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Guias e Dicas
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Estudo da evolução do mercado siderúrgico em economias de crise, Notas de estudo de Administração Empresarial

A indústria siderúrgica como um todo, acompanhou a evolução econômica do período Pós-Guerra até os dias atuais em três etapas: A primeira com o crescimento da economia e da atividade industrial na reconstrução pós-guerra, a segunda com a intensa estagnação do setor devido à desaceleração da economia dos países desenvolvidos, principais demandantes do produto siderúrgico, e a terceira pela reestruturação e desenvolvimento tecnológico do setor, principalmente com as privatizações, e em virtude do

Tipologia: Notas de estudo

2011

Compartilhado em 11/03/2011

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Baixe Estudo da evolução do mercado siderúrgico em economias de crise e outras Notas de estudo em PDF para Administração Empresarial, somente na Docsity! UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO ESTUDO DA EVOLUÇÃO DO MERCADO SIDERÚRGICO EM ECONOMIAS DE CRISE BRENNO FERREIRA DE SOUZA 2010 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO ESTUDO DA EVOLUÇÃO DO MERCADO SIDERÚRGICO EM ECONOMIAS DE CRISE BRENNO FERREIRA DE SOUZA 2010 “Dedico este trabalho ao meu pai, Ronaldo, que me ensinou a lutar até o fim e a minha mãe, Vania, que nunca acreditou existir um fim! Pois não mediram esforços para me apoiar durante esses anos de graduação. Acompanharam minhas dificuldades e minhas vitórias. Hoje me torno o homem que eles criaram. E ao amigo amado, Rodrigo Ramalho (in memorian), que me deixou com saudades, mas com a lembrança de todos os bons momentos ao seu lado.” AGRADECIMENTOS À Deus. Aos meus pais e a toda minha família pela compreensão e apoio. Aos professores pela paciência e pelo conhecimento transferido. Aos amigos de trabalho e de faculdade que estiveram do meu lado durante todos esses anos. Aos funcionários do CEDERJ e da UFRRJ pela atenção e auxílio nesse período, princi- palmente no Pólo CEDERJ de Piraí. À todos os que me ajudaram durante essa importante jornada. Todos até aqui tiveram uma grande importância na minha formação moral e profissional: Obrigado! “Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós, faremos menção do nome do Senhor nosso Deus.” Salmos 20:07 RESUMO A indústria siderúrgica como um todo, acompanhou a evolução econômica do período Pós-Guerra até os dias atuais em três etapas: A primeira com o crescimento da economia e da atividade industrial na reconstrução pós-guerra, a segunda com a intensa estagnação do setor devido à desaceleração da economia dos países desenvolvidos, principais demandantes do produto siderúrgico, e a terceira pela reestruturação e desenvolvimento tecnológico do setor, principalmente com as privatizações, e em virtude do novo modelo econômico mundial, dos mercados globalizados, e da ascensão de economias emergentes. Então, foi apresentado o mercado siderúrgico mundial, o mercado nacional, sua segmentação, sua cadeia produtiva e suas séries históricas de produção e consumo, com a estimativa para os anos de 2010 à 2012, permitindo o estudo do comportamento da economia do aço nos contextos das principais cri- ses econômicas e políticas, mundiais e nacionais desde a Primeira Crise do Petróleo em 1973 a Crise que abalou o mundo em 2008, revelando as fortes influências das variáveis micro e macroeconômicas na produção e consumo do aço e proporcionando uma contextualização histórica da economia voltada para a indústria siderúrgica. E finalmente, um estudo e análise de sua variação diante desse contexto, servindo de diferencial estratégico à essas indústrias na quantificação de oferta e demanda em virtude de ambientes de crises futuros. Palavras-chave: Mercado Siderúrgico, Economia, Aço, Crises. 4.3.3.3. O Plano Collor – 1990 .................................................................................. 34 4.3.3.4. O Plano Real ................................................................................................ 35 4.4. O Contexto Econômico Mundial (1998-2007) ................................................... 38 4.4.1. A Crise da Rússia – 1998 ............................................................................... 38 4.4.2. A Internacionalização da China ...................................................................... 40 4.5. A Economia Nacional no Período de 1997 a 2007. .......................................... 42 4.5.1. A Economia Nacional na Fase Pós Real ........................................................ 42 4.5.2. O Contexto Nacional no Crescimento Mundial dos últimos anos ................... 44 4.6. A Crise Mundial de 2008 ................................................................................... 46 4.6.1. Os Efeitos da Recessão Mundial na Economia Brasileira .............................. 50 Considerações finais ................................................................................................. 53 Referências bibliográficas ......................................................................................... 56 10 1. INTRODUÇÃO 1.1. Contextualização do Tema A Siderurgia, uma das principais representantes das indústrias de bens de capital, é um tema de grande interesse, justificado pelo fato de ser um dos principais ramos da economia nacional, principalmente no fornecimento de insumos para infra-estrutura, e para outros ra- mos que são indicadores da situação econômica: construção civil, indústria automobilística, indústria de utilidades domésticas e comerciais, além de bens de capital, máquinas e equipa- mentos. Portanto, a indústria do aço se apresenta como objeto de estudos em um contexto de vari- áveis relevantes para seu crescimento como a expansão dos mercados internos, abertura cres- cente da economia, novos acordos de comércio e integração, avanços tecnológicos contínuos, com melhoria na qualidade, produtividade e competitividade entre os materiais, exigências sociais e ambientais crescentes e disponibilidade de serviços de logística adequados. Neste cenário, segundo o Instituto Brasileiro de Siderurgia (2008), apresentam-se à side- rurgia brasileira, inúmeros desafios como: a maior competição no mercado interno, com per- manente adequação dos preços, a adequação a novas exigências ambientais, a crescente com- petição com materiais sucedâneos e substitutos do aço, a superação de barreiras de acesso a mercados externos, a atualização tecnológica permanente, o desenvolvimento de métodos gerenciais e de relações do trabalho ajustados a novas demandas da sociedade e do mercado, o aprimoramento de mecanismos de defesa contra práticas de comércio desleal e a maior disse- minação de informações quanto à importância do aço e da siderurgia brasileira. Mas também apresentam correspondentes oportunidades como o desenvolvimento de novos mercados, o enobrecimento da mistura de produtos, o crescimento das exportações e redução de barreiras de acesso a mercados, a parceria com segmentos das cadeias produtivas para aumento de 11 competitividade e maior agregação de valor no país, a melhoria da competitividade associada a avanços nas reformas estruturais do País e redução do “Custo Brasil”, o crescimento da de- manda de aço pelo aumento da renda, dos investimentos e, por conseqüência, do consumo “per capita” de aço e a expansão da capacidade de produção do parque siderúrgico. Para entender o efeito das variações econômicas nesse segmento em especial, apresenta- mos o mercado siderúrgico nacional e mundial através