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Bioq Clinica - Carboidratos, Notas de estudo de Biomedicina

Material de carboidratos

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 14/10/2010

nathalie-adamoglu-mendonca-6
nathalie-adamoglu-mendonca-6 🇧🇷

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Baixe Bioq Clinica - Carboidratos e outras Notas de estudo em PDF para Biomedicina, somente na Docsity! Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações Carboidratos CARBOIDRATOS s carboidratos são as fontes mais importantes de energia do organismo. São poliidroxia l- deídos ou poliidroxicetonas, ou ainda, substâncias que por hidrólise formam aqueles compostos. São classificados como: monossacarí dios, oligossaca- r ídios e pol issacarídios. Os monossacarídios são açúcares s imples constituídos por uma única unidade poliidroxia l- deídica ou cetônica contendo 3 a 9 átomos de carbono, sendo o principal combustível para a maioria dos seres vivos. Os mais freqüentes no homem são a glicose, frutose e galactose , todos com seis átomos de carbono. Os oligossacarídios são formados por l igações glicosídicas de dois ou mais (até dez) monossaca- rídios. Apesar da grande variedade de combin a- ções poss íve is , são t rês os mais importantes neste contexto: maltose, composta de duas moléculas de glicose; sacarose, formada por uma molécula de glicose e uma de frutose; e lactose, const i tu ída por uma molécula de glicose e uma de galactose. Os pol issacarídios são carboidratos de elevada massa molecular formados por mais de dez unid a- des monossacarídicas. O amido (forma de armaze- namento para a glicose nos vegetais) é o principal polissacarídio da dieta. É consti tuído por uma mistura de dois polissacarídios: amilose e amilo - pect ina. A amilose é composta por unidades repe- t i t ivas de glicose, unidas por l igações α-1,4 (ca- deias lineares). A amilopectina é uma estrutura ramificada que além dos laços α-1,4, possui liga- ções α-1,6 nos pontos de ramificação. O gl icogê- n io é a mais importante forma de polissacarídio de armazenamento para a glicose nos animais. Sua estrutura é similar à amilopectina. Os carboidratos da dieta fornecem a maior parte das necessidades calóricas do organismo. A dieta média é composta de amido, sacarose e la c- tose. O glicogênio, maltose, glicose e frutose, pre - sentes em certos alimentos, constituem uma fração menor dos carboidratos ingeridos. Antes da absorção dos carboidratos pelas cé- lulas do intest ino delgado, é essencial que os po- l issacarídios e ol igossacarídios sejam hidrolizados em seus componentes monossacarídicos. Este desdobramento ocorre seqüencialmente em dife- rentes locais do sistema digestório por uma série de enzimas. O amido e o glicogênio são degradados pela enzima α-amilase (salivar e pancreática) for- mando maltose e isomaltose. Estes dois produtos são hidrolizados em glicose por enzimas ligadas à membrana da borda em escova intestinal: maltase e isomaltase . Portanto, esta hidrólise ocorre na superfície das células da mucosa intestinal. Outras enzimas, que atuam na interface da luz e da cé- lula, são: sacarase , que hidrolisa a sacarose em glicose e frutose; a lactase , que fornece glicose e galactose a part ir da lactose. Os principais monossacarídios obtidos por hidrólise (glicose, frutose e galactose) são absor- vidos do lúmem para as células e levados ao fí - gado pelo sis tema porta. A gl icose no f ígado é metabolizada ou armazenada como glicogênio. O fígado também libera glicose para a circulação sistêmica, tornando-a disponível a todas as células do organismo. A frutose e galactose são t ransfor- madas em outros compostos de acordo com as necessidades homeostát icas ou convert idas em glicose, a forma usual de açúcar circulante. A concentração de gl icose no sangue é regu- lada por uma complexa interrelação de muitas vias e modulada por vários hormônios. A glicogênese é a conversão de gl icose a gl icogênio, enquanto a gl icogenól ise é o desdobramento do glicogênio em glicose. A formação de glicose a partir de outras fontes não-carboidratos, como aminoácidos, glice- rol ou lactato, é chamada gl iconeogênese. A con- versão da glicose ou outras hexoses em lactato ou O Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações Diabetes mellitus tipo 1 (Imuno-mediado). Este tipo compreende 5 -10% de todos os casos de diabetes mellitus. Os sintomas são: poliúria, poli- dipsia, polifagia, perda inexplicada de peso, irri- tabilidade, infecção respiratória e desejo de bebi- das doces. O aparecimento, em geral, é de forma subaguda ou aguda em indivíduos com menos de 20 anos. Estes pacientes