Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

AutoraSandra AymoneCoordenação EditorialCam, Notas de estudo de Pedagogia

Literatura Infantil

Tipologia: Notas de estudo

2011

Compartilhado em 26/01/2011

elizangela-ibrahim-sarmento-costa-9
elizangela-ibrahim-sarmento-costa-9 🇧🇷

8 documentos

1 / 35

Pré-visualização parcial do texto

Baixe AutoraSandra AymoneCoordenação EditorialCam e outras Notas de estudo em PDF para Pedagogia, somente na Docsity! E (o NS | FOLCLORE LUPA AU dA - * Autora Sandra Aymone Coordenação Editorial Camila Bellenzani Maria Fernanda Moscheta Ilustração Pierre Trabbold Revisão de Texto Marcos Marcionilo Diagramação Línea Creativa Realização Fundação EDUCAR DPaschoal www.educardpaschoal.org.br F: (19) 3728-8129 Todos os livros da Fundação EDUCAR são distribuídos gratuitamente em escolas públicas, instituições e bibliotecas. Esta obra foi impressa em couché 210g/ m2 (capa) e couché 150 g/m2 (miolo), no ano de 2004, com tiragem de 30.000 exemplares para esta 1ª edição. Ela choramingou: — Tive medo desse bicho. Ele é muito feio! Beto foi olhar e viu que era uma figura de um calendário, no qual havia vários personagens criados pela imaginação do povo. A menina havia se assustado com o Bicho Manjaléu. 3 — Isso é só um desenho, Flavinha, esse bicho não existe — garantiu Beto. — Ele faz parte do nosso folclore… — Folque o quê? — estranhou Flavinha. — Fol-clo-re. Folclore quer dizer um montão de coisas que o povo inventa ou acredita, e vai passando de pai para filho. Podem ser histórias, brincadeiras, danças, festas, comidas… Flavinha animou-se: — Tirando esses monstros feiosos, parece que é divertido… 4 — É divertido sim, — concordou Beto, rindo — mas acho que os monstros eram criados pela imaginação das pessoas por causa do medo do escuro!… Já pensou antigamente, quando não tinha luz elétrica? As pessoas viam até o que não existia! — É mesmo — lembrou Flavinha. — Outro dia, tinha uma camiseta branca pendurada na cadeira e, no escuro, pensei que fosse um fantasma! Beto confessou: — Isso já me aconteceu também… Tem hora que a gente pensa cada bobagem! — Esse Bicho Manjaléu aí — continuou Beto — foi inventado para assustar crianças levadas… é tipo um bicho-papão ou uma cuca. 5 Em seguida, Pingo quis falar: — Lembrei uma brincadeira que a Dona Ângela costureira me ensinou, é a do Gato e Rato! Levantem, que eu ensino! As crianças ficaram de pé e deram-se as mãos. Pingo falou que Aninha ia ser o Gato e Beto, o Rato. Aninha ficou do lado de fora da roda e Beto do lado de dentro. Pingo ensinou o que cada um deveria fazer. Aninha então perguntou: — O senhor Rato está em casa? Todas as crianças responderam: — Não! Aninha insistiu: — A que horas ele chega? 8 — Ao meio-dia! — disseram todos. A roda começou a girar enquanto as crianças, em coro, cantavam as horas: “uma hora, duas horas, três horas…” até chegar ao meio-dia. Naquele momento, todas soltaram-se as mãos e o Gato-Aninha entrou na roda para caçar o Rato-Beto, que tratou de correr, saindo e entrando na roda, para escapar. Foi uma correria! Aninha, que tinha as pernas mais compridas, acabou pegando o Beto. A garotada riu bastante e brincou muitas vezes, até todos terem sido Gato ou Rato pelo menos uma vez. 9 À noite, Flavinha teve um sonho sem pé nem cabeça. Quer dizer, mais sem cabeça que sem pé. Ela estava caminhando numa floresta e, de repente, apareceu, galopando, a Mula-Sem-Cabeça! Essa mula é um daqueles monstros inventados que fazem as crianças tremerem de medo. Dizem que ela corre pelos campos, soltando fogo pelo nariz. O engraçado é que Flavinha não sentiu medo algum e