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Guias e Dicas
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Sebenta de Psicologia da Aprendizagem, Notas de aula de Psicologia

apontamentos das aulas teóricas de Psicologia da Aprendizagem - Faculdade de Psicologia Lisboa

Tipologia: Notas de aula

2011

Compartilhado em 05/03/2011

isabel-alexandra-almeida-1
isabel-alexandra-almeida-1 🇧🇷

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Baixe Sebenta de Psicologia da Aprendizagem e outras Notas de aula em PDF para Psicologia, somente na Docsity! V an es sa D ia s 2 0 0 9 /2 0 1 0 S eb en ta : P si co lo g ia d a A p re n d iz a g em O presente documento não deve ser utilizado em substituição de quaisquer materiais da UC Psicologia da Aprendizagem e NÃO se compromete quanto à presença de erros ou falhas. Caso encontre informações falsas ou erróneas, por favor, reporte para vanessadias@campus.ul.pt OBRIGADO!  Vanessa Dias Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa 1º ano, 2º semestre Psicologia da Aprendizagem Funcionalismo - Foco na função dos processos mentais conscientes - As emoções, a vontade, os valores, as experiências, etc., eram consideradas relevantes para a aprendizagem Comportamentalismo (ou behaviorismo) - Pretende explicar o comportamento em relação aos estímulos do meio ambiente que o influenciam - Procura identificar mudanças mais ou menos permanentes, como resultado da experiência Aulas teóricas Aprendizagem e a sua história As primeiras abordagens teóricas da aprendizagem têm sido atribuídas a Descartes. Estas abordagem relacionam-se com a concepção reflexo-máquina, sendo hoje os teóricos do comportamento os seus actuais percursores. De acordo com esta concepção, o repertório de comportamentos pré-relacionados (pré-associados) do organismo é suplementado por novas relações contínuas (formação de novas associações), produzidas pela experiência do sujeito. Grande parte do interesse inicial e do debruço sobre este tema (estudo da aprendizagem) deveram-se à mudança de paradigma até então vingente – o funcionalismo deu lugar ao comportamentalismo. Na primeira metade do século XX, a aprendizagem estava no centro da Psicologia Científica. O interesse dos teóricos do comportamento pela aprendizagem surgiu em especial nos EUA, onde a sociedade norte-americana focava-se no aperfeiçoamento do sujeito, levando-o a esforçar-se cada vez mais na aquisição de novas competências. Acreditava-se nesta época que os seres humanos eram maleáveis, através de modificações adequadas do ambiente e, nomeadamente, através da educação. Realizaram-se inúmeros estudos sobre a forma como os animais aprendiam para se poder inferir sobre a aprendizagem humana. Destes resultados experimentais surgiram novas pedagogias de aprendizagem escolar, novos métodos de intervenção e conceptualização psicológica. Watson deixou esta perspectiva bem patente numa das suas citações: Vanessa Dias Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa 1º ano, 2º semestre Psicologia da Aprendizagem Estes modelos permitiram verificar que os princípios da aprendizagem não são aplicados a todos os comportamentos humanos. É necessário ter em conta a influência de factores biológicos do comportamento e a predisposição evolutiva para aprender determinadas respostas ou associações de estímulos. Vanessa Dias Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa 1º ano, 2º semestre Psicologia da Aprendizagem Todas as definições de aprendizagem têm em comum as seguintes características:  Há mudança, permanente ou prolongada no tempo  Resultado da experiência anterior  Aprendizagem é diferente de desempenho  Aprendizagem é mediada pelo sistema nervoso (SN) O que é a aprendizagem? Existem inúmeras operacionalizações do conceito de aprendizagem. Algumas destas têm sido modificadas e repensadas ao longo dos séculos. Quase todas elas diferem entre si ora devido à linguagem que os seus autores utilizam, ora devido às teorizações que a elas lhes estão subjacentes (e.g. abordagens