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Guias e Dicas
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Paracelso - as plantas mágicas - botânica oculta, Notas de estudo de Biologia Celular

BOTANOGENIA Para este pequeno estudo tomamos a decisão de ocupar-nos somente das teorias tradicionais correspondentes à botânica oculta e por isso deixamos de lado os princípios fundamentais da botânica oficial, razão por que começaremos proporcionando ao leitor aqueles conhecimentos que reputamos verdadeiramente autênticos. Antes de mais nada, recorreremos a um dos monumentos mais antigos que possuímos: o Sepher Bereschit de Moisés, o qual nos esclarecerá a respeito dos iniciados da raça vermel

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 30/09/2010

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Baixe Paracelso - as plantas mágicas - botânica oculta e outras Notas de estudo em PDF para Biologia Celular, somente na Docsity! PARACELSO AS PLANTAS MAGICAS BOTÂNICA OCULTA Tradução de ATTÍLIO CANCIAN Supervisão de MAXIM BEHAR HEMUS — LIVRARIA EDITORA LTDA. AS PLANTAS MÁGICAS (BOTÂNICA OCULTA) Paracelso Copyright 1976 by Hemus. Direitos para a língua portuguesa adquiridos pela HEMUS — Livraria Editora Ltda. que se reserva a propriedade literária desta publicação. Capa de Décio Guedes hemus livraria editora limitada O151O-rua da glória. 312 liberdade fone 279-9911 pbx caixa postal 9686 são paulo Composição: Carlos Antonio Lauand Rua Coronel Lisboa, 432 - S.Paulo Impresso no Brasil Printed in Brazil Espírito Divino, a fim de poder conceber o funcionamento deste Espírito Universal dentro da Natureza. Quando partiu para Basiléia já tinha adquirido a prática das operações cirúrgicas, ajudando seu pai no tratamento de feridos. Em seus Livros e Escritos de Cirurgia nos relata que teve os melhores mestres em dita ciência e que havia lido e meditado os textos dos homens mais célebres, tanto da atualidade como do passado. Pouco se sabe da estadia de Paracelso em Basiléia; consta unicamente que sua passagem por lá se deu em 1 510. Na ocasião a Universidade era dirigida pelos escolásticos e pedantes da época. Paracelso percebeu subitamente que nada sairia ganhando com os ensinamentos estúpidos daqueles doutores. "O pó e as cinzas respeitados por estes espíritos estéreis" - escreve ele - "haviam-se preparado e transformado em matéria importante". Paracelso renunciou altaneiramente a terçar armas numa luta com aqueles sábios, guardiães petrificados da ciência oficial. O que ele queria era a verdade e não a pedan-teria; a ordem e não a confusão; a experiência científica e não o empirismo. Segundo sua própria declaração pública, Paracelso lera as obras manuscritas do abade Tritêmio, que figuravam na valiosa biblioteca de seu pai, e tão embevecido se sentiu por elas que resolveu transferir-se para WCirzburg, lugar onde o sábio abade se mantinha em contato com seus dis-cfpulos. Tritêmio ou Tritemius — era assim que se chamava esse abade, por causa do lugar de seu nascimento, que foi Treitenheim, perto de Trier. Mas seu verdadeiro nome era João Heindemberg. Quando ainda muito jovem já era célebre por sua sabedoria; com a idade de vinte e um anos foi eleito abade de Sponheim. Em 1 506 foi designado para o convento de São Jaime, perto de Wurzburg, onde morreu em dezembro de 1 516. Afirmava ele que as forças, secretas da Natureza estavam confiadas a seres espirituais. Grande era o número de seus discípulos e os que julgava dignos, admitia-os em seu laboratório, onde se manipulava toda espécie de experiências de alquimia e de magia. Conforme dissemos, Paracelso empreendeu sua grande viagem a Wurzburg. Na ocasião estava algo mais robusto, embora sua compleição continuasse franzina. Quando se fixou na referida cidade, o abade Tritêmio era considerado um bruxo perigoso pela gente ignorante. Penetrara ele certos mistérios da Natureza e do mundo espiritual; deu casualmente com alguns fenômenos raros que hoje em dia chamamos de magnetismo e telepatia. Em certas experiências psíquicas obteve êxitos surpreendentes; talvez tenha sido ele o primeiro que nos falou da transmissão do pensamento à distância. Devem-se a ele os primeiros ensaios da criptografia ou escrita secreta. Era também um grande conhecedor da Cabala, por meio da qual fornecera profundas interpretações das passagens proféticas e místicas da Bíblia. Por isso colocava as Sagradas Escrituras acima de todos os estudos; seus alunos tinham que dedicar-lhes toda sua atenção e todo seu amor. Com isto, Paracelso ficou influído por todo o resto de sua vida, de vez que o estudo da Bíblia constituiu posteriormente uma das tarefas que o ocuparam com mais intensidade. Em seus escritos encontramos o testemunho do seu conhecimento perfeito da linguagem e do profundo significado esotérico do Magno Livro. Embora seja fato inconteste que estudou as Ciências Ocultas com o abade Tritêmio, chegando a conhecer as forças misteriosas do mundo visível e invisível, não é menos certo que abandonou de repente certas práticas mágicas, por julgá-las indignas e contrárias à divina vontade. Tinha aversão, sobretudo, à necromancia praticada por homens pouco escrupulosos, convencido de que por meio dela só se atraíam forças maléficas. Recusou, igualmente, todo ganho pessoal que pudesse auferir do exercício da magia, pois esta, segundo pensamento dele, só era permitida quando visasse curar desinteressadamente ou fazer outro bem qualquer a nossos semelhantes. Foi com este intuito que se lançou às investigações e experiências de magia divina. Discernia perfeitamente o alimento mental e espiritual daquele que era impróprio e enganoso, para conseguir a união de sua alma com a divindade. Curar os homens conforme Cristo fizera — nisto consistia todo o seu desejo ardente. E quem sabe se a própria comunhão com o Senhor não o credenciaria com este poder sublime? Entrementes, recebia de Deus a graça de saber procurar e encontrar todos os meios de cura com os quais o Criador provera a Natureza. PARACELSO, MÉDICO E ALQUIMISTA Como dissemos anteriormente, Paracelso entregou-se com um ardor e entusiasmo sem limites ao estudo profundo da Alquimia. "A Alquimia" — diz nosso biografado — "não visa exclusivamente obter a pedra filosofal; a finalidade da Ciência Hermética consiste em produzir essências soberanas e empregá-las devidamente na cura das doenças". Contudo, não pôde fugir à preocupação dominante da época e durante algum tempo se ocupou também daquelas práticas alquímicas que ensinam a transformar em ouro os metais "impuros". De acordo com alguns autores, saiu triunfante em seu magno cometimento e, depois que satisfez a sua curiosidade, não prosseguiu em sua obra, pois outro fim não perseguia senão a evidência de certas doutrinas, para poder falar delas com plena convicção, condição que ele acreditava, com toda certeza, indispensável. Ao falarem dele como alquimista, os biógrafos de Paracelso colocam-no na categoria mais elevada. Todos afirmam unanimemente que era dotado de um poder escrutinador que lhe permitia penetrar o próprio espírito das coisas da Natureza. Peter Romus escreve: "Paracelso penetra os recônditos mais profundos da Natureza, explora-os e, através de suas formas, sabe ver a influência dos metais, com uma penetração tão sagaz, que chega a extrair deles novos remédios". Melchor Adam, um dos biógrafos de Paracelso que mais estudou sua personalidade do ponto de vista científico, declarou: "No que se refere à filosofia hermética, tão árdua e tão misteriosa, ninguém o igualou". Abandonou ou, para nos expressarmos melhor, rejeitou o estudo da Crisopéia ou seja a arte de "fazer ouro", porque isto repugnava a seu espírito nobre e desinteressado; mas, aproveitou grande número de práticas alquímicas que, a seu critério, podiam ser desenvolvidas e aplicadas à Medicina. Estava convencido de que quase todos os minerais submetidos à análise podiam revelar- nos grandes segredos curativos e vivificantes e levar a novas combinações perfeitamente eficazes para certas doenças mentais ou físicas. Como base própria da divina criação, observou com atenção que toda substância dotada da vida orgânica, embora aparentemente inerte, encerrava grande variedade de potência curativa. Ao contrário do que faziam seus contemporâneos, não qualificava de divina a Alquimia, cujo único objetivo era fabricar ouro. Para ele, os fogos do fornilho crisopéico tinham outras grandes utilidades e aqueles que atuavam sob a divina intuição logo se transformavam em fogos purificadores em benefício da humanidade. Vejamos, agora, algo sobre a bibliografia de Paracelso, que foi muito vasta. Hoje em dia são pagos a peso de ouro os livros deste homem genial, principalmente suas primeiras edições. Todas as suas obras originais foram diversas vezes reeditadas e traduzidas, por sua vez, em todos os idiomas cultos. Não pretendemos, pois, nem sequer fazer um resumo de sua prolixa produção; limitar-nos- emos a citar algumas das obras menos conhecidas: Opera Omnia Medico-Chirurgica tribus voluminibus comprehensa. Genebra, 1 658. Três volumes in-fólio. Nesta obra está reunido quase todo o seu labor. índice: Volume I: Tratados médico, patológico e terapêutico ocultos. Mistérios magnéticos. Volume II: Obras mágicas, filosóficas, cabalísticas, astrológicas e alquímicas. Volume III: Anatomia e cirurgia propriamente ditas. Arcanum Arcanorum seu Magisterium Philosophorum. Leipzig, 1 686. Um volume in-8.°. Também esta obra é interessantíssima, por tratar extensamente das Ciências Ocultas. Foi reeditada em Frank-furt, em 1 770. Disputationum de Medicina Nova Philippi Paracelsi. Pars prin in qua quias de remediis superstitionis et magicis curationibus ille prodidit, proecipue examinantur a Thoma Erasto, medicina schola Heydelbergenti professore ad ilustris, principium. Liber omnibus quarumeunq; artium et scientiarum studiosis opprime cum necessarius tum utilis. Basileae apud Petrum Perna, sem ano (1 536). Um volume in 4.o. Além de seu alto valor científico, esta obra desperta um interesse muito grande porque nela se encontra a luta travada com Tomás Erasto, o inimigo mais temível de Paracelso. Limitamo-nos a citar apenas estas três obras em latim por julgarmos que com elas se pode formar um juízo perfeito do célebre médico, encarado sob todos os pontos de vista. São muitíssimo mais numerosas as obras que publicou em latim e alemão. Também as suas traduções são numerosas. O Manuel Bibliographique des sciences psichiques, de Alberto L. Caillet, cita mais de trinta títulos e se deve levar em conta que referida bibliografia data de 1 913. Temos conhecimento de muitas reimpressões posteriores a dita data. Entre estas últimas citaremos a seguinte, por considerá-la muito interessante: Paracelse (Théophraste): Les sept Livres de /'Archidoxe Magique, traduits pour Ia première fois en français, texte latin en regard. Paris, 1 929. Um volume in-4.°. Contém numerosos segredos e talismãs preciosos contra a maior parte das doenças, para conseguir uma vida sem inquietudes; sobre a vida dupla, etc. As obras de Paracelso, como todas as que tratavam de ciências ocultas — astrologia, magia, alquimia, etc. — contêm algumas frases obscuras que somente os iniciados conheciam em todo o seu valor. Os alquimistas velavam, principalmente, seus segredos por meio de símbolos e frases alegóricas, a que os leigos no assunto atribuíam as mais grotescas interpretações, quando os tomavam ao pé da letra. Iniciado que fora pelo abade Tritêmio, Paracelso adotou sua terminologia, acrescentando, por seu arbítrio, termos originários ora da índia ora do Egito. No glossário de Paracelso vemos que o princípio da sabedoria se chama Adrop e Azane, que corresponde a uma tradução esotérica da pedra filosofal. Azoth é o princípio criador da Natureza ou a força vital espiritualizada. Cherio é a quintessência de um corpo, seja ele animal, vegetal ou mineral; é o seu quinto princípio ou potência. Derses é o sopro oculto da Terra que ativa seu desenvolvimento. Ilech Primum é a Força Primordial ou Causal. Magia é a sabedoria, é o emprego consciente das forças espirituais, que visa a obtenção de fenômenos visíveis ou tangíveis, reais ou ilusórios; é o uso benfeitor do poder da vontade, do amor e da imaginação; representa a força mais poderosa do espírito humano empregada em prol do bem. Magia não é bruxaria. Poderíamos encher páginas e mais páginas, citando termos do glossário de Paracelso e dos alquimistas em geral, porém julgamos que são suficientes os que transcrevemos para dar uma idéia do caráter oculto de sua terminologia. A chave, contudo, dessa linguagem misteriosa não se perdeu. Foi guardada zelosamente pelos cabalistas e transmitida oralmente entre os iniciados. Atualmente, os possuidores de dita chave são os chamados martinistas e os rosa-cruzenses. Graças a ela, o sistema filosófico-religioso (2) de Paracelso pôde ser recuperado em toda a sua integridade. Observamos que ele estabeleceu uma divisão dos elementos a serem estudados nos corpos animais, vegetais ou minerais. Dividiu-os em Fogo, Ar, Água e Terra, conforme tinham procedido também os antigos. Estes elementos se acham presentes em todo corpo, seja ele organizado ou não, e separáveis uns dos outros. Para efetuar a separação eram indispensáveis os laboratórios com material adequado. O fornilho era insuficiente; carecia-se de um fogo capaz de tornar vermelho vivo o crisol para aumentar constante-mente o calor quando se tornasse necessário. Necessitava-se de uma contínua provisão de água, de areia, de limalhas de ferro a fim de aquecer gradativamente os fornilhos. Nos armários e mesas dos laboratórios havia balanças perfeitamente aferidas e niveladas, almofarizes, alambiques, retortas, cadinhos, esmaltados, vasos graduados, grande quantidade de vasilhas de cristal, etc. além de um alambique especial para realizar as destilações. 2 - O termo "religioso" aqui empregado não se refere a nenhuma das religiões positivas, e sim ao reconhecimento espiritual da Verdade Divina. Com um laboratório bem equipado, o alquimista capaz de aplicar-se rigorosamente, exercido na minuciosa observação das regras alquímicas, está em condições de verificar as diferentes operações indispensáveis para analisar as substâncias escolhidas e extrair delas a quintessência ou o Arcana, isto é, as propriedades intrínsecas dos minerais e vegetais. As vezes infinitesimal em quantidade até nos grandes corpos, a quintessência afeta, contudo, a massa em todas as suas partes, da mesma forma que uma única gota de bílis produz o mau humor ou uns centigramas de açafrão são suficientes para colorir uma grande quantidade de água. Os metais, as pedras e suas variedades trazem em si mesmos a sua quintessência, o mesmo que os corpos orgânicos e, embora sejam considerados sem vida, possuem essências de corpos que viveram. Estamos aqui diante duma notável afirmação, que Paracelso sustenta com sua teoria de transmutação dos metais em substâncias diversas, teoria que também os ocultistas modernos defendem. Que clarividência possuía este homem a respeito do reino mineral! Ninguém poderá negar a das plantas e dos minerais se pode descobrir a origem da doença; uma descobre o outro. O mercúrio absorve o que o sal e o enxofre repelem. É o que sucede com as doenças das artérias, dos ligamentos, das articulações e das juntas. Nestes casos o mercúrio fluido deve ser ministrado com fórmula especial que melhor corresponda à. forma da indisposição. O essencial da doença reclama o essencial que a Natureza indica como remédio. "É preferível — diz ele — denominar a lepra doença de ouro, já que com o nome indicamos, em si, o remédio. É igualmente melhor chamar a epilepsia a doença do vitríolof toda vez em que é curada com o vitríolo. "Na verdade, meus predecessores não me esclareceram muito na arte de curar. Esta arte se esconde misteriosamente nos arcanos da Natureza. Por isso me esforço por aprofundá-la e todas as minhas teorias pretendem provar a força vivificante do Archeus". No capítulo V trata das doenças encarnativas e de sua origem. "Estas doenças — escreve Paracelso — derivam todas do mercúrio. As feridas e úlceras, o câncer,, as erisipelas só podem ser curadas pelas várias forças mercuriais dos minerais e das plantas. Cada médico deve esforçar-se por encontrá-las, descobri-las por si mesmo, a fim de que saiba que quantidade de matéria mercurial encerram e possa prepará-las. Ditas forças encontrá-las-á no grau de calor apropriado, com o fim de extrair a essência da massa. "Podereis intitular-vos doutores quando souberdes manejar cada substância para tirar dela o remédio adequado. A prática é indispensável; as teorias não bastam." No capítulo VI trata da destilação dos bálsamos compostos de substâncias absorventes e de percussivos sulfúri-cos e dá a conhecer uma infinidade de fórmulas, todas elas devidas à sua experiência. Com o capítulo VII termina o livro, fazendo uma longa dissertação sobre o Archeus, o ''coração dos elementos", de força criadora e vivificante. "Devido a esta força, de uma pequena semente nasce a árvore. O poder dos elementos faz com que a planta viva e se desenvolva. Por esta mesma energia os animais nutrem-se e crescem. Esta força reside, também, no corpo humano: cada órgão possui sua energia própria, que o fortifica e renova; se assim não fosse, pereceria. Por isso, a força do Archeus representa, em cada um dos membros do corpo humano; a força criadora e vivificante do Macrocosmo e do Microcosmo. PARACELSO, MÍSTICO Sem dúvida, Paracelso foi um místico. Sua filosofia espiritual foi filha de seu precoce conhecimento do neoplatonismo; tinha como base a união com Deus. Mediante esta união o espírito do homem procurava vencer as más influências, descobrir os arcanos da Natureza, conhecer o bem, discernir o mal e viver sempre dentro da fortaleza divina. Paracelso soube identificar a mão de Deus em toda a Natureza: nas entranhas das montanhas, onde os metais esperam a sua vontade; na abóbada celeste, onde "por meio Dele se movem o sol e as estrelas"; nas ribeiras, onde sua liberalidade derrama toda sorte de alimentos e a bebida para o homem; nos verdes prados e nos bosques, onde crescem miríades de ervas e de frutos benfazejos; nas fontes que proporcionam suas propriedades curativas. Enfim, viu que a terra era a grande obra de Deus e que era preciosa a seus olhos. Paracelso era uma inteligência forte e clara. Era bom e também sábio. Sua vida errante jamais o despojou dessa bondade que constantemente fez resplandecer os generosos impulsos de sua alma. Sentia como um artista e pensava como um filósofo; por isso soube irmanar as leis da Natureza com as da alma. Esta sensibilidade artística que nunca o abandonava constituiu a ponte entre Paracelso homem e observador visionário da Realidade, ponte maravilhosa que repousava sobre as travessas de uma nova humanidade: a Renascença. E sobre esta ponte audaz procedeu à construção do Universo, do qual Paracelso foi um de seus maiores arquitetos; pois, outra coisa não foi a declaração dos princípios do progresso espiritual, completada um pouco mais tarde por Giordano Bruno, poeta, filósofo, artista e investigador da Natureza. Como as ondas do mar, o sentimento da Natureza se estendeu de Paracelso até os homens do futuro, entre os quais Comenius e Van Helmont. Estes compreenderam, igualmente, a consagração das investigações e a alegria inefável de descobrir as Leis Divinas. Paracelso possuía essa propriedade que ainda hoje admiramos nos místicos clássicos. Via a Deus tanto na Natureza como no microcosmo e, pela meditação, foi tocado pela graça divina. Suas conclusões filosóficas formam a moral de um humanismo cristão. A confraternidade íntima dos filhos de Deus deve nascer de uma humanidade bem ordenada, do saber humano e do inapreciável valor da alma, em cada um dos seus membros. Este Universo de formas e forças infinitas e, em sua unidade e em sua interdependência, a revelação das leis de Deus; a Natureza constitui o esteio e o verdadeiro amigo dos enfermos. E esta Natureza se acha em todas as partes: na terra, onde o semeador opera seus milagres, ao confiar-lhe a semente; nas montanhas, onde morrem as árvores velhas para dar lugar às que nascem; nas florestas murmurantes; nas sebes; nos lagos, onde o sol brinca com a água; em todos os lugares está viva e eterna a mãe Natureza. Paracelso emoldurou a Natureza com vistosas imagens, comparações acertadas, engenhosas alegorias e parábolas de sentido profundo. Numa linguagem rica e substanciosa, apresenta-nos o curso das estações, sua proximidade e seu fim. Pinta-nos a primavera, quanto os novos ritmos se balançam álacres pelo ar; o verão, quando a jovem vida caminha rumo à colheita e o tempo revela os frutos sazonados; o outono, quando o trabalho chega ao seu fim e a vida enlanguesce; e, finalmente, descreve-nos o inverno, fazendo-nos sentir a doce visão de uma morte suave e tranquila. Como bom cristão, seguiu os ensinamentos de Jesus. "O que Deus quer são nossos corações — diz no Tratado das Doenças Invisíveis — e não as cerimonias, já que com elas a fé Nele perece. Se queremos buscar a Deus, devemos buscá-lo dentro de nós mesmos, pois fora de nós jamais o encontraremos". Toma como ponte de apoio a Vida e a Doutrina de Nosso Senhor, porque nela está a única base de nossa crença: "Ali está ela, na Vida Eterna, descrita pelos Evangelhos e nas Escrituras, onde encontramos tudo o de que necessitamos, tudo em absoluto. "Só em Cristo há estado de graça espiritual e por nossa fé sincera seremos salvos. Basta-nos a fé em Deus e em seu único Filho. O que nos salva é a infinita misericórdia de Deus, que perdoa nossos erros. O Amor e a Fé são uma mesma coisa: o amor deriva da fé e o verdadeiro cristianismo se revela no amor e nas obras do amor." Acreditava que a perfeição da vida espiritual fora designada por Deus para todos os homens e não apenas para alguns anacoretas, monges e religiosos que não dispunham de nenhum mandato especial do Senhor para tomar sobre si a exclusividade de uma santidade a que muito poucos podem chegar. "O reino de Deus — acrescenta Paracelso — contém uma revelação íntima com nossa vida de fé e de amor, uma infinidade de mistérios que a alma penetrante vai descobrindo um por um. São os mistérios da