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Manual de Salvamento TP - Apostilas - Engenharia Naval Part1, Notas de estudo de Engenharia Naval

Apostilas de Engenharia Naval sobre o estudo do Manual de instruções técnico profissional para bombeiros, Código de um combatente, Segurança e proteção, Esquema do sistema de segurança, Meios empregados na proteção e segurança.

Tipologia: Notas de estudo

2013

Compartilhado em 12/06/2013

Bossa_nova
Bossa_nova 🇧🇷

4.6

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Baixe Manual de Salvamento TP - Apostilas - Engenharia Naval Part1 e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Naval, somente na Docsity! TRUÇÕES ISSIONAL MANUAL TÉCNICO- Manual de instruções técnico profissional para bombeiros Francisco B. de Araújo Caro leitor, Ao longo dos anos, tenho procurado desenvolver um trabalho que sirva de orientação aos nossos profissionais, que atuam na linha de frente combatendo aos mais árduos sinistros. Contudo, não foi fácil iniciar essa missão; sim, este foi simplesmente o primeiro passo, pois a cada dia surgem novos esportes, novos equipamentos, novas técnicas, que requerem desses profissionais maiores conhecimentos e experiências, para lidar com essas inusitadas adversidades. O avanço tecnológico está sendo inovado a cada dia e voltado para uma modalidade de entretenimento, que vem crescendo muito nos últimos tempos “o esporte radical”, que se desenvolveu principalmente para as tão conhecidas técnicas verticais, frutos de uma exploração da natureza numa das suas dimensões mais exponenciais. O avanço ocorre devido à grande demanda provocada pelos acidentes rodoviários, que aumentam assustadoramente. Ficamos desatentos e deixamos de acompanhar essa tal de evolução. Então vimos que, em função da necessidade, fomos obrigados a buscar parte desse avanço, os quais vêm sendo empregados lentamente nas nossas missões. Alguns de nossos profissionais já tiveram a oportunidade de vivenciá- las no socorro e poucos foram os que conseguiram concluí-los com êxito, em virtude do acompanhamento dessas novas tecnologias. Hoje esta obra traz um pouco desses conhecimentos, indicando novas técnicas e orientações quanto aos procedimentos que irão servir ao bombeiro como mais uma fonte de recursos para realizar o seu trabalho, onde prevalece a segurança como a base de tudo, preservando assim, a integridade do executante, bem como de quem o acompanha, permitindo uma melhor assistência aos que se encontram em iminente perigo. Esta obra aborda, também, noções sobre o emprego de alguns materiais e algumas técnicas (desenvolvidas na íntegra) para possibilitar ao profissional desencadear sua missão com aquilo que tem em mãos, haja vista que nem sempre, a técnica poderá ser usada na sua íntegra, ou é a ideal, podendo ainda não ser a mais completa, porém, não vai deixar de ser a base para que o profissional possa se sobressair e atingir, com êxito, o seu objetivo. ÍNDICE Capítulo I Histórico de Salvamento 1.1 Generalidades 28 1.2 Código de um combatente 30 1.3 Segurança e proteção (procedimentos básicos de segurança nas atividades de salvamento) 31 1.3.1 Conceitos básicos de segurança 32 1.3.2 Condições básicas para a realização de uma atividade de salvamento com segurança 34 1.3.3 O que deverá ser observado pelas guarnições 34 1.3.4 Esquema do sistema de segurança 35 1.3.5 Meios empregados na proteção e segurança 36 4 Guarnição de salvamento 37 1.4.1 Capacitação técnico-profissional da guarnição 38 1.4.2 Competência dos componentes da guarnição 39 Capítulo IV Técnicas de transposição 4.1 Técnicas de transposições no plano horizontal. 118 4.2 Abordagem de estruturas 122 4.3 Técnica de escaladas 123 4.3.1 Métodos de abordagem das estruturas 128 4.4 Ascenção vertical por meio de cordas 131 4.4.1 Subida em cordas de pequeno diâmetro 131 4.5 Técnica de transposição com o emprego de escada de gancho 136 4.5.1 Procedimento de armação e abordagem com a escada de gancho 136 4.5.2 Desenvolvimento da operação 138 4.6 Técnicas de descensões verticais mais empregadas 139 4.6.1 Rapel sem o emprego de equipamentos 140 4.6.2 Técnica de rapel Deufer 140 4.6.3 Técnica de rapel Trenker 141 4.6.4 Técnica de rapel Dolomiti 142 4.7 Tipos de rapel de acordo com os equipamentos empregados 143 4.8 Procedimentos técnicos de evasão 144 4.9 Rapel com emprego de equipamentos 144 4.10 Técnica de evasão com emprego de mosquetão 146 4.10.1 Técnica de evasão com stop,double stop e dresler 148 4.10.2 Grigri 150 Capítulo V Amarrações da maca 5.1 Amarração padrão para trabalhos no plano horizontal 153 5.2 Amarração padrão para trabalhos no plano inclinado 157 5.3 Amarração padrão para trabalhos no plano vertical 159 5.4 Armação para o sistema de equalização da maca na vertical 162 5.4.1 Sistema Técnico de Equilíbrio Fácil (STEF) 162 5.4.2 Variações de alguns sistemas de equalizações dependendo do material disponível 164 5.4.3 Sistema com desvio 165 5.5 Amarrações com vítima na maca e escada 169 5.5.1 Proteção da vítima 172 5.6 O emprego de escada como maca 174 Capítulo VI Técnicas de salvamento – I 6.1 Técnica de salvamento com alça de sustentação 178 6.1.1 Confecção da alça de sustentação 178 6.2 Técnica de salvamento vai-vem empregando a alça de sustentação 179 6.3 Técnica de salvamento vai-vem empregando a maca 184 6.4 Salvamento na vertical com emprego de cordas e aparelho oito 190 6.5 Técnicas desenvolvidas com o aparelho oito fixo ou móvel 194 6.5.1 Técnica número 1 194 6.5.2 Técnica número 2 199 6.5.3 Técnica número 3: oito fixo 204 6.5.4 Técnica número 4 205 6.5.5 Técnica número 5: oito móvel com emprego da maca 206 6.5.6 Técnicas conjugadas de salvamento no plano vertical 207 Capítulo VII Técnicas de salvamento - II 7.1 Técnica de salvamento na vertical com maca e redutores 223 7.1.1 Técnica empregada pela guarnição 225 7.2 Técnicas empregadas nos sistemas de tirolesas inclinadas 228 7.3 Técnicas de armação dos sistemas no plano inclinado 231 7.4 Técnica de salvamento em poço ou fosso 234 7.4.1 Material empregado na operação 238 7.4.2 Atribuições dos componentes da guarnição 239 7.4.3 Técnica empregada pela guarnição 241 Capítulo XII Tática de salvamento 12.1 Tática de salvamento 338 12.2 Observações básicas no socorro 339 12.3 Procedimentos gerais 341 12.3.1 Na Unidade Operacional 341 12.3.2 Na saída do trem de socorro para o evento 342 12.3.3 Durante o deslocamento para o socorro 342 12.3.4 Na chegada ao local 342 12.3.5 Durante o estabelecimento 343 12.3.6 Quanto ao salvamento 344 12.3.7 Antes de regressar à unidade 345 12.3.8 Durante o regresso (observações básicas) 345 12.3.9 Na Unidade Operacional (procedimentos) 345 12.4 Estratégias e Táticas 345 12.5 A importância do comando único 346 12.6 Responsabilidades básicas do comandante de operações 