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Cultura da pitangueira, Notas de estudo de Engenharia Agronômica

Apostila Pitanga

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 22/10/2010

valter-daniel-fantin-6
valter-daniel-fantin-6 🇧🇷

4.7

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Baixe Cultura da pitangueira e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Agronômica, somente na Docsity! CULTURA DA PITANGUEIRA FRANZÃO, A.A. MELO. B. SUMÁRIO 1. CENTROS DE DIVERSIDADE GENÉTICA 2. BOTÂNICA E ECOLOGIA 2.1.Taxonomia e Denominações 2.2.Descrição da Planta 2.3. Fenologia 2.4. Ecologia 3. UTILIZAÇÃO ATUAL E POTENCIAL 4.COMPOSIÇÃO E VALOR NUTRICIONAL 5.DISPONIBILIDADE DE RECURSOS GENÉTICOS 6.PROPAGAÇÃO E MANEJO AGRONÔMICO 6.1. Propagação 6.2. Manejo Agronômico 6.2.1. Variedades 6.2.2. Escolha e Preparo da Área 6.2.3. Espaçamento 6.2.4. Plantio 6.2.5. Adubação e Calagem 6.2.6. Podas e Capinas 6.2.7. Irrigação 7. PRAGAS E DOENÇAS 7.1. Pragas 7.1.1. Broca do caule e dos ramos 7.1.2. Mosca-das-frutas 7.1.3. Outras Pragas 7.2. Doenças 8. COLHEITA E PÓS-COLHEITA 9. INDUSTRIALIZAÇÃO 10. MERCADO POTENCIAL 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. CENTROS DE DIVERSIDADE GENÉTICA A pitangueira é originária da região que se estende desde o Brasil Central até o Norte da Argentina (Fouqué, 1981), sendo distribuída geograficamente ao longo de quase todo o território nacional. Segundo Giacometti (1993), está presente em muitos centros de diversidade e domesticação brasileiros, os quais abrangem diferentes ecossistemas tropicais, subtropicais e temperados. Entretanto, essa espécie apresenta sua mais ampla variabilidade nos Centros de Diversidade classificados como 6. Centro- Nordeste/Caatinga, 7. Sul-Sudeste, 8. Brasil Central/Cerrado, e em todos os setores (9A, 9B e 9C) do centro 9. Mata Atlântica, que engloba as regiões costeiras da Paraíba ao Rio Grande do Sul. Devido à sua adaptabilidade às mais distintas condições de clima e solo, a pitangueira foi disseminada e é atualmente cultivada nas mais variadas regiões do globo: Américas do Sul e Central, Caribe, Florida (é a mais popular entre as espécies de Eugenia aí introduzidas), Califórnia, Hawaii, Sudeste da Ásia, China, Índia, Sri Lanka, México, Madagascar, África do Sul, Israel e diversos paises do Mediterrâneo (Popenoe, 1920; Moreuil, 1971; Campbell, 1977; Correa, 1978; Sturrock, 1980; Fouqué 1981; Lahav & Slor, 1997). 2.BOTÂNICA E ECOLOGIA 2.1. Taxonomia e Denominações A pitanga ou pitanga-vermelha tem seu nome derivado do tupi pi’tãg, que quer dizer vermelho-rubro, em alusão à cor de seu fruto, que de fato pode se apresentar nas cores vermelha, rubra, roxa, e as vezes quase preta, sendo esta conhecida popularmente como pitangueira. Pertence à Ordem Myrtales, Família Myrtaceae e à Espécie Eugenia uniflora L. É conhecida mundialmente como cerisier de Cayenne e cerisier de Surinam, nos países de língua francesa; Brazil cherry, Surinam cherry, Cayenne cherry, Florida cherry e pitanga, nos de língua inglesa; grosella de México, cereza de Surinam e pitanga, em alguns de língua espanhola, e na Argentina é chamada nangapiri e arrayán (Fouqué, 1981; Villachica et al., 1996). 2.2. Descrição da Planta Segundo descrições de Fauqué (1981), Sanchotene (1985) e Villachica et al. (1996), a pitangueira é um arbusto denso de 2 a 4 m de altura, mais raramente uma pequena árvore de 6 a 9 m, ramificada, com copa arredondada de 3 a 6 m de diâmetro, com folhagem persistente ou semidecídua. Apresenta um sistema radicular profundo, com uma raiz pivotante e numerosas raízes secundárias e terciárias. As folhas são opostas, simples, com pecíolo curto de mais ou menos 2,0 mm. Limbo oval ou oval-lanceolado, de 2,5 a 7,0 cm de comprimento e 1,2 a 3,5 cm de largura, ápice acuminado-atenuado a obtuso, base arredondada ou Fibras g 0,6 Cinzas g 0,5 Vitamina A mg 635,0 Tiamina mg 0,3 Riboflavina mg 0,6 Niacina mg 0,3 Ácido ascórbico mg 14,0 Cálcio mg 9,0 Fósforo mg 11,0 Ferro mg 0,2 Fonte: Villachica et al. (1996). Tabela 2. Características físico-químicas do fruto da pitangueira. Características Itambé, PE Jaboticabal, SP Selvíria, MS Peso do fruto (g) 3,0 4,8 4,0 % Polpa 88,4 74,6 - %Semente 11,6 25,4 - SST (ºBrix) 8,6 11,6 8,3 Acidez (%) 1,80 1,75 1,87 Ratio 4,80 6,62 - Vitamina C (mg/100g) - 22,87 - Fontes: Nascimento et al. (1995); Bezerra et al. (1997b); Donadio (1997). 