das mudanças estruturais evolvidas durante seus períodos distintos de evolução apresentados desde o período pós-guerra, até o período no qual os recursos estatais se esgotaram, e o crescimento exigiu a privatização no setor, promovendo uma reforma tecnológica, e um aumento na produção e consumo do aço, com novos produtos e possibilidades de aplicação e adequação. Por isso, pesquisamos a vari- ação de sua produção mundial em séries históricas, e para o mercado nacional, estudamos seu consumo e sua segmentação, como principais atividades industriais demandantes por esse produto. Após o entendimento do mercado siderúrgico, sua cadeia produtiva e seus principais con- sumidores, foi necessária a pesquisa das principais crises e eventos que afetaram a economia mundial, sendo as mais relevantes: a Primeira Crise do Petróleo (1973), a Segunda Crise do Petróleo (1979), a Queda do Muro de Berlim (1989), a Crise da Rússia (1998), a Abertura Econômica da China (2001) e a Crise Mundial de 2008. No âmbito nacional, além da reper- cussão desses eventos mundiais, estudamos os efeitos das crises dos diversos planos econô- micos e diferentes governos na economia nacional. 1.2. Objetivos do Estudo 1.2.1. Objetivos Gerais Este trabalho analisa a variação da produção e do consumo siderúrgico através das diver- sas crises econômicas que afetaram a economia mundial no período pós-guerra até os dias atuais. Para isso, foi estudada cada crise mundial, seu efeito nas economias do mundo, sua repercussão nacional, e finalmente, seu efeito no mercado do aço, através das variações de volumes produzidos e consumidos ao longo desses anos. Através dessa contextualização, e das séries históricas obtidas, estudamos o consumo a- parente do aço no Brasil, com o objetivo para o trabalho de entender quais grandes setores que afetaram e ainda afetam a indústria siderúrgica nacional. E também na esfera mundial, 14 3. O MERCADO SIDERÚRGICO 3.1. A Siderurgia Mundial A siderurgia mundial se divide em três períodos de evolução distintos. Andrade et al (2001) afirma que o primeiro corresponde ao período pós-guerra até a década de 70, onde houve enorme desenvolvimento, assim como ocorreu com outros setores da economia. Entre 1945 e 1979, a taxa média anual de crescimento da produção mundial de aço bruto foi cerca de 5%. A reconstrução de tudo aquilo perdido na guerra impulsionou as atividades industriais, favorecendo alguns países no rápido desenvolvimento de suas economias. Assim, houve um grande crescimento da siderurgia nos países desenvolvidos e também em alguns países em desenvolvimento, que como o Brasil, implantaram e expandiram sua siderurgia no âmbito nacional. Nesse período, a siderurgia mundial era predominantemente estatal: o índice de es- tatização da produção de aço atingiu 75% em 1980. O segundo período, na década de 80, caracteriza-se pela estagnação do setor com produ- ção em torno de 700 milhões de t/ano, e pela desaceleração do crescimento das economias desenvolvidas, influenciando o comportamento da demanda de aço. Esse estágio, onde a ofer- ta de aço aumentava, com os preços em queda, caracterizou-se também pela intensificação do uso de sucedâneos como o alumínio, o plástico e a cerâmica, ameaçando a hegemonia do aço. As estatais tinham limitações para completar sua capacidade, criando elas próprias, bar- reiras para seu crescimento. Influenciado por questões e decisões políticas, o controle do go- verno reduzia a velocidade de resposta e a liberdade das siderúrgicas em relação às exigências do mercado e às mudanças do ambiente. De maneira geral, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias de produtos e processos realizados pelas empresas fo- ram deficientes. Muitas delas tornaram-se lentas, desatualizadas ou até mesmo obsoletas tec- nologicamente, pouco racionalizadas e pouco eficientes em custo, pois muitas vezes eram 15 protegidas por mercados fechados. As indústrias estatais de aço eram a própria necessidade de reestruturação e agilização da siderurgia mundial, em processo de estagnação. Por último, o terceiro período, iniciado em 1988 e que se mantém até os dias atuais, ca- racterizou-se pela reestruturação, com profundas e constantes transformações do setor. Impul- sionado pelas idéias de abertura e globalização dos mercados, iniciou-se um grande processo de privatização na siderurgia mundial. Esse movimento, que pode ser considerado como pon- to de partida para a reestruturação, ocorreu ao longo de toda a década de 90 até os dias atuais de forma constante e intensa. Isso é constatado através da variação da participação estatal na produção mundial de aço: Em 1990 as estatais eram responsáveis por 60% da produção mun- dial, em 1994 atingiu 40% e atualmente restam menos de 20% nas mãos do estado, com gran- de concentração na Rússia, Ucrânia e China. Figura 1: Série Histórica da Produção Mundial de Aço. Fonte: Adaptado do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). Logo, a privatização foi um fator determinante para a reestruturação da siderurgia mundi- al, contribuindo para a internacionalização da indústria. Junto com a globalização, ela acirrou a competição existente na indústria, fazendo com que a mesma buscasse produtividade, tecno- logia e escala para adquirir vantagens competitivas em sua atuação. 16 3.2. A Indústria Siderúrgica Brasileira É fato que o mercado siderúrgico nacional acompanha o crescimento e desenvolvimento do mesmo mercado mundial. A entrada de capital estatal no setor até o final da década de 70 é uma das grandes participantes desse crescimento. Após o inicial crescimento, durante a déca- da de 80 o setor desacelerou junto à quase todos os setores econômicos, limitando o desen- volvimento da siderúrgica estatal. Com a crise no contexto nacional, houve uma queda nos investimentos destinados ao se- tor siderúrgico, o que acabou tornando fundamental a entrada de capital privado para dar con- tinuidade ao desenvolvimento do setor. Segundo Yamassake (2003), o processo de privatização das siderúrgicas estatais no Brasil ocorreu em duas fases. A primeira fase teve início em 1988 e constituiu, na grande maioria, privatizações de pequeno porte. Já na segunda fase, que abrangeu o período de 1991 a 1993, o processo se acentuou com o Programa Nacional de Desestatização quando todas as siderúrgicas restantes foram privatizadas. O valor total das negociações que giraram em torno do processo de privatização do se- tor chegou a US$ 8,2 bilhões, se considerados os valores referentes às dividas das empresas. O período posterior ao processo de privatização foi marcado por profundas mudanças dentro de todo o setor siderúrgico nacional. Houve uma mudança do modelo de substituição das importações, bem como a liberalização maior por parte do governo a respeito de preços e alíquotas de importações, advindas com a abertura econômica do país. Nesse processo as empresas nacionais buscaram ganhar competitividade tanto no merca- do interno, que passou a ser competitivo entre as empresas uma vez que estas poderiam pro- duzir os mesmos tipos de aço, como no mercado externo, que no decorrer do tempo passou a ser o grande alvo para a expansão do setor nacional. Após um período de investimento, principalmente em tecnologia, por parte das siderúrgi- cas brasileiras, o setor tornou-se competitivo no contexto mundial. Isso acabou despertando interesse dos grandes grupos internacionais. 