347 12.6.1 Funções básicas do comandante durante as operações 347 12.7 Princípios táticos para controlar um sinistro 353 Capítulo XIII Procedimentos em ocorrências (Unidade I) 13.1 Procedimentos adotados nas ocorrências em elevadores 356 13.1.1 Princípio de funcionamento dos elevadores 357 13.1.2 Procedimentos operacionais básicos 357 13.1.3 Procedimentos com vítimas retidas na cabine 359 13.1.4 Possíveis operações e procedimentos necessários 359 13.1.5 Procedimentos gerais 366 13.2 Procedimentos básicos em ocorrências diversas 366 13.2.1 Procedimentos adotados na captura de animais 366 13.2.2 Métodos e materiais empregados na captura de animais 369 13.2.3 Procedimentos adotados em acidentes automobilísticos Subunidade I (procedimentos gerais) 370 13.2.3.1 Acidentes com vítimas encarceradas 372 13.2.3.2 Sinalização e estabelecimentos de viaturas 373 13.2.3.3 Isolamento do local 374 13.2.3.4 Ação tática 374 13.2.3.5 Ferramentas e equipamentos 376 13.2.3.6 Desencarceramento e busca a outras vítimas 379 13.2.3.7 Segurança do local após os trabalhos 384 13.2.3.8 Sistema preventivo do local 384 13.2.3.9 Procedimentos administrativos 384 Capítulo XIV Procedimentos em ocorrências (Unidade II) 14.1 Subunidade II (acidentes rodoviários) 387 14.2 Mecânica dos acidentes 388 14.2.1 Cálculo do impacto 390 14.3 Tipos e freqüência das colisões 390 14.3.1 Impactos diretos e indiretos 391 14.3.2 Ação do impacto sobre os órgãos 392 14.4 Psicologia dos acidentes 392 14.5 Recurso de atendimento e controle 393 14.5.1 Tipos de pessoas atuantes 393 14.6 Características das equipes de resgate 394 14.7 Composição do serviço de salvamento 395 14.8 Comportamento do bombeiro 398 14.9 Uso de equipamentos especiais 399 14.10 Fatores que afetam a chegada do socorro ao local 400 14.10.1 Abordagem do evento 400 14.10.2 Avaliação tática 401 14.10.3 Disposição do local 401 14.10.4 Riscos associados (primeira fase) 402 14.10.5 Riscos associados (segunda fase) 402 14.10.6 Posicionamento das viaturas no local do evento 403 14.10.7 Isolamento do local 404 14.11 Circuito de trabalho exterior 404 14.12 Sinalização do acidente 406 14.12.1 Disposição dos sistemas de alerta 406 14.13 Estabilização dos veículos acidentados 408 14.13.1 Veículos em colinas ou penhascos 409 14.13.2 Ônibus e veículos pesados com suspensão a ar 410 14.14 Riscos de incêndio 410 18.1 Conceitos, técnicas e procedimentos 493 18.2 Acidentes e suas causas 495 18.3 Profundo conhecimento do meio e aprendizagem das técnicas precisas de resgate 496 18.4 Auto-resgate e resgate em uma parede 500 18.5 Acidentes ocorridos em conseqüência de quedas 500 18.6 Atuação em um acidente de escalada 502 18.7 Operações verticais 503 18.7.1 Técnica de ascenção com o emprego de cordeletes 504 18.7.2 Técnica de ascenção com o emprego da peça oito 507 18.7.3 Técnica de ascenção com o emprego do gri gri 509 18.7.4 Técnica de ascenção com o emprego do stop 511 18.7.5 Transposição de um nó com uso de blocantes 513 18.7.5.1 Técnica de ascensão e transposição de um nó (ascendendo) 513 18.7.5.2 Técnica de transposição de um nó descendo 515 18.7.5.3 Técnicas de inversões 517 18.7.5.4 Inversão do processo de descida para subida 518 18.7.5.5 Inversão do processo de subida para descida 519 18.7.6 Técnicas de resgate 521 18.7.6.1 Técnica empregada para o corte da corda da vítima 521 18.7.6.2 Técnica de acesso à vítima empregando corda extra 524 18.7.6.3 Técnica de acesso à vítima empregando o nó valdotan 556 18.7.6.4 Técnica de acesso à vítima por baixo (com e sem corda extra) 529 18.7.6.5 Técnica de resgate empregando o sistema 2X1 535 18.7.7 Técnica de resgate empregando o sistema de contra- peso 537 Capítulo XIX Ancoragens 19.1 Ancoragens artificiais 541 19.1.1 Materiais e instruções técnicas 541 19.1.2 Mecanismos de expansão por agarras (castanhas) 548 19.1.3 Ancoragens permanentes 550 19.1.4 O emprego de correntes nos pontos de ancoragens 554 19.2 Manobras básicas de ancoragens 555 19.2.1 Triângulo equalizável para distribuição de forças 556 19.2.2 Triângulo equalizável com duas e com três ancoragens 557 19.2.3 Triângulo simples 558 19.2.4 Triângulo fixo (instalação em “V”) 559 19.2.5 Montagem de uma ancoragem em linha 561 19.3 Instalações de cordas fixas e fracionamentos 563 Capítulo XX Pontos de segurança 20.1 Pontos de segurança 567 2.2 Reuniões (pontos para ancoragem) 568 20.3 Trabalhos na rocha 570 20.4 Auto-segurança 571 20.5 Cabos de ancoragem (longe) 572 20.6 Segurança em “Vias Ferratas” 574 20.6.1 Quedas (orientações básicas) 575 20.6.1.1 Quedas ao solo 576 20.6.1.2 Quedas em parede 577 20.6.2 Primeira segurança de corda (cabos) 581 20.6.3 Segurança realizada desde o solo 582 20.6.4 Segurança partindo da ancoragem 583 20.7 Ancoragens duvidosas (procedimentos) 584 20.8 Atividades realizadas com boas ancoragens 589 20.9 Segunda segurança de corda (cabos) 590 Capítulo XXI Conjunto de materiais 21.1 Materiais de uso individual 592 21.1.1 Arnês (cadeirinha) 592 21.1.2 Cadeirinhas completas 596 21.1.3 Cadeirinhas improvisadas 597 21.1.4 Mosquetões 598 21.1.4.1 Mosquetões de segurança 598 21.1.4.2 Mosquetões normais ou polivalentes 599 21.1.4.3 Mosquetões ligeiros 600 21.1.4.4 Definições, uso correto e conservação 600 21.1.4.5 Como empregar um mosquetão corretamente 601 21.1.4.6 Recomendações gerais de utilização 604 21.1.4.7 Modelos de mosquetões 605 21.1.4.8 Especificação dos mosquetões 609 21.1.4.9 Manutenção dos mosquetões 613 21.1.4.10 Mosquetões e fitas expressas 614 21.1.5 Fitas e cordeletes 618 21.1.5.1 Nós e costuras nas fitas 619 21.1.5.2 Resistência de uma fita (segundo as condições de trabalho) 620 21.1.5.3 Fitas expressas para absorção de choques 622 CAPÍTULO I HISTÓRICO DO SALVAMENTO 26 A “proteção” é mais antiga do que o combate ao fogo, pois os nossos ancestrais da Pré-história não conheciam os métodos de combate às chamas e, no entanto, talvez por instinto, já praticavam a “proteção”, retirando das chamas ou dos lugares ameaçados pelo fogo os seus poucos pertences. A proteção organizada teve início no século XVII. Segundo Frederico Rossner, por ocasião do grande incêndio de Londres, as companhias de seguros mantinham brigadas de bombeiros particulares com o intuito de preservar a propriedade segurada. A proteção efetuada por essa brigada limitava-se apenas à remoção dos bens ameaçados para locais afastados do ponto onde ocorria o incêndio. Os serviços eram prestados somente às pessoas que contribuíam para a manutenção, ou seja, as que tinham uma marca na porta principal de suas propriedades. Os métodos de extinção daqueles tempos eram práticos. Apagavam-se incêndios com baldes d’água ou com o emprego de pequenas bombas manuais que alcançavam poucas distâncias. Com o progresso, os Corpos de Bombeiros se desenvolveram e aperfeiçoaram seus métodos de extinção, resultando daí o esquecimento da proteção dos bens ameaçados. Mais tarde nos Estados Unidos, os estudiosos dos métodos de extinção de incêndio verificaram a necessidade de proteger os bens que ainda não tinham sido atingidos pelo fogo e os que sofriam a ação destruidora dos agentes extintores, logo, organizaram novas instituições denominadas Patrulhas Seguradoras. A idéia de proteção no Corpo de Bombeiros surgiu no ano de 1926, tendo o então Tenente- Coronel Ernesto de Andrade, Comandante da Corporação, como precursor, após solicitação ao Exmº Sr Ministro da Justiça, para que criasse o serviço de salvamento no âmbito da Instituição. No mesmo ano, pelo aviso Ministerial nº. 2.189, a autorização foi concedida (BG n.