Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

restauração ecologica, Notas de estudo de Engenharia Ambiental

restauração ecologica

Tipologia: Notas de estudo

2011

Compartilhado em 20/03/2011

fonteine-bastos-4
fonteine-bastos-4 🇧🇷

4.4

(5)

65 documentos

Pré-visualização parcial do texto

Baixe restauração ecologica e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Ambiental, somente na Docsity! Fundamentos de Restauração Ecológica Sociedade Internacional para Restauração Ecológica Grupo de Trabalho em Ciência & Política (Versão 2: Outubro de 2004) * Tradução: Efraim Rodrigues, Ph.D. Revisão: Danielle Celentano efraim@efraim.com.br Fundamentos de Restauração Ecológica SER  www.ser.org Seção 1: Visão Geral ......................................................................................... 3 Seção 2: Definição de Restauração Ecológica ...................................................5 Seção 3: Atributos de Ecossistemas Restaurados .............................................5 Seção 4: Explicações dos Termos ..................................................................... 6 Seção 5: Ecossistemas de Referência ...............................................................11 Seção 6: Espécies Exóticas ...............................................................................12 Seção 7: Monitoramentos e Avaliação ...............................................................13 Seção 8: Planejamento da Restauração ............................................................14 Seção 9: Relação entre a Prática da Restauração e a Ecologia da Restauração ........................................................................................14 Seção 10: Relação entre Restauração e outras Atividades .................................15 Seção 11: Integração da Restauraçao Ecológica em um Programa Amplo ........16 Este documento pode ser citado como: Society for Ecological Restoration International Science & Policy Working Group. 2004. The SER International Primer on Ecological Restoration. www.ser.org & Tucson: Society for Ecological Restoration International. Os principais autores deste documento são André Clewell (Quincy, FL USA), James Aronson (Montpellier, France) e Keith Winterhalder (Sudbury, ON Canada). Clewell fez a proposta inicial e escreveu seu primeiro rascunho. Aronson e Winterhalder, em colaboração com Clewell, revisaram o documento até sua for atual. Winterhalder, na posição de diretor do Grupo de Ciência e Política da SER, coordenou este esforço e convidou outros membros do grupo de trabalho para participar. Eric Higgs (Victoria, BC Canada) elaborou a seção sobre a visão geral. Dennis Martinez (Douglas City, CA USA) contribuiui com um trabalho que se tornou a base para a o texto relacionado aos ecossistemas culturais. Outros membros do Grupo de Trabalho ofereceram críticas e sugestões conforme o trabalho progredia, incluindo Richard Hobbs (Murdoch, WA Australia), James Harris (London, UK), Carolina Murcia (Cali, Colombia) e John Rieger (San Diego, CA USA). O grupo agradece Eric Higgs, antigo Titular do Conselho de Diretores da SER, pelo seu encorajamento e por trazer este documento perante os Diretores Internacionais da SER para sua adoção oficial no dia 6 de abril de 2002 em unanimidade. Este documento substitui o SER In t e r n a t i o n a l’s Project Policies publicado inicialmente na revista Restoration Ecology 2(2):132-133, 1994 que foi posteriormente publicado no site da SER Internacional. Este documento também substitui o Policy on Project Evaluation publicado no mesmo site. O SER International environmental policies, publicado inicialmente na revista Restoration Ecology 1(3):206-207, 1993, permanece efetivo. * O conteúdo desta segunda versão é exatamente o mesmo da versão publicada em 2002, exceto que “Internacional” foi anexado ao nome da SER, fotos foram adicionadas e os gráficos redesenhados. A versão 2 foi publicada simultaneamente em papel e na Internet em www.ser.org.  