O Inmet contará com o Centro Virtual de Monitoramento, Previsão e Alerta de Eventos Meteorológicos Severos na Região Norte/Nordeste da América do Sul. A parceria vai reunir os serviços de meteorologia da Venezuela, Colômbia, Suriname, Guiana e Guiana Francesa, com apoio da Organização Meteorológi- ca Mundial, da Agência Estatal de Meteorologia da Espanha e da Mete- ofrance. A ação entre os países que estão sob os mesmos fenômenos me- teorológicos e climáticos aumenta a qualidade das previsões e permite melhorar o monitoramento dos fenômenos e a articulação entre os setores de defesa civil. Curiosidades - Pesquisas científicas pos- sibilitaram aumento de 60% da produtividade da agropecuária no País. - A agropecuária possibilita mitigar até seis bilhões de toneladas de CO2. - A recuperação de pasto de- gradado com lavoura pode aumentar a produção em até dez vezes. - A técnica de plantio direto pode reduzir as emissões de CO2 e capturar em torno de 500 quilos/hectare/ano. Inmet Ações de Prevenção Para estimular o avanço científico na área de mudanças climáticas, permitindo a elaboração de estratégias, foi lançado, em 2009, o projeto Impactos das Mudanças Climáticas Globais sobre Problemas Fitossanitários (Climapest). O projeto envolveu 134 pesquisadores de 37 instituições, sendo 17 centros de pesquisa da Embrapa, 15 instituições de pesquisa e ensino e cinco instituições do setor privado. “A elaboração de estratégias de adaptação tem a finalidade de racionalizar métodos de controle, direcionar novos trabalhos de pesquisa e apoiar a elaboração e prática de políticas públicas”, ressalta a coordenadora do Climapest, Raquel Ghini. 42 Terra Brasil Dezembro/2009 42 43 Terra Brasil Dezembro/2009 43 i n c o g e r a ç õ e s e m a i s d e 20 0 anos destinados à p ro d u çã o d e cachaça tradu- zem a histór ia da família Mello. Desde 1803, os Mello participam de todas as etapas de elaboração do produto: pl a nt io d a ca na- de-açúca r, moagem, fermentação (26°C/dois dias), destilação (80°C/duas horas e meia), filtragem e engarrafa- mento. Na histórica Paraty, a 245 quilômetros do Rio de Janeiro, no Engenho D’Água, Eduardo Mello transfere os ensinamentos sobre produção de cachaça do bisavô, Domingos Feliciano Corrêa, ao filho Eduardo. No sítio de 240 hectares, sendo sete destinados à plantação de cana- de-açúcar, é possível encontrar cachaças com o selo de Indicação de Procedência, que confere tradição ao produto. Entre elas, a prata (tra- C Cachaça de Paraty: sinônimo de tradição e qualidade dicional) e ouro (três anos). Quinze pessoas trabalham no campo e oito na sede da propriedade. A partir de 2011, o produtor deverá comprovar que a cana-de-açúcar utilizada na fabricação é do muni- cípio, para que a cachaça de Paraty receba o selo de Indicação de Pro- cedência. “Hoje, compro 60% da matéria-prima de produtores da região, 20% de São Paulo e produzo 20%. Com essas novas regras, a ex- pectativa é ampliar a produção para 25 hectares e dobrar o número de funcionários. Além disso, esperamos exportar para a Alemanha, que já analisou amostras e demonstrou interesse pelo nosso produto”, ressalta o chefe da família Mello. COMÉRCIO E MERCADOS 48 Terra Brasil Dezembro/2009 48 49 Terra Brasil Dezembro/2009 49 O que há dentro de uma xícara de café fumegando? uitos brasileiros, na hora do cafezinho, já se pergun- taram como o grão se torna uma bebida tão saborosa, ou imaginaram o trabalho e empenho dos produtores para oferecer qualidade e sabor. Segunda bebida mais consumida no mundo, os grãos de café, tão cobiçado pelo comércio internacional, têm rigorosas regras de produção, seleção e processamento. Os cuidados no plantio e colheita garantem a venda da bebida consu- mida, diariamente, por mais