tem deficiência de insu- lina e são dependentes da mesma para manter a vida e prevenir cetoacidose. Quando não tratada, surgem náuseas, vômitos, desidratação, estupor, coma e, finalmente, a morte. O diabetes do tipo 1 é caracterizado pela destruição das células β do pâncreas, levando a uma deficiência total de insu- lina pancreática. Apresenta a presença de anticor- pos an t i-insulina, anti-i lhotas e ant i-GAD (descar- boxilase do ácido glutâmico). Além do mecanismo auto-imune este diabetes pode ser idiopático. Diabetes mellitus tipo 2. Ao redor de 80-90% de todos os casos de diabetes correspondem a este tipo. Ocorre, em geral, em indivíduos obesos com mais de 40 anos, de forma lenta e com história familiar de diabetes. Estes pacientes apresentam sintomas moderados e não são dependentes de insulina para prevenir cetonúria . Nestes casos os níveis de insulina podem ser: normais, diminuídos ou aumentados . É caracterizada pela relativa defi- ciência pancreática, ou de predominante deficiê n- cia pancreática com relativa resistência à ação insulínica. Raramente apresenta cetoacidose dia- bética Outros tipos específicos de diabetes. § Defei tos genéticos das células β: MODY 1, MODY 2, MODY 3 e outros. São formas raras de diabetes t ipo 2. (MODY = Maturity onse t type of d iabetes of youth). § Defei tos genét icos da ação da insul ina: diabe- tes l ipo-atrófico, leprechauismo, síndrome de Rabson-Mendenhall, resistência à insulina A e ou t ros . § Doenças do pâncreas exócrino: pancreati tes, trauma/pancreatectomia, neoplasia, hemocro- matose, pancreatopatia, fibrocalculosa e outras. § Endocrinopat ias: acromegalia, síndrome de Cushing, glucagonoma, feocromocitoma, s o - matostinoma, hipertireoidismo e out ras . § Induzido por drogas ou substâncias químicas: vacor – veneno de ra to – pentamidine, ácido nicotínico, glicocorticóides, t iazídicos, hor- mônios t i reoideos, agonistas β-adrenérgicos e out ras . § Infecções: rubéola congênita, citomegalovírus e out ras . § Formas incomuns de diabetes imuno-mediado: síndrome de “Stiff-man”, anticorpos antire- ceptores de insul ina e outros . § Outras s índromes genét icas associadas ao diabetes: s índrome de Down, síndrome de Klinefelter, síndrome de Turner, síndrome de Lawrence-Moon-Beidel, coréia de Huntington, síndrome de Prader-Willi e outras. Diabetes mellitus gestacional. É a intolerâ n- cia aos carboidratos de intensidade variada (dia- betes e intolerância diminuída à glicose), dia- gnost icada pela primeira vez durante a gravidez podendo ou não persist ir após o parto. Estima -se que esta anormalidade seja encontrada entre 1- 20% das grávidas. No entanto, somente ao redor de 3% é diabetes mellitus gestacional verdadeira. Em pacientes diabéticas grávidas, o controle insa- t isfatório da glicose está associado com alta inci- dência de morte intra -uterina e má formação fetal. Tolerância à glicose alterada e hiperglicemia estão relacionadas com o aumento na incidência de ma- crossomia fetal e hipoglicemia neonatal. Na maio- ria destes casos, a resposta ao TOTG (teste oral de tolerância à glicose, v. adiante) volta ao normal depois da gravidez, no entanto, ao redor de 50% destas pacientes desenvolvem diabetes mell i tus nos se te anos segu in tes . INVESTIGAÇÃO LABORATORIAL O diagnóstico dos distúrbios no metabolismo da glicose depende da demonstração de alterações na Carboidratos concentração de gl icose no sangue. As várias d e- sordens do metabolismo dos carboidratos podem es ta r associadas com (a) aumento da glicose plas- mática (hiperglicemia); (b) redução da glicose plasmática (hipoglicemia) e (c) concentração nor- mal ou diminuída da glicose plasmática acom- panhada de excreção urinária de açúcares reduto- res diferentes da glicose (erros inatos do metabo- lismo da glicose). Os seguintes testes laboratoriais invest igam alguns destes dis túrbios . GLICOSE PLASMÁTICA EM JEJUM A determinação da glicemia é realizada com o paciente em jejum de 12-14 h. Result ados normais não devem excluir o diagnóstico de distúrbios metabólicos dos carboidratos. Os cri térios para a avaliação em homens e mulheres não-ges tan tes são : Normais: até 110 mg/dL Glicemia de jejum inapropriada: de 110 a 126 mg/dL Diabéticos: acima de 126 mg/dL O valor de 126 mg/dL foi estabelecido pois níveis superiores provocam alterações microvas - culares e elevado r isco de doenças macrovascula- res . GLICOSE PLASMÁTICA PÓS-PRANDIAL DE DUAS HORAS A concentração da gl icemia duas horas após a ingestão de 75 g de gl icose em solução aquosa a 25% (ou refeição contendo 75 g de carboidratos) é de considerável utilidade na avaliação do diabetes. Normalmente, após