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Inflamação e Reparo Tecidual módulo 5, Notas de estudo de Enfermagem

Inflamação e Reparo Tecidual módulo 5

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 31/07/2010

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gerson-souza-santos-7 🇧🇷

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Baixe Inflamação e Reparo Tecidual módulo 5 e outras Notas de estudo em PDF para Enfermagem, somente na Docsity! Curso de Inflamação e Reparo Tecidual MÓDULO V Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada. 128 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores MÓDULO V 1. REPARO TECIDUAL Um organismo vivo mantém a capacidade de reparar suas perdas. Isto é uma propriedade que está presente desde o nível celular. Quando uma célula sofre agressão focal, as organelas inviáveis podem ser isoladas num vacúolo limitado por membrana, digeridas e eliminadas, enquanto as partes perdidas são reconstituídas, voltando a célula à sua estrutura normal. Quando, em vez de atingir focalmente as células no seu citoplasma, a lesão causa a perda de muitas células, o reparo é mais complexo e pode assumir uma das duas possibilidades: a) REGENERAÇÃO - se as células parenquimatosas morrem, mas o estroma permanece íntegro, o reparo se faz a partir de células do mesmo tipo das que se perderam, voltando o órgão à sua estrutura normal; b) CICATRIZAÇÃO - se o estroma é destruído, o reparo se faz fundamentalmente à custa do tecido conjuntivo, o que quase sempre aparece combinado com certo grau de regeneração dos elementos epiteliais, os quais podem ou não reproduzir a estrutura que tinham anteriormente. 1.1. Células lábeis, estáveis e permanentes O tempo de vida de uma célula pode variar conforme a espécie. No ser humano, existem células que vivem apenas alguns dias, e outras que podem acompanhar o indivíduo por toda a vida. Quanto à longevidade das células, estas podem ser classificadas em lábeis (curta duração), estáveis (duram meses ou anos) ou permanentes (duram toda a vida). As células lábeis são pouco diferenciadas e possuem grande capacidade de duplicação, como por exemplo, as hemácias. O tempo de vida de uma hemácia é de aproximadamente 90 dias. As células das superfícies de revestimento e dos 131 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Os neurônios não se regeneram e, quando morrem, o seu prolonga- mento axial (axônio) também se degenera. Mas, o nervo (formado por axônios) pode se regenerar se o corpo do neurônio se mantiver vivo. O importante é que o tubo no qual o nervo está contido (bainha de Schwann) mantenha a continui- dade; o axônio cresce e repara a porção que se perdeu. Quando a continuidade da bainha não está mantida, os axônios podem proliferar no local da lesão e se enovelar, formando pequeno nódulo, conhecido como neuroma de amputação, lesão que pode ser muito dolorosa se estiver afetando nervos sensitivos. As fibras musculares estriadas, principalmente as cardíacas, também têm capacidade de regeneração muito limitada, ou mesmo não se regeneram. Estas células, cujos núcleos não têm mais a capacidade de reiniciar o processo replicativo, são classificadas como células permanentes. Nos músculos, a perda de suas células é seguida de cicatrização fibrosa. A fibrose que se forma após infarto do miocárdio fornece um exemplo típico do processo no nível do coração. 132 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Fibrose do miocárdio pós-infarto. Fonte: http://www.fcm.unicamp.br/deptos/anatomia/lamdc11.html 133 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores CICLO CELULAR 1. Células lábeis 2. Células estáveis 3. Células permanentes 1.2. Regeneração A regeneração consiste no processo de organização tecidual com substituição das células mortas ou lesadas por novas células, idênticas às originais. A regeneração promove a restituição da integridade anatômica e funcional do tecido. Todo o procedimento regenerativo se realiza em tecidos onde existem células lábeis ou estáveis, isto é, células que detêm a capacidade de se regenerar