de um bilhão de pessoas. Estatísticas do setor indicam que, depois da água, o cafezinho é a segunda bebida mais consumida. No Brasil, nove de dez pessoas com mais de 15 anos tomam, pelo menos, um cafezinho por dia. Mas o caminho do grão até a xícara é longo e o beneficiamento bastante aprimorado. M A arte de preparar um cafezinho • Preparar a quantidade exata do café para o consumo imediato. Após uma hora de coado, ele perde suas características. • Usar sempre água filtrada ou mineral por não conter cloro. • A água para o preparo do café deve estar entre 90°C e 100°C, assim que iniciar a fervura. • Para cada 500 ml de água fervente, adicionar 3 a 4 colheres de sopa de pó de café de sua preferência. • Não adoçar o café durante o preparo. • Manter o pó do café em recipiente bem fechado e, de preferência, guardar na geladeira. • Lavar o coador de pano somente com água. G ua xu pé - M G 50 Terra Brasil Dezembro/2009 50 51 Terra Brasil Dezembro/2009 51 Como bom mineiro, Roberto Firmino de Oliveira construiu seu patrimônio com o trabalho de mais de vinte anos nas lavouras de café. Passou grande parte de sua vida no meio dos cafezais, a 20 quilômetros de Carmo do Pa- ranaíba-MG. Ele acorda cedinho para acompanhar o desenvolvi- mento da lavoura e assegurar a qualidade do café desde o campo. Para classificar seu produto, Firmino tem assistência dos técnicos do Núcleo de Rio Para- naíba, da Cooperativa Regional de Cafeicultores (Cooxupé) em Guaxupé-MG. A c lassif icação vegetal é um processo essencial na comercia- lização do café e a análise dos grãos verdes determina o valor do produto. Os grãos são distri- buídos nas classes Coffea arabica (arábica) e o Coffea canephora (robusta ou conilon) e avalia- das características como o tipo (defeitos), tamanho (peneira) e bebida (sabor e aroma). A qualidade do café é determina- da por atributos como aroma e sabor. O arábica atende o paladar mais fino e o conilon, que é a base do café solúvel, tem menos acidez e mais cafeína, além de custo de produção mais baixo. Minas Gerais é o maior produ- tor do arábica e Espírito Santo, Rondônia e Bahia, do conilon. Tipo A classificação por tipo é obtida pelo número de defeitos encon- trados em uma amostra de 300 gramas, como alterações fisiológi- cas e genéticas dos grãos, por má condução agrícola. São os grãos como os Pretos, Verdes, Ardidos (PVA), quebrados, brocados, em forma de concha. O produto en- quadra-se em tipos classificados de 2 a 8. Por exemplo, o café do tipo 2, de maior valor comercial, apresenta de 4 a 11 defeitos. Já o tipo 8 tem até 360 defeitos. Peneira Com relação ao tamanho, os grãos são separados segundo as di- mensões dos crivos das peneiras, proporcionando torração mais uniforme. Os tamanhos da peneira vão dos maiores crivos para os menores, de 19 a 13 para os cafés chatos e de 13 a 8 para os cafés mocas. O vazamento máximo ad- mitido para cada peneira é de 10%. Bebida Experientes provadores identificam e avaliam os atributos dos cafés na degustação. É a chamada “prova da xícara”. A qualidade da bebida é reve- lada pelo olfato e paladar, enquanto a classificação é visual. Os grãos dos cafés arábica e conilon ou robusta seguem a mesma classificação por tipo e peneira. O arábica recebe classifica- ções como Estritamente Mole, doçura e acidez acentuada; Mole, gosto doce, agradável e ácido; Dura, gosto ácido e adstringente; Riada, gosto ligeira- mente químico, lembrando o iodo; Rio, gosto químico muito forte, lembrando remédio; Rio zona, sabor acentuado, repugnante ao paladar. O café conilon recebe classifica- ção Excelente, quando o sabor é neutro; Mediana, com ligeira acidez e Regular, sem acidez. O café é desclassificado quando apre- senta problema de conservação, mofo, odor