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Guias e Dicas
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Química dos Explosivos, Notas de estudo de Química

Uma apostila sobre a química e aplicações dos explosivos mais comuns. Apenas para fins informativos.

Tipologia: Notas de estudo

2010
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Compartilhado em 05/12/2010

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leonardo-lopes--1 🇧🇷

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Baixe Química dos Explosivos e outras Notas de estudo em PDF para Química, somente na Docsity! EXPLOSIVOS E PROPELENTES Embora tenham contribuído bastante para a destruição de vidas humanas, os explosivos possibilitaram também a execução de grandes obras de engenharia, que seriam física, ou economicamente, impossíveis sem a utilização destes agentes. Projetos de engenharia como a ponte Rio-Niterói, o túnel dois irmãos ou a hidrelétrica de Itaipú levariam centenas de anos para serem concluídos se o trabalho tivesse usado apenas a força braçal dos trabalhadores. Os explosivos incluem-se entre os mais poderosos serventes da humanidade. Suas aplicações são as mais diversas indo desde obras de engenharia e todos os tipos de minerações até aplicações industriais como no uso de rebites explosivos na restauração de freios de caminhões ou construção de aeronaves e o uso de explosivos submersos para moldar metais. Sem falar, é claro, na aplicação dos explosivos para fins militares. Uma mistura explosiva, conhecida pelos chineses há muitos séculos, é a mistura de enxofre, carvão e salitre, a pólvora negra; seu emprego, como propelente de mísseis, foi demonstrado pouco depois do ano 1300. As descobertas da nitroglicerina e da nitrocelulose, pouco antes de 1850 e, logo depois, as invenções das dinamites e da espoleta de fulminato de mercúrio foram eventos marcantes da era dos alto-explosivos. Durante anos, desenvolveram-se produtos de qualidade superior, como a pólvora sem fumaça, feita pela primeira vez em 1867. Os explosivos atômicos foram detonados pela primeira vez em 1945, marcando o início de um terceiro estágio na história dos explosivos. Hoje em dia, a demanda de explosivos mais poderosos para os modernos programas espaciais, serve de estímulo contínuo aos engenheiros químicos. Em tempos de paz é grande a quantidade consumida de explosivos industriais. Em tempos de guerra, as quantidades são imensas; Entre janeiro de 1940 e o dia da vitória sobre o Japão na segunda guerra mundial (02 de setembro de 1945), por exemplo, foram fabricados, nos Estados Unidos, aproximadamente 25 bilhões de quilogramas. Na década de 1960-1970, as vendas passaram de 490 para 1085 milhões de Kg/ano. - Definições 1 – Explosivos → São substâncias ou misturas capazes de se transformar quimicamente em gases (sofrer combustão) com extraordinária rapidez e com desenvolvimento de calor, produzindo elevadas pressões e considerável trabalho devido à ação do calor liberado sobre os gases produzidos ou adjacentes. Para ser considerado um explosivo o composto tem que ter uma instabilidade natural que pode ser acionada por chama, choque, atrito ou calor. Os explosivos diferem muito quanto à sensibilidade e à potência. Tem uma maior importância industrial ou militar os de natureza insensível, que podem ser controlados e tem um elevado conteúdo energético. Existem três tipos fundamentais de explosivos, os mecânicos, os atômicos e os químicos; o objetivo primordial desta apostila é o estudo dos explosivos químicos. 2 – Explosão → Violento arrebentamento ou expansão resultante de uma grande pressão, que pode ser causado pela transformação de um explosivo por detonação, deflagração ou outra súbita liberação de pressão como a contida em um vaso de pressão. 