perguntou-lhe: — Mula, como é que alguém que não tem cabeça pode soltar fogo pelo nariz? Ela respondeu: — Isso é um mistério pra mim também! Mas foi assim que me inventaram! E o bicho saiu dançando, muito desajeitado, e cantando uns versinhos: 10 — Eca! — interrompeu Pingo. — Deixa de ser bobo, Pingo — disse Renata. — Língua de boi se come! — Então — continuou Beto — Pai Chico rouba o boi. Aí, o fazendeiro manda os vaqueiros e os índios saírem para procurar e, quando encontram o boi, ele está doente. O Pajé é chamado, porque é meio feiticeiro, meio curandeiro e, depois de muitas tentativas, o boi fica curado. Quando o fazendeiro fica sabendo o motivo do roubo, perdoa Pai Chico e Catirina, e a representação termina com muita alegria! — Mas é um boi de verdade? — quis saber Diego. 13 — Não — respondeu Beto — o boi dessas apresentações é feito de uma armação de madeira, coberta por um pano bordado ou pintado. Nessa armação, é presa uma saia, para esconder a pessoa que fica dentro. Os personagens usam roupas muito coloridas. — Deve ser uma beleza! — Renata exclamou. Todos disseram que devia ser, mesmo. — Por falar em festa, eu adoro as Festas Juninas! — exclamou Aninha. — A quadrilha, o casamento na roça, a fogueira, as brincadeiras… — Os doces! — lembrou Pingo. — Paçoca, canjica, pé-de-moleque… E também os balões! — Balão pode ser bonito, mas pode causar acidentes muito tristes, incendiando casas e florestas — lembrou Renata. 14 Todos concordaram que é melhor não soltar balões. O livro do Diego contava que as Festas Juninas homenageiam os três santos comemorados em junho: Santo Antônio, São João e São Pedro e explicava a origem da fogueira. “Numa noite bonita, de céu estrelado, São João nasceu. Sua mãe, que era Santa Isabel, mandou erguer um mastro na porta da casa e acendeu uma fogueira, que iluminava o mastro. Era o aviso combinado, entre ela e a Virgem Maria, para o dia em que o menino nascesse”. 15 A falação parou quando a criançada sentiu o cheirinho que vinha da cozinha. Tia Nieta, que era mineira, com certeza tinha preparado uma de suas delícias! Logo, ela apareceu com uma bandeja cheirosa e anunciou: — Olha o pão-de-queijo quentinho! As crianças avançaram. Até a diretora do Lar das Crianças, Tia Valéria, apareceu para pegar um e disse: — Vocês sabiam que comida também é folclore? Algumas receitas são típicas de uma determinada região do Brasil, como o vatapá, na Bahia, o feijão tropeiro, em Minas Gerais e o churrasco, no Rio Grande do Sul. 18 Tia Nieta lembrou: — Essas receitas são passadas de mãe para filha durante anos. Às vezes, não estão em livro algum, são transmitidas boca a boca… — Uma amiga da minha mãe contava que a feijoada surgiu no tempo dos escravos, nas senzalas — disse Tia Valéria. — Os senhores ficavam com a parte melhor do porco e deixavam a orelha, o pé e o rabo para os escravos, que acabaram inventando esse prato tão gostoso! Renata, que adorava feijoada, ficou com água na boca. 19 Dois dias depois, quando Beto e Flavinha chegaram, escutaram Tia Nieta cantando uma cantiga de roda: “Vamos maninha, vamos À praia passear Vamos ver a lancha nova Que do céu caiu no mar…” Beto brincou: — Está contente, Tia Nieta? — “Quem canta seus males espanta!” — respondeu a cozinheira. Aninha, que ia passando, ouviu e correu para anotar a frase em seu caderno de provérbios. Ela adorava colecionar esses ditos populares. Depois, trouxe o caderno para mostrar aos amigos. 