estranho, resíduos de produtos fitossanitários, micoto- xinas e outras substâncias nocivas à saúde acima do limite estabeleci- do em legislação específica. Outros fatores determinantes na classificação do café Fatores ambientais afetam a acidez, o corpo, a doçura e o aroma da bebida. Na produção cafeeira, os cuidados começam com a escolha do local de plantio (altitude, tipo e declividade do solo e vertente de insolação), o espaçamento entre as plantas, os cuidados com adubação, o con- trole de doenças e pragas. O café arábica exige altitudes acima de 700 metros. Já o conilon pode ser cultivado em regiões de baixa altitude (inferior a 400 metros), mas com temperatura alta. Colheita, secagem e processa- mento são etapas importantes. Na colheita, os frutos devem estar em ponto máximo de ma- turação e não ter contato com a terra para impedir contami- nação por micro-organismos. Na pré-limpeza, retiram-se as impurezas, como folhas, torrões e cavacos. Os grãos são lavados e os frutos separados por fases de maturação, como os chum- binhos, grãos verdes, frutos cerejas e secos (passa). Os frutos maduros (cerejas) resultam em bebidas de melhor qualidade. Depois de lavado, o café fica exposto ao sol ou secadores me- cânicos. Em seguida, passa pelo beneficiamento, para a retirada da casca, e pelo rebeneficia- mento, para exclusão dos grãos Pretos, Verdes, Ardidos (PVA), defeituosos e brocados. A torra e o grau de moagem são fundamentais e definem o tipo da bebida, pois interferem na qualidade final do produto. No ponto ideal tem a cor de choco- late. Já a moagem determina a forma de preparo do café. Por exemplo, moagem fina é usada para o coador e moagem grossa para cafeteiras italianas. O certificado de classificação emitido por pessoas jurídicas credenciadas pelo Ministério d a A g r ic u lt u ra , Pec u á r i a e Abastecimento (Mapa) é o do- cumento que comprova o lote do produto classificado. O Brasil responde por 30% do mercado mundial do café de grão verde Secagem é uma etapa importante no processo produtivo do café O cafeicultor Roberto F. de Oliveira garante a qualidade do café desde o campo 52 Terra Brasil Dezembro/2009 52 53 Terra Brasil Dezembro/2009 53 Clara – acentuada acidez, suavidade do aroma e sabor, menos amargor e os óleos aromáticos preservados. Ideal para máquinas de café espresso. Média – acentua o aroma e o sabor. Ideal para coador de pano ou filtro de papel, apreciado por aqueles que querem um café mais suave (tradicional). Escura – diminui a acidez e acentua o sabor amargo. Grãos muito torrados tornam-se oleosos, perdendo aroma e sabor. Indicado também para coador de pano ou filtro de papel, para os apreciadores de café mais encorpado, mais forte (extraforte). TIPOS DE TORRA QGC A Qualidade Global do Café na xícara foi desenvolv ida pela Associação Brasileira da Indús- tria de Café (Abic) e determinou categorias de produto. Os pro- vadores avaliam o café torrado e moído at r i bu i ndo not a s numa escala de 0 a 10. Cafés que recebem nota abaixo de 4,5 pontos não são recomendáveis. Cafés Tradicionais – São feitos com café arábica ou com até 30% do robusta. Podem apresentar até 20% de PVA (nota igual ou superior a 4,5). Cafés Super iores – Ut i l i - zam matéria-prima superior. Contêm, no mínimo, 85% de grãos arábica e os defeitos PVA não podem passar de 10% (nota igual ou superior a 6,0). Cafés Gourmet ou Premium – São compostos unicamente de grãos arábica (em blends ou não), de preferência de origem contro- lada e não podem conter defeitos PVA (nota igual ou superior a 7,3). Cafés Especiais – São classifica- dos por entidades como Associa- ção Brasileira de Cafés Especiais, Alta Moagiana Specialty Coffee e Conselho das Associações dos Cafeicultores do