3 – Detonação → É o fenômeno no qual uma onda de choque auto sustentada, de alta energia, percorre o corpo de um explosivo causando a sua transformação em produtos mais estáveis com a liberação de grande quantidade de calor. Esta onda de choque ou zona de choque, da ordem de 10-5cm, causa um pico de pressão, e um conseqüente pico de temperatura, que ocasiona a quebra das ligações das moléculas. Seguindo esta zona de choque vem a zona de reação química, que é da ordem de 0,1 cm a 1,0 cm, na qual iniciam- se as reações químicas e atinge-se o máximo de pressão, densidade e temperatura. Após esta zona de detonação segue-se a expansão dos produtos gerados e a liberação de calor (Figura 01). As velocidades de detonação variam aproximadamente entre 1.000 m/s e 8.500 m/s. É um fenômeno característico dos chamados altos explosivos. Figura 01 – Representação de uma detonação 4 – Deflagração → É a auto combustão de um corpo, que pode estar em qualquer estado físico e que contém em sua composição combustível e comburente intimamente misturados em proporção adequada. Ocorre na direção normal à superfície, por camadas, devido à transferência de calor da zona de chama que se encontra na fase gasosa adjacente à superfície. Pode ocorrer a velocidades controladas que variam de uns poucos centímetros por minuto até aproximadamente 400 m/s. É um fenômeno de superfície e é característico dos chamados baixo explosivos. iniciador (detonador) explosivo antes da detonação onda de choque propagando-se em todas as direções iniciador (detonador) detonando zona de detonação zona de reação química onda de choque ou zona de choque explosivo não detonado (inalterado) produtos de detonação (em expansão) TNT (Trinitrotolueno), PETN, RDX, picrato de amônio, ácido pícrico, DNT (dinitrotolueno). - Propelentes ou baixo explosivos → São aqueles que tem por finalidade a produção de um efeito balístico. A sua transformação normal é a deflagração e o impulso inicial que exige é a chama. Apresentam como característica importante uma velocidade de transformação regular. Os baixo explosivos, ou propelentes, são diferentes dos alto explosivos no modo de decomposição; simplesmente queimam ou deflagram. A deflagração é um fenômeno que não avança pela massa do material, mas ocorre em camadas paralelas à superfície. Tem velocidade muito lenta, do ponto de vista relativo, por isso, a ação dos baixo explosivos é menos destrutiva. Esses explosivos liberam grandes volumes de gás de combustão de maneira definida e controlável. Ex: Pólvoras mecânicas (pólvora negra), pólvora sem fumaça (nitrato de celulose coloidal), algodão pólvora, peróxido de hidrogênio, gasolina. 3- Classificação quanto à combustão Quanto a sua combustão os explosivos se classificam em: - Explosivos de combustão completa → Queimam até CO2 e H2O e, em alguns casos, O2. - Explosivos de combustão incompleta → Queimam de forma incompleta gerando CO como subproduto. Quando O ≥ 2C + H/2 → O explosivo é combustão completa Quando O < 2C + H/2 → O explosivo é de combustão incompleta Ex. A nitroglicerina (fórmula elementar C3H5O9N3) é um explosivo de combustão completa ? C =3, O = 9, H = 5 2C + H/2 = 2(3) + 5/2 = 8,5 O = 9 Como 9 > 8,5 podemos afirmar que a nitroglicerina é um explosivo de combustão completa. -Propriedades dos explosivos Visando comparar os explosivos para um emprego conveniente, os ensaios padronizados mais importantes são os que se empregam para determinar a sensibilidade, a sensibilidade à iniciação, a brisância, o efeito útil, a influência ou simpatia e a velocidade de detonação dos explosivos. Antes da avaliação do seu emprego em objetivos industriais ou militares, é preciso efetuar ensaios adicionais de volatilidade, de solubilidade, de densidade, de higroscopia, de compatibilidade com outros materiais e de resistência à hidrólise, no caso de o explosivo passar satisfatoriamente pelos primeiros ensaios. São também levados em consideração o custo de fabricação e a toxidez das substâncias. - A sensibilidade de um explosivo ao impacto é determinada pela altura da qual deve cair um peso padrão sobre o explosivo para provocar a sua detonação. No caso de explosivos iniciadores, este ensaio é da maior importância. É importante que os explosivos usados em minas, especialmente em minas de carvão, não libertem gases venenosos e produzam o mínimo de chama. Esta última exigência é necessária para que o explosivo não inflame as misturas de ar e poeira de carvão, ou de ar e metano (grisu), que inevitavelmente ocorrem nas minas de carvão. Os explosivos para uso em mina são conhecidos como explosivos permitidos. Os explosivos permitidos diferem dos outros, especialmente da pólvora negra, pelo