através de toda a vida extra-uterina (por exemplo, células epiteliais, do tecido hematopoiético etc.); por intermédio da multiplicação e organização dessas células, origina-se um tecido idêntico ao original. Além dessa condição, a restituição completa só ocorre se existir um suporte, um tecido de sustentação (como parênquima, derma da pele etc.) subjacente ao local comprometido. Esse tecido é o 136 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores comportamento regenerativo. Por exemplo, as células da mucosa bucal (células lábeis) são mais facilmente regeneradas do que as de pele (também lábeis); já as células da medula óssea (novamente lábeis) têm regeneração completa. As células estáveis (com menor poder mitótico em relação às lábeis) possuem capacidade de regeneração bem variável de órgão para órgão. O fígado, por exemplo, regenera-se completamente, inclusive sua estrutura estromática, ou seja, vasos sangüíneos, sistema de ductos, arcabouço conjuntivo etc. Já no rim, o glomérulo não se refaz após destruição completa, mas o epitélio tubular pode se regenerar completamente. A cartilagem, por outro lado, não se refaz, assim como os ácinos das glândulas salivares. O tecido ósseo tem regeneração mais complexa, mas também pode adquirir sua estrutura original. Para as células permanentes (ou perenes), a regeneração praticamente inexiste. As células nervosas, por exemplo, não se proliferam, portanto, não se regeneram. O tecido nervoso periférico, quando agredido (por exemplo, rompimento da fibra), pode se restituir não por proliferação da célula, mas pelo prolongamento do axônio mais próximo, juntamente com a ação de células satélites ao feixe vascular (as células de Schwann). Portanto, é um processo reparativo, mas não uma regeneração. Processo semelhante é visto nas células musculares, cuja reparação advém principalmente do sarcoplasma. 1.3. Cicatrização A cicatrização acontece quando o processo de reparo se faz à custa da proliferação do tecido conjuntivo fibroso, em que o tecido pré-existente fica substituído por cicatriz fibrosa. O processo de cicatrização pode ser conceituado como a reposição de tecido destruído por tecido conjuntivo neoformado, não especializado. A cicatrização é a forma mais comum de cura dos tecidos inflamados. Nela se tem uma reposição tecidual, porém a anatomia e a função do local comprometido não são restituídas, uma vez que se forma a cicatriz, tecido conjuntivo fibroso mais primitivo, que substitui o parênquima destruído. Para que possa haver cicatrização completa, são necessárias eliminação do agente agressor, irrigação, nutrição e oxigenação. 137 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Para muitos, o processo de cicatrização é considerado um seguimento do processo inflamatório que provocou perda de substância. Realmente, na inflamação, o reparo se faz presente desde a fase aguda, na periferia da lesão, predominando à proporção em que o processo se torna crônico e evolui para o seu término. O reparo também ocorre após perda de tecido por infarto, hemorragias, por ressecção cirúrgica, etc. Um processo especial de reparo ocorre mesmo quando não há perda de substância, mas persistência de fibrina nos tecidos, seja por falha na remoção após inflamação, seja em conseqüência da formação de um trombo. Neste caso, a substituição paulatina da fibrina por tecido fibroso recebe o nome de organização. Diferentes classificações didáticas são utilizadas para facilitar o entendimento de um processo totalmente dinâmico e com fases tão interdependentes como a cicatrização. Existem autores que consideram três estágios no processo de cicatrização: inicialmente um estágio inflamatório de demolição, seguido por um de proliferação e finalizando com o reparo em um estágio de remodelação. Em um determinado período de tempo, as fases coincidem e acontecem simultaneamente, permitindo assim o sucesso da cicatrização. CICATRIZAÇÃO DA FERIDA • Demolição • Fase de crescimento do tecido de granulação • Fase de maturação e remodelação 138 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores