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Guias e Dicas
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SISTEMA RESPIRATÓRIO, Notas de estudo de Nutrição

FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA

Tipologia: Notas de estudo

2011

Compartilhado em 29/06/2011

cristielia-dias-10
cristielia-dias-10 🇧🇷

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Baixe SISTEMA RESPIRATÓRIO e outras Notas de estudo em PDF para Nutrição, somente na Docsity! 4 Fisiologia Respiratória. 80 - VOL I - FUNDAMENTOS DA CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA - Vol I - 83 trocas gasosas. A nutrição do tecido pulmonar, à semelhança dos demais órgãos, é feita por um sistema arterial independente, originado das artérias brônquicas. A circulação brônquica supre o parênquima pulmonar com oxigênio para a sua nutrição. Cerca de 1/3 do sangue da circulação venosa brônquica retorna ao átrio direito pelas veias ázigos, hemiázigos e ramos inter- costais. Os 2/3 restantes drenam na circulação pulmonar e retornam ao átrio esquerdo. Esta pequena mistura venosa é chamada de shunt verdadeiro. A camada de sangue que se distribui pelos capilares pulmonares é extraor- dinàriamente fina, da espessura de apenas uma hemácia. A troca gasosa é, portanto, muito rápida, durando em média 0,5 segundo. O ar inspirado, que contém apenas 21% de oxigênio, cede- o às hemácias quase instantâneamente. A enorme superfície disponível para as trocas gasosas permite que em um minuto o organismo possa captar cerca de 250 ml. de oxigênio e eliminar 200 ml. de gás carbônico. Por esta grande capacidade de elimi- nar gás carbônico do sangue, o pulmão humano é o mais importante regulador do equilíbrio ácido-básico. A respiração pode manter o pH dentro dos limites normais, alterando a quantidade de gás carbônico eliminado. Os pulmões tem capacidade sufi- ciente para oxigenar até 30 litros de sangue venoso por minuto, se neces- sário, para suprir o organismo. Como, em condições normais, apenas 4 a 5 litros por minuto atravessam o coração, verificamos a grande reserva do pulmão humano para as condições de exercício físico. Nenhum sistema de oxigenação artificial até hoje construido tem idêntica capacidade de oxigenação ou reserva. Entretanto, como as neces- sidades de oxigênio durante a cirurgia equivalem às do indivíduo em repouso absoluto, os oxigenadores são capazes de suprí-las integralmente. VENTILAÇÃO PULMONAR A ventilação é o processo de conduzir o ar da atmosfera até os alvéolos pulmonares. Nas fossas nasais e no nasofaringe existem estruturas vascu- lares que aquecem e umidificam o ar inspirado. As vias aéreas superiores, acima dos bronquíolos respiratórios tem suporte cartilaginoso. São revestidas de epitélio colunar que tem um grande número de células produtoras de muco, que auxiliam na umidificação do ar e no transporte de partículas inaladas, para expulsão pelos movimentos ciliares e pela tosse. A partir dos bronquíolos, até as unidades respiratórias terminais não há suporte de cartilagem. As bifurcações ocorrem a curtos intervalos, até que os segmentos de bronquíolos atravessam a parede alveolar, para cada alvéolo individualmente. 84 - VOL I - FUNDAMENTOS DA CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA A expansão e a retração dos pulmões promove a entrada e a saída de ar do seu interior, à semelhança de um fole. Dois mecanismos são responsáveis pela movimentação dos pulmões: 1. Os movimentos do diafragma, para cima e para baixo, que fazem variar o volume da caixa torácica. Para a inspiração o diafragma traciona a superfície inferior dos pulmões para baixo; para a expiração, o diafragma simplesmente se relaxa e a retração elástica dos pulmões, da caixa torácica e as estruturas abdominais comprime os pulmões. 