providência de Deus, que todo aquele que investigar acabará encontrando; são os mistérios da união com Deus; é o tabernáculo secreto, cujas portas se abrirão para todo aquele que clame. E os homens que sabem perscrutar e chamar são os profetas e os benfeitores de seu reinado. A eles são entregues as chaves que hão de abrir os tesouros da terra e dos céus. E eles serão os pastores, os apóstolos do mundo." Mais adiante fala da medicina, nos seguintes termos: "A Medicina se fundamenta na Natureza, a Natureza é a Medicina, e somente naquela devem os homens buscá-la. A Natureza é o mestre do médico, já que ela é mais antiga do que ele, e ela existe dentro e fora do homem. Abençoado, pois, aquele que lê os livros do Senhor e que anda pela senda que lhe foi indicada por Ele. Estes são os homens fiéis, sinceros, perfeitos em sua profissão; andam firmes debaixo da plena luz do dia da ciência e não pelos abismos obscuros do erro... Porque os mistérios de Deus na Natureza são infinitos; Ele trabalha onde quer, como quer, quando quer. Por isso devemos investigar, chamar, interrogar. E a pergunta brota: Que categoria de homem deve ser aquele que procura, chama e interroga? Quão verdadeira deve ser a sinceridade de tal homem! Quão verdadeira a sua fé, sua pureza, sua castidade, sua misericórdia! "Nenhum médico pode afirmar que uma doença é incurável. Se isto afirmar, está renegando a Deus, renegando a Natureza, desaprecia o Grande Arcano da Criação. Não existe nenhuma doença, por mais terrível que seja, para a qual Deus não tenha previsto a correspondente cura." Conforme vimos, Paracelso era um místico e um cabalista perfeito, dentro do mais puro espírito cristão. Aceitou, contudo, muitas das crenças tão em voga em sua época referentes aos poderes ocultos e às forças invisíveis. Acreditava, igualmente, na existência real dos dementais, isto é, nos espíritos do fogo, aos quais dava o nome de acthnici; nos do ar, que chamava de melosinae; nos da água, que chamava de nenufdreni; e nos da terra, que denominava de pigmaci. Além disto admitia a realidade das dríadas, a que atribuía o nome de durdales, e dos espíritos familiares ( os deuses penates dos romanos), que alcunhava de flagae. Afirmou também a existência do corpo astral do homem, que chamava de aventrum, e do corpo astral das plantas, a que deu o nome de leffas. Do mesmo modo, tratou profundamente da levitação, que por ele foi chamada de mangonaria, e muito especialmente da clarividência, que denominava de nectromantia. Acreditava nos duendes, nos fantasmas e nos presságios. Este último particular tem prejudicado sobremodo a fama de Paracelso, mas, quem sabe se dentro de um futuro não muito distante não servirá para admirá-lo como um visionário que se antecipou às afirmações feitas pelos modernos metapsiquistas comprovadas por esses investigadores do Maís-Além. Seu Arquidoxo Mágico, livro sobre amuletos e talismãs, é também muito interessante, de vez que nele expõe seu conhecimento da imensa força do magnetismo. Combinou metais debaixo de determinadas influências planetárias, com o objetivo de fabricar talismãs contra certas doenças, sendo que o mais eficaz deles é aquele que chama de Magneticum Magicum. Este talismã se compõe de sete metais (ouro, prata, cobre, ferro, estanho, chumbo e mercúrio) e nele estão gravados signos celestes e caracteres cabalísticos. Entendia, também, que as pedras preciosas possuíam propriedades ocultas para curar determinadas doenças. Os anéis e medalhas em que se montavam ditas pedras levaram o nome de gamathei. Cada um desses dixes possuía virtudes especiais. Uma de suas pedras preferidas era a chamada bezoar, que não é oriunda nem das montanhas nem das minas, mas que se forma, no estômago de certos animais herbívoros, por crescimentos justapostos e concêntricos de fosfatos de cálcio, que o estômago não conseguiu expulsar. Suas opiniões a respeito das pedras preciosas foram adotadas pelos membros da Rosa-Cruz, que elaboraram as interpretações físicas e espirituais dos poderes misteriosos do diamante, da safira, da ametista, do topázio, da esmeralda e da opala. MORTE DE PARACELSO Muitas lendas foram inventadas em torno de sua morte. Uns diziam que os médicos de Salzburgo haviam contratado um rufião para que lhe seguisse os passos por toda parte, durante a noite, com a finalidade de jogá-lo num abismo; outros nos contam que lhe deram de beber vinho envenenado; porém, graças ao testemunho do Dr. Aberle, podemos hoje descartar essas vis suposições. O certo é que adoeceu e que seu mal ia progredindo dia a dia, como progrediu paralelamente sua fortaleza de espírito ante o fim próximo. Pouco antes de morrer ocupava-se ainda em escrever suas meditações sobre a vida espiritual. Um dos últimos fragmentos, que não conseguiu terminar, levava o seguinte título: "Referente à Santíssima Trindade, escrito em Salzburgo, durante a véspera da Natividade de Nossa Senhora". Este fragmento foi publicado por Toxites, em 1 570. Junto com o original havia várias passagens selecionadas e comentadas da Bíblia, escritas em folhas volantes. Os rápidos progressos da doença supreenderam-no em tão pacífica ocupação. A morte se introduzia silenciosa e furtivamente para extinguir a chama de seu espírito. Reconheceu a pálida mão que a intrusa lhe estendia e voltou-se para ela de maneira doce e sossegada. Todavia, faltava-lhe realizar o último trabalho. Dispunha de alguns bens: seus livros, suas roupas, suas drogas, suas ervas; e era preciso distribuir tudo isso com equidade, mas via-se impossibilitado de fazê-lo legalmente em seu laboratório de Plaetzl. Alugou então um aposento na Pousada do Cavalo Branco, na Kaygasse, bastante espaçoso para quarto de um doente e ao mesmo tempo de despacho de seus negócios. Mudou-se para lá no dia 21 de setembro, vigília de São Mateus. O escrivão público Hans Kalbsohr e seis testemunhas se reuniram em torno do seu leito para ouvir e atestar suas derradeiras vontades. Paracelso estava sentado em seu leito. O primeiro artigo do seu testamento reza textualmente: "O mui sábio e honorável Mestre Teofrasto de Hohe-nheim, doutor em Ciências e Medicina, débil de corpo, sentado em seu rústico leito de campanha, porém com espírito lúcido, probo de coração, entrega sua vida, sua morte, sua alma à salvaguarda e proteção do Todo-Podero-so. Sua fé inquebrantável espera que o Eterno Misericordioso não permitirá que os amargos sofrimentos, o martírio e a morte de seu Filho Único, Nosso Senhor Jesus Cristo, sejam estéreis e impotentes para a salvação deste seu humilde servo". Em seguida determinou as disposições concernentes ao seu enterro e escolheu a igreja de São Sebastião, que ficava além da ponte. Para ali teve que ser transportado o seu corpo; quis que lhe entoassem os salmos um, sete e trinta. Entre cada um dos referidos salmos se distribuiria dinheiro aos pobres que estivessem em frente à igreja. PARTE PRIMEIRA O REINO VEGETAL BOTANOGENIA Para este pequeno estudo tomamos a decisão de ocupar-nos somente das teorias tradicionais correspondentes à botânica oculta e por isso deixamos de lado os princípios fundamentais da botânica oficial, razão por que começaremos proporcionando ao leitor aqueles conhecimentos que reputamos verdadeiramente autênticos. Antes de mais nada, recorreremos a um dos monumentos mais antigos que possuímos: o Sepher Bereschit de Moisés, o qual nos esclarecerá a respeito dos iniciados da raça vermelha e da raça negra. No primeiro capítulo, versículo segundo, expressa-se ele da seguinte forma: "Prosseguindo na declaração de sua vontade, disse o Senhor dos senhores: A Terra fará brotar uma erva vegeta-tiva e, produzindo um germe inato, uma substância frutuosa, dará seu próprio fruto, segundo sua espécie, e possuirá em si mesma seu poder germinativo; e assim foi feito." Isto coincide exatamente com o terceiro dia da criação, segundo a ordem que a seguir será transcrita: FOGO (1 .o dia) : Criação da luz. ÁGUA, AR (2.° dia) : Fermentação das águas e sua divisão. TERRA (3.° dia) : Formação da terra; sua vegetabi-lidade. FOGO (4.o dia) : Formação do sol. ÁGUA, AR (5.° dia) : Fermentação das águas e do ar; pássaros e peixes. TERRA (6.° dia) : Fermentação da terra; homens e animais. Considerando o "Génese" em conjunto, o rabino iniciado nos ensinará que, sob o ponto de vista cosmogô-nico, a figura de Isaac representa o reino vegetal. Seu sacrifício (por pouco não consumado), sua filiação, o nome dos seus pais e de seus filhos, os atos de sua vida simbólica fornecem todas as provas necessárias que corroboram esta afirmação. Com o fito de não cansar nossos leitores com um sim-bolismo demasiado árduo, abster-nos- emos de todo pormenor e entraremos de cheio na decifração das teorias herméticas, cujo estudo pode levar-nos a feliz resultado. TEORIAS HERMÉTICAS - Na origem primordial das coisas, os filósofos concebiam um caos no qual estavam prefiguradas as formas de todo o Universo; uma matriz ou matéria cósmica e, por outro lado, urçi fogo gerador em que a ação recíproca constituía a mônada, a pedra de vida ou Mercúrio: meio e fim de todas as forças. Este fogo é ardente, seco, macho, puro, forte; é o espírito de Deus levado sobre as águas, a cabeça do dragão, o Enxofre. Este Caos é uma água espermática, cálida, fêmea, úmida, lodosa, impura: o Mercúrio dos alquimistas. A ação destes dois princípios, no Céu, constitui o bom princípio:* luz, o calor, a geração das coisas. A ação destes dois princípios sobre a Terra constitui o mau princípio: a obscuridade, o frio, putrefação ou a morte. Sobre a Terra o fogo puro se converte em grande Limbo o yliáster, o misterium magnum de Paracelso; isto é, uma terra vã e confusa, uma lua, com água mercurial, o Tohu v'bohou de Moisés. Finalmente, a água pura e celeste passa a ser uma matriz, terrestre, fria e seca, passiva: o Sal dos alquimistas. Desta maneira vemos como na Natureza todas as coisas passam por três idades. Seu começo ou nascimento surge na presença de seus princípios criadores. Este duplo contato produz uma luz, depois vêm as trevas e uma matéria confusa e mista: é a fermentação. Esta fermentação termina com uma decomposição geral ou putrefação, depois do que as moléculas da matéria em ação começam a coordenar-se, segundo a sutilídade da mesma: é a sublimação, é a vida que se manifesta. Finalmente, chega o momento em que este último trabalho cessa: é a terceira idade. Então se estabelece a separação entre o sutil e o rude; o primeiro se eleva ao céu; o segundo permanece na terra; o restante permanece nas regiões aéreas. É o último término, a morte. Conseguimos registrar o transcurso das quatro modalidades da substância universal chamadas Elementos; o fogo, a terra e a água reconhecemo-los facilmente e podemos coordenar todas estas noções, estabelecendo um quadro de analogia que podemos ler mediante o triângulo pitagórico. Este processo é seguido na índia (sistema Sankya) e na Cabala (Tarot e Sefiroth). Eis aqui os princípios atuantes nos três mundos, segundo a terminologia hermética: No primeiro mundo, o Espírito de Deus, o Fogo incri-ado, fecunda a água sutil, caótica, que é a luz criada ou a alma dos corpos. No segundo mundo, essa água caótica, que é ígnea e contém o enxofre de vida, fecunda a água intermédia, este vapor viscoso, úmido e gorduroso, que é o espírito dos corpos. No terceiro mundo, esse espírito, que é fogo elemental, fecunda o éter ígneo, que se chama também água espessa, lodo, terra andrógina, primeiro sólido e misto fecundado. Assim, cada criatura terrestre é formada pela ação de três grandes séries de forças: umas provêm do céu empírico; outras, chegam do céu zodiacal;e as últimas, do planeta ao qual a respectiva criatura pertence. Do céu empírico vêm a Anima Mundi, o Spiritus Mun-di e a Matéria Mundi, vapor viscoso, semente universal e incriada. Do céu zodiacal vêm o enxofre de vida, o mercúrio intelectual ou éter de vida e o sal de vida ou água-princípio, semente criada e matéria segunda dos corpos. Do planeta vêm o fogo elemental, o ar elemental (veículo de vida) e a água elemental (receptáculo de sementes e semente inata dos corpos). ADVENTO DO REINO VEGETAL Para que o reino vegetal possa manifestar-se sobre um planeta, é preciso, antes de tudo, que este tenha evoluído até poder — depois de ter cristalizado seus átomos em terra sólida — água e uma atmosfera, conforme vem indicado no relato de Moisés. Então desce uma onda de vida nova, que é o veículo da primeira animação sobre o planeta: ela é, portanto, o símbolo da beleza e é por isso que o reino vegetal corresponde a Vênus e tem por signo representativo a Espiral. Eis aqui por que a filotaxia pode servir-nos para medir o grau de força vital de cada planta. Esta vida vegetal resulta da ação recíproca da luz solar e da avidez do enxofre interior; nenhuma árvore pode crescer sem a força do sol, que é atraída pelo princípio essencial daquela. Eis aqui como o autor anônimo de Lumière d'Egypte explica a evolução do mineral para o vegetal: "O hidrogênio e o oxigênio combinados em água se polarizam e formam uma substância que é o pólo oposto de seu estado inflamável primitivo. "O calor do sol decompõe de novo uma porção infinitamente pequena das águas; os átomos de dita molécula de água iniciam então um movimento diferencial, que é o da espiral. Nesta ascensão, atraem os átomos de ácido carbôni-co e são atraídos, por sua vez, por eles, donde se deriva um terceiro movimento: uma rotação precipitada. Com novas combinações, forma-se então um germe de vida física. Sob o impulso de um átomo central de fogo, sendo as forças predominantes do oxigênio e do carbono, esta união produz outra mudança da polarização, devido à qual esses átomos são atraídos em direção à terra. A água recebe-os e desta maneira se forma a primeira céspede vegetativa. Quando estas primeiras formas de vegetação morrem, os átomos empreendem novamente sua marcha em espiral ascendente, sentem-se atraídos pelos átomos do ar e, pelo mesmo processo de polarização, chegam a formar os líquenes e as plantas cada vez mais perfeitas. "A essência espirituosa do sol — que penetrou até o centro da terra pela atração de cada Misto e por coagulação — gerou um fogo aquoso e, em seu desejo ardente de retornar à sua origem, ficou retida ao elevar-se entre as matrizes das espécies mais diversas. E, possuindo cada uma destas matrizes uma virtude particular para a sua espécie, numa se determina por uma criação e em outra, por outra, gerando sempre novas criações à sua semelhança. Quando esta essência espirituosa se subtiliza de maneira suficiente, a mesma penetra na superfície da terra e ativa o poder germinativo das sementes". A mesma teoria se acha exposta de maneira mais concisa no tratado cabalístico intitulado Les Cinquante Portes de rintelligence. A enumeração das portas da Década dos Mistos é interpretada conforme se segue: 1.° — Aplicação dos minerais pela disjuntiva da terra. 2.o — Flores e seivas dispostas para a geração dos metais. 3.o — Mares, lagos, flores, secreções entre os alvéolos. 4.o — Produção das ervas e das árvores. 5.o — Forças e sementes dadas a cada um deles, etc. Para concluir esta rápida exposição, daremos a conhecer a teoria de Jacobo Boehme, com a qual se descobre uma perfeita identificação com as duas teorias anteriores. Criados no terceiro dia pelo Fiat de Marte — que é a amargura, fonte do movimento — os vegetais nascem do raio de fogo nessa amargura. Quando Deus separou a matriz universal e sua forma ígnea e ao querer manifestar-se no mundo exterior e sensível, o Fiat que saiu do Pai, com sua vontade, deu força à propriedade aquosa do enxofre da primeira matéria; e já se sabe que a Água, como elemento, é uma matriz atrativa. Portanto, chegamos a um perfeito entendimento entre todas as teorias expostas. Antes da Queda, os vegetais estavam unidos ao elemento interior paradisíaco; com a Queda, a santidade fugiu da raiz e permaneceu aderida aos elementos terrestres; conforme se verá mais adiante, somente as flores representam o verdadeiro paraíso. CONSTITUIÇÃO ESTÁTICA DA PLANTA - Antes de traçar um esboço da fisiologia vegetal, convém anotar os princípios em ação que existem no reino que nos ocupa, de modo que nos seja possível conhecer com simplicidade seu complicado funcionamento. Se estudarmos os vegetais sob o ponto de vista de sua constituição, reconheceremos neles cinco princípios: 1.° —Uma matéria, formada por Água vegetativa. 2.° — Uma alma, formada por Ar sensitivo. 3.o — Uma forma, composta de Fogo concupiscível. 4.o — Uma matriz, ou Terra intelectiva. 5.° — Uma Essência universal e primitiva ou Misto memorável, formada pelos quatro elementos que determina as quatro fases do movimento: a fermentação, a putrefação, a formação e o crescimento. Se os estudamos sob o ponto de vista gerativo, encontraremos sete forças em ação: 1.a — Uma matéria ou paciente, formada de luzes e trevas, água caótica e vegetativa; eis aqui as Derses de Paracelso, exalação oculta da terra, em virtude da qual a planta cresce. 2.a — Uma forma, princípio ativo ou fogo. 3.a - Um vínculo entre os dois precedentes. 4.a — Um movimento, resultado da ação da gente sobre o paciente. Este movimento, que se propaga pelos quatro elementos, determina as quatro fases anteriormente citadas a propósito do Misto memorável. Todo este trabalho, em sua maior parte preparatório e oculto, dá como resultados visíveis: 5.a — A alma do vegetal, ou semente corporificada, o clissus de Paracelso, poder específico e força vital. 6.a — O espírito ou Misto organizado, o leffas de Paracelso, ou corpo astral da planta. 7.a — O corpo da planta. Para se lograr uma ideia mais ampla possível destas duas classificações, será suficiente estudar as analogias que se depreendem do simbolismo na mitologia grega, que é assaz terra, o Ens do grão e o Ens do sol. O primeiro e o último Ens exigem, por efeito de uma tração magnética, o desenvolvimento do germe nos sentidos opostos; donde resultam a raiz e o caule que, conforme é sabido, exercerão na vida da planta funções de analogia contrária. Da harmonia resultante destes três Ens, depende o perfeito estado do caule (liso, esverdeado, ou nodoso e negro) e das raízes (múltiplas e robustas ou secas e delgadas). CRESCIMENTO DA RAIZ. - Do ponto de vista dos três princípios, é sabido que a vida e a sensibilidade (magnética) residem no Mercúrio. O Mercúrio subterrâneo dos minerais, quase sempre venenoso e carregado de impurezas, encontra-se literalmente no inferno, quer dizer: para a sua própria atividade não encontra outro alimento nem outro objeto do que a si mesmo. Por conseguinte, é só uma vibração solar chegar a ele, que a torna sua, absorve-a totalmente dentro do seu corpo o sal e o enxofre, ambos intimamente unidos à sua essência. Então a terra se abre; seus átomos obtêm uma liberdade relativa e o corpo plástico, o Sal, que permanecia num entorpecimento saturnino, torna-se suscetível de atração e vê-se, efetivamente, atraído pelos Ens do germe, em seus elementos homogêneos. CRESCIMENTO DO CAULE. - Em geral, em sua parte mais baixa, o caule é branco; até a metade é escuro e na sua parte mais alta é verde. O branco indica a tendência no sentido da expansão subitamente libertada das potências construtivas da raiz; a cor escura significa uma expressão saturnina, resultado da maldição divina; o córtice é a parte do vegetal que se acha no limbo. Porque, se o Grande Mistério está representado também nas árvores, o reino vegetal foi alcançado, como toda a Criação, pelo pecado de Adão; mas, na beleza das flores e na doce maturação dos frutos, descobrem-se, ainda mais do que em outras criaturas, os esplendores do Paraíso. Finalmente, a cor verde representa o sinal da vida mer-curial, que serpenteia no Júpiter e na Vênus das ramagens. A ÁRVORE. — Sem dúvida alguma, a árvore constitui o tipo mais perfeito de todos os seres vegetais; nela encontramos as influências das estrelas, dos elementos, do Spiritus Mundi e o Misterium Magnum, que é por si mesmo Fogo e Luz, Ódio e Amor, como verbo pronunciado pelo Pai Eterno. PRODUÇÃO DOS NÓS. - O arbusto cresce devido à emulação mútua dos dois Ens, do sol exterior e do sol interior, que cumpre com sua missão até o fim natural, que consiste na produção de um Iíquido doce que proporciona a flor, os elementos de sua forma elegante e de suas belas cores. É sabido que as sete formas da Natureza exterior exercem na planta sua influência na seguinte ordem: Júpiter, Vênus e a Lua cooperam de um modo natural na ação expansiva de seu sol interior; Marte, porém, exagera dita expansão, de vez que este não é outra coisa senão o espírito ígneo do Enxofre, a vida mercurial se junta diante dele e Saturno chega à congelação e à corporificação deste turbilhão; é assim que se produzem os nós. PRODUÇÃO DOS GALHOS. - Os galhos são o resultado da batalha travada pelas forças naturais em pleno movimento, quando desejavam conservar a comunicação com o sol exterior. São, por assim dizer, as gesticulações da planta que se sente oprimida e que quer viver em liberdade e por sua vontade própria. Do mesmo modo que no homem a força vital faz sair os venenos interiores sob a forma de furúnculos, assim o calor vital da árvore obriga-a a produzir brotos e ramificações, principalmente quando o chamamento do Ens exterior é o mais poderoso, como acontece na primavera. Em outros termos, o desejo da vida mercurial ou o Sal, encerrado em Saturno, luta desesperadamente, aquece-se e converte-se em Enxofre; este Enxofre dá um novo impulso a seu filho, o Mercúrio; este mostra tendência a expandir-se; e Vênus fornece a substância plástica dos brotos e dos galhos. A FLOR. — O Sol domina aos poucos os excessos de Marte; a planta vai diminuindo de amargor; Júpiter e Vênus esgotam sua atividade e fundem-se na matriz da Lua; os dois Ens se unem, de modo que o Sol interior, a força vital da planta, recobra seu estado primitivo, passa ao estado de Enxofre e reintegra o regime da liberdade divina. O PARAÍSO DA PLANTA. - Neste mesmo regime, as sete formas se entrecruzam interiormente e para cima e entram em jogo em perfeita harmonia. A imagem da Eternidade se forma no tempo; o Enxofre da planta passa novamente para o estado latente e o Sal se transmuta; o reino do Filho se inaugura com uma alegria paradisíaca, que