5. DISPONIBILIDADE DE RECURSOS GENÉTICOS Existe uma ampla diversidade genética manifestada na cor do fruto maduro, indo desde o vermelho-claro até o quase negro. Mattos (1993) registrou a existência de uma variedade botânica denominada pitanga-preta ( E. uniflora var. rubra Mattos), cujos frutos são de coloração atropurpúrea, ocorrendo nas mesmas regiões que a típica. Outros caracteres bastante variáveis são o tamanho do fruto (entre 1,5 e 5,0 cm de diâmetro), presença e ausência de sulcos, acidez, teor de sólidos solúveis totais e número de sementes – 1 a 6, como foi detectado em uma planta no interior do Rio Grande do Sul, por Mattos (1993). Além desses, há diferenças na tolerância às geadas e à seca – resultados recentes (Nogueira et al., 1999) mostraram que alguns genótipos selecionados pela Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária – IPA são mais tolerantes ao estresse hídrico que outros. O Brasil detém o maior germoplasma ex situ, entre os bancos existentes no mundo ( tabela 4 ), embora nem tosos esses venham sendo caracterizados ou avaliados. Além disso, o país possui enorme variabilidade in situ ainda não coletada nos vários centros de diversidade e domesticação. A maior parte das coleções no exterior possui reduzido número de acessos, e varias entradas existentes nessas coleções são provenientes do Brasil, como é o caso de todos germoplasma do CIRAD, em Guadeloupe (Bettencourt et al., 1992). O IPA possui a maior coleção com 120 acessos, no entanto outras instituições, como a Embrapa Clima Temperado e a Unesp-FCAV também têm enviado esforços para preservar e caracterizar o germoplasma de pitanga, nesses casos regiões Sul e Sudeste. Tabela 4. Número de acesso de E. uniforme em coleções de germoplasma. Introdução Local Número de Acesso IPA- Estação Experimental de Itambé Itambé, PE, Brasil 120 INPA Manaus, AM, Brasil 2 Universidade Federal de Viçosa Viçosa, MG, Brasil 6 EBDA- Estação Experimental de Fruticultura Conceição do Almeida, BA, Brasil 4 Unesp - FCAV Jaboticabal, SP, Brasil 23 Embrapa - CPACT Pelotas, RS, Brasil 42 UFBA – Escola de Agronomia Cruz das Almas, BA, Brasil 12 IAC Campinas, SP, Brasil ? Department of Agriculture – Tropical Fruit Research Station New South Wales, Austrália 1 Institute de Recherches Agricoles Niombe, Camarões 1 CATIE Turrialba, Costa Rica 3 Dirección de Investigaciones de Citros y Otros Frutales Havana, Cuba 2 CRIAD – Station de Neufchateau- Sainte Marie Guadeloupe, Antilhas Francesas 3 Corp Research Institute- Plant Genetic Unit Ghana 1 National Genebank of Kenya Kikuyu, Quênia 1 TARI – Chia- Yi Agricultural Experiment Station Chia – Yi, Taiwan. 1 Tropical Pesticides Research Institute Arusha, Tanzânia 1 USDA- ARS- National Clonal Germoplasma Repository Hilo, Hawaii, Estados Unidos 2(?) USDA- ARS- Subtropical Reserchs Station Miami, Florida, Estados Unidos ¿ INIA Iquitos, Peru 5 Fontes: Luna (1988); Bettencourt et al. (1992);Bezerra et al. (1993) modificado; Veiga (1993); Villachica et al. (1996); Maria do Carmo B. Roseira (comunicação pessoal)2; Ana Cristina V. L.Dantas ( comunicação pessoal)2 A coleção de germoplasma do IPA foi instalada em 1988, mediante um trabalho de prospecção realizado na Zona da Mata, Agreste e Sertão de Pernambuco, na Paraíba, Rio Grande do Norte, e de introduções feitas da Bahia e São Paulo ( Bezerra et al. , 1990). Todos os acessos foram propagados via semente e apresentam grande variabilidade. A partir de avaliações realizadas durante dez anos, foram selecionadas as dez matrizes mais promissoras. 