fato de produzirem uma chama de pequeno tamanho e duração muito breve. Estes explosivos contêm refrigerantes, que regulam a temperatura das chamas e reduzem ainda mais a possibilidade de ignição de misturas combustíveis. Eles são ensaiados numa longa galeria cheia de carvão, ar e metano, e sua explosão não deve inflamar a mistura. O principal teste de sensibilidade é feito soltando-se um peso de 2 Kg sobre 20 mg do explosivo teste (Teste do carneiro mecânico – Figura 02). A sensibilidade do explosivo é, entao, determinada de acordo com a altura mínima necessária para que ocorra a detonação (h). Se: h (altura de detonação) <10 cm → Explosivo muito sensível; 10 < h < 25 cm → Explosivo sensível; 25< h < 100 cm → Explosivo pouco sensível; h > 100 cm → Explosivo insensível. Figura 02 – Teste do carneiro mecânico B C bigorna h explosivo (20 mg) peso (2 Kg) A -Sensibilidade à iniciação Verifica-se esta propriedade determinando a quantidade mínima de um explosivo capaz de iniciar 0,4 g do explosivo sob teste (Figura 03). Quanto menor a quantidade de explosivo necessária para iniciar um dado explosivo, maior será a sensibilidade desse explosivo à iniciação. a → explosivo em teste iniciável por chama - explosivo iniciador não requerido. b → explosivo em teste não iniciável por chama - explosivo iniciador requerido (iniciável por chama). c → explosivo em teste (explosivo insensível) não iniciável por chama e não iniciável por explosivo iniciador - explosivo iniciador e reforçador (booster) requeridos. Figura 03 – Teste de sensibilidade à iniciação -A brisância, ou capacidade de um explosivo fragmentar o recipiente que o encerra, pode ser medida pela explosão de uma pequena quantidade do explosivo sob teste numa bomba de areia (Figura 04), que é um vaso de paredes resistentes cheio de areia grossa padronizada, que é esmagada pela explosão. Mediante peneiração da areia esmagada se determina a granulometria da areia após a explosão e, daí, a força explosiva do explosivo. Também pode ser feito o teste de fragmentação de granadas (Figura 05) no qual uma granada é detonada dentro de uma caixa de areia e depois se classifica os fragmentos da mesma gerados na explosão. A brisância, possivelmente, é uma combinação de potência e velocidade de detonação. C C A C A B a b c - Influência ou simpatia é a maior distância em que a detonação de um explosivo provocará a detonação de uma outra carga (Gap test). Quando um explosivo tem sua detonação provocada pela onda de choque gerada pela detonação de um outro explosivo próximo a ele, temos uma detonação por influência ou por simpatia. Quanto maior a distância em que a detonação de um explosivo provoca a detonação de outro, maior a simpatia do segundo explosivo pelo primeiro. -Velocidade de detonação é a velocidade em que ocorre a detonação de um explosivo. Pode ser medida através do teste D’Autriche (Figura 07) em que um cordel detonante de comprimento “l” e velocidade de detonação conhecida é fixado sobre uma placa de chumbo e tem suas extremidades conectadas a espoletas posicionadas em dois pontos do explosivo teste separados pela distância “L”. Em uma das extremidades do explosivo teste é conectada uma espoleta que, ao ser iniciada, dá origem a uma onda de choque, que se propaga pelo corpo do explosivo iniciando, sequencialmetne, as espoletas do cordel detonante, dando origem, assim, a duas ondas de choque no cordel com sentidos de propagação opostos. Essas ondas de choque se encontrarão em um ponto qualquer da placa de chumbo a uma distância “a” do ponto “l/2”. Após a detonação calcula-se à distância “a” e, a partir deste valor, se calcula a velocidade de detonação do explosivo teste. A velocidade de detonação é uma medida importante para a determinação do funcionamento e performance de um explosivo e depende do tamanho da partícula, da composição, da massa específica, do grau de confinamento e do diâmetro do explosivo. Figura 07 – Ilustração do teste D’Autriche 3d l/2 risco inicial sobre a placa de chumbo cordel detonante de comprimento “l” espoleta espoletas explosivo em teste placa de chumbo L d Sentido de propagação da onda de choque Encontro entre as ondas de choque Corte na placa provocad o pelo encontro das ondas de choque. a Dedução: Na figura 07: V → Velocidade do cordel; v → Velocidade de detonação do explosivo teste. L → Distância entre as espoletas no corpo do explosivo; l → Comprimento do cordel; a → Distância entre o risco inicial sobre a placa de chumbo (l/2) e o ponto de encontro das ondas de choque. Temos da mecâmica que: x (distância) = v (velocidade).t (tempo) → t = (x/v) Tempo que a primeira onda de choque do cordel leva até o ponto de encontro (t1): t1 = (l/2).