Fundamentos de Restauração Ecológica SER www.ser.org ser dependente da participação a longo prazo das pessoas. As culturas tradicionais estão agora passando por mudanças sem precedentes em todo mundo. Para acomodar estas mudanças, a restauração ecológica pode aceitar e até encorajar novas e apropriadas culturas e práticas sustentáveis que levem em conta as condições e limitações contemporâneas. Neste aspecto, a ênfase norte americana em restaurar paisagens intocadas faz pouco ou nenhum senso em locais como a Europa onde paisagens culturais são a regra, ou em grandes partes da África, Ásia e América Latina onde a restauração ecológica é indefensável se não apoiar a base ecológica da sobrevivência humana. O que torna a restauração ecológica particularmente inspiradora é que as práticas culturais e os processos ecológicos estimulam-se mutuamente. Desta forma, não é surpresa que o interesse na restauração ecológica esteja crescendo rapidamente e que, na maior parte dos casos, as crenças e práticas culturais sejam levadas em conta para ajudar a dar forma ao que será realizado sob a rubrica de restauração. A definição oficial da SER Internacional, apresentada na próxima página, é suficientemente geral para permitir grande variedade de enfoque de restauração, ao mesmo tempo que faz deferência à historicamente rica idéia de “recuperação”. Restauração Ecológica é o processo de assistir a recuperação de um ecossistema que foi degradado, perturbado ou destruído. Definição de Restauração Ecológica Seção 2: Atributos de Ecossistemas Restaurados Seção 3: Esta seção discute o tema do que significa a “recuperação” na restauração ecológica. Um ecossistema foi recuperado – e restaurado – quando conta com recursos bióticos suficiente para continuar seu desenvolvimento sem mais assistência ou subsídio. Ele irá sustentar-se sozinho estrutural e funcionalmente. Ele irá mostrar resiliência às faixas normais de variação de estresse ambiental e perturbação. Ele irá interagir com ecossistemas contíguos por meio de fluxos bióticos e abióticos e interações culturais. Os nove atributos listados abaixo são a base para determinarmos se a restauração foi completada. A expressão completa de todos estes atributos não é essencial para comprovar uma restauração. Ao contrário, estes atributos somente demonstram uma trajetória adequada do desenvolvimento do ecossistema na direção do objetivo pretendido ou referência. Alguns atributos são facilmente mensuráveis. Outros precisam ser avaliados indiretamente, incluindo a maior parte das funções de ecossistemas, que não podem ser estimadas senão com esforços de pesquisa que excedem as capacidades e orçamentos da maior parte dos projetos de restauração. 1 O ecossistema restaurado contém um conjunto característico de espécies que ocorrem em ecossistemas de referência e que provém uma estrutura de comunidade apropriada. 2 O ecossistema restaurado consiste de espécies nativas na maior extensão possível. Em ecossistemas culturais Fundamentos de Restauração Ecológica SER  www.ser.org restaurados, podem ser permitidas espécies exóticas domesticadas, ruderais não invasivas e segetais que presumivelmente coevoluíram com eles. Ruderais são plantas que colonizam áreas perturbadas e segetais tipicamente crescem junto com espécies cultivadas. 3 Todos grupos funcionais necessários para o desenvolvimento contínuo e/ou estabilidade do ecossistema restaurado são representados por ou, se não forem, os grupos faltantes têm o potencial de colonizar por meios naturais. 4 O ambiente físico do ecossistema restaurado é capaz de sustentar suficientes populações reprodutivas de espécies para sua estabilidade continuada ou desenvolvimento ao longo da trajetória desejada. 5 O ecossistema restaurado aparentemente funciona normalmente para seu estágio ecológico de desenvolvimento e não há sinais de disfunção. 6 O ecossistema restaurado é adequadamente integrado em uma ampla paisagem ou matriz ecológica que interage através de trocas e fluxos bióticos e abióticos. 7 Ameaças potenciais da paisagem circundante à saúde e integridade do ecossistema restaurado foram eliminadas ou reduzidas ao máximo possível. 8 O ecossistema restaurado é suficientemente resiliente para suportar eventos estressantes normais e periódicos no ambiente local que servem para manter a integridade do ecossistema. 