Cerrado (Caccer). O café deve ter origem controla- da, 100% arábica de grãos cereja, ser ecossustentável, conter até 12 defeitos (em 300 gramas), ter peneira 14 acima e pontuação maior que 80 na análise sensorial, em uma escala de 0 a 100. A valorização da qualidade do café é uma antiga pre- ocupação. A primeira referência para sua classificação no Brasil data de 1836, quando o presidente da Província do Rio de Janeiro assinou a regulamentação. O documento estabelece: “O café será qualificado em três qualidades: primeira sorte, segunda sorte e escolha. A primeira sorte será de grãos chumbados, com algumas pintas ou quebras. A segunda, de grãos muito desiguais ou esbranquiçados. A terceira, constituída da escolha ou restolho”. Em 1871, Peckolt, no seu livro História das Plantas Alimentares do Brasil, conta: “Os cafés no comércio do Rio de Janeiro dividem-se em cafés de serra-acima e cafés de serra-abaixo, distinguindo-se entre eles os lavados e os de terreiros”. Em 1878, Paulo Porto Alegre escreve que as clas- sificações internas seguem como Peckolt, mas o mercado externo adota outras especificações para os cafés oriundos do Brasil. Eram designados pelos portos de embarque: Cafés do Rio, Cafés de Santos, Cafés da Bahia e Cafés do Ceará. A regulamentação e as bases do comércio só surgi- ram em 1873, quando a saca de café foi fixada em 60 kg, peso que um homem maduro conseguiria carregar. A Bolsa de Café de Nova Iorque, em 1885, criou uma tabela de classificação, para o produto embarcado no Brasil, baseada na contagem dos eventuais “defeitos” do café beneficiado. Os setores da atividade cafeeira elaboraram normas de classificação do café. A “prova da xícara” foi adotada pela Bolsa Oficial do Café e Mercadorias de Santos, em 1917. A Classificação Oficial Brasileira (COB) consta da Ins- trução Normativa do Mapa nº 8, de 11 de junho de 2003, que determina o tipo do café baseado nos defeitos e quali- dade da bebida. Um pouco de história 58 Terra Brasil Dezembro/2009 58 59 Terra Brasil Dezembro/2009 59 Vacinação é obrigatória A vacinação contra a febre aftosa é obrigatória para bois e búfalos no Brasil, desde a publicação do Decreto 24.548, em 1934, assi- nado por Getúlio Vargas. Apenas em Santa Catarina a vacinação do rebanho está suspensa, pois, desde 2007, o estado é reconheci- do como livre de aftosa sem vaci- nação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Todos os estados das regiões Centro-Oeste e Sudeste, além de Rondônia, Acre, Tocantins, Bahia, Sergipe, Rio Grande do Sul, Paraná, 44 municípios do centro-sul do Pará e dois do Amazonas estão na lista da OIE como áreas livres de aftosa com vacinação. O rebanho brasileiro, estimado em 200 milhões de bois e um milhão de búfalos, recebe uma ou duas doses da vacina por ano, de- pendendo do calendário de cada região. Quase 90% desses animais são criados seguindo padrões in- ternacionais e não há registro de casos da doença no País, há mais de quatro anos. Para manter e ampliar a área re- conhecida como livre do vírus, o governo reforça ações de defesa sanitária, especialmente onde o rebanho está mais vulnerável à aftosa, com a intensificação do trabalho de fiscais agropecuários. “A ‘agulha oficial’ é uma vacinação estratégica adotada em regiões em que os técnicos do governo consi- deram necessária uma intervenção mais efetiva”, explica Guilherme Marques, coordenador do Depar- tamento de Saúde Animal da Se- cretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O fazendeiro Manoel Júnior segue rigorosamente o calendário de vacinação De acordo com Gu i l her me Marques, a “agulha of ic ia l ” também é uma forma de reforçar o controle sanitário nos rebanhos de 12 municípios que formam a Calha do Rio Amazonas, na