a ingestão de carboidratos, a gl icose sangüínea tende a retornar ao normal den- t ro de duas horas . Após duas horas da sobrecarga , os valores de glicemia plasmática ≥200 mg/dL são considerados diagnósticos de diabetes mell i tus. Níveis entre 140 e 200 mg/dL são encontrados na “tolerância à glicose alterada” (v. adiante) . Os indivíduos nor- mais, que se submetem a esta prova, apresentam teores glicêmicos ≤140 mg/dL. Entretanto, medi- cações, agentes químicos, desordens hormonais e dietas devem ser considerados ao examinar estes resultados. Além disso, os valo res tendem a cre s - cer com a idade (10 mg/dL por década de vida, após a idade de 40 anos) . Deste modo, concentra- ções acima de 200 mg/dL podem ser encontradas em indivíduos idosos que não apresentam diabe- t e s . TESTE DE O´SULLIVAN O teste de O´Sullivan é empregado para detectar o diabetes gestacional e deve ser realizado entre 24 ª e a 28 ª semana de gestação. À paciente em jejum é administrada 50 g de glicose em solução aquosa a 25% por via oral. O sangue é colhido após 1 hora. Resultados iguais ou superiores a 140 mg/dL indi- cam a necessidade de um teste completo. TESTE ORAL DE TOLERÂNCIA À GLICOSE (TOTG) Medidas seriadas da gl icose plasmática, nos tem- pos 0, 30, 60, 90 e 120 minutos após administra- ção de 75 g de glicose anidra (em solução aquosa a 25%) por via oral fornece um método apropriado para o diagnóst ico de diabetes. Apesar de mais sensível que a determinação da glicose em jejum, a TOTG é afetada por vários fatores que resulta em pobre reproducibilidade do teste (Tabela 7.1). A menos que os resul tados se apresentem nit id a- mente anormais, a TOTG deve ser realizada em duas ocasiões diferentes antes dos valores serem considerados anormais. As crianças devem receber 1,75 g/kg de peso até a dose máxima de 75 g de glicose anidra. A TOTG é indicada nas seguintes s i tuações: § Diagnóstico do diabetes melli tus gestacional (neste caso, é empregado o TOTG modificado, v. adiante). § Diagnótico de “tolerância à glicose alterada” (ex.: em pacientes com t eores de glicemia plasmática em jejum entre 110 e 126 mg/dL). Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações § Avaliação de pacientes com nefropatia, neuro- patia ou retinopatia não explicada e com gli- cemia em jejum abaixo de 126 mg/dL. Tabela 7.1. Fatores que afetam a TOTG A n t e s d o t e s t e D u r a n t e o t e s t e Inges tão de carboidra tos Pos tu ra Tempo de je jum Náusea Cirurgia digestória Ansiedade Tiazidas Cafeína Es t rogên ios Tabagismo Fen i to ína Horár io do dia P r o p r a n o l o l Atividade Cor t icoes teró ides Quantidade de glicose ingerida Idade Inat ividade Peso Estresse (cirurgia, infecção) Para garantir a f idelidade nos resultados dos testes de tolerância à glicose, os seguintes cuid a- dos devem ser tomados: § Nos três dias que antecedem a prova, o paci- ente deve ingerir, pelo menos, 150 g de carboi- dra tos . § O paciente deve estar exercendo suas ativid a- des f ís icas habituais , mantendo-se em regime alimentar usual, exceto pela adição da quanti- dade de carboidratos indicada no item anterior. § Durante o teste, o paciente deve se manter em repouso e sem fumar. § O paciente não deve estar usando medicação que interfira no metabolismo dos carboidratos. § A prova deve ser realizada pela manhã com o paciente em jejum de 8-10 horas. CRITÉRIOS PARA O DIAGNÓSTICO DOS ESTADOS HIPERGLICÊMI COS O diagnóstico do diabetes mell i tus depende da demonstração de hiperglicemia. Para o diabetes do t ipo 1, a hiperglicemia aparece adruptamente, é severa e está acompanhada de distúrbios metabó- licos. No diabetes mellitus do tipo 2 o diagnóstico deve ser cuidadoso pois as a l terações da gl icose podem ser moderadas. A seguir, os cri térios de diagnóstico normalmente aceitos: Diabetes mellitus em homens e mulheres não-grávidas. Qualquer dos achados a seguir é diagnóst ico: § Sintomas e sinais de diabetes (polidipsia, p o- liúria, emagrecimento, astenia, distúrbios vis u- ais e outros) e elevação casual (sem observar o jejum) de glicose plasmática (≤200 mg/dL). § Glicose plasmática em jejum de oito horas ≥126 mg/dL confirmado por um segundo teste. § Glicose plasmática ≥200 mg/dL durante a TOTG aos 120 minutos após a sobrecarga. Glicemia de jejum inapropriada ( Impaired fasting glucose ou IFG). É definida pela gli- cemia em jejum igual ou maior que 110 mg/dL, mas menor que 126 mg/dL. Tolerância à glicose diminuída (I mpaired glucose tolerance ou IGT). É definida por glicose plasmática pós-prandial de duas horas (ingestão de 75 g de glicose anidra) maior que 140 mg/dL, mas menor que 200 mg/dL. Diagnóstico