9 O ecossistema restaurado é auto-sustentado no mesmo grau que seu ecossistema de referência e tem o potencial de persistir indefinidamente sob as condições ambientais existentes. Não obstante, aspectos da sua biodiversidade, estrutura e funcionamento podem mudar como parte do desenvolvimento normal de um ecossistema, e podem flutuar em resposta a estresses periódicos normais e perturbações ocasionais de maior conseqüência. Assim como em qualquer ecossistema intacto, a composição de espécies e outros atributos de ecossistemas restaurados pode evoluir conforme mudem as condições ambientais. Outros atributos ganham relevância e deverão ser adicionados a esta lista se eles forem identificados como metas para projetos de restauração. Por exemplo, uma das metas de restauração pode ser oferecer bens naturais específicos e serviços para benefício social. Neste caso, o ecossistema restaurado serve como um capital natural para o aumento destes bens e serviços. Outra meta poderia ser que o ecossistema restaurado provenha habitat para espécies raras ou para proteger um conjunto gênico diverso de espécies selecionadas. Outras metas possíveis de restauração podem incluir a oferta de serviços estéticos ou a acomodação de atividades de conseqüência social, tais como o fortalecimento da comunidade através da participação de pessoas em projetos de restauração. Vários termos técnicos são introduzidos ao longo deste documento. Alguns deles podem ser pouco familiares para os leitores não-ecologistas, enquanto outros tem múltiplos significados em diferentes usos. Para reduzir o potencial de mal entendidos, os termos chave são explicados nos modos em que eles são usados neste documento. Explicação dos termos Seção 4:  Fundamentos de Restauração Ecológica SER www.ser.org Um ecossistema consiste de biota (plantas, animais, microorganismos) em determinada área, o ambiente que sustenta ele, e suas interações. Populações de espécies que compõe a Biota são coletivamente chamadas de comunidade biótica. A comunidade é freqüentemente analisada em base de seu status taxonômico (por exemplo, a comunidade de insetos) ou forma de vida (por exemplo, a comunidade de árvores). Conjuntos de organismos podem também ser reconhecidos por seus papéis funcionais no ecossistema (por exemplo produtores primários, herbívoros, carnívoros, decompositores, fixadores de nitrogênio, polinizadores) no caso conhecidos como grupos funcionais. O ambiente físico ou abiótico que sustenta a biota de um ecossistema inclui o solo ou substrato, o meio aquático ou atmosférico, hidrológico, tempo e clima, relevo e orientação, regime de nutrientes e regime de salinidade. Habitat se refere ao local de moradia de um organismo ou comunidade que provê as condições necessárias para os processos vitais Um ecossistema pode ser reconhecido em uma unidade espacial de qualquer tamanho, a partir de um micro-sítio contendo somente alguns poucos indivíduos até uma área mostrando algum grau de homogeneidade estrutural e taxonômica tal como uma área úmida comunitária e pequena, ou um ecossistema floresta tropical pluvial na grande escala de bioma. A restauração ecológica pode ser conduzida em variadas escalas, mas na prática toda restauração de ecossistemas deve ser conduzida com perspectiva de paisagem espacialmente explícita de maneira a garantir adequados fluxos, interações e trocas com ecossistemas contíguos. Uma paisagem consiste de um mosaico de dois ou mais ecossistemas que trocam organismos, energia, água e nutrientes. Um objeto legítimo e importante de muitas restaurações ecológicas é a reintegração de ecossistemas fragmentados e paisagens, ao invés de focar em um ecossistema único. Uma paisagem ou ecossistema natural é aquela que se desenvolveu por processos naturais e que é auto organizável e a auto sustentável. Uma paisagem ou ecossistema cultural é aquele que se desenvolveu dentro de uma influência conjunta dos processos naturais e dos impostos pela civilização. Muitos campos e savanas são mantidos em grande parte por atividades humanas tais como a ignição freqüente de incêndios superficiais para caça e agrupamento de animais. Na Europa, muitas campinas ricas em espécies são ecossistemas culturais que apareceram a partir da retirada da floresta na Idade do Bronze, e têm sido mantidas através de cultivo e pastoreio sazonal do rebanho. O reparo de uma campina degradada pode ser considerado como uma restauração ecológica, ainda que o