20 Depois do lanche, Tia Valéria reuniu as crianças para contar uma história. — O folclore dos nossos índios tem histórias muito poéticas — disse ela. Vou contar a vocês a lenda da vitória-régia, que explica como surgiu essa planta maravilhosa que existe nos rios da Amazônia. “Naiá era uma índia jovem, filha do chefe da tribo. Ela acreditava que a Lua era um belo guerreiro chamado Jaci, e queria se casar com ele. O Pajé havia contado a Naiá que quando a Lua gostava de uma jovem, a transformava em estrela do céu. Desde então, nas noites de luar, enquanto os outros dormiam, Naiá subia nas colinas, tentando chegar perto da Lua, para que ela a visse e a transformasse em estrela. Durante muitas noites a índia ficou acordada, chamando a Lua, mas nada conseguiu. Numa dessas vezes, Naiá viu a Lua refletida nas águas de um rio. A pobre moça, imaginando que a Lua tinha vindo buscá-la, atirou-se nas águas profundas do rio e nunca mais foi vista. A Lua quis recompensar o sacrifício da jovem e transformou-a, então, na vitória-régia, uma planta cujas flores perfumadas e brancas só se abrem à noite e, quando nasce o Sol, ficam rosadas”. Aninha suspirou: — Que história mais linda! 23 A cada dia que passava, a criançada queria saber mais coisas do folclore. Certa tarde, Beto propôs: — Vamos brincar de adivinha? Todos concordaram e cada um foi dizendo aquelas que conhecia. Diego foi o primeiro: “O que é, o que é? Nasci na água Na água me criei Se na água me botarem Na água morrerei!” As crianças acharam difícil. Beto pensou por alguns minutos e logo fez cara de sabido: — É o sal! — gritou — Fácil, fácil! 24 Era isso mesmo. Todos ficaram admirados com a esperteza do menino. Estavam tão entretidos que nem perceberam a presença de um senhor usando chapéu de vaqueiro. Ele estava visitando o Lar e tinha parado para observar de longe a brincadeira. Aninha, na sua vez, perguntou: — O que é, o que é, que anda com os pés na cabeça? — Essa é mais fácil ainda! — disse Beto. Piolho! Os pés são dele e a cabeça é nossa… — Nossa? — exclamou Flavinha — só se for a sua… Pingo falou a dele: — O que é, o que é? Anda deitado e dorme em pé? 25 — Ele disse que hoje tinha visto um menino que adivinhava todas. Era você! Achei loucura, mas acabei concordando, porque vi que não ia ter outro jeito… Beto aceitou o desafio, mas ficou bastante arrependido de ter sido tão “aparecido”. Agora, o Lar das Crianças dependia dele para conseguir o terreno! No dia marcado, Beto estava lá. Todas as crianças do Lar e muitos adultos colaboradores tinham vindo assistir e torcer por ele. Seu Jorge chegou, com seu chapéu, sentou-se, e falou a primeira adivinha: — O que é, o que é? Enquanto come, vive, mas se bebe água, morre. Que sorte! Essa Beto sabia! Ele respondeu depressa: 28 — O fogo! Seu Jorge ficou desapontado e, sem esperar, apresentou logo a segunda: — O que é, o que é? É muito bonita, mas não tem cor, é saborosa, mas não tem sabor. Beto ficou nervoso. Todos ficaram em silêncio, esperando sua resposta. Ele fechou os olhos… pensou… e sorriu: — A água! Tinha acertado de novo! Seu Jorge ficou mais desapontado ainda! Faltava uma. Ele perguntou, bem depressa: — Qual é a parte do corpo humano que, tirando uma letra, fica vazia? 29 Beto ficou pálido. Não tinha a menor idéia da resposta! O silêncio das pessoas foi tão grande, que se podia ouvir o zumbido de uma mosca. Beto pensou: “E agora? Não vou conseguir! Por que fui inventar essa brincadeira de adivinhação?” E, aborrecido, falou baixinho: — Eu e minha grande BOCA! Sem perceber, Beto tinha falado a última palavra — “boca” — mais alto, e todo o mundo ouviu. Seu Jorge ficou em pé e jogou o chapéu no chão. 30
Docsity logo



Copyright © 2024 Ladybird Srl - Via Leonardo da Vinci 16, 10126, Torino, Italy - VAT 10816460017 - All rights reserved