comportamentais, cognitivas, motivacionais). Partindo de uma definição mais comum e que nos interessa agora abordar, podemos dizer que a aprendizagem é uma mudança no comportamento ou no conhecimento, mais ou menos permanente – mudança esta produzida pela experiência anterior do sujeito que aprende. A aprendizagem pressupõe então a aquisição de informação e conhecimentos, habilidades, hábitos, atitudes e crenças. Mas nem todas as mudanças revelam-se como aprendizagens: as mudanças físicas do amadurecimento, como o crescimento em altura, NÃO SÃO consideradas APRENDIZAGENS. Assim, a aprendizagem é diferente de:  Maturação (e.g. avanço da idade)  Mudanças de curto-prazo e de influência momentânea (e.g. alteração que não se repete)  Desempenho (e.g. fazer bem ou mal um bolo) Note-se que a diferenciação entre APRENDIZAGEM e DESEMPENHO nem sempre é pacífica entre autores. Há alguma controvérsia e divisão por parte dos teóricos quanto a isto: alguns consideram que só é possível dizer que HOUVE aprendizagem quando se observam alterações exteriores no desempenho (Druckman & Bjork, 1994); outros afirmam que não é possível negligenciar os aspectos mentais, cognitivos (não visíveis, quando comparados com o desempenho “visível”). Vanessa Dias Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa 1º ano, 2º semestre Psicologia da Aprendizagem Cognitivismo - estudo da cognição e dos processos mentais que estão por “detrás” do comportamento Podemos abordar a aprendizagem segundo duas perspectivas: a) Aprendizagem como produto Nesta perspectiva, a aprendizagem tem implícita uma mudança no comportamento. A aprendizagem é então vista como um resultado ou um produto final de um processo observável. b) Aprendizagem como processo Nesta perspectiva, há aprendizagem quando há compreensão. Surge quando se constatou que nem todas as mudanças no comportamento resultantes da experiência envolvem aprendizagem. Há menos centração no comportamento observável e estudo da forma como as pessoas compreendem, experimentam ou conceptualizam o mundo que as rodeia (Ramsden, 1992). O foco tornou-se então o ganho de conhecimento ou de capacidade através do uso da experiência (cognitivismo). Que tipos de aprendizagem existem? Existem diversos tipos de aprendizagem. Nickolson (1998) refere-nos os seguintes tipos de aprendizagem: por observação, por acção, por imitação, por associação, por comunicação simbólica (e.g. instruções, informação), pelo exemplo, por acomodação, por descoberta, naturalmente... O que se pode aprender? Podem aprender-se diversas coisas: competências comportamentais, conhecimentos, associações, sistemas de crenças, entre outros. Vanessa Dias Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa 1º ano, 2º semestre Psicologia da Aprendizagem ABORDAGENS TEÓRICAS DA APRENDIZAGEM a. CONDICIONAMENTO CLÁSSICO Nesta abordagem teórica defende-se que existe uma relação entre um acontecimento e as suas circunstâncias – associação. Embora a importância das associações na aprendizagem e no pensamento humanos tenha sido realçada desde o tempo dos filósofos gregos, o estudo experimental das associações só teve início no final do século XIX. O condicionamento clássico foi demonstrado num grande número de animais, desde os mais simples, aos mais complexos. É um tipo de aprendizagem importante e do tipo adaptivo. PAVLOV Pavlov propôs uma distinção entre reflexos incondicionados e condicionados. Os reflexos incondicionados eram essencialmente inatos e incondicionalmente desencadeados pelo estímulo apropriado, sem ter em conta o historial do animal. Os reflexos condicionados eram adquiridos e, portanto, condicionados à experiência passada do animal – segundo Pavlov, estes reflexos baseavam-se na formação de novas conexões no cérebro. Todos os reflexos incondicionados estão baseados numa conexão entre um estímulo incondicionado (EI) e uma resposta incondicionada (RI). Os termos correspondentes para o reflexo condicionado são o estímulo condicionado (EC) e a resposta condicionada (RC). O estímulo condicionado (EC) é