(1/v) + a./v Tempo que a segunda onda de choque do cordel leva até o ponto de encontro (t2): t2 = L/V + (l/2).(1/v) - a./v Como t1 = t2: (l/2).(1/v) + a./v = L/V + (l/2).(1/v) - a./v Portanto: a/v = L/V – a/v → L/V = 2 a/v → V = (L.v)/(2.a) Além das propriedades descritas acima, também são importantes: a)Calor de explosão; b)Potencial → Trabalho que ele realiza; c)Volume gasoso → Volume de gás produzido na explosão; d)Temperatura de explosão; e)Covolume → Menor volume que os gases de detonação podem ocupar; f)Força ou energia específica; g)Pressão de detonação; h)Densidade; i)Balanço de oxigênio → BO Explosivos Militares Os explosivos militares não atômicos mais poderosos são misturas aluminizadas, como o Torpex e o HBX (RDX, TNT, alumínio e cera). Em virtude das exigências militares serem muito severas, somente alguns poucos explosivos sobreviveram aos ensaios competitivos. Para entender como os explosivos são empregados para fins militares é fundamental compreender a construção de um obus de artilharia, conforme o esquema da Figura 08. O obus é constituído por um cartucho fino de latão ou de aço contendo um iniciador, o ignidor e a carga propelente. Este cartucho se ajusta cerradamente na arma e, na explosão da carga, expande-se, selando a culatra da arma e impedindo que os gases da combustão do propelente escapem; com isso, todo o efeito do propelente se exerce sobre o projétil, que é a parte destrutiva do obus. O iniciador contém uma pequena quantidade de explosivo primário ou mistura sensível (por exemplo, azida de chumbo ou uma mistura, como KClO3 + Pb(CNS)2 + Sb2S3 + TNT + vidro moído). A mistura explode pelo impacto do percussor e provoca uma chama, a qual inflama uma carga de pólvora negra no ignidor, que, por sua vez, inflama a carga propelente de pólvora sem fumaça. A combustão da pólvora sem fumaça provoca a rápida emissão de gases aquecidos, que ejetam o projétil pelo cano da arma. Ao atingir o alvo, sob a ação do impacto ou mediante a ação de um mecanismo de detonação controlado, explode uma pequena quantidade de explosivo primário (detonador); isso causa a explosão de um reforçador  explosivo de sensibilidade intermediária entre a do explosivo primário e a da carga principal  que amplifica a onda explosiva do explosivo primário e garante a completa detonação da carga principal. A carga de arrebentamento, ou alto explosivo, é usualmente o TNT puro ou misturado com o nitrato de amônio (TNT-NA). Usam-se também, em alguns casos, o RDX, PETN e o picrato de amônio. Figura 08 – Esquema de uma munição de obus de artilharia. Propelentes para fins militares Como dito anteriormente, os propelentes quando iniciados, queimam mesmo em ausência acentuada de O2 atmosférico, com velocidade controlada, liberando uma quantidade de gás capaz de produzir um trabalho. Essa característica é muito útil do ponto de vista militar pois os torna perfeitos para serem empregados para fins balísticos. 2 – Demais composites A principal utilização das composites diferentes da pólvora negra é como propelente para foguetes e sua composição geralmente compreende: - 20% de combustível que também atua como aglutinante (polissulfetos, PVC, poliésteres, poliéteres e polibutadieno); - 70% de comburente (nitrato de amônio, nitrato de potássio, perclorato de amônio) aditivos mecânicos, aditivos balísticos e aditivos energéticos (Al). -Altos explosivos militares 1 - TNT (Trinitrotolueno) ou Trotil Apesar do desenvolvimento de novos explosivos, o TNT simétrico continua a ser um importante explosivo militar, particularmente quando misturado com o nitrato de amônio (amatol). Seu baixo ponto de fusão (800C) permite que seja carregado fundido em bombas e obuses. Não tem a tendência do ácido pícrico, a formar sais metálicos insensíveis. O TNT é