2. A elevação e o abaixamento das costelas aumenta ou diminui o diâmetro antero-posterior da caixa torácica, afastando o esterno da coluna e tornan- do as costelas mais horizontais, alavan- cadas pelos músculos intercostais. A movimentação da caixa torácica produz variações na pressão das vias respiratórias. Na inspiração, a pressão intra-alveolar torna-se ligeiramente negativa em relação à pressão atmos- férica, alcançando cerca de -1mmHg. Isso faz o ar penetrar através das vias respiratórias. Na expiração normal, a pressão intra-alveolar se eleva aproxi- madamente +1mmHg, fazendo o ar sair através das vias respiratórias. Durante a respiração forçada as pressões podem alcançar o valor de 100mmHg, durante uma expiração máxima com a glote fechada. Pode ainda alcançar -80 mmHg, durante uma inspiração for- çada. A tendência natural dos pulmões é de colapsar e se afastar da parede torácica. Esta tendência se deve a dois fatores. O primeiro são as fibras elásticas abundantes no tecido pulmonar, que se estiram com a insuflação pulmonar e retomam seu comprimento original, logo em seguida. O segundo é a tensão superficial do líquido que reveste internamente os alvéolos, que faz com que os mesmos mantenham a tendência ao colapso. Esse efeito decorre da atração entre as moléculas do líquido que, continuamente, tendem a diminuir a superfície de cada alvéolo. As fibras elásticas contribuem com um terço da tendência de retração pulmonar, enquanto a tensão superficial contribui com os dois terços restantes. O espaço pleural mantém perma- nentemente uma pressão negativa no seu interior, que impede o colapso dos pulmões. Esta pressão negativa oscila em torno de -4mmHg. Na inspiração profunda a pressão negativa intrapleural pode atingir a -18mmHg, que promove a expansão pulmonar máxima. A tendência à retração determinada pela fina camada líquida que reveste a superfície dos alvéolos é contrabalan- çada por uma mistura de lipoproteinas chamada surfactante, secretada por células especiais, existentes no epitélio de revestimento dos alvéolos. O surfactan- te contém um fosfolipídeo, o dipalmitol lecitina; tem a propriedade de diminuir a tensão superficial do líquido que reveste os alvéolos, favorecendo a sua expansão. Na ausência de surfactante a expansão pulmonar torna-se difícil e exige pressões pleurais muito negativas, da ordem de - 25mmHg, para superar a FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA - Vol I - 85 tendência ao colabamento dos alvéolos. O surfactante forma uma camada monomolecular sobre o líquido que reveste os alvéolos e evita a existência de uma interface água-ar, que possui uma tensão superficial duas a 14 vezes maior do que a interface surfactante-ar. Alguns recém-natos, principalmente os prematuros, não secretam quan- tidades adequadas de surfactante, o que torna muito difícil a expansão pulmonar. Sem tratamento imediato e cuidadoso, a maioria destes bebês morre logo após o nascimento, devido à ventilação pulmonar inadequada. Essa condição denomina-se membrana hialina ou síndrome de angústia respiratória do recém-nato. No pulmão normal, quando há quantidades adequadas de surfactante, a tensão superficial é grande o bastante para afastar o líquido da parede com uma pressão média de -3mmHg. Na ausência de surfactante, essa força pode elevar-se até -10 ou -20mmHg, sufi- ciente para causar filtração maciça de líquido dos capilares para dentro dos alvéolos. Isto constitui edema pulmo- nar, em consequências da falta de surfactante. Na síndrome de angústia respiratória do recém-nascido, um grande número de alvéolos está cheio de líquido, constituindo um fator de agravamento do quadro respiratório. COMPLACÊNCIA PULMONAR Para expandir os pulmões é neces- sário um mínimo de esforço, que ocorre naturalmente, na atividade da respi- ração. A maior ou menor capacidade de expansão pulmonar é conhecida como complacência. Quando a capacidade de expandir está diminuida, diz-se que o pulmão tem a complacência reduzida, ou, em outras palavras, um pulmão com a complacência reduzida se expande com mais dificuldade. Condições que destroem o tecido pulmonar, produzem fibrose ou edema, ou que, impeçam a expansão e retração pulmonar, diminuem a complacência. As alterações produzidas pela cirurgia na caixa torácica contribuem para reduzir a complacência do tórax. A circulação extracorpórea por mecanismos diversos também contribui para reduzir a complacência pulmonar, no pós- operatório imediato. VOLUMES E CAPACIDADES PULMONARES A ventilação pulmonar pode ser medida pela determinação dos volumes de ar existente nos pulmões, em diferen- tes circunstâncias. O estudo das alte- rações nos volumes pulmonares é feito pela espirometria. Para avaliar a ventilação consideram- se os seguintes volumes pulmonares: volume corrente, volume de reserva inspi- ratório, volume de reserva expiratório e o volume residual. Volume corrente (VC) é