se desprende com o perfume; do mesmo modo que do corpo dos santos se desprende um odor peculiar; é o que Paracelso chama de Tintura. O GRÃO. — Mas, por causa do pecado de Adão, este paraíso cessa muito de repente e entra de novo na obscuridade do grão ou semente, onde os dois sóis vêm ocultar-se. O FRUTO. — Constitui o espírito escondido dos elementos que atuam durante a frutificação. Os frutos possuem uma qualidade boa e outra má, que herdaram de Lúcifer. Não se encontram, portanto, inteiramente sob o regime da Cólera, porque o Verbo único, que é em tudo e por tudo imortal e imarcescível até dentro da putrefação subterrânea da semente, reverdesce neles; é que o Verbo opõe resistência à terra e a terra não acolheu o Verbo. Devido a este processo, podemos admitir o triunfo do regime do Amor na Planta, ou seja, chegamos à sua floração. O Ens, tão logo se haja manifestado, corre para o seu lugar, agrega em si imediatamente uma grande quantidade de elementos plásticos; ou melhor, Luas que ao calor do Sol externo transforma em Vênus; desta maneira a polpa ou carne do fruto se desenvolve ao redor de um centro, que é filho do Sol interno. Os sete planetas encontram-se novamente no fruto e são eles que determinam seu sabor e aroma, esperando que Saturno venha fazê-lo cair sobre a terra donde se ergueu um dia. MADUREZ. — A qualificação de maduros dada aos frutos a fim de significar um ponto álgido de perfeição, um período em que seu sumo se torna açucarado, não está bem expressada com este nome, que indica o contrário, seu estado de agonia. A madurez é o resultado de uma espécie de vertigem que o Sol causa ao princípio paternal do Enxofre e que o precipita da vida eterna para a vida temporal. De tudo isto poderemos, agora, deduzir as indicações necessárias para efetuar o correspondente estudo sobre o sentido dos diversos sabores que os frutos possuem. RESUMO. — Apresentamos este rápido bosquejo, servindo-nos intencionalmente de todas as nomenclaturas. Agora o continuaremos, preenchendo algumas poucas linhas dedicadas ao mesmo, empregando, porém, para elas a teoria budista naturalista ou jônica, conforme a seguir: O mundo pode ser considerado criado como resultado das interações de três forças distintas: a expansão, a luz ou doçura (o Abel de Moisés); a contração, obscuridade ou aspereza (Caim) e a rotação, angústia ou amargura (Set). Estas três forças encontrá-las-emos no reino vegetal. Consideremos o germe introduzido na terra. A doçura foge da obscuridade e da angústia que a perseguem; daí é que provém o crescimento da planta. Com o calor do sol, a luta das três forças se torna mais encarniçada; a contração e a rotação se exaltam duplamente, provocando a expansão; daí a origem do córtice, dos nós raros e rugosos das árvores e plantas. Mas a expansão, tão logo os seus adversários cessam de atacar, não a deixam um momento livre, estende-se com avidez por todas as partes. Então quando saem os galhos, se inicia a cor verde dos brotos e a planta se abandona às forças vivificantes do sol, que a levam até o capulho e a flor, que é a sua perfeição. Dos diversos órgãos a contração faz um todo homogêneo e a angústia as divide em partes, as quais cooperam conjuntamente já que, oriundas de baixo, vêem-se obrigadas a obedecer à força solar que chega até elas vinda de cima; desta maneira se forma o fruto que vai desenvolvendo-se até que a energia expansiva se esbanjou totalmente; momento em que o fruto está disposto a cair para dar expansão e nascimento a um novo circulus vital. O OD DA PLANTA. - Desde o descobrimento de Rei-chenbach, tem-se como certo que na Natureza toda coisa desprende uma espécie de exalação invisível nas condições ordinárias, mas visível para os sensitivos. Esta radiação varia em cor, intensidade e qualidade. A parte extrema superior das plantas é sempre positiva e a parte baixa ou inferior, negativa, seja qual for o fragmento da planta apresentando o exame do sensitivo. Os frutos são positivos e os tubérculos, negativos. O lado da flor, de qualquer fruto, é positivo; o lado do pedúnculo é negativo. Estas observações foram utilizadas até à atualidade pelos sucessores do conde Mattei para as práticas da Eletro-Homeopatia, porém eu, particularmente, não posso chegar a crer que essa polarização seja de uma grande profundidade. A ALMA DA PLANTA.— Fomos buscar num livro, por certo muito notável, original de E. Boscowitz, os testemunhos de alguns sábios que atribuem à planta uma vida e uma sensibilidade parecidas às das pessoas. Sem aludir às doutrinas bramânicas, budistas, taoístas, egípcias, platônicas ou pitago-rianas — todas elas mais ou menos profundamente penetradas do espírito dos vegetais — teremos que lembrar que filósofos como Demócrito, Anaxágoras e Empédocles sustentaram dita tese. Em época mais recente, Percival quer demonstrar que os movimentos das raízes são voluntários; Vrolik, Hedmig, Bonnet, Ludwig e F. Ed. Smith afirmam que a planta é suscetível da sensações diversas até o ponto de garantir que é capaz de conhecer a felicidade; Erasmo Darmin, em sua obra Jardim Botânico, diz que a planta tem alma; todas as obras de Von Martius procuram demonstrar o mesmo e, finalmente, Teodoro Fechner escreveu um livro intitulado Nanna oder Ueber das Seelenleber der Pflanzen, na qual se prova ou se quer provar tudo o que foi dito acima. Eis aqui os caracteres de analogia que as plantas apresentam com relação aos seres dotados de personalidade: Nelas a respiração se efetua por meio das traquéias de Malpighi, formadas de uma cinta celular enrolada em espiral e dotadas de contração e de expansão. O ar é indispensável para a sua vida (segundo as experiências de Calandrini, Duhamel e Papin) e exerce sobre a seiva uma ação análoga àquela exercida sobre nosso sangue (Bertholon). O lado inferior das folhas está cheio de pequenas bocas estomáticas, órgãos de dita respiração. (Experiências de Ingenhous, de Hales, de Teodoro De Saussure, de Mohl e Garreau.) Recebem o oxigênio do ar e dele se apropriam e exalam, em contrapartida, o ácido carbônico (Garreau e Hugo von Mohl, Sachs). Nutrem-se do carbono, que extraem do ácido carbônico e durante o dia exalam, por conseguinte, uma grande quantidade de oxigênio. Suas raízes servem-lhes de estômago bem como as folhas; a seiva é análoga ao quilo. A nutrição das plantas é uma função tão ativa, que Bradley calculou que uma azinheira, ao fim de cem anos, absorve 280 000 kg de alimentos. Se a circulação da seiva não é ainda um fato provado de maneira categórica, ao menos se sabe que as plantas têm a qualidade da transpiração, a qual se exerce com força extraordinária. Ademais, como é que explicamos os movimentos das plantas em busca da luz, do sol, dos elementos de nutrição, de um terreno propício à sua vida, que a cada passo observamos? Como explicamos sua potência amorosa, o calor, a eletricidade que desprendem no instante de sua fecundação? Donde vêm, finalmente, as propriedades maravilhosas da flor de ressurreição e da Roda de Jericó? O iniciado tem podido comprovar todos estes fenômenos e admirar uma vez mais a sabedoria de seus prodeces-sores bem como a penetrante intuição do povo que deu a cada árvore sua Hamadríada, a cada flor sua fada, e cada erva seu gênio. As observações científicas, das quais acabamos de fazer um ligeiro resumo, não nos ensinam, magnificamente e com toda clareza, os movimentos sombrios da alma dos elementos que se esforçam rumo à consciência? PLANTAS E ANIMAIS. - Bonnet, de Genebra, homem de muito talento, consagra a décima parte da totalidade de suas obras à comparação paralelística das plantas e dos animais. Ele expressa da maneira seguinte o resultado de suas numerosas experiências comparativas: "A Natureza desce gradativamente do homem ao polvo, do polvo à sensitiva, da sensitita à túbera. As espécies superiores sempre apresentam alguma coisa do caráter das espécies inferiores e estas, algo também das espécies inferiores. A matéria organizada recebeu um número quase infinito de modificações diversas e todas estão intimamente ligadas em graduação como as cores do prisma. Marcamos pontos sobre as imagens, traçamos logo as linhas e a esta tarefa damos o nome de classificar e assinalar gêneros. Desta maneira não nos apercebemos mais do que dos tons dominantes, mas os matizes mais delicados escapam à nossa observação." "As plantas e os animais não são, portanto, outra coisa senão modificações da matéria organizada. Todos participam de uma mesma essência e o atributo distintivo nos é desconhecido." A planta vegeta, nutre-se, cresce e multiplica-se; mas os grãos vegetais são muito mais numerosos do que os ovos ou os óvulos fecundados nos animais, exceto das espécies inferiores. Pela mesma razão, um indivíduo produz muito mais renovos no primeiro reino do que embriões no segundo. Em uns o alimento é absorvido pelas superfícies porosas; noutros, por uma única boca; a absorção pelas raízes inferiores é incessante; nos animais desenvolvidos se produz por intervalos e por raízes inferiores (vasos quilíferos). Em sua maioria as plantas são hermafroditas. Finalmente, as plantas são imóveis, com exceção do movimento das folhas e de algumas flores em direção ao sol; os animais são móveis. CONCLUSÃO GERAL. - Deste rápido estudo se deduz que o movimento geral da vida terrestre, no que se refere aos três citados reinos inferiores, aparece como o esforço gigantesco de um Poder organizado (a Natureza física) no sentido do livre arbítrio, passando da imobilidade característica do reino mineral, pela individualização (vegetais), até o movimento espontâneo (animais). nascimento." "A amêndoa do roble, por exemplo, de sabor azedo e acre, encerrada em sua bolota, indica que essa árvore teve que passar por um violentíssimo esforço por parte da resistência, esforço que seguramente visava aniquilá-la. "Se, à semelhança deste exemplo, passamos a considerar agora a folha da videira, a pevide da uva e as propriedades do vinho, logo descobriremos que a água foi extremamente concentrada pela resistência na pevide, o que constitui causa de seu desenvolvimento tão abundante nos sarmentos." "Que, com esta expansão da água, a folha da videira indica, por sua forma, que o motivo de ser tão abundante é porque esteve separada de seu fogo e que seus fatores são binários, conforme acontece com uma infinidade de plantas de outras classes." "Que, por conseguinte, o fogo tem estado, também, muito separado da água, o que demonstram os galhos da cepa, onde as folhas e o pedúnculo do racemo se alternam conjuntamente, mas sempre pelo lado oposto." "Que, segundo sua lei, este fogo sempre se eleva a uma altura maior do que a água, o que se conhece pelo pedúnculo do racemo, que sempre sobe muito mais do que sua folha correspondente." "Que, do mesmo modo, este fogo se encontra muito perto da vida primitiva tanto que se pode dizer que são uma mesma coisa, o que leva o bago de uva a assumir uma forma esférica tão regular, que parece ter sido inflado por seus estames e seu pistilo, o círculo completo das virtuali- dades astrais, cujo número abrange toda a circunferência e estabelece o equilíbrio entre a resistência e a força." "Que por esta razão o bago de uva é tão são e proveitoso para o corpo, quando é comido com moderação/' "Que, apesar disto, por causa da fonte bifurcada ou binária da qual deriva, chega a produzir as mais graves perturbações, quando se abusa de seu sumo ou se come dele com excesso." "Que, no que se refere a estes excessos, tem-se observado que são de um gênero muito particular: 19 — Chegam amiúde a provocar disputas e até a fazer perder a razão, sendo causa de lutas e de crimes. 29 — Chega também à luxúria, que é determinada em várias formas pela pevide correspondente. 39 — A embriaguez que produz, pela excitação da luxúria, apesar disto é, de tudo isso, mais favorável do que funesta à procriação." CLASSIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS. - É sabido que um dos quatro elementos, além da quintessência, correspondem a cada um de nossos cinco sentidos; isto é, cada uma dessas cinco formas de movimento nos revela as qualidades dos objetos por meio da vibração de um de nossos centros nervosos ou sensitivos: A Terra corresponde ao olfato (cheiro). Água corresponde ao gosto (sabor). O Fogo corresponde à vista (forma). O Ar corresponde ao tato (volume). A Quintessência corresponde ao ouvido (espírito). Daí a origem de composição do quadro distributivo adiante: QUADRO I Este quadro abrange somente os tipos simples, que são pura e exclusivamente teóricos; na realidade, é preciso combinar uns com os outros, estes quatro elementos, para se obter o quadro número dois dos signos zodiacais, o qual poderá indicar-nos o caráter geral de uma planta. QUADRO II Fogo Terra Ar Água Água Fogo 2 Touro 3 Gêmeos 4 Câncer Terra 1 Áries Terra 7 Libra 8 Escorpião Ar 5 Leão 6 Virgem Ar Peixes Terra 9 Sagitário 10 Capricórnio 11 Aquário Água Perfume das Flores Sabor dos Frutos Cor Plantas ou Flores Forma Plantas ou Flores Volume Plantas ou Flores Plantas de Terra Suave Açucarado Amarela Ondulada Pequeno Plantas de Água Nenhum Ácido Esverdeada Trepadeira Caule pequeno Frutos grandes Plantas do Fogo Penetrante Picante Encarnada Retorcida Médio Plantas de Ar Desagradável Azedo Azulada Delgada Muito alto Agora, se desejamos conhecer, a priori, as qualidades de uma planta sob o signo de Aries, se nos fixarmos neste segundo quadro veremos que Áries é um fogo (coluna vertical) de terra (coluna horizontal); as qualidades desta planta serão, portanto, de acordo com o primeiro quadro, um perfume penetrante; um sabor picante; as flores serão vermelhas e a planta será de caule médio. Julgamos que este exemplo bastará para o perfeito conhecimento de dito método. Além disso, temos aqui, resumidas por ditos autores, as influências de cada um dos signos zodiacais na vida das plantas e suas atualidades; e a maneira de esclarecer-nos praticamente na matéria. As plantas que se acham sob o signo de Áries são quentes e secas; o elemento FOGO predomina nelas; finalmente, sua forma oferece semelhanças mais ou menos longínquas com a cabeça e suas partes secundárias; os olhos, o nariz, a língua, os dentes, a barba; têm flores amarelas, de sabor acre, as folhas e o caule são débeis, com duas pétalas. Perfume: a mirra. As plantas sob o signo de Touro são frias e secas; nelas predomina o elemento TERRA; seu sabor será, portanto, acre e de cheiro suave; têm o caule muito comprido, elevam eflúvios aromáticos, esfriam facilmente, produzem frutos em abundância. Algumas delas têm a forma duma garganta; plantas cujas flores são andrógenas. Perfume parecido ao do costo, a erva aromática. As plantas sob o signo de Gêmeos são quentes e ligeiramente úmidas; seu elemento é o AR; plantas cujas flores são brancas ou muito pálidas; folha extraordinariamente verde, sabor doce, quase sempre leitosas; apresenta certa relação de forma com as costas, o braço, as mãos, os seios; folhas com sete pontas. Perfume: almecega. As plantas sob o signo de Câncer são frias e úmidas; a ÁGUA predomina nelas; são insípidas, vivem em terreno pantanoso, produzem flores de cor branca ou cinza; suas folhas têm forma de pulmões, de fígado ou de baços; mostram manchas e cinco pétalas. Perfume: cânfora. As plantas sob o signo de Leão são quentes e secas; dominadas pelo elemento FOGO; dão flores vermelhas, de sabor muito acre, quase amargo; seu fruto tem a forma de estômago ou de coração; são crucíferas. Perfume: incenso. As plantas sob o signo de Virgem são frias, secas e nelas predomina a TERRA; plantas trepadeiras, com tecidos duros, mas se rompem com facilidade; suas folhas e raízes se assemelham ao abdome ou aos intestinos. Suas flores costumam desabrochar com cinco pétalas. Perfume: sândalo branco. As plantas sob o signo de Libra são quentes, úmidas e aéreas; suas flores são raras; seus caules, altos e flexíveis; seus frutos ou sua folha lembram a forma dos rins, do umbigo, da bexiga; seu sabor é doce; crescem de preferência nos terrenos pedregosos. Perfume: o gálbano. As plantas sob o signo de Escorpião são quentes, úmidas. Possuem amiúde um gosto insípido; às vezes são aquosas, leitosas, de cheiro fétido; têm a forma dos órgãos sexuais do homem. Perfume: coral vermelho. As plantas sob o signo de Sagitário são quentes e secas; são dominadas pelo elemento FOGO; são amargas e sua forma se parece com determinadas partes da região anal. Perfume: aloés. As plantas sob o signo de Capricórnio são frias e secas; nelas predomina o elemento TERRA; suas flores são esverdeadas; sua seiva é tóxica e coagula-se. Perfume: nardo. As plantas sob o signo de Aquário são ligeiramente quentes e úmidas; são dominadas pelo AR; costumam ser aromáticas; têm forma de pernas. Perfume: eufórbio. As plantas sob o signo de Peixes são frias e úmidas; nelas predomina o elemento ÁGUA; quase não têm sabor; têm forma de dedos; crescem amiúde em lugares frescos e umbrosos, perto dos lagos e pântanos. Perfume: tomilho. CLASSIFICAÇÃO SEPTENÁRIA OU PLANETÁRIA. — Vejamos abaixo, resumidas em poucas palavras, as bases de classificação: Saturno : Adstringente, concentrador. Júpiter : Resplandecente, majestoso. Marte : Cólera, espinhos. Sol : Beleza, nobreza e harmonia. Vênus : Beleza e suavidade. Mercúrio : Indeterminada. Lua : Estranheza, melancolia. E, desenvolvendo estes caracteres, teremos o resultado que podemos ver no Quadro III, adiante (pág. 64). O sabor é produzido pelo sal da terra onde a planta cresce; ele indica o ideal da planta e o ser trocadas as bebidas fermentadas pelo leite ou pela água até que a mudança de regime se tenha verificado para os alimentos sólidos. Esta mudança deverá ajudá-lo por meio de um consumo maior de fruta carnosa e aquosa. 29 - Se possível, efetuar esta mudança de regime no campo. 39 - Caso permaneça nas grandes cidades, não iniciar o regime nas tavernas ou restaurantes; e não fazê-lo, também, se a pessoa sofre de fraqueza geral. 49 - Ter em mente que a quantidade de alimentos vegetais deverá ser maior do que a alimentação animal que se seguia anteriormente. 59 - Conservar durante muito tempo o pescado nas minutas; os ovos, o leite, a manteiga de vaca não devem jamais ser excluídos absolutamente, afora os casos especiais de ascetismo. 69 - Finalmente, deve-se aprender, ao mesmo tempo, a governar o organismo físico; e antes de tudo, o homem deve ser senhor, por vontade, das pequenas irregularidades de funcionamento que podem produzir-se. INSTRUÇÕES SOBRE AS COMIDAS. - De um modo geral se pode dizer que quanto mais forças se gastam para o cumprimento de um ato, tanto mais proveitoso e útil se torna este ato para nós. Razão porque, numa medida de extrema precaução, levando as coisas na ponta de espada, conforme vulgarmente se diz, conviria que nós mesmos cultivássemos nossas plantas alimentícias, fizéssemos a colheita e as preparássemos, valendo-nos de utensílios que só serviriam para dito fim. Para as iniciações naturalistas e panteístas que desenvolvem esta teoria, estudando-a com todo pormenor e muita profundidade, deve-se começar purificando e aperfeiçoando cada um seu corpo astral e finalmente sua inteligência. Por isso vemos que os brâmanes e os ascetas hindus são obrigados a preparar eles mesmos os seus alimentos e em nenhum caso consentem que os utensílios de cobre, que constituem sua bateria de cozinha, sejam tocados por outras mãos que não as suas próprias. Daqui procedem também as prescrições referentes à posição do corpo durante os ágapes; existem certas relações entre as correntes eletromagnéticas de um planeta e os seres ou indivíduos que vivem sob sua influência; seria prolixo enumerar os fundamentos desta teoria, porém porfiamos pela prescrição que aconselha que os habitantes de nossas regiões comam com o rosto voltado para o norte. Outra prescrição é aquela que se refere às abluções; os sacerdotes hindus se lavam as mãos, os pés, a boca, o nariz, os olhos e as orelhas, repetindo com frequência uma invocação sagrada; costume este que em nossas regiões corresponde à Bênção da mesa que, pronunciada magicamente, isto é, expressada com unção verdadeira, do fundo do coração, possui um valor real e positivo de dinamização. Finalmente, uma última prescrição é a do silêncio, que é observada pelas comunidades religiosas do mundo inteiro. Tem por finalidade, pela concentração de toda a atenção no ato da comida, reduzir a quantidade de matérias necessárias à refeição, por meio de proporções sensíveis. Desta maneira a digestão requer uma menor atividade perto do plexus solar, donde resulta uma notável economia de força nervosa de que os exercícios de contemplação precisam para que se tornem verdadeiramente frutíferos. Mas, para as pessoas que vivem no mundo e com o mundo, na atmosfera pesada das grandes cidades, a alegria é o melhor digestivo e vale tanto como o melhor álcool para estimular a preguiça do estômago. TERAPÊUTICA As virtudes curativas do reino vegetal foram celebradas desde os tempos mais remotos; neles já se destacava uma geral intuição sobre o particular. O próprio nome helênico do deus da Medicina — Esculápio — significava o bosque, a esperança da saúde ou, segundo Porfírio, a faculdade solar de regenerar os corpos ou, para nos expressarmos melhor, aquela faculdade que repara as soluções de continuidade nos tecidos humanos. As plantas podem ser empregadas em medicina dentro de seus três estados: vivas, mortas ou ressuscitadas. A planta viva serve de modificadora do centro ou corpo interior, principalmente quando é aromática. Seu perfume tonifica todas as inflamações das mucosas respiratórias. Desta forma, os tísicos acalmarão seu mal-estar, respirando o aroma dos pinhos, da alfazema, do alecrim, da menta, etc. Este é o emprego exotérico das plantas vivas; seu emprego esotérico é indicado por Paracelso sob o nome de transplantação das doenças. As doenças podem ser contagiadas ou transportadas da pessoa que as padece para qualquer outro ser vivente. Embora recomendada pelos grandes mestres do Ocultismo, esta prática é perniciosa para o plano espiritual do homem e do vegetal; algum dia me alongarei em maiores explicações sobre este assunto; por ora contentar-me-ei com passar o modus operandi sob o mais absoluto silêncio. Para as feridas e úlceras, empregam-se