6. PROPAGAÇÃO E MANEJO AGRONÔMICO 6.1. Propagação A propagação da pitangueira pode ser feita por sementes e por métodos – enxertia e estaquia (Argeles, 1985; Bezerra et al,. 1997a; Demattê, 1997). No entanto, o processo mais usual é o realizado por meio de sementes. Nesse caso, o preparo das mudas é feito da seguinte maneira: as sementes devem ser despolpadas a partir de frutos maduros, em seguida são lavadas, secas à sombra e postas a germinar em número de duas, em sacos plásticos pretos de 12 x 16 cm, usando como substrato uma mistura de terra e esterco de gado ou galinha, na proporção de 6:1 ou 3:1, respectivamente. Logo após a semeadura, deve-se fazer uma cobertura dos sacos com capim seco, a fim de manter uma boa umidade e proteger a camada do solo onde está a semente, do super aquecimento. Normalmente, a germinação ocorre em cerca de 22 dias após a semeadura, quando deve ser retirada a cobertura de capim. A proteção das plântulas passa a ser feita com uma cobertura alta, medindo 1,00 m de altura na direção do nascente e 0,60 m na do poente, evitando-se, assim, que as mudas fiquem expostas ao sol nas horas mais quentes do dia. Quando as plantas estiverem com 5 cm de altura, procede-se ao desbaste, eliminando-se a menos vigorosa. As mudas deveram ser levadas para o campo quando atingirem uma altura de, aproximadamente, 25 cm, o que se dá geralmente aos seis meses após a semeadura. À medida que a pitangueira vai se tornando uma cultura de interesse comercial, o plantio a partir de sementes deve dar lugar à propagação vegetativa de variedades selecionadas, assegurando a formação de pomares com populações de plantas homogêneas. A propagação vegetativa pode ser obtida por enxertia do tipo garfagem no topo em fenda cheia ou à inglesa simples, utilizando-se porta-enxerto da própria pitangueira com 9 ou 12 meses de idade, produzidos em sacos plásticos pretos de 25 X 35 cm, cujos percentuais de pegamento de enxerto são apresentados na tabela 5, conforme resultados obtidos por Bezerra et al. (1999). Tabela 5. Percentagem de pegamento de enxertos aos 60 dias em relação ao tipo de enxertia e à idade do porta-enxerto. Tipo de Enxertia Pegamento de Enxerto(%) Garfagem no topo em fenda cheia 59,1 Garfagem no topo à inglesa simples 55,4 Idade do Porta-enxerto 12 meses 77,5 6.2.5. Adubação e Calagem As adubações devem ser feitas baseadas na análise do solo, utilizando-se o esquema mostrado na Tabela 7 Tabela 7. Doses de N, P2O5 e K2O. Implantação Idade(ano) Teores no solo Plantio Cresciment o 2º 3º A partir do 4º ---------------------------------g/planta------------------------------ (não analisado) - 20 60 150 240 Fósforo (P2O5) --mg dm3 de P- < 9 60 - 40 110 150 9 – 15 30 80 120 > 15 20 60 100 Potássio (K2O) -cmolc dm-3 de K < 0,08 - 30 80 200 310 0,08 – 0,15 - 20 60 150 240 > 0,15 - 20 50 120 200 Fonte: Cavalcanti (1998) No primeiro ano, aplicar todo fósforo, 30 a 60 dias antes do plantio, juntamente com 10 litros de esterco de curral, ou o plantio, juntamente com 10 litros de esterco de curral, ou o equivalente de outro fertilizante orgânico. O nitrogênio e o potássio devem ser fracionados em duas vezes, durante a estação chuvosa. As fertilizações de nitrogênio e potássio, a partir do segundo ano, devem ser divididas em três aplicações, durante o período das chuvas, enquanto o fertilizante fosfatado deve ser aplicado de uma só vez, juntamente com as primeiras doses de nitrogênio e de potássio. Todos os fertilizantes minerais devem ser colocados na projeção da copa, fazendo-se a incorporação. Já a adubação orgânica deve ser praticada anualmente, no início da estação chuvosa, com a mesma dosagem aplicada no plantio. Caso haja necessidade de correção do solo, que é definida pela análise de solo, deve-se realizar a calagem com calcário dolomítico, no mínimo 30 dias antes do plantio, entre as operações de aração e gradagem. 