inicialmente neutro, exercendo efeito somente após vários emparelhamentos deste com o estímulo incondicionado (EI). Geralmente, a resposta condicionada é muito semelhante à resposta incondicionada, mas ambas não são necessariamente iguais. Vanessa Dias Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa 1º ano, 2º semestre Psicologia da Aprendizagem Principais fenómenos do condicionamento clássico Pavlov notou que a tendência do EC para desencadear a RC aumenta com a frequência de emparelhamento EC-EI. É óbvio que a apresentação do EI em conjunto ou após o EC é uma operação crítica no condicionamento clássico. Tal emparelhamento reforça a conexão – os ensaios em que o EI é apresentado e os ensaios em que é omitido designam-se por ensaios reforçados e não-reforçados, respectivamente. AQUISIÇÃO DE RESPOSTA A aprendizagem é lenta, ao princípio, depois torna-se mais rápida e então estabiliza. A força da resposta aumenta com o número de ensaios reforçados. Quando a relação EC-EI está solidamente estabelecida, o EC pode servir para condicionar outros estímulos. EXTINÇÃO É um fenómeno base da aprendizagem que se verifica quando uma resposta previamente condicionada se torna menos frequente e por fim desaparece. Para que ocorra extinção, é necessário terminar com associação EC-EI, expondo repetidamente o primeiro sem o segundo. Desde modo, após algumas repetições, a resposta deixará de se verificar. RECUPERAÇÃO ESPONTÂNEA Após ocorrer extinção e um momento de descanso, a resposta condicionada regressa sem condicionamento adicional. As respostas tendem no entanto a serem mais fracas que as iniciais e são mais facilmente extintas do que as anteriores. Estímulo incondicionado (EI) Resposta incondicionada (RI) Estímulo condicionado (EC) Resposta condicionada (RC) -produz a RI -não há emparelhamento prévio com outro estímulo -resposta não aprendida -provocada pelo EI -adquire propriedades de elicitar/provocar -há emparelhamento prévio com outro estímulo -resposta aprendida -provocada pelo EC Vanessa Dias Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa 1º ano, 2º semestre Psicologia da Aprendizagem GENERALIZAÇÃO DE ESTÍMULOS Nesta situação, há resposta a um estímulo semelhante mas diferente de um estímulo condicionado – quanto mais parecidos forem os estímulos, maior é a probabilidade de se verificar este fenómeno. A resposta condicionada desencadeada pelo novo estímulo não é normalmente tão forte como a inicial, mas quanto mais os estímulos de assemelham, mais parecida será a resposta. DISCRIMINAÇÃO DE ESTÍMULOS Há discriminação de estímulos quando dois estímulos são suficientemente diferentes entre si, de forma a que só um deles desencandeie uma resposta condicionada. Trata-se assim de um processo através do qual o organismo aprende a diferenciar estímulos distintos e restringe a resposta condicionada a um estímulo face aos demais. HIPÓTESE DE PREPARAÇÃO BIOLÓGICA Segundo Martin Seligman, a evolução fez com que os seres humanos sejam mais facilmente condicionados a estímulos que sejam “potencialmente perigosos”. CONDICIONAMENTO À AVERSÃO DE SABORES No caso de aversão a sabores, não há necessidade de ocorrer múltiplos emparelhamentos EC- EI. A aprendizagem ocorre graças a uma ÚNICA associação. CONDICIONAMENTO DE 2ª ORDEM Este fenómeno verifica-se quando um estímulo condicionado que foi estabelecido durante um condicionamento anterior é repetidamente associado com um estímulo neutro. Quando este estímulo neutro passa a desencadear uma resposta condicionada semelhante à do estímulo condicionado inicial, então ocorre uma condicionamento de 2ª ordem. O estímulo condicionado inicial actua então como um estímulo incondicionado. Há quem defenda que este tipo de condicionamento está por detrás dos preconceitos raciais e étnicos (Staats, 1975). Vanessa Dias Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa 1º ano, 2º semestre Psicologia da Aprendizagem quando realizava a acção desejada (sair da caixa), ganhava uma recompensa. Este procedimento era repetido as vezes