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Capitulo 5 Descricao, Notas de estudo de Direito

PORTUGUES - PORTUGUES

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 18/08/2010

cristina-alves-14
cristina-alves-14 🇧🇷

5

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Pré-visualização parcial do texto

Baixe Capitulo 5 Descricao e outras Notas de estudo em PDF para Direito, somente na Docsity! | UNIB / iMCERD BRA! | Comunicação e Expressão Capítulo 5 Professor: Edson Capítulo 5 Professor: Edson TIPOS DE TEXTOS Caros alunos, Vamos, a partir de agora, falar sobre como podemos escrever nossos textos!! Existem basicamente três tipos de texto: o descritivo, o narrativo e o dissertativo. De maneira simples, poderíamos dizer que a descrição é o registro de características de objetos, de pessoas, de lugares; a narração é um relato de fatos contados por um narrador, envolvendo personagens, localizadas no tempo e no espaço; e a dissertação é a expressão de opinião a respeito de um assunto. Porém, na prática, não é tão simples assim, pois esses tipos de texto se misturam. É possível a utilização e identificação de elementos descritivos, narrativos e dissertativos num mesmo texto, com predomínio de um ou de outro. Com certeza você já usou isso! Alguma vez você já conversou com amigos sobre uma viagem ou um lugar que visitou? O relato da viagem, por exemplo, possui uma estrutura, predominantemente narrativa, mas ao incluir características de pessoas e lugares visitados, você usou o texto descritivo e se no decorrer desse relato, foi feita uma reflexão sobre a importância do lazer na vida das pessoas, houve o uso da estrutura dissertativa. Portanto, descrever, narrar e dissertar, segundo os autores Amaral e Antônio (1990), “são, na verdade, as três formas básicas com que, em nossa vida quotidiana, desvendamos as situações reais, as situações imaginárias, o entrelaçamento daquilo que chamamos dia-a-dia e daquilo que chamamos fantasia, na e pela linguagem, trata-se das várias linguagens da linguagem, da diversidade de procedimentos através dos quais vamos encorpando e solidificando a nossa capacidade de expressão.”. (Emilia Amaral e Severino Antônio. Novíssimo curso vestibular – Redação I. São Paulo: Nova Cultural. 1990. p.2.) Capítulo 5 Professor: Edson Vamos dar um exemplo: suponhamos que você vá descrever a sua casa. Como você pode perceber, quando fazemos nossas descrições e também quando lemos ou ouvimos descrições feitas por outras pessoas, nossa capacidade de perceber vai, pouco a pouco, ficando mais apurada e mais aperfeiçoada. Assim, descrever é uma atividade que educa e desenvolve os nossos sentidos, a nossa sensibilidade. Observe esse quadro de Claude Monet: Utilizando a visão, como você a percebe? Como é a sua forma? Quais são as cores? Em que rua ela está localizada? Como é essa rua? Utilizando a audição, como você pode descrever os ruídos que você ouve em sua casa? Há diferenças de ruídos em diferentes horários? Utilizando o olfato, você pode descrever a sua casa pelos cheiros que nela existem e os cheiros, muitas vezes, lembram sabores, que estão ligados ao paladar. Por fim, utilizando o tato, você pode colocar a mão no chão da casa, na parede, nos móveis e dizer se tais superfícies são ásperas, lisas, quentes, frias, etc. Capítulo 5 Professor: Edson Mesmo não tendo contato próximo com a tela, apenas visualizando, vemos que o artista conseguiu reproduzir uma paisagem que parece estar em movimento com o vento. Perceba a sutil mistura de cores que há entre as flores e os outros elementos. Esse jardim transmite ao nosso olfato um aroma silvestre. Observe a sutileza das flores contra os marrons dos troncos das árvores escuros ao fundo da tela. As folhas caídas criam um caminho. A represa ou lago ao fundo, cria um reflexo incerto de todas as coisas. Tudo isso parece ter vida mediante a luz do sol. Perceba a claridade brincando em lugares