do diabetes gestacional. Os indí- cios de diabetes gestacional incluem uma forte histó- ria familiar de diabetes, idade superior a 30 anos, história de gravidez com recém-nascidos grandes para a idade gestacional ou com mais de 4 kg, uma história inexplicada de morte fetal ou morte neonatal, história de diabetes gestacional, presença de hipertensão ou pré-eclâmpsia, história de reprodução dificultada, macrossomia ou polidrâmnio na gravidez atual. Achados clínicos suspeitos incluem obesidade ou ganho de peso na gravidez atual, glicosúria, infecções recorrentes por monília. O teste tolerância à glicose e os critérios dia - gnósticos são l igeiramente diferentes em gestan- tes. Nestes casos, administra -se 100 g de glicose e as amostras de sangue são colhidas nos tempos 0, Carboidratos outros constituintes inorgânicos e sobrevém redu- ção do volume de sangue circulante. O aumento na produção de corpos cetônicos estabelece uma aci- dose metabólica com hipercalemia associada. Aci- dose láctica e uremia pré -renal podem também estar presentes. As principais características labo- ratoriais da cetoacidose são: § Hiperglicemia, geralmente >300 mg/dL. § Acidose metabólica com aníons indeterminados elevados, pH sangüíneo <7,30 e bicarbonado <15 mmol/L. § Cetonemia e cetonúria (diluição >1:2) § Hiperpotassemia. § Hiperfosfatemia. Dois outros dados de interesse bioquímico di- zem respeito a amilase e a creatinina: § Elevações da amilasemia são comuns durante a cetoacidose diabética e como estes pacientes muitas vezes apresentam dor abdominal, são real izados diagnósticos errôneos de pancreati te aguda. § Os níveis de creatinina estão elevados em vir- tude da des idratação, mas também porque o acetoacetato interfere positivamente na reação de Jaffé. Pacientes com cetoacidose diabética apresen- tam polidipsia, poliúria, cefaléia, náusea, vômitos e dor abdminal. CORPOS CETÔNICOS Os corpos cetônic os consis tem de acetoacetato, β-hidroxibutirato e acetona, sendo formados no fígado a partir do acetil CoA derivado da oxidação dos ácidos graxos l ivres provenientes do tecido adiposo. Quando ocorre redução na uti l ização de carboidratos (ex.: diabetes melli tus) ou falta de carboidratos na dieta (ex.: inanição) acontece um aumento na produção de corpos cetônicos, levando a um acúmulo dos mesmos no sangue que exce- dem a capacidade dos tecidos periféricos em me - tabolizá -los. Os corpos cetônicos estão presentes no sangue na seguinte proporção: β-hidroxibutirato (78%), acetoacetato (20%) e acetona (2%). No diabetes severo, a relação β-hidroxibutirato/acetato pode atingir, ao redor de 8:1 dependendo da presença de NADH suficiente que favorece a produção de β-hidro xibutirato. Teores anormalmente elevados de corpos ce- tônicos no sangue ( cetonemia) ultrapassam o um- bral renal provocando o aparecimento de cetonú- ria . O acúmulo destes compostos no sangue leva à cetoacidose (acidose metabólica). O d iabetes e o consumo de á lcool são as causas mais comuns de cetoacidose. Quando os tecidos não conseguem metabolizar completamente os corpos cetônicos formados pelo excesso de produção, tem-se uma acidose metabó- lica. A acidose é parcialmente compensada pela hiperventilação, com redução da pCO2 . Na aci- dose, também, o H + desloca-se para o interior das células enquanto o K + deixa o espaço intracelular. Nenhum dos métodos laboratoriais detectam simultaneamente os três corpos cetônicos no san- gue ou urina. Os mais comuns detectam so mente o acetoacetato não reagindo com o β-hidroxibutirato. Este fato pode produzir uma situação paradoxal. Quando um paciente apresenta inicialmente cetoacidose, o teste para cetonas pode estar levemente positivo. Com a terapia, o β-hidroxibutirato é convertido em acetoacetato parecendo que a cetose está mais intensa . O teste para detectação de cetonas na ur ina é recomendado no diabetes t ipo 1: (a) durante crises agudas ou es t resse; (b) quando os teores de gl i - cose ultrapassam 240 mg/dL; (c) durante a gravi- dez; (d) ou quando os s intomas de cetoacidose estão presentes. Estes testes na urina são descritos no capítulo “Função renal”. A quantif icação da acetona, acetoacetato e β- hidroxibutirato é realizada por colorimetria, enzi- mologia, cromatografia gasosa ou eletroforese capilar. Os consti tuintes avaliados na cetoacidose dia - bética além da glicose e corpos cetônicos, são: (a) o Na + que pode estar normal ou inicialmente baixo; (b) o K+ que pode estar normal mas, em Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações geral , está elevado; (c) a uréia apresenta valores aumentados devido a desidratação. A gasometria arterial apresenta