19 Os investimentos supracitados do governo através do PAC e da PDP e investimentos pri- vados na economia, a ampliação de crédito para as classes C e D associado ao aumento do consumo de aço em setores como o automobilístico, de bens de capital e da construção civil puxaram o consumo nacional a valores recordes nos últimos anos conforme podemos ver na figura 4. Figura 4: Série Histórica do Consumo Nacional de Aço. Fonte: Adaptado do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). O crescimento do setor de construção civil foi um dos responsáveis pelo aumento do con- sumo devido ao aquecimento do mercado imobiliário e um aumento da oferta de crédito para empreendimentos voltados para as classes C e D, mantendo o segmento como maior consu- midor de aço nos últimos anos (figura 5). Também pelo aumento de crédito, queda dos juros e aumento dos prazos de financiamen- to, o setor automotivo que corresponde ao 2º maior consumidor de aço nacional impulsionou o consumo deste com 6,1 milhões de toneladas de aço em 2008. E também pelo crescimento do poder de consumo do brasileiro, houve um crescimento geral das indústrias e principalmente da indústria de bens de capital, neste grupo os equipa- mentos e máquinas agrícolas, mantendo o segmento responsável pela venda de 5,0 milhões de toneladas de aço no mercado nacional em 2008 contra 2,2 milhões em 1998. 20 Figura 5: Consumo aparente de aço nos diversos setores da economia nos últimos 10 anos. Fonte: Adaptado do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). 21 4. AS PRINCIPAIS CRISES MUNDIAIS QUE AFETARAM O MERCADO SIDERÚRGICO A produção e o consumo no mercado siderúrgico estão intimamente ligados ao ambiente econômico mundial e nacional. As políticas macroeconômicas e as variáveis microeconômi- cas foram durante a formação econômica do período apresentado foram essenciais para o de- senvolvimento das economias mundiais e nacionais, da indústria, da evolução do consumo, e como veremos, do comportamento de um mercado especial, o mercado siderúrgico. 4.1. A Economia Durante a Primeira Crise do Petróleo – 1973 4.1.1. A Origem da Crise do Petróleo O acordo de Bretton Woods (1944), ao criar o sistema de taxas fixas de câmbio adotou o dólar norte-americano como referência para cotação das demais moedas no mercado monetá- rio internacional. Os Estados Unidos, que possuíam, então as maiores reservas de ouro mone- tário do mundo assumiram o compromisso de converter em ouro sua moeda, à um preço fixo para cada medida de ouro. Mas por falta de ajustes no balanço de pagamentos dos Estados Unidos obrigaram o governo a emitir mais moeda que suas reservas metálicas. (FURTADO, 2000) “A situação agravou-se celeremente com a Guerra do Vietnã (1965-73) e o aumento do déficit fiscal dos Estados Unidos. A instabilidade real da moeda norte-americana refletiu-se no sistema monetário internacional. O índice de preços no atacado, que mede a inflação dos países industrializados, subiu de 2,5% em 1968 e 3,9% em 1969.” (GALBRAITH, 1977 apud FURTADO, 2000. p. 201) 24 mentando aproximadamente 97% e a de bens intermediários aumentou 45%. Esses fatos pro- vocaram focos de tensão inflacionária e o reaparecimento de déficits comerciais. Essas pres- sões também são frutos dos aumentos salariais que começavam a se recuperar em função do grande aumento da demanda por trabalhadores e do arrocho salarial, que juntamente com um endividamento externo, financiou o I PND. Com a crise do petróleo em 1973, refletindo diretamente nos preços dos produtos im- portados e principalmente na aquisição de bens de capital, que o Brasil, como os outros países em desenvolvimento necessitavam para seu desenvolvimento industrial, agravaram as tensões inflacionárias nacionais e refletiu no mercado siderúrgico no ano seguinte, 1974, com a queda do consumo de aço pelos diversos setores industriais. Figura 7: Consumo Nacional de Aço entre os anos de 1971 e 1978. Fonte: Adaptado do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). Observa-se na figura 7, o aumento do consumo de aço até o auge do crescimento econô- mico pelo I PAEG em 1973, e a influência da 1ª Crise do Petróleo na demanda nacional no ano de 1974 até 1976 com a queda de 9,2% das vendas de aço no Brasil. A recuperação do mercado siderúrgico se deu pelos próximos dois anos, 1977 e 1978, e foi possível pelo II Pla- no Nacional de Desenvolvimento – II PND implantado pelo governo do general Geisel. 25 4.2. A Economia Durante a Segunda Crise do Petróleo – 1979 A economia mundial ainda sensível ao controle da oferta e aumento súbito dos preços de petróleo ocorrido em 1973 sentiu os efeitos da Segunda Crise do Petróleo, em março de 1979. “A profunda crise política no Irã – com a destituição do xá Reza Pahlevi e a ascen- são do aiatolá Khomeini ao poder – provocou uma retração da oferta de petróleo no mercado mundial, uma vez que aquele país era um dos seus maiores produtores. Com a nova política, o Irã decidiu vender sua produção no mercado livre (spot) de Roterdam (Holanda), onde o preço era mais alto [...]. A reação foi imediata: o preço médio do petróleo, que, no início de 79, era de 12,37 dólares por barril, atingiu, em dezembro daquele ano, 22,77 dólares por barril, o que significou um aumento de 84% em menos de um ano.” (FURTADO, 2000. p. 208) No mundo os efeitos foram altamente protecionistas por parte dos países desenvolvidos, através do aumento das taxas de juros, restrições a importações, adoção de políticas monetá- rias para combate à inflação e a desvalorização cambial, entre outras medidas, ocasionando uma retração no consumo como um todo, diminuindo inclusive a demanda por aço, e por con- sequência, a sua produção a nível mundial em 13,6% no ano de 1982 em relação a 1979. Porém, o efeito maior na economia internacional foi sentido em 1982, o último ano da crise, durante o Setembro Negro, quando o FMI – Fundo Monetário Internacional reuniu-se em Toronto, Canadá, e os países em desenvolvimento criaram a expectativa da criação de um fundo de emergência de U$ 25 bilhões, da decisão favorável por parte dos países industriali- zados de aumentar suas cotas de participação e que assim tivessem maior disponibilidade de recursos financeiros disponibilizados pelo Fundo para o ajuste em seus balanços de pagamen- tos, foi negado pelos Estados Unidos e outros países industrializados como Alemanha, Ingla- terra França e Japão que juntos, controlavam cerda de 2/3 das cotas do FMI. Segundo Cerqueira (2003), esse fato originou uma sequência de insolvências com o pedi- do de moratória da Polônia, seguido da Romênia, do México e da Argentina, entre outros paí- ses importadores de petróleo, cujas dívidas somavam quase U$ 100 bilhões em 1973 e subi- ram pra quase U$ 500 bilhões em 1982. E por último a instabilidade política no Oriente Médio também contribui para aumentar os efeitos da crise nos países importadores de petróleo, que passaram a destinar suas reservas em divisas e negociar financiamentos, com o objetivo de armazenar maiores estoques de pe- tróleo bruto e derivados, se prevenindo contra uma ameaça de interrupção no fornecimento. 26 Figura 8: Produção Mundial de Aço entre os anos de 1979 e 1987. Fonte: Adaptado do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). 