º 1, de 3 de janeiro de 1927), publicando a nomeação de uma comissão de oficiais do próprio Corpo de Bombeiros para 27 organizar o referido serviço. Organizado e devidamente regulamentado, passou a funcionar com a denominação de Serviço de Salvamento e Proteção nos Incêndios. É muito importante ressaltar que, embora seja ensinado ao profissional bombeiro como agir com coragem, autoconfiança, sabedoria e, em algumas circunstâncias, com demasiada ousadia, jamais deverá ser esquecido que sua vida está acima de tudo e que deverá sempre agir com cautela e segurança. Por isso, todos os trabalhos devem ser realizados por equipes que disponham de todos os materiais possíveis de proteção individual e coletiva. Dessa forma, conceituamos a nossa atividade de salvamento como sendo toda e qualquer atividade realizada por equipe especializada, com conhecimentos táticos e técnicos adequados, com o objetivo de salvaguardar vidas e bens. 30 1.2 Código de um combatente Existem algumas normas fundamentais de procedimentos e comportamentos ditadas pelo bom senso e confirmadas pela experiência, as quais devem ser seguidas por todos os salvadores, sendo dispostas na seguinte ordem: 1) estar fisicamente preparado: cuidar para que tenha condições de tomar parte em qualquer atividade de salvamento; 2) estar psicologicamente preparado: sentir-se sempre à altura das circunstâncias e das responsabilidades inerentes à atividade, bem como dos riscos que ela possui, com uma decidida convicção interior; 3) estar tecnicamente preparado: manejar com destreza o material e adquirir a experiência necessária que permita tomar as decisões apropriadas, diante de qualquer problema, mantendo-se também atualizado quanto às novas técnicas, materiais e procedimentos; 4) conhecer as próprias limitações e reações (assim como as dos companheiros), frente às situações de emergência: permanecer sempre abaixo de suas possibilidades para conservar uma boa margem de segurança; 5) conhecer todos os riscos inerentes às atividades, bem como quais materiais e procedimentos podem ser utilizados para eliminá-los ou diminuí-los; 6) planejar bem as atitudes a serem tomadas, em função da ocorrência (riscos, pessoal, material disponível, vítimas, etc.); 7) saber renunciar, quando as condições do evento solicitarem uma mudança do plano de ação ou quando não se sentir seguro ou não estar condicionado a realizar a atividade; 8) estar consciente da responsabilidade sobre o cumprimento da ordem recebida, como fator preponderante no cumprimento do plano de ação e na solução do evento de forma coordenada; 31 9) cuidar para que os prejuízos não sejam aumentados por ações incorretas ou desnecessárias durante a atividade; 10) não transformar a atividade de salvamento (seja treinando, demonstrando ou até mesmo no socorro) em uma amostra exibicionista ou agressiva. As atividades desenvolvidas, de forma técnica e com correção, causam espanto e admiração até em ótimos profissionais. 1.3 Segurança e proteção (Procedimentos básicos de segurança nas atividades de salvamento) Nas atividades de salvamento, as atenções deverão estar voltadas para os princípios de segurança nos locais de emergência ou inteiramente ligadas às ações de socorro, as quais são viabilizados os trabalhos individuais e coletivos, tanto para os componentes das guarnições envolvidas, quanto para os materiais, equipamentos, possíveis vítimas ou bens materiais que deverão ser protegidos. As ações de segurança em uma operação de salvamento não deverão, em hipótese alguma, ser de responsabilidade única, mas de todos os integrantes das guarnições de salvamento. Apesar de cada elemento ter um senso de responsabilidade com os seus pertences de segurança, este jamais poderá deixar outros materiais de socorro sem a devida proteção e nem deixar de acompanhar os procedimentos realizados pelos seus companheiros de equipe. Os cuidados deverão ser observados minuciosamente dentro de cada operação, devendo ser imputadas como características do socorrista o seu conhecimento individual, a atenção com relação à segurança e com o próprio salvamento em si. A segurança e proteção são termos empregados pelos socorristas que visam expressar as ações realizadas com o intuito de minimizar, isolar, proteger, assegurar, evitar e dar condições ao bombeiro ou à sua equipe de trabalho dentro do risco ou, preferencialmente, sem risco. 32 A segurança é realizada quando utilizamos procedimentos, materiais e/ou equipamento que possibilitem a permanência e a realização dos trabalhos em locais de risco. A falta de atenção, de certa forma, representa perigo tanto para a guarnição, quanto para o socorro de um modo geral. 1.3.1 Conceitos básicos de segurança Segurança individual: é qualquer ação ou procedimento utilizado pelo bombeiro, com a finalidade de minimizar, prevenir ou isolar as possibilidades de acidentes pessoais (risco) em uma operação de salvamento. Busca um só objetivo: executar a atividade sem colocar em perigo à própria vida. Segurança coletiva: é todo o conjunto de procedimentos realizados com o intuito de assegurar a integridade física e/ou psicológica de um determinado grupo, envolvendo a atividade em si, bem como todos os integrantes da guarnição, as vítimas e os bens coletivos. A segurança coletiva é determinada a partir da avaliação prévia da situação, para a qual serão tomadas as decisões de como assegurar a realização da operação, dependendo, basicamente, do número de vítimas envolvidas, das condições e características do local, além das proporções do evento. Os principais riscos que afetam os trabalhos realizados na segurança coletiva são: a perda do controle da situação, a falta de conhecimento, de experiência e de domínio emocional. A segurança coletiva jamais poderá ser baseada simplesmente nas proporções do evento ou mesmo no número de vítimas que poderemos encontrar. O número de vítimas e o estado em que se encontram podem tornar a situação mais difícil, porém a segurança dependerá de uma correta avaliação do que detectamos preliminarmente, tais como: natureza do evento, viabilidade de se 35 2) as condições do local para o acondicionamento dos materiais e equipamentos; 3) as condições de isolamento do local; 4) os materiais destinados à proteção; 5) a situação dos materiais que serão protegidos; 6) as condições dos materiais que serão protegidos; 7) os fatores que impossibilitem a proteção; 8) a realização da proteção e segurança; 9) as técnicas a serem desenvolvidas, a fim de obter um melhor aproveitamento do pessoal e materiais utilizados. É válido lembrar que, no salvamento, a proteção e a segurança são fatores observados por todos os componentes da guarnição (técnica dos seis olhos), primeiro individualmente, depois pelo seu companheiro mais próximo e, em seguida, uma prévia revisão realizada pelo chefe de guarnição ou por alguém que esteja fiscalizando as atividades. Figura 1: esquema do sistema de segurança. 