necessárias até que houvesse completo domínio da tarefa. O animal levava cada vez menos tempo a executar a resposta certa. Daqui surgiu então a “lei do efeito” que, de acordo com Thorndike, consiste no facto de que algumas respostas são fortalecidas e outras são esquecidas, à medida que ocorre a aprendizagem. Isto porque o animal ao início realiza um vasto conjunto de respostas que conduzem ao fracasso – estas respostas perdem força (acabam por ser esquecidas), enquanto que outras que conduzem ao sucesso ganham força (são fortalecidas). A resposta “certa” é como que “gravada” para se voltar a repetir. Stamped in Comportamento/resposta que conduz a um resultado positivo/desejado e que fica, por isso, “registado para acontecer” Stamped out Comportamento/resposta que conduz a um resultado negativo/indesejado e que fica, por isso, “registado para não acontecer” Esta “Lei do Efeito de Thorndike” enquadra-se no contexto evolucionista e pode ser equiparada com a lei da sobrevivência do mais apto: a aprendizagem fornece outro mecanismo adaptativo em que a lei do efeito determina que só as respostas mais aptas sobreviverão. Há no entanto um ponto de discórdia entre os pensamentos de Thorndike e os defensores do evolucionismo: Thorndike defendia que a aprendizagem animal ocorre de forma diferente da dos humanos – sem razão e nem compreensão – enquanto que os darwinistas defendiam que os animais aprendem como os humanos. Vanessa Dias Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa 1º ano, 2º semestre Psicologia da Aprendizagem SKINNER Skinner, tal como Thorndike e Watson, considerava que o ser humano é neutro e passivo, sendo o seu comportamento descrito como algo mecânico e sequencial – o comportamento é então o objecto de estudo da Psicologia. Skinner expande os pressupostos de Thorndike e inventa também ele uma “caixa” – a “caixa de Skinner”. Acreditava que todos os comportamentos, pensamentos e palavras eram aprendidos, podendo ser estudados e eventualmente modificados. O condicionamento operante surgiu como alternativa ou complemento ao condicionamento clássico. DIFERENÇAS ENTRE CC E CO Condicionamento clássico Condicionamento operante  O EI é apresentado independentemente da resposta  A resposta é forçada, pois o EI desencadeia- a incondicionalmente  O organismo tem que aprender algo sobre a relação entre os estímulos (EC e EI)  O reforço (ou recompensa) depende da resposta do organismo  A resposta é escolhida de entre um conjunto, às vezes, amplo de alternativas  O organismo tem que aprender a relação entre a resposta e a recompensa/reforço CONCEITOS DO CONDICIONAMENTO OPERANTE (segundo Coutinho e Moreira, 1991) Reforço positivo AUMENTA a probabilidade de uma resposta, por adição de algo positivo Ou seja AUMENTA a força da contingência entre R-E Reforço negativo AUMENTA a probabilidade de uma resposta Vanessa Dias Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa 1º ano, 2º semestre Psicologia da Aprendizagem Retiro de um estímulo aversivo Punição positiva DIMINUI a probabilidade de uma resposta Algo negativo é adicionado Punição negativa DIMINUI a probabilidade de uma resposta Algo positivo é removido Reforço primário Reforça NATURALMENTE uma resposta Refere-se a estímulos relacionados com funções de sobrevivência e de importância biológica (e.g. comida, sexo, afecto) Reforço secundário Reforça através da sua associação com reforços primários Refere-se a estímulos condicionados aos primários que sã um meio de se conseguir alimentos e outras satisfações ligadas à sobrevivência (e.g. dinheiro) Reforço de razão... Ocorre na sequência de uma resposta desejada ...fixa: Fixação do número de vezes que a resposta tem que ser dada para receber o reforço ...variável: Aplicação do reforço sem fixação do número de vezes que a resposta tem que ser dada Reforço de intervalo... O reforço NÃO é aplicado IMEDIATAMENTE após a resposta desejada, mas depois de um tempo arbitrado pelo experimentador ...fixo: O reforço é dado de acordo com intervalos de tempo definidos, ou seja, o