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Gestos - e-Postura - Para - Falar - Melhor, Notas de estudo de Biologia

APOSTILA - APOSTILA

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 12/11/2010

fabio-cabral-9
fabio-cabral-9 🇧🇷

4.8

(9)

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Pré-visualização parcial do texto

Baixe Gestos - e-Postura - Para - Falar - Melhor e outras Notas de estudo em PDF para Biologia, somente na Docsity! 1 GESTOS E POSTURA PARA FALAR MELHOR REINALDO POLITO ISBN 85-02-00294-5 Dados de Catalogação na Publicação (CIP) Internacional (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Polito, Reinaido. Gestos e postura para falar melhor / Reinaido Polito. – 8ª ed. - São Paulo : Saraiva, 1990. ISBN 85^02-00294-5 1. Comunicação não-verbal 2. Falar em público 1. Título. Índices para catálogo sistemático: 1. Arte de falar em público : Retórica 808-51 2. Brasil : Gestos : Comunicação não verbal 001.560981 3. Expressão corporal : Comunicação não verbal 001.56 4. Gestos : Comunicação não-verbal 001.56 Supervisão editorial: José Lino Fruet Copy-desk: Eneida Célia da Silva Gordo Produção dos originais: Rosélys Kairaila Eid Revisão de texto: Louzã de Oliveira, Raquel Tinei Stein Programação visual: Fátima Giiberti Produção gráfica: João Batista Ribeiro Coordenação de ilustrações: Shirley Martins Nogueira Revisão de provas: Ana Lúcia C. Franca, Isabel Rebelo, Sandra Valenzueia, Teresa Cristina J. Costa Arte final: Carmem Lúcia Simões Escada Capa: Osvaldo Marchesi Ilustração: Cristina Ribeiro Lopes Arte fotográfica: Toao Sato (Jorge) Fotos: Agência Estado, Agência Folhas Composição: Aldo Moutinho de Azevedo, Sandra Cipoli Revisão de fotolito: Liberato Verdile Junior editora SARAIVA Av. Marquês de São Vicente, 1697 CEP 01 139 - Barra Funda Tei.: PABX (Oll)826-8422 Caixa Postal 2362 - Telex: 1126789 FAX: (Oll)826-0606 São Paulo SP 2 Distribuidores Regionais Bauru: (Ol42) 34-@3 Goiânia: (O62) 225-2882 Rio Branco: (O68) 224 3432 Belém: (G9l) 222-9034 Maceió: (O82) 221 9559 Rio de Janeiro: (O2l) 201 7149 Belo Horizonte: (O3l) 461-9962 Manaus: (O92) 234-4664 Salvador: (O7l) 244-0139 Brasília: (O6l) 226^3722 Natal: (O84) 222 2569 São Luis: (O98) 222-0107 Campo Grande: (O67)382-3682 Porto Alegre: (05l2)43-2986 Uberlândia: (O34) 236-4107 Cuiab : (O65) 321 5073 Porto Velho: (O69) 221 9405 Vitória: (O27) 227 5670 Curitiba: (04l) 234-2622 Recife: (O8l) 231-1764 Fortaleza: (O85) 231-7881 Ribeirão Preto: (Ol6) 634 0546 A Rosélys LEIA TAMBÉM, DO MESMO AUTOR. ‘Como Falar Correctamente e Sem Inibições’ SUMARIO Prefácio ..................................................................... 6 Pouco mais de duas palavras .................................................. 7 CAPITULO I - ELEMENTOS INTRODUTIVOS DA POSTURA E DA GESTICULAÇÃO.............. 9 A NATURALIDADE .................................................. 9 NERVOSISMO: CAUSA OU CONSEQUENCIA? ............................. 10 A INTERDEPENDENCIA ............................................. 12 O TAMANHO E A INTENSIDADE DO GESTO ............................. 13 A POSTURA ANTES DE FALAR ....................................... 14 CAPITULO II - AS PERNAS..................................................... 15 OS ERROS MAIS COMUNS .......................................... 15 1. Movimentação desordenada ........................... 15 2. Apoio incorreto .................................... 16 3. Cruzamento dos pés em forma de "X" ................. 16 4. Animal enjaulado ................................... 17 5. A gangorra ......................................... 17 6. O pêndulo .......................................... 18 7. A rigidez .......................................... 18 8. Canguru saltitante ................................. 18 9. Cruzar e descruzar ................................. 18 10. Espreguiçadeira .................................... 19 11. O vaivém ........................................... 19 A POSIÇÃO CORRETA EM PÉ ........................................ 19 A POSIÇÃO CORRETA SENTADO ...................................... 21 OS SAPATOS ..................................................... 21 AS CALÇAS ...................................................... 21 FALAR EM PÉ OU SENTADO? ........................................ 22 CADA CASO É UM CASO ............................................ 22 CAPITULO III - OS BRAÇOS E AS MÃOS.......................................... 23 OS ERROS MAIS COMUNS ......................................... 23 1. Mãos atrás das costas ................................ 24 2. Mãos nos bolsos ...................................... 25 INDICE DE IDÉIAS........ccccctccccttccceeeaees era aa carrear ceras caraca 87 BIBLIOGRAFIA DIDATICA 93 6 PREFACIO Reinaldo Polito trilha, com muita competência, o árduo caminho do pioneirismo a partir da iniciativa de criar um curso de expressão verbal há 13 anos, o que teve muito da ousadia dos empreendedores. E deu certo, graças ao conhecimento da matéria e ao domínio das técnicas de oratória que ele possui. Prova disso são os resultados alcançados pelos primeiros alunos, que foram avalistas para os demais. Agora, Polito nos presenteia com este Gestos e postura para falar melhor, obra unica no género e de indispensável utilização para todos aqueles que precisam ou desejam comunicar-se mais corretamente e ser mais facilmente ouvidos e entendidos. Gestos e postura para falar melhor abre um mundo novo no assunto porque diz e mostra o que e como fazer atravás de uma linguagem simples e de um amplo painel fotográfico que ilustra os vários capítulos do livro. "Lembre-se de que a sua postura e as suas atitudes antes de falar poderão predispor o ânimo dos ouvintes de forma favorável ou contrária a sua apresentação." Este alerta de Polito, logo nas primeiras páginas, nos leva a entender a importância dos gestos na comunicação, o que ele confirma com exemplos de famosas figuras do passado e da atualidade do mundo político, artístico e empresarial, como Paulo Autran, Juscelino, Tancredo Neves e Ulysses Guimarães, entre outros. Com menor ou maior ênfase, o significado de cada gesto - com a intensão do orador e o que é sentido pelos ouvintes - está explicado com uma clareza que demonstra não apenas o conhecimento do autor, mas, também, a sua preocupação em pesquisar e interpretar visualmente o falado e o mostrado. O que mais apreciamos no livro foi a forma simples e direta como cada detalhe é explicado e como cada gesto é traduzido. Gestos e postura para falar melhor é um curso completo sobre o assunto, permitindo que cada leitor possa aprender, bastando o livro e um espelho. Ele é util até para os mais experientes oradores, quer aqueles de aptidões naturais, os oradores autodidatas, quer aqueles que buscam o aprimoramento na arte de falar mesmo que já tenham lido o livro Como falar corretamente e sem inibições ou concluído o curso completo de expressão verbal, do próprio Reinaldo Polito. E, para aqueles que pensam que, por ser assunto importante, a sua leitura será dificil, devemos ressaltar uma qualidade ainda pouco conhecida do autor: ele é bem-humorado. O assunto é sério, mas o leitor terá sempre um sorriso nos lábios, umas vezes por se identificar com as situações ou personagens descritas, outras pela leveza do texto, que se alternam com exemplos mais sérios: "Conta Josué Montello no seu admirável Anedotario geral da Academia Brasileira que José Maria Paranhos, futuro Visconde de Rio Branco, possuía na tribuna um cacoete: erguia o braço, dedo indicador em riste, nos momentos em que parecia mais arrebatado. E diz que, o próprio orador deu esta explicação ao seu gesto: 'Quando a idéia não vale por si para ir bastante alto, trato de suspendê- la na ponta do dedo' ". A arte de falar bem, corretamente e sem inibições, dominando gestos e postura para falar melhor, é tema da intimidade e competência de Reinaldo Polito. Disso são testemunhas os milhares de alunos que já passaram por seus cursos em dezenas de turmas, uma das quais tivemos a satisfação de paraninfar. Conhecemos de perto o complexo mundo da comunicação verbal, que tem sido considerada matéria-prima das atividades empresariais e políticas, principal- mente destas, onde a identificação de parlamento é uma correta tradução da necessidade de se conversar, buscando entendimento. O falar é instrumento importante para ofertas e propostas comerciais, para propostas de projetos políticos, assim como o é, também, para a compreensão e harmonia das pessoas nas relações humanas em todos os ambientes, em todos os 7 momentos. Com este Gestos e postura para falar melhor você terá condições de se apresentar em publico, falando para poucos ou muitos ouvintes, sem correr o risco de trocar os pés pelas mãos, evitando que seus gestos interpretem de forma diferente aquilo que você está falando ou que você se sinta como tendo mais mãos do que gostaria na hora em que estiver discursando. Agora, faça o seu primeiro gesto correto: vire a página e comece a leitura do melhor! Guilherme Afif Domingos POUCO MAIS DE DUAS PALAVRAS Estou muito feliz com a realização deste trabalho. Quando comecei a escrever este livro, prometi a mim mesmo que iniciaria assim esta apresentação, mas só o faria se, depois de analisá-lo rigorosamente (não com os olhos de uma coruja que vê os seus filhos), concluísse que honestamente estava convencido de que os leitores conseguiriam aprender a posicionar-se e a gesticular, estudando atentamente cada um dos capítulos. Concluída a obra, revi cada item detidamente e senti que seria possível a qualquer pessoa de boa vontade, depois da sua leitura, penetrar os segredos da arte da postura e da gesticulação. Esse parecer foi ratificado quando Rosélys Kairalla Eid, a quem aproveito para agradecer, ao fazer a preparação dos originais nas incansáveis noites indormidas, interpretando meus "hieróglifos" em frente das teclas do computador, executou cada gesto recomendado, isolando sua experiência e agindo como se fosse leiga no assunto, e constatou que era possível executá-los. Em muitos momentos precisei resistir há tentação de discorrer mais profundamente sobre determinados temas, para não avançar em outros tópicos da arte de falar e permanecer nos limites da gesticulação e da postura. Aqueles que desejarem estudar a Expressão Verbal de forma mais abrangente poderão recorrer há leitura da minha obra Como falar corretamente e sem inibições – Editora Saraiva. Quando me lancei na aventura de escrevê-lo, não imaginava, nem de longe, os obstáculos que teria de enfrentar. Sabia apenas que era uma tarefa necessária, que precisaria ser realizada. Objetivando mostrar como as técnicas recomendadas possuem aplicação prática, decidi colocar ilustrações com fotografias das mais diversas personalidades que fizeram e fazem a história do nosso país, tiradas no momento em que executavam o gesto indicado. Para isso fui obrigado a pesquisar mais de 200000 fotografias nos arquivos disponíveis nos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S.Paulo. Além das fotografias dessas personalidades, incluí outras por mim mesmo interpretadas, mostrando, no detalhe, as posturas, os gestos e os movimentos importantes, num paciente trabalho do fotógrafo Toao Sato (Jorge), que nos tem acompanhado, fotografando os gestos dos nossos alunos, ao longo de todos esses anos. Para certificar-me de que não estava esquecendo alguma informação significativa, assisti a mais de 60 horas de gravações em fitas de videoteipe que guardam apresentações dos maiores oradores do nosso tempo e de alunos que passaram pelo nosso Curso de Expressão Verbal, nos últimos anos. Consultei em vão praticamente todas as bibliotecas, tentando encontrar algum material que servisse de subsídio ao desenvolvimento do trabalho. Nada encontrei e descobri assim que era o primeiro no Brasil a escrever um livro no género, isto é, especifico para orientar a postura e a gesticulação para falar. 10 Agora, ser natural não significa permanecer no erro. Assim, talvez pudesse complementar dizendo que o errado natural é preferível ao errado artificial e ao correto artificial, mas o correto natural é sempre preferível a qualquer comportamento. Este livro pretende mostrar a boa técnica da postura e da gesticulação, mas quer principalmente que esta técnica seja utilizada com naturalidade, visando sempre a atender às características do orador e a preservar sua espontaneidade. É preciso buscar o autoconhecimento, aprender a sentir o próprio corpo, saber do que ele é capaz, observar suas dimensões e seus limites, ter consciência da sua força para identificar o pensamento e o sentimento e descobrir suas possibilidades de expressão; verificar como ocorre o movimento dos braços, das mãos, das pernas, da cabeça; enfim, sentir como age e reage o próprio corpo e, aí sim, gesticular bem. A gesticulação nunca poderá parecer ter sido treinada e programada para a fala do orador. Isso evidenciaria artificialismo e provocaria resistência na receptividade do ouvinte. O publico não deseja ver uma máquina de falar, deseja, sim, ver e ouvir um ser humano. O gesto deverá surgir de tal forma natural e espontâneo que trabalhar para complementar e conduzir a mensagem sem que o au- ditório o perceba conscientemente. A gesticulação obedece mesmo a um processo natural. Pensamos na mensagem, ao mesmo tempo que informamos ao corpo o movimento a ser executado; o corpo reage e só depois pronunciamos as palavras. Por isso o gesto vem antes da palavra ou junto com ela, e não depois*. Se queremos falar que fomos a algum lu- gar, pensamos na mensagem que é ir, informamos ao corpo sobre qual o movimento a ser executado, o corpo cumpre naturalmente o seu papel, estendendo o braço para a frente, e depois pronunciamos a frase eu fui. Se ocorresse o contrário, ou seja, o movimento do braço depois da pronuncia da frase, haveria uma anormalidade facilmente percebida pelo ouvinte. Não se deve confundir o gesto complementar da mensagem ou indicador da idéia com a ação determinante do fato em si. Assim, por exemplo, se eu falo que vou pegar no seu braço, o movimento de pegar deve sair depois das palavras. Da mesma forma, a mãe que diz ao filho que o trenzinho vai entrar no tunel, para colocar comida na sua boca, irá fazer o movimento depois de falar. Cada gesto deverá corresponder a uma idéia ou informação predominante e não a cada palavra, a não ser que esta palavra encerre em si uma idéia completa. Por exemplo, eu posso representar a frase seguinte com um unico gesto: nós estamos aqui para estudar. Não devo, portanto, fazer um gesto para nós, outro para estamos, outro para aqui etc. Repito (repetir é mania de professor): faça um gesto para cada idéia ou informação predominante e não um gesto para cada palavra. O estudo da gesticulação não é tarefa simples. Exigir aplicação constante, observação e muita força de vontade. Por outro lado posso garantir, com a experiência no treinamento de mais de 1000 alunos por ano, que é uma qualidade da comunicação que poder ser conquistada por todos aqueles que a pretenderem. Não tenha pressa em aprender nem desanime diante das primeiras dificuldades. Saiba que elas existirão e que fazem parte do processo de aprendizagem. Se pensar em desistir, dê mais uma chance a você mesmo e continue * Entretanto, se o gesto preceder a palavra com pausa demasiadamente longa, ocorrerá demonstração de falta de vocabulário ou de fluência verbal. Esse problema poderá ser atenuado e em alguns casos até contornado, pronunciando-se a primeira palavra depois da pausa com maior ênfase, dando idéia de valorização da mensagem e não de hesitação. 11 mais um pouco. Afinal, talvez esteja modificando hábitos construidos lentamente ao longo de uma existência. Mesmo depois de ter aprendido e estar de posse de toda a técnica da gesticulação, isto não significa que o estudo se tenha encerrado. Cada experiência fornecerá elementos reveladores para o autoconhecimento do seu corpo, o que lhe proporcionará ao longo do tempo um domínio mais profundo da sua melhor expressão corporal. Tenha em mente também um conceito fundamental: o gesto é importante na comunicação, e isso ficará bem evidenciado ao longo das páginas deste livro, mas é apenas uma das muitas partes da Expressão Verbal. Não dê ao gesto mais valor do que merece. É frustrante para um professor de Expressão Verbal ouvir um aluno dizer ao final do curso, num solene depoimento, que está satisfeito com o aprendizado porque aprendeu a gesticular bem. Será que nada mais importante ocorreu no aperfeiçoamento daquele ser humano do que a conquista da boa gesticulação? Certamente que sim. Só que o gesto é mais evidente, e seu estudo, não raro, mais trabalhoso, o que provoca a supervalorização desta parte do aprendizado da arte de falar. Reflita também neste fato: qual seria sua avaliação sobre a capacidade de um orador desconhecido, se alguém comentasse que ele é muito bom porque sabe gesticular bem, isto é, sabe falar bem com as mãos? Provavelmente o reprovaria. Apesar de todas essas considerações, o gesto tem muita importância, e a sua falta ou utilização incorreta poderá provocar um transporte deficiente da mensagem até os ouvintes, já que ele é um veículo transportador do nosso pensamento. Quando se afirma, até em posição de desafio, que um orador falou sem os gestos e se saiu bem, eu retruco sempre sem hesitar, mesmo sem ter tido a oportunidade de vê-lo: Ele se sairia muito melhor se gesticulasse bem. Portanto, vamos arregaçar as mangas e mãos à obra. NERVOSISMO: CAUSA OU CONSEQUENCIA? Alguns autores, e não são poucos, criticam abertamente o aprendizado da gesticulação, afirmando que quando o orador encontra a tranquilidade, libertando-se do nervosismo, os gestos começam a aparecer espontaneamente. Não há como discordar dessa afirmação. Afinal, a expressão corporal é a demonstração daquilo que pensamos e sentimos. Se numa roda de amigos notamos um entre eles pressionado contra a parede (no sentido literal), com as mãos nos bolsos, nas costas ou com os braços cruzados, é fácil concluir que ele não está à vontade naquele ambiente, e o simples fato de pedirmos que mude a sua postura não o deixará mais tranquilo, ao contrário, poderá agravar ainda mais a situação. Ele não está retraído porque seus braços estão amarrados ou presos, os braços é que estão amarrados ou presos porque ele está retraido. Entretanto, não podemos deixar de aprender e treinar a postura e os gestos corretos, esperando que estas qualidades surjam espontaneamente. Não adianta nada analisar o corpo em todos os detalhes e concluir que o gesto e a postura constituem um problema e que a resposta a esse problema é "a raiz quadrada do infinito". Precisamos resolvê-lo com mais praticidade. E contra o ceticismo aco- modado dos adversários desse aprendizado lanço pelo menos dois argumentos que justificam a existência desta obra: l. Alguns oradores se apresentam de maneira incorreta com os gestos, simplesmente porque não sabem que o que fazem é errado. As vezes até sabem, mas não conhecem uma técnica que os ajude. Exemplifico até com o depoimento de um 12 ministro que paraninfou uma das nossas turmas do Curso de Expressão Verbal e, admirado com o bom desempenho dos formandos que se apresentavam diante do publico ao receber o certificado, confessou que nunca tinha conseguido aprender o que fazer com as mãos. Seria desnecessário dizer que o problema era rigorosamente técnico, já que ele não possuia inibição para falar a ponto de impedir sua gesticulação. 2. A experiência dos longos anos como professor de Expressão Verbal (desde 1975, ai de mim!) permitiu descobrir que, pela conscientização das qualidades existentes na própria comunicação ou potencialmente prontas para serem aproveitadas, é possivel combater a inibição e o nervosismo, e ter-se a certeza de que se possui a qualidade reforça a confiança. Aliás, esta sempre foi a maior filosofia de trabalho do nosso curso, com resultados reconhecidos não apenas pelos alunos de uma forma geral, mas principalmente pelos psicólogos e psiquiatras que em grande numero foram nossos alunos e são unânimes nesta mesma avaliação. Assim sendo, quando o orador aprende a gesticular, passa a ter mais um elemento positivo na sua comunicação e, consciente deste fato, passa a ter também, como consequência, mais um elemento para ajudar no robustecimento da sua segurança. Além desses dois argumentos, acrescento que vigiar o comportamento do corpo é instrui-lo a não concordar com os nossos temores e uma boa forma de combatê- los. O medo é um hóspede indesejável na casa do nosso ser; ele escraviza os nossos sentidos e limita as nossas ações. Policiar o comportamento do próprio corpo é requerer o despejo do intruso por justa causa e preparar a morada para um inquilino querido, a confiança. Não tenha ilusões, o medo não arruma suas malas e se muda por livre e espontânea vontade, é preciso agir, lutar e combatê-lo. Ensinar ao corpo como se posicionar e se mover é uma boa maneira de expulsar o inimigo. A INTERDEPENDENCIA O aprendizado da expressão corporal atentará para cada parte do corpo isoladamente apenas para atender a uma finalidade didática. Na prática todas as partes e todos os movimentos deverão atuar harmonicamente, de maneira sincronizada, obedecendo há interdependência existente em todo o corpo. Um movimento das pernas, por exemplo, deverá ter um significado correspondente a um movimento do braço, da expressão das mãos, da inclinação da cabeça, da postura do tórax etc., sempre complementando e transportando a mensagem, como se fosse um veículo único e indivisível. No início será difícil atentar para todos os pontos ao mesmo tempo. Existirá até em alguns casos uma espécie de desatrelamento das partes do corpo, como se cada uma pudesse identificar separadamente uma idéia isolada, diferente daquelas identificadas pelas outras partes. É possível que nesta fase a mão e o braço façam um movimento afirmativo, enquanto o tronco, a cabeça ou as pernas transmitem uma idéia negativa. É o processo natural de aprendizagem, até que todas as partes comecem a identificar conjuntamente a mesma mensagem. Por isso será dada uma orientação inicial de como não fazer, para depois se apresentarem as sugestões de como poderia ser feito. Assim, enquanto você no treinamento ensaia os movimentos de uma parte do corpo, mesmo não ocorrendo o acompanhamento das outras partes, pelo fato de saber como elas não deveriam comportar-se, o movimento ou posicionamento incorreto passa a ser evitado, para mais tarde poder ser treinado com a boa técnica e associado no atendimento da interdependência. 