específicos como se realmente o sol nascesse para todo esse jardim. Isso nos passa a sensação de que, a qualquer momento, o jardim estará por todo iluminado e colorido. Esse jogo de luz e sombra cria a dualidade no quadro: será que está amanhecendo ou está anoitecendo? Enfim, inspire-se, admire e desenvolva a sua sensibilidade. Agora, observe essa fotografia do fotógrafo indiano Arko Datta, da agência Reuters: mulher lamenta a morte de parente, vítima do Tsunami que atingiu parte da Ásia há alguns anos. Se você tivesse que fazer uma descrição dessa foto, como a faria? Use os sentidos para isso e observe: Capítulo 5 Professor: Edson Como vemos, a prática e a teoria da descrição constituem um caminho que nos leva à observação intensa do mundo e a desenvolver nossa capacidade de percepção. Os olhos, o tato, o ouvido, o olfato e o gosto são despertados para descobrir as características dos objetos, enquanto que, também, redescobrem a si mesmos e às suas possibilidades. Cada experiência descritiva – de uma pessoa, um bicho, uma planta, uma casa, um lugar – é também uma reeducação dos nossos sentidos, uma revitalização deles, um desenvolvimento das possibilidades de percepção. Para apresentar a imagem do objeto descrito, criar a configuração desse objeto em palavras, retratar o que se percebeu dele, precisamos desenvolver a sensibilidade, a capacidade de apreender e expressar as características mais marcantes e mais importantes do objeto, seus detalhes específicos, suas marcas particulares. É claro que para isso, precisamos ter desenvolvido um bom vocabulário, pois quanto mais conhecimento da língua tivermos, mais precisa será a nossa descrição.  A forma como as pessoas são retratadas: uma por inteiro e a outra mostrando apenas uma parte do corpo;  O modo como a mulher se encontra;  A manifestação de lamento;  Os braços e as mãos;  O chão;  Os objetos;  O odor;  Etc... Descrever é, portanto, escrever com o corpo. Capítulo 5 Professor: Edson Características do Texto Descritivo Leia atentamente o texto abaixo de García Lorca: JARDIM MORTO Cai chuvosa a manhã sobre o jardim... No final duma ladeira lamosa e junto de uma cruz, verde e negra de umidade, está a porta de madeira carcomida que dá entrada ao recinto abandonado. Mais além há uma ponte de pedra cinzenta e na distância brumosa uma montanha nevada. No fundo do vale e entre penhas corre o rio manso cantarolando sua velha canção. Em um nicho negro que há junto da porta, dois velhos com capas rasgadas aquecem-se ao lume de uns tições mal acesos... O interior do recinto é angustioso e desolado. A chuva acentua mais esta impressão. Escorrega-se com facilidade. No chão, há grandes troncos mortos... Os muros, altos e amarelos, estão cruzados de gretas enormes, pelas quais saem as lagartixas, que passeiam formando com seus corpos arabescos indecifráveis. No fundo há um resto de claustro, com heras e flores secas, com as colunas inclinadas. Nas fendas das pedras desmoronadas há flores amarelas cheias de gotas de chuva; nos chãos há charcos de umidade entre as ervas... Não restam mais do que as altas paredes onde houve claustros soberbos que viram procissões com custódias de ouro entre a magnífica seriedade dos tapetes... Capítulo 5 Professor: Edson Uma coluna ruiu sobre a fonte, e ao celebrar suas bodas de pedra o musgo amoroso cobriu-se com seus finos mantos. Pelos vazios de um capitel jacente assomam ervas miúdas de verde luminoso. Abrem-se as plantas umas com as outras, a hera cobre as velhas colunas que ainda se têm de pé, a água que transborda da fonte lambe o solo de pedra que há em seu redor e depois se entrega à terra, que a bebe com repugnância... A restante se perde por um buraco negro, que a bebe com avidez. A chuva aumenta e cai sobre o jardim produzindo ruído surdo e apagado... Umas folhas grandes estremecem suavemente e entre elas assoma com sua cabeça achatada um grande lagarto... que sai correndo a