o CO2 total reduzido, às vezes abaixo de 5 mmol/L nos casos severos. Outros resultados de gasometria indicam acidose metabó- lica com diminuição compensatória da pCO2 . SÍNDROME HIPEROSMOLAR NÃO- CETÔNICA Esta condição ocorre mais frequentemente em pacientes idosos com diabetes do tipo 2. A deficiência insulínica promove efeitos sobre o metabolismo dos carboidratos como na cetoacidose diabética, mas na forma menos severa, permitindo uma menor cetogênese. Além disso, pode existir comprometimento da função renal em pacientes idosos, levando a grandes perdas de água e eletrólitos. A hiperglicemia severa desenvolve desidra- tação profunda e osmolalidade bastante alta, mas sem cetose ou acidose. Esta condição apresenta-se com as seguintes características bioquímicas: § Hiperglicemia (>500 mg/dL). § Osmolalidade sérica bastante elevada: >320 mosmol/kg. § Acidemia mínima ou ausente: pH sangüíneo >7,30 e bicarbonato plasmático >15 mmol/L. § Cetonemia: negativa. Os fatores precipitantes da síndrome hiperos- molar não-cetônica são os mesmos descri tos para a cetoacidose diabética (v. acima). LACTATO SÉRICO E NO LIQUOR O ácido láctic o, um intermediário no metabolismo dos carboidratos, é proveniente do músculo es - quelético, cérebro e eritrócitos. A concentração de lactato sangüíneo é dependente da sua produção e degradação no f ígado e r ins. Ao redor de 30% do lactato formado é utilizado no fígado, predomi - nantemente na gliconeogênese (ciclo de Cori) para a produção de gl icose. Aumentos moderados na formação de lactato resultam no incremento da depuração do lactato hepát ico; no entanto, a cap- tação fica saturada quando as concentrações e xce- dem 2 mmol/L. Por exemplo, durante o exercício intenso, as concentrações de lactato podem au- mentar significativamente - de uma média de 0,9 mmol/L para mais de 20 mmol/L em apenas 10 segundos. Não existe uniformidade quanto aos teores de lactato que caracterizam a acidose lác- tica. Níveis de lactato excedendo 5 mmol/L e pH sangüíneo <7,25 indicam acidose láctica. A acidose láct ica se apresenta em duas condi- ções c l ín icas diversas : Tipo A (hipóxica). Este é o t ipo mais comum. Associada com a redução de oxigenação tecidual (h ipóx ia) encontrada em exercícios severos, con- vulsões, pobre perfusão tecidual (hipotensão, in - suficiência cardíaca, parada cardíaca), conteúdo de oxigênio arterial reduzido (asfixia, hipoxemi a, toxicidade pelo monóxido de carbono e anemia severa). Tipo B (metabólica). Associada com doença (diabetes melli tus, neoplasmas, hapatopatia, aci- dose respiratória, insuficiência renal e sepse). Drogas/ toxinas/ infusões (etanol, metanol, salici- latos, nitroprussiato, fenformin, catecolaminas, frutose e sorbitol) . Acidose láct ica congêni ta: defeitos na gliconeogênese (deficiência de glicose 6-fosfatase ou piruvato carboxilase), no metabo- lismo do piruvato (deficiê ncia da piruvato desi- drogenase), fosforilação oxidativa mitocondrial. O mecanismo da acidose láctica tipo B não é conhecido, mas acredita-se que o defeito primário seja o impedimento mitocondrial na utilização do oxigênio. Is to reduz os estoques de ATP e NAD+, com acúmulo de NADH e H+. Em presença de perfusão hepática reduzida ou enfermidade hepá- tica, a remoção do lactato é diminuída provocando o agravamento da acidose láctica. O teor de lactato no LCR normalmente varia de forma paralela aos encontrados no sangue. Em alterações bioquímicas no LCR, entretanto, o lac- tato altera de forma independente dos valores san- güíneos. Níveis aumentados no LCR são encon- trados em acidentes cerebrovascular, hemorragia Carboidratos intracraniana, meningite bacteriana, epilepsia e ou t ras desordens do SNC. Na miningite asséptica (viral), os níveis de lactato no LCR não elevam. Valores de referência: no soro: 5,5 a 22,0 mg/dL. No l iquor: 11 a 19 mg/dL. Na avaliação laboratorial da acidose láctica também são encontrados os seguintes resultados: § Acidose metabólica: bicarbonato plasmático <20 mmol/L (pode chegar a 5 mmol/L). § Lactato plasmático: bastante elevado. § Hiperosfatemia. DOENÇA RENAL Ao redor de 10-25% dos pacientes tratados com doença renal terminal apresentam nefropatia diabética. Isto é provocado basicamente por doença dos pequenos vasos sangüíneos associada ao diabetes que se manifesta inicialmente pela proteinúria e síndrome nefrótica. Subsequentemente, a função renal declina com elevação da uréia e creatinina plasmática, eventualmente levando à insuficiência renal. A avaliação da concentração da microalbuminúria é útil para detectar esta desordem precocemente. MICROALBUMINÚRIA Microalbuminúria (pequenas quant idades de a l- bumina