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Técnico em Metalurgia
Aula 16
Ensaios Destrutivos e Não
Destrutivos
Líquido Penetrante
Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Introdução 2 Depois do ensaio visual, o ensaio por líquidos penetrantes é o ensaio não destrutivo mais antigo. Ele teve início nas oficinas de manutenção das estradas de ferro, em várias partes do mundo. Naquela época, começo da era industrial, não se tinha conhecimento do comportamento das descontinuidades existentes nas peças. E quando estas eram colocadas em uso, expostas a esforços de tração, compressão, flexão e, principalmente, esforços cíclicos, acabavam se rompendo por fadiga. Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Introdução Este teste era muito passível de erros, pois não havia qualquer controle dos materiais utilizados - o óleo, o querosene e o giz. Além disso, o teste não conseguia detectar pequenas trincas e defeitos sub-superficiais. Testes mais precisos e confiáveis só apareceram por volta de 1930, quando o teste do “óleo e giz” foi substituído pelo de partículas magnéticas. 5 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Introdução Somente em 1942, nos Estados Unidos, Roberto C. Switzer, aperfeiçoando o teste do “óleo e giz”, desenvolveu a técnica de líquidos penetrantes, pela necessidade que a indústria aeronáutica americana tinha de testar as peças dos aviões, que são até hoje fabricadas com ligas de metais não ferrosos, como alumínio e titânio, e que, conseqüentemente, não podem ser ensaiados por partículas magnéticas. 6 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Descrição do Ensaio Hoje em dia, o ensaio por líquidos penetrantes, além de ser aplicado em peças de metais não ferrosos, também é utilizado para outros tipos de materiais sólidos, como metais ferrosos, cerâmicas vitrificadas, vidros, plásticos e outros que não sejam porosos. Sua finalidade é detectar descontinuidades abertas na superfície das peças, como trincas, poros, dobras que não sejam visíveis a olho nu. 7 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Preparação e Limpeza A limpeza da superfície a ser ensaiada é fundamental para a revelação precisa e confiável das descontinuidades porventura existentes na superfície de ensaio. O objetivo da limpeza é remover tinta, camadas protetoras, óxidos, areia, graxa, óleo, poeira ou qualquer resíduo que impeça o penetrante de entrar na descontinuidade. 10 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Preparação e Limpeza Para remover esses resíduos sem contaminar a superfície de ensaio utilizam-se solventes, desengraxantes ou outros meios apropriados. A próxima tabela apresenta alguns contaminantes, descreve seus efeitos e indica possíveis soluções para limpeza e correção da superfície de exame. 11 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Preparação e Limpeza Contaminantes e sua remoção: 12 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Remoção do Excesso de Penetrante Decorrido o tempo mínimo de penetração, deve- se remover o excesso de penetrante, de modo que a superfície de ensaio fique totalmente isenta do líquido - este deve ficar retido somente nas descontinuidades. Esta etapa do ensaio pode ser feita com um pano ou papel seco ou umedecido com solvente: em outros casos, lava-se a peça com água, secando-a posteriormente, ou aplica-se agente pós- emulsificável, fazendo-se depois a lavagem com água. 15 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Remoção do Excesso de Penetrante 16 Uma operação de limpeza deficiente pode mascarar os resultados, revelando até descontinuidades inexistentes. Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Revelação Para revelar as descontinuidades, aplica-se o revelador, que nada mais é do que um talco branco. Esse talco pode ser aplicado a seco ou misturado em algum líquido. 17 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Revelação 20 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Inspeção No caso dos líquidos penetrantes visíveis, a inspeção é feita sob luz branca natural ou artificial. O revelador, aplicado à superfície de ensaio, proporciona um fundo branco que contrasta com a indicação da descontinuidade, que geralmente é vermelha e brilhante. Para os líquidos penetrantes fluorescentes, as indicações se tornam visíveis em ambientes escuros, sob a presença de luz negra, e se apresentam numa cor amarelo esverdeado, contra um fundo de contraste entre o violeta e o azul. 21 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Limpeza Após a inspeção da peça e a elaboração do relatório de ensaio, ela deve ser devidamente limpa, removendo-se totalmente os resíduos do ensaio; esses resíduos podem prejudicar uma etapa posterior no processo de fabricação do produto ou até o seu próprio uso, caso esteja acabado. 