36 1.3.4 Meios empregados na proteção e segurança Para que a guarnição e a vítima tenham proteção e segurança durante a realização do resgate, é preciso que os integrantes da guarnição conheçam alguns meios empregados para se evitar danos durante as atividades. São eles: Uso do próprio corpo: são as técnicas empregadas na segurança individual e coletiva quando não existirem materiais ou pontos que favoreçam tal procedimento. Nessas técnicas, fazemos uso dos componentes da guarnição, para servir como base de segurança e até mesmo como pontos de ancoragem quando dispomos de cabos e mosquetões para a atividade. Uso de pontos naturais: é quando utilizamos materiais para realizar as ancoragens de segurança, tendo pontos naturais (as árvores, as rochas e raízes, etc.) como base. Uso de pontos nas instalações urbanas: são os meios encontrados nas estruturas urbanas, utilizados para auxiliar na segurança da equipe. Também podemos fazer uso dos meios acessórios existentes, os quais classificamos como meios de fortuna. O aspecto mais importante dentro da cadeia de segurança é manter sempre a sua atenção voltada para o que está sendo realizado tanto individualmente, quanto pelos seus companheiros de equipe. 37 1.4 Guarnição de salvamento Para organizar uma guarnição de salvamento, todos os componentes devem ser integrantes de um sistema de segurança. Deve ser observado também a atividade que será realizada, sendo selecionada dentro de um critério de atendimento a ocorrências sendo ainda definida como urgente ou não urgente. Figura 2: composição básica de uma guarnição de salvamento. Dentro dessas ocorrências, podemos determinar o grau de risco que cada uma oferece, de acordo com o seguinte: 40 Figura 3: a guarnição de socorro é constituída de chefe de guarnição e auxiliares Chefe de guarnição: 1) coleta dados referentes à ocorrência; 2) analisa esses dados e antecipar uma avaliação das condições de trabalho no local; 3) procede a um rápido estudo da situação; 4) verifica o material a ser empregado na operação; 5) verifica se há necessidade de reforço, policiamento, etc.; 6) comanda e coordenar a operação; e 7) auxilia na execução da atividade, se for preciso. Auxiliar nº. 1: 1) aplica seus conhecimentos especializados de acordo com o material disponível; 2) verifica as condições de segurança do local; e 3) executa outras atividades pré-determinadas pelo chefe de guarnição. 41 Auxiliar nº. 2: 1) porta o material a ser utilizado na operação de salvamento, dentro de sua especialidade levando-o até o local da ocorrência; 2) opera esse material de maneira adequada e com eficiência; e 3) exerce outras atividades, sob a orientação do chefe. Auxiliar nº. 3: 1) providencia o material que vai ser utilizado na ação de salvamento, dentro de sua especialidade; 2) inicia as atividades sob orientação do chefe; e 3) exerce outras atribuições ordenadas pelo chefe. Auxiliar nº. 4: 1) providencia os materiais que serão empregados na operação, dentro de sua especialidade; 2) inicia as atividades, preservando os princípios de segurança; 3) exerce outras atividades determinadas pelo chefe. O chefe de guarnição, ao concluir sua linha de trabalho, faz convergir os esforços ao objetivo imediato, coordenando o trabalho de salvamento, mesmo que essas atividades sejam aquáticas, terrestres ou em alturas. O fato de os integrantes da guarnição de salvamento possuir especializações ou funções previamente determinadas não os exime da necessidade de cada um estar capacitado a exercer as tarefas dos demais, pois todos devem conhecer o trabalho (função) de cada componente, porém, o ideal é que haja entre os integrantes um socorrista com as qualidades físicas condizentes para cada atividade; e intelectuais (técnicas) para tarefas específicas (primeiros socorros, ações terrestres, ações aquáticas e ações em altura). Somente em caso excepcional, o socorrista poderá trabalhar isolado na realização das operações de salvamento. Em princípio, todo e qualquer trabalho deve ser realizado por duplas, no mínimo, tendo 42 em vista a manutenção da segurança e a proteção contra possíveis riscos durante a operação desenvolvida. A inspeção prévia e o reconhecimento das condições do local ajudarão a evitar os perigos no decorrer da ação de trabalho. O desenvolvimento e o rendimento do socorrista dar-se-ão mediante sua ciência de que está seguro durante a execução do salvamento. É importante lembrar que todo socorrista deverá estar, nas suas ações de trabalho, munido de materiais e/ou de equipamentos de proteção individual (EPI), entre esses, os mais importantes são: luvas, mosquetão, cabo da vida, capacete, roupa de aproximação, botas, (coturnos), equipamento autônomo de respiração, etc. As atribuições de cada componente da guarnição de salvamento são inúmeras, portanto caberá sempre ao chefe da guarnição atribuir as respectivas responsabilidades a cada um dos integrantes dentro de cada atividade específica e de acordo com o trabalho a ser executado. 45 diferenciação de elasticidade. No contexto geral, uma corda empregada no âmbito profissional (nas atividades de bombeiro) só poderá ser vista de duas formas: estática ou dinâmica, contudo, pela própria normatização, bem como em função do emprego de cada uma delas e por serem apresentadas em diâmetros diferentes, são classificadas como: cordas auxiliares (ou cordeletes), cordas duplas e cordas simples. Cordas auxiliares: são cordeletes com diâmetro inferior a 8 mm, que auxiliam nas progressões verticais, sendo empregadas em outras cordas de bitolas superiores. Cordas simples: são classificadas como cordas simples as que possuem diâmetros entre 10,4 mm e 11 mm, devendo ainda ser observado como elas estão sendo empregadas, pois, apesar de sua bitola, estará trabalhando sozinha e o seu uso não traz prejuízos à atividade que está sendo realizada, tanto na prática desportiva, quanto dentro de uma operação de salvamento (resgate). Cordas duplas: são as cordas que, em razão da aplicação requerida, precisam ser empregadas duas cordas dentro da operação. Os conceitos citados anteriormente estão relacionados com as atividades técnico-profissionais. Apresentaremos a seguir outros conceitos que são reconhecidos por normas específicas. 