Polygonum persicaria, Symphytum officinalis, Botanus europeus, etc. Para dor de dentes, esfregam-se as gengivas, até que sangrem, com raiz de Senecio vulgaris. Para a menorréia uterina, Polygenum persicaria. Para a menorréia difícil, Menta polegium. Para a tísica pulmonar, o roble e a cerejeira. Chegou-se hoje em dia a experimentar a ação à distância, sobre indivíduos hipnóticos, de determinadas substâncias medicinais. Haja vista os trabalhos dos doutores Bourru, Burot, Luys e dos magnetizadores da primeira metade do século XIX sobre este particular. E cumpre insistir que não apresentamos aqui senão exemplos isolados, que o leitor estudioso poderá ir multiplicando a seu bel-prazer segundo as leis dos signos. A planta colhida pode ser utilizada exotericamente: em sumo, em pó e em infusão. Em decocção (fervida em água); tem resultados mais ativos do que em infusão. Em magistério, ou seja pela fórmula e preparação secretas. Em tintura (combinada com álcool). Em quintessência. Eis aí, portanto, as indicações práticas sobre esta farmacopéia exterior, extraída dos livros de Paracelso; qualquer pessoa poderá fazer com elas variadas experiências e manipulações diversas. E tenha-se sempre em mente que um medicamento vegetal é sempre tanto mais ativo, se a sua preparação é realizada por uma pessoa robusta e animada do desejo de curar. TINTURAS, DECOCÇÕES, PÓS, ETC. - Para apresentação e desenvolvimento de nosso exemplo, lançaremos mão de três medicamentos vegetais: o heléboro, o breu e a cicuta. De Paracelso transcrevemos o seguinte: "O povo tem acreditado erroneamente que a planta chamada heléboro se julgará boa unicamente para a cura da loucura, já que é também utilíssima para curar e prevenir numerosas doenças, inclusive para conservar e prolongar a vida. Sua eficácia e virtude, observadas atentamente, se tornam notáveis para renovar a natureza do corpo, purificar o sangue e purgá-lo de todo tipo de excessos. Na antiguidade o heléboro era aplicado com êxito, fazendo-se com ele práticas muito bem sucedidas, que hoje caíram em desuso para prejuízo da humanidade, razão porque valeria a pena que o heléboro recuperasse sua primitiva prestância. "Em primeiro lugar, convém escolher o heléboro negro de Teofrasto, que é o mais raro e o mais radical entre todas as suas espécies, segundo opinião de todos os que, durante longos anos, praticaram o sacerdócio da medicina. Os efeitos daquele são mais doces e favoráveis do que os de outros conhecidos, como o heléboro de Dioscórides, o heléboro branco, a heleborina ou falso heléboro, os quais proporcionaram resultados imprecisos em diversos ensaios. "Pode-se colher a raiz do heléboro negro, cortá-la e fazer com ela uma pasta que será posta ao ar durante a noite; na manhã seguinte será cozida lentamente; depois de tirada do fogo, será transformada em pó. O peso deverá ser de meio escudo; será tomada horas antes das refeições, três ou quatro vezes ao ano, principalmente na primavera e outono. "Isto representa uma manifesta precaução para evacuação das imundícies do corpo, das quais se originam as mais graves indisposições; e pode-se aumentar a dose, se se quiser. "Pode-se, também, cozinhar as folhas e a raiz do helé-boro com pão de centeio e, transformado em pó, tomá-lo como corretivo; a dose deve ser de trinta a quarenta gramas, podendo contudo ser mais para pessoas robustas, tanto em pílulas, em obreia ou tabletes, em pasta cozida ou por meio de outra manipulação antes da refeição do meio-dia. 'Toda a planta pode ser tomada também em pó; com a medida de peso anteriormente indicada, sem nenhum tipo de preparação, como era costume em Roma. "Dita raiz pode ser condimentada com carne, no cozido; desfeita em sopa ou tomada diluída num líquido qualquer; é maneira de depurar-se bem e suavemente. Pode-se acrescentar a quantia que se quiser de algum ingrediente que resulte em agradável sabor. "Os hunos, para purificar seu sangue, acostumaram-se aos poucos e insensivelmente ao uso das folhas do heléboro negro, colhida em perfeita maturação, e não ignoravam que, misturada com açúcar, a água de heléboro constituía um grande elixir para prolongar a vida e prevenir todo tipo de doenças, tanto externas como internas, até que lhes chegasse a hora da morte. "No começo, a dose deve ser de 10 a 15 gramas, aumentando gradativamente até chegar a 30: então, durante algum tempo se tomarão os 30 gramas, para passar a um regime mais prolongado durante o qual se tomará uma dracma (uns três miligramas e meio), de seis em seis dias; desta maneira o heléboro se familiariza com o estômago e, ao perder sua grande força purgativa, se transforma somente num magnífico reconstituinte. "Por meio da indústria se reduz a bálsamo e a dose desta virtude balsâmica é de 10 gramas. "Tira-se dela uma excelentíssima quintessência, superior a todos os preparados anteriores de heléboro que se ministram para rejuvenescer o corpo; a porção, neste caso, deve ser de cinco a seis gotas diluídas em algum licor apropriado, por exemplo, em água de melissa ou agrimônia. "Depois de bem lavada e borrifada com vinagre, de toda a planta se destila uma espécie de xarope para purgar o humor negro e terrestre ou seja, melhor dito, para separar da natureza o puro do impuro, o saudável do nocivo e para arrancar toda classe de males que daquele provêm. Dito xarope atua com mais segurança e mais eficazmente do que qualquer outro purgante; é preferível ao extrato, embora ambos não tenham outro objetivo senão a ação de purgar; este último não é bastante poderoso para purificar todo sangue e conservar logo a saúde dentro duma estabilidade firme. "Ao uso frequente desta planta, mui particularmente de sua raiz, devem-se a maravilhosa ação contra as mais terríveis doenças e a faculdade extraordinária de renovação do corpo e purificação do sangue; como também a excelente purgação, salvação da saúde; e é por isso que poderíamos qualificar este remédio como uma segunda medicina universal, sempre que se tenham em conta as condições aqui expostas superficialmente." ÁGUA DE BREU. - Também de Paracelso: "Dissolva-se uma parte de breu em quatro partes de água fria, agitando-se com uma colher de madeira, pelo espaço de uns dez minutos. Conserve- se dita mistura bem fechada durante vinte e quatro horas, a fim de que o breu tenha tempo para precipitar-se. Colocar-se-á imediatamente a parte líquida numa garrafa, abandonando-se o resto, que para o caso não tem nenhuma utilidade. "Deve-se ter presente que a água de breu, para ser perfeita, terá que assumir uma cor de vinho claro como os chamados vinhos brancos da Espanha ou da França." A ÁGUA DE BREU PARA USO EXTERNO - "Derramem-se dois quartilhos (1) de água fervendo sobre um quart i lho de breu; mexa-se tudo com um pau ou uma colher de madeira durante quinze minutos; deixe-se em repouso durante dez horas e em seguida poderá ser usada, procurando mantê- la bem vedada. 1 — um quartilho equivale a meio litro. "A água de breu pode ser mais ou menos forte segundo as necessidades ou a gosto do consumidor." Emprega-se em loção contra o mal de pedra, a sarna, as úlceras, as escrófulas, a lepra; e tomada como bebida ou uso interno contra as seguintes doenças: varíola, erupção sanguínea, ulceração de intestino, inflamação, gangrena, escorbuto, erisipela, asma, indigestão, mal de pedra, hidropisia e histerismo. O melhor breu é tirado do Pitchpin, espécie de abeto ou pinho do Norte, que necessita de um terreno especialmente seco e muito elevado. PREPARAÇÃO DO EXTRATO DE CICUTA. -Tomam-se alguns caules e filhas de cicuta tenra. Espreme-se o suco; põe-se a evaporar em fogo lento, numa panela de barro cozido, mexendo-se de vez em quando. Dita decocção durará até que o extrato se torne completamente espesso; acrescente- se em seguida uma quantidade proporcional de pó de cicuta para poder formar com ela uma pasta consistente, com a qual se confeccionarão pequenas pílulas. Se, ao invés de utilizar a cicuta tenra, se fizer a decocção com a mesma planta, porém seca, é bem certo que a preparação não chegará a ter igual virtude. A medicação deverá ser iniciada com doses muito pequenas, que aos poucos poderão ir aumentando de proporção; depois de cada dose que se tome, procure-se ingerir algum líquido quente, como caldo ou então alguma infusão de flores cordiais. As folhas de cicuta, secas e cortadas, podem ser usadas também para uso exterior; colocam-se em um saquinho de pano e, depois de deixá-lo alguns minutos dentro duma caçarola com água um xarope. É condição indispensável que o álcool e o álcali sejam duma pureza absoluta e de essência muito concentrada. CONTRAVENENO. - Um dos contravenenos mais ativos contra os efeitos de certos vegetais é constituído pela seguinte composição: Numa mesma caçarola, põem-se a esquentar álcool e tártaro a uma temperatura suave porém constante. O tártaro destila uma espécie de azeite avermelhado, dotado de propriedades particulares. Este azeite é indicado como excelente contraveneno para o caso. Tomam-se quatro goles, a ligeiros intervalos. MAGIA Toda a magia do reino vegetal reside no conhecimento dos espíritos das plantas. A Antiguidade conheceu-os sob os nomes de dríadas, hamadríadas, silva nos, faunos; são os dusii de Santo Agostinho, as fadas da Idade Média, Doire Oigh dos gauleses, os Grove Maidens dos irlandeses. Paracelso dá o nome de silvestres aos habitantes dos bosques e o de ninfas, aos das plantas aquáticas. Estes seres pertencem à classe daqueles que o ocultismo classifica de elementais; são os habitantes do plano astral que aspiram a elevar-se até à condição humana; são dotados de uma espécie de inteligência instintiva e variam de forma ao mesmo tempo que o ser material ao qual estão ligados. São estes que os antigos Rosa-cruzes utilizavam em suas curas milagrosas, pois, a título de servidores obedeciam com toda naturalidade e precisão às ordens do homem espiritual. Seu poder é tão grande sobre o plano material porque habitam no l imite de dito plano e do plano astral; podem efetuar curas e visões surpreendentes, da mesma forma que os elementos do reino mineral produzem, quando são bem dirigidos, todos os fenômenos da alquimia, e os do reino animal, a maioria das manifestações do espírito. MAGIA RELIGIOSA. - O simbolismo vegetal se acha extensamente exposto nos livros sagrados das antigas religiões; é-nos suficiente recordar a árvore da ciência do bem e do mal e a árvore vivificadora do Éden; símbolos dos dois sistemas que Adão podia ter seguido para cumprir sua missão no mundo; a árvore de Sephiroth da Cabala; o Aswatta ou figueira sagrada, símbolo do conhecimento supremo; o Haonna dos mazdeístas, pelo qual Zoroastro representou o método sanguíneo e o sistema nervoso do homem e do universo;o Zampoun do Tibete; o Iggradsil, o roble de Ferécides e dos antigos celtas. Todos estes símbolos, dados aos vegetais, possuem vários sentidos diferentes. A fim de não nos afastarmos demasiado de nosso objetivo, citaremos somente aquele que se refere ao desenvolvimento mental. Todas as lendas de caráter religioso nos representam os adeptos adquirindo a onisciência debaixo duma árvore; somente Cristo, que significa, entre outras coisas, a própria ciência, deixou de figurar sob dito simbolismo; na realidade, a razão disto é bastante duvidosa; tende para a própria definição da criatura ou, se preferirmos, à dupla utilidade e ao duplo uso que ela pode fazer de seu livre arbítrio. Assim, vemos que o simbolismo religioso completo necessita da expressão de duas árvores: a tradição cabalística ou egípcia indica-o, já que ela teve que ser coroada com a descida do Filho de Deus; as outras tradições, por constituírem herança de raças em vias de desagregação, não assinalam em suas fórmulas exteriores mais do que a Árvore da Ciência. Segundo as iniciações naturalistas, esta última outra coisa não é senão a imagem do homem interior; seu tronco representa a medula espinhal, seus galhos são os setenta e dois mil nervos conhecidos dos iogues hindus; além disso, tem sete flores, que são os sete centros do corpo astral; suas folhas são o duplo aparelho respiratório que os pulmões encerram; suas raízes, o pólo genital e as pernas; sua seiva é a epetricidade cósmica que corre pelos nervos e que aparece deste o éter cerebral até a terra espermática. A palavra Ioga é sinônimo da palavra religião, em sânscrito; ambas significam o ponto que une o homem ao Universo e a Deus; seu processo é o mesmo que aquele pelo qual uma semente colhe, de um terreno informe e obscuro, as moléculas com as quais vai formar uma flor bela e aromática. Segundo o ideal de quem a pratica, a Ioga transforma as moléculas impuras do corpo físico em moléculas fixas e inalteráveis; as paixões baixas, em puro entusiasmo; a ignorância intelectual, em luz de verdade. Esta a razão por que os mestres da Ioga são representados debaixo duma árvore sagrada. MAGIA NATURAL. - As diferentes tradições exo-téricas ensinam várias utilizações das forças vegetais ocultas. A planta pode ser empregada segundo sua inteira individualização ou por uma de suas partes essenciais. Ao primeiro método se refere esta espécie de pacto muito em voga entre os indígenas da América Central, da Nova Guiné, da Nova Zelândia, da índia e da Alemanha, mediante o qual se relaciona o destino de um recém-nascido com tal ou qual árvore. Deste modo, entre estas duas criaturas se desenvolve uma espécie de união de vida, íntima e estreita; a criança se aproveita do vigor da árvore, mas, se esta recebe alguma ferida, aquela se ressente, sofre e acaba morrendo. ÁRVORES MÁGICAS. — Não existe um único povo na índia que não tenha sua árvore mágica, a cujo gênio os indivíduos das classes baixas rendem um verdadeiro culto. Também as tradições helênicas diziam que cada selva tem seu gênio e cada árvore, sua ninfa. Não é raro, tampouco, ver sobre as Níngiris, alguma grande árvore com figuras grotescas grafadas com traços de zarcão e azul, com três pedras grandes pintadas de vermelho colocadas na parte inferior do seu tronco. Estas árvores são lugares de sacrifício e de adoração; nelas se encontram frequentemente restos de animais e madeixas de cabelos oferecidos pelos doentes e pelos possessos. Os indígenas chamam de Maunispouranms esses espíritos guardiães de tais árvores; trata-se comumente de espíritos benéficos, mas que têm um poder mágico muito reduzido, pois se limitam a um só e determinado objeto. De vez em quando os indígenas consagram alguns de seus filhos a ditos génios, por um período de sete anos. Ao término deste prazo oferecem-lhe um grande sacrifício, deixando os cabelos da criatura suspensos na árvore. Essas árvores pertencem quase sempre à família dos Ilex; algumas vezes são dos chamados Cinname selvagens, achando-se também no mesmo caso as conhecidas sob o nome de Eugenia. FILTROS. — Com o nome de filtros podemos designar toda sorte de poções, em cuja composição entram substâncias preparadas magicamente para a obtenção oculta de um determinado desejo. Os três reinos da Natureza proporcionam numerosos materiais para ditas preparações. Contudo, ocupar-nos-emos tão-somente das substâncias proporcionadas pelo reino vegetal. As pomadas, os electuários, unguentos, colírios ou poções mágicas procedem quase todas do domínio da magia negra. Seu número é muito grande e pode, ainda, ser aumentado por um mago inteligente. Vemos, assim, como os sacerdotes taoístas chineses, para todos os usos da medicina, da psicologia e da magia, empregam tão-somente treze substâncias vegetais, animais e minerais; mas delas sabem tirar uma infinidade de combinações. Estas preparações podem ser empregadas sobre uma só ou sobre outras pessoas: todas atuam sobre o corpo astral e dele sobre um dos seus três focos: o instintivo, o passional e o mental. No primeiro caso, produzem a saúde, a doença e todos os fenômenos fisiológicos possíveis. No segundo lugar, produzem o amor, o ódio e as demais paixões. Em terceiro lugar, provocam fenômenos de sonambulismo, de clarividência, de clariaudiência, de psicometria e de outras ordens ainda mais extraordinárias. O folclore, as estórias de bruxarias, os relatos que todos têm tido oportunidade de ouvir a respeito de envenenamentos e assassinatos, à distância, de animais ou pessoas, encontram sua explicação na ação dessas substâncias mágicas atuando sobre o centro instintivo; e o mesmo se pode dizer com respeito aos filtros de amor; mas o emprego de plantas para provocar fenómenos psíquicos é menos conhecido. Essa arte se pratica ainda no Oriente, hoje em dia, na maioria dos conventos budistas, pelos taoístas chineses, pelos lamas tibetanos, pelos Tankris do Butã, pelos xamãs do Turquestão e determinadas confrarias dos derviches muçulmanos — sem contar o emprego instintivo que dele fazem quase todas as tribos selvagens de diversos continentes. O haxixe e o ópio são duas das plantas mais conhecidas entre as substâncias vegetais com particularidades especiais para a ação mental. Porém, no Ocidente ninguém tem conhecimento da manipulação de que são objeto, a não ser que tenham sido iniciados no próprio Extremo Oriente. Os relatos de Quincey ou de Baudelaire, sem empanar-lhes o mérito da arte e da sinceridade, não nos revelam nenhum segredo sobre as possibilidades de tais remédios. A única coisa que podemos observar sobre o particular é que o emprego dessas drogas não pode levar ao êxtase intelectual mais do que no caso em que o indivíduo soube previamente, sem excitação e pela única força de sua vontade, tornar-se dono e senhor de suas forças mentais e sentir-se capaz de governar a associação das idéias; e na realidade não se trata de tarefa demasiado fácil. Se não fosse assim, se o acostumado ao haxixe o toma sem fixar previamente o entendimento, é certo que se lança à aventura, como que navegando num barco sem leme, num oceano muito mais terrível do que o mar das índias com seus ciclones e tempestades; e pode chegar ao porto da loucura ou — o que é pior — pode não mais voltar. Ragón, o grande intérprete moderno da Maçonaria, expôs numa .de suas obras algumas experiências novas: pegava discos de diversas cores, untava-os com um suco espesso de diferentes plantas e apresentava-os diante de pessoas em estado magnético para que as mesmas os contemplassem. Eis aqui o resultado de ditas experiências: I. DISCO VIOLETA Meimendro — Beladona — Estramônio Movimento contínuo de braços e pernas, desejo de tocar em determinado objeto ou de andar até um ponto fixo; gritos, aulidos, vontades de morder ou de dar facadas, embriaguez, aparecimento de estados de espírito de bem-aventurança, realização de toda espécie de desejos. A lembrança persiste. II. DISCO ÍNDIGO Pimenta — Heléboro negro — Haxixe Excitação febril; debilidade nas pernas. O indivíduo se põe de joelhos e quer rezar, mas não se lembra de uma única palavra. Perda da visão. As pálpebras tremem, os olhos se fecham, sono profundo. Desperta suando copiosamente I I I . DISCO AZUL Loureiro-cerejeira — Cânfora — Assa-fétida Excitação geral; movimentos convulsivos, desejos de dormir, perda do conhecimento, sonolência, abatimento. Desperta tonto; não se lembra de nada. IV. DISCO VERDE Estricnina — Beladona — Acônito Lágrimas abundantes; as mãos se contorcem, desejos de correr mais que um cavalo. Estremecimento geral dos membros. Despede-se como se fosse morrer, inchaço, estado letárgico V. DISCO AMARELO Ópio - Estricnina -- Heléboro branco Movimento rítmico da cabeça, inchaço, sono; quando se lhe pede que abra os olhos, a presença do disco o torna furioso. Sonhos voluptuosos, calafrios, palidez extrema, abatimento, outra vez sono, estado zoomagnético. Nenhuma lembrança. VI. DISCO ALARANJADO Valeriana — Fumo — Dormideira Grandes alegrias, inchação dos membros, sono; sendo obrigado a abrir os olhos, o disco lhe dá vontade de r i r ; uma risada ininterrupta; sofrimento moral inexplicável. Choradeiras, lucidez. Acorda entorpecido. VII. DISCO ENCARNADO Ameixeira — Alfazema — Dedal eira Medo, encolhe-se; temores por causa de pessoas escondidas. Gritos lancinantes. Olhos desorbitados, cãibras que duram mais do que uma hora. Demora em voltar a si. Estas são as experiências levadas a efeito por Ragón, cuja prova não aconselharíamos a ninguém a repetir; como se vê, seus resultados não podem ser mais desastrosos e a única coisa que se consegue é destruir o sistema nervoso dos infelizes indivíduos, sob o falso pretexto duma uti l idade científica imediata. Reprovamos, de igual modo, todas as práticas da magia natural e física, salvo nos casos de terapêutica. A satisfação de um amor ou de um ódio, a vã aquisição dum conhecimento intelectual não constituem, por outro lado, coisas tão importantes que se possa, em nome delas, cercear o exercício do livre arbítrio e o desenvolvimento normal das leis do Universo. Só uma coisa é necessária: amar a Deus e ao próximo; tudo o mais é vão e perecível. UNGUENTO DOS BRUXOS. - A título de curiosidade, vejamos abaixo algumas informações que temos tirado de um livro muito pouco conhecido que tivemos oportunidade de consultar na biblioteca de um prezado amigo nosso: "Entre as substâncias simples de que o demônio se serve para perturbar os sentidos de seus escravos — das quais umas possuem a virtude de fazer dormir profundamente e outras sugestionam com figuras e representações, tanto quando acordado como dormindo — as seguintes parecem ter uma maior importância. São elas: a raiz de beladona, erva-moura furiosa, sangue-de-morcego, dormideira, perre-xil, tuia, pentafilão, ácoro vulgar, álamo branco, ópio, meimendro, cicuta, as espécies de dormideira, a hyuroye e a sinoxítide, que fazem aparecer os espectros do Inferno, isto é, os maus espíritos; como, ao inverso, a anaxítide provoca as imagens dos santos anjos". Dentro da farmacopéia diabólica, Nynauld reconhece três tipos de unguentos. Os do primeiro tipo, que provocam unicamente sonhos, compõem-se de gordura de répteis, de perrexil, de acônito, de pentafilão, de erva-moura e de funguinhos (vermículos que se criam nos fungos). Por virtude dos unguentos do segundo tipo, "o demónio convence os bruxos de que, uma vez extraordinário aceleramento. Concluiremos estes relatos maravilhosos, explicando outro ainda mais estupendo, se possível, no qual o protagonista do fenômeno é um fantasma. Os pormenores