ecossistema de campina que foi escolhido Fundamentos de Restauração Ecológica SER 10 www.ser.org resposta a mudanças ambientais. Sob circunstâncias normais, a reintrodução de ecótipos locais é suficiente para manter a adaptividade genética. No entanto, em locais que tenham sofrido dano substancial, e por conseguinte alteração em seu ambiente físico, a introdução de um estoque gênico diversificado pode ser a estratégia preferida, permitindo portanto recombinação e desenvolvimento de ecótipos novos e mais adaptados. Por estrutura de comunidade entende-se a fisionomia da comunidade em respeito a densidade, estratificação horizontal e freqüência de distribuição de espécies e populações e os tamanhos e formas de vida dos organismos que compõem estas comunidades. P r o c e s s o s ecológicos ou fun- ções de ecossiste- mas são atributos dinâmicos de ecos- sistemas, incluindo in- terações entre organis- mos e dentre organismos e seus ambientes Processos ecológicos são a base da auto- manutenção de um ecossistema. Alguns ecólogos da restauração limitam o uso do termo “funções de ecossistemas” àqueles atributos que mais diretamente afetam o metabolismo, principalmente o seqüestro e transformação de energia, nutriente e umidade. Exemplos de fixação de carbono pela fotossíntese, interações tróficas, decomposição e ciclagem de nutrientes minerais. Quando as funções de ecossistemas são estritamente definidas desta maneira, outros atributos dinâmicos são definidos como “processos ecológicos” tais como a estabilização de substratos, controle microclimático, diferenciação de habitats para espécies especializadas, polinização e dispersão de sementes. O funcionamento em escalas espaciais mais amplas é geralmente considerado em termos mais gerais, tais como a retenção de nutrientes e umidade a longo prazo e sustentabilidade geral do ecossistema. Funções e processo de ecossistemas, assim como a reprodução e crescimento de organismos, são o que fazem com que ecossistemas sejam autogênicos, ou tenham capacidade de auto-renovação. Um objetivo comum para a restauração de qualquer ecossistema natural é recuperar os processos autogênicos ao ponto em que a assistência do restaurador não seja mais necessária. Neste aspecto, o papel central do restaurador prático é iniciar o processo autogênico. Restauradores freqüentemente assumem que os processos autogênicos irão iniciar-se uma vez que uma composição de espécies e estrutura adequadas tenham sido reestabelecidas. Esta não é uma condição sempre válida, mas é um ponto de partida razoável para a restauração ecológica. Alguns processos dinâmicos tem origem externa, como incêndios, inundações, vendavais, choques salinos das marés, tempestades, geadas e secas. Estes processos externos estressam a biota e são freqüentemente chamados de estressores. A biota de qualquer ecossistema precisa ser resistente ou resiliente aos eventos estressantes normais. Estes eventos servem 11 Fundamentos de Restauração Ecológica SER www.ser.org para manter a integridade do ecossistema através da prevenção do estabelecimento de outras espécies que não sejam adaptadas a estas condições. Por exemplo, uma entrada de água salgada da maré é essencial para manter um manguezal e impedir sua transformação em um ecossistema de água doce. Em ecossistemas culturais, atividades mediadas por seres humanos, como fogo e pastoreio, definem-se como estressores. Os termos distúrbio e perturbação são muitas vezes usados como sinônimos de estressor e evento estressante. Todavia, o termo distúrbio é restrito aqui aos impactos mais severos ou mais agudos em ecossistemas que os eventos normais estressantes normais. Resistência é um termo que descreve a habilidade de um ecossistema de manter seus atributos estruturais e funcionais em face de stress e perturbações. Resiliência é a habilidade de um ecossistema de recuperar os atributos estruturais e funcionais que sofreram dano por estresse ou perturbação. Estabilidade de ecossistema é a habilidade dele manter sua trajetória apesar de estresse, o que denota um equilíbrio dinâmico, mais do que estabilidade. Estabilidade é atingida parcialmente com base na capacidade do ecossistema para resistência e resiliência. Os termos integridade de ecossistema e saúde de ecossistema