I. Fase de demolição: Após 24h da ocorrência da lesão, há predomínio no local de leucócitos mononucleares, principalmente os macrófagos. Estes promovem a digestão do tecido morto, do agente agressor e do coágulo - formado a partir do extravasamento de sangue no local -, elementos que levam ao desencadeamento das fases inflamatórias. Além das células inflamatórias e dos mediadores químicos, essa fase inflamatória conta com o importante papel da fibronectina. Sintetizada por uma variedade de células como fibroblastos, queratinócitos e células endoteliais, ela adere, simultaneamente à fibrina, ao colágeno e a outros tipos de células, funcionando assim como cola para consolidar o coágulo de fibrina, as células e os componentes de matriz. Além de formar essa base para a matriz extracelular, tem propriedades quimiotáticas e promove a opsonização e fagocitose de corpos estranhos e bactérias. Formações como fibrina, crosta composta de soro e hemácias, impedem que o tecido se resseque, mantendo um ambiente favorável à reparação. II. Fase de proliferação: A fase de proliferação pode ser dividida em três subfases e é a responsável pelo "fechamento" da lesão propriamente dita. A primeira das fases da proliferação é a reepitelização. Ocorre a migração de queratinócitos não danificados das bordas da ferida e dos anexos epiteliais, quando a ferida é de espessura parcial, e apenas das margens nas de espessura total. Fatores de crescimento são os prováveis responsáveis pelos aumentos das mitoses e hiperplasia do epitélio. Vários estudos têm demonstrado que a utilização de colágeno e citocinas são promessas para uma cicatrização mais rápida e eficaz. Sabe-se que o plano de movimento dos queratinócitos migrantes é determinado também pelo conteúdo de água no leito da ferida. Feridas superficiais abertas e ressecadas reepitelizam mais lentamente do que as ocluídas. 141 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores membrana basal do capilar, por intermédio de proteases (colagenase tipo IV e estromelisina) liberadas localmente. As células endoteliais se agrupam e fazem protrusão por entre os fragmentos das membranas basais, a princípio formando fileiras sólidas de células. Nestes brotamentos sólidos, as células endoteliais começam a apresentar vacúolos citoplasmáticos que se fusionam a princípio entre si e logo com os de células vizinhas, dando origem à nova luz vascular, enquanto o material das novas membranas basais vai sendo sintetizado. http://www.evgnvascularscience.org/deutsche/education/therapeutic.htm Os sinais ou fatores responsáveis pela angiogênese derivam de vários tipos celulares. Fatores produzidos por macrófagos (fator de angiogênese derivado de macrófago), mastócitos (heparina), plaquetas (fator de crescimento derivado de plaquetas, fator de transformação do crescimento beta) e fibroblastos (fator de crescimento do fibroblasto), têm todos efeito positivo sobre a angiogênese. As paredes destes capilares "imaturos" são muito permeáveis e deixam passar muito líquido e proteínas para o tecido extracelular, sangrando facilmente ao menor trauma e fazendo com que o tecido de granulação 142 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores apareça edemaciado. A presença abundante de ácido hialurônico na matriz extracelular também contribui para o aspecto "edemaciado", gelatinóide do tecido de granulação. Os nervos entram no novo tecido tardiamente. Por isso, o tecido de granulação não dói, embora sangre ao menor contato. Entre os capilares aparecem muitos fibroblastos, pericitos, miofibroblastos e macrófagos. A matriz extracelular vai se densificando com o passar dos dias, adquirindo cada vez mais fibras colágenas. Estas formam, a princípio, um padrão frouxo, mas pouco a pouco as fibras se dispõem em feixes paralelos, compactos, enquanto os vasos sangüíneos vão-se tornando menos proeminentes e desaparecem. Assim, o tecido de granulação acaba dando lugar a uma cicatriz fibrosa, dura, esbranquiçada e retraída. III. Fase de maturação: Nesta fase ocorre a proliferação de fibroblastos e deposição de