15 o relógio. Os sócios do clube, presentes ao almoço, perceberam claramente o descontentamento do convidado e, quando ele se apresentou, bem que alguns tenta- ram prestar atenção e interessar-se pelo assunto, mas o nivel de hostilidade e revolta havia chegado a tal ponto que no final quase não conseguiram aplaudir. É provável até que o orador nunca tenha entendido o motivo daquele seu fracasso, da mesma forma que nunca soube do ótimo exemplo que deixou de como não nos deve- mos comportar antes de falar. Relatando esse fato agora, não consigo sequer me lembrar do tema da palestra; mas do orador carrancudo, ah! desse não me esqueço mais. CAPITULO II AS PERNAS As pernas dão sustentação ao corpo e podem, dependendo do posicionamento, tornar a postura um elemento positivo na sua comunicação ou, ao contrário, ser um fator tão desfavorável que poderá mesmo destruir toda a sua apresentação. O que fazer e o que não fazer com as pernas quase todas as pessoas sabem, mas, por mais óbvio e evidente que seja o conceito, é impressionante como muitos só se conscientizam da sua existência ou utilidade depois que são alertados. É muito comum ouvir a seguinte afirmação: "Tudo isso eu já sabia, mas foi preciso me dizerem para que eu me conscientizasse da forma como deveria agir”. Assim, tudo que for colocado quanto ao posicionamento e movimentação das pernas será muito simples, porque serão conceitos extraídos da própria natureza, e o que é natural é sempre fácil de ser compreendido. OS ERROS MAIS COMUNS 1. Movimentação desordenada 2. Apoio incorreto 3. Cruzamento dos pés em forma de "X" 4. Animal enjaulado 5. A gangorra 6. O pêndulo 7. A rigidez 8. Canguru saltitante 9. Cruzar e descruzar 10. Espreguiçadeira 11. O vaivém 1. Movimentação desordenada Constitui, possivelmente, o erro mais grave da postura das pernas. Certos oradores, por nervosismo ou por falta de consciência do que fazem, ficam movimentando as pernas para a frente, para trás e para os lados desordenadamente. Esta atitude impede o bom posicionamento, provocando até um afastamento ou retraimento da plateia. Em casos mais graves, além de existir a movimentação desordenada, o orador também bate os pés no chão a cada nova frase, quase numa marcação ritmada. Presenciei um fato bastante cómico, em que um orador se comportava dessa maneira sobre um tablado de madeira que servia como tribuna. Depois de alguns instantes de apresentação, poucos ainda prestavam atenção nas suas palavras, a maioria observava apenas os pés arrastando-se sobre a tribuna. Uma ouvinte que estava sentada em uma das primeiras cadeiras, bem próxima do orador, demonstrando visível irritação, perguntou em voz alta para que todos pudessem ouvir: "O que é que você tem? Parece um touro na arena, arrastando os pés sobre a tribuna". 16 Não é preciso dizer que o orador ficou totalmente desorientado e, sem condições de continuar, encerrou sua apresentação, cabisbaixo, logo depois. Se falarmos assim, dificilmente encontraremos uma ouvinte com a mesma disposição desta que mencionei (assim espero), mas, com certeza, a atitude não agradará à plateia e não auxiliará a mensagem. Nas nossas aulas do Curso de Expressão Verbal costumamos fazer com os alunos uma brincadeira que dá bons resultados: avisamos que pregaremos os pés daqueles que apresentarem esse tipo de movimentação desordenada. Se algum aluno apresenta o defeito, sem que os seus companheiros de classe percebam, lá do fundo da sala lhe mostramos um martelo. Isso o obriga a parar com os mo- vimentos das pernas instantaneamente. Com esse recurso bem-humorado é possível corrigir o erro sem magoar quem o cometeu e sem ridicularizá-lo diante dos colegas. Nossas pesquisas pessoais demonstraram que muitos dos oradores que agem dessa forma não têm a menor consciência do que acontece. Ficam sabendo da ocorrência apenas quando são alertados por alguém, ou quando observam a própria apresentação por um aparelho de videocassete. 2. Apoio incorreto Apoiar-se jogando o peso do corpo totalmente sobre a perna esquerda ou sobre a perna direita caracteriza também uma atitude incorreta, que retira toda a elegância do posicionamento (foto 1). Ocorre ainda que alguns oradores, não poucos, modificam a posição de descanso da perna esquerda para a perna direita e vice-versa, com rápida frequência, dando a impressão de que se trata mais de dançarinos do que de oradores. A postura quebrada, com o apoio sobre uma das pernas (afastada no sentido lateral, enquanto a outra permanece na posição vertical), não é apenas deselegante como também pode prejudicar a boa respiração. Por falar em deselegância, ainda sobre o apoio incorreto, abrir demasiadamente as pernas, como se fossem um compasso, faz do orador uma figura grotesca (foto 2). Também é incorreto ficar por tempo prolongado com os pés juntos, numa posição contrária à que comentamos acima. Esse posicionamento retira o equilibrio e impede a mobilidade (foto 3). Esses defeitos de postura das pernas são mais difíceis de corrigir do que a movimentação desordenada que estudamos no primeiro caso. Aqui o orador, mesmo consciente do que está fazendo, volta a cometer o erro depois de aparentemente tê-lo superado. Dentro de uma média normal, nos treinamentos realizados em nossa sala de aula, os oradores só conseguem eliminar a incorreção, definitivamente, depois de oito a dez sessões de prática na tribuna. É um periodo longo, se comparado com o tempo utilizado para corrigir os problemas da movimentação desordenada, o que não passa da quarta ou quinta sessão. 3. Cruzamento dos pés em forma de "X" Muito pior e mais deselegante é a postura do orador que cruza os pés em forma de "X", prejudicando o seu posicionamento e demonstrando à plateia que não está nem um pouco à vontade para transmitir a mensagem foto 4). Este fato se dá mais comumente quando o orador pode apoiar-se com as mãos sobre uma mesa, cadei- ra (foto 5), pedestal de microfone ou tribuna. Esta postura incorreta é mais comum ainda quando o orador está sentado. Nesta circunstância, cruza os pés e às vezes os encolhe embaixo da cadeira (foto 6). 17 Apenas como curiosidade, quando for a um restaurante sofisticado, observe, pelo tipo das pessoas, as que aparentemente não têm o hábito de frequentar lugares mais requintados e por isso mesmo ali não se sentem à vontade. Verifique como demonstram isso cruzando os pés em forma de "X" embaixo da cadeira e quase sempre se posicionando com apoio nas suas pontas, informando assim que gostariam de sair daquele local o mais rápido possível, para outro onde se sentissem melhor. O publico, ao notar postura semelhante, desvaloriza até inconscientemente a apresentação. Quanto à mulher, verifique mais à frente, no item "A posição correta sentado", que há uma atitude, com os pés cruzados em forma de "X" que não constitui erro. 4. Animal enjaulado Aquele que fala andando constantemente de um lado para o outro da tribuna ou espaço disponivel para ocupação do orador parece um animal enjaulado andando de uma ponta a outra do seu cativeiro. É uma falha mais frequente entre os professores que vivem a caminhar da porta da sala de aula até à janela, às vezes sem olhar para os alunos. Alguns desses alunos, desinteressados da aula pela falta de comunicação do mestre, passam a contar quantos passos ele dará, quantos quilómetros percorrerá, ou quanto tempo gastará até cair do tablado, se este existir. Farão tudo, menos prestar atenção à aula. Já ouvimos a mesma história de muitos estudantes - "O professor conhece bem a matéria, mas não sabe ensinar". É possível que o defeito seja da comunicação como um todo, mas se ele andasse menos, provavelmente ensinaria melhor. Conheci um professor no curso ginasial, ainda em Araraquara, que tinha o costume de andar de um lado para o outro da sala e, quando chegava a uma das extremidades, colocava dois dedos no queixo, o polegar e o indicador da mão direita; o braço esquerdo nas costas, levantava a cabeça pensativamente e voltava a caminhar sem olhar para os alunos. Até aí nada de muito novo, só que no seu caso existia um fato agravante, o sapato (agora já nem sei se o do pé esquerdo ou o do direito) fazia um barulhinho irritante a cada passo - llnheec". Um colega de classe, que se sentava à minha direita, espirituoso e muito paciente, contou com quadradinhos que fazia no caderno, numa só aula de 40 minutos, mais de 500 "nheecs". E o sapato usado foi sempre o mesmo, o ano inteiro. Quem é que pode prestar atenção a uma aula dessas? Mestres que me acompanham nesta leitura, com ou sem nheec-nheec", reflitam, antes da próxima aula, se não possuem este defeito. 5. A gangorra Nesta movimentação das pernas o corpo do orador parece uma gangorra. Ele apoia todo o corpo nos calcanhares, levantando a ponta dos pés (foto 7), em seguida inclina-se lentamente para a frente erguendo os calcanhares e apoiando- se totalmente sobre a ponta dos pés (foto 8), e assim fica o tempo todo neste vaivém sem propósito. Determinados oradores chegam a aperfeiçoar o defeito quando encontram uma proteção, que pode ser uma grade que limita o espaço da tribuna ou uma pequena mesa. Apoiam-se com as mãos, possibilitando assim inclinações do corpo, tanto para a frente como para trás, muito mais acentuadas. Em outros casos, quando não existe esta proteção, colocam as duas mãos nos bolsos e continuam a se balançar. Há também aqueles que fazem o movimento no sentido lateral, levantando as partes de dentro dos pés apoiados nas partes externas (foto 9). 20 principalmente para os casos em que você tiver de falar diante de um microfone de pedestal, que limita a movimentação. Com o tempo, depois que possuir maior experiência, poderá realizar o movimento das pernas, de forma consciente, sempre no sentido de complementar corretamente a mensagem, possibilitando o afastamento da plateia, de acordo com a sua re-aproximação ou receptividade ou resistência. Se verificar que o movimento a ser realizado tem como causa a insegurança e o nervosismo, o esforço tem de ser redobrado no sentido de manter a postura. Este pode ser um desafio muito grande, pois a movimentação é quase instintiva, mas os resultados do treinamento compensarão o sacrifício. O deslocamento das pernas precisa seguir a inflexão da voz e o ritmo, a cadência e a velocidade da fala. Se a frase for pronunciada com velocidade mais intensa, o movimento das pernas, para se aproximar ou recuar, também deverá ser mais rápido; se, ao contrário, a velocidade das palavras for mais lenta, o movimento das pernas também terá de ser mais vagaroso. Esta aproximação deverá ser em direção a todos os sentidos da plateia, isto é, para o segmento frontal do publico e para os segmentos laterais, sem se confundir, evidentemente, com a movimentação desordenada. Não estou querendo dizer também que toda vez que as palavras forem rápidas ou lentas as pernas precisem movimentar-se na verdade elas deverão ficar paradas a maior parte do tempo, mas, quando se movimentarem, aí sim, precisarão fazê-lo de acordo com a mensagem, a cadência, o ritmo e a velocidade da fala, conforme vimos. Normalmente as pernas deverão ficar afastadas a uma distância de aproximadamente um palmo (cerca de 20 centímetros) é o que dará bom equilíbrio ao corpo e promoverá uma postura elegante (foto 11). Se uma das pernas estiver um pouco mais à frente, o equilíbrio poderá ser maior. Lembro-me de um aluno que, querendo posicionar-se bem na tribuna, antes de começar a falar, olhava para os pés e media o seu afastamento – para ver se estavam mesmo a uns 20 centímetros um do outro. Foi difícil tirar esse seu hábito e conscientizá-lo de que deveria agir de forma diferente, com mais naturalidade. As mulheres, principalmente quando estiverem usando saia ou vestido, poderão colocar uma das pernas um pouco à frente da outra. É uma postura elegante, embora deixá-las levemente afastadas também não seja errado. Uma pergunta que tem surgido frequentemente é se o orador pode movimentar- se no meio do publico. É uma questão levantada mais por aqueles que ministram treinamentos prolongados. Não só pode mas deve existir essa movimentação. Ninguém pretende um orador que se assemelhe a uma estátua. O unico cuidado é ter consciência do objetivo da movimentação. Se for para melhorar a participação junto aos ouvintes, ou provocar a aproximação para facilitar o trabalho de convencimento, ou para chamar a atenção, ou despertar o interesse de um determinado segmento da plateia, estará correto. Agora, se a movimentação não tem nenhum objetivo e você anda só por andar, provavelmente estará errada. É claro que você irá andar e aproximar-se do auditório quantas vezes forem necessárias, mas repetir esta atitude mais de cinco ou seis vezes em uma hora de apresentação, só tendo um motivo muito forte. 21 A POSIÇÃO CORRETA SENTADO Quando você falar sentado, poderá agir de duas maneiras distintas (como se sentir melhor). Uma delas é colocar os dois pés no chão, demonstrando firmeza na atitude e permanecendo esteticamente correto (foto 12). A segunda maneira é cruzar uma perna sobre a outra, deixando as coxas encostadas e o pé da perna que fica por cima sem apoio (foto 13). É uma posição extremamente elegante e muito confortável, sendo a preferida pela maioria das personalidades que dão entrevistas pela televisão, falando sentadas. Pessoalmente gosto desta posição, e, quando preparo um aluno para fazer uma apresentação sentado, ou para participar de um programa de televisão, esta tem sido quase sempre a minha recomendação. A postura também não precisa ser uma ou outra, você deverá alternar a posição das pernas, até para não se cansar. Quando tiver de argumentar ou defender um ponto de vista com ênfase, a postura com os dois pés no chão dará maior liberdade de movimento, possibilitando melhor inclinação do corpo para a frente, posição que demonstra convicção no comportamento do orador. As mulheres possuem à disposição um posicionamento especial, considerado muito elegante: as pernas juntas, puxadas para trás, sem entrar embaixo da cadeira, inclinadas para o lado, com um dos pés levemente sobreposto ao outro. Em alguns casos, nesta mesma posição, até cruzam os pés em forma de "X", sem que constitua isto um erro. OS SAPATOS Provavelmente eu não precisaria fazer esta recomendação a você, mas tenho observado tantas pessoas, de excelente posição económica e social, se apresentarem com sapatos sujos, esfolados e até furados, que me senti na obrigação de lembrar que eles precisam estar sempre limpos e engraxados, e as solas e saltos em perfeitas condições de uso. Costuma dizer o professor Jairo Del Santo Jorge, sempre bem-humorado, quando vê um orador que se apresenta com os sapatos esfolados, que ele deve estar dando tanto tropeção na vida que não tem condições de orientar, nem de convencer, qualquer tipo de auditório. Recuso-me a lembrar ás oradoras que não se apresentem com meias desfiadas e sapatos sem condições. Elas não precisam desse tipo de orientação. Ou precisam? AS CALÇAS Espero que este livro sirva não apenas para o momento atual, mas que possa orientar também outras gerações. Assim como a moda se altera com muita frequência, de nada adiantaria sugerir que você usasse ou deixasse de usar calças muito largas ou estreitas, com barras muito compridas ou curtas, com cintura muito baixa ou alta. O importante é estar vestido de acordo com os padrões da época em que a pessoa se apresenta. Já percebeu como a plateia começa a desvalorizar o orador que fala usando uma calça ultrapassada pela moda e, portanto, desatualizada? Percebeu também como os ouvintes menosprezam ou ridicularizam o orador que se veste procurando lançar moda para as próximas gerações? Não deixe que esse fator interfira na sua apresentação, seja discreto. Que apareça você, não a roupa. 22 O mesmo comentário serve para as mulheres, embora o sexo feminino tenha um pouco mais de liberdade em relação à moda do que os homens. Mesmo assim os excessos prejudicam. É preciso também ser coerente com a idade que se tem. Não queira um jovem vestir-se como um velho, nem uma pessoa idosa parecer um garoto. Não adianta disfarçar, o publico vai perceber. Quando iniciei minhas atividades como professor de Expressão Verbal, tinha apenas 23 anos de idade. Embora me sentisse muito bem preparado para executar o trabalho (hoje vejo quanto teria ainda que aprender ... ) imaginava que os alunos, todos, sem exceção, mais velhos do que eu, colocariam resistências a mim, pelo fato de terem de aprender com alguém tão jovem. Usei todos os artifícios possíveis, ternos escuros, bigode, sapatos de amarrar e tantos outros inuteis recursos para parecer mais velho. Durou pouco a tentativa de envelhecimento; alguns meses depois assumi definitivamente (enquanto durou) a minha juventude e passei a usar roupas mais leves, próprias para aquela idade, e mais tarde tirei o bigode. Não sei se foi impressão, se foi apenas um sentimento provocado por mim mesmo, mas fiquei muito mais à vontade, e os alunos mantive- ram um comportamento interessado e atencioso. FALAR EM PE OU SENTADO? Há situações em que você não possui a possibilidade de escolha e deve falar da maneira como foi programada sua apresentação. Se lhe oferecem a tribuna é para lá que se deverá dirigir e fazer a sua exposição. Se colocam o microfone à sua frente, quando está sentado a uma mesa, ou quando participa de uma reunião onde todos falam sentados, é dessa maneira que se deve apresentar. Quando, porém, você tem a oportunidade de optar pela forma de falar, deverá fazê-lo como achar mais conveniente e como sentir-se melhor. Não existem regras que obriguem a uma atitude ou outra. Particularmente prefiro sempre falar em pé, pois é um posicionamento mais visível e mais livre. Desde que possa ser visto por toda a plateia e possa ver a todos enquanto falar, poderá apresentar-se, entretanto, sentado, tendo uma mesa á sua frente. É dificil imaginar um orador sentado, apenas com a plateia à frente, a não ser que haja vários oradores participando de uma reunião, como num debate diante das câmeras de televisão, por exemplo. Lembro-me de um acontecimento no qual o orador falou sentado diretamente diante da plateia, com bastante naturalidade. Depois da apresentação de Édipo Rei, o ator Paulo Autran ficou à disposição do auditório para responder às perguntas que os ouvintes qquisessem formular. Para isso, colocou uma cadeira no centro do palco e aí, sentado, respondeu às questões e fez sua explanação, numa atitude correta e comunicativa. É esta uma situação excepcional e raramente ocorre. Um outro fato bastante curioso aconteceu em uma das formaturas do Curso de Expressão Verbal. O paraninfo da turma era o jornalista Ferreira Neto, que, como todos sabem, sempre faz suas apresentações pela televisão sentado, com uma mesa à sua frente. Quando chegou o momento de proferir seu discurso aos formandos, pediu para falar sentado, onde já estava. A plateia, mesmo sabendo que essa atitude era normal nas suas apresentações, estranhou o fato porque todos se tinham apresentado em pé. Percebendo a reação do auditório, ele contou uma passagem que transformou sua atitude num fato bem-humorado foto 14). Relatou que certa vez, passando pelo saguão de um aeroporto, encontrou-se com uma senhora que sempre o vira falando sentado nos programas de televisão e espantada lhe perguntou: "Mas o senhor anda?" CADA CASO É UM CASO Todo esse comportamento que acabei de sugerir deverá sempre obedecer ao seu sentimento e à circunstância que você enfrentar. Não é porque uma postura seja 25 dos lábios, como de inesgotável manancial, sempre num jorro espesso. Tersa, impecável, a linguagem. Quase não fazia pausas, não lia, não compulsava apontamentos, não bebia água. Prolongava-se difuso o discurso, ora fervilhando, ora redemoinhando, ora se aquietando em remansos líricos, porém constantemente copioso, vertiginoso mesmo. Consistia a postura predileta do orador em colocar a mão esquerda nas costas, gesticulando acentuadamente com a destra" (grifo meu). Fico imaginando aqui, tão distante no tempo, baseando-me apenas nesta maravilhosa descrição feita por Afonso Celso, se Gomes de Castro não teria sido melhor orador se tivesse os dois braços e as duas mãos livres para gesticular e auxiliar no transporte da sua mensagem ... Aqueles que se estão iniciando no aprendizado das técnicas da Expressão Verbal, sugiro que, no princípio, evitem essa posição de descanso; deixem para agir assim quando já tiverem praticado bastante e forem bem experimentados. Falar constantemente com as mãos atrás das costas é quase sempre um erro de postura, mas existem atitudes piores ainda, como a daqueles que, além de se comportarem dessa forma, ainda se coçam. Já vi um numero suficiente deles para me motivar a fazer esta observação. 