Porque o Y é tão estranho, Notas de estudo de Bioquímica

Baixe Porque o Y é tão estranho e outras Notas de estudo em PDF para Bioquímica, somente na Docsity! tão BIO memettocsio con Por que o Y é tão estranho Cada um dos 23 pares de cromossomos que o ser humano possui em suas células é constituído por um cromossomo proveniente da mãe e outro do pai. Um desses pares, o 23º par — aquele que determina o sexo —, é no mínimo bizarro se comparado aos outros. O cromossomo Y (que determina o sexo masculino) é muito menor que o X; ele contém várias dúzias de genes, nada comparável aos cerca de 2 mil a 3 mil contidos no X. Além disso, numerosos genes do Y não têm relação nenhuma com os do X, e o Y carrega uma quantidade surpreendentemente alta de DNA que não é transcrito e é conhecido por DNA lixo: sequências de nucleotídeos que não contêm nenhuma instrução para a elaboração de moléculas protéicas. Até recentemente os biólogos não tinham uma explicação precisa para tais diferenças. Graças principalmente ao Projeto Genoma Humano, conseguiu- se decifrar a sequência completa dos nucleotídeos de DNA em todos os cromossomos humanos — o Y, o X e os 22 autossomos (os cromossomos não- relacionados à determinação do sexo) —, abrindo caminho para a decifração do mistério dos cromossomos sexuais. Os novos estudos revelaram que a história dos cromossomos ligados ao sexo tem sido extremamente dinâmica, caracterizada por quebras do Y e por mudanças compensatórias do X. Essa interação ainda prossegue atualmente. Além disso, o Y — cuja atuação, segundo se pensava, ia apenas um pouco além de deflagrar o programa de masculinidade — “trabalha” muito mais do que a maioria dos biólogos imaginava. O interesse moderno pela pesquisa da evolução dos cromossomos humanos relacionados ao sexo não se limita à curiosidade científica: hoje em dia, há um desejo de explicar e reverter a infertilidade masculina. As descobertas relacionadas aos genes do Y poderiam levar a novos tratamentos para homens que perderam genes específicos ou têm versões defeituosas deles. Até o início do século XX, pensava-se que o sexo nos humanos era determinado em condições similares às dos répteis, ou seja, a temperatura do embrião em certo ponto de seu desenvolvimento aciona um sistema ainda pouco conhecido que leva à formação de um macho ou de uma fêmea. Mas então descobriu-se que, em certas espécies, o papel da definição do sexo cabia aos