são comumente usados para descrever um estado desejado de um ecossistema restaurado. Ainda que alguns autores usem os termos como sinônimos, eles têm significados distintos. Integridade de ecossistema é o estado ou condição de um ecossistema que mostra características de biodiversidade da referência, tais como composição de espécies e estrutura de comunidade, e é totalmente capaz de sustentar o funcionamento normal do ecossistema. Saúde de ecossistema é o estado ou condição de um ecossistema no qual seus atributos dinâmicos são expressos dentro amplitudes normais de atividade relativas ao estado ecológico de desenvolvimento. Um ecossistema restaurado expressa saúde se funciona normalmente, comparado ao seu ecossistema de referência ou a um conjunto adequado de atributos de ecossistemas restaurados como aqueles listados na seção 3. O estado de integridade de ecossistema sugere, mas não necessariamente confirma o estado de saúde do ecossistema ou um ambiente abiótico adequado. Um ecossistema de referência ou referência serve como um modelo para o planejamento de um projeto de restauração e posteriormente para sua avaliação. Em sua versão mais simples, a referência é um local, sua descrição escrita, ou ambos. O problema com uma referência simples é que ela representa um único estado ou expressão dos atributos de ecossistema. A referência selecionada pode ser uma expressão de um entre tantos estados dentro da variação histórica daquele ecossistema. A referência reflete uma combinação particular de eventos estocásticos ocorridos durante o desenvolvimento do ecossistema. Da mesma maneira, um ecossistema submetido à restauração pode desenvolver- se em qualquer estado de uma lista potencialmente longa. Qualquer um destes estados é aceito como uma restauração, desde que seja comparável com qualquer dos estados Ecossistemas de referência Seção 5: Fundamentos de Restauração Ecológica SER 1 www.ser.org potenciais que a referência poderia ter se desenvolvido. Então, uma única referência expressa inadequadamente a constelação de estados potenciais e sua faixa histórica de variação expressa pelo ecossistema restaurado. Portando, uma referência é melhor organizada a partir de múltiplas referências e, se necessário, outras fontes. Esta descrição composta fornece uma base mais sólida para o planejamento da restauração. As fontes de informação que podem ser usadas para descrever a referência incluem: • Descrições ecológicas, listas de espécies e mapas da área do projeto antes do dano • Fotografias aéreas e ao nível do solo, históricas e recentes, remanescentes da área a ser restaurada, indicando condições físicas e biota anteriores • Descrições ecológicas e listas de espécies de ecossistemas similares intactos • Espécimes de herbário e de museus • Relatos históricos e orais de pessoas familiares com a área do projeto antes do dano • Evidência paleoecológica, por exemplo pólen fóssil, carvão, anéis de árvores e fezes de roedores O valor da referência aumenta com o aumento da informação que ela contém, mas cada inventário é comprometido pelas limitações de tempo e recursos. Minimamente, o inventário ecológico básico deve ter os atributos mais relevantes do ambiente abióticos e os aspectos importantes da biodiversidade como a composição de espécies e estrutura de comunidade. Além disso, ele identifica os eventos periódicos estressantes normais que mantém a integridade do ecossistema. Descrições de referência para ecossistemas culturais devem identificar as práticas culturais que são críticas para a restauração e posteriormente para o manejo do ecossistema. A descrição da referência é complicada por dois fatores que devem ser equilibrados para assegurar sua qualidade e utilidade. Primeiro, uma área de referência deve ser normalmente selecionada por sua expressão bem desenvolvida da biodiversidade, enquanto que uma área em restauração exige geralmente um estágio ecológico mais inicial. Neste caso, a referência precisa de uma interpolação para um estágio anterior para fins de planejamento e avaliação. A necessidade de interpretação diminui onde o estágio de desenvolvimento é suficientemente avançado para uma comparação direta com a referência. Segundo, onde o objetivo de restauração é o ecossistema natural, quase todas referências disponíveis terão sofrido algum tipo adverso de impacto humano que não deve ser copiado. Portanto, a referência pode exigir alguma interpretação para remover estas fontes de erro. Por causa destas razões, a preparação da descrição da referência exige experiência e julgamentos ecológicos sofisticados. 