zona de fronteira entre Rondônia e Bolívia. A medida foi adotada na última etapa de vacinação reali- zada no Amapá, em novembro. Porém ele reconhece que o criador tem o papel principal no contro- le da saúde do rebanho. “Quem produz é responsável por compro- var a vacinação em nossos escri- tórios locais e, obviamente, tem a obrigação de notificar suspeitas de animais com febre aftosa ou outras doenças”, explica. Em 2007, seguindo recomenda- ção da OIE, o Brasil implantou a Zona de Alta Vigilância (ZAV) em Mato Grosso do Sul. Desde então, as propriedades com criações de bovinos e búfalos, localizadas em um raio de até 15 quilômetros da fronteira com o Paraguai ou com a Bolívia, têm a vacinação acompa- nhada por veterinários do serviço oficial. O fiscal estadual agropecuário e coordenador da ZAV, Luciano Chiochetta, afirma que 800 mil Vacine seu gado na data correta. Siga as orientações da Secretaria de Agricultura. • Compre as vacinas em lojas registradas. • Verifique se elas têm o selo de garantia e se estão na temperatura correta: entre 2 °C a 8 °C. • Transporte o isopor com três partes de gelo para uma parte de água. • Lacre a caixa com uma fita adesiva. • Mantenha a vacina bem refrigerada (2 °C a 8 °C) até o momento da aplicação. • Só animais vacinados e acompanhados de GTA podem ser transportados e comercializados. • Se houver suspeita de doença, entre imediatamente em contato com o Serviço Veterinário de seu Estado. • Reúna todo o gado na hora mais fresca do dia. E só vacine bovinos e búfalos. • Mantenha a seringa e o frasco em uso na caixa de isopor durante a vacinação. • Agite o frasco antes de usar. • Aplique com calma a vacina no animal. O local correto é na tábua do pescoço. • A vacina pode ser aplicada no músculo ou embaixo da pele. • A dose correta é de 5 ml. Nunca aplique menos do que essa quantidade. Importante: • Aproveite a etapa de vacinação contra a Febre Aftosa para conferir o seu rebanho e atualizar o seu cadastro. 60 Terra Brasil Dezembro/2009 60 61 Terra Brasil Dezembro/2009 61 animais são monitorados por meio de brincos com numeração específica. “A identificação indi- vidual garante o controle do trân- sito dos animais na Zona de Alta Vigilância. Nós também apro- veitamos o período de vacinação para recadastrar e registrar as propriedades, localizadas por co- ordenadas geográficas”, explica. A Fazenda K.N., de Hugo Koite Nó, fica no município de Aral Moreira, fronteira com o Pa- raguai. Com 2.200 cabeças em 1.450 hectares, a propriedade está incluída na Zona de Alta Vigilância sul-mato-grossense. “Fazer parte da ZAV traz mais segurança. A gente se sente mais protegido com relação ao contro- le da doença. E sabemos que, se ocorrer um caso de aftosa, em Mato Grosso do Sul ou em qual- quer lugar do Brasil, vai refletir em todos os produtores rurais”, enfatiza o dono da fazenda. Mercado A Associação Brasileira das In- dústrias Exportadoras de Carne (Abiec) estima que, além dos frigoríficos do Mato Grosso do Sul, os de São Paulo e do Paraná foram os mais prejudicados com a queda no preço do boi, provo- cada pelo surto de aftosa em 2005. “A confiança do mercado internacional foi restabelecida apenas quando o governo apre- sentou à OIE o relatório das medidas adotadas na ZAV, infor- mando que não havia mais a pre- sença do vírus no País”, destacou o diretor-executivo da Abiec, Otávio Cançado. Passado o fantasma da aftosa, a Abiec comemora o desempenho do Brasil no mercado de exporta- ção mundial, em 2008. Na lide- rança do ranking, o País somou o volume de 2,2 milhões de to- neladas de carne bovina vendida ao exterior e receita cambial de US$ 5,3 bilhões, um recorde do mercado. Estes valores represen- taram uma participação de 28% do comércio internacional, com