esconder-se entre as pedras. Deixa a cauda de fora e depois se introduz de todo... As ervas que o peso do lagarto inclinou voltam preguiçosamente a ocupar sua primitiva posição... Com o vento, todas as flores amarelas tremem e sacodem da água que têm entre suas pétalas... Há caramujos pregados aos muros... O tempo foi desapiedado para com este jardim: secou seus rosais e cinamomos e em troca, deu vida a plantas traidoras e mal olentes... Não pára a chuva de cair. (GARCIA Lorca, Frederico. Prosa viva/ Ideário coligido. Tradução de Oscar Mendes.) Nesse texto, García Lorca descreveu um jardim valendo-se de uma combinação sensorial: imagens, sons e, em menor grau, aromas montam um quadro melancólico e decadente. Para fazer essa descrição, o autor se utiliza de elementos concretos, tais como, “troncos mortos, flores secas, fendas das pedras desmoronadas, ervas miúdas de verde luminoso, velhas colunas etc.”, portanto, o texto é predominantemente figurativo, sendo essa a primeira característica do texto descritivo. A segunda característica é que as frases e orações são construídas numa estrutura de ocorrência simultânea. As características do jardim ocorrem Capítulo 5 Professor: Edson concomitantemente. Não há uma característica que é anterior a outra. É como se tivéssemos vendo uma imagem de um jardim. Leia o trecho abaixo retirado do texto de Garcia Lorca e perceba isso. No final duma ladeira lamosa e junto de uma cruz, verde e negra de umidade, está a porta de madeira carcomida que dá entrada ao recinto abandonado. Mais além há uma ponte de pedra cinzenta e na distância brumosa uma montanha nevada. No fundo do vale e entre penhas corre o rio manso cantarolando sua velha canção. (grifo nosso) A terceira característica é que no texto aparecem basicamente verbos de estado, por exemplo, está, há, é, têm, estão etc. Além disso, observe que os verbos no texto estão no presente do indicativo. Os verbos ser, estar, ter, haver são fundamentais para construir um texto descritivo. Eles deverão aparecer predominantemente no presente do indicativo e no pretérito imperfeito do indicativo a fim de indicar uma concomitância, não havendo uma progressão temporal. Tudo o que é descrito é considerado como simultâneo. Observe que no trecho citado anteriormente, os verbos grifados dão essa característica e eles estão todos no presente do indicativo. Será que nós temos a descrição somente nos textos literários? Será que numa notícia de jornal nós podemos ter um texto descritivo? Conforme o objetivo que queremos alcançar, a descrição pode ser não-literária ou denotativa e literária ou conotativa. Por isso, a descrição é vista como um retrato e não como um movimento de ações. Capítulo 5 Professor: Edson figurativo. Vale lembrar que textos descritivos também podem ocorrer tanto em prosa como em verso. Leia o trecho do capítulo XXII – Sensações Alheias – do livro Dom Casmurro de Machado de Assis: Não alcancei mais nada, e para o fim arrependi-me do pedido: devia ter seguido o conselho de Capitu. Então, como eu quisesse ir para dentro, prima Justina reteve-me alguns minutos, falando do calor e da próxima festa da Conceição, dos meus velhos oratórios, e finalmente de Capitu. Não disse mal dela; ao contrário, insinuou-me que podia vir a ser uma moça bonita. Eu, que já a achava lindíssima, bradaria que era a mais bela criatura do mundo, se o receio me não fizesse discreto. Entretanto, como prima Justina se metesse a elogiar-lhe os modos, a gravidade, os costumes, o trabalhar para os seus, o amor que tinha a minha mãe, tudo isto me acendeu a ponto de elogiá-la também. Quando não era com palavras, era com o gesto de aprovação que dava a cada uma das asserções da outra, e certamente com a felicidade que devia iluminar-me a cara. Não adverti que assim confirmava a denúncia de José Dias, ouvida por ela, à tarde, na sala de visitas, se é que também ela não desconfiava já. Só pensei nisso na cama. Só