4.2.1. O Efeito da Segunda Crise do Petróleo na Economia Nacional Os efeitos da crise internacional no Brasil exigiam rápidas medidas de ajustes uma vez que sofreu o efeito do aumento do preço do petróleo e seus derivados, e o efeito do protecio- nismo dos países industrializados com taxas e bloqueios, reduzindo o saldo de exportações do país, no momento em que a economia nacional mais precisava de recursos tanto para a com- pra do petróleo quanto para arcar com suas dívidas externas, aumentadas principalmente para financiar os planos do governo Médici e Geisel. Giambiagi (2005), afirma que o diagnóstico do desequilíbrio externo refletia um excesso generalizado de demanda, um desajuste de preços relativos que distorcia a distribuição dessa demanda entre os diversos setores. Assim o governo João Figueiredo, no período do ministro Delfim Neto, adotou uma estratégia de ajuste recessivo, acompanhando a mudança nas condi- ções estruturais e conjunturais de operações da economia brasileira, combinando o ajuste de preços relativos – da taxa de câmbio, e em menor intensidade das tarifas públicas – e o con- trole da absorção interna através de juros reais elevados, ajudando o governo indiretamente a ter mais tempo para o ajuste externo efetivo, captando recursos via conta de capital, uma vez que a mudança do câmbio aumentaria a demanda por bens de produção doméstica estimulan- do as exportações. 29 maio de 1949, foi criada a República Federal da Alemanha ou Alemanha Ocidental, capitalis- ta. E em outubro, na área soviética a Republica Democrática ou Alemanha Oriental, orientada ao socialismo. Mais tarde por iniciativa soviética foi construído um muro para dividir as duas Alemanhas, de modo a impedir a fuga dos habitantes da parte socialista para a zona capitalis- ta. Esse muro, que dividiu a cidade de Berlim, foi considerado o maior símbolo da Guerra Fria. As potências do Velho-Mundo tinham sido substituídas pelas duas potências que logo começaram a disputa pela partilha do mundo e pela influência de seus modelos políticos e econômicos. Os Estados Unidos propunham um sistema capitalista liberal, enquanto os sovié- ticos eram partidários de uma economia planificada, sob o controle do Estado. Essa bipolari- zação foi responsável por conflitos regionais para a disputa de suas próprias posições políticas e ideológicas, que não necessariamente estava m ligadas aos modelos americanos e soviéticos. Os líderes dos blocos viram-se envolvidos então em todos os tipos de choque e movimentos, e tiveram de escolher seus protegidos, de maneira que a política e a economia mundial fora toda afetada no período. Esse momento, iniciado por volta de 1947, e que se estendeu até 1989 com a queda do muro de Berlim e a desintegração da até então União Soviética, marcando o fim da Guerra Fria, recebeu esse nome, pois tratava de uma disputa pela hegemonia, não convencional, onde as armas eram construídas, os exércitos equipados, a corrida armamentista incentivada, inclu- sive com o início da corrida nuclear, desenvolveram-se tática de guerra, porém a guerra clás- sica e o confronto direto eram evitados, uma vez que as duas potências sabiam que esse con- flito causaria a destruição mútua. 4.3.2. A Economia Pós-Guerra Após a queda do muro de Berlim, o socialismo estava em crise e anunciando o fim da República Soviética, e o modelo capitalista, liderado pelos Estados Unidos como grande ven- cedor da Guerra Fria. Em 1990, a Alemanha ainda estava separada, uma vez que a parte Ori- ental ainda pertencia ao Pacto de Varsóvia, aliança de apoio militar e econômica socialista, mas em junho de 1990, essa aliança anunciou que deixaria de exercer suas funções militares, eliminando o único grande obstáculo geopolítico para a reunificação da Alemanha. Em outu- bro deste mesmo ano a Alemanha Oriental deixou de existir, a Inglaterra com o apoio dos 30 Estados Unidos se reestruturava economicamente, a União Soviética estava em crise, e ga- nhavam força movimentos de independência das suas 15 repúblicas. Logo após, Júnior (1992) afirma que surgiram nações independentes politicamente, mas com economias fragilizadas, a consequência foi a regionalização da economia e o a formação dos blocos econômicos, pois a disputa pela hegemonia passa diretamente à concorrência co- mercial e dá início à chamada nova ordem mundial, onde o poder está multipolarizado entre os vários blocos econômicos. Assim em 1992, nasceu a União Européia com o Tratado de Maastricht (1992), posteriormente ratificado em 1993, pelos doze membros da Comunidade Européia: Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Grécia, Irlanda, Itália, Lu- xemburgo, Holanda, Portugal e Espanha, com o objetivo de eliminar todas as barreiras alfan- degárias entre os países. Nas Américas, segundo Santos (2007), os Estados Unidos tinham invadido o Panamá, com a prerrogativa de prender o general Noriega, acusado de ser narcotraficante, porém o mesmo não queria entregar a administração do Canal do Panamá ao governo panamenho, uma vez que já havia vencido o prazo e os Estados Unidos não iria cumprir o acordo devido à sua importância. Mas a sua principal atuação como novo líder econômico foi na crise do Golfo Pérsico, quando o ditador iraquiano Saddam Hussein ordenou a invasão do vizinho Kuwait, com o pretexto de que o mesmo tenha causado a queda do preço do petróleo ao vender mais do que a cota estabelecida pela OPEP. Os Estados Unidos reagiram exigindo da ONU uma série de medidas punitivas ao Iraque, incluindo um boicote econômico, além de enviar suas tropas para a retirada dos iraquianos do Kuwait, que antes de sair, incendiaram diversos poços de petróleo do país causando uma enorme crise econômica e ecológica, dando prejuízo de cerca de US$ 8,5 bilhões com a queda da produção petrolífera. Nesse contexto mundial, com novos blocos econômicos, novos conflitos e novas crises, a produção mundial de aço, puxada em grande parte pela corrida armamentista da guerra fria, entra em queda em 1989, atingindo 7,9% de queda em 1992, e demorando cinco anos para se recuperar. 31 Figura 10: Produção Mundial de Aço entre os anos de 1988 e 1997. Fonte: Adaptado do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). 4.3.3. A Economia Brasileira no Período de 1986 a 1995 4.3.3.1. O Plano Cruzado - 1986 O Brasil havia experimentado o controle das expectativas inflacionárias com a adoção do Plano Cruzado em 1986, uma reforma monetária com rigorosas políticas de administração de preços e nova política salarial que segundo Furtado (2000), com uma política de controle de preços causou efeitos estabilizadores e até mesmo queda de preços, aumentando o poder de compra do salário, que também foi reajustado, acentuando o consumo interno 2 . Porém, com a queda dos juros reais no mercado financeiro, facilitando o crédito e desestimulando a poupan- ça, além desse aumento real dos salários, impulsionou a alta dos preços que só foi contido pela política rigorosa de controle dos preços por parte do governo. O Plano com seu êxito comprometido por esse aumento de preço súbito provocado pelo maior poder de compra do brasileiro, ainda foi prejudicado pelo déficit público, uma vez que as despesas foram superiores ao aumento real da receita fiscal, principalmente pelos créditos 2 O Índice Geral de Preços – IGP foi negativo aos meses de março e abril de 86, sendo menor que 1% ao mês até julho desse mesmo ano. 34 4.3.3.3. O Plano Collor – 1990 Em 15 de março de 1990, assumiu o cargo de presidente Fernando Collor de Mello e se- gundo Baer (2003), introduziu uma maneira singular de lidar com a inflação e modernizar a economia através da abertura econômica. Foram então elaborados os programas de reforma de comércio externo, a Política Industrial e de Comércio Exterior – PICE, e um programa de privatização intitulado Programa Nacional de Desestatização – PND. O primeiro plano econômico, denominado Plano Collor I consistia no confisco tempo- rário de parte dos valores depositado nas contas correntes, cadernetas de poupança e outras aplicações financeiras, na reforma monetária com a volta do cruzeiro, na cobrança de um im- posto extraordinário