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Análise Audiologia em Crianças com Queixas de Fala/Linguagem: 40 Prontuários, Notas de estudo de Fonoaudiologia

Um estudo retrospectivo sobre o quadro audiológico de 40 crianças de 1 a 12 anos com queixas de alteração de fala/linguagem, atendidas na clínica escola jurandy gomes aragão da universidade do estado da bahia (uneb) no ano de 2008. O objetivo é analisar a relação entre alterações auditivas e alterações de fala/linguagem. Foram analisados os prontuários para obter informações sobre os resultados da audiometria, timpanometria e reflexo acústico.

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 01/08/2010

guilherme-dultra-10
guilherme-dultra-10 🇧🇷

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Baixe Análise Audiologia em Crianças com Queixas de Fala/Linguagem: 40 Prontuários e outras Notas de estudo em PDF para Fonoaudiologia, somente na Docsity! UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA – CAMPUS I COLEGIADO DE FONOAUDIOLOGIA GUILHERME RAMOS LAGO DULTRA JANAÍNA DOS SANTOS LEAL LAIANE LIMA RIBEIRO PATRÍCIA OLIVEIRA GOMES SHEILLA PINHEIRO DA PAIXÃO ACHADOS AUDIOLÓGICOS EM CRIANÇAS COM QUEIXAS DE ALTERAÇÃO DE FALA/LINGUAGEM. Salvador 2010 GUILHERME RAMOS LAGO DULTRA JANAÍNA DOS SANTOS LEAL LAIANE LIMA RIBEIRO PATRÍCIA OLIVEIRA GOMES SHEILLA PINHEIRO DA PAIXÃO Achados audiológicos em crianças com queixas de alteração de fala/linguagem Trabalho de monografia apresentado à disciplina Introdução à Epidemiologia como requisito parcial da matéria. Orientador: Prof. Luiz Jorge Teles Salvador 2010 4 1. INTRODUÇÃO A comunicação é fundamental na vida do ser humano. Comunicar é dividir com alguém um conteúdo de informações, idéias, pensamentos e desejos por meio de códigos comuns. O mais alto nível de audição reside no fato de que o homem é capaz de decodificar os significados dos sons e ao mesmo tempo produzir e simbolizar uma variedade deles através da fala, desenvolvendo assim, um sistema de comunicação estruturado e único da espécie humana, isto é, a linguagem falada. Para a aquisição e a manutenção do uso da linguagem falada, faz-se necessário, entre outros aspectos, a preservação da audição. O período de desenvolvimento pelo qual a criança passa ao longo da infância é essencial para determinar as habilidades que o cérebro desenvolverá ao longo da vida. Mesmo durante simples atividades como conversar, acontecem inúmeras conexões neuronais em diferentes áreas do cérebro. A diminuição desses estímulos, causados pela diminuição da audição, prejudicam consideravelmente o processamento da informação. A audição caracteriza-se por ser um importante sentido que possibilita uma maior percepção do meio externo. Há muito tempo, sabe-se que a audição representa um fator relevante no processo de aprendizagem. É um pré-requisito para o desenvolvimento da linguagem, uma vez que desempenha papel preponderante e decisivo na aquisição da fala e da escrita. Essas duas funções estão interrelacionadas, por isso qualquer interferência na estrutura do sistema auditivo poderá repercutir negativamente sobre este processo. Um dos principais distúrbios que podem interferir no desenvolvimento da linguagem e da fala é a deficiência auditiva. A American Speech-Language-Hearing Association considera que a deficiência auditiva representa 60% dos distúrbios da comunicação. Essa privação sensorial da audição pode prejudicar a criança não só no âmbito da linguagem, mas também no seu processo de maturação social e psicológico. 5 As crianças com perdas auditivas têm oportunidades limitadas de “ouvir por acaso” informações de várias fontes de entrada, que levam a experiências depauperadas com conseqüências negativas para a formação da regra da linguagem, conhecimento do mundo e desenvolvimento do vocabulário (Carney e Moeller, 1998). A Organização Mundial da Saúde descreve a perda auditiva como um problema que deve ser levado a sério, pois a audição é extremamente importante no desenvolvimento da linguagem em crianças, bem como o seu impacto na vida escolar. Estabelece também que os problemas de comunicação são uma das grandes causas de dificuldade social nas crianças. No desenvolvimento normal da linguagem, a compreensão oral se constitui desde o nascimento até os cinco anos de idade, sendo que após este período será apenas aprimorada (Reynell e Gruber, 1990). Mellon (2000) coloca que as crianças ouvintes dominam quase todos os elementos essenciais necessários para serem comunicadores competentes em seu idioma até os sete anos de idade. Esse é o chamado período crítico para o desenvolvimento da linguagem, cuja duração ainda