tempo entre as respostas e o reforço é sempre o mesmo ...variável: O reforço é dado em intervalos de tempo não fixos, ou seja, não é possível prevêr por parte do sujeito o momento do reforço Reforço incompatível Reforço de um comportamento incompatível com o comportamento que se pretende extinguir Reforço por imitação Há observação de alguém que é reforçado devido a uma resposta e, por isso, há Vanessa Dias Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa 1º ano, 2º semestre Psicologia da Aprendizagem  o aluno dá uma resposta de cada vez  o aluno tem o tempo que desejar para responder  o aluno não deve passar para a questão seguinte sem antes responder à questão anterior  as perguntas são simples, para que não haja tantos erros  após responder, o aluno verifica a correcção  o desafio e a dificuldade vão aumentando gradualmente  é feita uma avaliação INICIAL, para que o professor possa “programar” os objectivos; DURANTE a aprendizagem, para controlar e replanear o necessário; e no FINAL, para verificar se os resultados desejados são obtidos CRÍTICAS AO CONDICIONAMENTO (CLÁSSICO E OPERANTE)  promovem a diferença ou a visão igualitária dos sujeitos e repostas comportamentais?  há manipulação comportamental?  o que é um comportamento correcto?  exercício do poder e do controlo  qual o papel do contexto de aprendizagem?  qual a importância do comportamento verificado? ... Vanessa Dias Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa 1º ano, 2º semestre Psicologia da Aprendizagem Aulas práticas APRENDIZAGEM – ALARGAR O CONCEITO Segundo Dorot e Parot, em Dicionário de Psicologia, a aprendizagem é: “Alteração do comportamento de um organismo que resulta de uma interacção com o meio que se traduz por um aumento do seu repertório.” Mas... nem todas as alterações comportamentais são aprendizagens e modificações do estado do organismo são aprendizagens, como é o caso dos efeitos de maturação, envelhecimento e estados fisiológicos (e.g. fome, uso de substâncias). Há vários significados possíveis para “o que é aprender”. AUTO-REGULAÇÃO Um aluno auto-regulado é activo durante a sua aprendizagem e controla os seus processos cognitivos, metacognitivos e motivacionais. Segundo Pintrich & Zusho, 2002, a auto-regulação da aprendizagem consiste na: “regulação, por parte dos estudantes, de aspectos do seu pensamento, motivação e comportamento durante a aprendizagem” Segundo Perrenoud, 1999, a auto-regulação é: “as capacidades do sujeito para gerir os seus projectos, os seus progressos e as suas estratégias diante das tarefas e obstáculos” Segundo Heikkila & Lonka, 2006: Vanessa Dias Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa 1º ano, 2º semestre Psicologia da Aprendizagem “... um estudante que está a auto-regular a sua aprendizagem é capaz de definir objectivos razoáveis e relacionados com a tarefa, assumir a responsabilidade pela sua aprendizagem e manter a motivação” Segundo Pintrich & De Groot, 1990: “implica manter e gerir o esforço mesmo perante distracções” A auto-regulação não é um traço de personalidade, isto é, não é uma carcaterística que se tem ou não – pode desenvolver-se. Envolve o uso de processos específicos que têm que ser adaptados pelo indivíduo à tarefa específica de aprendizagem: criar os SEUS objectivos, escolher as SUAS estratégias, etc. É então um processo auto-dirigido que implica que os estudantes sejam capazes de: a) Definir objectivos e criar um plano para os atingir b) Escolher estratégias adequadas para os alcançar c) Rever as estratégias escolhidas em função do feedback Há dois tipos de feedback: a) Feedback externo – ocorre através dos professores, das notas, dos colegas,... b) Feedback interno – ocorre através da auto-avaliação do seu investimento, envolvimento e esforço nas tarefas, no estudo, nas aulas, etc. Fases de desenvolvimento da auto-regulação: I) Antecipação e preparação Envolve: a) a análise da tarefa estabelecimento de objectivos pedagógicos definição de um plano estratégico b) a auto-motivação Vanessa