2. Mãos nos bolsos Falar constantemente com as mãos nos bolsos é uma falha frequente em boa parte dos oradores, iniciantes ou veteranos. Colocam as mãos nos bolsos das calças ou do paletó, sendo esta ultima atitude, além de prejudicial, extremamente deselegante, e falam como se elas não existissem. O problema se agrava ainda mais quando o orador que se posiciona assim envolve-se com a mensagem que expõe ao publico e começa a balançar as mãos dentro dos bolsos. Chega a provocar risos na plateia. A primeira impressão que dá aquele que fala com as mãos nos bolsos é que não está nem um pouco à vontade. Demonstra querer fugir e esconder-se do auditório. (A não ser que a sua segurança seja evidente e ele se utilize desse expediente também como posição de descanso.) Um aluno do nosso Curso de Expressão Verbal sentiu tanta dificuldade para eliminar o hábito de colocar as mãos nos bolsos do paletó quando falava que, como ultimo recurso, mandou fechar os bolsos de dois ou três paletós e passou a só treinar com eles até que o vicio desaparecesse. Assim como no caso anterior, mãos colocadas atrás das costas, o recurso será positivo se as mãos permanecerem nos bolsos por curto período e sempre com naturalidade. Muito mais do que no outro caso, descansar com apenas uma das mãos no bolso, deixando a outra livre para gesticular, dá condições de atuação mais vantajosas ao orador. Mais uma vez vamos recorrer às informações de Afonso Celso no seu livro Oito anos de Parlamento. Nessa obra o autor traça um dos mais perfeitos perfis do orador Joaquim Nabuco (foi por esta descrição que o destaquei como um modelo de orador*), e num dos trechos deste quadro oratório de Nabuco o autor comenta que habitualmente o orador colocava as mãos nos bolsos enquanto falava. Vejamos o trecho com as palavras de quem observou e escreveu: "A gesticulação garrida, as atitudes plásticas de Nabuco contribuíam para a grande impressão produzida pelos seus discursos. Consistia um dos seus movimentos habituais em meter as mãos nos bolsos das calças (grifo meu) ou então enfiar dois dedos da destra na algibeira do colete. Desses e de outros gestos provinha-lhe vantajoso ar de desembaraço e petulância". * Comentário feito na minha obra Como falar corretamente e sem inibições, pu- blicada pela Editora Saraiva. 26 Fiz questão de citar esse exemplo de Nabuco, porque sinto que alguns, ou porque não entenderam bem, ou porque a explicação devesse ser mais clara, passam a generalizar: colocou a mão no bolso, errou, está condenado. Antes de criticar a atitude, é preciso analisar as circunstâncias que cercam o acontecimento-nem sempre é necessariamente um defeito de postura. Em nossa sala de aula costumamos deixar algumas fotos de personalidades que conheceram o resultado do trabalho que realizamos, a maioria falando numa tribuna. Em uma das fotos está este que é um dos grandes comunicadores do Pais, o radialista e narrador esportivo Osmar Santos; nessa foto ele está falando com uma das mãos no bolso (foto 15) - e eu me lembro bem da cena, até porque tenho a apresentação toda gravada em videocassete - e foi uma atitude correta, de perfeita demonstração de um posicionamento de descanso por rápido instante e de forma bem natural. Mas não passa um curso sequer em que mais de um aluno aponte para a foto com o intuito de reprovar a postura. Quando isso ocorre, reuno todos os alunos e dou uma explicação completa sobre essa postura, esclarecendo principalmente que, embora constitua um grave erro, em circunstâncias especiais pode ser até recomendável. Não será necessário dizer mais uma vez aos que se estão iniciando que evitem essa posição de descanso das mãos, no princípio, reservando o recurso para depois que a experiência chegar. 3. Braços cruzados Os psicólogos que se têm manifestado sobre o comportamento do corpo afirmam categoricamente que os braços cruzados indicam, via de regra, uma atitude defensiva. Parece óbvia essa afirmação, e até aqueles não preparados dentro desse campo da psicologia tenderiam a chegar à mesma conclusão. Ora, o orador não pode demonstrar ao auditório que este o intimida e o coloca numa posição de defesa. Afinal, os ouvintes esperam uma apresentação franca e desimpedida de obstáculos, e passam a ter a impressão de que o orador não está seguro e convicto da sua mensagem e por isso se esconde. É um posicionamento quase sempre incorreto para falar. Por outro lado, é uma postura que pode ser utilizada como descanso ao longo da apresentação, desde que, volto a insistir na recomendação, não seja por tempo prolongado, e efetuada naturalmente. Além de servir eventualmente como posição de descanso existem momentos em que é aconselhável como postura produtiva e altamente significativa na comunicação. Quando você deseja demonstrar a ideia de desafio ou de espera, cruzar os braços indica claramente esta intenção. Há um caso interessante de um cronista social que fazia aparições periódicas pela televisão e sempre com os braços cruzados. Fez isso por tempo relativamente prolongado e com tanta frequência, que a postura inicialmente incorreta acabou por transformar-se numa espécie de marca registrada da sua personalidade e, portanto, positiva na sua comunicação. (Espero que nenhum leitor tenha a idéia de criar estilo falando dessa maneira... 4. Gestos abaixo da linha da cintura Experimente falar fazendo gestos abaixo da linha da cintura. Ficam estranhos, parecem sem vida. Gestos realizados abaixo da linha da cintura não possuem expressividade e não complementam nem transportam convenientemente a mensagem até os ouvintes. Os braços ficam balançando, as mãos movimentam-se, mas não identificam o pensamento do orador. Alguns lembram uma espécie de aprendiz de voador; erguem os braços lateralmente ao longo do corpo a um ou dois palmos afastados das pernas e voltam 27 à posição original como se fossem asas. Outros, ainda, lembram um bate-estaca, erguendo os braços acima da cintura e baixando-os rapidamente, e assim ficam até terminar a apresentação. Também neste ponto encontramos as exceções: determinados gestos executados no espaço inferior à linha da cintura são comunicativos, expressivos e, portanto, recomendados para o falar. Se você quiser demonstrar incerteza, duvida, impotência diante de certa situação, poderá estender os braços um pouco afastados do corpo, com as mãos esticadas na posição vertical e com as palmas voltadas para a frente ou um pouco para o lado, com os dedos abertos e os ombros encolhidos foto 16). Está aí uma movimentação das mãos abaixo da linha da cintura que é correta para expressar o pensamento de quem fala. Outro gesto correto em circunstância semelhante é quando você, querendo pedir calma ou paciência, faz rápidos e curtos movimentos abaixo da linha da cintura, com as mãos esticadas, os dedos abertos voltados para a frente, na posição horizontal. Gestos abaixo da linha da cintura não devem, entretanto, ser confundidos com a posição de repouso dos braços colocados ao longo do corpo, que analisaremos mais à frente. 5. Gestos acima da linha da cabeça Há muito tempo já que se desaconselham os oradores sobre a realização frequente de gestos acima da linha da cabeça. Movimentos executados assim, na maioria das vezes, são exagerados e prejudicam a imagem e a comunicação do orador. Conheci um camelô (alguns são ótimos comunicadores e servem como bons exemplos; não era o caso deste) chamado Zé Moinho. Vendia uns frascos com remédios "milagrosos", que curavam desde varizes até sinusite. Andava lá pelas cidadezinhas do interior, enganando os menos precavidos. Acho até que nem os enganava. Algumas pessoas, na falta do que fazer, ficavam a apreciar as contorsões de Catarina, uma enorme cobra que sempre o acompanhava. Falava rápido e quando parava fazia longas pausas observando o povo que fechava roda em sua volta, tomando a extensão da Praça da Matriz (toda cidade interiorana tem uma praça e uma igreja matriz). Certa vez, durante uma dessas pausas, ouvi um dos espectadores perguntando em voz sussurrante a um companheiro: "Por que será que ele tem esse nome de Zé Moinho?" "Sei lá", respondeu o outro, "mas imagino que seja por causa dos braços que se movimentam como um cata-vento". Parecia mesmo um moinho, um cata-vento, sempre com os braços movendo-se em gestos largos acima da linha da cabeça. Era uma comunicação espalhafatosa e grotesca, nada tinha a ver com as palavras que pronunciava. Nem o tamanho e o baixo nível cultural da plateia justificavam aquele comportamento. Hoje, quando vejo alguém falando assim, vem logo à minha lembrança a figura ridícula daquele camelô. Sobre a exceção, já comentei no item "O tamanho e a intensidade do gesto", e disse naquela oportunidade que, ao falar-se para uma multidão (citei o exemplo de um comício político), os gestos deverão visar mais à emoção do que à razão, e concluí dizendo que deveriam, por isso, ser mais largos e abundantes, isto é, realizados acima da linha da cabeça. Como a timidez normalmente limita até exageradamente a gesticulação, este é um erro cometido pelos oradores mais experimentados e, portanto, mais desinibidos. Você, que é um orador desembaraçado, será que tem vocação para Zé Moinho? Conta Josu‚ Montello, no seu admirável Anedotário geral da Academia Brasileira*, que José Maria Paranhos, futuro Visconde de Rio Branco, possuía na tribuna um cacoete: erguia o braço, dedo indicador em riste, nos momentos em que 30 No dia da formatura, depois de receber o certificado, dirigiu-se para a tribuna e disse em tom vitorioso para os companheiros da turma: "Já eliminei o desagradável tique-tique da pulseira do relógio " e com ar zombeteiro levantou o relógio para que todos o pudessem ver, ia agora com uma pulseira de couro. 10. Construtor do universo Eu poderia ter incluído esse tipo de movimentação dos braços e das mãos em um dos itens já abordados, principalmente nesse ultimo - "movimentos alheios"-, pois trata-se mesmo de um movimento alheio à mensagem. Ocorre que esse gesto é tão comum e utilizado por tantos oradores que resolvi dar a ele um destaque especial. O orador começa a falar e imediatamente passa a movimentar as mãos, como se estivesse desenhando uma esfera no ar. Qualquer que seja a mensagem, alegre ou triste, rápida ou lenta, agressiva ou calma, lá está ele realizando o mesmo tipo de gesto, construindo o universo com os movimentos das mãos. É um gesto que identifica um bom numero de idéias e pode ser realizado várias vezes durante uma apresentação, mas usá-lo desde o princípio até o final, sem mudá-lo, é uma das incorreções que se devem evitar. 11. Detalhes que sobressaem Pulseiras reluzentes, grandes anéis e outros objetos que sobressaiam muito aos olhos da plateia costumam desviar a atenção, tirando a concentração dos ouvintes. Se um desses detalhes estiver atrapalhando a sua exposição, não tente escondê-lo durante a apresentação, retire-o antes de falar. Há oradores que gostam de falar usando uma ponteira (tipo antena de rádio) para apontar detalhes do que estão expondo num quadro flip chart ou tela de projeção. É um procedimento recomendável, pois dá mais visão à plateia, que não tem assim o corpo do orador na sua frente. Ocorre que alguns, depois de apontarem o que desejam, continuam a falar com a ponteira, como se fosse uma batuta de maestro, riscando "brilhantemente" o ar, ou, o que é pior, fazendo movimentos de abrir e fechar o tempo todo, distraindo a atenção da plateia. Um dia, iniciei uma aula sobre gesticulação colocando as informações com muito tato para não contrariar os alunos, que formavam um grupo de primeira qualidade, todos empresários e executivos. Foi mais ou menos assim: "Estou consciente de que não preciso passar certas informações a um grupo bem preparado como este, mas, como faz parte do programa didático e talvez vocês necessitem transmitir os conceitos a seus subordinados, vou abordá-los. Na estética da gesticulação o orador não deve descuidar dos menores detalhes, pois pode estar aí um ponto negativo na imagem de quem se apresenta em publico. As unhas, por exemplo, precisam estar sempre bem cuidadas, cortadas e limpas. Não precisam exagerar passando esmaltes incolores etc. Alguns ouvintes nem gostam desses cuidados excessivos". Antes que eu pudesse continuar, um aluno, que estava sentado bem à minha frente, levantou o braço pedindo a palavra e retrucou: "- Professor, não gostaria de parecer grosseiro, mas com todo o jeito acabou passando-nos uma informação desnecessária. Todos nós sabemos que um orador precisa apresentar-se com as unhas cortadas e limpas". Eu fui até o fundo da sala e, sem que ninguém percebesse, escrevi um bilhete e o passei discretamente ao aluno com os seguintes dizeres: "Dê uma olhada nas suas unhas". Ele não ficou vermelho, na verdade suas faces ficaram 31 roxas de vergonha. É isso mesmo, suas unhas estavam compridas, só não deu para ver se também estavam sujas. Fiz de conta que nada tinha acontecido e repeti a explicação dizendo que estava convencido desse fato, mas era apenas um método didático para que pudessem lembrar-se, na hipótese de necessitarem orientar outras pessoas. Eu sei que você, meu companheiro de leitura, não precisa desse tipo de informação, mas, ao orientar alguém, peça que dê uma olhadinha nas unhas. Não custa nada. A POSTURA CORRETA PARA INICIAR Tem sido muito frequente este tipo de duvida por parte dos oradores: afinal, como é que deverá posicionar-se com os braços e as mãos, para iniciar a apresentação? Ficarão os braços ao longo do corpo, com as mãos semi-abertas ao lado das pernas, ou serão colocados à frente do corpo, acima da linha da cintura, com as mãos separadas ou mesmo juntas uma sobre a outra? Alguns chegam a dizer que essa é a maior dificuldade que sentem ao falar diante de uma plateia. Não sabem o que fazer com as mãos e, quando encontram uma posição correta, só conseguem modificá-la à custa de muito esforço. Não se deve instituir uma regra fixa e rígida para a posição inicial dos braços e das mãos. Cada um deverá comportar-se da forma que julgar mais conveniente, como sentir-se melhor e mais natural. É sem sentido a divergência de opinião de certos estudiosos do assunto sobre esta questão. Enquanto alguns julgam que os braços colocados ao longo do corpo são mais naturais, outros interpretam que os braços colocados à frente, acima da linha da cintura, estão mais pr¢ximos do gesto a ser executado e, portanto, numa posição mais correta. Ora, se até ficar com as mãos atrás das costas, nos bolsos, apoiadas sobre a mesa, a cadeira ou outro objeto poderá caracterizar-se como postura recomendável, dependendo da naturalidade, bem-estar e disposição do orador, como é que alguém pode pretender padronizar esse comportamento?! Aí você diz assim: "Está certo, Polito, já entendi que a postura poderá ser qualquer uma, mas isso ainda não resolve o meu problema, continuo sem saber o que fazer com as mãos no inicio da apresentação". Eu vou fazer algumas sugestões, mas antes quero contar uma história que, quando ocorreu, foi engraçada. Foi numa formatura de um curso de oratória existente em São Paulo. O formando recebia o certificado e se dirigia à tribuna para dizer algumas palavras diante do publico (o mesmo procedimento adotado pelo nosso Curso de Expressão Verbal), embora uns mais empolgados acabassem falando muito. Pareciam bonequinhas programados para falar; chegavam diante do microfone e imediatamente colocavam os dois braços à frente do corpo, acima da linha da cintura. A impressão que se tinha era de que existia um cordel invisível, como esses utilizados para controlar marionetes, e assim que se posicionavam alguém puxava o cordel para levantar os seus braços. No meio da solenidade, debaixo do silêncio da plateia, enquanto mais um orador se preparava para subir à tribuna, ouviu-se uma voz perdida no auditório: "Oradooor, seeentido!" Pobre do orador! ainda meio atordoado, sem saber bem o que estava acontecendo, precisou aguardar algum tempo até que as gargalhadas cessassem. Alguns autores recomendam que, ao iniciar a exposição, o orador poderia colocar uma das mãos sobre a outra, à frente do corpo e acima da linha da 32 cintura, assim como fazem as crianças para proteger um pequeno bichinho de estimação, um filhote de passarinho, por exemplo. Levei um tremendo susto numa aula quando os alunos começaram a fazer seus exercícios práticos e quase todos iniciaram falando com esse posicionamento, cópias de papel carbono um do outro, completamente despersonalizados. Bastou projetar a gravação que sempre fazemos em videocassete para que notassem o posicionamento ridiculo. Soube, depois, que todos tinham lido o mesmo livro e, ainda sem a nossa orientação, imaginaram que era assim que deveriam comportar-se sempre. Vejamos algumas posturas recomendadas para iniciar a fala: 1.Braços ao longo do corpo 2.Postura inicial com posicionamento aparentemente incorreto 3.O truque da ficha de anotações 4.Mãos fechadas em forma de concha 5.Apoio na tribuna 6.Início sem apoio 1. Braços ao longo do corpo Esta é uma posição inicial que dá bons resultados. Os braços ficam naturalmente ao longo do corpo (foto 18), sem se movimentar, enquanto você inicia sua apresentação. Depois de pronunciar as primeiras palavras, mais tranquilo, com a adrenalina assentada, durante uma pausa poder soltar os gestos. Eu sugeri soltar os gestos durante uma pausa porque, se o movimento ocorrer enquanto você fala, ele poderá ser executado após a palavra, e, como já foi mencionado, o gesto deve ser realizado antes da palavra ou simultaneamente, não depois. O movimento deve ser firme, indicando certeza e convicção. Por isso você deverá escolher um bom momento para ele, preferencialmente fazer o movimento que indique ou complemente uma ideia importante dentro da mensagem. Quando o orador está inseguro, os braços ao longo do corpo ficam pesados, parecem de chumbo. Se não procurar combater essa insegurança, forçando um pouco a movimentação do braço, correr o risco de permanecer o tempo todo na mesma postura. O primeiro movimento poderá ser realizado apenas com um dos braços, para simplificar a gesticulação, e depois, já mais à vontade, com os dois. É evidente que, se você estiver confiante, poderá iniciar logo o movimento com os dois braços. Vou passar a descrever um bom treinamento, que dá a noção mais abrangente das possibilidades e dimensão do gesto: a. Fique em pé, apoiado sobre as duas pernas; os pés afastados aproximadamente um palmo um do outro e deixe os braços naturalmente estendidos ao longo do corpo. b. Imagine que está numa reunião com os diretores de uma empresa, ou membros de um clube associativo, ou ainda com alguns amigos. Se puder fazer o exercício na frente da extremidade de uma mesa, o treinamento ficará mais próximo da realidade. C. Escolha duas ou três mensagens para exercitar inícios de apresentação. Comece a falar com os braços ao longo do corpo e só depois de cinco a dez 35 terá o que fazer com as mãos, no início da apresentação. Já vi oradores segurando folha de papel sem nenhuma anotação, apenas para terem o que fazer com as mãos. Este é um artifício discutível, pois o papel sem utilidade na apresentação poderá desviar a atenção do auditório. O deputado Guilherme Afif Domingos, dono de uma das mais eficientes gesticulações que já conheci, quando compareceu a uma das nossas solenidades de formatura como paraninfo da turma, iniciou sua apresentação com uma folha de papel onde tinha anotados os nomes dos componentes da mesa (foto 22). Fez o vocativo, cumprimentando a todos, continuou a falar por mais alguns instantes com o papel nas mãos, e depois, com toda a naturalidade, dobrou-o e o colocou no bolso do paletó. Nesse momento já estava bem posicionado diante da plateia e perfeitamente à vontade no ambiente, com as mãos e os braços soltos e prontos para atender a qualquer necessidade de gesticulação. Uma vez sugeri a um aluno que utilizasse esse recurso, mas ele estava tão nervoso que o papel não lhe parava nas mãos. Assim, foi obrigado a guardá-lo rapidamente para que o auditório não percebesse sua instabilidade. Depois desse dia passei a recomendar que o orador se apresentasse com uma ficha de papel grosso, de preferência cartolina. Dessa forma, mesmo que ele ficasse nervoso, controlaria melhor o cartão nas mãos. 4. Mãos fechadas em forma de concha Esta é a postura que já mencionei, em que o orador coloca uma das mãos sobre a outra, cruzadas em forma de concha, como se estivesse protegendo um pequeno bichinho de estimação (foto 23).As mãos devem ser colocadas na frente do corpo e acima da linha da cintura. Também é uma postura inicial que ajuda bastante quando você não está muito à vontade, pois permite que ganhe tempo até que possa tranquilizar-se. Quando soltar as mãos para gesticular, cuidado para não voltar com frequência e rapidamente à posição de apoio. Você já sabe que não deve ficar batendo com as palmas das mãos enquanto estiver falando (lembra-se do orador que disse que se estava aplaudindo?), principalmente se estiver utilizando um microfone de lapela. Neste caso redobre o cuidado, porque o microfone geralmente é colocado no peito do orador e possui grande capacidade de ganho (capta com facilidade o som), o que permite ampliar qualquer ruído que estiver à sua volta, prejudicando a concentração e o entendimento dos ouvintes. Pedi que tomasse cuidado e não batesse palmas, porque este é o tipo de movimento que pode ocorrer quando o orador faz opção de iniciar com as mãos fechadas em forma de concha. 