1 Fundamentos de Restauração Ecológica SER www.ser.org Planejamento da Restauração Seção 8: Relação entre Restauração Prática e Ecologia da Restauração Seção 9: Na análise de atributos, os atributos são avaliados em relação a lista da seção 3. Nesta estratégia, dados quantitativos e semi-quantitativos do monitoramento programado e de outros inventários são úteis para julgar o grau em que cada objetivo foi atingido. A análise de trajetória é uma estratégia promissora, mas ainda em desenvolvimento, para interpretar grandes conjuntos de dados comparativos. Nesta estratégia, dados coletados periodicamente na área em restauração são plotados para estabelecer tendências. Tendências que levam à condição da referência confirmam que o ecossitema está seguindo a trajetória pretendida. Avaliações incluem também os objetivos e metas relativas a questões culturais, econômicas e sociais. Para estas, as técnicas de avaliação podem incluir aquelas das ciências sociais. A avaliação dos objetivos sócio- econômicos é importante para os agentes e também para políticos que autorizam e financiam projetos de restauração. O planejamento da restauração inclui, no mínimo, o seguinte: • Justificativa clara de porque a restauração é necessária • Descrição ecológica da área escolhida para restauração • Declaração das metas e objetivos do projeto de restauração • Escolha e descrição da referência • Explicação sobre como a restauração proposta irá integrar-se com a paisagem e seus fluxos de organismos e matéria • Planos explícitos, cronogramas e orçamentos para preparação da área, atividades de instalação e pós instalação, incluindo uma estratégia para correções imediatas no decorrer do projeto • Padrões de performance bem desenvolvidos, com protocolos de monitoramento por meio dos quais o projeto possa ser avaliado • Estratégias para proteção e manutenção a longo prazo do ecossistema restaurado Onde for possível, ao menos uma área controle deve ser incluída na área do projeto, com o propósito de comparação com o ecossistema restaurado. Restauração ecológica é a prática de restaurar ecossistemas, conduzida por profissionais em projetos em locais específicos, enquanto que ecologia da restauração é a ciência na qual é baseada esta prática. Ecologia da restauração idealmente provê conceitos claros, modelos, metodologias e ferramentas para os profissionais basearem sua prática. Algumas vezes o profissional e o ecologista da restauração são a mesma pessoa, o nexo da prática e teoria. O campo da ecologia da restauração Fundamentos de Restauração Ecológica SER 1 www.ser.org não é limitado ao serviço da prática de restauração. Ecologistas da restauração podem avançar a teoria ecológica através do uso de restaurações como áreas experimentais. Por exemplo, a informação resultante das restaurações poderiam ser úteis para resolver questões relativas à regras de montagem (assembly rules) de comunidades bióticas. Além disso, ecossistemas restaurados podem servir como referências para áreas destinadas para conservação da natureza. Restauração ecológica é uma entre várias atividades que se esforça para alterar a biota e as condições físicas de uma área e é freqüentemente confundida com restauração. Estas atividades incluem recuperação, reabilitação, mitigação, engenharia ecológica e vários tipos de manejo de recursos como vida silvestre, pesca, pastagens nativas, agroflorestas e silvicultura. Todas estas atividades podem sobrepor-se ou até serem restaurações de fato se satisfizerem todos critérios na seção 3 deste documento. Em relação a outros tipos de atividades, a restauração geralmente requer maiores cuidados posteriores para satisfazer todos estes critérios. Reabilitação divide com a restauração um foco em ecossistemas históricos ou pré existentes que servem como modelos ou referências, mas as duas atividades diferem em seus objetivos e estratégias. A reabilitação ou enfatiza a reparação de processos de