Dias Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa 1º ano, 2º semestre Psicologia da Aprendizagem Nesta concepção, os aspectos emocionais, a criatividade ou a intuição impedem ou dificultam a aprendizagem... Segundo Sternberg, 2001, as primeiras investigações sobre cognição e aprendizagem focavam-se na percepção, na observação, no desenvolvimento da linguagem, no raciocínio abstracto e matemático. As emoções eram vistas como factores que dificultavam a aprendizagem. Nas últimas décadas, a noção de “inteligência” tem sido alargada, considerando-se hoje várias áreas de inteligência. Gardner, 1983, fala-nos de oito tipos de inteligência: 1) musical, 2) cinestésica, 3) lógico-matemática, 4) espacial, 5) linguística, 6) interpessoal, 7) intrapessoal, 8) naturalista. Sternberg, 2001, sugere que há vários processos envolvidos na “inteligência”, sendo esta muito complexa: a) processos analíticos a. avaliação b. julgamento c. comparação b) processos criativos a. resolução de problemas c) processos práticos a. adaptação ao meio A inteligência social e emocional encontram-se envolvidas na aprendizagem. De acordo com Bodine & Crawford, 1999, compreender as emoções próprias é um pré-requisito para gerir o auto-controlo e a raiva, sendo ainda que compreender as emoções alheias é essencial se os estudantes quiserem interpretar fielmente situações sociais e responder-lhes apropriadamente. O conceito de inteligência emocional foi introduzido em 1990, por Peter Salovey e John Mayer: a noção de inteligência emocional combina duas Vanessa Dias Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa 1º ano, 2º semestre Psicologia da Aprendizagem ideias – a de que as emoções podem tornar o pensamento mais inteligente e a de que se pode pensar inteligentemente acerca das emoções. A inteligência emocional tem quatro áreas: 1) percepção, apreensão e expressão de emoções 2) utilização das emoções para facilitar o pensamento 3) compreensão e análise das emoções 4) regulação das emoções As emoções podem ser utilizadas com o propósito de promover as condições necessárias ao exercício cognitivo: gerar, utilizar e experimentar emoções tendo em vista a concentração, o raciocínio, a resolução de problemas, a tomada de decisão, a criatividade e a comunicação. Esta gestão deve ter como objectivo a promoção do desenvolvimento próprio, nos planos afectivo e cognitivo, e o desenvolvimento das relações inter-pessoais. Para tal, tem que haver então articulação das emoções com os objectivos do indíviduo, valores, consciência de si e auto-conhecimento e com os condicionantes externos. Competências sociais, de acordo com Elksnin & Elksnin, 1998:  comportamentos interpessoais – como aproximar-se ou cumprimentar as pessoas  competências sociais nas relações com os pares – como partilhar e trabalhar cooperativamente  competências sociais que agradam aos professores – relacionadas com o sucesso académico, e.g., ouvir, respeitar  comportamentos para com o próprio – executar projectos e lidar com o stress  competências de comunicação – como ouvir o orador e falar com ele  assertividade APRENDIZAGEM EM CONTEXTO ACADÉMICO Vanessa Dias Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa 1º ano, 2º semestre Psicologia da Aprendizagem Há três linhas ou tradições de investigação sobre aprendizagem: a) auto-regulação da aprendizagem b) abordagens à aprendizagem (SAL – students’ approaches to learning) (motivo [aspect afectivo] + estratégia[aspecto cognitivo]) As respostas resultam de entrevistas a estudantes sobre aprendizagem, motivação e estudo em contexto académico. Meios que os estudantes usam para lidar com as tarefas relacionadas com a aprendizagem. Existem três estratégias básicas: 1) estratégia superficial  foco na memorização e na reprodução da matéria  perspectiva quantitativa da aprendizagem  memorização rotineira dos elementos superficiais (palavras, factos, procedimentos)  tratamento das partes da tarefa como não relacionadas entre si e com outras tarefas 2) estratégia profunda  foco na reflexão e compreensão dos