colágeno, que comprime os capilares neoformados, diminuindo a vascularização (desvascularização). A pressão contínua do colágeno e sua retração conduzem à contração da cicatriz fibrosa. Na pele, por exemplo, a regeneração do epitélio principia por volta do segundo e terceiro dias e, no conjuntivo, observa-se proliferação fibroblástica preenchendo o defeito do tecido. Ao final, tem-se, com a colagenização, uma cicatriz acelular relativamente clara, que pode atenuar ou mesmo desaparecer clinicamente. http://www.tutoriaisclube.com/noticia.php?notid=402 O processo de remodelamento da ferida implica no equilíbrio entre a síntese e a degradação de colágeno, redução da vascularização e da infiltração de células 143 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores inflamatórias, até que se atinja a maturação. Essa é a última das fases; ocorre no colágeno e na matriz; dura alguns meses e é responsável pelo aumento da força de tensão e pela diminuição do tamanho da cicatriz e do eritema. Observamos mais de 13 tipos de fibras de colágeno, sendo os principais: Reformulações dos colágenos, melhoria nos componentes das fibras colágenas, reabsorção de água, são eventos que permitem uma conexão que aumenta a força da cicatriz e diminui sua espessura. A neovasculatura diminui, e tardiamente a cicatriz é considerada avascular. Uma cicatrização normal tem aproximadamente 80% da força de tensão da pele normal, não é volumosa e é plana. TIPO LOCALIZACAO I Todos os tecidos, exceto cartilagem e membrana basal. II Cartilagem, humor vítreo e disco intervertebral. III Pele, vasos e vísceras. IV Membrana basal 146 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Nestes casos, a cicatrização pode deixar cicatrizes maiores devido à maior perda de tecido. CICATRIZAÇÃO POR PRIMEIRA INTENÇÃO - É o exemplo de uma ferida limpa, uma incisão limpa, em que as bordas estão aproximadas, onde existe pouca perda de tecido e existe pouco ou nenhum exsudato. A fase inflamatória é mínima e normalmente a característica externa tem a aparência de uma ferida “rosa”. Na fase proliferativa, temos uma produção de fibroblasto, mas é necessária pouca epitelização. Na fase de maturação teremos uma fase de fortalecimento e encolhimento da ferida, com baixa reparação e regeneração. Exemplo: uma cicatriz cirúrgica sem complicação. 147 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Cicatrização por primeira intenção numa ferida fechada, não infectada, como uma ferida cirúrgica incisional. As margens estão próximas e o processo de cicatrização evolui diretamente à produção de uma cicatriz. Fonte: http://www.forp.usp.br/restauradora/laser/Luciana/fibroblasto.html CICATRIZAÇÃO POR SEGUNDA INTENÇÃO - É aquela que ocorre quando a ferida permanece aberta, onde existe uma perda significante de tecido e onde as fases de cicatrização são bastante marcadas, com a resposta inflamatória bastante evidente. Há uma maior necessidade de tecido de granulação, com epitelização visível e necessidade de um grande processo de contração da ferida. A reparação tecidual pode ser retardada em duas circunstâncias: se a ferida for contaminada ou se a ferida for aberta. 148 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Quadro de uma cicatrização por segunda intenção. Acima: cicatrização por segunda intenção numa ferida aberta não infectada. A fenda é primeiramente preenchida por tecido de granulação, o qual se contrai e torna-se uma cicatriz. Abaixo: cicatrização por segunda intenção em uma ferida infectada (as setas vermelhas representam as bactérias). A ferida é preenchida com tecido de granulação, o qual produz pus até as bactérias serem eliminadas. Depois disso o tecido de granulação contrai e produz uma cicatriz. Fonte: http://www.forp.usp.br/restauradora/laser/Luciana/fibroblasto.html 151 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores queratinócitos IGF-1 fator de crescimento insulina Vários tipos celulares Induzem a síntese de colágeno e matriz extracelular, além de facilitar a proliferação de fibroblastos 1.4. Fatores que interferem no processo de