2.1.2 Especificações técnicas Cordeletes auxiliares: cordeletes com bitolas inferiores a 8 milímetros, chegando até uma dimensão mínima de emprego (6 milímetros), porém, outras bitolas poderão ser encontradas, chegando até 3 milímetros. Esses cordeletes, quando empregados em conjunto com cordas de bitolas diferentes, têm como finalidade auxiliar 46 progressões verticais. Esses cordeletes também são chamados de cabinhos, cabinhos para prusik, etc. Cordas simples: são aquelas com bitolas entre 11 e 12,5 mm, empregadas dentro das atividades profissionais (pelo bombeiro), sabendo-se, porém, que em muitas atividades empregamos cordas de 12,5mm duplas ou dobradas, uma vez que elas passam a trabalhar sob tensão e com cargas, sendo que a razão principal desse uso é assegurar o melhor desempenho durante a realização das atividades, buscando fornecer uma maior segurança e, principalmente, aumentar a resistência da corda dentro do trabalho executado. Cordas duplas: cordas com bitolas que podem variar entre 8 e 10,5 mm, sendo que a sua utilização passa a ser permeada (dobrada) ou dupla, aumentando a sua massa para facilitar a frenagem; essas cordas não são empregadas nas atividades profissionais de bombeiros e, normalmente, possuem características de cordas dinâmicas, podendo ser empregadas até mesmo no âmbito profissional, nas atividades de segurança. 2.2 Constituição básica das cordas As cordas são constituídas, basicamente, por fibras, fios, camadas ou cordão. Cordas é o conjunto de camadas de cordões torcidos ou trançados, empregados para sua formação (figuras 5 e 6). Fibras: unidade básica da constituição das cordas. Fios: conjunto de fibras torcidas, trançadas ou unidas entre si. Camada ou cordão: é formado pela união dos fios. 47 Figura 6: corda trançada 2.2.1 Fibras utilizadas na confecção das cordas Os materiais que compõem as cordas são de diversas origens. Essa informação é importante, pois a resistência da corda, bem como o seu emprego serão também definidos por esse dado. Por isso serão apresentadas algumas informações sobre a constituição das cordas e alguns termos técnicos que envolvem essa abordagem. Vegetais: as cordas de fibra vegetal foram quase que totalmente substituídas por cordas com maior resistência ao desgaste. Possuem a desvantagem de serem pesadas (principalmente quando molhadas); não são muito elásticas; apodrecem com muita facilidade e devem ser armazenadas cuidadosamente. Essas cordas, atualmente, são empregadas nos treinamentos físicos, nos serviços de elevação de cargas e nas atividades de pouco risco. As cordas são trançadas e as Figura 5: corda torcida 50 apodrece, não deve ser deixada ao sol por períodos prolongados, pois, contudo, é sensível à radiação ultravioleta. Aramida: este é o mais novo tipo de fibra sintética utilizada na confecção de cordas. São produzidas pela Dupont com nome de Kevlar. Possuem características que as fazem ser comparadas com as fibras de aço e não com outras fibras sintéticas. Figura 7: Quadro de características das fibras. 51 2.2.2 Classificação das cordas quanto à sua estrutura Há uma outra classificação para as cordas, no que se refere à sua estrutura, conforme especificado a seguir: Torcidas: são cordas que possuem superfície ondulada, com um determinado número de fibras torcidas sobre si mesmas e num só sentido, formando os fios também torcidos em um certo número, sendo que cada fio é torcido no sentido contrário ao anterior; formando os cordões. É feita a união de 3 (três) ou 4 (quatro) desses cordões, os quais são torcidos, sendo que cada conjunto de cordões é torcido no sentido inverso ao anterior, formando uma massa uniforme, a qual chamamos de corda torcida (figura 8). Figura 8: entrelaçamento interno de uma corda torcida Trançadas: são cordas que possuem sua superfície lisa, sendo conhecida basicamente como uma capa. Uma corda trançada pode ter mais de uma capa, podendo ter vários cordões em números pares ou ímpares. Esses cordões poderão ser torcidos (figura 9) ou, simplesmente, ter as fibras unidas, sendo que elas formam a parte interna das cordas. 52 Figura 9: estrutura de uma corda trançada. Existem cordas trançadas cujas capas são constituídas de cordões trançados, podendo esses cordões serem simples ou duplos. As “almas” dessas cordas podem ser constituídas de feixes, torcidas ou traçadas (figuras 10, 11,12 e 13). Figura 10 e 11: corda de alta elasticidade – dinâmica (alma torcida) 55 2.2.4 Classificação das cordas quanto à sua elasticidade A elasticidade da corda poderá influenciar na execução da atividade de salvamento, de um modo geral e, principalmente, nas atividades em altura. Cordas muito dinâmicas são prejudiciais para algumas atividades, porém, são muito eficientes quando empregadas nas atividades de segurança. É importante lembrar que as cordas dinâmicas não servem para trabalhos realizados sob tração (como cabos de sustentação), mas como cabos guia, por apresentarem um melhor desempenho. Dinâmicas: são cordas com elasticidade superior a 5%, as quais se alongam muito quando sob tensão, sendo, normalmente, utilizadas para as atividades de escalada e de segurança, devido à sua característica de absorver choques em caso de quedas (evitando prejuízos ao escalador). Elas apresentam o chamado efeito “iôiô”, por causa de sua capacidade de alongar-se e encolher no caso de uma queda; são cordas adequadas para os serviços de segurança nas atividades de salvamento. Essas cordas podem apresentar maior ou menor elasticidade, dependendo da angulação de tramas da capa e da forma de sua “alma”. Estáticas: são as cordas que normalmente possuem elasticidade inferior a 3%. Absorvem pouco choque (impacto brusco) em caso de uma queda. Quando são confeccionadas, especificamente, para as atividades em altura, possuem boa resistência à abrasão e podem também ser utilizadas em espeleologia (exploração em cavernas). São cordas usadas em atividades de salvamento devido à redução do efeito “iôiô” e serem empregadas na armação de cabos de sustentação. Cordas semi-estáticas ou estato-dinâmicas: são cordas com elasticidade entre 3% e 5%, sendo utilizadas nas mesmas condições das cordas estáticas. 56 A classificação das cordas em estáticas e dinâmicas é internacionalmente conhecida sendo que a elasticidade de uma corda é verificada com uma carga padrão de 80 Kg, para cada 100 metros de corda. 