conteúdos  relacionação das partes da tarefa entre si e com o conhecimento anterior  compreensão de significados 3) estratégia de sucesso  gestão organizada do estudo  organização sistemática do estudo, em geral associada ao motivo de realização: tornar máximas as classificações  detecção de exigências e critérios de avaliação e conformidade com eles Nas abordagens de aprendizagem dos estudantes é importante ainda referirmos o papel da motivação envolvida na aprendizagem. Segundo Sá, 1997, há três tipos de objectivos:  causa instrumental: evitamento do trabalho, pretensão de fazer o mínimo para passar Vanessa Dias Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa 1º ano, 2º semestre Psicologia da Aprendizagem b) Prestígio (social) c) Consistência com esteriótipo do género sexual O modelo tem tanto ou maior impacto quanto mais este estiver próximo do esteriótipo do seu género d) Modelo tem comportamento considerado relevante por parte do observador Tipos/modos de modelagem: - comportamental (observação directa) - simbólica (representação verbal ou icónica) - mista (combinação de ambas) Efeitos da modelagem (para além da aprendizagem): - inibicação e desinibição (e.g. de comportamentos previamente aprendidos) - facilitação - orientação (e.g. para objectos, ambientes favorecidos pelo modelo) - excitabilidade PRODUÇÃO OU ENSAIO (REHARSAL) Definição: Conversão das representações mnésicas em acções (organização das competências em novos padrões) Sub-processos: - Organização cognitiva de novos padrões de resposta (com base numa represetanção) - Iniciação orientada centralmente Vanessa Dias Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa 1º ano, 2º semestre Psicologia da Aprendizagem - Monitorização de respostas - Ajustamento correctos de desempenho (por comparação com a representação) Função: “feedback” informativo (intrínseco ou extrínseco): identificar e corrigir lacunas Factores ambientais: - oportunidade de feedback - explicitação da resposta observada - timing do feedback (não diferido) Quanto menor o intervalo de tempo entre o feedback e o reforço, maior o impacto Quanto maior as oportunidades de ensaio e de feedback, maior as oportunidades de realizar aprendizagem - foco do feedback e correcção Relevantes: “estás a pôr bem os pés nos pedais, mas relaxa os ombros, estás a conduzir muito tempo” (note-se que se inicia com um reforço positivo; ao começar com um reforço negativo, cria-se resistência) Não relevantes: “estás a faer muito bem” - oportunidade de nova observação-produção (repetição do ensaio e da obervação) Factores pessoais: - competências de desempenho - clareza da representação (nitidez) MOTIVAÇÃO Definição: Determinação do uso das competências adquiridas Factores ambientais: Antecipação de consequências directas ou vicariantes sobre o comportamento Vanessa Dias Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa 1º ano, 2º semestre Psicologia da Aprendizagem Factores pessoais: - consequências auto-produzidas (satisfação; auto-administradas) - clareza da representação Motivação para a aprendizagem escolar O que é? É um estado/energia interna que activa, orienta e mantém a aprendizagem Dimensões da motivação - conteúdo - velocidade - intensidade - experiência - causas / objectivos 1ª aula dada por Prof. Nuno Martins A linguagem é o comportamento mais complexo. Análise comportamental e processos cognitivos - não é uma teoria que se aplique só aos seres humanos - Skinner tentou ser coerente em relação ao darwinismo e tentou aplicar as ideias deste na explicação do comportamento humano - nesta corrente, procuram-se e identificam-se as causas - é o ambiente e não a pessoa o iniciador da acção – porquê? Como espécie biológica, somos fruto da selecção natural “orientada” pelo ambiente Variáveis ambientais do comportamento humano 1) Acção selectiva da evolução 2) Forma e manutenção do comportamento (modelação) 3) Situação/contexto em que o comportamento se desenvolve (cultura, sociedade, regras, etc)
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