o volume de ar inspirado ou expirado em cada respiração normal. Corresponde a aproximadamente 500ml em um adulto médio, do sexo masculino. Volume de reserva inspiratório (VRI) 88 - VOL I - FUNDAMENTOS DA CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA PERFUSÃO PULMONAR alvéolos. O retorno do sangue oxi- genado e depurado do dióxido de carbono, se faz pelos terminais venosos dos capilares e venulas, que vão formar as veias pulmonares, direitas e es- querdas, que desembocam no átrio esquerdo. A perfusão dos alvéolos, para as trocas gasosas ao nível da membrana alvéolo- capilar, é feita pelo ventrículo direito, através os ramos principais da artéria pulmonar, que se dividem continua- mente, acompanhando as bifurcações do sistema brônquico, até chegar ao novelo de capilares que envolve os DIFUSÃO PULMONAR A difusão dos gases consiste na livre movimentação das suas moléculas entre dois pontos. As moléculas dos gases estão em permanente movimento, em alta velocidade, e colidem ininterrup- tamente, umas com as outras, mudando de direção, até colidir com novas moléculas. Esse processo gera a energia utilizada para a difusão. A difusão de gases ocorre da mesma forma, no interior de uma massa gasosa, nos gases dissolvidos em líquidos como água ou sangue, ou através de membranas permeáveis aos gases. Se em um quarto completamente fechado, introduzirmos através da porta, um determinado volume de um gás, ao final de algum tempo, a concentração do gás será a mesma em todos os pontos do quarto. Isto se explica pela difusão do gás, no ambiente em que foi co- locado. A difusão, portanto, é um processo que tende a igualar a diferença de concentração de uma substância, pela migração de moléculas da área de maior concentração para a área de menor concentração. A pressão exercida por um gás sobre uma superfície, é o resultado do impacto constante das moléculas do gás em permanente movimento, contra a referida superfície. Quanto maior o número de moléculas do gás, ou seja, quanto maior a sua concentração, tanto maior será a pressão exercida pelo gás. Nas misturas gasosas, como o ar atmosférico, a pressão exercida pela mistura equivale à soma das pressões exercidas por cada gás que compõe a mistura. Como a pressão de cada gás depende da movimentação das suas moléculas, a pressão exercida pelo gás tem relação direta com a sua con- centração na mistura. A pressão dos gases é habitualmente expressa em milímetros de mercúrio (mmHg). O padrão de comparação da pressão dos gases é a pressão baro- métrica ou pressão atmosférica. A pressão atmosférica ao nível do mar, corresponde a 760mmHg, equiva- FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA - Vol I - 89 lente à 1 atmosfera. Esse valor constitui a soma das pressões exercidas pelos gases que compõem o ar: nitrogênio, oxi- gênio, dióxido de carbono e vapor d'água. A pressão exercida por cada gás em uma mistura é chamada pressão parcial, ou simplesmente tensão e é represen- tada pela letra P (maiúscula), seguida da designação química do gás. Portanto, as pressões parciais dos gases do ar atmos- férico são designadas pelos termos PO2, PCO2, PN2, PH2O, referindo-se respec- tivamente às pressões parciais do oxigênio, do dióxido de carbono, do nitrogênio e do vapor d’água. Tabela 4.1 - Pressão parcial e concentração dos gases no ar atmosférico. Gases do ar atmosférico Concentração Pressão parcial (P) Nitrogênio (N2) .................................. 78,62% .................... 597 mmHg Oxigênio (O2) ..................................... 20,84% .................... 159 mmHg Dióxido de Carbono (CO2) .................. 0,04% ..................... 0,3 mmHg Vapor d’água (H2O) ............................. 0,50% ..................... 3,7 mmHg Total (Ar) ................................................ 100% .................... 