5. Apoio na tribuna A tribuna permite que vocâ inicie a apresentação naturalmente apoiado sobre ela. Normalmente as mãos são colocadas com os dedos polegares na parte superior e os demais dedos depositados na lateral (foto 24). É um posicionamento inicial elegante e que confere um ar de segurança e convicção ao orador. As tribunas muito altas, que vão até a parte superior do peito, protegem e resguardam o orador, mas dificultam a boa movimentação dos braços, proporcionando pequeno espaço para realização dos gestos. Quando a tribuna é mais baixa, isto é, quando chega à parte inferior do peito, o orador encontra maior liberdade de ação para o movimento dos braços. Problema maior enfrentam os oradores de pequena estatura, que dificilmente encontram tribuna construída com a preocupação de atendê-los. Alguns chegam a desaparecer atrás dela, mostrando apenas parte da cabeça. Uma solução para isto seria colocar um apoio para os pés, mas os que tenho visto não apresentam segurança alguma e podem até (nem quero imaginar um acontecimento desses) provocar uma queda perigosa (ou seria engraçada?). Pense bem, o orador chega com 36 a aparência disposta e sorridente, sobe no apoio, coloca as folhas de papel sobre a tribuna, cumprimenta os ouvintes e à bamf desaparece estatelado no chão. O que você faria se estivesse no auditório? Ficaria preocupado ou começaria a rir? 6. Início sem apoio Neste caso você começa a sua fala realizando os gestos sem nenhum tipo de apoio inicial. Normalmente cumprimenta o publico com os braços ao longo do corpo ou colocados com as mãos separadas acima da linha da cintura e depois do cumprimento faz uma breve pausa, solta os gestos e começa a falar. É um procedimento do mais elevado nível de comunicação e só se recomenda sua utilização depois de muita prática e treinamento. Requer um comportamento seguro do orador e acima de tudo profunda consciência da sua capacidade de expressão corporal. Quase sempre o primeiro gesto é de duração prolongada, correspondendo às vezes a mais de uma ideia. Vejamos um exemplo: o orador cumprimenta o auditó- rio com os braços ao longo do corpo: Senhoras e senhores, boa-noite". Faz uma breve pausa, levanta as duas mãos com as palmas voltadas quase totalmente para a frente e começa a falar: "Este é um momento de profunda reflexão para nossa Pátria, o momento de definir o futuro da nossa sociedade". Esta frase inteira poderá ser pronunciada com um unico gesto inicial. Quando você chegar a esta fase avançada, os seus movimentos serão realizados sem que tenha consciência do que está ocorrendo. Desenvolveu tanto a sua expressão corporal que os gestos saem automaticamente, pelo reflexo condicionado. É por isso que o treinamento da gesticulação e da postura inicial tem de ser bem realizado, para que o condicionamento seja o mais correto possível. Não estou dizendo que as outras posturas utilizadas para iniciar não sejam corretas, já vimos que são recomendadas. Você vai optar então por aquela que o fará sentir-se melhor, mais natural, mais seguro, até o momento em que não precisará pensar no que irá fazer. GESTOS CORRETOS E SUAS FUNÇÕES Para compreender melhor a gesticulação é preciso conhecer a função dos gestos. Sabendo-se qual a finalidade deles, torna-se mais simples estudá-los, interpretá-los e, o que é mais importante, executá-los. Podemos dizer que, genericamente, o gesto correto é aquele que identifica perfeitamente o pensamento e o sentimento do orador, interpretando e transportando convenientemente a mensagem. Como roteiro de estudo para compreensão da existência do gesto, vou relacionar algumas das suas funções, que servirão para analisar o motivo do movimento do corpo e sua posterior interpretação. 1. Interpretar corretamente o sentimento, complementar a mensagem transmitida pelas palavras e auxiliar no seu transporte Esta é a maior função do gesto: interpretar corretamente o sentimento, complementar o sentido das informações e transportá-las convenientemente até os ouvintes. * Montaigne, in "Conferência de Medeiros e Albuquerque sobre o pé e a mão", na obra Em voz alta, página 70, relacionou várias funções da mão, que, para efeito de estudo, podem guardar estreita relação com a função do gesto: "Com as mãos? com as mãos nós solicitamos, nós obrigamos, chamamos, expulsamos, suplicamos, negamos, recusamos, interrogamos, admiramos, nomeamos, confessamos, 37 nos penitenciamos, nos intimidamos, envergonhamos, duvidamos, ensinamos, ordenamos, incitamos, encorajamos, juramos, acusamos, perdoamos, injuriamos, desprezamos, desafiamos, despertamos, abençoamos, humilhamos, zombamos, reconciliamos, recomendamos, exaltamos, festejamos, alegramos, lastimamos, contristamos, desanimamos, desesperamos, espantamos, exclamamos, calamos...... O corpo todo fala quando estamos em comunicação. Não são portanto as palavras as unicas responsáveis pelo transporte do que pensamos ou sentimos; contamos também com o indispensável auxilio da gesticulação para tornar claro o conteudo da nossa mensagem. Os gestos tensos ou serenos, ternos, facilitam a compreensão da plateia, que pode assim usar todos os sentidos na captação e entendimento das informações. Quantas vezes as palavras proferidas não são perfeitamente compreendidas por causa de qualquer tipo de barreira, como excesso de velocidade, acustica deficiente, dicção defeituosa, voz baixa e tantos outros problemas que podem surgir. Aí, com o auxilio da gesticulação correta complementando o sentido da mensagem e colaborando para o seu bom transporte, os ouvintes conseguem perceber e acompanhar a linha de raciocínio. Também nem sempre é possível encontrar com facilidade as palavras mais apropriadas a descreverem perfeitamente os sentimentos que invadem o orador. Por melhor e mais abrangente que seja o vocabulário, às vezes ele não é suficiente para corporificar e transportar os sentimentos e as emoçoes ao publico. O orador conta nessas circunstancias com a ajuda do gesto, que tem a função de passar com Movimentos rápidos ou lentos, moderados ou largos, o sentimento que vai no seu interior. O que pode ser mais comunicativo do que a mão crispada e trêmula do orador para falar do seu ódio? 2.Determinar dentro da frase uma informação de maior importância Além da ênfase colocada na voz para determinar uma ou mais palavras de valor, que constituem uma informação importante dentro da frase, você conta ainda com o auxilio do gesto para indicar e determinar o seu significado especial. Lembro-me da forma como o deputado Guilherme Afif Domingos proferiu um trecho do seu discurso aos nossos alunos. Ele usou o gesto para indicar uma informação que quis ressaltar dentro da frase: "Vocês vieram a este curso porque a convicção de cada um já estava embutida, já estava amadurecida, já estava latente e portanto pronta para ser aflorada". A partir do instante em que pronunciou a palavra "porque", passou a apontar com o dedo indicador da mão direita para o próprio corpo, na direção do peito, com movimentos rápidos e enérgicos, e permaneceu assim até dizer o termo "latente". Dessa forma, indicou claramente com a ajuda do gesto que a convicção de cada um estava no seu interior (dos alunos). 3. Corresponder ao tom da voz Tenho defendido a tese de que o gesto, embora deva estar associado num perfeito sincronismo com a mensagem e o tom da voz, precisa corresponder mais a este. As vezes necessitamos abandonar a velocidade calma de um movimento que representaria a idéia externada para optar pelo movimento brusco e rápido, coerente com o tom da voz. Se eu comunico à plateia que algo ocorreu serenamente, esta idéia deveria ser naturalmente representada por um movimento lento e suave da mão. Entretanto, se eu pretendo transmitir esta mensagem com mais ênfase, usando um tom de voz mais enérgico e acentuado, no momento de pronunciar a palavra se-re-na-men-te o gesto também deverá ser executado de forma mais enfática. Neste caso o gesto abandonou a correspondência com a idéia da mensagem, para interpretar sua importância dentro dela. 40 7 . Mais uma "dica" que considero importante é que o orador tenha sempre em mente variar sua gesticulação. Evite realizar muitas vezes o mesmo movimento, para que ele não fique marcado aos olhos dos ouvintes. 8. A ultima "dica", que poderá ajudá-lo a deixar uma boa imagem, mesmo que não se esteja sentindo muito à vontade diante do publico, é que não esboce nenhum gesto que possa demonstrar hesitação; faça poucos gestos, mesmo que sejam três ou quatro movimentos a cada minuto, mas faça-os com determinação. E o restante do tempo? Deixe os braços numa das posições de apoio já recomendadas, de preferência evitando cruzá-los ou colocar as mãos nos bolsos. ORIENTAÇÃO PRATICA DA GESTICULAÇÃO CORRETA Esta orientação que passarei a desenvolver é o resultado de uma longa e profunda pesquisa que realizei, observando os grandes oradores da nossa época, assistindo às apresentações daqueles que empolgaram as plateias no passado e principalmente analisando o comportamento dos milhares de alunos que passaram pela nossa escola. Dessa maneira pude organizar um quadro que permite fornecer aos interessados, no aperfeiçoamento da gesticulação, uma orientação segura de como comportar-se com as mãos e os braços, corrigindo possíveis imperfeições e aprimorando a técnica existente. A grande utilidade dessa orientação prática da gesticulação correta é que, além de sugerir os movimentos mais utilizados na comunicação, apresenta também a classificação das ideias, de acordo com o tipo de gesto executado. Assim, você poderá observar e treinar a gesticulação sugerida para uma ampla variedade de ideias, desde a sua concepção mais generalista até os enfoques relativamente específicos. Sempre considerando minha insistência com a naturalidade e espontaneidade do gesto, aqueles que pretenderem preparar-se cuidadosamente com antecedência, para ler ou falar sem a ajuda do papel, também encontrarão nessa orientação prática um vasto campo de consulta para o seu treinamento, podendo até exercitar o gesto correspondente a cada idéia. Nos discursos de Winston Churchill, dois fatos ficaram marcados: a sua plataforma "Nada tenho a oferecer senão sangue, suor e lágrimas" e o "V" da vitória que fazia com os dedos indicador e médio, treinado que foi pacientemente, antes de sua primeira apresentação. Não existe aqui, nem de longe, a pretensão de esgotar todas as possibilidades de gesticulação, nem de idéias possíveis de serem interpretadas por elas, mas certamente, com a ajuda da imaginação e da experiência de cada leitor, haverá condições de desenvolver um aprendizado com base suficiente a que todos que desejarem encontrem seu próprio caminho. Não é preciso dizer que os gestos recomendados não serão obrigatoriamente os mais perfeitos, se é que existe algum que possa ser considerado perfeito- quando muito poderão ser tidos como os mais indicados em determinadas circunstâncias. Tudo dependerá muito do tipo do orador; há gestos que se adaptam mais ao estilo de determinados oradores, enquanto outros, diferentes, mas indicando a mesma idéia, combinam mais com o estilo de oradores de outras características. Antes de iniciar essa orientação prática, quero sugerir a você, que se está iniciando no aprendizado da gesticulação ou que já possui experiência na utilização dos gestos para falar e quer aprimorar-se ainda mais, que se transforme num observador atento. Olhe como as pessoas comunicativas e expressivas utilizam os gestos; atente para aquelas que ficam imóveis sem nenhuma expressão corporal; repare também naquelas que gesticulam demasiadamente. Vá ao teatro e estude a movimentação dos atores, assista a filmes com artistas de bom conceito técnico, verifique a atuação dos políticos nos palanques, nas câmaras e assembleias, dos advogados no tribunal do juri, dos 41 conferencistas e, por que não, dos camelos que vivem da sua maneira de falar. O mundo está à nossa disposição para ser observado e servir como excelente recurso de aprendizado. É suficiente apenas estar atento aos fatos que nos rodeiam. Só assim, observando, treinando, experimentando, pesquisando, errando e acertando é que poderá conquistar esta excepcional qualidade da comunicação - a gesticulação. Citando mais uma vez a obra de Joaquim Fest, Hitler, na página 99, ele diz numa explicação sobre a gesticulação do orador: "A série de fotos, que o mostra em poses melodramáticas do estilo da época, por vezes despertam troça, mas demonstram como o seu gênio demagógico se formou e, errando, soube aprender". É desnecessário dizer que para todas as idéias que forem mencionadas, além dos gestos que irei sugerir, você poderá encontrar ou descobrir outros que levem à mesma interpretação. Quase sempre direi que os mesmos gestos servirão para uma variedade de ideias, e será fácil deduzir qual o gesto apropriado para cada uma delas. Observe também que muitas ideias que poderão ser expressadas com determinados gestos encontrarão outros mais apropriados em locais diferentes. 1. Enumeração das partes Para enumerar diversas partes de um assunto ou de uma ideia, podemos usar o dedo indicador de uma das mãos tocando separadamente os dedos da outra mão (fotos 26, 27 e 28); ou segurar a ponta de cada um dos dedos de uma das mãos com as pontas dos dedos polegar, indicador e médio da outra, podendo ainda neste caso executar o movimento segurando com o polegar e o indicador, sem o dedo médio. Esse gesto deverá ser feito de preferência sem que você olhe para as mãos, não chamando assim atenção demasiada da plateia, além de não perder a comunicação visual com os ouvintes. O dedo indicador poderá tocar o dedo da outra mão até que a parte enumerada da ideia seja completada. Por exemplo, eu transmito a seguinte mensagem: "Encontramos ali três fatos distintos: o primeiro, a vontade dos jovens que querem aprender e assimilar todos os conceitos da nova teoria; o segundo, os professores empenhados na orientação daqueles adolescentes que foram procurar conhecimento; o terceiro, os pais, que, desde o princípio, apoiaram e estimularam este maravilhoso empreendimento". A partir do instante que fossem pronunciadas as palavras "o primeiro", o dedo indicador da mão direita tocaria o dedo mínimo da mão esquerda (que estaria aberta com os dedos afastados uns dos outros) e permaneceria assim até que a parte correspondente a este primeiro fato fosse completada com a palavra "teoria". A seguir, o dedo indicador tocaria o dedo anular com a pronuncia de "o segundo" e permaneceria assim até que a parte correspondente a este segundo fato fosse completada com a palavra "conhecimento". Finalmente o dedo indicador tocaria o dedo médio com a pronuncia de "o terceiro" e permaneceria assim até que a parte correspondente a este terceiro fato fosse completada com a palavra "empreendimento", embora, para serem mais expressivas, as ultimas palavras, "este maravilhoso empreendimento", pudessem ser assinaladas com os dois dedos indicadores apontando em movimentos rápidos a um ponto imaginário colocado no chão, a uma distância de aproximadamente três a cinco metros. Quando, entretanto, as partes enumeradas são muito longas, você deve tocar o dedo de uma das mãos com o dedo indicador da outra assim que começa a falar sobre a parte da ideia, e continuar gesticulando normalmente para que todas as informações sejam corretamente transportadas pelo gesto, e voltar a apontar com o indicador a parte seguinte, assim que ela seja iniciada. Ora, você não vai 42 ficar tocando com o dedo indicador o dedo da outra mão durante, por exemplo, um minuto, se a parte da idéia levar esse tempo para ser informada. Além do que, segurar o gesto enumerando as partes é só uma sugestão. O movimento pode ser executado assim que se fale sobre a parte, e retirado em seguida, mesmo que esta não seja longa. O gesto poderá ser executado em qualquer altura, desde a linha da cintura até a cabeça. Se as partes tiverem valores, pesos, ou importâncias diferentes, isso poderá ser demonstrado com o gesto sendo executado em alturas diferentes. A parte menos importante poderá ser enumerada com o gesto realizado na altura da cintura, a segunda parte mais importante, com o gesto na altura do peito e a terceira parte, a mais importante, com o gesto na altura da cabeça. Eu dei exemplos de idéias com três partes, mas evidentemente poderão ser idéias com duas, quatro ou cinco partes. Se ultrapassar cinco, o que não é comum nem recomendável, mas pode ocorrer, o gesto poderia ser continuado com a enumeração das partes feitas com apenas uma das mãos, mostrando somente um dedo correspondente a cada parte. Assim, por exemplo, sexta parte com o dedo polegar, sétima com o dedo indicador etc. Neste caso, depois de enumerada a parte com o dedo, ele permanece esticado até que todas as partes sejam concluídas. Também neste caso, se a parte for muito longa, depois de enumerada, o gesto é recolhido para que as mãos se expressem normalmente e, quando a parte seguinte for enumerada, o dedo correspondente será mostrado para indicá-la. É bom lembrar que os dedos que indicaram as partes anteriores deverão continuar sendo mostrados na indicação da parte seguinte. Por exemplo, ao indicar a sétima parte com o dedo indicador esticado, a sexta também deverá ser indicada com o polegar esticado. Ainda com relação a este gesto de enumerar as partes apenas com uma das mãos, encontramos aí uma boa solução para não deixar a gesticulação muito marcada aos olhos da plateia. Se ocorrer enumerarem-se partes em mais de um momento durante a apresentação, na primeira vez o gesto poderá ser executado com o indicador de uma das mãos tocando os dedos da outra; na segunda vez, para que o gesto não fique muito evidenciado e notado conscientemente pelos ouvintes, poderá ser executado com apenas uma das mãos, esticando um dedo para cada parte. Desta maneira, sem que o gesto chame atenção demasiadamente, ele cumprirá melhor seu papel de transportar a mensagem. Procure treinar o gesto de enumeração das partes muitas vezes, até que ele seja executado com naturalidade. Faça exercícios utilizando as duas formas, ou seja, apontando os dedos da mão esquerda (um para cada parte) com o dedo indicador da direita ou vice-versa, e esticando um dedo de uma das mãos para cada parte. No início, nem se preocupe em formar frases que tenham sentido, basta dizer, por exemplo: o primeiro, o segundo e o terceiro; ou a parte a, a parte b e a parte c; ou estava embaixo, estava no meio e estava em cima. Qualquer enumeração de partes servir para fazer o treinamento. Quando usar as duas mãos, procure deixar os braços um pouco afastados do corpo, com as mãos acima da linha da cintura e sinta o movimento partindo desde o ombro. Quando usar apenas uma das mãos, procure fazer o movimento de enumeração das partes com a mão colocada na altura do próprio ombro. Se você quiser referir-se às várias partes ao mesmo tempo, três, por exemplo, poderá colocar o dedo indicador esticado em toda a extensão sobre os três dedos, indicador, médio e anular, esticados e voltados com a parte interna para cima foto 29). Se for um conjunto, isto é, muitas partes ao mesmo tempo, a indicação desta idéia poderá ser feita com as pontas dos dedos abertos, de uma das mãos, passando duas ou três vezes nas costas dos dedos abertos da outra mão, na direção do dedo indicador até o dedo mínimo, e voltando (foto 30). 