e não pequenas moléculas) designa a ex- creção aumentada de albumina urinária não de- tectável pelas tiras reativas empregadas rotineira - mente. É excretada em pequenas quantidades por diabéticos com nefropatia com redução da filtração glomerular. A determinação da microal- buminúria permite a detecção de complicações renais, permitindo o retardamento da evolução pela estabilização dos níveis de glicemia. É con- siderada importante quando se observa uma taxa de excreção de albumina (TEA) de 20 a 200 µg/min ou de 30 a 300 mg/d em dois terços das amostras durante seis meses. A presença de microalbuminúria em diabéticos tipo 1 sugere maior risco de contrair nefropatia diabética. Nos diabéticos tipo 2, um teor de albumina >0,02 g/d é um fator de r isco para acidentes cardiovasculares e infarto do miocárdio. A determinação da microalbuminúria é recomendada nos seguintes casos : § Detectação precoce de nefropatia diabética. § Monitoramento do diabetes gestacional . § Monitoramento de gravidez de risco. A urina empregada neste teste deve ser colhida por um período de 12 h ou 24 h com o paciente em repouso, pois ocorre um aumento significativo na TEA em diabéticos, após esforço ou exercícios exaustivos. Em geral, a microalbuminúria é determinada por métodos imunoturbidimétricos, nefelométricos ou de imunodifusão radial. HIPERLIPIDEMIAS NO DIABETES MELLITUS As anormalidades lipídicas associadas com o diabetes mellitus incluem: § Hipertrigliceridemia. A deficiência insulínica inibe a enzima lipase lipoprotéica reduzindo a metabolização das VLDL. Além disso, ocorre aumento na síntese hepática das VLDL estimulada pela liberação de ácidos graxos (lipólise do tecido adiposo) parte dos quais, são convertidos em triglicerídios e VLDL no fígado. § Hipercolesterolemia. O diabetes tipo 2 e a intolerância à glicose são comumente associados à hipercolesterolemia. HIPOGLICEMIA A hipoglicemia é uma condição médica aguda caracterizada pela concentração da glicose san- güínea abaixo dos l imites encontrados no jejum (<50 mg/dL em adultos e <40 mg/dL em recém- Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações nio. Estes métodos foram abandonados por sua complexidade e sofrerem ação de interferentes. O-Toluidina. A determin ação da glicose pela o -toluidina é a mais específica entre os métodos químicos; entretanto, o seu emprego tornou-se muito restri to depois que esta substância foi cla s- sificada como carcinogênica. A o -toluidina é uma amina aromática que condensa com o grupo aldeí- dico da glicose em solução de ácido acético a quente para formar uma mistura em equilíbrio de uma glicosilamina e a correspondente base de Schiff . Após rearranjos e reações, ocorre o desen- volvimento de cor verde-azulada cuja absorvância é medida em 630 nm. A o -toluidina reage com outras hexoses, como a galactose e a manose. As pentoses, como a xilose, reagem com a o-toluidina para formar cor laranja, com absorvância máxima em 480 nm. O método da o-toluidina sofre interfe -rências da bilirrubina que, em teores elevados, apresenta valores falsamente aumentados de glicose já que pode ser parcialmente convertida no pigmento bil iverdina de cor verde. A turvação na solução final como em presença de lipemia, causa result a- dos falsamente elevados. Métodos enzimáticos. Empregam enzimas como reativos e são os mais utilizados atualmente em razão da grande especificidade pela glicose. Eles medem a glicose verdadeira e não os com- p o s t o s redutores. São simples e rápidos de executar, além de necessitar pequenos volu mes de amostra. Os dois sistemas enzimáticos mais empregados são: glicose oxidase, hexoquinase e glicose des idrogenase. Gl icose oxidase. É altamente específica para a β-glicose. Em presença do oxigênio, a enzima converte a β-glicose a ácido glicônico e peróxido de oxigênio. Em uma segunda reação, a enzima peroxidase decompõe o peróxido de hidrogênio em água e oxigênio. Este último oxida – em pre- sença da peroxidase – um cromogênio aceptor de oxigênio (como o o-dianosidina) para formar um produto colorido lido fotometric amente. Elevadas concentrações de ácido úrico, bilirrubina ou ácido ascórbico inibem a segunda reação por competição do cromogênio pelo H2 O2 produzindo falsos re - sul tados reduzidos. Muitas destas interferências são el iminadas pelo uso de 4-aminofenazona (método de Trinder). A concentração de glicose também é determi- nada por polarograf ia . Este método emprega um eletrôdo de O 2 e glicose oxidase produzindo ácido glicônico e peróxido de hidrogênio a partir da glicose. A catalase desdobra o peróxid o de hidro- gênio. A quant idade de O2 consumido é medida pelo