760 mmHg A tabela 4.1 representa a concen- tração e a pressão parcial dos gases no ar atmosférico. Quando um gás sob pressão é colo- cado em contacto com a água, as suas moléculas penetram na água e se dissolvem, até atingir o estado de equilíbrio, em que a pressão do gás dissolvido na água é exatamente igual à sua pressão na fase gasosa. A concentração de um gás em uma solução depende do seu coeficiente de solubilidade. Alguns tipos de moléculas são física ou químicamente atraidas pela água, enquanto outros tipos são repe- lidos. Quando as moléculas são atraidas pela água, uma maior quantidade pode se dissolver nela. Os gases que se dissolvem em maior quantidade na água, tem, portanto, um maior coefi- ciente de solubilidade. O dióxido de carbono tem um elevado coeficiente de solubilidade, quando comparado ao oxigênio e outros gases. Quando uma mistura de gases entra em contato com a água, como ocorre no organismo humano, esta tem pro- pensão a evaporar para dentro da mistura gasosa e umidificá-la. Isto resulta do fato de que as moléculas de água, como as dos gases dissolvidos, estão continuamente escapando da superfície aquosa para a fase gasosa. A pressão que as moléculas de água exercem para escapar através da super- fície aquosa é chamada pressão do vapor d’água, que à temperatura de 37oC é de 47 mmHg. A pressão do vapor d’água, da mesma forma que a pressão parcial de qualquer gás, tende a aumentar com a temperatura. Aos 100oC, temperatura de ebulição da água, a pressão do vapor d’água é de 760 mmHg. Embora a diferença de pressão ou de concentração e o coeficiente de solu- bilidade sejam importantes na difusão dos gases, outros fatores influem na velocidade da difusão, como o peso molecular do gás, a distância a percorrer para equalizar a concentração e a área da superfície disponível para a difusão. Quanto maior o peso molecular do gás, menor a velocidade com que a sua difusão se processa; quanto maior a distância a ser percorrida pelas molécu- las do gás, mais lentamente se processará 90 - VOL I - FUNDAMENTOS DA CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA o equilíbrio de sua concentração e, quanto maior a superfície disponível para a difusão de um gás, maior será a velocidade da difusão. Este princípio é de muita utilidade no cálculo da área ideal das membranas nos oxigenadores, em relação ao fluxo de sangue, para resultar em uma efetiva troca de gases. As características gerais da difusão dos gases permitem quantificar a rapidez com que um determinado gás pode se difundir, denominada coeficiente de difusão. O oxigênio pelas suas carac- terísticas de difusão nos organismos vivos tem o coeficiente de difusão 1. A difusão dos demais gases é quantificada em relação ao oxigênio. A tabela 4.2 lista os coeficientes de difusão para diversos gases. Tabela 4.2 - Coeficientes Relativos de Difusão dos Gases Gases Coeficiente de Difusão Oxigênio (O2) ........................................................................................... 1 Dióxido de Carbono (CO2) ............................................................... 20,3 Monóxido de Carbono (CO) ............................................................ 0,81 Nitrogênio (N2) ................................................................................... 0,53 Hélio (H2) ............................................................................................ 0,95 Os gases respiratórios tem grande solubilidade em gorduras e, por essa razão, podem difundir com facilidade através das membranas celulares, ricas em lipídeos. A velocidade de difusão de um determinado gás no interior das células e tecidos, inclusive a membrana respiratória, depende bàsicamente da sua velocidade de difusão na água, já que a passagem pela membrana celular pràticamente não oferece obstáculo. A difusão dos gases respiratórios através a membrana alveolo-capilar e através dos demais tecidos do organismo, se pro- cessa de acordo com o coeficiente relativo de difusão. Aqueles dados nos indicam que o CO2 se difunde cerca de 20 vêzes mais ràpidamente do que o oxigênio. O AR ALVEOLAR A concentração dos diferentes gases no ar dos alvéolos não é exatamente a mesma do ar atmosférico. O ar alveolar não é completamente renovado a cada respiração; parte do oxigênio do ar alveolar é contìnuamente transferido ao sangue e o dióxido de carbono do sangue é contìnuamente transferido ao ar alveolar. Além disso, o ar atmosférico seco que penetra nas vias respiratórias é umidificado nas vias aéreas superiores. Isto faz com que o ar alveolar tenha menor teor de oxigênio e maior teor de dióxido de carbono e de vapor d’água. A tabela 4.3 mostra a comparação entre a composição do ar atmosférico e o ar alveolar. Tabela 4.3.Comparação da composição do ar alveolar com o ar atmosférico. Ar Atmosférico Ar Alveolar Gases Pressão parcial