que iremos transcrever foram tomados também da obra do doutor du Prel, o famoso sábio que os ouviu dos lábios de uma testemunha ocular: "Num centro espírita, um médium inglês, Srta. d'Espe-rance, conseguia a materialização de um espírito que se fazia chamar de lolanda. Durante uma de suas materializações, o fantasma pediu uma garrafa, água e areia; despejou a água e a areia na garrafa e colocou esta no chão, descrevendo ao seu redor alguns passos circulares; colocou imediatamente algumas sementes de Ixoracrocata e de Anthurium Schexe-rianum em cima dum pedaço de pano branco e retirou-se para o quarto escuro donde aparecera. Instantaneamente vimos mexer-se alguma coisa dentro da garrafa, lolanda mostrou-nos uma planta com suas folhas verdes, raízes e capulhos. A garrafa foi jogada ao chão e o fantasma entrou novamente no quarto escuro. Transcorreram ao máximo quatro ou cinco minutos e eis que todos os presentes, em número superior a vinte, puderam examinar com inteira liberdade as pequenas plantas, de umas seis polegadas de altura, com flores frescas e brilhantes. Relatos parecidos podem ser lidos nos livros de Taver-nier (Voyage en Turquie), de Du Potet (Journal du Magné-t/sme), de Gouguenot des Mousseaux (Les hauts phénomè-nes de Ia magie), etc. As experiências muito conhecidas de Lufs Jacollíot, cujas obras estão profusamente difundidas pelo mundo, confirmam igualmente esses relatos antigos. Tampouco os filósofos mais proeminentes se manifestam, teoricamente, adversários de tais experiências. "Sabemos — diz Eduardo von Hartmann — que as funções psicológicas da verdade vegetal podem ser poderosamente excitadas por meio dos raios luminosos de grande força, valendo-nos da eletricidade ou de reações químicas; e que algo disto acontece também com o homem. Uma criança de quatro anos pode conseguir o desenvolvimento de uma pessoa de trinta anos; e certos frutos que via de regra crescem velozmente, podem, por meios artificiais, alcançar uma maturação mais acelerada. Disso se depreende a possibilidade de que a força mediúnica opere também de uma maneira análoga." O doutor du Prel, de quem tomamos todas estas citações, constrói do seguinte modo uma teoria que pode ser mais interessante: Da mesma forma que a vida intelectual, no homem a vida orgânica oferece o exemplo da ação duma potência aceleradora análoga a essa que estudamos ao tratar das plantas. Nosso autor se refere a uma citação feita por ele mesmo em outra obra, La Philosophie de Ia Mystique. Trata-se da alteração do tempo em determinados fenômenos do sonho, durante os quais vários quadros ou cenas passam diante de nossos olhos e cujo desfile dura, ao que parece, muitas horas, quando na realidade sua duração é tão diminuta que é apenas questão de segundos. No seio materno, ao término de nove meses o homem passa por um processo biológico que, na natureza exterior, dura milhões de anos. (Consulte-se Antropogenia, de Haeckel). Por que há de ser impossível a uma vontade exercitada construir ao redor de um ens vegetal ou animal, e até mineral, se quisermos, uma matéria invisível que proporcione a dito ens alimentos muito mais dinâmicos, isto é, mais espirituais? Isto é o que faz o faquir, segundo o que assegura o Dr. Encausse, em seu tratado de Magie pratique; é com sua própria vida que faz desenvolver a semente sobre a qual coloca sua mão. Naquele instante sua alma se acha concentrada numa espécie de fogo vivo de seu corpo astral, chamado em sânscrito o Swadishtana Tchakra, e estas são as forças da vida vegetativa que nutrem e desenvolvem o fenômeno diante do homem maravilhado. Em lugar de pedir emprestado os materiais de ditos alimentos invisíveis a um organismo humano, pode-se buscar aqueles da Natureza; então é quando a Alquimia usa os seus processos. Eis aqui um par de fórmulas, tiradas de um tratado magistral sobre esta arte: 'Toma-se uma onça de Marte e uma onça de Vênus; amolecem-se a 75 graus num globo de vidro grosso; acrescenta-se ao caput mortuum verde ou encarnado uma quantidade de licor dissolvente esverdeado. Destila-se durante longo tempo; torna-se a destilar até as escórias, cinco ou seis vezes, de modo que não fique nada no recipiente. A evaporação se transformará num sal fixo e vermelho. Se forem colocadas sementes numa caçarola onde haja água com sal e se acrescentar um pouco de dito sal, as sementes germinarão rapidamente e nascerá um arbusto com folhas de reflexos dourados e frutos magníficos". OURO POTÁVEL (para as plantas). - Transcreveremos uma das numerosas fórmulas conhecidas para compor este precioso licor. "Põe-se ao fogo, a um calor de 400 graus, uma quantidade de enxofre preparado alquimicamente. Um tanto gelatinosa no começo, a massa se funde novamente, destila-se e vemos que deixa um resíduo. Recolhe-se este resíduo e mescla-se intimamente com um sal até transformar- se em pasta; em seguida, destila-se a mistura por meio duma temperatura alta; passa-se o caput mortuum pelo tamis, repetindo-se esta operação até que a destilação não produza senão uma água insípida. "Combinando-se esta fórmula com álcool puro (como se faz com o sal de tártaro), obtêm-se um azeite e uma água, que é preciso separar. Esta água dissolve o sal de ouro e, uma vez que se acha bem saturada de metal, resulta um líquido excelente com o qual se regam as videiras doentes, as árvores frutíferas que crescem pouco, etc." A PALINGENESIA Pouco ou muito, já existe quem se ocupe, na atualida-de, dos problemas misteriosos da biologia dos três reinos inferiores da Natureza; os mais intuitivos de nossos contemporâneos estão convencidos de que existe algo por trás da botânica e da zoologia oficiais. Este algo, os grandes iniciados de todos os tempos o conheceram e, ao menos em cintilações, deixaram-no refulgir no mundo. Se a Alquimia é célebre na história do desenvolvimento científico do nosso Ocidente, a Botânica Oculta é muito menos conhecida e a Zoologia Oculta é ignorada quase por completo. Apesar disso, as três existem, quais desenvolvimentos sucessivos de uma única noção: a vida terrestre. Para cada um dos três reinos desta Vida, pode-se reconstituir a Arte e a Ciência que lhes eram consagradas nos antigos Templos da Sabedoria, mas este não é o lugar mais adequado para construir hipóteses sedutoras. E nas sínteses desaparecidas outra coisa não vamos buscar senão os estritos materiais de que precisamos para construir a teoria de nosso objetivo. Entre o mundo material e o mundo espiritual há algo que faz as vezes de intermediário, que é o mundo astral: este mundo astral, que se prodigaliza e repete através dos três reinos da Natureza, chama-se, segundo Paracelso, Leffas para os vegetais e, combinado com sua força vital, constitui o Ens primum, que possui as mais altas virtudes curativas. E é ele e nenhuma outra coisa o verdadeiro objetivo da Palingenesia. Como se vê, é uma arte tríplice, que consiste em fazer reviver a alma, isto é, simplesmente o fantasma da planta; ou então em fazer reviver o corpo e a alma da planta; ou, em última análise, criá-la com materiais tomados ao reino mineral. Apresentaremos algumas receitas palingenésicas que se referem em sua totalidade ao primeiro trabalho. Não se tem conhecimento de nenhum escrito sobre a ressurreição e a criação física das plantas. "Um tal Polonois conhecia a arte de encerrar os fantasmas das plantas dentro de suas redomas, de modo que, sempre que lhe aprazia, fazia aparecer uma planta numa redoma. Cada recipiente continha seu arbusto; no fundo aparecia, igualmente, um pouco de terra semelhante a cinza. Tudo isso fechado hermeticamente. Quando queria expor esse arbusto diante de alguém, esquentava suavemente a parte inferior da redoma. O calor que penetrava nela fazia sair do seio da matéria lodosa um caule, uns galhos, seguidos de folhas e flores, segundo a natureza da planta, cuja alma tinha encerrado; e essa visão permanecia intacta aos olhos dos espectadores enquanto durava o calor excitante. "É invariavelmente sobre o padrão mórfico da planta, sobre seu corpo sideral ou potencial — substrato da matéria visível (ela mesma reduzida ao estado de caput mortuum) — que o fantasma vegetal se delineia, em objetivação efêmera no primeiro caso; e que, no outro caso, preside de modo vegetativo o agrupamento molecular da matéria nascente. "No Grande Livro da Natureza, publicado no século passado sob os auspícios da seita mística Rosa-Cruz, encontramos todas as fases da operação espagírica necessária para chegar a obter o fênix vegetal. É o vaso preparado para a prova de palingenesia, o que o autor cita por meio desta metáfora. Quanto às manipulações essenciais, será sob reservas que revelaremos o receituário, procurando resumir o pormenor das minuciosas prescrições formuladas da página 15 à página 19. "1.o - Antes de tudo, é preciso triturar bem, num almofariz, quatro libras de grão bem maduro da planta da qual se deseja tirar a alma; em seguida se procurará conservar a pasta resultante no fundo de uma vasilha muito transparente e muito limpa. "2.° — Um dia, ao anoitecer, se a atmosfera for bem pura e o céu se apresentar muito sereno, expõe-se dito produto à umidade noturna, para que se impregne da virtude vivificante que existe no orvalho. "3.o e 4.° — Ter-se-á muito cuidado em recolher e filtrar uma boa quantidade de dito orvalho, conquanto seja; porém, antes do despontar do sol, porque este aspiraria a parte mais preciosa, que é extraordinariamente volátil. "5.° — Ato contínuo, destilar-se-á o Iíquido filtrado. Do resíduo ou das escórias é conveniente que se saiba extrair um sal muito estranho, porém de aparência muito agradável! "6.° — Borrifar-se-ão os grãos com o produto da citada destilação, previamente saturada com o sal em questão. Imediatamente se introduzirá a vasilha, hermeticamente fechada com bórax e vidro moído, entre o estrume de uma cavalariça. '7.o — Depois de um mês, o grão se terá transformado numa espécie de gelatina; o espírito será como a pele de diversas cores que flutuará entre toda a matéria. Entre a pele e a substância lodosa no fundo da vasilha se observará uma espécie de rocio esverdeado que representará um campo de messe. "8.° — Quando a fermentação chega a este ponto, a mistura produzida dentro de sua vasilha (a qual continuará exatamente fechada) será exposta de dia aos ardores do sol e de noite à irradiação lunar. Durante os períodos chuvosos é preciso transferir a vasilha, colocando-a em lugar seco e temperado até que o bom tempo volte. Para que a operação seja perfeita, terão que transcorrer vários meses em ditas condições — melhor um ano — até que se observe que a mistura dobrou seu tamanho e que a película desapareceu. Então será sinal de que o êxito não tardará. "9.o — Em seu último estado de elaboração, a matéria deve aparecer em pó e de cor azulada. "... É por entre dito pó que se erguem o talo, ou tronco, os galhos e as folhas da planta, no momento de se colocar a vasilha no fogo lento. E é assim que se forma o Fênix vegetal. "A palingenesia dos vegetais não seria outra coisa senão um objeto de diversão, se esta operação não fizesse entrever outras maiores e mais úteis. Por meio de sua arte, a Química pode fazer reviver determinados corpos. Alguns deles são destruídos por ela por meio do fogo, mas vemos como imediatamente lhes devolve sua primitiva forma. A transmutação dos metais e a pedra filosofal são uma consequência da palingenesia metálica. "Com os animais se faz o mesmo que com as plantas, mas, embora me empenhe com muita força, não posso explicá-lo por meio de palavras. "A coisa mais maravilhosa que a palingenesia encerra é a arte de praticar sobre os restos dos animais. "Que prazer enorme poder perpetuar a sombra, o espectro de um amigo, quando este já deixou de existir! Artemísia engoliu as cinzas de Mausulo; e foi porque ignorava o segredo de sua própria dor." Fixemo-nos no extraordinário valor desta rápida indicação. A homogeneidade da Natureza universal autoriza o homem a que possa inferir por analogia; e, se tiver raciocinado bem, a experiência confirma sempre suas induções. Por isso o que sucede no reino vegetal deve paralelamente produzir-se nos reinos inferior e superior; justifica-se assim num a transmutação dos metais e, no outro, a revivescência póstuma das formas desaparecidas. Apesar do grande entusiasmo que tão altas perspectivas possam excitar, devemos convir em que a prática da palingenesia não está isenta de perigos do ponto de vista moral, de vez que mais cedo ou mais tarde cobra, e muito caro, seus favores aos seus discípulos. Completaremos nosso estudo sobre matéria tão interessante com um resumo da obra A palingenesia histórica e prática, de autoria do professor Karl Kieseweter, químico ilustre, ocultista profundo e grande admirador de Paracelso. Inspirando-nos no exemplo que nos oferece o doutor du Prel em seus artigos sobre a aceleração da vegetação das plantas e sobre o fênix das plantas, cremos que não deixará de suscitar o interesse de nossos leitores, se apresentarmos um pequeno resumo, tanto da parte histórica das teorias e das experiências relativas à palingenesia como das práticas executadas. Assim, graças às minhas provas pessoais, que seria prolixo enumerar, estarão os meus leitores em condições de poder aperceber-se da importância que pode ter o assunto que nos ocupa. Neste ponto encontro-me precisamente em condições de esclarecê-lo, já que, deste muitíssimos anos, me foi possível recolher várias experiências de grande eficácia e difíceis de serem descobertas pela maioria das pessoas; e, embora todas sejam inéditas, procurei eliminar delas tudo o que em épocas anteriores poderia confundir-se com algo que não fosse precisamente a palingenesia. Por exemplo, os fenômenos da generatio alquivoca, dos precipitados metálicos arborescentes e com terra lamacenta e verde. "Exponha-se então o matraz fechado aos raios do sol e da lua e, nos dias chuvosos, guarde-se num recinto seco e quente, até que todos os indícios demonstrem que a experiência terá êxito. Se, depois de todas estas manipulações, submeterdes o matrás a um fogo lento, vereis aparecer a imagem da planta correspondente à semente de que foi objeto a experiência; e vê-la-eis desaparecer sempre que o matraz voltar a esfriar-se. Todos os que praticam a palinge-nesia empregam, com escassas variantes, este sistema de representação da idea seminalis." Van der Becke cita, também, a palingenesia pelo sistema da cinza, sem dar, porém, instruções nem pormenores com relação ao mesmo. E é de opinião que se pode, por dita experiência, praticar com as pessoas que nos foram gratas (com nossos antepassados) uma espécie de necromancia lícita, naturalmente sempre que tenham sido guardadas cinzas de seus cadáveres. Esta observação ou citação de Van der Becke encontramo-la bastante completada, em sua essência, numa obra aparecida em fins do século passado, onde se lê a seguinte passagem: 'Tomai a semente duma planta. A planta pode ser de qualquer família vegetal, conquanto se encontre em sua madurez e tenha sido colhida sob um céu sereno e em horas de temperatura excelente. Dissolvam-se quatro libras de grão num almofariz de cristal; coloquem-se numa vasilha conveniente que seja do tamanho da planta. Feche-se em seguida a vasilha de modo que nada se perca. Guarde-se num lugar quente e espere-se um dia em que o céu da tarde se apresente diáfano. Quando a noite se aproxima, coloque-se ao ar livre, num campo ou jardim, para que se impregne de orvalho, tendo-se o cuidado de pôr um prato por baixo da vasilha a fim de que haja melhor aproveitamento; o orvalho cairá sobre a semente e comunicar-lhe-á sua natureza e sua virtude. Além desta precaução, aconselha-se estender panos limpos sobre a grama; panos estes que, depois de bem encharcados de orvalho, por meio de sua torção nos propiciarão maior coleta daquela substância, até poder encher-se um recipiente de cristal; somente um. Quanto à semente assim impregnada, deverá ser introduzida na vasilha antes do nascer do sol a fim de que o astro do dia com seus raios ardentes não reduza o orvalho em vapor. Depois disto, filtre-se e destile-se repetidamente o conteúdo, enquanto se procurará calcinar os restos ou escórias de dito orvalho a fim de extrair deles o sal. Este sal se dissolverá juntamente com o orvalho destilado e será acrescentado à semente reduzida a pó da vasilha até cobri-la completamente e logo será fechada hermeticamente com uma tampa lacrada. Em seguida se enterrará a vasilha a uns sessenta e seis centímetros de profundidade num monturo de esterco úmido de cavalo, deixando-a ali coisa de um mês. Ao tirá-la deste lugar se poderá observar que a semente se transformou, que em cima dela se formou uma membrana de várias cores e, pegada a esta, uma terra viscosa; ver-se-á, também, que o orvalho assumiu uma coloração esverdeada, da mesma natureza da planta. "Durante todo o verão se exporá a vasilha, assim fechada, aos raios do sol e, de noite, aos da lua e às estrelas. Em caso de chuva ou tempo variável deverá ser retirada para um lugar seco e temperado até que o tempo melhore, quando então será exposta de novo ao sol e aos raios da lua e às estrelas. O êxito da experiência pode requerer às vezes dois meses e até um ano, conforme se a temperatura foi ou não propícia, pois isto depende da atmosfera, a qual deverá ser magnífica e quente. Eis aqui os indícios do crescimento. A matéria viscosa avulta sensivelmente; o álcool e a membrana começam a diminuir dia a dia e o conjunto se contrai como uma compacta massa. Através do vidro e por efeito dos reflexos do sol, observa-se também um vapor sutil, cuja forma ou figura, que é a mesma que a da planta, neste momento continua vaga e isolada e sem cor, como uma teia de aranha. (Lembremos aqui o aspecto de teia de aranha que oferecem — suposição de muitos — os 'espectros', a 'Dama Branca', como se chama, e tantas aparições quejandas.) Esta figura sobe e desce frequentemente, dentro da vasilha, ao impulso da energia com a qual o sol atua sobre ela, e ao efeito dos raios da lua quando esta brilha no céu com todo o seu esplendor. Finalmente, as escórias e o álcool se transformam numa espécie de cinza esbranquiçada que, com o tempo, dá nascimento ao caule, à planta e às flores com sua exata cor e idêntica figura. Se deixarmos que a vasilha se esfrie, tudo isto desaparece e se transforma numa massa de terra lodosa para reaparecer de novo a maravilhosa visão quando a vasilha for colocada outra vez ao fogo ou se conseguir esquentá-la suavemente por qualquer outro processo. Exposta de novo ao frio, as figuras desaparecem; e assim sucessivamente. Se a vasilha estiver bem vedada, a aparição de ditas figuras poderá efetuar-se indefinidamente. Sem dúvida, estes foram os processos postos em prática pelo sábio jesuíta Atanásio Kircher na presença da rainha Cristina da Suécia, em 1 687. As instruções de Oettinger encontrâmo-las também completas na obra do químico J.Y.Becker, afamadíssimo em sua época. Vejamos abaixo em que termos se expressa a tradução alemã: "Providenciai, em tempo conveniente, uma planta qualquer, ou melhor, cada parte da planta em seu tempo: a raiz em novembro, depois da debulha da semente; a flor, em seu completo esplendor; a planta, antes de sua floração. Colhei de tudo isto uma fração importante e secai- a em lugar umbroso onde não penetrem os raios do sol nem outro calor. Calcine-se em seguida dentro dum pote de barro, fechado hermeticamente, e extraiam-se o sal e a água quente. Ponha- se o suco da raiz, da planta e da flor numa vasilha de barro cozido e dissolva-se o sal neste suco. Feito isto, providencie-se terra virgem, isto é, terra que ainda não tenha sido lavrada nem semeada, conforme se acha nas montanhas desertas. Esta terra deverá ser vermelha, pura e sem mistura. Reduzi-a a pó e passai-a por uma peneira bem fina. Coloca-se, então, um recipiente de cristal e se borrifa bem com o dito suco até que a terra o tenha absorvido por completo e comece a assumir uma coloração esverdeada. Por cima deste recipiente coloca-se outro de um tamanho que corresponda à altura e largura da planta. Deve-se vedar completamente os interstícios para que não chegue a menor corrente de ar até a planta. Apesar disto, o recipiente deverá conter, em sua parte posterior, um pequeno orifício a fim de que se possa filtrar-se um pouco de ar até a terra. Em seguida poderá ser exposto aos raios do sol ou ao suave calor de um fogo lento. Pois bem, ao término de meia hora vereis surgir a imagem da planta, num tom cinzento pérola". Na mesma passagem Becker nos transmite, além do mais, as seguintes instruções: "Num almofariz, triturai uma planta com suas raízes e flores; coloque-se numa vasilha ou em qualquer outro recipiente e conserve-se nela até que sua fermentação produza certo calor benigno. Esprema-se então o suco, purifique-se por meio de filtro e derrame-se o resultante sobre o resíduo com a finalidade de acelerar a putrefação, até que o suco assuma a cor da planta. Esprema-se novamente o suco e filtre-se. Coloque-se em seguida num alambique e faça-se digerir até que todas as impurezas se tenham desprendido e o líquido apareça claro, puro e da cor da planta. Derrame-se depois este líquido noutro alambique e destilem-se, por cima da vasilha inferior e por meio de suave calor, a parte aquosa ou fleugma e os espíritos voláteis. Permanecerá o sulfureto, isto é, a massa sólida, que será deixada de lado. Extraiam-se em seguida os produtos voláteis amoniacais por destilação da fleugma em fogo lento. Estes produtos, menos densos do que a água, provêm da fermentação. Deixem-se também de lado. Calcine-se, em seguida, o resíduo em fogo lento e extraia-se dele o sal volátil conforme se fez com a parte aquosa. Dito sal é formado pelos sais amoniacais unidos aos produtos ácidos da combustão. Destile-se em banho-maria a parte aquosa para tirar dela o sal volátil e calcine-se o resíduo até que este se torne branco como a cinza. Sobre este resíduo derrame-se a fleugma e extraia-se dela o sal fixo por meio de lavagem. Filtrem-se repetidamente as escórias e, pela mencionada evaporação, separe-se o sal purificado. Os espíritos voláteis com o enxofre e os espíritos do fogo, que se apresentam durante a destilação, derramam-se então sobre o sal fixo e o sal volátil, deixando