2.3 Tipos de testes realizados para avaliação dos fatores de queda e choque São as modalidades testes a que as cordas são submetidas para que seja determinada a sua carga de trabalho, bem como para classificá-las como sendo tipo A ou tipo B. Essa classificação é dada para cordas consideradas estáticas, assim como para as cordas consideradas dinâmicas, de acordo com o resultado dos testes realizados. 2.3.1 Carga de ruptura dinâmica É a carga na qual uma corda é submetida para identificar a sua resistência máxima antes de ser rompida. As cordas do tipo “A” devem exceder sua carga em 18 KN; e cordas do tipo “B” em 15 KN sobre o número de vezes a que estas são submetidas aos fatores determinados (queda e choque). 2.3.2 Carga de ruptura estática É a força necessária para romper uma corda quando tencionada vagarosamente. As cordas do tipo “A” devem exceder sua carga em 22 KN e as cordas do tipo “B” em 18 KN. 57 2.3.3 Fator de queda O fator de queda é a relação entre a altura da queda e o comprimento da corda que sofrerá essa queda. 2.3.4 Fator de choque É a força que é transmitida para a pessoa, conectores (mosquetões) ou pontos de ancoragem durante a interrupção da queda. O fator de choque, mencionado nas tabelas de características das cordas, é obtido numa caída com fator de queda de 0,3 de um corpo com 100 kg de massa para cordas do tipo “A” e uma massa de 80 kg de massa para cordas do tipo “B” (figuras 16 e 20), sendo que a força de choque deverá, obrigatoriamente, ser inferior a 6 KN. Observação: em função dos testes realizados e conforme os fabricantes das cordas, o parâmetro de classificação é realizado por meio da carga de ruptura e do peso empregado dentro da especificação mencionada. 60 2.3.6 Alongamento (elasticidade-E) A elasticidade de uma corda para as atividades de salvamento é obtida quando duas amostras da corda com 50 cm de comprimento são submetidas a uma carga de 50 kg e outra de 150 kg, respectivamente, durante 1 minuto, sendo que a relação entre o comprimento da 1ª amostra (L1) e o da 2ª amostra (L2), multiplicada por 100, dará a elasticidade da corda (E), a qual não poderá exceder a 3%. Contudo, em último caso, poderá ser tolerada, em razão das circunstâncias, uma elasticidade de até 5% (figura 22). Figura 22: representação de elasticidade de até 5%. 61 O alongamento pode ocorrer na corda com um nó K, o qual é obtido quando um nó simples (neste exemplo é um nó meia volta mordida) é tencionado por um peso de 10 kg durante 1 minuto. Em seguida, com a tensão reduzida para 1 kg, é medido o diâmetro interno do nó e dividido pelo diâmetro da corda, devendo a relação entre ambos ser sempre menor que 1,2 (k<1,2), para que o nó seja definido como um “bom nó” (fácil de fazer e de desfazer). Figura 23: demonstração do nó “K” e elasticidade 2.3.7 Escorregamento (deslizamento) da capa “S” É obtido quando uma amostra de 2 metros da corda é colocada em um dispositivo de atrito, sendo puxada por meio do dispositivo 5 vezes. O deslizamento da capa (em relação à alma) é então medido e o valor não poderá exceder a 15 mm, para cordas do tipo “B”; e 20 mm +10 (D – 9 mm) mm, no qual D é o diâmetro da corda, para cordas do tipo “A”. 62 Figura 24: representação de escorregamento da capa “S” 2.3.8 Encolhimento (R) É o percentual de encolhimento da corda após ser mergulhada em água pelo período de 24h. 2.3.9 Massa da capa (bainha) A massa da capa deve representar um valor entre 30% e 50% da massa total da corda. 2.3.10 Resistência estática com nós em suas extremidades É obtida quando uma corda com nós nas suas extremidades, em forma de 8 (oito), é submetida, durante 3 minutos, a uma determinada 65 (NFPA) estabelece que uma corda para ser usada por um bombeiro deverá suportar apenas uma carga de ruptura mínima de 4.500 libras (aproximadamente 2.037 kg). Enquanto que uma corda para ser usada por dois bombeiros deve ter a carga de ruptura superior a 9.000 libras (4.077 kg). A capacidade da corda é estabelecida multiplicando-se, por 15 vezes, o peso estabelecido para um bombeiro, que é de 300 libras, ou seja, deverá suportar 15 vezes 300 libras, ou 4.500 libras. No Japão, uma corda para serviços de salvamento deve ter a resistência mínima de 3.850 Kg. Uma corda com o dobro de diâmetro de uma outra é 4 (quatro) vezes mais resistente que esta. “Considerando-se que é importante, para fins de segurança e facilidade de trabalho o Corpo de Bombeiros, possui um padrão único de corda para a realização das atividades de salvamento em altura e ainda, considerando ainda os riscos da atividade e a necessidade de realizar o tracionamento das cordas, o padrão a ser adotado deverá ser sempre o das cordas que apresentam as melhores características de suporte de carga” (Boletim Técnico Profissional/CTO). 2.5 Termos empregados no manuseio de cordas Sistemas de cordas: conjunto de cordas empregadas em uma mesma atividade. Cordas de sustentação: em um “sistema de cordas”, são aquelas que suportam a carga (objeto, vítima ou bombeiro). Cabo guia: pode ser corda destinada a dar orientação (em busca); facilitar o direcionamento da carga (afastando-a de paredes) ou que resiste o arrasto – aumento da carga em qualquer direção (cabo do vaivém). Chicote: são as extremidades de uma corda, empatadas ou não. 66 Seio: é a parte central de uma corda, situada entre os chicotes; Coçada: é a parte poída de uma corda. Safar: procedimento ou manobra de liberar uma corda enrolada. Permeada: é a situação em que uma corda se encontra dobrada ao meio. Tesar: procedimento ou ato de fornecer tensão a uma corda. Falcaça: é a união dos cordões de uma corda (no chicote), por meio de um fio, tendo a finalidade de evitar que a corda se desfaça. Bitola: é o diâmetro da corda, expresso em polegadas ou milímetros. Peso: é o cálculo da massa de uma corda, levando em consideração a relação entre a força de gravidade e seu comprimento total. 2.6 Manutenção e vida útil de uma corda A manutenção e vida útil de uma corda dependem: 1) da freqüência de utilização; 2) da forma de emprego (rapel, escaladas, espéleo, sob tensão, etc.); 3) da sua manutenção adequada; 4) do excesso de trabalhos mecânicos; 5) dos processos de abrasão sofridos por ela; e 6) da quantidade de raios ultravioletas e umidade que ela absorve, tendo em vista que eles degradam, pouco a pouco, as propriedades da corda. 