então senti que os olhos de prima Justina, quando eu falava, pareciam apalpar-me, ouvir-me, cheirar-me, gostar-me, fazer o ofício de todos os sentidos. Ciúmes não podiam ser; entre um pirralho da minha idade e uma viúva quarentona não havia lugar para ciúmes. É certo Capítulo 5 Professor: Edson que, após algum tempo, modificou os elogios a Capitu, e até lhe fez algumas críticas, disse-me que era um pouco trêfega e olhava por baixo; mas ainda assim, não creio que fossem ciúmes. Creio antes... sim... sim, creio isto. Creio que prima Justina achou no espetáculo das sensações alheias uma ressurreição vaga das próprias. Também se goza por influição dos lábios que narram. Esse trecho em prosa pertence a um romance narrado em 1ª. Pessoa, isto é, por um narrador personagem (“Não alcancei mais nada, e para o fim arrependi-me do pedido: devia ter seguido o conselho de Capitu.”). O fato do observador participar explicitamente do texto já aumenta o grau de subjetividade da descrição. No fragmento lido, o narrador-personagem, Bentinho, menciona a beleza física de Capitu: “Eu, que já a achava lindíssima, bradaria que era a mais bela criatura do mundo”. Mas a prima Justina percebe outras características na jovem: “era um pouco trêfega e olhava por baixo”. Há, portanto, duas visões diferentes, pessoais, em relação aos aspectos físicos e psicológicos da personagem Capitu. A descrição literária muitas vezes corresponde ao estado de espírito, às impressões particulares do observador, por isso, nem sempre se aproxima da realidade. Isso significa que, quando fazemos uma descrição nem sempre ressaltamos apenas os aspectos físicos, mas também os aspectos psicológicos ou comportamentais. Como já vimos, todo texto tem uma intenção por trás. Isso ocorre, também, quando fazemos uma descrição. Muitas vezes o objeto a ser descrito poderá ser o mesmo, mas a forma como o descrevemos poderá ter uma visão diferente à de outra pessoa que também irá descrevê-lo. É isso que ocorre no trecho anteriormente citado de Dom Casmurro, cujas personagens Bentinho e prima Justina tinham uma visão diferenciada de Capitu. Um exemplo bem simples para entendermos essa questão: suponhamos que iremos descrever um local. Se gostamos do local, se nos sentimos bem nele a Capítulo 5 Professor: Edson nossa descrição será uma, mas se outra pessoa não gosta desse local, se tem péssimas recordações dele a sua descrição poderá ser bem diferente. Diante de todo exposto, cabe ressaltar: “Uma descrição não é algo supérfluo ou ornamental num texto, mas tem uma funcionalidade, pois fixa caracteres, dá qualificações para personagens, espaços e tempos. Esses elementos presentes na descrição terão um papel no desenvolvimento da trama narrativa. Uma descrição não é algo neutro, pois, a partir dos elementos selecionados e da forma como são apresentados, revela uma visão de mundo.” (PLATÃO & FIORIN, 1996, 246) Bibliografia: Imagens dos livros de Machado de Assis, Dom Casmurro. capa_dom_1 http://comprar.todaoferta.uol.com.br/dom-casmurro-machado-de-assis-garnier- MSYFQPXCL5 capa_dom_2 http://adrianapaiva.zip.net/images/dom.jpg capa-dom_3 http://www.riobranco.org.br/arquivos/sites2008/6_agosto/grupo3/Site/0850515033.jpg capa_dom_5 http://www.caras.com.br/imagens/57905/20081211164442_57905_large_dom- casmurrojpg.jpg capa_dom_6 http://www.revistabula.com/imagens/gerenciador/materias/6/images/dom_casmurro.jpg capa_dom_7 http://static.blogstorage.hi- pi.com/photos/imprimis.arteblog.com.br/images/gd/1174948458/O-prazer-de-ler-DOM- CASMURRO-de-Machado-de-Assis-primeira-licao.jpg capa_dom_8 http://static.blogstorage.hi- pi.com/photos/imprimis.arteblog.com.br/images/gd/1176465599/O-prazer-de-ler-DOM- CASMURRO-de-Machado-de-Assis-segunda-licao.jpg capa_dom_9 http://i.s8.com.br/images/books/cover/img9/202959_4.jpg capa_dom_010 http://i.s8.com.br/images/books/cover/img3/224013_4.jpg
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