que se misture tudo isso. Em lugar da fleugma se pode usar também água pluvial destilada e dissolver um sal de qualquer planta, ao invés do sal fixo (carbonato de potassa). Acrescente-se enxofre; coagula-se (dessecação) por meio de fogo lento e regulam-se, desta maneira, a união e a combinação dos três princípios. Introduzi estes três princípios numa vasilha de tamanho grande e juntai água destilada da mesma planta ou então álcool de orvalho de maio ou de água pluvial; qualquer um destes líquidos serve para o caso. Esquentai em fogo lento a vasilha hermeticamente fechada e vereis que dentro dela crescerá uma planta imaterial com suas flores e sua visão durará enquanto perdurar o calor. Por sua vez, desaparecerá toda vez que se esfriar a vasilha e tereis que esquentá-la de novo para que torne a aparecer; e assim indefinidamente. Isto constitui um grande milagre da Natureza e da arte". Nosso estudo será completado com os fragmentos seguintes, extraídos da obra Rasgando o Véu da Magia, de Eckartshausen: "Duas instruções magnas sobre a palingenesia dos corpos e também sobre a das sombras se encontram nos manuscritos da Rosa-Cruz de meu bisavô. A primeira é atribuída a Alberto Magno e figura no A B C de ouro dos fenômenos da Natureza, de Alberto Magno — opúsculo manuscrito cuja tradução evidentemente foi feita sobre um antigo original latino. Não saberia dizer-vos se este opúsculo se encontra na grande edição Jammy das obras de Alberto Magno, porque dita coleção não se acha à minha disposição. Apesar disto, a autenticidade de origem do citado opúsculo me parece verossímil por duas razões. Das obras impressas de Alberto Magno se deduz, em primeiro lugar e com evidência, que este grande sábio tinha conhecimento da palingenesia; e, em segundo lugar, é muito possível — porque é coisa que acontece com frequência — que manuscritos que existem na realidade não são arrolados na coleção, simplesmente porque o editor ou o colecionador desconhece a sua existência. Anotaremos aqui a primeira de ditas instruções: "Da mesma forma que em determinados minerais se acha o Spiritus Universi e como deles se pode tirar, também, o Spiritum Universalem, de idêntica maneira dois minerais podem, ao encontrarem-se, fabricar eles mesmos este Spiritum. Um deles é uma Minera bismuthi que deriva das montanhas; o outro é uma terra mineral escura que se encontra nas minas de prata e que contém um à guisa de espírito maravilhoso que proporciona vida. Os seixos que jazem no leito de certas correntes de água dão também o seu Liquorem. Mas sua virtude só se avalia para enriquecer os metais, de vez que é provado que, quando submersos em dito licor, estes metais aumentam em proporção. "Eis aqui como se obtém o Spiritum derivado do bismuto. Providenciai uma Minera bismuthi conforme tenha sido colhida na montanha; reduzi-a a pó impalpável por meio de um almofariz e colocai este pó numa retorta dentro duma grande caçarola cheia de limalhas de ferro, cuidando que estas a cubram por completo. Adapte-se-lhe logo uma serpentina. Ao fim de quarenta e oito horas se extrai o Spiritum per gradus ignis, o qual transbordará, caindo gota após gota, como as lágrimas que saem dos olhos. Neste particular não se prevê aqui a conveniência da água; da maneira como se age com o orvalho que produz o Spiritum Universi e que em meus escritos chamo de spiritus roris majalis, pode-se acrescentar coisa de meia libra deste líquido, que será mais conveniente. Junte-se logo o Spiritum bismuthi e deixe-se que o fogo se apague. Quando tudo esfriou, derrame-se o liquorem que tiverdes conseguido com a destilação num grande alambique e coloque-se este alambique num Balneum maris (banho-maria), depois de tê-lo coberto com um Alambicum; uma vez bem vedado, destile-se em seguida seu conteúdo. Desta forma obtereis um spiritum puro como o cristal, doce como o mel. Este spiritum é um espírito vivo e pertence inteiramente à Magia. "Este espírito fez de mim um verdadeiro mago; é o único espírito ativo dotado de propriedades mágicas que recebeu de Deus as forças que Ele possui, de vez que pode alcançar toda espécie de formas. É animal, porque dá vida aos Anima/ia; é vegetal, porque dá vida aos Vegeta- bilia. Por ele crescem as árvores, a folhagem, as ervas, as flores; isto é, todos os Vegetabilia; é mineral, porque é o princípio de todos os minerais e de todos os metais; é astral, porque provém de cima para baixo e procede dos astros dos quais está, por conseguinte, impregnado; é universal, porquanto foi criado segundo um princípio; é o Verbo, porque saiu do próprio Deus; e, por conseguinte, inteligente, perceptível e o Primum mobile de todas as coisas; é a pura Natureza, saída da luz e do fogo, transportada, depois, e integrada às coisas inferiores." Ao referir-se a estas coisas, em sua famosa Tábua de Esmeralda (3) diz Hermes que o espírito foi levado a elas cavalgando no seio dos ventos. Este espírito tira e dá a vida e com sua ajuda se podem realizar maravilhas insuspeitáveis. Vejamos como age: 'Tomai uma planta, uma flor ou um fruto antes que tenham sazonado, naturalmente, por completo; cachos de uvas, pêras, maçãs, cerejas, ameixas, etc. Depois de escolher as melhores, pendurai-as à sombra e, da mesma forma que as flores, deixai que sequem. Se quiserdes, mais tarde podereis obrigá-las a florescer de novo, a reverdecer em pleno inverno e chegarão a dar novos frutos, que amadurecerão e serão saborosos e suculentos. Vejamos, pois, como se realizará o milagre: deveis providenciar um recipiente de gargalo estreito e ventre amplo no qual derramareis uma libra de espírito universal; introduzi em seguida os ramos, as flores e os frutos e fechai hermeticamente o recipiente a fim de que o espírito não se evapore. Decorridas vinte e quatro horas, tudo começará a reverdecer e a crescer em tamanho; os frutos sazonarão, as flores se revestirão de suas cores e fragrância e tudo voltará, automaticamente, ao seu estado primitivo de fulgor. 3 - Edição Hemus, 1975. uDeve-se reconhecer em tudo isto o poder de Deus e não a obra do diabo, como afirma o ignorante bispo de Passau. "Este espírito do poder divino é capaz de realizar, ainda, outras coisas mais extraordinárias, como o próprio Pai Santo pode justificar. Deve-se louvar e rogar a Deus por todos os benefícios e milagres com que nos contempla, a nós pobres seres humanos. É uma verdade que ninguém pode negar: há muito de sobrenatural no fato de fazer reviver por meio dum espírito as coisas mortas; o que demonstra, por outro lado, que este espírito tem o poder de trazer à existência tudo o que foi extinto. Tanto é verdade que eu mesmo, depois de apanhar um pássaro vivo e de queimá-lo numa vasilha, coloquei as cinzas num recipiente (no manuscrito está reproduzido com desenho: um capital sobre o qual se vê um alambique; dentro deste um Iíquido com o rosto de uma criança). Em outro recipiente, coloquei as cinzas do cadáver em "A Palingenesia suprime todas as dificuldades opostas ao idealismo pelo materialismo; todas as objeções levantadas, em nome da lógica, contra a noção da sobrevivência". 4 - Foi o que ocorreu com a Alquimia e não parece muito distante o dia em que acontecerá o mesmo com a Astrologia. A Rabdomancia, encarada com desdém há muitos séculos, tem sido aceita hoje em dia, sem reserva alguma, pela ciência moderna, que substituiu o nome antigo pelo de Rabdologia. PARTE TERCEIRA ELEMENTOS DE ASTROLOGIA Concluiremos nosso modesto ensaio sobre as plantas mágicas com umas ligeiras palavras referentes às correspondências astrológicas com o fito de orientar aqueles leitores nossos que porventura desconheçam o mais elementar da Astrologia. Tanto os planetas como as doze constelações do Zodíaco têm analogia com a vida animal e vegetal de nosso pequeno mundo. A influência que os astros exercem em nós tem sido sobejamente reconhecida e patentemente demonstrada pelos sábios mais eminentes de todos os tempos e de todos os países, pelo que julgamos inútil repetir aqui o que tem sido escrito sobre a matéria para se provar novamente a realidade da Astrologia. Seremos, portanto, breves, limitando-nos a assinalar o que há de mais preciso, o que for mais essencial. OS SIGNOS DO ZODÍACO. - Chama-se Zodíaco a faixa ou zona imaginária na qual se acham as doze constelações percorridas aparentemente pelo Sol, durante um ano, ao redor da Terra; por isso se chamam "signos do Zodíaco". Vejamos, adiante, os símbolos e os nomes de ditos signos e suas influências sobre o corpo humano: Áries .................................................... A cabeça Touro .................................................. O pescoço Gêmeos............................................... Os braços e as costas Câncer ................................ ................ O estômago Leão .................................... ................ O coração Virgem ................................ ................ O ventre Libra ................................... ................ Os rins e as nádegas Escorpião............................ ................ Os órgãos sexuais Sagitário.............................. ................ Os músculos Capricórnio ........................ ................ Os joelhos Aquário............................... ................ As pernas Peixes.................................. ................ Os pés Áries ....................Domina no firmamento de 22 de março a 21 de abril. Touro ...................Domina no firmamento de 22 de abril a 21 de maio. Gêmeos. . . .Domina no firmamento de 22 de maio a 21 de junho. Câncer . . . .Domina no firmamento de 22 de junho a 21 de julho. Leão ..................... Domina no firmamento de 22 de julho a 21 de agosto. Virgem . . . .Domina no firmamento de 22 de agosto a 21 de setembro. Libra ....................Domina no firmamento de 22 de setembro a 21 de outubro. Escorpião . .Domina no firmamento de 22 de outubro a 21 de novembro. Sagitário . . .Domina no firmamento de 22 de novembro a 21 de dezembro. Capricórnio .Domina no firmamento de 22 de dezembro a 21 de janeiro. Aquário . . .Domina no firmamento de 22 de janeiro a 21 de fevereiro. Peixes................................................................ Domina no firmamento de 22 de fevereiro a 21 de março. OS SETE PLANETAS. - Segundo a Astrologia antiga, os planetas que exercem influência sobre a Terra (nos três reinos da Natureza: animal, vegetal e mineral) são sete e correspondem aos sete dias da semana. Vejamos a seguir uma tabela planetária com seus signos astrológicos, seus nomes, seus dias da semana e suas cores emblemáticas: Lua..................................... Segunda-feira. . Branco. Marte.................................. Terça-feira. . . Vermelho. Mercúrio. . . . Quarta-feira. . Violeta. Júpiter. . . . Quinta-feira. . Azul. Vênus ................................ Sexta-feira. . . Verde. Saturno. . . . Sábado. . . . Preto. Sol ..................................... Domingo. . . Amarelo. HORAS PLANETÁRIAS. - Para conseguir um êxito feliz em qualquer empreendimento, seja mágico ou alquími-co, deve-se ter em conta o horário astrológico, pois se o cometimento for empreendido ao azar, o fracasso será absoluto. As horas astrológicas se dividem em diurnas e noturnas e mudam todos os dias. Vejamos a sinopse seguinte: DOMINGO Horas diurnas: Ia. — Sol; 2a. — Vênus; 3a. — Mercúrio; 4a. - Lua; 5a. - Saturno; 6a. - Júpiter; 7a. — Marte; 8a. — Sol; 9a. — Vênus; 10a. — Mercúrio; 11 a. — Lua; 1 2a. — Saturno. Horas noturnas: 1a. — Júpiter; 2a. — Marte; 3a. — Sol; 4a. — Vênus; 5a. — Mercúrio; 6a. — Lua; 7a. — Saturno; 8a. — Júpiter; 9a. — Marte; 10a. - Sol; 11a. - Vênus; 12a. - Mercúrio. SEGUNDA-FEIRA Horas diurnas: 1a. — Lua; 2a. — Saturno; 3a. — Júpiter; 4a. — Marte; 5a. — Sol; 6a. — Vênus; 7a. — Mercúrio; 8a. — Lua; 9a. — Saturno; 10a. - Júpiter; 11a. - Marte; 12a. - Sol; Horas noturnas: 1a. — Vênus; 2a. — Mercúrio; 3a. — Lua; 4a. — Saturno; 5a. — Júpiter; 6a. — Marte; 7a. — Sol; 8a. — Vênus; 9a. — Mercúrio; 10a. — Lua; 11a. — Saturno; 12a. — Júpiter. TERÇA-FEIRA Horas diurnas: 1a. — Marte; 2a. — Sol; 3a. — Vênus; 4a. — Mercúrio; 5a. — Lua; 6a. — Saturno; 7a. — Júpiter; 8a. — Marte; 9a. — Sol; 10a. — Vênus; 11a. — Mercúrio; 12a. — Lua. Horas noturnas: 1a. — Saturno; 2a. — Júpiter; 3a. — Marte; 4a; — Sol; 5a. — Vênus; 6a. — Mercúrio; 7a. — Lua; 8a. — Saturno; 9a. — Júpiter; 10a. - Marte; 11a. - Sol; 1 2a. - Vênus. QUARTA-FEIRA Horas diurnas: 1a. — Mercúrio; 2a. — Lua; 3a. — Saturno; 4a. — Júpiter; 5a. — Marte; 6a. — Sol; 7a. - Vênus; 8a. - Mercúrio; 9a. - Lua; 10a. - Saturno; 11a. - Júpiter; 12a. -Marte. Horas noturnas: 1a. - Sol; 2a. — Vênus; 3a. - Mercúrio; 4a. — Lua; 5a. — Saturno; 6a. — Júpiter; 7a. - Saturno; 8a. - Júpiter; 9a. - Vênus; 10a. - Mercúrio; 11a. - Lua; 12a. -Saturno. QUINTA-FEIRA Horas diurnas: 1a. — Júpiter; 2a. — Marte; 3a. — Sol; 4a. — Vênus; 5a. — Mercúrio; 6a. — Júpiter; 7a. — Saturno; 8a. — Júpiter; 9a. — Marte; 10a. - Sol; 11a. - Vênus; 12a. -Mercúrio. Horas noturnas: 1a. — Lua; 2a. — Saturno; 3a. — Júpiter; 4a. — Lua; 5a. — Sol; 6a. — Vênus; 7a. — Mercúrio; 8a. — Lua; 9a. — Saturno; 10a. - Júpiter; 11a. - Marte; 12a. - Sol; SEXTA-FEIRA Horas diurnas: Ia. — Vênus; 2a. — Mercúrio; 3a. — Lua; 4a. — Saturno; 5a. — Júpiter; 6a. — Marte; 7a. — Sol; 8a. — Vênus; 9a. — Mercúrio; 1 0a. — Lua; 11a. — Saturno; 1 2a. — Júpiter. Entre os druidas, esta planta parasita simboliza o sacrifício divino, a descida do Espírito à Matéria. Frio e seco. Signo do zodíaco. Touro. ABRÓTONO (Abrotanum). - Planta parecida com o absíntio. É anti-helmíntica, estomacal e estimulante. Recomenda-se para provocar o fluxo menstrual e excelente para facilitar os partos. Botânica oculta: Quente e seco. Lua. Colhe-se em princípios de abril, sob o signo de Escorpião. ABSÍNTIO (Artemisa absinthyum). - É vermífugo e febrífugo. Produz insônias e alucinações terrificantes nas pessoas muito nervosas. Botânica oculta: Receptáculo do astral inferior. Suas flores, secas e queimadas, empregam-se como poderoso perfume nas evocações infernais. Planeta: Marte. Signo zodiacal: Capricórnio. ACÁCIA (Acacia). — Árvore sagrada dos egípcios. Na fran-co-maçonaria simboliza a imortalidade da alma. No grau Rosa-Cruz e em diversos ritos maçônicos ensina-se que a Acácia lembra que foi desta madeira a cruz em que morreu o Divino Mestre. Botânica oculta: O suco de dito fruto, colhido na hora planetária correspondente, é misturado nas tintas que servem para desenhar os talismãs sobre pergaminhos. Planeta: Mercúrio. AÇAFRÃO (Crocus sativus). — Possui muitas propriedades curativas, mas seu emprego não pode ser recomendado a profanos na arte de curar. Botânica oculta: Utiliza-se em feitiços e em perfumes mágicos. Colhe-se quando o Sol está em Leão ou em Peixes ou quando a Lua está em Câncer. ACANTO (Acanthus mollis). - Planta perene. Suas folhas cheias de suco mucilaginoso são aperitivas, emolientes e muito eficazes para curar toda sorte de queimaduras. Desconhecemos suas propriedades mágicas, se é que as tem. Planeta: Marte. ACÔNITO (Aconitum napellus). — Os leigos no assunto não devem fazer uso desta planta em matéria medicinal, pois oferece graves perigos. Botânica oculta: É fria e seca. Emprega-se (misturada com arruda, açafrão e aloés) em fumigações para afastar os maus espíritos. É uma das doze plantas dos Rosa-Cruzes. Os gregos diziam que esta planta nascera da baba de Cérbero, quando Hércules o tirou dos infernos. Atribui- se-lhe a virtude de fazer renascer o pelo. Planeta .Saturno. Signo zodiacal: Capricórnio. AGNOCASTO (Agnus castus). — Paracelso chamou esta planta de satânica e empregava seus grãos em infusão para curar "os ardores da carne". Suas propriedades afrodisíacas já eram conhecidas dos atenienses, os quais colocavam esta planta em seus leitos com a finalidade de conservar a continência. Planeta: Saturno. Signo zodiacal: Câncer. AGRIMÔNIA (Agrimonia eupatoria). — Fria e seca. É vermífuga; suas folhas são adstringentes; cura as anginas, as nefrites, os fluxos leucorréicos, a debilidade da bexiga. Em loção é muito boa contra as cataratas, as luxações, as feridas. É eficaz contra as picadas de cobras. Botânica oculta: Colocadas sobre a cabeça duma pessoa dormindo, as folhas desta planta privam-na de acordar. AIPO (Apio graveolens). — Os grãos desta planta são digestivos e muito eficazes contra as flatulêncías. Suas raízes são diuréticas e aperitivas. A infusão desta planta (200 gramas num litro de água) é um bom remédio para reduzir o leite das mães. Dose: uma xicarazinha de três em três horas. Botânica oculta: Planta sagrada entre os gregos; utilizava-se em muitas cerimonias fúnebres. Desconhecemos suas virtudes mágicas. ALCACHOFRA (Scolymus). — Um pouco afrodisíaca. A raiz ou o grão, se colhidos quando o Sol entra no quinto grau da constelação de Libra, curam os fluxos de sangue e as dores do ventre. A água do cotão interior é excelente para conservar os cabelos. Marte em Escorpião. ALHOS (Allium sativum). - Os egípcios prestavam grandes honras a estes bulbos; os gregos, contudo, proibiam a entrada no templo de quem tivesse comido alho. No que diz respeito aos efeitos medicamentosos, a ação destes bulbos tem sido apreciada em todas as épocas. São anti-helmín-ticos, estimulantes, anti-reumáticos e expectorantes; corrigem a menstruação; são bons contra a hidropisia e o mal-de-pedra. Empregam-se também com êxito contra as bronquites. Aplicados diretamente, ou seja, sem a gaza que entra em contato com a pele, são um excelente calicida e servem igualmente para combater a sarna e a tinha. Recomenda-se o uso de alho no combate à raiva. Ao atacado de hidrofobia dá-se a quantidade de alhos que seu organismo puder tolerar, submetendo-o logo a um banho de vapor para provocar em seu organismo a maior abundância possível de suor. Paracelso informa ter curado por este processo muitos doentes atacados deste terrível mal. Botânica oculta: Para preservar-se de todo malefício, colhem-se sete alhos na hora de Saturno, enfiam-se num barbantezinho de cânhamo e carregam-se pendurados no pescoço durante sete sábados e ficar-se-á livre de feitiços por toda a vida. Para afastar os pássaros duma árvore, basta untar os galhos com um alho. Se a pessoa deseja alhos inodoros, é só plantá-los e colhê-los quando a lua não se acha sobre nosso horizonte. ALOÉS (Aloé socotrina). — Gênero de plantas liliáceas; de suas folhas se extrai um suco que se converte em massas quebradiças, de cor de alfarroba. Quando ministrado com acerto, produz excelentes efeitos. Como aperitivo, dosifi-cam-se entre cinco a dez centigramas. Como purgante, ministra-se uma dose entre dez centigramas a um grama e meio, segundo a idade de quem a tomar. Para as crianças, é sempre um mau purgante. Também as mulheres grávidas não devem torná-lo. Tomarão em dose de meio grama e repetidamente durante certo tempo, provoca a evacuação menstrual. As loções de suco de aloés com vinagre evitam a queda do cabelo. Botânica oculta: O aloés em pó, misturado com incenso, emprega-se como perfume para atrair as influências de Júpiter. ALFORVA (Trigonella foenum graecum). - Aplicada em cataplasmas, a farinha de suas sementes é remédio eficaz para resolver as inchações e inflamações. AMIEIRO (Betulo nigra). — Esta planta oferece a circunstância de que suas folhas se tornam brancas, quando a atmosfera se dispõe a chover. Assim sendo, constitui perfeito barômetro natural. Botânica oculta: O carvão desta madeira se emprega para traçar os círculos mágicos nas evocações diabólicas. ANGÉLICA (Archangelica officinalis). — Tem o nome de Erva-do-Espírito-Santo. Sua raiz é tônica e estimulante; emprega-se com êxito contra a debilidade dos órgãos digestivos. Em geral, possui propriedades antiespasmódicas, carminativas e estomacais. Botânica oculta: Boa para prevenir alucinações; contrária à fascinação; colocada no pescoço das crianças, defende-as contra toda sorte de embruxamento. Colhidas na hora de Saturno, as folhas são boas para curar a gota; a raiz, arrancada nas horas de Sol ou de Marte, sob o signo de Leão, cura a gangrena e as mordidas venenosas. Colhe-se em fins de agosto. Leão e Aquário. ANIS-VERDE (Pimpinella anisum). - Os frutos desta planta ativam o trabalho do estômago e dos intestinos; além disso, é diurético e atemperante. Usa-se em infusão, aquecendo-o até à ebulição 10 gramas de seus frutos em um litro de água. Tapar bem, deixar esfriar e coar. Para combater as cólicas das crianças de peito, a ama-de-!eite deve tomar uma xicarazinha de três em três horas. Em loções, melhora a vista; em infusão com vinho e açafrão, cura as oftalmias; em fragmentos amolecidos em água e introduzidos nas fossas nasais, cura as úlceras do nariz. Botânica oculta: Desconhecemos-lhe propriedades mágicas. Suas propriedades curativas são mais eficazes se dita planta for colhida na hora de Mercúrio sob as constelações de Gêmeos ou Virgem. ARISTOLÓQUIA (Aristolochia). - É pulmonar, diurética, emenagoga, detersiva e vulnerária. Favorece a expulsão das secundinas e cura os fluxos uterinos. Em loções com vinho cura a sarna e desseca toda espécie de chagas. Botânica oculta: O humo dos seus grãos acalma os epilépticos, os possessos e desata o nó da agulheira (designa-se assim o feitiço que impede o homem de realizar o ato sexual com determinada mulher). ARNICA (Arnica montana). — Recomenda-se para aliviar a cabeça nas tonturas transitórias. Dá excelentes resultados nos catarros pulmonares crônicos, sem febre, dos velhos e nas retenções de urina por paralisia da bexiga. É um remédio externo muito popular contra os golpes e quedas como resolutivo, mas a tintura deve ser diluída em água e não deve ser empregada pura. Em alguns casos, quando a contusão é forte e não há arranhaduras, pode ser empregada só ou então com muito pouca água. Botânica oculta: É uma das doze plantas dos antigos Rosa-Cruzes. Sol. ARTEMÍSIA (Artemisa vulgaris). — Desta planta, chamada também de erva-de-São-João, empregam-se as folhas, flores e raízes. É emenagoga, estimulante e tônica. Emprega-se com êxito contra a epilepsia. Fervida com vinho e tomada em pequenas doses, evita os abortos; muitíssimo indicada para provocar a menstruação. Botânica oculta: Era uma das doze plantas da antiga Rosa-Cruz. Colhida em dia de São João, se suspensa do tronco de um roble, no meio de um campo, este se torna fértil. Não podendo ser neste dia, pode ser colhida em qualquer sexta-feira antes do nascer do sol. Colhida de noite, esta planta constitui um poderoso amuleto contra todo tipo de sortilégios. Queimada como defumador no aposento de dormir, desata a ligadura da agulheira. Na Alemanha, na manhã do dia de São João confeccionam coroas de artemísia e as levam para junto das fogueiras, guardando- as depois como preservativos contra enfeitiçamentos. Na floresta normanda colhem-na durante a novena de São João, para destruir os malefícios que privam as vacas de dar leite. Na Áustria, nem o diabo nem os bruxos têm algum poder sobre quem leva consigo dita planta. Igualmente, um ramo colocado na porta duma casa evita o embruxamento da mesma. Na Alemanha meridional e na Boêmia confeccionam, na novena de São João, umas espécies de coroas com esta planta para depois as colocarem junto a uma imagem do santo evangelista, o qual iluminam com uma ou três lâmpadas. Desta maneira se vêem livres e imunes contra feitiços para todo o ano. Esparramando suas folhas sobre um campo, por ocasião da semeadura, este fica preservado contra o granizo e as pedras. Com as três flores e as folhas desta planta fazem-se perfumes contra os espíritos guardiães de tesouros e contra os demônios. AVEIA COMUM (Avena sativa). — Contra os reumatismos. Cataplasmas quentes preparadas com vinho. Contra a hidropisia: 25 gramas de sementes reduzidas a pó; 250 gramas de água. Ferver pelo espaço de quinze minutos, deixar esfriar por um momento e coar com uma capucha de estamenha. Tomar quatro chávenas diárias, durante muito tempo. Além disso, é um excelente diurético, pois pode ser ministrado a doentes muito debilitados sem temor de extenuá-los. Contra as chagas pútridas: Cataplasma quente composta de 5 gramas de levedura de cerveja e 100 gramas de farinha de aveia. Para curar a sarna: deitar-se nu sobre um campo de aveia, esfregando-se a pele com um punhado de talos da mesma planta, molhados em água de fonte. Deixar secar, depois, a pele naturalmente debaixo duma árvore, que a sarna irá desaparecendo. Desconhecemos suas propriedades mágicas. Planeta: Sol e Lua. AVELEIRA (Hamamelis virginica). - Planta que o povo chama de Aveleira-da-Feiticeira. Tem muitas aplicações terapêuticas. Uma das propriedades mais notáveis da aveleira é a de ser anti- hemorroidal. Vejamos como se prepara a pomada para curar as hemorróidas: 100 gramas de manteiga sem sal. 10 gramas de tintura de Hamamelis. Ponha-se tudo junto homogeneamente num almofariz. Uso: três aplicações por dia. A tintura de Hamamelis se obtém da seguinte maneira: 100 gramas de á lcool 90.