67 As cordas podem sofrer danos irreparáveis durante sua primeira utilização, de acordo com os trabalhos executados. Como avaliar a vida útil de uma corda As formas de avaliação de uma corda são inúmeras, dentre elas algumas são de suma importância para definir a sua capacidade de utilização, bem como o tempo destinado para o emprego das cordas. Uso intensivo..................................... de 3 meses a 1 ano. Uso semanal...................................... de 2 a 3 anos. Uso ocasional.................................... de 4 a 5 anos. Deverá ser sempre observada a sua operacionalidade, tais como o uso em: meio líquido, atividades de incêndio, buscas, trações e tensões, içamentos diversos e até mesmo as formas em que elas são empregadas nas atividades de rapel. Situações em que as cordas deverão ser postas fora do serviço (da atividade-fim) Existem determinadas situações que levam a corda a ser inutilizada para a atividade de salvamento, pois sua permanência em atividades implica em risco à vida do bombeiro e ao salvamento. Entre as mais importantes, temos aquelas em que a corda: 1) tiverem suportado uma carga ou impacto violento ou uma sobrecarga (força superior a carga de trabalho); 2) aparentarem a alma danificada. Essa observação é feita durante a inspeção da corda. Nesse caso, corta-se a corda. 3) apresentarem grande desgaste na capa; e 4) tiverem contato com reagentes químicos. 70 - enrolar e guardá-las molhadas; - utilizar cordas coçadas (figura 30) Figura 30: formas corretas e incorretas de utilização de cordas. - que as cordas sofram fortes impactos contra o solo (alturas elevadas danificam as suas fibras). - choques violentos como atrito, sobrecarga, etc. (figura 26). Durante a utilização, manutenção e cuidados, deve-se: - enrolar e acomodar as cordas corretamente e em local adequado; - sempre falcear os chicotes; - sempre identificar o comprimento da corda nos seus chicotes; - secar sempre à sombra e sem tração (as que são feitas de fibras vegetais diminuem em até 10% seu comprimento); - respeitar sempre a carga de trabalho da corda; - sempre que for utilizar a corda, verificar se há coças; 71 - guardar as cordas em local fresco e ventilado, longe de lugares úmidos e livres da ação de roedores; - cortar a corda quando apresentar avaria (retirando a parte danificada) remarcando o seu comprimento; - utilizar nós adequados à atividade. Outras recomendações: Independente das circunstâncias, a vida útil de uma corda jamais deverá exceder a 5 anos. Deve ser visto também que o período de armazenamento, bem como o de uso, quando acumulados, jamais deverão exceder a 10 anos. Antes da primeira utilização, a corda deverá ser mergulhada em água, ficando nessa situação por um período de 24h e, após esse tempo, deverá ser posta para secar a sombra, por um período mínimo de 72h. As cordas, depois de secas, normalmente encolhem cerca de 5%, devendo o usuário ter consciência dessa perda de comprimento a qual será recuperada aos poucos, à medida que a corda for utilizada ou submetida a cargas. Se a corda estiver completamente suja, ela poderá ser lavada em água fresca e limpa e, se necessário, poderá ser adicionado sabão neutro a água podendo ainda ser usada uma escova de fibras sintéticas para auxiliar na limpeza (lavador de cordas). É sempre recomendado o uso de uma sacola para transportar a corda, a fim de protegê-la de sujeiras e minimizar a sua torção. 72 2.7 Curiosidades Quando temos duas cordas sobrepostas, estando uma correndo em velocidade diferente da outra e ambas estando em um só gorne ou conector (mosquetão), o contato delas acaba gerando calor e poderá ocorrer o rompimento da corda que está correndo em menor velocidade. Com relação às atividades de rapel e tirolesas: • descidas muito rápidas podem queimar as fibras da corda e elas, por sua vez, poderão acelerar o desgaste da capa (bainha). • conforme as cordas vão sendo utilizadas nessas atividades, ocorrerá o rompimento das fibras sintéticas, logo, de acordo com a quantidade de descidas realizadas, as fibras que são derretidas pela ação do calor (provocado pelo atrito) vão se cristalizando com as outras fibras tornando a corda cada vez mais rígida. A fusão da poliamida ocorre aproximadamente a 230º C e essa temperatura pode ser atingida (nas atividades de rapel) durante as descidas muito rápidas. O que acontece com os materiais? As cordas superaquecem, ocorrendo o rompimento e a cristalização das fibras; as luvas não resistirão ao atrito, ocorrendo a queima do couro, provocando queimaduras até de 3.º grau nas mãos do operador. A temperatura de uso e de armazenamento de uma corda jamais poderá ultrapassar 80ºC. • cordas molhadas (completamente encharcadas) dificultam as operações de resgate. • todo sistema de segurança deverá, obrigatoriamente, ter um ponto de ancoragem confiável, o qual poderá ser realizado na mesma 75 3) Andino: método usado para as cordas mais flexíveis. (figura 35). 4) Charuto: aplicado em as cordas mais flexíveis (figura 36). Figuras 36, 35, 38 e 37, respectivamente: charuto, andino, corrente dupla, corrente simples 5) Corrente simples e dupla: método empregado para diminuir o comprimento das cordas (figuras 37, 38, 39 e 40). Charuto Andino Corrente Dupla Corrente Simples 76 Figuras 39 e 40, respectivamente: corrente dupla e corrente em anel. 6) Sacola: utilizado para acomodar as cordas que são usadas nas atividades com o emprego de aeronaves ou em atividades realizadas em vãos livres (figura 41). Figura n° 41: acomodação da corda na sacola. CAPÍTULO III ARMAÇÕES BÁSICAS DOS CABOS DE SUSTENTAÇÃO 80 figuras 42, 43 e 44, respectivamente: exemplos de armações no plano vertical. 3.1.2 Armação no plano horizontal A armação desse sistema é realizada sempre com duas cordas (duplas ou dobradas), sendo necessário aplicar uma tração adequada para mantê-las sob tensão (esticadas na horizontal) em função da atividade que irá ser realizada (figuras 45 e 46). 81 Figuras 45 e 46, respectivamente: modelos de armações no plano horizontal. 3.1.3 Armação no plano inclinado O sistema empregado é, basicamente, o mesmo utilizado no plano horizontal, contudo, os pontos de fixação estão em planos diferentes. 82 É interessante observar que a corda de sustentação no plano inclinado, quando for armada com declive elevado (com ângulo superior a 35º), implicará, obrigatoriamente, na realização do freio na parte superior da armação. As inclinações mais favoráveis para esse sistema são as que apresentam angulações entre 25º e 30º, sendo que, nessa última, poderá ser observado um aumento de velocidade durante o percurso de descida. Figura 47: visualização de uma armação no plano inclinado. 3.2 Desenvolvimento das operações na armação de cabos de sustentação nos diversos planos 3.2.1 Armação de um cabo de sustentação no plano horizontal Uma guarnição composta de Chefe de guarnição, Auxiliar n.º 1, Auxiliar n.º 2, Auxiliar n.º 3 e Auxiliar n.