sobre as operações financeiras (IOF), no congelamento de preços e salá- rios, aumento do preço dos serviços públicos, na reformulação do cálculo mensal da inflação aplicado na correção de salários, aluguéis, aposentadorias, etc., em medidas preliminares para instituir o processo de privatização, na liberação do câmbio e adoção de várias medidas para promover a abertura econômica. O governo também iniciou uma reforma administrativa, com a extinção de vários institutos governamentais e o anúncio da intenção de demitir mais de 360 mil funcionários públicos. O impacto causado pelo Plano Collor I foi imediato e a inflação caiu para aproximada- mente 10% no primeiro mês, que segundo Furtado (2000), aconteceu devido a redução do poder de compra da população, diminuindo as atividades econômicas, principalmente do setor industrial, que apresentou uma queda de 8,6% em relação ao ano anterior. No comércio exte- rior, a economia obteve recordes de intercâmbio, exportação mais importação, porém possui um saldo no balanço comercial do triênio 1990-92 inferior ao registrado em 1989, com queda das exportações em 1990 e 1991, acompanhadas de um leve crescimento das importações estimuladas pela queda do preço das commodities no mercado mundial, menor participação do café brasileiro, maior interesse em comprar do que vender e a retração da economia mun- dial, com o declínio do comércio internacional devido à intensa formação de blocos econômi- cos após a queda do muro de Berlim. A abertura do comércio, após a política de substituição de importações, iniciou um novo período de livre mercado, compatível com o contexto internacional de globalização, porém o Brasil ainda não possuía recursos para acompanhar e concorrer as práticas de seus concorren- tes internacionais, principalmente os que usavam de subsídios para conquistar os mercados 35 estratégicos. O período de 1990 e 91 então foi negativo com a saída de mais de US$ 9,2 bi- lhões, porém com uma reversão em 1992 com um saldo positivo de mais de US$ 24,7 bilhões. O fracasso do primeiro Plano do governo Collor, levou a adoção de medidas econômicas conhecidas como Plano Collor 2, não tão rígido, mas com alguns congelamentos de preços e salários, uma vez que a indexação da economia não foi possível pela não queda da inflação. Em geral, o plano também foi falho e não corrigiu as falhas do anterior. Em 91, assumiu um novo ministro que propôs medidas rígidas com juros altos e créditos restritos, porém sem o choque dos planos anteriores, para inibir o consumo na fase de descongelamento dos preços. A política rígida estabilizou a inflação, porém foi recessiva para o produto interno bruto e para a taxa de desemprego, além de tornar a indústria obsoleta e deteriorar sua infra-estrutura, incidindo na queda de 15% da produção da indústria de transformação, e com a pouca oferta, disparando mais uma vez o processo inflacionário, que chegou a 1.156% no ano de 1992, a- lém de forte contração econômica. 4.3.3.4. O Plano Real A renúncia de Collor, e a posse do vice Itamar Franco, convidando Fernando Henrique Cardoso para ser Ministro das Relações Exteriores, e depois Ministro da Fazenda, segundo Lacerda et al. (2006), abriu espaço para uma nova idéia de estabilização, desta vez pela rees- truturação em curso da economia. Furtado (2003), explica que já em 1992, a economia brasileira deu mostras de recupera- ção com o aumento da captação de recursos externos, aumento da receita de exportação, que superou em 31,6% as importações no mesmo período, crescimento da massa salarial pela maior oferta de empregos, e aumento do fluxo de entrada de capitais estrangeiros. Durante o governo Itamar houve queda brusca da inflação, aumento da credibilidade do país no exterior, através da renegociação das dívidas, continuação da abertura econômica e do processo de desestatização, melhora das contas públicas e implantação do Programa de Esta- bilização Econômica, iniciado com o PAI – Programa de Ação Imediata, que reconhecia os efeitos da inflação na desorganização das finanças públicas, na gestão do Estado, no incentivo à especulação financeira, no empobrecimento da população de classe média e baixa e no sufo- co dado às empresas produtivas nacionais. Assim, o PAI tinha como objetivo principal, “as- segurar a retomada do crescimento econômico em bases sustentáveis e com o claro propósito de constituir-se uma sociedade mais justa”, e algumas vantagens como reservas monetárias 36 elevadas, economia interna mais aberta, maior conscientização dos poderes públicos e maior credibilidade no exterior. Figura 11: Efeito do Plano Real Sobre a Inflação – Maio de 93 à Novembro de 94 Fonte: Banco Central do Brasil, 1994. A próxima etapa do Plano Real, como ficou conhecido o Programa de Estabilização Eco- nômica, consistiu na criação da Unidade de Referência de Valor – URV, substituindo a Ufir e servindo de padrão monetário, sofrendo correções diárias em cruzeiros reais, de acordo com a inflação presente, e sem os efeitos da inflação passada, e indexando salários e preços, preser- vando o poder de compra dos salários e o realinhamento dos preços. E a última etapa com a adoção da nova moeda corrente, o Real, de valor equivalente à URV do dia anterior (CR$ 2.750,00), e mantendo a paridade entre a nova moeda e o dólar (US$1,00=R$0,93). “Para manter o valor da nova moeda, o governo alterou radicalmente os métodos empregados para definição da política monetária. [...] Obedecendo à Constituição, a nova política, recentemente implementada, implicava que o Congresso deveria esta- belecer regulamentos e diretrizes na forma de limites quantitativos rígidos para e- missão de moeda, que poderiam ser alterados pelo CMN somente em 20% e em oca- siões extraordinárias.” (Lacerda et al., 2006. p. 236). Com a recuperação do poder aquisitivo da população, houve um aumento da demanda de bens de consumo, principalmente importados, que no mercado interno estimulou o produto nacional a obter condições para concorrência. Iniciando assim, um processo de modernização das indústrias, apoiada pelo Programa de Privatização das estatais, que acabou sendo um atra- 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% m ai /9 3 ju n /9 3 ju l/ 9 3 ag o /9 3 se t/ 9 3 o u t/ 9 3 n o v/ 9 3 d ez /9 3 ja n /9 4 fe v/ 9 4 m ar /9 4 ab r/ 9 4 m ai /9 4 ju n /9 4 ju l/ 9 4 ag o /9 4 se t/ 9 4 o u t/ 9 4 n o v/ 9 4 In fl aç ão % 39 efeitos mais imediatos e sem conseguir novos empréstimos para pagar as dívidas com venci- mento de curtíssimo prazo, que ultrapassavam os US$ 40 bilhões, nem as de curto prazo, que chegavam a US$ 80 bilhões em 1999, a Rússia como golpe final, decretou uma moratória de 90 dias da sua dívida externa, dívida dos bancos russos e dos seus mutuários privados, e si- multaneamente desvalorizou sua moeda, o rublo, que caiu de Ru6,24/US$ em junho de 1998 à valores de aproximadamente Ru25,00/US$ em fevereiro de 1999, quando se estabilizou. Ao mesmo tempo, a crise asiática provocou uma curta recessão global, que reduziu a de- manda por commodities no mundo todo. O preço do petróleo chegou a cair abaixo de US$ 10,00 durante algumas semanas de 1998 e se manteve abaixo de US$ 15,00 até 1999. Isto reduziu sensivelmente o valor das exportações russas. “O que Stalin, Kruschev e Leonid Brejnev não conseguiram em setenta anos de co- munismo o presidente russo Boris Ieltsin realizou em apenas seis: fez tremer o capi- talismo. Com um disparo de caneta ele atingiu a comunidade capitalista em todos os quadrantes do mundo, e principalmente a sua meca, Wall Street, onde fica a Bolsa de Valores de Nova York. Se a crise asiática de outubro produziu uma boa trepidação nos países emergentes, Ieltsin fez pior. O míssil russo caiu até em paraísos de tran- qüilidade econômica. Os corretores suíços, que sempre correram o perigo de morrer de tédio, viram sua bolsa desabar 5% na quinta-feira. O dólar canadense, que só se mexe de meio em meio século, foi desvalorizado. Atingiu a menor cotação em 140 anos de existência. Em Wall Street, o índice Dow Jones industrial despencou 4,2%, a terceira pior queda em onze anos. Dos mercados emergentes nem se fale. Brasileiro que aposta no índice da Bolsa de Valores de São Paulo perdeu 10% na quinta-feira negra.” (Neto, 1998. Revista Veja n. 1562, 02 set. 1998) Figura 13: Produção Mundial de Aço entre os anos de 1997 e 2000. Fonte: Adaptado do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). 