° . 20 gramas de pedacinhos de aveleira (casca e folhas secas). Manter vinte dias em amolecimento, filtrar e envasilhar. Botânica oculta: a varinha-de-condão é feita de aveleira silvestre, cortando um ramo ao nascer do sol, em qualquer dia, no mês de junho. Existem tratados de magia adivinha-tória que recomendam seja cortada na lua cheia, mas também dentro do mês de junho. A maneira de servir-se desta varinha é a seguinte: Colhe-se um ramo aforquilhado de aveleira, medindo cinco centímetros de comprimento e da grossura de um dedo e que não tenha mais de um ano. Pega-se o ramo pelas pontas, uma em cada mão, sem apertar, de modo que o dorso olhe para o chão e o vértice da varinha olhe para a frente. Então se anda lentamente pelos lugares onde se supõe haja água, metais ou dinheiro escondido. Há outro modo de usar a varinha, que consiste em levá-la em equilíbrio sobre o dorso da mão e andar lentamente; quando passar por cima de um manancial, ela começará a dar voltas. O Pe. Kircher expressa-se de maneira bem clara: Colhe-se um rebento de aveleira (não exige que seja silvestre), bem reto e sem nós, corta-se em dois pedaços iguais, fura-se a ponta de gramas. Para uso externo aplica-se cozida ou crua. No primeiro caso, atua como emoliente e no segundo, como rubefaciente. Crua, usa-se contra as pneumonias, procedendo-se da seguinte maneira: Pôr a cebola cortada em cruz numa panela tampada e aquecer suavemente até que se desprenda uma pequena quantidade de água; em seguida, borrifar com essência de terebentina e aplicar sobre a parte doente. O sumo de cada cebola crua, aplicado em fricções sobre o couro cabeludo, detém a queda do cabelo. Contra a dor de ouvidos: cozer uma cebola ao rescaldo, colocá- la sobre um pedaço de pano com um pouco de manteiga fresca, sem sal, e aplicar tudo na orelha, num estado mais quente possível, durante uns minutos. CEBOLA-ALBARRÃ (Scilla marítima). - Muito conhecida do povo. Registramo-la unicamente com o fim de premunir nossos leitores para que não façam uso dela na medicina caseira, visto que oferece sérios perigos. Ignoramos suas propriedades ocultas. CELEDÔNIA (Chelinoum majus). - Usada interiormente, é muito perigosa, razão porque só damos a conhecer seu uso externo. O suco desta planta - que pode ser extraído malhando-se a sua raiz num almofariz, extirpa as verrugas. Contra a supressão das regras, aplica-se uma cataplasma de dita planta sobre a pélvis. Para isto se deve malhar uma planta inteira, de bom tamanho, até conseguir um amassilho composto de talos frescos, folhas e raízes. Segundo um remédio popular, este sumo serve para aclarar a vista. Acautele-se contra o uso, pois corre o risco de ficar cego quem procurar utilizá-la. Botânica oculta: A raiz da celedônia, colocada sobre a cabeça de um doente, em estado febril, pô-lo-á a cantar se realmente tiver que morrer e, ao contrário, se continuar vivendo se porá a chorar amargamente. Sol, Sagitário. CENTÁUREA MENOR (Erythrae centaurium). - Seus talos e flores são um tônico amargo de primeira ordem na debilidade digestiva e falta de apetite. Administra-se contra as febres intermitentes, flatulências e gota. A infusão se prepara com 5 gramas de flores em meio litro d'água. Esquenta-se até ferver e coa-se. Aplica-se externamente sobre as úlceras escrofulosas e sobre as feridas. Botânica oculta: Segundo a lenda, foi descoberta pelo centauro Chirão. É antidemoníaca. Possui grandes virtudes mágicas; deve ser colhida, pronunciando-se palavras de encantamento (Plínio). Num antigo grimório, atribuído a Alberto Magno, se lê o seguinte: Se forem jogadas as pontas desta planta no azeite duma lâmpada com um pouco de sangue de poupa fêmea, provocar-se-ão alucinações terríficas aos que são iluminados por di ta lâmpada. Se for jogado um feixe desta planta ao fogo e se a pessoa ficar contemplando-o por um momento e logo dirigir o olhar para o céu, terá a impressão de que as estrelas estão se movimentando e caindo. Se alguém aspirar sumo de um galho queimado, sentirá medo. Júpiter em Leão. CEVADA (Hordeum vulgare). — É nutritiva, emoliente e refrescante em sumo grau. Usa-se em decocto. Prepara-se como segue: Em meio litro d'água ferver, durante vinte minutos, 20 gramas de cevada descascada e moída. Deixar esfriar e coar. A farinha de cevada é empregada em uso externo para confeccionar cataplasmas muito úteis para dissipar e atenuar os humores. Botânica oculta: As espigas desta planta (Yava} em sânscri-to) eram oferecidas pelos brâmanes em sacrifícios aos deuses e aos sete príncipes espirituais. Planeta: Sol. CHICÓRIA (Chicorium Intibus). — Quente e seca. É depurativa e laxante. Contra as digestões lentas: fervam-se 20 gramas de folhas novas de chicória num litro d'água; deixar esfriar lentamente e depois coar. Tomar uma xícara depois de cada refeição. Com seu uso prolongado curam-se as cólicas hepáticas. Botânica oculta: De joelhos diante desta planta, no dia de São João Batista, antes do nascer do sol, levantar-se pausadamente e pronunciando em voz baixa, por três vezes, a palavra sagrada Tetragrámmaton. Levar a planta para casa e mantê-la guardada bem envolta em panos brancos e limpos. Com isto se obtém um poderoso amuleto contra todas as ciladas diabólicas e contra toda espécie de sortilégios. Desta benfazeja influência participarão todos os que moram na casa onde está guardado dito amuleto. CICUTA (Conium maculatum). — Planta sumamente venenosa, pelo que se deve evitar seu uso interno sem indicação do médico. A cicuta pode ser facilmente confundida com o cerefolho e o perrexil. Para obviar funestas consequências, apontaremos as diferenças existentes entre as referidas plantas. A cicuta tem as folhas três vezes aladas; são folhinhas agudas, incindidas nos bordos. Seu cheiro é desagradável. O cerefolho tem as folhas semelhantes às da cicuta, porém são folhinhas curtas e largas. Seu cheiro lembra o do anis. O perrexil tem folhas inferiores duas vezes aladas; folhas largas, trioladas e em forma de cunha. Seu cheiro é muito pouco pronunciado. Para combater o envenenamento pela cicuta é preciso provocar o vomito e administrar, em seguida, os ácidos vegetais debilitados, tais como o suco de limão, o vinagre, etc. A cicuta não produz nenhum efeito tóxico nas cabras e carneiros, sendo venenosa para os coelhos, bois e cavalos. No homem provoca sede, dores de cabeça e do estômago, vertigens, delírios e, por último, esfriamento geral seguido da morte. Os frutos desta planta, que são menos ativos do que as folhas, utilizam-se para fabricar o anis. Aos condenados à pena máxima os gregos davam de beber uma beberagem feita à base de cicuta. A história lembra com isto a morte de Sócrates. Botânica oculta: O suco desta planta faz parte da pomada dos bruxos. Preparada com vinho, produz um sono letárgico nos pássaros. CINOGLOSSA (Cinoglossum officinalis). — Conhecida com o nome de língua-de-porco, desta planta se aproveitam as folhas e a casca da raiz. Tem propriedades calmantes, peitorais, narcóticas e antidiarréicas. Excelente para combater os catarros bronquiais. Administra-se em decocto. 250 gramas de água; 15 gramas de casca da raiz. Ferver durante vinte minutos. Dose: tomar cinco chavenazinhas por dia, bem quentes. As folhas se aplicam em cataplasmas sobre as inflamações epidérmicas e as queimaduras. Botânica oculta: Trazida consigo, a raiz desta planta nos reconcilia com nossos inimigos e atrai-nos a simpatia de nossos semelhantes (Porta). CIPRESTE (Cupressus sempervirens). — O fruto desta árvore resinosa consiste em pinhas ou galhas. Sua decocção conserva os cabelos em sua cor primitiva, pois evita as cãs até uma idade muito avançada. Botânica oculta: O cipreste é o símbolo da morte. Com sua ramagem se coroava a fronte de Plutão. A madeira desta árvore serve para a construção da mesa triangular que se emprega em determinados trabalhos de bruxaria, como na imprecação dos "responsórios às avessas" e outros da mesma natureza. Utiliza-se também a madeira para jogá-la ao fogo junto com ervas e drogas, em certas evocações aos elementais. COCA (Erythroxylum coca). - Conhecida pelo nome de Coca do Peru. Arbusto cujas folhas, de propriedades excitantes como o café e o chá, são muito apreciadas pelos índios para mastigá-las. Os antigos ou primitivos índios do Peru tinham este arbusto como sagrado, queimando- o nos altares erigidos ao Sol. Possui uma ação tonificante que se emprega para aumentar a força em neurastênicos e convalescentes. Mitiga a fome e a canseira. Tem sido preconizada também para reduzir a obesidade. Das folhas desta planta se extrai a cocaína. Botânica oculta: As ínjeções hipodérmicas de seu sal, a cocaína, podem constituir um verdadeiro pacto com os seres do Astral, segundo o sábio ocultista Estanislau de Guaita (Le Temple de Satan, pág. 346). Planetas: Saturno e Sol. COCLEÁRIA (Coclearia officinalis). — Suas propriedades antiescorbúticas são conhecidas de há muito tempo. Recomenda-se também contra as afecções pulmonares, catarros bronquiais, catarros da bexiga e nas flores brancas. Use-se em infusão: Pôr ao fogo meio litro d'água com 25 gramas de folhas desta planta e, assim que começar a ferver, tirar e deixar esfriar, mantendo-se o recipiente bem tampado; coar em seguida. Dose: quatro a seis chávenas por dia. Desconhecemos suas propriedades mágicas. COENTRO (Coriandrum sativum). - Chamada também coriandro, esta planta é usada para combater com êxito o histerismo, em todas as suas fases: as afecções gastrointestinais, a cefaléia e as quartas. Infusão: 200 gramas de frutos da planta num litro d'água. Quatro pequenas chávenas diárias, ou mais, segundo a intensidade do mal. Emprega-se-também para melhorar o sabor da cerveja. Botânica oculta: Com os frutos desta planta, reduzidos a pó e misturados com almíscar, açafrão e incenso, obtém-se um perfume de Vênus muito eficaz nas práticas de magia sexual. Os amuletos e talismãs amorosos devem ser defumados com este perfume (Agrippa). CONSÓLIDA (Symphytum officinalis). — Conhecida sob diversos nomes: Grande Consolda, Consolda Maior, Orelha-de-burro, Orelha-de-vaca, Língua-de-vaca, Erva-das-cortadu-ras, Erva-do- cardeal, Sínfito Maior, Sínfito-de-cão, Consolda e Solda-com-Solda. Os antigos atribuíam-lhe a propriedade de consolidar as fraturas. Daí a origem dos nomes de Consolida e Consolda. Seu largo rizoma (1) , que contém muito mucílago e, além disso é algo adstringente, usa-se no interior contra a hemoptise e a diarréia. Administra-se em infusão. Durante vinte e cinco minutos ferver, em meio litro d'água, 25 gramas de rizoma em pedacinhos. No exterior, em fomentações, para curar as queimaduras e as feridas. Em injeções uretrais e vaginais, para as doenças venéreas. Em emplastos e cataplasmas, para curar as deslocações, empregando o rizoma fresco e bem picado. Segundo Bramwell, favorece a formação de novos tecidos na úlcera do estômago. Botânica oculta: Quente e seca. Vênus em Sagitário ou em Aquário. Planta consagrada pelos gregos a Juno, primeira das divindades femininas e rainha dos deuses. Seu nome grego é Hebe. CORRIOLA (Calystegia sepium). — Planta encontradiça em quase toda a Espanha e cresce nos canaviais; é acre e tem uma resina semelhante à jalapina. Seu suco, muito leitoso, é purgante eficaz. Também suas folhas são purgantes, mas sua ação é menos ativa. A raiz desta planta é aconselhada para combater a paralisia incipiente. Botânica oculta: Se suas folhas forem aplicadas por um momento sobre uma chaga pisada e deixadas logo num lugar úmido, a cura da chaga se opera magneticamente. Uma infusão de suas folhas misturadas com vinho ou licor constitui um f i l t ro de amor, isto é, tem a virtude de conservar a harmonia e o amor entre namorados. Trazendo-se junto a sua raiz, evitam-se as doenças das vistas, chegando até a serem curadas. Planetas: Júpiter e Sol. 1 - Rizoma:Talo horizontal e subterrâneo, como o do lírio comum. COUVE (Brassica oleracea). - Os antigos consideravam-na como um remédio universal. Hipócrates prescrevia-a cozida com mel para atacar toda espécie de cólicas. Durante a gravidez as mulheres atenienses comiam abundantes pratos de couves. O entusiasmo pela couve foi tamanho que se chegou a atribuir à urina das pessoas que se alimentavam de couves, a virtude extraordinária de curar as herpes, as fístulas e até o câncer. As dores lombares desaparecem com a aplicação de folhas cozidas, bem quentes. Se aplicadas sobre os peitos das amas-de-leite, fazem desaparecer os infartos mamários. Em cataplasma, dão muito bons resultados contra as dores reumáticas. Para isso, devem ser aplicadas bem quentes e renová-las cada duas horas, no mínimo. As sementes da couve são um excelente vermífugo. Câncer e Escorpião. A couve vermelha, chamada Lombarda, comida antes de um banquete, evita os mal-estares produzidos pelo vinho tomado em grande quantidade. Tem propriedades contra as flatulências, a bílis e a icterícia. Lua e Júpiter. CRAVINHOS (Eugenia cariphylla). — Conhecidos vulgarmente com o nome de Cravos-de- Especiaria. São originários das Molucas e de Caiena. Estes últimos são os melhores. Têm propriedades tônicas, estomacais, cordiais e estimulantes. Empregam-se em infusão e tintura. Infusão: Em meio litro d'água, ferver quatro gramas de cravinhos. Dose: Uma colher de três em três horas. Tintura: Em 100 gramas de álcool a 80° amolecer 20 gramas de cravinhos. Dose: de 3 a 8 gramas diárias, misturadas com água-de-flor-de-laran-jeira. No uso externo se recomenda a tintura em fricções para combater a paralisia e a fraqueza muscular. Esta medicação abaixa a temperatura durante o estado normal. Acalma momentaneamente a dor de dentes, mas é um remédio nada recomendável. Botânica oculta: Planta quente e seca. Colhe-se quando o Sol está em Peixes ou quando a Lua está em Câncer. A essência dos cravinhos se usa em vários trabalhos de magia negra. Associada ao fósforo, atrai as larvas, pois deles se nutrem consideravelmente. Se um hipnotizador, durante o seu trabalho, conserva na boca um cravo de especiaria, aumentará sobremodo sua força nêurica. A essência dos cravinhos se emprega em determinados trabalhos de magia sexual. CULANTRILHO (Adianthum capillus). - Conhecido pelo nome de Culantrilho-do-poço. E um feto que cresce nas paredes dos poços e nas fendas de rochas úmidas. Emprega-se fresco, pois logo perde suas propriedades curativas. Facilita a expectoração e acalma as dores do peito. Favorece o aparecimento das regras. Usa-se em loções para tonificar o couro cabeludo, pois evita a raiz em pó é boa contra a solitária; cozida em vinho, abre as obstruções do baço, cura a melancolia, provoca as regras e evita a concepção. Botânica oculta: Esta planta simboliza a humildade. Tem abundantes aplicações na Magia Negra. Destrói os pesadelos, afasta o raio e atua contra os feitiços. No livro Traité des Superstitions, do erudito J. B. Thiers, se fala extensamente desta planta. É obra que data do século XVII. Dela transcreveremos somente aquilo que faz referência ao enfeiti-çamento do feto colhido na noite de vésperas de São João. Reza o seguinte: "Na véspera de São João, ao dar os primeiros toques das doze horas, colocareis uma toalha nova de linho ou cânhamo, ainda não servida, debaixo dum arbusto de feto que de antemão já deveis ter escolhido e benzido em "Nome do P+ai, em Nome do Fi+lho e em Nome do Espí-rito+Santo, Amém", para que o demônio não levante obstáculos contra vossa empresa. Ao começar o trabalho, traçareis um círculo mágico ao redor da planta, colocando- se dentro dele as pessoas que tomem parte na cerimônia, cujo número há de ser de uma ou três. Uma vez dentro de dito círculo, deve-se recitar a ladainha dos anjos, em voz alta, a fim de obrigar o demónio a retirar-se, o qual, apesar disso, pretenderá assustar os oficiantes para que não consigam seu propósito; mas, ao ouvir a ladainha, ipso facto, as entidades infernais se retirarão daquele lugar. Terminada a ladainha angélica, recolher-se-á a semente e se procederá, com toda equidade, à sua repartição, procurando que não surjam disputas nem se origine descontentamento pois, se assim fosse, a semente do feto perderia grande parte de suas virtudes". Em seguida vem citada a ladainha dos anjos, por ordem hierárquica. As invocações sobem a setenta e duas. Enumeram-se em seguida as virtudes maravilhosas do feto, que são muitíssimas, das quais citamos algumas: "Toda pessoa que tiver esta semente, se com ela tocar outra pessoa com o propósito de causar-lhe algum mal, ou se tocar com ela alguma mulher para satisfazer com ela qualquer desejo luxurioso, pecará mortalmente. A semente tem a virtude contra todo espírito maligno que se tenha apossado duma pessoa (homem, mulher ou criança) para o que basta tocá-la com dita semente, concentrando toda vontade em querer curá-la. Tocando com ela com fé inquebrantável uma pessoa que se ache doente ou desconsolada, esta sarará e encontrará o consolo necessário. Tantas são as virtudes que esta semente tem, que só mesmo a pessoa que a possui é que pode informar a respeito". Em seu Dictionnaire Infernal Collin de Plancy d i z : "Ninguém ignora os meios diabólicos de que os bruxos se valem para obter os grãos de feto. No dia vinte e três de junho, véspera de São João Batista, depois de haver jejuado durante quarenta dias, colhem nesta noite os grãos desta erva, que não tem tronco nem flor e que renasce da própria raiz; o espírito maligno zomba destes miseráveis bruxos, aparecendo-lhes durante a noite, em meio a uma tempestade violenta, sob uma forma horrível para amedrontá-los mais". O autor continua, explicando o modo de conseguir a maravilhosa semente, cujo modus operandi pouco varia daquilo que já conhecemos. Planeta: Saturno. Signo zodiacal: Sagitário. FIGUEIRA (Ficus carica). — Desta árvore usam-se os frutos e a casca verde. Os figos secos são emolientes e peitorais. Curam os calos, bastando para isto ficar com um aberto durante dias. Aplicados sobre os tumores da boca, abranda-os e resolve. A casca fresca detém as hemorragias nasais. Por isso é preciso cortá-la e a massa resultante se aplica nas fossas doentes. Botânica oculta: Com as folhas desta árvore se coroava Saturno e entre os romanos era uma árvore sagrada. Os gregos a dedicaram a Mercúrio; os espartanos, a Baco. Na índia era consagrada a Vishnu. Um ramo de figueira colhido sob o aspecto planetário conveniente acalma a fúria dos touros. A sicomancia constituía uma adivinhação com as folhas da figueira. Escrevia-se a pergunta numa folha e, de acordo com o tempo que levava para secar, concluía-se o vaticínio. O fruto branco pertence a Júpiter e Vênus. O fruto negro, a Saturno. Signo zodiacal: Aquário. FUNCHO (Foeniculum vulgare). ~ Suas propriedades medicinais são muito parecidas às do anis; os frutos do funcho e as pontas exalam um cheiro agradável; são carminativos e muito úteis na atonia digestiva, acompanhada de histerismo e hipondria, e são indicados também para as cólicas nervosas das crianças. Estes frutos constituem um dos melhores medicamentos para aumentar a secreção do leite. As folhas se empregam tanto exterior como interiormente como resolutivos; a raiz se usa como diurética e sua casca, como aperitivo. Infusão: Em meio l i t ro d'água, ferver 10 gramas de material. Tapar, deixar esfriar e coar. Dose: De quatro a cinco calicezinhos por dia. Botânica oculta: Quente e úmido. Signos zodiacais: Peixes ou Aquário. GATUNHA (Ononis campestris). — Conhecida com o nome de unhas-de-gato, em virtude dos espinhos desta erva, que arranham como as unhas do animal. É aperitiva e possui qualidades estomacais. Usam-se as raízes em decocto. Em meio litro d'água, ferver 15 