45 mento" pela dificuldade simulada de os dedos das duas mãos ficarem encostados. É um gesto comunicativo que ocorre normalmente quando o orador fala sobre a falta de algo, como falta de entrosamento, falta de amizade etc. 3. Idéia de união A maioria dos gestos que interpretam a idéia de união corresponde à metade do movimento utilizado para indicar a idéia de separação. Por exemplo, eu disse há pouco que um bom movimento para indicar a separação é tocar as palmas das mãos, uma contra a outra, e separá-las, iniciando com o deslocamento para a frente e abrindo mais a distância entre as mãos, à medida que se afastam do corpo. Se a idéia fosse de união, o movimento seria apenas feito pela metade, isto é, assim que as palmas das mãos se tocassem o gesto estaria completo. Como orientação de ordem geral, o gesto que interpreta a idéia de união quase sempre é realizado com movimentos que partem de fora para dentro, executados para o centro do corpo. Na maior parte das vezes basta juntar ou aproximar as mãos no momento de externar a mensagem de união com palavras. A idéia de união* poderá ser representada com o movimento de uma das mãos ou das duas fechando-se lenta ou rapidamente (fotos 44 e 45), dependendo da circunstância retratada. Esse gesto geralmente é realizado com uma pequena vibração da mão, depois de fechada, como se estivesse espremendo um pano molhado. A mesma idéia poderá ser demonstrada com o entrelaçamento (foto 46) ... ou enganchamento dos dedos das mãos(foto 47). A idéia de união poderá ser representada também com a aproximação dos dois dedos indicadores estendidos para a frente; com as duas mãos posicionando-se uma perto da outra, mantendo os dedos afastados e curvados, dando a impressão de estar apertando uma bola (foto 48); ... ou juntando as pontas dos dedos de uma das mãos (foto49), ... ou juntando as pontas dos dedos de cada uma das mãos e tocando suas extremidades com insistência. Enfim, qualquer gesto de aproximar foto 50), tocar ou segurar as mãos poderá identificar a idéia de união. Alguns desses gestos também poderão ser utilizados na interpretação das seguintes idéias: concordar, combinar, centralizar, concentrar, conexão, relação, concordância, comparação, igualdade, construção, afinidade, reciprocidade, concatenação, semelhança, filiação, composição, influência, introdução, mistura, convergência, entendimento, aproximação, apertado, fechado, dentro etc. Embora a idéia de reunião possa ser indicada com alguns dos gestos estudados neste item, existem outros mais apropriados. Um deles é fechar a mão, que deverá estar com a palma voltada para a direção do corpo (foto 51), ao mesmo tempo que se executa o movimento do braço, normalmente um só, partindo da lateral para o centro fotos 52, 53 e 54). Outro bom gesto é movimentar as mãos afastando uma da outra, circundando o corpo, partindo do centro até chegar à lateral (foto 55), como uma espécie de braçada reduzida, do nado de peito. * Outras idéias, ou palavras analógicas que poderão ser interpretadas com alguns dos gestos estudados neste item, por guardarem relação próxima com a idéia de unir: juntar, reunir, prender, ligar, enlaçar, entrosar, associar, aglomerar, comunicar, engatar, enganchar, incorporar, grudar, segurar, soldar, atar, amarrar, aliar, conspirar, atrelar, aconchegar, afivelar, comungar, anexar, concatenar, aderir etc. 46 4. Idéia de força A idéia de força quase sempre é expressiva, e deve ser indicada com ênfase, mesmo quando a comunicação é serena. O gesto que identifica perfeitamente a idéia de força é realizado com uma ou as duas mãos fechadas, com o dedo polegar pressionando o dedo médio (foto 56). Alguns, ao fazerem os gestos, fecham a mão com o dedo polegar pressionando a lateral do dedo indicador (foto 57). Embora este não possa ser considerado um gesto totalmente incorreto, ele se presta mais a representar a idéia de poder. Faça os dois movimentos, inicialmente com o polegar sobre o dedo médio, dizendo força e, em seguida, colocando o polegar sobre a lateral do dedo indicador, dizendo poder. É bom recordar que o gesto deverá ser executado para a idéia completa. Por exemplo, o gesto de força, com a mão fechada, pode representar toda esta frase: "A força deste momento iluminar nossos passos na caminhada para o futuro". Verifique você mesmo, fechando a mão pouco antes de falar "a força" e desmanchando o gesto depois de pronunciar "futuro". Esses mesmos gestos (mão fechada, com o dedo polegar pressionando a lateral do dedo indicador, ou pressionando o dedo médio) poderão ser utilizados na interpretação das seguintes idéias, ou palavras analógicas: querer, potência, rigidez, heroísmo, virtude*, bravura, energia, valor, competência, valentia, ca- pacidade, prepotência, talento*, tensão, índole, virilidade, constância, saude, impulso, coragem, violência, cólera, rigor, dever, resistência, fé, convicção, tenacidade, confiança, certeza, determinação, poder, vergonha, fanatismo, comando, encorpado, robusto, ríspido, brioso, teso, brusco, invencível, indomável, inflexível, dogmático, destemido, valoroso etc. O movimento rígido de uma ou das duas mãos, palmas voltadas para cima com os dedos abertos e curvados, como se quisesse fechá-los e não conseguisse (foto 58), também pode ajudar na identificação de algumas dessas idéias. 5. Idéias de negação afirmação O gesto poderá indicar a idéia de afirmação ou negação de inumeras maneiras. Dificilmente o orador expressa um pensamento que afirme ou negue, sem auxílio do movimento do corpo. É um gesto tão espontâneo que quando alguém fala no telefone, sem ninguém por perto, gesticula para afirmar ou negar, como se as pessoas estivessem a observá-lo. Além do movimento da cabeça, que se presta muito à comunicação destas idéias, os braços e as mãos também são largamente utilizados na sua interpretação. A idéia de negação poderá ser colocada com o dedo indicador movimentando-se de um lado para outro (não há nem o que explicar, tal a naturalidade desse gesto); ou com a mão aberta e os dedos esticados e levemente afastados, fazendo o mesmo movimento; ou com a palma da mão voltada para baixo, dedos abertos, na altura da parte inferior do peito, num unico movimento de dentro para fora, deslizando rápida ou lentamente, de acordo com a velocidade comunicada pela idéia ou tom de voz utilizado; ou cruzando as mãos na frente do corpo, com o movimento das duas partindo do centro, sem se tocarem (foto 59), e cada uma dirigindo-se para o seu lado de origem. * Idéias que também poderão ser interpretadas com a ponta do dedo polegar esfregando as pontas dos outros dedos. 47 Para afirmar, o gesto poderá ser com o dedo indicador curvado apontando para baixo (foto 60), em movimentos rapidos ou lentos, também dependendo da circunstância; ou com a mão fechada e a ponta do dedo polegar sobre o dedo indicador (também fechados) (foto 61), executando curtos movimentos para baixo e para cima; ou com as costas de uma das mãos batendo uma ou mais vezes na palma da outra (foto 62); ou com a ponta do dedo indicador de uma das mãos tocando com insistência na palma da outra (foto 63) ... ou com as pontas dos dedos unidos, de uma das mãos, tocando com insistência na palma da outra; ou com o braço descendo da altura superior da linha da cabeça, de forma convicta e firme, até a altura da linha da cintura. Neste caso, normalmente se usa o gesto clássico da mão com o dedo polegar tocando o dedo indicador, mantendo os outros um pouco mais esticados (foto 64) Alguns dos gestos estudados para interpretar a idéia de afirmar poderão indicar as seguintes idéias ou palavras analógicas: aceitar, evidenciar, comprovar, assegurar, colocar, recomendar, crer, inserir, firmar, corroborar, provar, ratificar, consentir, autorizar, condenar, imprimir, colidir, bater, chocar, abalroar, introduzir, entrar, socar, martelar, espancar, convicção, autenticidade, certeza, dogma, segurança, honradez, inevitável, fatal, inquestionável, pontual, absoluto, positivo, dentro, a favor etc. Da mesma forma, para negar: desacreditar, desabonar, absolver, duvidar, neutralizar*, discordar, refugar', desmentir, repudiar', tirar, afastar, cruzar, discrepar, proibir', recusar*, rejeitar*, indefinir, executar, impossível, imprestável, ninguém, nada, nunca, jamais, fora, contra, além de tudo o que indicar fim, como: morrer, perecer, terminar, exaurir, acabar, parar', murchar, desfazer, findar, desaparecer, estacar', deter, anular, abolir, revogar, extinguir, cancelar, abater, estagnar*, secar, exterminar, derrubar, arrasar, dissolver, paralisar* etc. Sendo que as idéias que indicam fim podem ser comunicadas com o gesto parado dos braços e mãos abertas, palmas voltadas para cima ou para a frente, da altura da linha da cintura para baixo (foto 66). Ver também estes gestos na idéia de desconhecer, mais à frente. IDÉIA DE DIMENSAO Para indicar a ideia de algo pequeno, você poderá usar os dedos polegar e indicador levemente afastados e os demais dedos recuados, encostados na palma da mão (foto 68). Esta mesma idéia poderá ainda ser indicada com as duas mãos abertas, as palmas voltadas uma para a outra, os dedos levemente abertos e curvados (foto 48), como se segurassem uma pequena bola. A idéia de dimensão poderá ser interpretada pela gesticulação nos seus mais diferentes aspectos, como altura, largura, comprimento, profundidade, grossura etc., todos eles vastamente utilizados em qualquer tipo de apresentação. Nestes casos, você poderá fazer o gesto olhando para a mão, se quiser que a plateia observe bem o movimento indicado e receba a mensagem com toda a sua expressão. A altura poderá ser interpretada usando-se uma ou as duas mãos para gesticular. O mais comum é abrir a mão com a palma voltada para baixo. Se se falar de algo baixo, o gesto poderá ser realizado com a mão nas proximidades da altura da cintura (foto 67). Se se falar de algo alto, o gesto poderá ser realizado com a mão nas proximidades da altura do ombro ou da cabeça. Se a idéia for de algo estreito, poderá ser o mesmo gesto, só que com os dedos esticados e unidos (foto 69); ou ainda com os dedos indicadores esticados para a frente, levemente afastados um do outro, e os outros dedos fechados. * Essas idéias poderão ser interpretadas com a palma da mão aberta, voltada para a frente, com movimento sutil de empurrar, como se pedisse para esperar. Se as idéias indicarem pausa para posterior continuação, o gesto poderá ser com uma das mãos na vertical, cortando a palma da outra (foto 65). 50 Para idéia de passado: história, atrasado, remoto, anterior, antigo, antecedente, ontem, antes etc. Para idéia de presente: residir, em vigor, realização, corrente, atual, hodierno, moderno, naturalizado, existente, verdadeiro, real, efetivo, absoluto, positivo, este, hoje, agora, já, aqui etc. Para idéia de futuro: porvir, amanhã, posteridade, continuidade, próximo, vindouro, depois etc. Ainda quanto à idéia de tempo, podemos falar sobre: perpetuidade, eternidade, duração, imortalidade etc., que poderão ser indicadas com a parte externa da mão levada para a frente, partindo com as pontas dos dedos voltadas para baixo (foto 84), e seguindo até ficar na posição horizontal (foto 85). As idéias contrárias, como: antecipação, curto, efémero, breve etc., poderão ser indicadas com gestos contrários, isto é, a mão vindo da frente para trás (fotos 86, 87 e 88), ou, ainda, indicando algo próximo, para interpretar a curta duração. Vale ressaltar também que a idéia de cedo normalmente é indicada com a palma da mão voltada para baixo, e a idéia de tarde com a palma da mão voltada para cima. 9. Idéia de movimento Vários gestos já estudados são associados na interpretação da idéia de movimento, que indica em geral algum tipo de ação. Existe uma infinidade de idéias que poderiam ser consideradas dentro do estudo do movimento. Para se ter conhecimento aproximado da sua extensão basta dizer que nele podem ser incluídos quase todos os verbos, sem contar que algumas das idéias já estudadas, como, por exemplo, separação e união, também podem participar deste item. Vamos analisar separadamente, portanto, apenas alguns dos movimentos mais utilizados. a. Mudança Para indicar a idéia de mudança, a gesticulação é realizada quase sempre com o movimento das mãos partindo de dentro para fora. Se a mudança ocorrer de fora para dentro, o que não é comum, é evidente que o gesto será de fora para dentro (foto 88). Um bom gesto é partir com as mãos colocadas no meio do corpo, na altura do peito, com os dedos aproximados uns dos outros (foto 89), e num movimento para a lateral as mãos se afastam até a altura de cada ombro, com as palmas abertas, um pouco ou totalmente voltadas para o público (fotos 90 e 91), terminando com pe- quena oscilação, como se estivessem dando adeus; ou somente com as palmas das mãos voltadas para a platéia, com pequenos movimentos, como disse há pouco, parecendo dar adeus; ou cruzar os braços na frente do corpo, de dentro para fora, com as palmas das mãos abertas e voltadas para o público; ou movimentar as mãos voltadas para cima, com os dedos unidos pelas pontas, uma no sentido contrário ao da outra, a parte externa dos dedos de uma das mãos passando próxima à parte externa dos dedos da outra, como se uma estivesse lixando a outra para a frente (foto 92) e para trás (foto 93). Use um desses gestos indi- cados para representar a seguinte mensagem: "Naquele momento ele mudou completamente". Quando pronunciar a palavra "ele" você separa as mãos que estariam no meio do corpo, na altura do peito, e fica com as palmas movimentando-se, voltadas para o público, até terminar de dizer "completamente"; ou simplesmente deixe as palmas voltadas para os ouvintes quando pronunciar "ele" e permaneça assim até acabar de dizer "completamente". Faça este exercício várias vezes, até realizar o movimento naturalmente. Outro gesto recomendado para indicar mudança é com as mãos juntas, aproximadas pelas pontas dos dedos na 51 altura do peito (foto 94), num movimento de abrir de trás para a frente, até ficarem estendidas com as palmas voltadas para cima e os dedos afastados uns dos outros, e um pouco curvados (foto 95). Interprete a mesma frase anterior com esse gesto. Se a mudança ocorrer ao longo do tempo e se você pretender passar essa informação aos ouvintes, gire as mãos, uma sobre a outra (foto 96) algumas vezes, como se estivesse enrolando um novelo de lã. Poderá também apenas girar os dedos indicadores com o mesmo movimento (foto 97), ou fazer o gesto semelhante ao que foi utilizado para indicar a idéia de algo pequeno, com o polegar e o indicador da mesma mão, e girar o indicador para baixo e o polegar para cima (como se fechasse uma torneira), ou ainda deslizar a palma da mão, co- locada no sentido vertical, com os dedos unidos (foto 98), num movimento que parte do meio do corpo até a lateral (foto 99). Veja outras informações sobre "gestos de mudar", no item "Gestos para duas idéias", mais à frente. Alguns desses gestos realizados para interpretar a idéia de Mudança poderão ser usados na indicação das seguintes idéias, ou palavras analógicas: elaborar, evaporar, descobrir, desnudar, despir, destapar, alteração, troca, variação, metamorfose, transformação, transfiguração etc. A idéia contrária de mudança, que é constância ou permanência, poderá ser comunicada com o gesto da mão apontando, com as pontas dos dedos unidas, um ponto determinado à frente (foto 100), ou tocando a palma de uma das mãos com as pontas dos dedos da outra (foto 101), ou tocando a palma com a mão fechada foto 102). b. surgir O gesto usado há pouco (fotos 89 e 90) para identificar mudança, com as mãos abertas e as palmas voltadas para o público (partindo ou não, com as mãos fechadas, do centro do corpo), também serve para representar o movimento de surgir. Quando algo surge distante, o gesto indicado é com a mão aberta apontando para a frente, como se procurasse algo no espaço (foto 83) (veja a descrição do gesto, no item sobre idéia de algo distante). Se o "surgimento" ocorre rapidamente ou de surpresa, o gesto poderá ser com uma ou as duas mãos abrindo-se rapidamente, na altura e um pouco ao lado da cabeça (fotos 104 e 105). A idéia de surgir normalmente é interpretada com gestos que partem de baixo para cima ou em alguns casos também de dentro para fora. Pode ser indicada com uma ou as duas mãos abertas, palmas voltadas para cima, dedos afastados e curvados, com movimento partindo de baixo para cima da linha da cintura (foto 103). O movimento será rápido ou lento, dependendo do tipo de informação que ele representa. Se existir dificuldade de "surgimento", como é "nascer", o gesto poderá ser executado com pequenos e rápidos movimentos insistentes enquanto a mão vai subindo. Quando o "surgimento" ocorre lentamente e vai tomando vulto ao longo do tempo, o gesto pode ser com a palma da mão aberta, dedos abertos e pouco curvados, fazendo evoluções circulares à frente do corpo, do centro para a lateral, que aumentam a cada movimento, parecidas com os movimentos realizados pelos mágicos ao tirarem com uma das mãos os compridos lenços coloridos de dentro de um tubo que seguram com a outra mão. 52 Qualquer gesto com as mãos separando-se uma da outra poderá auxiliar na indicação da idéia de nascer. Alguns dos gestos estudados para transportar a idéia de surgir poderão ser aproveitados na interpretação das seguintes idéias, ou palavras analógicas: nascer, renascer, desprender, aflorar, criar, aparecer, descortinar, romper, gerar, partir, produzir, germinar, elevar, ascender, brotar, vir, escapar, libertar, erguer, revelar, desvendar, desmascarar, descobrir, florescer, novidade, causa, motivo, razão, origem, fulcro, raiz, base, início, porque etc. c. Girar A idéia de girar quase sempre pressupõe um movimento em torno de um ponto ou eixo. Assim, quando transmitir uma informação, imagine um ponto no espaço ou em uma das mãos e faça o movimento giratório com a outra. Um dos gestos seria com a mão aberta, dedos afastados uns dos outros e curvados, num movimento no sentido horário, em torno de um ponto imaginário localizado na direção do centro da palma da mão, como se estivesse tirando suco de meia laranja com espremedor (foto 106). A palma da mão poderá estar voltada para qualquer direção - para cima, para baixo ou para a lateral. Com o mesmo movimento giratório da mão, po- derá realizar outro gesto, só que mudando o ponto imaginário do espaço para um ponto concreto, que seria a outra mão (foto 107). O movimento não precisa ser único, poderá ser realizado com repetição, como se estivesse enroscando algo. Você também poderá representar essa mesma idéia com um movimento circulatório da mão e do braço voltado para baixo (foto 108), como se estivesse batendo a massa de um bolo. Neste caso procure deixar o cotovelo um pouco afastado do corpo; ou com as duas mãos girando uma sobre a outra (foto 96) ou um dedo indicador sobre o outro (foto 97), como se estivessem enrolando um barbante. Alguns desses gestos poderão interpretar as seguintes idéias, ou palavras analógicas: voltear, tornear, rodear, circular, enrolar, rolar, rodopiar, bambolear, enroscar, parafusar, rodar etc. d. Aumentar Qualquer informação que fale sobre aumento ou crescimento, seja de algo concreto ou abstrato, poderá ser interpretada com o gesto das duas mãos afastando-se com os dedos pouco curvados e abertos (foto 109); ou apenas com uma das mãos também aberta, os dedos afastados e pouco curvados, saindo de um ponto imaginário e distanciando-se para dar a impressão de algo aumentando; ou com as mãos ou os dedos indicadores girando (fotos 96 e 97) um sobre o outro, como se estivessem enrolando um novelo. Com esses mesmos gestos é possivel indicar as seguintes idéias, ou palavras analógicas: dilatar, alargar, inchar, exagerar, encorpar, avolumar, expandir, engordar, transbordar, inflacionar etc. A idéia de crescer podemos associar a idéia de progredir, só que o gesto mais apropriado é com os movimentos da mão ou do dedo indicador de baixo para cima, como se saísse de um nível e fosse para outro; ou ainda com a mão aberta, palma voltada para baixo, na altura da direção da cabeça, imitando, com movimentos ascendentes, degraus de uma escada; ou com os dedos unidos pelas pontas de uma das mãos, afastando-se depois de tocar os dedos unidos pelas pontas da outra (foto 110), num movimento para a frente e ascendente (foto 111), como se tirasse uma pipoca de um saquinho e a oferecesse a alguém à frente. 55 Dependendo da direção, esses gestos poderão indicar ainda as seguintes idéias, ou palavras analógicas: perseguir, seguir, continuar, enfileirar, perfilar, investigar, pesquisar, explorar, pista, encalço etc. 13. Idéia de próprio A realização de um trabalho, a execução de qualquer atividade ou a existência de sentimentos, enfim, tudo que fale do próprio orador, poderá ser comunicado de maneira expressiva, com gesticulação bastante simples e natural, bastando apontar ou tocar o próprio corpo na direção do peito. Quase sempre é um gesto realizado com as duas mãos (foto 117), nada impedindo, entretanto, que seja feito apenas com uma delas (foto 118). São movimentos apropriados para falarmos em: sentir, sinceridade, verdade, confissão, penitência, direito, índole, sentimento, sofrimento, gratificante, recompensador, dignificante, reconfortante, enobrecedor, próprio, inerente, natural, característico, interno, latente, mim, nós etc. É, portanto, um gesto para comunicar qualquer idéia que fale do próprio orador ou do grupo a que pertence. Apontando para o lado do corpo, o gesto poderá interpretar idéias contrárias como eles, alheios, daqueles, naqueles etc. Apontando para a frente poderá identificar idéia de seu, vosso etc. 14. Idéia de pensar O pensamento trabalha o tempo todo quando falamos. É comum transmitir essa informação para o público, isto é, falar que pensamos ou que determinada atitude partiu do pensamento de alguém. Um bom gesto para interpretar a idéia de pensar é com a mão colocada na direção da altura da cabeça, com os dedos curvados apontando para cima (foto 119), como se a mão fosse a cabeça e os dedos as idéias que estavam saindo; ou com um movimento do dedo indicador, de baixo para cima, também na direção da altura da cabeça. O movimento do dedo indicador representa o pensamento sendo liberado da cabeça. Essa idéia pode ser representada com qualquer movimento da mão aberta, próximo à cabeça. Alguns desses gestos também poderão identificar as seguintes idéias, ou palavras analógicas: raciocinar, meditar, imaginar, discernir, conceber, concluir, inventar, adivinhar, inferir, despertar, lembrar, recordar, genial, curiosidade, intelecto etc. 15. Idéia de desconhecer Desconhecer ou ter dúvidas sobre certo acontecimento aparece com relativa frequência em qualquer apresentação. É uma idéia que poderá ganhar em expressividade, se for acompanhada do gesto adequado. O mais comum é afastar um pouco um ou os dois braços, colocados à frente do corpo ou abaixo da linha da cintura, com a palma voltada para cima ou para a frente (foto 120), dependendo do caso. Para que esta ação seja bem comunicativa, é interessante encolher e erguer um pouco os ombros. Outras idéias, ou palavras analógicas que poderão ser identificadas com esses gestos: esquecer, ignorar, experimentar, perder, azar, infelicidade, desgraça, acidente, desventura, impotência, dúvida, infortúnio, acaso, incerteza, dilema, casual, involuntário, inexorável etc. Uma idéia bastante ligada a desconhecer é relativo, pois esta pressupõe também dúvida, incerteza, dilema, experimento etc. O gesto mais indicado quando a informação se aproxima dessa idéia é com a mão aberta, com a palma voltada 56 para dentro e movimentando, sem sair do lugar, de um lado para o outro, assim como fazemos para dizer que algo vai mais ou menos. 