º 4 precisa ter definido as atribuições de cada integrante, para que a operação ganhe rapidez e 85 atribuições aos componentes da guarnição, as quais serão especificadas abaixo: Chefe de guarnição: - comanda e coordena a operação; - transporta dois cabos solteiros de 4,5 m, bem como os demais materiais empregados no sistema de auxílio à tensão a ser implementada, tais como: rachi, grampos com manilhas, aparelho oito, mosquetões etc.; - coloca os grampos com manilhas e/ou os mosquetões; - leva os outros materiais exigidos para dar tensão de acordo com a técnica a ser empregada; - confecciona o nó para a união da retinida com a corda principal; e - orienta a vítima quanto aos meios e métodos que deve proceder na fixação da corda. Auxiliar nº. 1: - confecciona uma cadeira japonesa; - realiza a transposição, pelo cabo de sustentação simples, até o local onde será realizada a sua fixação, permitindo a sua armação, para isso ele irá levar a extremidade de outra corda que comporá o cabo de sustentação duplo; - fixa, temporariamente, as cordas com o nó oito, volta do fiador ou volta da ribeira; - recolhe as cordas, conforme a solicitação do chefe; e - fixa, em definitivo, o cabo de sustentação. Auxiliar nº. 2: - transporta a retinida; - safa a retinida, preparando-a para o lançamento; - lança a retinida até o local desejado (onde se encontra a vítima); - confecciona o nó para o desvio da força que dá tensão nas cordas; 86 - auxilia na tração do cabo de sustentação. Auxiliar nº. 3: - transporta uma das cordas de 50 ou de 100 metros; - safa a corda citada acima; - fixa, temporariamente, a corda; - confecciona o balso do calafate no ponto de ancoragem, de acordo com a determinação do chefe; e - auxilia na tração do cabo de sustentação. Auxiliar nº. 4: - transporta uma corda de 50 ou de 100 metros; - safa uma das cordas acima citadas; - fixa, temporariamente, a corda; - auxilia na tração do cabo de sustentação; e - no ponto de ancoragem, realiza o nó final para fixação das amarrações. 3.2.3 Armação de um cabo de sustentação no plano inclinado Na armação de cordas para a montagem de um cabo de sustentação no plano inclinado, o chefe de guarnição deve observar, primeiramente, as condições do local e, em seguida, analisar a distância entre as edificações, bem como a altura, o grau de inclinação e as técnicas de evacuação que deverão ser empregadas. Diante dessas informações, a operação desenvolver-se-á de acordo com as seguintes atribuições dos componentes da guarnição: Chefe de guarnição: - comanda e coordena toda a operação; - transporta dois cabos solteiros, bem como os demais materiais que serão empregados na técnica que será utilizada para dar tensão ao sistema; 87 - confecciona um nó formador de alça, que será empregado no processo de tração; e - coloca os grampos com manilha e/ou mosquetões nas alças do sistema de tração. Auxiliar nº. 1: - transporta uma corda que será usada no içamento dos cabos; - fixa, temporariamente, a corda citada acima; - lança essa corda para o solo; - iça a corda após o nº. 2 ter realizado a união delas com as cordas que precisam ser içadas; e - auxilia na tração das cordas do cabo de sustentação. Auxiliar nº. 2: - confecciona a união da corda de içamento com as cordas que vão ser usadas como cabos de sustentação; - realiza o nó balso do calafate no local da ancoragem principal; e - auxilia na tração do cabo de sustentação. Auxiliar nº. 3: - transporta uma corda de 50 ou de 100 metros até o seu local de fixação; - fixa, temporariamente, a corda, utilizando o nó volta do fiador ou volta da ribeira; - safa e lança a corda citada anteriormente; - recolhe a corda fixando-a de acordo com a orientação do chefe; e - auxilia a tração das cordas que servirão como cabo de sustentação. Auxiliar nº. 4: - transporta uma corda de 50 ou de 100 metros até o seu local de fixação; 90 Figuras 51 e 52, respectivamente: pontos estruturais de ancoragens. Artificiais: são aqueles que implantamos no local da atividade. São assim classificados por serem os únicos meios desenvolvidos com a finalidade exclusiva de servirem como pontos para ancoragens. Eles podem ser chamados ainda de fixos e móveis (figuras 53, 54 e 55). Figuras 53, 54 e 55, respectivamente: pontos artificiais de ancoragens. 91 Meios de fortuna: na realidade, nenhum dos pontos, tanto entre os naturais e os estruturais, são pontos de ancoragens propriamente ditos, pois não foram criados para tal atividade, portanto, como eles já existem no local e podem servir como base para ancoragens, são utilizados para essa finalidade. Podem ser classificados como sendo um meio de fortuna. Existem outros materiais aos quais damos essa denominação, tais como: armários, mesas, sofás, camas, etc. (figura 56). Figura 56: ancoragens com meios de fortuna. 3.3.1 Pontos de fixação de cabos Podemos classificar esses pontos como sendo principal e secundário, devendo ainda ser observado que o de menor resistência será sempre o principal e o de maior resistência será chamado de secundário, funcionando como uma ancoragem reserva. Na maioria dos pontos que encontramos, o principal, já é suficientemente resistente para servir como base para amarrações diversas, contudo, também encontramos pontos que podemos classificar como sendo duvidosos e, nesse caso, obrigatoriamente, devemos fazer uso de um segundo ponto, para atuar como segurança da operação. 92 Às vezes, temos de improvisar muitos desses pontos de infinitas maneiras, sendo que essa ação vai depender, exclusivamente, do tipo de estrutura que podemos encontrar pela frente, tais como: 1) estruturas da própria edificação; 2) meios naturais que encontramos próximos às edificações; 3) viaturas e automóveis presentes no local; e 4) meios de fortuna que conseguimos no local. Observação: veja mais detalhes no capítulo XIX que trata das ancoragens. 3.3.2 Materiais empregados nos pontos de fixação São todos os materiais que podem ser adequados para servir como base, devendo ser usados de acordo com as necessidades da operação. Normalmente, são utilizados: - cabos solteiros de tamanhos variados; - cabos e lingas de aço; - fitas “expressas” e tubulares; - correntes com elos metálicos; - grampos com manilha; - peças oito; - mosquetão com trava; - roldanas; - lonas; - aparelho gri gri; e - aparelhos blocantes. 3.3.3 Nós empregados nos pontos de fixação 95 Figura 59: nó direito no ponto de fixação. - fitas tubulares e/ou costuradas, envolvendo o local. (figuras 57 e 60). Figura 60: ancoragem envolvendo o local. 96 3.3.5 Métodos empregados para dar tensão de cordas Métodos manuais. Figura 61: método de tração com a peça oito e grampo. Figuras 62 e 63, respectivamente: tração com grampo e ou com mosquetões. 97 Figuras 64 e 65: peça oito e mosquetão. São os processos montados por meio de materiais, equipamentos e viaturas, para tencionar uma corda, a qual classificamos de cabo de sustentação. Esses métodos são: Métodos manuais: são os mais eficientes e seguros a serem realizados dentro de uma operação. Métodos mecânicos (figura 66): são aqueles que empregam materiais que contenham engrenagens como o tifor e viaturas. Figuras 66: método mecânico
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