Concentração Pressão parcial Concentração N2 597,0mmHg 78,62% 569,0mmHg 74,9% O2 159,0mmHg 20,84% 104,0mmHg 13,6% CO2 0,3mmHg 0,04% 40,0mmHg 5,3% H20 3,7mmHg 0,50% 47,0mmHg 6,2% Total 760,0mmHg 100% 760,0mmHg 100% FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA - Vol I - 93 pós perfusão imediato ou no pós- operatório. Pelas suas características especiais, a velocidade de difusão dos gases na membrana respiratória é praticamente igual à velocidade da difusão na água. O dióxido de carbono se difunde 20 vêzes mais rápido do que o oxigênio, que, por seu turno, se difunde duas vêzes mais rápido que o nitrogênio. A diferença de pressão através da membrana respiratória é a diferença entre a pressão parcial do gás no alvéolo e a sua pressão parcial no sangue. Esta diferença de pressão representa a tendência efetiva para o gás se mover através da membrana. Quando a pressão parcial do gás nos alvéolos é maior do que no sangue, como no caso do oxigênio, ocorre difusão resultante dos alveólos para o sangue. Quando a pressão parcial do gás no sangue é maior do que no ar dos alvéolos, como é o caso do dióxido de carbono, ocorre difusão do gás do sangue para os alvéolos. A capacidade global da membrana respiratória para permutar um gás entre os alvéolos e o sangue pulmonar pode ser expressa em termos de sua capa- cidade de difusão, definida como o volume de gás que se difunde através da membrana a cada minuto, para uma diferença de pressão de 1 mmHg. Num adulto jovem a capacidade de difusão para o oxigênio, em condições de repouso é de 21ml por minuto e por mmHg. A diferença média de pressão do oxigênio através da membrana respiratória é de aproximadamente 11mmHg, durante a respiração normal. O produto da multiplicação da diferença de pressão pela capacidade de difusão (11 x 21) é de cerca de 231ml. Isto significa que a cada minuto a membrana respiratória difunde cerca de 230ml de oxigênio para o sangue, que equivale ao volume de oxigênio consumido pelo organismo. O exercício pode aumentar a capacidade de difusão em até 3 vêzes. A capacidade de difusão do dióxido de carbono é de difícil determinação, devido à dificuldades técnicas e à grande velocidade de difusão do gás, mesmo com gradientes de pressão de apenas 1mmHg. Estima-se, contudo, que a capacidade de difusão do dióxido de carbono seja de 400 a 450ml por minuto, em condições de repouso, podendo atingir a 1200 ou 1300ml durante o exercício. Essa elevada capacidade de difusão do dióxido de carbono, é importante quando a membrana respi- ratória se torna lesada. A sua capacidade em transferir oxigênio ao sangue é prejudicada ao ponto de causar a morte do indivíduo, antes que ocorra grave redução da difusão do dióxido de carbono. Quando determinadas doenças pul- monares, potencialmente reversíveis, ameaçam a vida pela redução da capa- cidade de difusão do oxigênio, costuma- se indicar a assistência respiratória prolongada, que sustenta a oxigenação do paciente pela circulação extra- corpórea, até que o tratamento da doença pulmonar possa recuperar, ao menos parcialmente, a capacidade de difusão da membrana respiratória e o paciente volte a respirar com seus 94 - VOL I - FUNDAMENTOS DA CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA próprios pulmões. Essa modalidade de tratamento é conhecida como ECMO, sigla para extracorporeal membrane oxygenation, que significa oxigenação extracorpórea com membranas. ALTERAÇÕES DA RELAÇÃO ENTRE A VENTILAÇÃO E A PERFUSÃO É intuitivo que as trocas gasosas dependem do contínuo movimento do ar alveólar e do sangue, nos dois lados da membrana respiratória. Se o sangue perfundir os capilares alveolares não ventilados, não haverá trocas gasosas, da mesma forma que se o ar alveolar for renovado em alvéolos não adequa- damente perfundidos também não haverá trocas gasosas eficientes. Quando existe ventilação normal e fluxo capilar normal, a troca de oxigênio e de dióxido de carbono através da membrana respi- ratória é ótima. O oxigênio é absorvido do ar inspirado de tal forma que a pO2 alveolar situa-se entre aquela do ar inspirado e a do sangue venoso. Da mesma forma, o dióxido de carbono é transferido do sangue venoso para os alvéolos, o que faz a pCO2 alveolar elevar-se a um nível entre aquele do ar inspirado e o do sangue venoso. Assim, em condições normais, a pO2 do ar alveolar tem