16. Idéia de atenção Durante a fala podemos pedir que os ouvintes atentem para uma informação ou para uma situação. Em qualquer circunstância o gesto poderá ser o mesmo. O mais comum é levantar o dedo indicador na direção da altura da cabeça (foto 121), ou deixar a mão movimentando-se levemente com a palma aberta próxima à cabeça. Outras idéias, ou palavras analógicas que poderão ser comunicadas com os mesmos gestos: verificar, aconselhar, prevenir, alertar, desconfiar, intimidar, ameaçar, avisar, cuidado, cautela, inspeção, precaução, diligente etc. 17. Idéia de pedir O pedido, na comunicação, no momento de ser realizado, torna-se mais evidente para a platéia quando a palavra é acompanhada da gesticulação. O movimento mais utilizado para pedir é estender uma ou as duas mãos para a frente, com as palmas abertas, dedos abertos, curvados ou não (foto 122). Esse mesmo gesto poderá servir para identificar as seguintes idéias, ou palavras analógicas: suplicar, rogar, requerer, esmolar, solicitar, querer, pretender, aspirar, desejar, propor, amor, compreensão, carinho etc. 18. Idéia de relacionar Relacionar itens tem sido uma idéia bastante aplicada e merece um comentário sobre a sua gesticulação. Normalmente o gesto é realizado com a mão aberta, dedos unidos, com exceção do polegar, palma voltada para a direção do peito, afastada mais ou menos um palmo do corpo, num movimento de cima para baixo, partindo da direção da altura do pescoço e indo até próximo da altura da direção da cintura (fotos 123 e 124); ou esse mesmo movimento com os dedos polegar, indicador e médio, unidos pelas pontas (foto 125); ou como se estivéssemos escrevendo algo na palma de uma das mãos, com as pontas dos dedos polegar e indicador unidas. Com esses gestos podemos transmitir outras idéias, ou palavras analógicas, como: descrever, enumerar, descortinar, descer, cair, elegante, fino, bem trajado, bonito, bem-feito etc. 19. Idéia de abstrato Abstrato é algo não palpável, difícil de ser definido, e que muito menos poderá ser visto. Essa idéia pode ser representada com o gesto demonstrando a dificuldade de pegar ou de ver. Para indicar a dificuldade de pegar, você poderá esfregar a ponta do dedo polegar nas pontas dos outros dedos unidos da mesma mão (foto 42). Poderá ser executado com uma ou as duas mãos. Para indicar a dificuldade de ver, você poderá fazer movimentos circulares com a mão aberta e a palma voltada para a platéia, na frente dos olhos, como se estivesse limpando uma vidraça (foto 126). Esse movimento expressaria a idéia de algo difuso, difícil de ser identificado; ou movimentar a mão na frente do corpo, como se não soubesse o que fazer com ela. Com esses gestos será possivel comunicar também as seguintes idéias, ou palavras analógicas: inconsistência, sem fundamento, visão, inexistente, irreal, imaterial, imperceptível, improvável, imaginário, indefinível, invisível, indescritível, inenarrável, intangível, incorpóreo, oco, vazio etc. 57 20. Idéia de comparação Já vimos uma das formas de indicar a comparação, pelo gesto, quando estudamos a idéia de união. Ali não foi colocada, todavia, a maneira mais usada para comparar, que é simular com as duas mãos os dois pratos de uma balança. O gesto pode ser feito com as mãos abertas, palmas voltadas para cima, paradas ou movimentando-se (como se estivessem pesando), na altura da direção do peito, à frente do corpo (foto 44) ou na lateral. Com essa ação podemos também interpretar as seguintes idéias, ou palavras analógicas: semelhante, parecido, análogo, próximo etc. Se o gesto for com apenas uma das mãos, poderá remeter conceitos ou informações, como punhado, monte, quantidade, porção etc., como também qualquer idéia que indique alicerce, apoio, suporte, estrutura, base etc. Se a idéia comunicada for de contraste, polaridade, antítese, antípoda, contrário etc., o gesto poderá ser com as palmas batendo uma contra a outra. 21. Idéia de ordem Ordem pressupõe arrumação, tudo no seu devido lugar. Para comunicar essa idéia, o gesto poderá ser realizado com as duas mãos abertas, os dedos de cada mão unidos ou separados, palmas voltadas uma para a outra, guardando pequena distância entre si (mais ou menos um palmo) e com movimentos como se mostrassem coisas colocadas em locais imaginários, à frente do corpo (foto 127). Normalmente são realizados de dois a quatro movimentos. Também é possivel indicar a mesma idéia com apenas uma das mãos aberta, dedos pouco curvados, palma voltada para baixo, apontando coisas colocadas em locais imaginários, ou simplesmente deixando as duas mãos abertas com as palmas aproximadas, guardando pequena distância, sem movimento. Com esses mesmos gestos, também podemos interpretar as seguintes idéias, ou palavras analógicas: esquematizar, padronizar, classificar, endireitar, preparar, arrumar, acomodar, ajeitar, regularidade, regra, simetria, proporcionalidade, harmonia, periodicidade, uniformidade, arranjo, compasso, plano, distribuição, método, paralelismo, composição, seriado, programas, cadência, coleção, ritmo, hábito, sistemático etc. 22. Idéia de desordem Desordem pressupõe desarrumação, tudo fora do lugar. Essa idéia poderá ser comunicada com o gesto de uma ou das duas mãos abertas, dedos afastados e bem curvados à frente do corpo com movimentos circulares, como se estivessem mexendo algo; ou movimentando uma ou as duas mãos, com a palma aberta, dedos esticados ou pouco curvados, movimentando-se rapidamente à frente do corpo, como se estivesse dando adeus. A palma da mão poderá estar voltada para o público ou um pouco para a lateral. Esses gestos também poderão indicar as seguintes idéias, ou palavras analógicas: desarrumar, confusão, anarquia, rebuliço, anomalia, perplexidade, desorganização, desarranjo, quiproquo, algazarra, balbúrdia, revolta, tumulto, aventura, agitação, marasmo, despreparo, miscelânea, zona, bordel, irregular etc. 23. Idéia de posição Todas as posições poderão ser mais bem comunicadas numa apresentação se interpretadas e transportadas com gestos apropriados. Os movimentos são simples e naturais, não existindo nenhuma dificuldade para sua correta execução. 60 g. Acusar Expressa-se com o dedo indicador apontando em riste para a frente (foto 131) ou para o alto. h. Cheio A idéia de cheio, repleto, satisfeito, muito, abundante pode ser interpretada com uma ou as duas mãos, palmas voltadas para cima, num movimento de tocar seguidamente as pontas dos dedos, unidas contra a ponta do dedo polegar (foto 49); ou com a palma de uma das mãos voltada para baixo, dedos esticados, unidos ou pouco afastados, num movimento deslizante na frente do corpo, partindo do centro para a lateral (foto 73). i. Introduzir A idéia de introduzir pode ser indicada com as pontas dos dedos unidas, pelas pontas ou não, de uma das mãos tocando a palma da outra (foto 132), ou simplesmente com os dedos esticados e unidos de uma das mãos, num movimento à frente do corpo, levemente para baixo, como se apontasse para um local próximo (foto 133). Com esses mesmos gestos você também poderá interpretar as seguintes idéias, ou palavras analógicas: penetrar, entrar, colocar, inserir, pôr, meter, enfiar, enxertar, atravessar, através, por meio etc. 27. Gestos para duas idéias Você poderá usar os gestos para identificar duas idéias complementares ou distintas. É um procedimento comunicativo que auxilia a platéia no entendimento das informações, pois, enquanto um gesto continua chamando a atenção para uma idéia, o outro cuida da comunicação da outra. Vamos imaginar que você queria informar aos ouvintes a seguinte frase: A mente transmitiu uma ordem para o corpo, o corpo obedeceu com o movimento e só depois as palavras corporificaram o pensamento. Neste caso encontramos duas informações importantes que precisam ser destacadas, "o corpo obedecendo com o movimento" e as palavras corporificando o pensamento". A primeira informação, o corpo obedeceu com o movimento", pode ser identificada com um dos braços sendo esticado para a frente, com a mão aberta e a palma aberta voltada para cima. Conservando o braço nessa posição, sem mexer, você pode usar o outro, fazendo o mesmo gesto, para interpretar a informação seguinte, "as palavras corporificaram o pensamento". A primeira informação continua em evidência, com o gesto mantido, e a segunda participa da mensagem com o gesto do outro braço. Esse comportamento demonstra a importância das duas informações e facilita a retenção da primeira, pelo auditório, pela existência do seu gesto correspondente, mesmo com a transmissão e gesto da segunda. Vejamos outro exemplo com esta frase: Nós saímos daquele local e fomos fixar-nos a dois quilómetros de distância. Aqui também encontramos as duas informações, "o local onde estávamos" e o "local onde fomos fixar-nos". A primeira informação, "o local onde estávamos", pode ser representada com a mão esquerda voltada para cima, com as pontas dos dedos unidas, colocada um pouco ao lado do corpo, em qualquer altura, desde a cintura até o peito. A segunda informação, "o local onde fomos fixar-nos", pode ser interpretada com a mão direita, também com os dedos unidos pelas pontas, tocando a esquerda com as pontas dos dedos (foto 39), num movimento de "sair" ou de "mudar", fazendo o desenho de um arco à frente do corpo, até chegar à outra 61 extremidade com as pontas dos dedos, ainda unidas, voltadas para cima (foto 40), como deverá estar ainda a mão esquerda. Assim, a platéia continua recebendo a informação do "local onde fomos fixar-nos", com o gesto da mão direita, podendo aí avaliar a distância de um local e outro. De certa maneira, o gesto "escreve" a informação, com sua capacidade de ilustrar o pensamento. Esse fato pode ser bem utilizado na apresentação, colaborando para facilitar o entendimento do ouvinte. Vamos supor um exemplo onde seriam utilizados dois gestos, que poderá esclarecer a informação que acabo de passar: Ou ele não tinha informação, ou não tinha escrúpulos. Se não tinha informação poderia ser perdoado, mas se não tinha escrúpulos deveria ser condenado. Você pode segurar a ponta do dedo indicador de uma das mãos com os dedos (polegar, indicador e médio) da outra e dizer, "ou ele não tinha informação"; em seguida pode segurar a ponta do dedo médio e dizer "ou ele não tinha escrúpulos". Assim cada dedo estaria representando uma informação, o dedo indicador, "a falta de informação", e o dedo médio "a falta de escrúpulos". Ao ser mencionada qualquer dessas informações, o gesto será repetido. Assim, quando disser "se não tinha informações poderia ser perdoado", voltará a segurar o dedo indicador, e, quando disser "mas, se não tinha escrúpulos, deveria ser condenado", voltará a segurar o dedo médio. CAPITULO IV O TRONCO E A CABEÇA O TRONCO O tronco, pelo seu posicionamento, poderá auxiliar ou atrapalhar no sucesso de uma apresentação. Isso ocorre em qualquer circunstância, seja falando diante de uma platéia numerosa, ou diante de algumas poucas pessoas, numa pequena reunião, ou até diante de apenas um ouvinte. Em geral é uma parte do corpo e um aspecto da comunicação negligenciados pelos oradores, que, por esquecerem da sua importância ou até mesmo por desconhecê-la, terminam por se comportar erroneamente. A postura do tronco, embora possa ser incorreta por si, geralmente sofre forte influência do posicionamento das pernas. Quando as pernas se colocam de maneira recomendável, normalmente todo o corpo se comporta de forma correta, pois ele se sustenta naturalmente de maneira equilibrada. Quando, porém, as pernas se colocam de modo defeituoso, com apoio exagerado ora sobre uma, ora sobre a outra, quase invariavelmente desequilibram também toda a postura do corpo, principalmente do tronco, que, ao ser afetada, se torna desagradável aos olhos de qualquer ouvinte. Você deverá evitar os dois extremos no posicionamento do tronco. Não fique com postura relaxada, com o corpo curvado deselegantemente para a frente ou para os lados, com os músculos derrubados, o peito retraído e os ombros caídos, como se estivessem desabando. Essa é uma atitude que transmite a imagem do perdedor, do medroso, ou do fracassado, e nem perdedor, nem medroso, nem fracassado conseguem comunicar mensagens que mereçam o respeito ou tenham credibilidade junto ao público. Quase sempre quem é alto possui dificuldade de se posicionar bem e fica meio desengonçado diante do auditório. Se você tiver altura superior à média das pessoas, redobre a vigilância na sua postura. Por outro lado, também não se recomenda uma atitude excessivamente altiva e arrogante. Comportando-se assim, você passará para o público a imagem de alguém 62 prepotente, o que não interessa a ninguem, pois coloca a platéia na defensiva, por receio ou por simples antipatia. Evitando esses dois comportamentos, você estará em condições de desenvolver uma atitude mais participativa e simpática para se comunicar. Outra atitude que não pode ser encarada como arrogante, mas que prejudica a boa expressão corporal, é o posicionamento rígido e inflexível do orador. Em geral ele se origina do nervosismo de quem faz uso da palavra em público, todavia precisa ser combatido para não se incorporar na forma de se apresentar. Evite também a postura militar, com o peito estufado. Convém lembrar o que já comentei sobre o apoio dos braços e das mãos: é comum o tronco quebrar o bom posicionamento quando o orador se apóia com as mãos sobre a mesa (fotos 20 e 21), cadeira (foto 5) ou qualquer outro objeto. Se recorrer a um desses apoios, verifique se não está prejudicando a sua postura. O tronco pode ajudar efetivamente na interpretação e no transporte da mensagem. Quando você inclina levemente o corpo para a frente, ele passa a dar mais ênfase às informações, demonstrando dessa forma uma convicção mais saliente na defesa de uma idéia além de provocar maior aproximação com os ouvintes, indicando simbolicamente uma espécie de penetração no território da platéia. Esse comportamento também pode ajudar na interpretação da idéia de desafio ou de disposição corajosa para enfrentar objeções ou adversidades que não raro cercam uma exposição. Tenho recomendado sempre aos alunos do nosso Curso de Expressão Verbal que façam seus treinamentos falando com leve movimentação do corpo, mas da maneira mais sutil e natural que puderem, apenas para dar certa flexibilidade à postura. Essa movimentação proporciona uma imagem espontânea que o posicionamento precisa ter à frente do auditório. O movimento a que me refiro deve sempre acompanhar o sentido da mensagem e a inflexão da voz, num perfeito sincronismo. Principalmente ao falar sentado, é importante promover uma leve inclinação do corpo para a frente, nos momentos de maior expressividade, pois esse é um dos poucos recursos de que dispomos para utilizar a expressão corporal nessas circunstâncias. Quando você quiser demonstrar uma atitude defensiva ou de precaução, poderá usar com eficiência o tronco, afastando o peito. Já tive a oportunidade de comentar que as idéias que falam de incerteza, impotência, desconhecimento etc., além da movimentação dos braços e das mãos, necessitam também da participação dos ombros (foto 120). Os ombros conseguem até, com movimentos mais sutis, transmitir mensagens expressivas aos ouvintes, que nem sempre os percebem conscientemente, mas são invariavelmente tocados pela sua comunicação. Os oradores, quando se apresentarem de paletó, não se esqueçam de mantê-los fechados, diante do público. Não precisam fechar os dois botões, apenas um será suficiente para dar ao seu visual um toque mais elegante. Agora, se você engordou um pouco, ou se o seu paletó encolheu ao longo do tempo, e por isso sentir dificuldade em abotoá-lo, não tenha dúvidas de que será preferível mantê- lo aberto. É ridiculo ver um orador apertado dentro de um paletó que parece estar sendo usado desde que ele fez a primeira comunhão. Tenha cuidado para dar esses retoques e fazer essas arrumações na roupa antes de caminhar para a tribuna. Lembro-me sempre de um fato ocorrido numa importante solenidade na União Brasileira dos Escritores. Um dos participantes, ao ser chamado à tribuna, atendeu ao convite e, na pressa, tomado pelo 65 O semblante trabalha também como indicador de coerência e de sinceridade das palavras. Deve demonstrar exatamente aquilo que estamos dizendo. Se falamos de um assunto que deveria provocar tristeza, não podemos demonstrar uma fisionomia alegre ou indiferente. Seria o mesmo que assinar um atestado de falsidade, um comportamento tão incoerente que arruinaria a mais bem cuidada de todas as mensagens. Evite os excessos no trabalho do jogo fisionómico. Contrair frequentemente as faces e o nariz, fechar os olhos, franzir a testa de maneira exagerada poderá transformá-lo num orador caricato e despersonalizado. O abuso da comunicação facial chama demasiado a atenção da platéia, que, interessada na fisionomia esquisita do orador (ou assustada com ela), talvez deixe de ouvir suas palavras. Paulo Autran, um dos mais importantes atores do teatro brasileiro em todos os tempos, num impressionante depoimento publicado pela Folha de S. Paulo* *, conta os motivos de alguns de seus fracassos ao longo da sua vitoriosa carreira. Um desses fracassos mencionados aconteceu com a peça Esses Maridos, que tinha sido sucesso em todas as cidades onde o grupo se apresentara. Mas conta Paulo Autran que no Rio a peça fracassou e ele assumiu a responsabilidade pelo insucesso: "No Rio, eu sabia que 'tinha' que fazer sucesso, que 'tinha' de ser engraçado. Exagerei tanto que perdi a graça, fiquei pesadão, caricato. Napoleão Moniz Freire e Nelson Pereira dos Santos foram assistir à peça juntos. Nelson me perguntou perplexo: 'Por que você faz tanta careta?!' Essa pergunta, mais que qualquer critica da época, me esclareceu sobre o que tinha feito. Mas já era tarde. A peça estava saindo de cartaz". Quando o orador tiver de se apresentar em grandes auditórios, ficar relativamente distante do público e, nesse caso, desde que não incorra nos excessos que acabei de comentar, a comunicação da sua fisionomia deverá ser mais acentuada, para que a platéia a perceba. O mesmo ocorrerá quando estiver lendo um texto, pois nessa circunstância os gestos são mais reduzidos e o semblante deverá fazer a compensação com um pouco mais de expressividade. Da mesma forma, você não deverá ficar com o semblante impassível, sem demonstrar expressão alguma. Estou falando das expressões voluntárias, pois sabemos que certas profissões, como a dos diplomatas, exigem um rigoroso treinamento pessoal para que a fisionomia não traia quem a exibe com reações involuntárias. Não podemos chamar profissão o trabalho dos jogadores profissionais de baralho, pelo menos aqui no Brasil, mas eles precisam tomar as mesmas precauções. Os orientais possuem naturalmente um semblante mais quieto, mas a experiência da sala de aula tem demonstrado que, com um pouco de treinamento, eles (que constituem expressiva parcela dos nossos alunos) conseguem aproveitar melhor os recursos do jogo fisionómico. Tenho pesquisado, junto aos alunos e oradores que conheci, quais são as características da fisionomia de cada um. Um dado aparentemente óbvio, que foi ratificado pelas minhas observações, é que os profissionais ligados às àreas técnicas ou administrativas em geral possuem semblantes mais fechados e pesados, enquanto os profissionais ligados às àreas comerciais ou de relacionamento externo, normalmente, possuem semblantes mais abertos e aliviados, o que favorece mais sua comunicação. Assim como relatei sobre os orientais, em todos os casos, com um pouco de treinamento, passa a existir visível progresso na expressão facial. * Foto tirada logo após a partida que desclassificou o Brasil na copa da Espanha em 1982 e publicada na primeira página do Jornal da Tarde. * * Folha Ilustrada. 4 de julho de 1987. p g. A-29. 