40 Diante dos US$ 40 milhões de investimentos estrangeiros que sumiram do mercado com a moratória russa, as diversas economias mundiais entraram em crise, provocando inclusive uma queda da atividade industrial, e uma queda de 2,8% na produção mundial de aço nesse ano, que conseguiu se estabilizar no ano seguinte e superou os níveis anteriores em 2000. 4.4.2. A Internacionalização da China Almeida e Rigolin (2004) apresentam entre os governos chineses, o período Deng Xiao- Ping, 1976 a 1997, como um governo para a recuperação tecnológica e econômica da China. Seu grande objetivo foi o a abertura econômica da China, com o controle efetivo das decisões por meio da forte intervenção do Estado, sem democracia. Para entrar na competição entre o período do "milagre econômico japonês" e do super crescimento apresentado pelos Tigres Asiáticos, seus vizinhos geográficos, esta China realizou inúmeras privatizações, permitindo a entrada controlada de capital estrangeiro. Nesse período, foi elaborado o mais brilhante plano para o desenvolvimento econômico chinês, o "Salto para Frente" a partir da fundação das Zo- nas Econômicas Especiais - ZEE's 4 na faixa litorânea leste. Aproveitando as condições geo- gráficas como relevo (grandes planícies), hidrografia (rios amarelo, azul, branco e vermelho), climas, solos férteis, presença de carvão mineral, ferro, água, e a proximidade do mar, Xiao- Ping tratou de investir, capital externo e estatal, em alguns setores internos como agricultura, indústrias de base, defesa bélica, tecnologia e ciência. A primeira transformação econômica foi a agrária, que contava com o emprego de 70% da população, eliminando a existência das comunas populares (privatizando-as), dividindo a produção rural entre 50% para o Estado e 50% para o mercado interno e externo, e incenti- vando a política salarial para criar um tipo de mercado consumidor litorâneo. O maior objeti- vo era aumentar a produção agrícola e criar uma classe de agricultores ou uma espécie de burguesia agrária consumidora e produtora. A segundo transformação foi a consolidação das ZEE's, verdadeiros mercados capitalistas onde o consumismo dita o ritmo econômico. Esta medida resultou no aumento da concorrência com as antigas e obsoletas empresas estatais 4 Essas zonas econômicas especiais – ZEE’s são distritos ou cidades que foram planejadas para receberem inúmeras instala- ções de empresas de capital misto. São idéias capitalistas criadas no contexto de conflito geopolítico da Guerra Fria, ou seja, serviram para satisfazer o interesse de grandes empresas multinacionais como estratégias do sistema capitalista para garantir a sua influência na região. Esse fato permitiu o surgimento de países de terceiro mundo industrializados competi- tivos, através da substituição das importações ou da plataforma de exportações. Na China, essas zonas econômicas foram implantadas dentro do segundo modelos, ao contrário dos modelos de substituição das importações adotados no Brasil, na Argentina, no México, na Colômbia, no Chile e também na África do Sul. 41 chinesas, pois as empresas multinacionais desejavam produzir e exportar a baixos custos de- vido a presença de mão-de-obra barata. A terceira transformação foi investir com apoio de cientistas estrangeiros, europeus e norte-americanos, em novas tecnologias e ciência, o que não significou uma melhoria nas taxas de alfabetização e condições de vida para a enorme população, cerca de 1,3 bilhão de habitantes. E a quarta transformação, está sendo, garantir a defesa do país por meio de fortes investimentos no setor militar principalmente o nuclear, tanto para fins de produção de energia quanto para criação de armas nucleares. Essas quatro medidas foram essenciais para que a atual China se transformasse em um dos países mais emergentes do mundo, dono de uma rica natureza repleta de recursos mine- rais, a maior população do mundo e atrativos para os interesses capitalistas neoliberais. Mas atualmente, a plataforma de exportações chinesa, ainda convive com fortes censuras políticas, pois a ausência da democracia ainda é uma ameaça aos interesses deste país em tornar-se uma grande potência econômica, política e tecnológica do século XXI. Mas foi a partir de 2001, quando Jiang Zemim assumiu o poder com um sistema econô- mico socialista, por não ter feito a abertura política de fato, uma vez que o Estado controlava o mercado, e o mercado era flexibilizado pela concorrência empresarial que ocorria na China Oriental, que o milagre chinês iniciou, pois esse governante conseguiu colocar a China na Organização Mundial do Comércio – OMC, justamente em um momento em que a economia do Japão e dos Tigres Asiáticos vêm apresentando baixos índices de crescimentos percentuais do PIB. Atualmente , Hu Jintao foi eleito Secretário-Geral do governo chinês o que desperta curiosidade e expectativa do mundo quanto ao processo de abertura política da China, que está entre as quatro maiores economias do mundo e vem crescendo entre 9 a 10% ao ano. Logo, essas economias emergentes, que estão sendo incorporadas nos processos de globa- lização através de aberturas políticas e econômicas, principalmente a partir do ano 2000, estão levando a queda dos preços dos bens de consumo e o aumento da demanda, impulsionando as empresas à investir em tecnologia e em fatores de produção, demandando grande quantidade inclusive, de produtos siderúrgicos, justificando o grande aumento da produção mundial do mesmo entre os anos de 2001 e 2007, cerca de 58%, que só não foi maior em virtude do temor de crise mundial após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. 44 os efeitos da recessão no período de 1997 a 1999 com queda de 5,5% na demanda nacional de aço, porém junto à economia brasileira se recuperou no ano seguinte. Figura 15: Consumo Nacional de Aço entre os anos de 1996 e 2000. Fonte: Adaptado do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). 