exportação para mais de 150 países. O mercado russo é o que mais consome a carne brasileira. De janeiro a outubro de 2009, foram exportadas quase 823 mil toneladas para aquele país, de um total de 1,03 milhão de tone- ladas vendidas ao exterior. Apesar da desaceleração do setor nas exportações deste ano, por causa dos reflexos da crise global, o mercado brasileiro con- tinua sendo o maior do mundo, seguido pela Austrália. De acordo com a Abiec, quando o Brasil alcançar o reconhecimen- to de todo o território como livre de aftosa com vacinação, merca- dos importantes que ainda não compram carne in natura por temerem a presença de aftosa, como Japão, Estados Unidos e O Brasil tem 2,6 milhões de propriedades criadoras de bovinos. Nas áreas em que não se exige o trabalho dos agentes do governo, o fazen- deiro deve comprar as vacinas, aplicar nos animais durante o período de campanha e apresentar o comprovante de vacinação do rebanho no es- critório do Serviço de Defesa Agropecuária mais próximo. Animal é monitorado por meio de brincos com numeração específica Coreia do Sul, podem ter interes- se em negociar o produto. “Caso esses mercados fossem abertos, significaria muito para a expor- tação brasileira da carne bovina”, observa Otávio Cançado. Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) A OIE coordena e incentiva a in- formação, pesquisa e elaboração de normas sanitárias para o con- trole de doenças animais. É uma organização de caráter intergo- vernamental e coopera estreita- mente com outras organizações internacionais do Sistema das Nações Unidas. Com sede em Paris, a OIE, que sucedeu a antiga Organização In- ternacional de Epizootias, reúne 175 países-membros. O Brasil é um dos fundadores da organiza- ção. A OIE mantém atualizada uma lista de doenças, como aftosa e influenza aviária, que os países devem, obrigatoriamente, notifi- car, se ocorrerem em animais de seus territórios. A participação de especialistas brasileiros e estrangeiros nas reuniões da OIE é fundamental para garantir que padrões sani- tários legítimos, baseados em estudos técnicos e científicos, sejam adotados no comércio internacional de produtos de origem animal. Caso contrário, restrições impostas ao comércio desses produtos podem conver- ter-se em barreiras não tarifárias às exportações brasileiras. 62 Terra Brasil Dezembro/2009 62 Qualquer pessoa que verificar sinais clínicos de doenças como febre, babeira, manqueira, feridas na boca, nas patas e úberes de bovinos, bubali- nos (búfalos), caprinos, ovinos, suínos, além de outras espécies de “casco fendido”, deve comuni- car imediatamente ao Serviço de Defesa Sanitária Animal de seu estado. A comunicação é obrigató- ria e deve ser feita o mais rápido possível. Um veterinário oficial examina os animais e, se confirmada a doença vesicular, toma as pro- vidências necessárias, como coleta de amostras para diagnóstico laboratorial, e adota medidas emergenciais de proteção para evitar que a doença se espalhe. A lista de escritórios locais de atendimento pode ser consultada no endereço eletrônico do Minis- tério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) – www.agricultura.gov.br – no link Pro- grama Nacional de Controle e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA). Doações de vacinas para a Bolívia A pedido do governo boliviano, o Brasil já doou duas remessas de vacina contra a febre aftosa para o país; uma, de 600 mil e outra, com 700 mil doses. Para a mesma finalidade, ainda existem outras 600 mil doses à disposição. A quantidade de vacinas doadas representa menos de 1% da produção nacional. Como identificar doenças vesiculares animais, inclusive febre aftosa
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