66 A BOCA A boca comunica quando fala e também quando se cala. É ela que determina a simpatia do semblante. Os sentimentos encontram na boca os mais variados recursos para serem expressados. Com leves e sutis movimentos, ela pode comunicar espanto, tristeza, alegria, ironia, ternura, desprezo, descontentamento, decepção, amargura etc. Para comunicar descontentamento, decepção, frustração, mágoa, empurre levemente o lábio inferior com o lábio superior. Costuma-se dizer, quando alguém foi possuído por alguns desses sentimentos, que "ficou bicudo". Para transmitir expectativa, espera, ansiedade, deixe a boca semi-aberta. Para expressar descoberta, reflexão, entendimento, morda levemente o canto do lábio inferior. Qualquer tipo de sentimento e de mensagem pode ser comunicado com os movimentos da boca. É claro que a boca está sendo analisada aqui isoladamente, mas não irá trabalhar sozinha. Toda a fisionomia, com os olhos, a testa, as faces, o queixo, participa do momento de comunicação. A IMPORTANCIA DO SORRISO O sorriso, quando a circunstância permitir, poderá quebrar barreiras aparentemente intransponíveis. Ele desarma adversários, conquista inimigos, muda opiniões, abre vontades e corações. É um elemento especial na comunicação. Algumas vezes você pode sentir a platéia distante e alheia às suas explanações, transparecendo um clima adverso a suas pretensões. Nesta situação tente um sorriso, mas não um sorriso "amarelo" de quem está pouco à vontade. Sorria sinceramente, demonstrando o quanto você gosta daquele público e que pretende torná-lo seu amigo. Quase sempre dá resultado. O sorriso também pode ser treinado e exercitado até ser expressado com naturalidade. Sobre esse fato ouvi um depoimento interessante de um aluno, quando falou sobre a sua carreira profissional, em uma das nossas aulas. Segundo ele, a maior herança que tinha recebido do fundador da empresa onde agora é diretor foi ter aprendido a sorrir. Contou que assim que chegou à capital de São Paulo, vindo do interior, ingressou na empresa de onde nunca mais saiu. No inicio executou trabalhos na recepção da diretoria, por onde passava diariamente o presidente da companhia. Toda vez que o presidente passava, ele ouvia a mesma observação: "Por que você está com essa cara fechada? Experimente sorrir". A princípio, entre assustado e contrariado, não sabia como proceder, até que passou a esboçar um leve sorriso, assim que o chefe se aproximava. Depois de algum tempo, o sorriso já estava saindo espontaneamente, e se comportou assim não apenas quando o presidente passava, mas em todas as circunstâncias e sentiu que as pessoas começavam a tratá-lo melhor, com mais cordialidade. O padre Vasconcelos, um dos oradores mais extraordinários que conheci, disse que o sorriso tem o poder de abrir um campo magnético, onde todos entram sem resistências, dobrando-se à vontade de quem fala; torna a presença do orador emoldurada na irresistivel força da empatia. Não hesite, sorria sempre que puder, mas faça-o com o coração. Não poderia falar do riso sem mencionar uma página criativa e profunda de Augusto de Lima. Vale a pena revê-la: ... Todos podem chorar e nada é tão vulgar como a lágrima, que é o derivativo da dor, partilha dos seres animados; mas podem rir os indivíduos que progridem para um grau superior da sua espécie. 67 As lágrimas correm todos ao estuário da morte, extremo conforto, mas também horror dos fracos. O riso não! Superpondo-se à derrocada do organismo, zomba serenamente da morte, encorando-a como simples acidente, ou riso místico nos lábios dos mártires cristãos, ou riso estóico na face pálida dos que acreditam na supervivência da virtude ou riso filosófico, apenas denunciado no olhar dos que consideram a vida como um elo ou transição na cadeia das transformações terrestres. É que ele anestesia todos os sofrimentos. O riso partilhou, nos séculos do maior despotismo, o cetro da realeza, quando os bobos da corte esmagaram a fidalguia insolente, tendo o supremo privilégio, vedado à própria coroa, das indiscrições, que devassam, e dos sarcasmos, que fulminam. Que vale toda a grandeza de Luiz XIV na sua esplendorosa" Versailles, em face da risada de Moliére, cujo reinado ainda continua em plena república do espírito humano, e cujo brilho sempre vivo mantém a corte da admiração universal? Nascido nas mesmas fontes filosóficas da dor, o riso lhe é superior, porque, através das contrações musculares, que lhes são comuns, não geme, não suplica, não se humilha: julga, sentencia, condena e... quase sempre perdoa. É nesta última função, principalmente, que ele se eleva até a ironia, supremo grau dessa sensibilidade esquisita que só reside nesse que chamamos - um homem de espírito! Terrível soberania é esta, que meio raro recebe a unção em cabeças conformadas para a coroa de espinhos, mas que ela, a ironia, converte, ainda bem! nos da sátira e do epigrama. Retorsão dos fracos contra os fortes, ela responde à insolência dos poderosos de hoje com a interrogação do - 'amanhã'? que para estes é quase uma ameaça e para aqueles talvez uma esperança. É a vitória dos vencidos da vida contra os desprezos da vilania de bastão, que as forças momentâneas do sucesso fortuito guindam às eminências. Nada iguala ao sorriso triunfante de Cyrano, quando olha ironicamente para a morte, tendo a fronte ungida do beijo supremo de Roxana, que é também o supremo penacho de todos os Cyranos que agonizam, depois dos sucessos que eles emprestam aos poderes de espírito, formosos de narizes pequenos. Creio que o riso é a baliza inferior e a ironia a superior natureza humana. Não riem as bestas nem chegam a sorrir os deuses. A formação embrionária do riso é uma contração espasmódica, uma convulsão de caráter benigno: a evolução superior do sorriso será a serenidade divina..." Discurso de AUGUSTO DE LIMA. in Humberto de Campos. Trinta Anos de Discursos Académicos, pág. 85. A COMUNICAÇÃO VISUAL De todo o semblante, os olhos possuem importância mais evidenciada para o sucesso da Expressão Verbal. Através dos olhos poderemos obter o retorno da mensagem que colocamos para o auditório. Verificamos com os olhos o comportamento da platéia, se todos estão interessados nas nossas informações, se estão entendendo o que dizemos, se concordam com as nossas afirmações, se apresentam resistência a determinadas idéias. 70 localizados nas extremidades do auditório quase sempre ficam marginalizados do campo visual, por isso, depois de completar o quadro A, B, C e D, deverá olhar para os elementos que estão localizados na extremidade E, e em seguida para os que estão localizados na extremidade F, repetindo a partir daí toda a sequencia já analisada, até terminar a apresentação. Este é um esquema que visa orientar e facilitar a comunicação visual. Seguindo essa sugestão, você terá certeza de estar olhando para todos os ouvintes, e cada um deles terá a sensação de que está sendo olhado. Agora, não se vá escravizar ao esquema, imaginando que deverá proceder assim o tempo todo; pareceria um robô diante do público, falando e movimentando os olhos em A, B, C, D, E e F - A, B, C, D, E e F e assim muitas vezes sem mudar. Durante a apresentação você deverá variar a comunicação visual, olhando a platéia às vezes a partir do fundo da sala e caminhando com os olhos até chegar aos ouvintes localizados na frente, como se olhasse em camadas, dividindo a platéia em tiras, três, quatro ou mais, dependendo do tamanho. Veja na ilustração 136: Inicialmente você poderá olhar para os ouvintes localizados no segmento A, em seguida para quem estiver no segmento B e assim até a frente do auditório. Depois, poderá agir de forma inversa, olhando da frente para trás (137). Em outros momentos poderá olhar em direção ao centro do corredor da sala, se existir, ou ainda deter os olhos mais demoradamente sobre um outro ouvinte. O importante é ficar à vontade nas suas ações, tendo o esquema sugerido inicialmente como guia principal. Se no local onde você se apresentar houver uma mesa de honra, não se esqueça de olhar algumas vezes para essa direção. Não o faça, entretanto, como alguns oradores que, magnetizados pelas personalidades que compõem a mesa, olham o tempo todo para esse lado, esquecendo até que existe audit¢rio. Adapte sua comunicação visual de acordo com o ambiente, sempre tendo em mente que deverá olhar para todos os ouvintes, para que eles tenham a sensação de estar sendo olhados. Olhar rapidamente para cima ou para baixo não caracteriza sempre um erro, pode ser uma atitude natural, já que no dia-a-dia agimos assim quando pensamos ou meditamos. Estou alertando quanto a este aspecto porque alguns, sabendo que a comunicação visual só é correta quando dirigida aos ouvintes, caem no exagero de imaginar que qualquer desvio dos olhos da direção do auditório é uma incorreção. Não me vou cansar de dizer: seja natural. CAPITULO VI A POSTURA PARA LER EM PUBLICO E PARA FALAR DIANTE DO QUADRO DE GIZ OU DO QUADRO MAGNETICO A POSTURA PARA LER EM PUBLICO 1. Como segurar o papel O primeiro ponto a ser considerado na postura para ler em público é como segurar o papel. Segure o papel elegantemente, não muito baixo, para que possa ser lido, nem muito alto, para que não esconda o seu rosto dos ouvintes. Conserve-o na parte superior do peito (foto 138). Se a folha de papel servir apenas como um roteiro numa apresentação, ou se a fala for mais informal, ela poderá ser posicionada mais embaixo, entre a linha da cintura e a parte inferior do peito. Essa maneira de segurar o papel demonstrará que ele contém apenas 71 alguns tópicos ou lembretes, e que o conteúdo da apresentação será desenvolvido pela memória, imaginação e criatividade do orador, ali, diante do público. Acompanhe a leitura com a ajuda do dedo polegar, assim saberá sempre qual a linha a ser lida, sem se perder. A outra mão será usada para gesticular, marcando as informações predominantes dentro das frases. Quando esta mão estiver parada, isto é, sem gesticular, deixe-a segurando a folha de papel na parte lateral inferior, para dar a ela melhor equilíbrio. Tenho observado que são poucos os oradores que conseguem gesticular corretamente durante a leitura; ou seguram o papel com as duas mãos o tempo todo, sem gesticular, ou gesticulam desordenadamente, realizando movimentos incompatíveis com a mensagem e a inflexão da voz. Durante a leitura, os gestos devem ser moderados, realizados sem exagero, pouco acima da linha da cintura. Isso não impede que você levante o braço quando necessitar enfatizar alguma informação. Também quando ler diante de platéia numerosa, o gesto precisa ser mais pronunciado, permitindo que seja observado por todos os ouvintes, principalmente aqueles localizados no fundo da sala. Treine a gesticulação na frente de um espelho, segurando a folha de papel na altura da parte superior do peito. Use o dedo polegar para acompanhar a linha de leitura e não se perder, assim saberá também qual a próxima linha a ser lida. Durante este treinamento use a outra mão para gesticular o tempo todo, exceto quando precisar segurar o papel com as duas mãos, para mudar a linha de leitura com o dedo polegar. Se falar sem ajuda de um atril, coloque sempre a folha já lida embaixo das outras. Essa recomendação talvez não fosse necessária, mas tenho presenciado oradores atirarem as folhas no chão. Se houver o atril, será mais fácil colocar a folha lida ao lado, não embaixo das outras. 2. Como escrever os seus discursos para leitura Datilografe seu discurso com letras maiúsculas e em espaços duplos. Esse cuidado será de grande ajuda no momento da leitura. Ao ler em público, certifique-se com antecedência se as folhas estão colocadas na sequência correta. Já vi alguns oradores negligentes ficarem nervosos e prejudicarem a apresentação porque tiveram dificuldades para acertar a ordem das folhas. Habitue-se a colocar traços verticais na frente das palavras ou frases que necessitem de inspiração de ar mais profunda, ou de pausa para serem transmitidas, e traços horizontais embaixo das palavras ou frases que peçam maior destaque durante a leitura, para a correspondência com o seu valor e sua expressividade. Essas marcações identificarão rapidamente a pontuação oral e os termos de maior valor, durante a leitura em público. Ao ler discursos escritos por outras pessoas, procure interpretar o exato sentido do texto. Resguarde, entretanto, sua maneira de ver e de sentir a mensagem, para não se transformar numa "máquina de ler". Certa vez, uma grande empresa localizada em São Paulo recebeu a visita de um dos diretores da Matriz nos Estados Unidos. Ele já tinha estado no Brasil algumas vezes e por isso conseguia, arranhar" frases em português suficientes para ser compreendido. Nesta visita ele precisou proferir um discurso aos funcionários da firma e a alguns representantes de outros Estados. Para não correr riscos, recorreu à assessoria de um gerente da organização, que lhe preparou o texto com toda a orientação. No momento da leitura, seguindo fielmente tudo o que tinha sido sugerido, falou mais ou menos assim: 72 "Senhoras e senhores, bom-dia, boa-tarde ou boa-noite, dependendo da ocasião". E terminou desta maneira: "Muito obrigado pela atenção. Sair pela direita". Ele leu tudo, inclusive o que estava grifado. Nunca aqueles ouvintes tinham-se divertido tanto! Se costuma sentir tremores nas mãos, fato muito comum até entre oradores experimentados, como já tive oportunidade de sugerir, cole a folha de papel num cartão mais grosso. O fato de saber que os tremores não serão percebidos pelo público aumentará sua segurança e provavelmente não tremer . 3. Comunicação visual Este talvez seja o elemento que provoca maior dificuldade durante a leitura. Neste último ano fiz um levantamento estatístico, observando a primeira leitura dos alunos do nosso Curso de Expressão Verbal. O resultado foi impressionante, apenas quinze em cada cem olharam para os ouvintes enquanto liam, os outros não tiraram os olhos do papel, desde o princípio até o final da leitura. Alguns não olham por sentirem dificuldade, mas a maioria nem se lembra que os ouvintes estão à sua frente e que a leitura é feita para eles. A impressão que dão é a de uma conversa entre o orador e a folha de papel. Não é necessário olhar o tempo todo para a platéia, será suficiente olhar durante as pausas e nos finais das frases. Antes de se apresentar diante do público para ler, se existir possibilidade, treine exaustivamente. Deixe o conteúdo do discurso integrar-se na sua mente, de tal forma que bastará bater os olhos no papel e saber as informações que deverá transmitir. Assim, sua comunicação visual será melhor e sua segurança será fortalecida, possibilitando uma comunicação mais expressiva e eficiente. A experiência demonstra que um texto com duração de até quinze minutos começa a ser bem interpretado depois de lido, em treinamento, mais de trinta vezes. Quanto mais treinar, mais se soltará do papel e mais se aproximará dos ouvintes. Leia em silêncio as informações de cada frase antes de transmiti-las ao público, evitando assim ser surpreendido com palavras de pronúncia difícil, principalmente se não tiver conseguido treinar convenientemente. Para melhorar a comunicação visual faça treinamentos na frente de um espelho. Leia rapidamente as frases em silêncio e a seguir pronuncie as palavras em voz alta, olhando para a frente, vendo a própria imagem refletida. Não é preciso baixar a cabeça para ler, basta baixar os olhos. Ao treinar, procure pronunciar as palavras em voz alta sem olhar para o papel, mesmo que no inicio encontre dificuldade. Assim, quando estiver diante do público, será mais simples olhar para o auditório durante a leitura. 4. Uso correto do microfone para ler Estas informações servirão sempre que precisar fazer uso do microfone, lendo ou não. Vou-me deter ao uso do microfone em pedestal, pois é nesta circunstância que os oradores encontram maior dificuldade. Inicialmente acerte corretamente a altura do microfone, procure não deixá- lo na frente do rosto, para permitir que o auditório veja o seu semblante. 75 Aí ocorreu, porém, um fato mais engraçado ainda. Depois de toda a orientação dada aos associados, explicando-lhes os riscos de levar um fotógrafo não familiarizado com o andamento da solenidade e provavelmente sem a sensibilidade para perceber que alguns dos oradores falavam diante de um grande auditório pela primeira vez, e avisando-lhes que o clube assumia a responsabilidade de levar uma equipe de fotógrafos treinados para agir discretamente sem atrapalhar as apresentações etc., etc., etc., chegou o dia da próxima solenidade. Num dado momento, acontece o inesperado: no instante em que um orador (dos mais nervosos) estava falando, o fotógrafo, por infelicidade, sem perceber enroscou o pé no fio e, de forma desastrada, derrubou o microfone. Tragédia? Até que não; desceu a luz da inspiração no orador, que, com admirável presença de espírito, fez o seguinte comentário: "Fico imaginando o que poderia acontecer se os fotógrafos contratados pelo Presidente não fossem experientes e discretos". Risos de alivio e aplausos de todos os ouvintes. A recomendação que faço a você (já que não posso fazê-la ao fotógrafo) é a seguinte: quando estiver falando, procure esquecer a presença desse profissional. Nada de ficar fazendo poses, ou olhando para a câmera. Aja com naturalidade, como se ele não existisse. Câmeras de televisão Principalmente para quem não está habituado, falar diante das câmeras de televisão é quase sempre assustador, e também parece complicado. Na realidade, trata-se de uma atividade relativamente simples, bastando que se sigam algumas recomendações. Quando você se apresenta pela televisão, quase sempre sua imagem é recebida na intimidade da casa do telespectador; portanto, aja como se estivesse lá, sendo recebido e conversando naturalmente na sala de visitas. Este é o primeiro princípio, pois, embora possa estar sendo visto por milhares ou milhões de pessoas, você deverá comportar-se como se falasse apenas para três ou quatro. Ao assistir a algumas entrevistas pela televisão, às vezes tenho a impressão de que o entrevistado está diante de um paredão de fuzilamento. A cÂâmera focaliza o entrevistador enquanto este faz as perguntas e, quando se desloca para o entrevistado, apanha-o com o semblante assustado, com os olhos fixos como se fosse ser executado. O entrevistado deve olhar na direção do entrevistador enquanto este formula as perguntas, e começar a respondê-las ainda olhando na mesma direção; só depois de proferir as primeiras palavras é que deverá voltar-se para a câmera. Este procedimento projetará um comportamento natural, com boa chance de captar a simpatia dos telespectadores, logo no início. Se você participar de um debate ou de um programa com vários entrevistadores, não se esqueça de olhar para as pessoas de vez em quando. Como orientação geral olhe 80% do tempo para a câmera e os 20% restantes para as pessoas que estão a sua volta. Nestas circunstâncias, como já tive oportunidade de comentar, os gestos precisam ser moderados. Aqui vai uma "dica": se não souber o que fazer com as mãos, segure uma caneta para fazer algumas anotações ou ticar, numa folha de papel, os itens que já foram comentados. Se a sua apresentação for do tipo da dos apresentadores de noticiário, procure não movimentar o corpo (sem parecer uma estátua) e encoste-se no espaldar da cadeira. Se vocâ for o entrevistador (certamente não precisa desta recomendação), comece a fazer a pergunta olhando para a câmera e continue falando na direção do entrevistado. 76 Existem, entretanto, programas de televisão onde as câmeras são colocadas estrategicamente para acompanhar a conversa mais informal entre o entrevistador e o entrevistado. Neste caso, a comunicação com a câmera deve ser praticamente desconsiderada. Uma dúvida que aparece nessas situações é qual a roupa a ser usada. Perguntei ao meu amigo Hélio Ansaldo, um dos mais experientes apresentadores da televisão brasileira, qual a orientação que ele daria, sobre a roupa, a quem precisa apresentar-se num programa de televisão. Ele disse que não se devem usar o branco, nem o xadrez. Aconselhou que fosse dada preferência ao azul, pois, segundo ele, é uma cor que sempre cai muito bem no vídeo, com ex- ceção dos programas ou gravações que usam o sistema "chroma-key", que utiliza projeções com base no azul. Nestas ocasiões, o azul é uma cor proibida, e, normalmente, os produtores alertam com antecedência. Falo com experiência própria, pois, todas as vezes em que gravei comerciais para a televisão, usaram esse sistema, e sempre fui alertado antes das gravações, por escrito e verbalmente, para não usar cor azul. Roupa de cor escura é geralmente elegante, com a desvantagem, todavia, de tornar as pessoas mais envelhecidas. Uma boa solução é usar roupa de cor próxima ao cinza, que mantém a elegância sem, contudo, envelhecer quem a utiliza. "Dicas" finais a. Não dê atenção ao corre-corre do estúdio, a não ser que seja para matar a curiosidade e ver como se trabalha ali. De resto, tal fato nada tem a ver com a sua apresentação. b. A câmera que está operando é a que tem a luz acesa. Se tiver que mudar a comunicação visual de uma câmera para outra, faça-o com tranquilidade, sem precipitação. c. Seja objetivo! O tempo na televisão é precioso e, por isso, quase sempre escasso. Procure falar o máximo, no menor tempo possível. d. Se tiver oportunidade, assista a algum dos programas em que terá que se apresentar, a fim de que possa saber como ele é conduzido e como poderá ser a sua participação. 