ecossistema, produtividade e serviços, enquanto os objetivos da restauração também incluem o restabelecimento da integridade biótica pré-existente em termos de composição de espécies e estrutura de comunidade. Não obstante, restauração, conforme concebido genericamente aqui, provavelmente inclui a maior parte dos projetos previamente identificados como reabilitação. O termo recuperação, conforme usado no contexto das áreas de mineração da América do Norte e Reino Unido, tem uma aplicação ainda mais ampla que reabilitação. As metas principais da recuperação incluem a estabilização do terreno, garantia da segurança, melhoria estética e freqüentemente o retorno da terra ao que, em determinada região, seja considerado como propósito útil. A revegetação, que é normalmente um componente da recuperação de terras, pode incluir o estabelecimento de apenas uma ou poucas espécies. Projetos de recuperação que tenham enfoque mais ecológico podem ser considerados como reabilitação ou até restauração. Mitigação é uma ação que pretende compensar o dano ambiental. Mitigação é geralmente exigida nos EUA como uma condição para emissão de licença para loteamento ou projetos públicos que causem dano a áreas úmidas. Alguns, mas possivelmente poucos, projetos de mitigação satisfazem os atributos dos ecossistemas restaurados listados na seção 3 e por isso podem até qualificarem-se como restaurações. O termo criação tem tido algum uso recente, particularmente em respeito a projetos que são conduzidos como mitigação em áreas totalmente isentas de vegetação. O termo alternativo fabricação é empregado algumas vezes. Freqüentemente, o processo de abrir uma área causa dano suficiente no ambiente Relação entre restauração e outras atividades Seção 10: 1 Fundamentos de Restauração Ecológica SER www.ser.org para exigir a instalação de um tipo diferente de ecossistema daquele que ocorreu historicamente. Criação que é conduzida como uma engenharia supervisionada ou arquitetura de paisagem não pode qualificar como restauração, porque ela inicia um desenvolvimento de ecossistema ao longo de uma trajetória preferida e por isso permite que um processo autogênico guie o desenvolvimento secundário com pouca ou nenhuma interferência humana. Engenharia ecológica envolve manipulação de materiais naturais, organismos vivos e o ambiente físico químico para atingir objetivos antrópicos específicos e resolver problemas técnicos. Portanto, ela difere da engenharia civil, que se baseia em materiais feitos pelo homem como concreto e aço. Previsibilidade é uma consideração primária em todos projetos de engenharia, ao passo que a restauração reconhece e aceita o desenvolvimento imprevisível e considera objetivos além do pragmatismo restrito e inclui a biodiversidade, integridade de ecossistema e saúde. Quando a previsibilidade não é uma questão, o escopo de muitos projetos de engenharia ecológica pode ser expandido até que eles possam ser qualificados como restauração. Restauração ecológica muitas vezes é somente um entre muitos elementos dentro de um empreendimento público ou privado mais amplo tais como grandes projetos de desenvolvimento urbano, programas de manejo de bacias hidrográficas ou de ecossistemas e conservação da natureza. Gestores destes projetos com interesses mais amplos precisam estar conscientes das complexidades e custos envolvidos no planejamento e implementação da restauração ecológica. Grandes economias podem ser feitas através de cuidadosa coordenação das atividades de restauração com outros aspectos destes programas. Por esta razão, gestores de projetos irão beneficiar-se ao reconhecer a restauração ecológica como um componente integrante destes programas Se isto for feito, o restaurador poderá contribuir significativamente para todos os aspectos relacionados à restauração. Além disto, o restaurador estará em posição de assegurar que a restauração ecológica foi bem concebida e totalmente implementada. Desta maneira, o bem público é atendido. Nossa missão é promover a restauração ecológica como um meio de sustentar a Integração da restauração ecológica em programas amplos Seção 11:
Docsity logo



Copyright © 2024 Ladybird Srl - Via Leonardo da Vinci 16, 10126, Torino, Italy - VAT 10816460017 - All rights reserved