está em estudo. “Uma criança que sofre uma perda auditiva importante, após adquirir a linguagem (três ou quatro anos de idade) terá uma deficiência lingüística menos grave do que a criança cuja perda auditiva está presente ao nascimento ou se desenvolve dentro dos primeiros anos de vida”. (NORTHERN e DOWNS, 1989). A queixa relatada pelo paciente nunca deve ser ignorada, pois é o principal meio para se chegar a um diagnóstico preciso e consequentemente a um tratamento efetivo. Deve-se ressaltar também a necessidade de sempre haver uma avaliação audiológica em crianças com qualquer tipo de alteração de fala e linguagem, pois esse procedimento auxilia no estabelecimento do plano terapêutico, pois, a partir dos resultados obtidos nos exames, o fonoaudiólogo verificará se houve ou não a interferência da audição na fala ou linguagem desses indivíduos e assim poderá agir diretamente no problema, buscando minimizá-lo ou saná-lo, no propósito de trazer uma maior qualidade de vida a esses pacientes. 6 As dificuldades de linguagem referem-se a alterações no processo de desenvolvimento da expressão e recepção verbal e/ou escrita. Por isso, a necessidade de identificação precoce dessas alterações e de suas causas no curso normal do desenvolvimento evita posteriores conseqüências educacionais e sociais desfavoráveis. Segundo Silvana Frota (2003) as principais queixas que levam os pais a conduzirem os seus filhos aos setores audiológicos está na interface entre linguagem e audição. Sendo relatados pelos pais alguns comportamentos que os levam a uma condição de dúvida quanto a aspectos da comunicação oral dessas crianças, tais como: Não fala ou fala muito pouco, não atende quando é chamado e/ou aumenta o volume da televisão. Northern e Downs consideram normais os limiares auditivos tonais para crianças de até 15 decibels. 9 4. Metodologia O presente estudo, transversal e retrospectivo, foi realizado através do levantamento e da análise de dados de prontuários de 40 crianças de ambos os sexos, na faixa etária de 1 a 12 anos de idade, com queixa de alteração na fala/linguagem e que foram assistidas na clínica escola de Fonoaudiologia da Universidade do Estado da Bahia, pelo setor de linguagem e encaminhadas para a realização de exames audiológicos: audiometria, timpanometria e reflexo acústico, para detecção de perda auditiva que justificasse a queixa primária dos pacientes, no período compreendido entre Fevereiro a Dezembro de 2008. Foram levantadas as seguintes informações da avaliação audiológica por orelhas: resultados da audiometria (avaliação instrumental, com fones e em campo); resultados das timpanometrias e os resultados do exame do reflexo acústico. Para análise dos limiares audiométricos, foi considerado dentro da faixa de normalidade aqueles que se encontravam em até 15 dBNA (Fig. 1), de acordo com as normas utilizadas na Clínica Escola da Universidade do Estado da Bahia. Figura 1. Classificação do Grau da Perda Auditiva em Crianças, segundo Northern e Dawns (1984) MÉDIA TRITONAL (500, 1000, 2000 Hz) Classificação 0-15 dBNA Audição Normal 16-25 dBNA Perda Auditiva Discreta 26-40 dBNA Perda Auditiva Leve 41-70 dBNA Perda Auditiva Moderada 71-90 dBNA Perda Auditiva Severa > 90 dBNA Perda Auditiva Profunda 10 Os resultados do timpanograma foram classificados conforme a proposta de JERGER, que classifica as curvas tipanométricas em cinco tipos: • Tipo “A” – encontrada em indivíduos com orelha média em estado normal; • Tipo “As” – encontrada em indivíduos que apresenta rigidez do sistema tímpano-ossicular; • Tipo “Ad” – encontrada em indivíduos com disjunção da cadeia ossicular, onde a membrana timpânica está muito flácida; • Tipo “B” – encontrada em indivíduos que apresentam líquido na orelha média; • Tipo “C” – encontrada em indivíduos com disfunção tubária. De posse desses conhecimentos podemos analisar os achados audiológicos das crianças do presente estudo. O critério de exclusão do trabalho consistiu em prontuários de pacientes do setor audiológico que não apresentavam queixas de alteração de fala ou linguagem. 11 5. RESULTADOS Com base na análise da avaliação audiológica de 40 prontuários selecionados, dos indivíduos com queixa de fala/linguagem, verificou-se que das 80 orelhas avaliadas foram encontradas em relação ao grau da perda auditiva: 65 (81,25%) orelhas com audição normal, ou seja, limiar auditivo abaixo de 15 dBNA em todas as freqüências testadas, 5 (6,25%) orelhas com perda auditiva leve, 1 (1,25%) orelha com perda moderada, 3 (3,75%) orelhas com perda severa e 6 (7,50%) perda profunda. A Figura1 mostra a ocorrência em percentagem das audiometrias e os graus das perdas auditivas das orelhas analisadas Figura 1 Na análise da timpanometria, verificou-se que 51 (63,75%) orelhas apresentaram curva timpanométrica tipo A, 7 (8,75%) orelhas curva tipo As, 4 (5%) orelhas curva tipo B, 6 (7,50%) orelhas tipo C e em 12 (15%) orelhas o exame não foi realizado. 