eletrôdo de O 2 e está diretamente relacionada aos teores de gl icose nas amostras . O método de glicose oxidase foi adaptado para uma grande gama de instrumentos automatizados. No sistema de reativ o seco DT Vitros a glicose oxidase está presente em um filme de múltiplas camadas associado a um indicador similar ao e m- pregado pelo método de Trinder. A intensidade da cor f inal é medida através da redução da transpa- rênica do filme por espectrofotometria de refle- xão. Hexoquinase. O emprego da hexoquinase apre- senta algumas vantagens sobre a glicose oxidase e é adotada em alguns países como o método de referência para a determinação de glicose. Este método consiste de duas reações acopladas: (a) a glicose é fosforilada pelo ATP pela ação da hexo- quinase; (b) a glicose 6-fosfato resul tante é con- vertida pela glicose 6-fosfato desidrogenase, na presença de NADP + , em 6-fosfogliconolactona e NADPH. O NADPH formado é proporcional à quantidade de glicose na amo stra e é medido em 340 nm. Apesar da hexoquinase também fosforilar outras hexoses , esses carboidratos não estão pre- sentes em concentrações suficientemente altas nas amostras para interferir. A hemólise interfere com o sistema hexoquinase pois os eritrócit os contém glicose 6 -P desidrogenase e 6 -fosfogliconato des i- drogenase que empregam NADP+ como substrato. Glicose desidrogenase. A glicose desidro -ge- nase catal isa a redução de NAD+, produzindo gli- conolactona e NADH que pode ser monitorado em 340 nm. Sofre in terferências da D-xilose e da manose, que raramente são encontradas em teores significativos. Carboidratos HEMOGLOBINA GLICADA Em adultos, os eritrócitos normais contém hemo- globina A (97% do total), HbA2 (2,5%) e HbF (0,5%). Por diferentes métodos eletroforét icos e cromatográficos, foram detectadas sub-frações da hemoglobina A, identificadas como HbA1 a , HbA1b e HbA1 c e, coletivamente, denominadas hemoglo- b inas g l icadas (hemoglobinas g l icos i ladas ou gl ico-hemoglobinas). A fração HbA1 c consti tui , aproximadamente 80% da HbA. As hemoglobinas gl icadas são obt idas pela adição espontânea de glicose ao grupo amino l ivre das proteínas hemo- globínicas por reações não-enzimát icas. Os conte- údos des t a s sub -frações aumentam com a idade dos eri trócitos . O estudo destas hemoglobinas é realizado, principalmente, pela medida da sub-fração HbA l c em pacientes com diabetes mellitus. Esta avalia- ção indica o controle metabólico do paciente nas 8 a 10 semanas precedentes ao tes te , enquanto a gl icose sangüínea reflete o controle somente das 24 horas anteriores. A HbA1 c é monitorada a cada três ou quatro meses em diabéticos estáveis e, em cada um ou dois meses, em diabéticos com pobre controle glicêmico. Grávidas diabéticas (especi- almente do tipo 1) são avaliadas uma a duas vezes ao mês para um controle mais efetivo. A terapêu- tica insulínica é ajustada nos pacientes diabéticos se a hemoglobina glicada ultrapassar 10%. Na monitoração de diabéticos, variações de 2% entre duas avaliações, é considerada clinicame nte signi- ficante e indicativa de um melhor ou pior controle glicêmico. Este tes te não é adequado para o acompanha- mento de pacientes diabéticos portadores de h e- moglobinopatias, pois a presença de variantes da hemoglobina provocam redução da meia -vida das hemáciais e, portanto, do tempo de exposição da hemoglobina às variações dos teores de glicose circulante, diminuindo o percentual de hemoglo- bina gl icada. Nestes casos é recomendado o acompanhamento destes pacientes pela dosagem da fructosamina. DETERMINAÇÃO DA HEMOGLOBINA GLICADA Paciente. Não necessita jejum para a coleta. Amostra. Sangue total colhido em tubo contendo EDTA, oxalato de potássio -fluoreto de sódio. O sangue pode ser armazenado em refrigerador por uma semana. Amostras heparinizadas devem ser ensaiadas no máximo em dois dias. Métodos. A hemoglobina glicada é determinada por três categorias de métodos baseados no modo como os componentes gl icados e não-glicados são separados . São separados de acordo com: (a) dife- renças de carga (cromatografia de troca iônica, cromatografia líquida de alta execução, eletrofo- rese, focalização isoelétrica), (b) reatividade quí - mica (colorimetria e espectrofotometria) e (c) diferenças estruturais (cromatografia por afin i- dade e imunoensaio). Microcolunas. A HbA l c é determinada, funda- mentalmente, por cromatografia por afinidade. Neste método, a amostra é aplicada a uma coluna t rocadora de íons e os subcomponentes gl icados eluídos com um tampão de baixa força iônica. As hemoglobinas restantes são, então, eluídas com tampão de alta força iônica. As frações são quanti- ficadas em espectrofotometria (em 415 nm). Este método é afetado por variações na temperatura, mas apresenta boa precisão. As variantes da h e- moglobina como HbF, HbS ou HbC desenvolvem interferência mínima. Eletroforese. A separação eletroforética da hemoglobina A 1 está baseada na capacidade do N - terminal livre da hemoglobina não-glicada em interagir com grupos carregados negativamente. Valores de referência : estão entre 5 a 8% da HbA total em indivíduos normais e variam entre 8 a 30% em pacientes com diabetes, dependendo do grau de controle de glicemia. Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações FRUCTOSAMINA É o nome genérico de proteínas cetoaminas. É análoga a hemoglobina glic ada e com meia -vida ao redor de 2 a 3 semanas, o que a torna de grande utilidade no monitoramento a curto prazo como um índice de controle glicêmico do diabético, particularmente em pacientes portadores de hemo- globinopatias, por não sofrer interferências de variantes das hemoglobinas. O ácido ascórbico exerce interferência positiva sobre o teste. O teste é sensível à var iações nos teores das proteínas séricas, isto é, pacientes exclusivamente nutridos por via parenteral apresentam nít idas variações na concentração da fructosamina, apesar de glicemia normal estável. Há um aumento de 1,3% da fructosamina plasmática para cada 0,3 g/dL de aumento nos teores de proteinemia. Esta- dos hipoproteinêmicos (albumina sérica <3,0 g/dL) podem produzir resultados falsamente bai- xos para os níveis de fructosamina sérica. Valores de referência: 1,8 a 2,8 mmol/L. ERROS INATOS DO METABOLISMO DOENÇAS DO ARMAZENAMENTO DO GLICOGÊNIO O glicogênio é sintetizado e armazenado principalmente no fígado e músculo. As doenças do armazenamento são erros inatos raros do metabolismo dos carboidratos provocados pela deficiência ou redução na atividade de uma ou mais das muitas enzimas envolvidas. Uma das características deste grupo de doenças é a anormalidade no armazenamento do glicogênio, geralmente em quantidades aumentadas e, as vezes, com estrutura anormal. Pode ocorrer também hipoglicemia, alterações dos lipídios sangüíneos, hiperuricemia e acidose láctica. A mais comum das doenças do armazenamento do glicogênio é a Cori tipo IV, devido a deficiência da fosforilase quinase. Glicogênio com estrutura normal acumula, fundamentalmente, no fígado e músculo. A doença de von Gierke (Cori tipo I) é provocada pela deficiência de glicose 6-fosfatase; o glicogênio acumulado no fígado, rins e intestino também apresenta estrutura normal. Pode também desenvolver hipoglicemia profunda. GALACTOSEMIA O fígado é o principal local de conversão da galactose em glicose. Três defeitos genéticos que alteram o metabolismo da galactose são descritos: (a) deficiência das enzimas UDP-glicose:galactose 1-fosfato uridiltransferase, (b) galactoquinase ou (c) UDP- galactose 4-epimerase. Estes defeitos causam o aumento da galactose sérica e urinária. A galactosemia é uma doença rara (2 para cada 100.000 nascimentos). O defeito mais comum e mais severo é motivado pela deficiência UDP- glicose:galactose 1-fosfato uridiltransferase, que se manifesta no período neonatal ou primeira infância por vômitos acompanhados de hipoglicemia. A deficiência de galactoquinase não se manifesta clinicamente no período neonatal e pode não ser diagnosticada até o desenvolvimento de catarata. Crianças com testes positivos para substâncias redutoras na urina devem ser submetidas à análise destes compostos na urina por cromatografia. Caso forem identificadas, a galactose e a galactose 1-fosfato devem ser medidas no soro. A confirmação do diagnóstico é obtida pela medida das atividades de enzimas eritrocitárias. GLICOSÚRIA: CAUSAS VARIADAS Várias condições promovem glicosúria pela presença de substâncias diferentes da glicose na urina. Intolerância hereditária à frutose. O fígado é o principal sítio de conversão da frutose em glicose. A deficiência da frutose 1-fosfato aldolase causa o acúmulo intracelular da frutose 1-fosfato. Vômitos e hipoglicemia ocorrem após a ingestão de alimentos contendo frutose, geralmente a sacarose. A idade do aparecimento da anormalidade depende do tipo de alimentação e da severidade do defeito. A maioria dos pacientes desenvolvem uma forte aversão à sacarose. O teste de tolerância à frutose é empregado nesta investigação. Pacientes com esta deficiência mostram pronunciada e prolongada redução dos teores de glicose e fosfato após a administração de frutose. Também apre- sentam frutosúria. A cromatografia urinária confirma a presença de frutose.
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