obtido pela nitração em etapas múltiplas do tolueno, com uma mistura de ácidos sulfúrico e nítrico (sulfonítrica). Antigamente, usava-se três estágios de nitração, ao mono, ao di e ao trinitrotolueno mas atualmente, os reatores a fluxo contínuo, em tanques agitados, ou as unidades tubulares com escoamento em contracorrente dos ácidos concentrados e do tolueno, permitem que se tenham rendimentos maiores e custos menores. O TNT puro (cristalizado, em palhetas ou comprimido) é empregado como reforçador, em granadas e minas anticarro e anti pessoal, em bombas de aviação e em petardos. Em misturas o TNT é empregado em cargas de arrebentamento e em granadas. As misturas mais usadas são: 1 – TNT + Tetril = Tetritol; 2 – TNT + Nitropenta = Pentolite; 3 – TNT + Hexogênio (RDX) = Hexolite ou ciclotol; 4 – TNT + Octogênio = Octol (HMX); 5 – TNT + NH4NH3 = Amatol. CH3 O2N NO2 NO2 TNT 2 - Tetril [2,4,6 – Trinitrofenilmetilnitroamina, C6H2(NO2)3NCH3NO2] É utilizado principalmente como carga básica em espoletas de detonação, como explosivo reforçador em bombas de alto-explosivos e como componente de explosivos binários. Prepara-se, em geral, pela ação de mistura sulfonítrica sobre dimetilamina, numa nitração em múltiplas etapas (Figura 11). N CH3H3C + 2HNO3 + H2SO4 + 2H2O N CH3H3C NO2 NO2 N CH3H3C NO2 NO2 + 8HNO3 + H2SO4 + 6NO2 + CO2 + 2H2O N CH3H3C NO2 NO2 O2N Tetril Figura 11 – Reação de formação do tetril O tetril também pode ser preparado pela alquilação do 2, 4 – dinitroclorobenzeno com metilamina, seguida pela nitração. O tetril é um alto explosivo extremamente poderoso, com grande poder de ruptura porém está caindo em desuso por ser muito venenoso. 3 - Ácido pícrico (2,4,6 – trinitrofenol) Não se fabrica pela nitração direta do fenol, em virtude de se formarem muitos subprodutos. É obtido pela nitração de fenolsulfonatos com mistura sulfonítrica. OH NO2O2N NO2 Ácido pícrico 4 - Explosivo D, ou picrato de amônio. É feito pela neutralização de soluções aquosas quentes de ácido pícrico pela amônia aquosa. É usado em bombas perfurantes de blindagens graças à insensibilidade aos choques mecânicos (É o explosivo mais insensível que se conhece). O NO2 NO2 NO2 NH4 Picrato de amônio 5 - PETN, Tetranitrato de pentaeritritol [C(CH2ONO2)4] É um dos alto-explosivos militares mais brisantes e mais sensíveis. É dessensibilizado pela adição de TNT ou pela adição de cera, para ser usado como explosivo reforçador, como carga de ruptura, como cordel detonante ou como explosivo plástico de demolição. O PETN, também conhecido como nitropenta, pode ser feito pela nitração do pentaeritritol com ácido nítrico concentrado (96 %) a cerca de 50 oC. A pentolita, feita pela fusão do PETN com o TNT, tem usos especializados; por exemplo, a pentolita 50-50 é usada como reforçador em agentes explosivos de ruptura em forma de pasta com misturas de nitrato de amônio granulado e óleo combustível, e como carga principal de reforçadores. Figura 12 – Reação de formação da nitropenta C CH2ONO2O2NH2C CH2ONO2O2NH2C C CH2OHHOH2C CH2OHHOH2C + HNO3 NA2CO3 Acetona 1 - Nitroglicerina e Dinamite A nitroglicerina foi o primeiro alto-explosivo a ser empregado em grande escala. A nitração é efetuada lentamente pela adição de glicerina muito pura (99,9% ou mais) a uma mistura com a composição aproximada de H2SO4 59,5 %; HNO3 40 % e H2O 0,5 %. A nitração completa-se em 60 a 90 minutos, em nitradores com agitação, equipados com serpentinas em aço de arrefecimento, cujo fluido é uma salmoura a 5 0C, para manter a temperatura abaixo de 10 0C. Depois da nitração, a mistura de nitroglicerina e do ácido usado escoa, por uma calha (que é mais fácil de limpar completamente do que um tubo), para tanques de separação e sedimentação, a uma certa distância do nitrador. A nitroglicerina é cuidadosamente separada do ácido e vai para um tanque de lavagem, onde é lavada duas vezes com água quente e com uma solução de carbonato de sódio a 2 %, para Figura 14 – Fluxograma da fabricação da nitroglicerina e dinamites. Usualmente é necessário ter um evaporador entre o reator de amônio e o cristalizador. assegurar a completa remoção do ácido residual. Continuam-se as lavagens com água quente até que não haja traço de alcalinidade. O fluxograma