reparação I. FATORES GERAIS O fator mais importante é o estado nutricional do indivíduo. Seja na defesa contra as infecções, seja diante da necessidade de produzir um novo tecido, há um metabolismo em emergência que necessita do aporte de nutrientes. As proteínas são essenciais para a síntese das enzimas, do colágeno, dos anticorpos, dos hormônios, enfim, das células e dos tecidos. Há também alguns elementos mais simples, como o ácido ascórbico (vitamina C), que têm influência na reticulação e, conseqüentemente, no fortalecimento do colágeno. A deficiência da vitamina C (escorbuto) se acompanha de cicatrização defeituosa e da formação de colágeno muito frágil, sem força tênsil. Também o zinco, um co-fator para muitas enzimas, parece ter influência na cicatrização. A influência do sistema imune é óbvia. Dados recentes apontam que o estresse pode influenciar negativamente a cicatrização dos ferimentos e que isto se deve à baixa produção da IL-2 nos indivíduos sob pressão psicológica. A importância no fator idade pode ser sugerida pela observação da rapidez com que os processos de reparo ocorrem nas crianças e nos adultos jovens em comparação com os indivíduos mais velhos. Das doenças sistêmicas, o diabetes constitui um problema para o processo de cicatrização, sobretudo pela tendência do diabético em sofrer infecções. É provável que outros fatores, como a presença de microangiopatia, contribuam para má cicatrização das feridas nos diabéticos. É também provável que o excesso de glicose nos tecidos seja suficiente para perturbar o fino ajuste dos fatores que operam na cicatrização. 152 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores II. FATORES LOCAIS Dos fatores locais, interferem a técnica cirúrgica, a formação de hematomas, infecção, reação de corpo estranho, uso de drogas tópicas, ressecamento durante a cicatrização. Esses fatores devem ser de conhecimento do profissional e merecem atenção especial. Por exemplo, nas cirurgias dermatológicas, que na maioria das vezes são eletivas, três são os fatores que devem ser destacados: 1- Técnica cirúrgica: devem-se respeitar as unidades cosméticas e linhas de força; deve-se respeitar o manuseio delicado evitando pinçamento das bordas; deve-se evitar o uso excessivo e, muitas vezes, desnecessário de eletrocautério; deve ser utilizado material apropriado e de boa qualidade; suturas subcutâneas para diminuição do espaço morto. Quanto à sutura da pele: promover uma aproximação natural das bordas, sem demasiado aperto, evitando isquemia, necrose e infecção da cicatriz. 2- Uso de drogas sistêmicas e principalmente tópicas. Drogas sistêmicas: especial cuidado com pacientes em uso de anticoagulantes, antiagregantes plaquetários, corticosteróides, antineoplásicos, isotretinoína. Além dos fármacos, a nicotina deve ser considerada e melhores resultados são conseguidos com a abstinência do cigarro durante 10 dias, pelo menos, antes da cirurgia e três semanas após. Drogas tópicas, como o uso desnecessário de associações de antibióticos, corticóides e antifúngicos: vários agentes tópicos atrapalham a migração epidérmica, se comparada ao não-tratamento: acetonido de triancinolona 0,1% diminui 34% a taxa relativa de cura; nitrofurazona diminui 30%. Já o peróxido de benzoíla e coberturas com permeabilidade seletiva melhoram em 14%, a sulfadiazina de prata e pomada neosporina, em 28%. 3- Ressecamento das feridas. Popularmente há a crença de que "ferida seca cura mais rápido". Estudos demonstram que as feridas abertas formam crosta e epitelizam mais lentamente. Inúmeros curativos são então utilizados para produzir umidade local, melhorando de 35% a 45% a taxa de reepitelização de feridas profundas. 