14 Na perda auditiva severa (entre 50 e 70 dB) ou profunda (>70 dB), a criança não consegue perceber qualquer som da fala na conversação normal. Estas perdas auditivas graves são, geralmente, causadas por lesões neurossensoriais. A criança com perda auditiva severa apresenta problemas graves de fala, além de dificuldade de comunicação em grupo ou na presença de ruído. Necessitam, além do aparelho de amplificação sonora, de fonoterapia e treinamento de leitura labial. A criança com perda auditiva profunda não tem suficiente audição para propiciar o desenvolvimento espontâneo de fala e linguagem, por isso a estimulação precoce através dos treinamentos extensivos e o uso de implantes cocleares têm favorecido um melhor desenvolvimento lingüístico. Em relação aos achados referentes às curvas timpanométricas, as normais (tipo A - 63,75%) demonstram não haver relação com as alterações de fala/linguagem encontradas nos pacientes em questão. Contudo, os achados das orelhas que apresentaram anormalidades (curvas tipo B, As e C), totalizando 36,25%, podem estar ligados às alterações na orelha média e/ou na tuba auditiva, o que frequentemente está relacionado às perdas condutivas ou mistas, estas que influenciam negativamente na fala ou linguagem de acordo com a literatura; porém no presente estudo não podemos inferir que essas curvas tiveram ação direta nas queixas relatadas. A análise dos resultados obtidos no exame do reflexo acústico revela que as orelhas em que o reflexo estava presente (43%) não podem ser associadas aos problemas de fala ou linguagem dos pacientes. Já em relação à ausência do reflexo nas orelhas (40%), existem estudos que concluem que a inteligibilidade da fala está relacionada significativamente com a configuração do reflexo (Northern, Gabbard, Kinder, 1989), ou seja, se o reflexo estiver alterado a comunicação estará afetada e consequentemente a fala ou linguagem serão comprometidas. Porém outros estudos como os de Higson, Morgan, Stephenson & Haggard (1996) não encontraram associação entre limiares anormais de reflexo acústico e dificuldade de compreensão da fala no ruído, ao estudarem um grupo de indivíduos com relato desta alteração de audição. 15 7. CONCLUSÃO Com base na análise dos dados obtidos não se pôde constatar que a deficiência auditiva foi a causa principal da queixa de alteração de fala e linguagem, pois os resultados mostraram que apenas uma pequena porcentagem de crianças apresentaram alterações auditivas. É importante ressaltar que esses resultados não excluem o fato de que a deficiência auditiva influencia negativamente no desenvolvimento normal da fala e da linguagem. As queixas podem estar relacionadas a outras causas, como síndromes, causas idiopáticas ou neurológicas, visto que a amostra do estudo foi retirada do setor de linguagem da Clínica-Escola da UNEB e também faz-se necessária a realização dos exames audiológicos para a verificação de problemas auditivos até mesmo como uma ferramenta de análise para um possível critério de exclusão. 16 8. REFERÊNCIAS FROTA, Silvana. Fundamentos em Fonoaudiologia: audiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, c2003, 210 p. MUNHOZ, Mário Sérgio Lei; CAOVILLA, Heloísa Helena; SILVA, Maria Leonor Garcia da; GANANÇA, Maurício Malavasi. Audiologia Clínica. São Paulo: Atheneu, 2000. v.2 NORTHERN, Jerry L.; DOWNS, Marion P.. Audição na Infância. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, c2005. RUSSO, Iêda Chaves Pacheco; SANTOS, Teresa M. Momensohn dos. Audiologia Infantil: Princípios e Métodos de avaliação da audição na criança. 4. ed.rev. e ampl. São Paulo: Cortez, 1994. 231 p. LEMOS, Daniela Carara. Importância da Detecção Precoce da Deficiência Auditiva. Disponível em: http://www.fonoaudiologia.com/trabalhos/artigos/artigo- 014/index.htm, acesso em: 15 de Dezembro de 2009. VIEIRA, Andrêza Batista Cheloni; MACEDO, Luciana Resende de; GONÇALVES, Denise Utsch. O diagnóstico da perda auditiva na infância. Disponível em: http://www.pediatriasaopaulo.usp.br/upload/html/1201/body/07.htm. Acesso em: 16 de Dezembro de 2009. FREITAS, Cinara Guimarães. A Importância da Imitanciometria na Triagem Auditiva Pré-escolar. Disponível em: http://www.cefac.br/library/teses/258f1531785735a8c978e00370e521c5.pdf. Acesso em: 05 de Janeiro de 2010
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