6.2.6. Podas e Capinas A partir do 1º, ano do plantio, deve-se fazer uma poda retirando-se os ramos ladrões. A planta deve ser desbrotada desde o solo até a altura de formação da copa (50 a 60 cm), onde deverá ser decapitada deixando- se 3 a 4 ramos, procurando-se dar à mesma um formato de taça e facilitando, com isso, os tratos culturais. As podas não deverão ser feitas nas fases de florescimento e frutificação. Com relação às capinas, a pitangueira deve ser mantida no limpo, fazendo-se o coroamento manual ou com herbicidas. 6.2.7. Irrigação A irrigação no Nordeste tem sedo utilizada para estender o período de produção, aumentar a produtividade e melhorar a qualidade dos frutos. No entanto, poucos estudos têm sido desenvolvidos sobre essa prática em pitangueira. A implantação de um sistema de irrigação deve incluir, dentre outros fatores, informações sobre o déficit hídrico local, luminosidade e temperatura adequada para a cultura crescer e se desenvolver. Na escolha do sistema de irrigação a ser adotado, é importante evitar que a planta seja submetida a estresses hídricos, sendo recomendado manter o nível de armazenamento de água no perfil do solo próximo da capacidade de campo. Diversos métodos são utilizados para irrigar a cultura: gotejamento, microaspersão, xique-xique, sulcos e bacias par queda natural. Os três primeiros são as melhores poções, por localizarem melhor a água na zona de concentração radicular, além de criarem ambiente de umidade na parte aérea e promoverem maior economia de água. As irrigações por sulcos e bacias apresentam a desvantagem de utilizar maior mão-de-obra, provocar erosão e requerer maior quantidade de água. 7. PRAGAS E DOENÇAS 7.1. Pragas 7.1.1. Broca do caule e dos ramos A broca do caule d dos ramos, Timocratica palpalis Zeller ( Lepidóptera – Stenomidae),constitui-se na principal praga da pitangueira. O adulto é uma mariposa de coloração branca e de aproximadamente 40 mm de comprimento. As lagartas são de cor violeta-amarelada e medem ao redor de 30 mm. A presença da praga é facilmente reconhecida pela ocorrência de pequenos orifícios nas áreas lesionadas, formação de teias e excrementos em seu redor. A importância dessa praga para a cultura se prende aos danos que causa à planta. As lagartas brocam os ramos e o tronco, abrindo galerias que são posteriormente fechadas com uma teia e excrementos de cor marrom e destruindo a casca em volta da abertura da galeria. Quando o ataque se dá nos ramos, observa-se o secamento progressivo do galho, e quando ocorre no caule, a planta fica comprometida e só a identificação em tempo hábil da presença do inseto pode evitar a sua morte. Para o controle dessa praga recomendam-se: a) eliminação dos ramos secos e imediata destruição com fogo, visando eliminar as fases de ovo, larva e pupa do inseto; b) pulverização do caule e dos ramos atacados com defensivos. Como na fase larval o inseto destrói a casca dos ramos e/ou do caule, a proteção extrema dessa fase. Atualmente, não existe nenhum produto registrado para a cultura da pitanga junto ao Ministério da Agricultura. 7.1.2.Mosca-das-frutas Outra praga de importância são as moscas-das-frutas Ceratitis capitata Wied e Anastrepha spp.(Díptera, Tephritidae). As larvas são de coloração branca e danificam a polpa do fruto, tornando-o imprestável para o consumo. Para o controle dessas moscas recomenda-se: uso de frascos caça-moscas, na propriedade de dois recipientes por hectare, para detectar a presença do inseto na área de plantio; usar como atrativo melaço a 7%; e logo que sejam constatados a presença de machos adultos nos frascos caça-moscas, iniciar o tratamento com iscas envenenadas; as iscas são preparadas acrescentando-se em 100l de água, 7L de melaço ou 5 Kg de açúcar e mais um inseticida; recomendados para as pitangueiras. A aplicação deve ser feita em plantas alternadas, na periferia do pomar, pulverizando-se cerca de 150 ml da solução sobre a folhagem da planta. Repetir o tratamento a cada sete dias. Considerando que a maior atividade de vôo das moscas-das-frutas se verifica no período da tarde, recomenda-se fazer o tratamento pela manhã, aumentando assim eficiência de controle. Como