153 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Quanto aos fatores locais, devemos considerar que: a) a crosta que cobre o ferimento tem papel protetor e não deve ser intempestivamente removida; b) tudo que prolongue o processo inflamatório deve ser evitado: infecções, presença de corpos estranhos no ferimento, como fragmentos ósseos, restos de fios de sutura, restos de tecidos desvitalizados; c) a mobilização, pelo tipo de trauma que pode provocar, ou outro tipo qualquer de trauma pode causar ruptura dos delicados capilares do tecido de granulação, provocando hemorragia. A hemácia extravasada pode ser considerada como um tipo de corpo estranho. Os tecidos desvitalizados por queimaduras, irradiação etc., presentes nas bordas de um ferimento, têm vasos sanguíneos comprometidos. Muitas vezes o cirurgião tem de remover tais tecidos para fazer a aproximação de bordas melhor vascularizadas para uma cicatrização mais eficiente. Há, evidentemente, particularidades na cicatrização que se processa nos diversos órgãos e tecidos, como no tecido ósseo, no tecido nervoso, no fígado, no rim etc. Todavia, o processo básico é o mesmo. 156 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores ME lesada Fibrose intersticial Fibrose II. Reparo do tecido cardíaco O processo de reparo do tecido cardíaco ocorre sempre através da cicatrização, ou seja, por meio da substituição das células musculares cardíacas por tecido conjuntivo fibroso. Esse processo ocorre porque as células cardíacas são células permanentes, apresentando alta diferenciação e especialização e pouca capacidade regenerativa. 157 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores TECIDO DE CÉLULAS PERMANENTES Coração normal Lesão tecidual Necrose Inflamação aguda Inflamação aguda Cicatriz miocárdica Fibrose 158 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores INFARTO DO MIOCÁRDIO 161 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Na linha da fratura, originalmente preenchida por sangue e fibrina, forma-se após poucas semanas o tecido de granulação, constituído por capilares neoformados, fibroblastos e células mesenquimais imaturas e multipotenciais. Estas têm capacidade para diferenciar-se em condroblastos, que, depositando matriz cartilaginosa, originarão o calo cartilaginoso, ou em osteoblastos, que depositam matriz óssea, originando diretamente osso neoformado (portanto, ossificação membranosa). O conjunto dos dois tecidos forma o calo provisório da fratura. A parte cartilaginosa do calo origina também tecido ósseo por ossificação encondral. http://www.icb.ufmg.br/mor/biocelch/material_fto_greg/osseo.ppt#280,10,Slide 10 Na primeira fase da ossificação membranosa, as células imaturas do tecido de granulação se diferenciam em osteoblastos e passam a sintetizar matriz óssea, que consiste de fibras colágenas e proteoglicanas de constituição química adequada 162 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores a receber sais de cálcio. As fibras colágenas se dispõem em feixes orientados em várias direções. Com a mineralização, passam a formar o osso imaturo. http://anatpat.unicamp.br/lamosso3.html Numa segunda fase, o osso imaturo será aparado por osteoclastos, e novas etapas de ossificação vão se seguir através de osteoblastos dispostos em uma camada na superfície da nova trabécula óssea. Após vários ciclos de deposição e remoção chega-se ao calo ósseo definitivo, que será constituído por osso lamelar ou maduro. Os osteoblastos depositam matriz óssea na superfície da nova trabécula. Têm núcleo volumoso e nucléolo evidente, demonstrando ativa síntese protéica. O citoplasma tende a acidófilo devido à riqueza em filamentos intermediários. À medida que sintetizam matriz são envolvidos por ela e incorporados à trabécula, passando a 163 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores chamar-se osteócitos, que são menores, têm núcleo mais compacto que o dos osteoblastos, e ficam alojados em pequenas cavidades no seio da matriz óssea. http://anatpat.unicamp.br/lamosso3.html Os osteoclastos continuamente aparam e desbastam as trabéculas neoformadas. Sua ação faz contraponto com a dos osteoblastos, permitindo a moldagem das novas trabéculas segundo as linhas de força. Os osteoclastos são atraídos por mediadores químicos sintetizados pelos próprios osteoblastos. Assim, quando aumenta a quantidade de osteoblastos aumentam também os osteoclastos.
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