em média, 104 mmHg. e a pCO2 40 mmHg. Qualquer desproporção entre a ventilação e a perfusão pode com- prometer a eficácia das trocas gasosas nos pulmões. O mesmo fenômeno pode ser observado em oxigenadores de membranas, quando o elemento que contém as membranas para as trocas gasosas não é completamente aprovei- tado. Este fenômeno é considerado na construção dos oxigenadores de mem- branas, para evitar os efeitos da des- proporção entre a ventilação e a perfusão das membranas. TRANSPORTE DE GASES PARA OS TECIDOS Uma vez que o oxigênio tenha se difundido dos alvéolos para o sangue pulmonar, ele é transportado, principal- mente em combinação com a hemo- globina para os capilares dos tecidos, onde é liberado para uso pelas células. A presença da hemoglobina nas he- mácias permite ao sangue transportar 30 a 100 vezes mais oxigênio do que seria transportado apenas sob a forma de oxigênio dissolvido na água do sangue. Nas células teciduais, pelos processos metabólicos, o oxigênio reage com vários substratos para formar grandes quantidades de dióxido de carbono que, por sua vez, entra nos capilares teciduais e é transportado de volta aos pulmões. O dióxido de carbono, como o oxigênio, também se combina com substâncias químicas no sangue, o que aumenta o seu transporte em 15 a 20 vezes. A difusão do oxigêno dos alvéolos para o sangue dos capilares pulmonares, se processa porque a pressão parcial do FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA - Vol I - 95 oxigênio no ar alveolar é maior do que a pressão parcial do oxigênio no sangue venoso. Nos tecidos, o mecanismo de trocas é semelhante. A pressão parcial do oxigênio nos tecidos é baixa, em relação ao sangue dos capilares arteriais, porque o oxigênio é continuamente utilizado para o metabolismo celular. Este gradiente é responsável pela transferência de oxigênio do sangue dos capilares para os tecidos. Assim, vemos que o transporte dos gases, oxigênio e dióxido de carbono pelo sangue, depen- de da difusão e do movimento do sangue. A pO2 do sangue venoso que entra no capilar pulmonar é de apenas 40mmHg, porque uma grande quan- tidade de oxigênio foi removida desse sangue quando passou através do organismo. A pO2 no alvéolo é de 104mmHg, fornecendo uma diferença de pressão inicial de 104 - 40 = 64mmHg, para a difusão do oxigênio ao capilar pulmonar. Quando o sangue venoso atinge aproximadamente 1/3 do comprimento do capilar pulmonar a sua pO2 já está igual à pO2 do alvéolo. Portanto, o gradiente médio de pressão parcial de oxigênio é menor que o gradiente inicial acima registrado. Na extremidade distal do capilar pulmonar a pO2 do sangue já é de cerca de 104mmHg. Normalmente o sangue arterial sistêmico é composto por 98 a 99% de sangue oxigenado que passa pelos capilares pulmonares e outros 1 a 2% de sangue pouco oxigenado que passa através da circulação brônquica, após nutrir os pulmões e ceder oxigênio aos tecidos pulmonares. Desta forma, embora o sangue que deixa os capilares pulmonares tenha uma pO2 de 104mmHg, ao misturar-se com o sangue do retorno da circulação brôn- quica para alcançar o átrio esquerdo, a pO2 é de aproximadamente 95mmHg. Esta queda na pO2 representa efetiva- mente uma diminuição de apenas 1% na concentração de oxigênio, porque a afinidade da combinação do oxigênio com a hemoglobina não é linear à medida que se aproxima da saturação completa; a pO2 varia considera- velmente para pequenas alterações na quantidade de oxigênio ligado à hemo- globina. O sangue arterial que penetra nos capilares dos tecidos tem a pCO2 de 40mmHg, enquanto a pCO2 do líquido intersticial é de 45mmHg. Devido ao elevado coeficiente de difusão do dióxido de carbono, a pCO2 do sangue no extremo venoso do capilar rapida- mente alcança os 45mmHg, que repre- senta a pCO2 do sangue venoso de retorno ao coração direito. O dióxido de carbono é transportado pelo sangue para os pulmões em 3 estados diferentes: 1. sob a forma de gás dissolvido, correspondendo a 7% do total transportado; 2. sob a forma de íon bicarbonato, correspondendo a 70% do total. O bicarbonato é produto da reação do dióxido de carbono com a água da hemácia, catalizada pela anidrase car- bônica, enzima que acelera a reação cerca de 5.000 vêzes. O ion hidrogênio resultante da reação é captado pela
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