medida complementar, não deixar os frutos apodrecerem sobre o solo do pomar (Lederman et al, 1992; Bezerra et al., 1997a) 7.1.2. Outras Pragas Um micro-himenóptero, cuja espécie não foi ainda identificada, vem provocando sérios prejuízos à cultura. O inseto adulto danifica os frutos provocando pontuações escuras na pele e perfurando a polpa até as sementes. As larvas penetram no fruto fazendo pequenos furos e completam o seu desenvolvimento no interior das sementes. Os adultos, quando emergem, fazem um orifício que vai da semente até a periferia do fruto, fazendo com que os sejam destruídos e percam o seu valor comercial (Lederman et al., 1992). Outros insetos, como pulgões, além de ácaros, também foram assinalados como pragas da pitangueira, sem porém causar maiores danos. O pulgão ataca as folhas e os ramos, enquanto que os ácaros provocam danos nos frutos e nas folhas. 7.2. Doenças Até o momento não se tem registro de nenhum agente importante responsável por doenças atacando caule, ramos, folhas, flores ou frutos da pitangueira. 8. COLHEITA E PÓS-COLHEITA A colheita da pitanga é efetuada aproximadamente 50 dias após a floração. Os frutos devem ser colhidos manualmente ainda na planta, quando apresentarem uma coloração vermelho-rubro. Os frutos, apanhados com todo cuidado, devem ser colocados em caixas plásticas, sem aberturas laterais e protegidas por esponja, que permitam formar uma coluna de frutos de até 15 cm. As caixas devem ser postas à sombra e recobertas com lonas No que concerne à produção e comercialização da pitanga, não se dispõe de dados oficiais, tanto internamente como no exterior, no entanto estima-se que o Brasil seja o maior produtor mundial da fruta. Os maiores plantios estão localizados em Pernambuco, onde somente a região de Bonito e municípios vizinhos possui cerca de 300 ha cultivados, sendo que a maior contínua plantada do país (50 ha) pertence à Bonsuco-Bonito Agrícola LTDA. A Bahia, com áreas cultivadas no Extremo Sul, destaca-se pelos plantios da Frutelli (36 ha), conforme Silveira (1997), e da Fazenda Esperança (16 ha), em Porto Seguro. Com relação a comercialização no Brasil, apenas a CEASA-PE, em Recife, dispõe de dados. Nesse entreposto, conforme informações da CEAGEPE, a quantidade média ofertada no período de 1987-1996 foi de 35,8 t/ano, sendo que 97,7% dos frutos eram provenientes de Pernambuco e apenas 1,90 e 0,40%, dos Estados de Alagoas e Paraíba, respectivamente. Os Municípios que mais ofertaram o produto na CEASA-PE, naquele período, foram Bonito (146 t) e Barra de Guabiraba (76 t), situados na região do Brejo Pernambucano, e Buíque (18 t), localizado no Sertão do Estado. Essas quantidades não retratam a verdadeira produção de Pernambuco, uma vez que a maior parte do volume produzido é comercializado nas feiras livres, ou diretamente com as fábricas de polpa congelada, sucos e sorvetes. A elevada perecibilidade da pitanga faz com que o mercado da fruta in natura torne-se restrito aos centros próximos às regiões de plantio, e o seu comércio seja realizado apenas durante o período de colheita. Fora dessa época, a polpa congelada é a principal forma de comercialização. Com a demanda crescente dos mercados interno e externo per produtos à base de frutas nativas e de sabor exótico, vislumbra-se a possibilidade de crescimento do mercado interno em pilo menos 100% sobre o volume atual. O mercado de exportação, que é completamente inexplorado, pode vir a ser uma excelente alternativa, desde que se promova o produto. A indústria Bonsuco estima, no futuro, a colocação de aproximadamente 1.000 t/ano de polpa no mercado externo. Outras regiões produtoras, como Flórida e Califórnia, podem tornar-se, futuramente, competidoras do Brasil na oferta da fruta no exterior. 11. LITERATURA CONSULTADA ARGLES, G.K. Eugenia spp. In. GARNER, R.J.; CUAUDHRI,S.A. The propagation of fruit trees. Oxon: C.A.B., 1985, p,334-360. BETTENCOURT, E.; HAZEMKAMP, T.; PERRY, M.C. 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