4.5.2. O Contexto Nacional no Crescimento Mundial dos últimos anos Durante o crescimento mundial entre os anos de 2001 e 2007, o Brasil sofreu algumas crises que foram significativas para a sua política econômica. A desvalorização cambial de 1999 deu início à crise do governo FHC que sustentava o discurso de estabilidade econômica na estabilidade do Real, foi agravado pela Crise Energética. Segundo Lessa (2001), a falta de planejamento e investimento na produção de energia no Brasil, em um período que o país começava a viver uma expansão econômica depois de sofrer os efeitos de várias crises internacionais nos anos anteriores, associado a um longo período de falta de chuvas, tornou evidente a falta de previsão e de planejamento no setor de energia elé- trica. Enquanto a energia sobrava em alguns estados, onde chovia muito, como no Rio Grande do Sul, faltava em outros onde não chovia e não havia linhas de transmissão com capacidade suficiente para transferir as cargas e para equilibrar o sistema. O desequilíbrio entre a capaci- dade de produção e a distribuição de energia elétrica, e a demanda pelo recurso energético, tornou necessário um racionamento de energia que atingiu diversas regiões do Brasil, princi- 45 palmente a Região Sudeste do Brasil, que ficou conhecido como "apagão", paralisando linhas de produção das indústrias, que tinham cotas de energia para cumprir, e ameaçando quase 180.000 empregos. Outro fator importante para a economia do Brasil no período foram as eleições de 2002, com o favoritismo do candidato Luiz Inácio Lula da Silva do Partido dos Trabalhadores. “A expectativa do que poderia vir a representar um governo de esquerda para o Bra- sil suscitou grande especulação no mercado financeiro, com impactos sobre bolsas de valores, taxas de juros e câmbio, ao longo do segundo semestre do ano. As prin- cipais dúvidas residiam no conjunto da política macroeconômica a ser adotada e o chamado “cumprimento dos contratos”, o que significaria não provocar grandes rup- turas com o cerne da política econômica em curso ao longo de toda década de 1990.” (Lacerda et al., 2006. p. 241) Giambiagi et al. (2005) diz que a crise de confiança em 2002 e a estratégia para recuperar a credibilidade, já no governo Lula em 2003, que se comprometia em manter o superávit pri- mário e respeitar os termos do acordo negociado pelo governo FHC e o FMI, resultaram em um triênio de baixíssimo crescimento médio de apenas 1% ao ano de 2001 à 2003. Porém em 2004 o Brasil a economia viveu um bom momento, apoiado no quadro internacional de cres- cimento econômico, e segundo Lacerda et al. (2006) na base da política macroeconômica ado- tada continuamente desde 1999, que combina um regime de metas de inflação com um cam- bio flutuante e política de geração de superávit fiscal primário, trazendo relativo sucesso no controle inflacionário e proporcionando avanços econômicos, apesar de baixos e instáveis, além do ajuste na balança de pagamentos, diminuindo a vulnerabilidade externa na economia. Diniz e Boschi (2007) explicam que em 2005, o Brasil mostra sua fragilidade econômica diante da crise política dos dois últimos anos do governo Lula. Os escândalos políticos do Mensalão, do Valérioduto, as CPI’s dos Correios e do Bingo, além do referendo sobre o co- mércio de armas, associado a políticas econômicas que privilegiaram o pagamento da dívida pública, o controle da inflação através da manutenção de elevadas taxas de juros e restrição de investimento governamental em setores de infra-estrutura, além da valorização do Real, que impediu um melhor desempenho das atividades exportadoras, em especial no agronegócio, contribuíram para essa fragilidade com baixo crescimento econômico, com aumento de ape- nas 2,3% do PIB, ficando o Brasil à frente somente do Haiti entre os países da América Lati- na. Em 2006, devido à manutenção da inflação em níveis baixos e consequente queda dos ju- ros, à profissionalização das empresas financeiras com tecnologias adequadas de análise de riscos, e à algumas reformas institucionais como a alienação fiduciária em garantia, houve 46 uma expansão do crédito, principalmente para as classes C, D e E (correspondente a 77% da população), alterando seus hábitos de consumo e alavancando o crescimento econômico do período. Esse aumento da demanda interna de bens e serviços, com 4,5% de aumento, auxili- ados pelos créditos consignados e pelas linhas de crédito abertas a grandes redes varejistas, atuou diretamente no crescimento do PIB, que teve uma taxa de crescimento de 4,0% em 2006, obrigando o setor produtivo a fabricar mais, e consequentemente empregar mais, o que levou a 93,2 bilhões de ocupações neste ano, valor 2,6% maior que o de 2005, aumentando a renda média da população, superando em 8,8% o valor do ano anterior. Esse cenário se repe- tiu em 2007, com destaque para o setor automobilístico e da construção civil, que depende dessa grande capacidade de financiamento, justificando o aumento na indústria siderúrgica no biênio 2006-2007, uma vez que esses setores são os grandes consumidores de aço nacional. Figura 16: Consumo Nacional de Aço entre os anos de 2001 e 2007. Fonte: Adaptado do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). 4.6. A Crise Mundial de 2008 Diversos estudiosos e economistas dissertam sobre a Crise Mundial de 2008, suas causas e conseqüências. Uns dizem ser o desdobramento da crise financeira pela falência do tradicio- 49 mas acabou tendo seu alcance ampliado para ajudar bancos mais saudáveis, empresas mais ligadas ao crédito, ao consumidor e até as montadoras do país, pois o setor automobilístico vive uma situação problemática que é consequência direta da crise de crédito resultante dos problemas com hipotecas "subprime". A General Motors e a Chrysler, com quedas nas vendas devido às dificuldades dos compradores em obter financiamento, precisaram de ajuda do go- verno para saldar suas dívidas, que foi recebida em forma de um pacote de pouco mais de US$ 17 bilhões, com recursos do pacote de investimentos aprovado. Porém o mercado de trabalho também sofreu uma contração, nos EUA, principalmente pela crise de crédito origi- nada nos problemas do mercado imobiliário. A taxa de desemprego nos EUA fechou 2008 em 7,2%, pior nível desde 1993. O número de desempregados no país naquele ano chegou a 2,6 milhões, maior valor desde a 2ª Guerra Mundial. Assim, como nos EUA, em todo o mundo houve incertezas, gerando queda das bolsas, queda no consumo, diminuição nas exportações, principalmente aquelas destinadas ao estado Americano. Com o menor consumo, as indústrias produzem menos, geram menos empregos, logo menor renda, aumentando a influência da recessão á níveis mundiais em mercados na- cionais. Fato esse observado na indústria siderúrgica, que teve expressiva queda de 11,2% em sua produção com estimativa de recuperação do volume produzido em 2012. Figura 17: Produção Mundial de Aço entre os anos de 2008 e 2012 (*projeções). Fonte: Adaptado do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). 50 4.6.1. Os Efeitos da Recessão Mundial na Economia Brasileira Alguns economistas defenderam a posição que a crise do subprime não afetaria significa- tivamente o Brasil. Mas, segundo a maioria dos analistas, todos os países do mundo seriam afetados, mesmo que em menor intensidade, pela crise iniciada nos Estados Unidos, devido a globalização dos negócios entre países. No Brasil, o efeito mais imediato foi a queda das ações em bolsas de valores, provocada pela saída de grande volume de investimentos em ações de estrangeiros que buscavam recur- sos para cobrir suas perdas com a crise, assim, com uma grande oferta, os papéis desvaloriza- ram e os índices caíram, além de ter ocasionado uma súbita e expressiva alta do dólar. Logo depois, as exportações foram atingidas pela falta de recurso e crédito a nível internacional para concretizar vendas com estrangeiros. A recessão que atingiu uma grande parte dos países desenvolvidos também afetou o comércio externo. Empresas que tinham seus faturamentos altamente dependentes de vendas ao exterior, tiveram que cortar postos de trabalho e reduzir drasticamente o ritmo de produção. Os setores mais afetados pela queda na demanda, tanto no Brasil como no mundo, foram o automotivo, o imobiliário e o de bens de capital, pois vendem produtos que dependem diretamente de financiamento, que ficou escasso. Essa situação obri- gou o governo federal e de alguns Estados a tomarem algumas medidas para tentar reforçar as vendas e estancar as demissões no período. Entre as que mais tiveram repercussão estão a redução temporária das alíquotas do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre au- tomóveis e eletrodomésticos da "linha branca" e a injeção de R$ 100 bilhões no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para realizar empréstimos. Ainda, as grandes empresas siderúrgicas no Brasil também desligaram alguns fornos, pois seu produ- to é demandado pelos principais setores em crise. Consequentemente, empresas menores for- necedoras de aço também foram atingidas, reduzindo significativamente a demanda pelo pro- duto siderúrgico nacional em aproximadamente 22% em relação a 2008, com uma previsão de recuperação para os próximos três anos a crise, conhecido o comportamento do mercado nas últimas crises. 