gramas de material esfarelado. Botânica oculta: Colhida sob a conjunção de Marte e Júpiter, esta erva constitui um poderoso talismã contra os acidentes infelizes e também contra as ciladas de toda espécie, contra os ladrões, evita as rixas, etc. Planetas: Marte e Júpiter. GENCIANA (Gentiana lutea). — Emprega-se para combater o artritismo, a clorose, a debilidade do estômago, as escrófulas, as febres intermitentes, a gota e para expulsar as lombrigas intestinais. Usa-se em infusão, em tintura ou em vinho, segundo a doença que se tem que combater. Contra as febres intermitentes, a infusão é a seguinte: Em meio litro d'água, ferver três gramas de raiz esfarelada. Dose: Quatro xicarazinhas por dia. Contra o artritismo, a gota e as lombrigas, usa-se a tintura. Tintura: Durante vinte dias, deixar amolecer 20 gramas de raiz esfarelada em 100 gramas de álcool a 90 graus. Dose: de 3 a 9 gramas, em três vezes, com vinho generoso. Contra as escrófulas, a clorose e a debilidade do estômago, emprega-se o seguinte vinho: Durante uns dias, deixar amolecer 30 gramas de genciana esfarelada em 650 gramas de álcool a 90P; acrescentar, depois, um litro de um bom vinho generoso e ao término de quinze dias filtrar. Dose: Três calicezinhos por dia, antes das refeições principais. Botânica oculta: Quente e seca. A espécie que cresce nas montanhas era utilizada pelos antigos Rosa-Cruzes, em suas cerimonias. É dedicada a São Pedro. Planeta: Sol. Signo zodiacal: Leão. GIRASSOL (do grego: Hélios/Sol e írópo/girar). — Botânica oculta: Conforme seu nome indica, esta flor se vira para seguir o curso do sol. É consagrada a Apoio e constitui uma das doze plantas mágicas da antiga Fraternidade Rosa-Cruz. Se magnetizarmos uma sonâmbula e lhe entregarmos uma flor de girassol com uma boa parte do seu caule, a sonâmbula adquirirá uma extraordinária visão orgânica interna (metagnose) que lhe permitirá fazer revelações tão surpreendentes como verídicas. Além disso, possuirá uma faculdade especial para a interpretação dos sonhos (onirocrítica). Planeta:Sol. Signo zodiacal: Leão. HELÉBORO NEGRO (Helleborus niger). - Conhecido com os nomes de erva-de-Natal, erva-do-infemo e rosa-do-fogo. É um purgante violento, sendo, além disso, vermífugo e emenagogo. Seu emprego terapêutico é perigoso, pelo que o leigo não deve fazer uso dele. Botânica oculta: O Heléboro negro é uma das plantas mais usadas pelos bruxos. Sua raiz, colhida na hora de Saturno, é lançada sobre brasas vivas, quando se evocam entidades infernais. Pendurado no pescoço duma criança, um pedaço de sua raiz preserva-a do feitiço chamado mau- olhado. Se estiver com mau-olhado, o sortilégio desaparecerá de pronto (Agrippa). Além do heléboro negro existe o heléboro verde e o heléboro branco, cujas propriedades não julgamos oportuno nem útil detalhar. HISSOPO (Hyssopus officinalis). — Desta planta aromática, usam-se as folhas e as pontas. Devido às suas propriedades estomacais, é indicada para combater a debilidade digestiva e a gastralgia. Presta um grande serviço nas cólicas flatulen-tas. Por sua propriedade estimulante, usa- se para despertar o apetite. Visto que é anticatarral e expectorante, dá excelentes resultados nos catarros crônicos dos pulmões. Emprega-se em gargarejos para curar as anginas. Seu uso é muito conhecido na facilitação dos partos. Em loções se emprega para curar os golpes, as feridas, as contusões. Sua infusão se prepara da seguinte maneira: Em meio l i t ro d'água ferver 8 gramas de folhas e pontas. Dose: Vários cálices por dia, pois seu uso não oferece perigo. Sol e Leão. INCENSO (Incensum). — Goma-resina que se extrai do luniperus thurifera e que chega da África em forma de lágrimas ou grãos de diversos tamanhos. No comércio é conhecido com o nome de incenso macho, aquele que emana diretamente da árvore. O que é extraído artificialmente leva o nome de incenso fêmea. O primeiro é o mais apreciado, chamado também olíbano. Em terapêutica se usa exteriormente, em pó, que se aplica sobre as úlceras malignas. Com ele se fazem também emplastos para corrigir os entorses e contra toda espécie de golpes. Emprega-se igualmente em defumações, dirigindo suas emanações para os membros afetados de reumatismo. As fumigações podem ser substituídas por panos de flanela bem perfumados e aplicados quentes. Botânica oculta: Segundo a mitologia, Leucotoe, fi lha de Arcano e de Eurínoma, entregou- se ao seu amado Apoio. O pai da filha, ao tomar conhecimento do fato, enfureceu-se e enterrou-a viva. Então o deus Sol, para honrá-la, converteu-a em uma arvorezinha que dava o incenso; e foi este o perfume que todos os templos adotaram em suas festas religiosas. Por conseguinte, esta essência tem sido usada já na antiguidade mais remota para a purificação do ambiente dos templos e para o culto divino. Em nossos dias conserva ainda os mesmos usos; mas vem sendo melhorado, misturando-o com benjoim, almíscar, estoraque, âmbar e outras drogas solares. Com tudo isto se forma um perfume mágico, quando seu pó é lançado sobre brasas vivas. Eis as doses que entram na preparação do incenso empregado no ritual cristão: 7 partes de incenso macho; 3 partes de estoraque; 3 partes de benjoim; 2 partes de sementes de zimbro. Reduz-se a pó, mistura-se e passa-se por um tamis. Esta preparação se emprega também nas evocações teúrgicas. Recomendamo-lo na celebração das sessões espíritas, principalmente quando se trata de comunicações com os seres do Além. Planetas: Sol e Júpiter. Signo zodiacal: Leão. IPECACUANHA (Cephaelis ipecacuanha). — Desta planta se utiliza unicamente a raiz. Determina hipersecreção das glândulas do aparelho digestivo e provoca o vomito depois de molestas náuseas e abundante salivação, deixando em seguida uma depressão passageira. Administra-se como vomitivo em pó e a dose é de 1,50 gramas em papéis de 50 centigramas, tomando-os cada quarto de hora com água morna. É muito útil na indigestão gástrica e no princípio de um envenenamento. Fluidifica a expectoração na bronquite capilar e a pneumonia com acumulação de exsuda-ção. É um excelente remédio contra a disenteria aguda. "Decocto por curta ebulição e infusão consecutiva durante doze horas de 2 a 6 gramas de ipecacuanha em 300 gramas de água. O mesmo sedimento pode servir três dias seguidos. Toma-se o líquido em três vezes durante o dia" (Arnozán). Planetas: Lua e Sol. ÍRIDE (íris, Iride). — Ignoramos se possui aplicações terapêuticas. Botânica oculta: Suas flores, como o arco-íris, simbolizam a paz. Colhidas na hora de Vênus, têm uma virtude muito notável. Se, durante o sono de um menino ou menina virgens, se coloca debaixo do travesseiro um raminho destas flores, terão sonhos proféticos, com uma certeza tal que suas indicações podem ser tomadas ao pé da letra. Vênus em Libra. JACINTO (Hyacinthus orientalis). — Não se usa em medicina. Contudo, num livro célebre de segredos, do século XVI, intitulado Secreti di Don Alessio Piamontesen, novamente stampati, lemos que "o suco da raiz do jacinto impede o desenvolvimento do sistema piloso e retarda a puberdade". Diz, ainda, que "a raiz, fervida, cura os turnores dos testículos". Para obter jacintos no inverno: De setembro a novembro se enchem uma garrafa com água que deve ser do tamanho dos bulbos da planta. Dispõem-se estes bulbos de tal modo que a coroa, ou seja o ponto por onde saem as raízes, toque o nível da água, a qual será renovada de vinte em vinte dias, jogando dentro um pouco de sal amoníaco a fim de que não se corrompa. Este cultivo proporciona um agradável entretenimento, pois os jacintos, ostentando a beleza de suas flores durante o inverno, quando não existem nos jardins, constituem uma agradável surpresa para quem ignora a maneira de obtê- los. O cultivo se reduz ao que foi dito e ao proporcionar-lhes luz e ar de vez em quando. Planetas: Sol e Vênus. JUNÍPERO (Juniperus communis). — As bagas deste arbusto são excelentes diuréticos. Por isso são recomendáveis contra os cálculos renais e na hidropisia. Igualmente anti-catarrais e modificadoras das secreções no catarro da bexiga e na blenorragia. São de resultados eficazes no combate à asma e à bronquite e é muito conhecido seu uso contra os cálculos do fígado. Em doses muito elevadas, irrita as vias urinárias. Emprega-se em infusão. Em meio litro d'água ferver 10 gramas de bagas moídas. Dose: quatro chicarazi-nhas por dia. Com a essência do fruto se combate o reumatismo crônico. Estas bagas empregam-se também na fabricação do licor chamado "genebra", jogadas sobre brasas vivas, purificam o quarto de um doente. Botânica oculta: Um ramo deste arbusto afugenta as cobras, pois traz consigo e de vários modos o signo exotérico da Trindade. Queimado com incenso, seu grão não só purifica o ambiente de miasmas como afasta as entidades maléficas do plano astral e cura os possessos. Planeta: Vênus. Signo zodiacal: Gêmeos. KOUSO (Brayera anthelmintica). - Esta árvore, chamada Kouso ou Kousa, cresce na Abissínia. Utilizam-se suas inflorescências femininas, dessecadas e pulverizadas. Estas flores são purgantes, mas sua propriedade mais notável é a de expulsar a tênia. A melhor maneira de empregá-la é pelo sistema de infusão, que se obtém do seguinte modo: Em 250 gramas de água, ferver 20 gramas de material reduzido a pó. Em seguida deixar amornar e toma-se toda a mistura. Se ao término duma hora o medicamento não produziu efeito, tomar-se-á um purgante. O óleo de rícino é o mais indicado. Botânica oculta: Árvore sagrada dos hindus. Indispensável em todos os atos da vida religiosa e ascética. Tem propriedades magnéticas poderosas e é um veículo universal. Secas e pulverizadas e lançadas sobre brasas vivas, suas flores desprendem emanações que ajudam eficazmente o desenvolvimento das forças psíquicas e facilitam enorme-mente o aperfeiçoamento mediúnico. Planeta: Sol. planta chamada Mandrágora, tais como a de fecundar as mulheres estéreis e a de atrair toda sorte de venturas. As mais prodigiosas destas raízes eram as que tinham sido borrifadas com a urina de um enforcado, mas não podiam ser arrancadas sem morrer e, para evitar esta desgraça, inundavam a terra ao redor da raiz, atavam a ponta de uma corda de cânhamo nela e a outra ponta no pescoço dum cachorro preto, no qual aplicavam uns bons golpes de látego para que, ao fugir, arrancasse a raiz. O pobre animal morria nesta operação; enquanto isto, o feliz mortal que possuía a raiz era dono de um poderoso talismã, um tesouro inestimável, embora com isto não conseguisse tudo". Planeta: Saturno. Signo zodiacal: Capricórnio. 2 - Têm os sonhos significado? Têm que ter, como todos os fenômenos e acontecimentos. Originam-se e manifestam-se por alguma razão e, obedecendo a uma causa, respondem a ela tão fatalmente como a queda dos corpos ou um feito qualquer. Rafael Urbano. "No sonho o homem pode conhecer e receber sabedoria. Dormindo, podem ser previstas as coisas futuras." Santo Tomás, na Summa Theologica. MARROIO-BRANCO (Marrubium vulgare). -Tem propriedades estimulantes e reconstituintes. Além disso, é laxante, diaforético e um bom tônico digestivo. Dá resultados muito bons nas afecções respiratórias, na tosse rebelde e na tuberculose. Aplica-se contra o histerismo, a clorose, as calentu-ras e para ajudar os partos. Seu uso prolongado combate a obesidade. Administra-se em infusão. Em meio litro d'água, ferver 10 gramas de material triturado; deixar esfriar e coar. O suco desta planta, aplicado em unturas, detém a queda dos cabelos. Botânica oculta: Colhe-se sob o signo zodiacal de Virgem. MEIMENDRO NEGRO (Hyosciamus niger). - Quente e seco. Tem muitos usos em medicina, mas só anotaremos uns poucos, por ser uma planta algo perigosa, razão porque somente os médicos devem usá-la. Vejamos um azeite excelente para a cura do reumatismo articular e das neuralgias: Pôr em banho-maria 25 gramas de folhas novas de meimen-dro negro num l i tro de um bom azeite de ol iveira e deixar até que se evapore a água de vegetação do material. Aplicar sobre a parte doente, cobrindo-a com um lenço de lã, preso com uma ligadura. As sementes desta planta se usam em defumações para acalmar a dor de dentes e curar as frieiras. O cheiro do meimendro negro, respirado por algum tempo, produz um profundo entorpecimento. Botânica oculta: O humo de suas sementes colhidas e queimadas na hora de Saturno provoca rixas, discussões violentas. Bruxos malvados se aproveitam das propriedades maléficas do meimendro negro para produzir a loucura e, às vezes, a morte, atuando à distância e com toda a impunidade. Esta planta faz parte da pomada com que as bruxas se untavam para assistir ao conciliábulo. Esta receita infernal é melhor que permaneça ignorada. Tem sido publicada unicamente no livro Pactum, hoje em dia felizmente muito raro. MELISSA (Melissa officinalis). — Conhecida sob o nome de erva-cidreira. Emprega-se contra o histerismo e a hipocondria; nos estados espasmódicos, desfalecimentos, vertigens, enxaquecas e na atonia estomacal. Seu uso mais corrente se dá por infusão. Em meio litro d'água ferver cinco gramas da planta, esfarelada. Dose: Um cálice cada hora ou mais, segundo os casos. Emprega-se em loções para curar a fraqueza da vista; produz excelentes efeitos em chagas e feridas. Botânica oculta: As sibilas dos templos de Cumas, de Delfos, da Eritréia, da Líbia e de outros lugares se serviam, para despertar sua inspiração, de uma beberagem dinâmica na qual entrava a melissa em sua maior parte. Segundo uma antiga tradição, se pendurarmos um raminho inteiro no pescoço de um boi, o animal seguirá obedientemente por todas as partes onde tiver sido colocada. Planetas: Sol e Júpiter. MERCURIAL (Mercurialis annua). — Emprega-se a planta fresca. É laxante e, em grandes doses, purgativa. Além disso, bom diurético recomendado na hidropisia. Aconselha-se também nas lombrigas intestinais e nas hemorróidas incipientes. Detém a secreção do leite das lactantes. As pessoas de estômago delicado deveriam abster-se do uso desta planta. Emprega-se o sumo: de 10 a 20 gramas. Dose: Como laxantes, de 5 a 10 gramas, pela manhã, em jejum. Para as demais afecções, de 3 a 4 gramas diárias, diluídas em água açucarada e distribuídas em três tomadas. Em clisteres: 125 gramas de mercurial. Água fervendo, 1 000 gramas. Depois de repousar duas horas, acrescentar 1 000 gramas de mel branco. Botânica oculta: Fria e úmida. Seu suco, em decocção, facilita a concepção dum filho, se a mulher, durante cinco dias, empregou a planta macho; ou de uma filha, se utilizou planta fêmea. Planeta: Lua. Signo zodiacal: Virgem. MIL-FOLHAS (Achillea Millefolium). - A raiz tem um cheiro alcanforado; administra-se em infusão com 20 gramas por litro d'água, preparando-a no momento de ser ministrada, pois se altera com o contato com o ar. As folhas e flores são adstringentes; úteis nas hemorróidas, hemorragias uterinas e nas hemoptises. As folhas, em decocto, aplicam-se exteriormente para cicatrizar as feridas. Planetas: Sol e Lua. Signo zodiacal: Câncer. MIRRA (Myrrha Commyfora abissynica). — Em terapêutica, tem um campo muito reduzido. Usa-se geralmente em pó, que se aplica sobre as úlceras cancerosas e, em defumação, para desinfetar o quarto de um doente. Botânica oculta: Esta resina fragrante, diz a Mitologia, foi produzida pelas lágrimas da deusa Mirra, que se uniu incestuosamente com seu pai e concebeu o gentil Adônis. Segundo Van Helmot, a mirra diluída em álcool e tomada em determinadas doses, prolonga a vida e evita uma infinidade de doenças. Usa-se extraordinariamente a mirra em diversos trabalhos tanto teúrgicos como goéticos. A seguinte composição é a dum excelente perfume mágico, muito recomendável durante a execução de qualquer trabalho de alta magia: 150 gramas de mirra; 100 gramas.de estoraque; 100 gramas de benjoim; 100 gramas de incenso; 50 gramas de cascarilha. Queima-se sobre um pequeno vaso metálico, borrifando a composição com álcool de 90 graus. Planeta: Vênus. MORANGUEIRO (Fragaria vesca). - Planta que produz uma fruta doce e fragrante, de todos conhecida, o morango. Desta planta aproveitam-se em terapêutica os frutos e as raízes. O xarope de morango é empregado como refrescante e é indicado contra a icterícia e o mal-de-pedra. Para combater as disenterias, diarréias, hemorragias e gonorréias, que não apresentem caracteres graves, emprega-se um decocto de raízes desta planta. Em meio litro d'água, ferver 20 gramas de ditas raízes. Botânica oculta: Com as folhas do morangueiro fazem-se uns cinturões que preservam das picadas das cobras. Planeta: Júpiter. Signo zodiacal: Peixes. MURTA (Myrtus communis). — Recomenda-se para cicatrizar contusões e chagas. Aplicada externamente, usa-se em pó ou decocto. Isto se verifica da seguinte maneira: Em meio litro de água, ferver 10 gramas de folhas e frutos de murta, durante quinze minutos. Aplicam-se sobre o mal compressas de algodão, bem ensopado no líquido. Os vapores de sua infusão, aspirados pela boca, curam a enxaqueca. Dessecado, pulverizado e confeitado com clara de ovo, o fruto detém os vômitos, quando colocado em forma de emplasto sobre o estômago. Botânica oculta: A murta foi consagrada a Vênus e aos deuses penates. É o emblema da compaixão. Os galhos, folhas e frutos desta planta, quando completamente secos, esfarelam-se e se misturam com ramos de cipreste, igualmente secos; queimam-se num braseiro e, ao produzir-se a chama, joga-se sobre uma pequena quantidade de incenso macho. Obtêm-se assim uns perfumes mágicos de grande valor para atrair as entidades do astral. Emprega-se a murta em diversos trabalhos de magia erótica. Fria e seca. Planeta: Vênus. Signo zodiacal: Touro. MUSGO (Fucus purpureus). — Emprega-se contra as lombrigas das crianças. Administra-se em pó, na dose de 1 a 2 gramas, antes dos 3 anos; de 2 a 5 gramas, depois dos cinco anos. Pode ser também administrado em decocto em água ou leite, na dose de 5 a 15 gramas. Em decocção, detém a queda dos cabelos; reforça a dentadura e corta os fluxos de sangue. Planeta: Saturno. NABO (Brassica napus). — Cozido debaixo de cinzas e aplicado atrás das orelhas, acalma a dor de dentes. Para acalmar a coceira das frieiras, apliquem-se cataplasmas de nabo descascado e cozido. Contra o catarro, a bronquite e a tosse ferina, emprega-se a raiz em decocção. Com esta raiz condimenta-se uma sopa excelente para as pessoas que sofrem inflamação dos intestinos. Planeta: Lua. Signo zodiacal: Capricórnio. NARCISO (Narcissus pseudonarcissus). - Tem qualidades antiespasmódicas, adstringentes, eméticas e febrífugas. Emprega-se nas tosses nervosas e na coqueluche. Usado externamente, é um bom emenagogo. As flores dessecadas rapidamente conservam sua cor amarela; neste caso são antiespasmódicas e narcóticas. Conta-se o caso duma senhora de Valenciennes que padecia de grandes convulsões e que, ao deixar em seu quarto um grande número de flores de narciso, conseguir passar várias noites consecutivas sem o menor incomodo; e no dia seguinte depois de ter retirado as flores, os ataques se repetiram. Segundo os antigos, a água destilada de sua raiz aumenta consideravelmente a secreção de esperma. Em loção, endurece os seios. Botânica oculta: Frio e seco. Os antigos dedicaram a flor do narciso às Fúrias e a Plutão. Quem o leva consigo atrai a amizade das virgens. Planeta: Vênus. Signo zodiacal: Touro e Leão. NOGUEIRA (Juglans regia). — As folhas frescas, em infusão, são um excelente remédio para combater as escrófulas e a icterícia. Obtém-se a infusão, fervendo-se 10 gramas de folhas em meio litro d'água. As injeções vaginais curam as flores brancas (leucorréia). Em loção, evita a queda dos cabelos. O cheiro das folhas atrai as pulgas. Planeta: Lua. Signo zodiacal: Sagitário. OLIVEIRA (Olea europea). — A flor e o fruto (azeitona) acham-se somente nos talos que têm dois anos. Em terapêutica empregam-se as folhas e a casca. O azeite tem também diversas aplicações. A infusão de folhas e casca de oliveira é excelente para lavar toda espécie de chagas. Para expulsar as lombrigas intestinais se tomará uma chávena diária, em jejum. Obtém-se a infusão, fervendo-se 10 gramas de material esfarelado, em meio litro d'água. Passadas as primeiras fervuras, deixar esfriar e coar. O azeite puro de oliveira é um laxante excelente. Com ele se cura a prisão de ventre mais rebelde, tomando-se, em jejum, uma colher do azeite, durante algum tempo. Do mesmo modo, os que padecem de cólicas hepáticas e de nefrite encontram um acentuado alívio neste singelo remédio. Além disso, o azeite puro de oliveira, misturado com gema de ovo e aplicado em queimaduras, acalma prontamente a dor. Botânica oculta: Os antigos consagraram a oliveira à deusa Minerva. Um ramo de oliveira é o emblema da paz. O azeite é um condensador poderoso da luz; é de grande utilidade na medicina e se emprega em diversos trabalhos mágicos. Se for escrita a palavra ATHNA com tinta celeste (3) sobre uma folha de oliveira e se esta folha for atada à cabeça, desvanece-se toda espécie de inquietude, mau humor e idéias funestas. Planeta: Júpiter, Signo zodiacal: Peixes. TANCHAGEM (Plantago major). — As folhas desta erva são adstringentes e de uso popular em gargarejos para curar as inflamações da boca e, em loção, as dos olhos. Além disso, atuam como um bom peitoral nos catarros dos brônquios. Aplicadas diretamente (bem trituradas), cicatrizam as úlceras e as feridas em geral. O decocto se prepara da seguinte maneira: Em meio l i t ro d'água, durante vinte minutos se fervem 10 gramas de folhas trituradas. A raiz é boa contra enxaqueca. Tomada com vinho, é um contraveneno do ópio. Reduzida a pó impalpável e misturada com vinho, a semente atalha a disenteria. Botânica oculta: Quente e algo úmido. A planta inteira, trazida junto, preserva de malefícios. Áries e Leão. Sol. Colhe-se quando o Sol e a Lua estão em Câncer ou então quando está em Peixes e a Lua em Câncer. URUPÈ (Polyporus officinalis). — Gênero de fungos que nascem no tronco de várias árvores. É vermífugo, peitoral e emenagogo. Além disso é purgante que produz cólicas muito violentas. Desconhecemos suas propriedades mágicas. É quente, entre seco e úmido. Planeta: Lua. 3 - A forma desta tintura se encontra no Enchiridion Leonis Papae, etc. (Ver original, pág. 172).
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