2. O orador deve beber antes de falar? Não tenho ilusões. São duas recomendações que sempre faço aos oradores principiantes: não decore o discurso e não tome bebidas alcoólicas antes de falar. Mas é como se dissesse: decore seu discurso e beba antes de falar. Mesmo assim vou insistir: não beba antes de falar, pois poderá perder os reflexos tão importantes no momento da apresentação. Além de ser uma fuga condenável, poderá viciá-lo a usar este recurso sempre que tiver de falar. Li, em algum lugar, uma frase que me chamou a atenção: "Quando alguém bebe para falar, só ele pensa que é orador, ninguém mais". Se, em todo caso, você resolver tomar algo antes da sua apresentação, procure não tomar cerveja ou uísque, pois essas bebidas deixam a voz pastosa. Dê preferência a um bom vinho tinto. 77 3. O orador deve comer antes de falar? Antes de responder a esta pergunta, faço uma observação: o estimulo nervoso poderá inibir ou acelerar exageradamente o trabalho digestivo. Se houver inibição, consequentemente poderá ocorrer má digestão e até congestão. Se houver aceleração, poderá ocorrer diarréia. Por isso é que algumas pessoas reclamam de desarranjo intestinal sempre que precisam apresentar-se para falar em público. Portanto, se você é do tipo que fica muito nervoso e agitado no momento de falar, tome cuidado com a alimentação. Coma de maneira moderada e dê preferência ao leite. Por outro lado, não fique sem se alimentar, isto poderá provocar fraqueza e atrapalhar sua apresentação. Existem pessoas, todavia, que se sentem muito bem depois que se alimentam e não sofrem estímulos nervosos acentuados quando vão falar em público. Se este for o seu caso, tenha um bom apetite. 4. Como saber, pela postura do auditório, se ele está receptivo? Em qualquer circunstância, seja diante de uma ou duas pessoas, seja diante de uma grande platéia, o orador, desde que mantenha a tranquilidade e tenha espírito observador, poderá verificar, sempre que pretender, a receptividade dos seus ouvintes. Quando conversamos com uma pessoa e ela se recosta na cadeira e cruza os braços ou coloca as mãos entrelaçadas na frente do abdome, muito provavelmente não está interessada na conversa ou procura proteger-se de algum tipo de ataque, uma opinião com a qual não concorda, por exemplo. Este não será obviamente o mo- mento para tentar convencê-la ou persuadi-la de nada; sua guarda está fechada. Por outro lado, quando ela inclina o corpo para a frente, esticando a cabeça, demonstrando que quer ouvir melhor, está receptiva, sem resistências, pronta para aceitar uma idéia, uma opinião ou um produto. Quando a pessoa com quem falamos tamborila com os dedos ou, sem motivo, bate a mão sobre a mesa, sobre o braço da cadeira ou na própria perna, prepare- se para encerrar a conversa, esses são sinais de impaciência. A platéia numerosa demonstra, pelo seu comportamento, as mesmas indicações de receptividade ou resistência. Neste caso, deve-se considerar a reação dos ouvintes como um todo. Não é porque alguém, isoladamente, está com o semblante fechado ou distraído, folheando um livreto qualquer, ou com os braços cruzados, que já se pode concluir que a mensagem não está agradando nem penetrando o auditório. O que se deve levar em conta não são as atitudes isoladas, mas, sim, o conjunto, a somatória dos comportamentos individuais. Todavia, se atitudes defensivas como essas que acabei de citar se repetem em várias partes da platéia, é indicação clara de que ou as pessoas não estão assimilando e, portanto, dispersam a atenção, ou estão entendendo mas encontram-se impermeáveis às idéias do orador. É preciso, ainda, trabalhar no sentido de romper as barreiras de proteção antes de atacar com a linha de argumentos. Um bom sinal de aceitação e receptividade do auditório ‚ o riso. Quando os ouvintes riem de uma brincadeira feita pelo orador, demonstram, dependendo da circunstância em que o fato ocorre, que estão desarmados de resistências. Embora o cuidado de cativar o auditório deva ser tomado durante toda a fala, é principalmente no início da apresentação que o orador precisa ter como objetivo maior conquistar a benevolência, a docilidade e a atenção dos ouvintes. 80 Se a tela for colocada na lateral (ilustração 143), mesmo que você fique no centro, não precisará sair de perto do aparelho, podendo apontar com uma caneta na própria transparência o detalhe que queira destacar e a sombra da caneta será projetada na tela, embaixo do item ressaltado, sem que você desvie os olhos do público. Conheço alguns oradores mais caprichosos que fazem muitas palestras e deixam especialmente preparadas setas de metal ou cartão grosso, para colocarem sobre a transparência, na direção do item a ser ressaltado. Ao mudar a lâmina a ser projetada, desligue o aparelho para que essa operação não apareça na tela. Só volte a ligar depois que tiver certeza de que a transparência foi corretamente colocada. É desagradável ver transparências projetadas de cabeça para baixo. Falando em ligar e desligar, esse é um recurso que pode ser bem aproveitado. Quando você liga o aparelho, a atenção da platéia volta-se para a tela, onde o assunto é projetado. Quando você desliga, a atenção volta-se para a sua pessoa. Dessa maneira, ligando e desligando o aparelho, é possível, sem sair do lugar, dar bom dinamismo à apresentação. Nem preciso dizer que, quando o as- sunto projetado não for mais necessário à apresentação, o aparelho deve ser desligado para não desviar a atenção dos ouvintes daquilo que você está falando. Se tiver que projetar uma série de itens, dez, por exemplo, não os projete todos de uma vez; isso poderia tirar a concentração do público das suas palavras. Com todos os itens projetados de uma vez, enquanto você estiver falando, por exemplo, do nível de escolaridade dos habitantes da Zona Sul, que é o item número um da relação, alguns ouvintes estarão interessados na verba dispendida na educação, que é o item oito, e outros ainda na construção de novas unidades escolares, que é o item dez. Projete um item de cada vez, prendendo a atenção de todas as pessoas naquilo que estiver falando. Para isso, coloque uma proteção embaixo da transparência, deixando fora apenas o item que quer projetar. Disse que coloque a proteção embaixo da transparência para que você possa sempre ler os itens a serem projetados na sequência. Se a proteção estivesse em cima da transparência, isso não seria possível. Lembre-se de que o retroprojetor, assim como todos os equipamentos de apoio, é um meio e não um fim na exposição. Ele ajuda, com a projeção de gráficos, estatísticas e até paisagens e fotos de pessoas, a tornar mais fácil a compreensão daquilo que você diz. Mas, para convencer ou persuadir, dê preferência à força da sua palavra. EXERCICIOS Esta relação de exercícios o ajudará no treinamento da gesticulação e postura. Cada frase conterá diversas informações, mas você fará apenas o gesto correspondente à informação predominante, até sedimentá-lo na sua maneira de se expressar. Se julgar que a frase contém mais de uma informação importante, faça o treinamento usando inicialmente o gesto correspondente à informação sugerida (recorra aos itens estudados), depois poderá exercitar-se com os gestos adequados às informações que quiser destacar. Faça sempre o gesto mais apropriado ao seu estilo, mesmo que ele não tenha sido mencionado nas sugestões colocadas neste livro. Exercite pelo menos cinco vezes cada uma das frases e faça o treinamento na frente de um espelho. Se tiver um aparelho de videocassete, será melhor ainda. 81 Como já tive oportunidade de alertar, não se sinta ridículo, lembre-se de que é um treinamento útil para o desenvolvimento e aperfeiçoamento da sua expressão corporal. Use todo o corpo na execução dos exercícios, treinando principalmente os braços, as mãos e o semblante. 1. ENUMERAÇÃO DAS PARTES a. O país tinha sua economia sustentada pela agricultura, com a produção de café e algodão; pela indústria, com a transformação de produtos originários da terra; e pelo comércio, com a exportação de ouro e algumas pedras preciosas. b. A estrutura da empresa podia ser facilmente identificada com os executivos, responsáveis pela administração, os auxiliares, encarregados da execução da política implantada e os operários, a quem cabia toda a produção. C. O curso foi dividido em quatro etapas distintas: a primeira, com a introdução e o desenvolvimento dos princípios gerais, a segunda, com a preparação dos principais pontos a serem abordados, a terceira, com a orientação do conteúdo da matéria ministrada e, finalmente, a quarta, com a recapitulação geral. 2. IDEIA DE SEPARAÇÃO a. Depois de duas horas de conversa animada, cada um seguiu caminho diferente. b. Trabalharam duro a noite toda e, quando acharam o ouro, extraíram cuidadosamente o metal da rocha. c. Os garotos olharam para ver se não aparecia ninguém, e dividiram a torta de morango em duas partes. 3. IDEIA DE UNIÃO a. Caminharam a noite toda e foram encontrar-se exatamente na casa do inimigo. b. As peças trabalhadas com a competência dos artesãos encaixaram-se perfeitamente. c. Brigaram, brigaram, brigaram, mas no dia seguinte estavam juntos, como dois velhos amigos. 4. IDEIA DE FORÇA a. Ele não era simplesmente o líder daquele grupo; mais do que isso, simbolizava a resistência de toda uma geração. b. Naquele momento de desespero, os homens eram movidos pela força do seu ideal. c. Ele não se importava com as dificuldades do mercado, a energia do seu dever estava acima da obrigação de profissional. 5. IDEIAS DE NEGAÇÃO E AFIRMAÇÃO 5.1. Idéia de negação a. Já disse tudo o que precisava, nada tenho a declarar além do que foi mencionado. 82 b. Continuando nessa marcha vagarosa, nunca poderemos encontrar um plano satisfatório. c. Ele foi longe demais; depois dessa atitude, esse homem não existe mais, para mim. 5.2. Idéia de afirmação a. Ele comprovou sua inocência, com os próprios argumentos, sem recorrer às testemunhas. b. Naquela noite, sem a presença da mulher, ele firmou um pacto com a sociedade. c. Mesmo demonstrando um semblante cansado, ele sempre foi positivo nas suas conclusões. 6. IDEIA DE DIMENSÃO 6.1. Idéia de baixo a. Todos os habitantes daquela região tinham estatura reduzida, mas pareciam nao se importar com o fato. b. Quando o pai olhou pela janela, ficou estarrecido ao ver a filha deitada na relva, com o filho do seu adversário. c. Não tenho certeza, mas o mastro da bandeira, depois de quebrado, ficou com menos de meio metro de altura, insuficiente, portanto, para ser observado no campo de batalha. 6.2. Idéia de alto a. O ladrão estava todo de preto, mas foi visto andando sobre o telhado da mansão, antes de desaparecer. b. Ele trabalhou duro até atingir o primeiro posto na hierarquia da empresa. c. Atravessaram o rio a nado, na parte mais estreita, e pularam de alegria quando vislumbraram o penhasco, onde se escondia aquele rico tesouro. 6.3. Idéia de pequeno a. O filhote era tão minúsculo que todos pensaram que ele não sobreviveria. b. Para quem estava acostumado a jogar bola-ao-cesto, uma bola com aquelas dimensões reduzidas parecia coisa de criança. c. Era um animal monstruoso, mas cometeu tantas imprudências que foi fácil chegar à conclusão de que a sua inteligência era pequena demais para uma tarefa daquela responsabilidade. 6.4. Idéia de estreito a. Quem passasse por aquela porta estreita, encontraria a liberdade. b. Quando vocês chegarem ao porão, encontrarão uma pequena passagem, que dá para a sala do fundo. 85 c. Os bombeiros arriscaram sua vida, mas conseguiram controlar o fogo e salvar todos os moradores. 12. IDEIA DE SENTIDO DE DIREÇAO 12.1. Linha reta É só seguir em frente, que encontraremos o caminho da democracia. 12.2. Linha tortuosa Nossa economia está sem diretriz e provoca incertezas nos empresários. 12.3. linha lateral De repente olhei para o lado e vi o livro que tanto procurava. 13. IDEIA DE PROPRIO a. Foi gratificante ouvir aquelas palavras de elogio. b. Depois das suas desculpas, senti um alívio reconfortante. c. Podem falar tudo de novo que não vai adiantar nada, pois é o nosso dinheiro que está em jogo. 14. IDEIA DE PENSAR a. Eu fiquei imaginando se ele seria capaz de suportar toda aquela pressão. b. Analisei friamente todas as propostas e concluí que a deles atenderia às nossas necessidades. c. No dia seguinte, lembrei-me de que o chaveiro estava no bolso do outro paletó! 15. IDEIA DE DESCONHECER a. Quem será que colocou a criança na porta da igreja? b. Essa é uma informação que nunca passou pelo nosso escritório. c. Nada podemos fazer sem as provas de que precisamos. 16. IDEIA DE ATENÇÃO a. Peço-lhes cuidado no tratamento da renovação do contrato. b. Vou alertar pela última vez, e não digam que não avisei. c. Estou desconfiado de que este congresso não levará a nada. 17. IDEIA DE PEDIR a. Quero suplicar a ajuda de todos os povos na luta contra o terrorismo. b. Depois de todas as tentativas, só me resta rogar pela sua compreensão. c. Este não é um pedido meu, é uma aspiração de toda a coletividade. 18. IDEIA DE RELACIONAR 86 a. Aquela carta continha a estrutura básica do partido. b. Posso discorrer uma relação com todos os itens requisitados. c. O capitão descreveu a batalha nos seus mínimos detalhes. 19. IDEIA DE ABSTRATO a. Era apenas fruto da sua imaginação e nada podia ser provado. b. Toda a sua confissão foi registrada, mas eram informações inconsistentes. c. Suas atitudes monstruosas eram indescritíveis até para o melhor observador. 20. IDEIA DE COMPARAÇÃO a. Encontrei naquela pesquisa dois procedimentos muito semelhantes. b. Os dois atletas tinham comportamentos parecidos. c. Eram dois volumes enormes, e o peso do vermelho era bem próximo do peso do amarelo. 21. IDEIA DE ORDEM a. A padronização dos formulários levará à diminuição dos custos. b. Foi a sistematização do programa que permitiu a implantação do projeto neste curto espaço de tempo. c. O que me impressionava na sua conduta era a regularidade das visitas ao quarto do doente. 22. IDEIA DE DESORDEM a. Quando a mãe chegou ao quarto havia uma algazarra tão grande que ela pensou ter errado de casa. b. Nunca vi tanta confusão como naquele aniversário. c. Na porta da delegacia o tumulto era generalizado. 23. IDEIA DE POSIÇÃO 23.1. Vertical O poste não apresentava falhas de cima até em baixo. 23.2. Horizontal Estenderam o lençol no chão e dormiram ali mesmo. 24. IDEIA DE FORMAR a. Seu caráter foi lapidado durante vinte e cinco anos. b. Quando as peças chegaram, cada um fabricou cuidadosamente seu próprio brinquedo. 87 c. No início resistiram, mas, com o passar do tempo, o tirano manipulou todas as consciências. 25. IDEIA DE INTERROGAR a. Quem você pensa que é? b. Por que ele não entrou para dizer essas asneiras na frente do juiz? c. Quando o material estará na linha de produção? INDICE DE IDEIAS Este índice tem por objetivo possibilitar a vocé uma rápida localização das técnicas apropriadas para a expressão das idéias que desejar conhecer ou treinar. Poderá ocorrer de uma determinada idéia não constar da relação, neste caso procure uma que seja aproximada. Por exemplo, a idéia de concluir não foi relacionada: para encontrar sua gesticulação correspondente, basta procurar uma outra idéia semelhante, como acabar, terminar, findar etc. A abafar, 53 abalroar, 47 abater, 47 abóbada, 48 abolir, 47 abraçar, 49 abrandar, 53 abreviar, 53 absoluto, 47 absolver, 47 abstrato, 53 abundante, 60 acabar, 47 acalmar, 84 acampar, 53 acaso, 55 aceitar, 47, 53 achatar, 53 acidente, 55 acolá, 49 acomodar, 57 aconchegar, 45 aconselhar, 53 acusar, 60 aderir, 45 adiantar, 53 adivinhar, 55 adjacências, 49 afastamento, 44 afastar, 47 a favor, 47 afiar, 59 afinidade, 45 afirmação, 46, 81 afivelar, 45 aflorar, 52 agasalhar, 53 agitação, 57 agitar, 53 aglomerar, 45 agora, 50 ajeitar, 57 alargar, 52 alertar, 56 algazarra, 57 alheios, 55 aliar, 45 alicerce, 57 alisar, 59 alteração, 51 alto, 47, 48 altura, 39 amanhã, 50 a pino, 58 amansar, 53 amarrar, 45 amarrotar, 53 ameaçar, 56 amigos, 49 amolar,59 amor, 56 amplo, 48, 49 anarquia, 57 andar, 53 anexar, 45 anjo, 59 anomalia, 57 antecedente, 50 antecipação, 50 anterior, 50 antes, 50 antigo, 50 antípoda, 57 antítese, 57 anular, 47 apagar, 54 aparar, 59 aparecer, 52 apertado, 45, 48 aplacar, 53 aplainar, 59 apogeu, 48 apoio, 59 aproximação, 45 aqui, 49, 50 arear, 53 arena, 48 arranjo, 57 arrasar, 47 arredondar, 59 arruinar, 53 arrumar, 57 árvore, 58 ascender, 52 aspirar, 56 assegurar, 47 associar, 45 atenção, 56 ator, 45 90 G galopar, 53 genial, 55 gerar, 52 germinar, 52 gigante, 48 gingar, 53 girafa, 48 girar, 52 gordo, 48 grama, 48 grande, 48 gratificante, 55 graúdo, 48 grosso, 48 grudar, 45 guardar segredo, 54 H hábito, 57 harmonia, 54 heroísmo, 46 hesitação, 54 hesitar, 53 hierarquia, 48 história, 50 hodierno, 50 hoje, 50 homem, 58 honradez, 47 horizontal, 58 I ignorar, 55 incerteza, 54, 55 inchaço, 48 inchar, 52 inconsistência, 56 incorporar, 45 incorpóreo, 56 indecisão, 54 indefinir, 47 indefinivel, 56 indescritivel, 56 índole, 46 indomável, 46 inenarrável, 56 inerente, 55 inquestionável, 47 inevitável, 47 inexistente, 56 inexorável, 55 inferir, 55 inferno, 59 infelicidade, 55 inflacionar, 52 inflexível, 46 influência, 45 infortúnio, 55 início, 52 inimizade, 44 inserir, 47, 60 inspeção, 56 intangível, 56 intelecto, 55 interno, 49, 55 interrogar, 59 intimidar, 56 intranquilizar, 54 introduzir, 47, 60 invencível, 46 inventar, 55 investigar, 55 invisível, 56 involuntário, 55 ir, 53 irreal, 56 irregular, 57 isolar, 44 J já, 50 jamais, 47 juntar, 45 L lá, 49 lapidar, 59 largo, 48 latente, 55 lembrar, 55 levar, 53 libertação, 44 libertar, 52 ligar, 79 ligeiro, 53 linha lateral, 54 linha reta, 85 linha tortuosa, 54 localização, 49 localizar, 54 longe, 49 luz, 53 M magro, 48 manipular, 59 marasmo, 57 marchar, 53 martelar, 47 mascarar, 54 materializar, 59 médio, 48 meditar, 55 meio, 44 menor, 48 metamorfose, 51 meter, 66 método, 57 mim, 55 mirrado, 48 miscelânea, 57 mistura, 45 miúdo, 48 moderar, 54 moderno, 50 monstro, 48 monte, 57 morrer, 47 motivo, 52 movimento, 37 mudança, 50, 84 muito, 48 multiplicar, 53 murchar, 47 91 N nada, 47 nanico, 48 naqueles, 55 nascer, 52 natural, 55 naturalizado, 50 negação, 46 negar, 47 neutralizar, 47 ninguém, 47 nível, 48 nivelado, 58 nós, 55 novidade, 52 nunca, 47 O o quê?, 59 obesidade, 48 oco, 56 ocultar, 54 onde?, 59 ontem, 50 oposição, 44 ordem, 86 origem, 52 oscilar, 53 ouvir, 59 P pacificar, 54 padronizar, 57 parafusar, 52 paralelismo, 57 paralisar, 47 parar, 47 parcelar, 44 partir, 52 passado, 50 pausa, 63 pedaço, 48 pedir, 56 penetrar, 60 penhasco, 48 penitência, 55 pensamento, 53 pensar, 55 pequeno, 82 perder, 55 perecer, 47 perfilar, 55 periferia, 49 periodicidade, 57 permanecer, 54 perpetuidade, 50 perplexidade, 57 perseguir, 55 perto, 49 pesquisar, 55 picar, 44 pinheiro, 48 pista, 55 planície, 48 plano, 57 poder, 48 polaridade, 57 polir, 53 pontual, 47 por meio, 60 por quê?, 59 pôr, 60 porção, 57 pormenor, 48 porvir, 50 posição horizontal, 58 posição vertical, 58 posição, 57 positivo, 47 posteridade, 50 potência, 46 pouco, 48 precaução, 56 prender, 45 preparar, 57 prepotência, 46 presente, 50 pretender, 56 prevenir, 56 produzir, 52 profundo, 48 programas, 57 progredir, 53 progressão, 53 proibir, 47 promover, 53 propagar, 53 propor, 56 proporcionalidade, 57 próprio, 55 próximo, 57 prumo, 58 pulsar, 53 punhado, 57 puxar, 53 Q quadrado, 58 quando ?, 59 quantidade, 57 quebrar, 44 quem ? , 59 querer, 46 quiproquó, 57 R rachar, 44 raciocinar, 55 raio, 53 raiz, 52 ramificar, 44 rasgar, 44 raso, 48 raspar, 59 rasteiro, 48 ratificar, 47 razão, 52 real, 50 realização, 50 rebaixar, 53 rebentar, 44 rebuliço, 57 rechonchudo, 48 reciprocidade, 45 recomendar, 47 recompensador, 55 reconfortante, 55 recordar, 55 recusar, 47 redondeza, 49 reduzido, 48 refugar, 47 refrear, 54 região, 49 regra, 57 regredir, 53 92 regularidade, 57 rejeitar, 47 relação, 44 relacionar, 85 relativo, 55 relva, 48 remoto, 50 renascer, 52 repartir, 44 repleto, 60 repolhudo, 48 repudiar, 47 repulsão, 44 requerer, 56 residir, 50 resistência, 46 resumo, 48 reta, 54 retalhar, 44 retângulo, 58 retroceder, 53 reunir, 45 revelar, 52 revogar, 47 revolta, 57 riacho, 48 rigidez, 46 rigor, 46 ritmo, 57 robusto, 46 rodar, 52 rodear, 49 rodopiar, 52 rogar, 56 rol, 49 rolar, 52 roliço, 48 romper, 52 rota, 48 rumo, 48 S saguão, 48 santo, 59 satisfeito, 60 saúde, 46 secar, 47 seguir, 53 segurança, 47 segurar, 53 sem fundamento, 56 semelhança, 45 sentido de direção, 54 sentimento, 55 sentir, 45 separação, 50, 81 seriado, 57 serpentear, 54 sertão, 49 setor, 49 seu, 55 silêncio, 59 simetria, 57 sinceridade, 55 sistemático, 57 sitiar, 49 sobre, 48 socar, 47 sofrimento, 55 soldar, 45 solicitar, 56 soltar, 44 sossegar, 53 suavizar, 53 subdividir, 44 suplicar, 56 suporte, 57 surgir, 51 T talento, 46 tangenciar, 59 tapar, 53 tarde, 50 telhado, 48 tempo passado, 49 tempo, 49 tenacidade, 46 tensão, 46 terminar, 47 teso, 46 tirar, 47 tornear, 52 torre, 48 tortuosa, 54 tragar, 53 tranquilizar, 53 transbordar, 52 transfiguração, 51 transformação, 51 trazer, 53 troca, 51 tufão, 53 tumulto, 57 U ultrapassar, 53 união, 45, 81 uniformidade, 57 urgência, 53 V valentia, 46 valor, 46 valoroso, 46 variação, 51 vasto, 48 vazio, 56 velar, 54 vencedor, 48 ventania, 53 vento, 53 ver, 56 verdade, 55 verdadeiro, 50 vergonha, 46 verificar, 56 vertical, 58 vestir, 53 viajar, 53 vibrar, 53 vindouro, 50 violência, 46 vir, 52, 53 virilidade, 46 virtude, 46 visão, 56 vizinhança, 49 voltear, 52 vosso, 55
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