51 Figura 18: Consumo Nacional de Aço entre os anos de 2008 e 2012 (*projeções). Fonte: Adaptado do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). Uma vez que o país fez profundas reformas econômicas durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, como o PROER – Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional, implementando sistemas mais rígidos de controle ao sistema financeiro doméstico, ficou menos exposto ao motivo da crise: a contaminação sistêmica do mercado financeiro internacional com os títulos hipotecários americano. Desta vez, o Brasil estava mais preparado para suportar crises mundiais, pois o modelo econômico adotado pelo país desde fins dos anos 1990 com metas de inflação, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal, garantiu a salvação da economia através da obtenção de consistentes reservas cambiais e de forte credibilidade internacional. Mas ainda sim, por estar participar no comércio mundial, o país ainda também sentiu os efeitos da crise do subprime. A princípio, os maiores prejuízos com a crise foram das empresas que especulavam com derivativos de câmbio e fizeram más estimativas, não obtendo apoio do governo para cobrir, com dinheiro público, as enormes e milionárias perdas decorrentes dessas estimativas. A alta do dólar, apesar de eventualmente ter causado alguma pressão inflacionária, tendeu a aumen- tar a competitividade internacional das exportações do país, uma vez que o preço dos produ- tos nacionais, cotados na moeda americana, caiu. No entanto, para os setores da economia 54 produção mundial recuperou-se até o ano de 1997, e a nacional durante os três anos seguintes a crise do início da década (1993 a 1995). Já em 1998, após a moratória russa, foi iniciada uma crise de repercussão internacional, levando a produção mundial de aço a uma queda de 2,8% em 1998 (em relação a 97), mas que foi logo recuperada nos dois anos seguintes. Nessa mesma época, o Brasil vivia a fase pós Real com expansão da economia em até o ano de 1996, porém a valorização do Real aumentou significativamente as importações, desestabili- zou a balança comercial, e junto das crises mundiais do período (México-95, Asiática-97 e Rússia-98) que levaram à restrições de crédito ao país, e um período de recessão econômica, que representou uma queda de 5,5% entre 1997 e 1999 na demanda do produto siderúrgico. Os efeitos da desvalorização do Real além da recessão econômica, foi promover o reequilí- brio, o aumento das exportações e o reaquecimento da indústria nacional, alavancando o con- sumo de aço nacional, que se recuperou no ano seguinte, 2000. Em relação ao contexto mundial em 2001, a produção mundial de aço foi alavancada, en- tre outros motivos, pela abertura econômica da China, alcançando um aumento de 57% no ano de 2007, em relação a 2001. No âmbito nacional, o Brasil sofria a crise do governo FHC, a crise energética, e a crise de confiança do governo Lula, mantendo a economia estagnada, a recessão nas indústrias e o consumo nacional de aço com uma pequena queda de 4,4% entre os anos de 2003 e 2001. Porém em 2004, apoiado no crescimento econômico mundial, e nas políticas econômicas internas adotadas anteriormente, houve um crescimento econômico na- cional, elevando a demanda do produto siderúrgico em 14,4% em relação ao ano anterior, já no ano de 2005, o Brasil sentiu os efeitos da crise política e sua economia foi afetada, diminu- indo esse consumo em 8,2%. Logo a economia se recuperava, com o efeito dos juros baixo e da abertura de crédito, impulsionando toda a economia nacional, através do consumo, o que refletiu em uma maior produção da indústria e o aumento do consumo de aço em 31% nos períodos de 2005 à 2007. No final do ano de 2008, toda economia mundial foi afetada com a crise dos subprime, reduzindo os investimentos e a atividade da indústria em geral. No mercado siderúrgico, a produção mundial fechou o ano com aumento de 5,6% em relação a 2007, porém os efeitos da crise reduziram esse valor em 14,1% no ano de 2009. Os efeitos no Brasil a princípio fo- ram menores, e o consumo nacional do aço cresceu 13,4% em 2008, mas o efeito da falta de crédito a nível mundial logo afetou a indústria nacional, repercutindo no consumo deste pro- duto, que caiu 24,8% em 2009. E de acordo com o estudo da série histórica de produção e 55 consumo, seu comportamento em cada crise, através das quedas e de suas recuperações, esti- ma-se que a produção mundial recupere seu volume durante os próximos anos, com um cres- cimento de 28% entre 2009 e 2012, superando os valores de produção de 2008. E da mesma maneira, o consumo nacional recupere-se com um aumento da demanda em 47% entre esse mesmo período, uma vez que o Brasil manteve sua economia relativamente estável durante a crise, e com o retorno do crédito, a indústria nacional cresça acima da média mundial. Pode-se concluir que no período estudado de 1973 a 2009 houve a influência das crises internacionais na produção e consumo mundial de aço, e também na economia brasileira, que adotando políticas econômicas particulares, influenciou de maneira direta o consumo do pro- duto no Brasil, principalmente durante os diversos planos econômicos entre 1986 e 2005, que coincidiu com o período de estagnação da indústria no país pelo grau de estatização e sua sub- seqüente modernização através dos processos de privatização, tornando a sensível ao contexto econômico globalizado. Para trabalhos futuros é interessante estudar o efeito da crise atual na Europa, na econo- mia mundial, e principalmente no mercado siderúrgico, além de quantificar e modelar mate- maticamente essas variações de volume, relacionado-as com variáveis microeconômicas na- cionais e mundiais. Além de evidenciar o potencial siderúrgico nacional como um dos princi- pais fatores de crescimento econômico. 56 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, L. M. A.; RIGOLIN, T. B. Fronteiras da Globalização: Geografia Geral e do Brasil. São Paulo: Ática, 2004. ANDRADE, M. L. A. et al. Impactos da Privatização no Setor Siderúrgico. In: Área de Operações Industriais 2 – AO2. 2001. São Paulo: BNDES, 2001. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhe cimento/relato/relato_1.pdf>. Acesso em: 13 mai. 2010. AURELIANO, L. M. No limiar da Industrialização. São Paulo: Editora Brasiliense, 1981. BAER, W. A Economia Brasileira. 2. ed. São Paulo: Nobel, 2003. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Comunicado nº 4.000, de 29 de junho de 1994. Brasília: BCB, 1994. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Secretaria do De- senvolvimento da Produção. Desenvolvimento da Produção: Cadeias Produtivas Minero- Metalúrgicas. 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