da Figura 08 apresenta as etapas do processo de fabricação de nitroglicerina e dinamites. O produto é, na realidade, o trinitrato de glicerila, e a reação enquadra-se na classificação de esterificação (nitrato). CHOH CH2OH CH2OH + 3HNO3 + (H2SO4) CHONO2 CH2ONO2 CH2ONO2 + 3H2O + (H2SO4) Figura 15 – Reação de formação da nitroglicerina A nitroglicerina é um líquido com a aparência da glicerina original. É muito sensível a choques e congela a 56 0F (13,30 0C); o sólido é menos sensível. Uma vez que, na fase sólida, tem a tendência de explodir incompletamente, a nitroglicerina congelada deve sempre ser descongelada antes do emprego. Para tornar a nitroglicerina mais fácil e mais segura de manusear, ela é usualmente transformada em dinamite. A dinamite foi fabricada originalmente, pela absorção de nitroglicerina em terra de infusórios. As dinamites modernas usam, em geral, serragem, nitrato de amônio ou nitrato de sódio como o agente de absorção da nitroglicerina, ao qual se adiciona um oxidante. Essa mistura é fácil de manipular e pode conter até 75 % de nitroglicerina e ainda reter o estado sólido. Em virtude da demanda de dinamite não congelável, para trabalhos em clima frio, usam-se dinamites contendo outros materiais, que visam a baixar a temperatura de congelação da nitroglicerina; entre eles, por exemplo, o dinitrato de etilenoglicol. Estas dinamites não congelantes tem um potencial tão grande quanto o de uma dinamite comum. A nitroglicerina pode ser gelatinizada e o gel resultante, bastante firme, é um alto explosivo excepcionalmente poderoso, conhecido comumente como dinamite gelatinosa. Quase sem exceção, os nitrocompostos e os ésteres do ácido nítrico, usados como explosivos, são tóxicos. O grau de toxidez varia amplamente com a substância, embora a maior parte seja capaz de provocar envenenamento agudo, se for tomada oralmente. Algumas substâncias, usadas no passado, eram extremamente tóxicas; a hexanitrofenilamina, por exemplo, é um vesicante ativo. As propriedades muito tóxicas serão uma grande desvantagem para quaisquer novos explosivos que sejam introduzidos no mercado. 2 - ANFO O ANFO ou Amonium Nitrate Fuel Oil é uma mistura de nitrato de amônio, e hidrocarbonetos liquidos (óleo diesel). Pode ser absorvido em serragem para facilitar o transporte. A aplicação técnica dessas misturas se tornou muito mais fácil devido ao fato de que o nitrato de amonio que tem uma forte tendência à aglomeração, é comercialmente produzido como grânulos porosos. Esses grânulos são suficientemente porosos para absorver cerca de 6 % do óleo que é a quantidade necessária para garantir o balanço de oxigênio. O ANFO deve ser utilizado na forma de uma coluna contínua e deve ser iniciado por um poderoso iniciador. Isto significa que ele tem que ser colocado solto (em vez de em pacotes) no buraco ou soprado para dentro dele com um soprador. 3 - Lamas explosivas e emulsões explosivas Lamas explosivas são soluções aquosas saturadas contendo sólidos em suspensão e constituídas de água, oxidantes, combustíveis e um ou mais sensibilizantes. Sua fabricação é feita em quatro etapas: 1 – Preparação do liquor (sal, água + oxidante); 2 – Misturação; 3 – Encartuchamento; 4 – Embalagem e armazenagem ou bombeamento da lama explosiva. Emulsões explosivas são emulsões do tipo água-óleo com a fase descontínua composta por uma solução aquosa saturada de sais oxidantes inorgânicos e a fase contínua composta por uma solução oleosa de combustíveis. Sua fabricação se dá nas seguintes etapas: 1- Preparo da soluçãooxidante e da solução combustível; 2 – Misturação; 3 – Sensibilização; 4 – Encartuchamento ou bombeamento; 5 – Embalagem e armazenamento. As lamas e emulsões explosivas tornaram-se os principais explosivos comerciais em virtude de poderem ser manuseados em equipamentos simples, quase que completamente sem perigo, e terem o custo muito baixo. O termo “agente de desmonte” é usualmente aplicado a misturas de nitrato de amônio sensibilizado com combustíveis não explosivos, como óleo ou a cera. Essas misturas não são explosivas mesmo com as espoletas convencionais e precisam de um poderoso explosivo reforçador para iniciar a deflagração.
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