22 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Curiosidade A luz negra tem a propriedade de causar o fenômeno da fluorescência em certas substâncias. Sua radiação não é visível. É produzida por um arco elétrico que passa pelo vapor de mercúrio. 25 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Curiosidade Entre os eletrodos forma-se um arco elétrico que passa pelo vapor de mercúrio, resultando na luz negra. Fluorescência é a capacidade que certas substâncias têm deabsorver radiações não visíveis (luz não visível) de uma determinada fonte e convertê-la em radiações visíveis (luz visível). 26 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Vantagens Podemos dizer que a principal vantagem deste método é sua simplicidade, pois é fácil interpretar seus resultados. O treinamento é simples e requer pouco tempo do operador. Não há limitações quanto ao tamanho, forma das peças a serem ensaiadas, nem quanto ao tipo de material. O ensaio pode revelar descontinuidades extremamente finas, da ordem de 0,001mm de largura, totalmente imperceptíveis a olho nu. 27 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Características • apresentar grande brilho; • ser estável quando estocado ou em uso; • ter baixo custo; • não deve perder a cor ou a fluorescência quando exposto ao calor, luz branca ou luz negra; • não deve reagir com o material em ensaio, e nem com a sua embalagem; • não pode ser inflamável; • não deve ser tóxico; • não deve evaporar ou secar rapidamente; • em contato com o revelador, deve sair em pouco tempo da cavidade onde tiver penetrado. 30 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Características Como você viu, ser um líquido penetrante não é tão simples assim. É bom saber que nenhuma dessas características, por si só, determina a qualidade do líquido penetrante: a qualidade depende da combinação destas características. 31 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Características Como você viu, ser um líquido penetrante não é tão simples assim. É bom saber que nenhuma dessas características, por si só, determina a qualidade do líquido penetrante: a qualidade depende da combinação destas características. 32 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tipos de Líquido Penetrante • Pós-emulsificáveis: Neste caso, os líquidos penetrantes são fabricados de maneira a serem insolúveis em água. A remoção do excesso é facilitada pela adição de um emulsificador, aplicado em separado. Este combina-se com o excesso de penetrante, formando uma mistura lavável com água. • Emulsificador é um composto químico complexo que, uma vez misturado ao líquido penetrante à base de óleo, faz com que o penetrante seja lavável pela água. Ele é utilizado na fase de remoção do excesso. 35 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tipos de Líquido Penetrante • Removíveis por solventes: Estes tipos de líquidos penetrantes são fabricados de forma a permitir que o excesso seja removido com pano seco, papel-toalha ou qualquer outro material absorvente que não solte fiapo, até que reste uma pequena quantidade de líquido a superfície de ensaio; esta deve ser então removida com um solvente removedor apropriado. 36 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tipos de Líquido Penetrante 37 A combinação destas cinco características gera seis opções diferentes para sua utilização. Veja o quadro abaixo. Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tipos de Líquido Penetrante • Penetrante fluorescente pós-emulsificável: É mais brilhante que os demais, tem grande sensibilidade para detectar defeitos muitos pequenos e/ou muito abertos e rasos. É um método muito produtivo, pois requer pouco tempo de penetração e é facilmente lavável, mas é mais caro que os outros. • Penetrante visível (lavável por solvente, em água ou pós-emulsificável): Estes métodos são práticos e portáteis, dispensam o uso de luz negra, mas têm menos sensibilidade para detectar defeitos muito finos; a visualização das indicações é limitada. 40 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tipos de Líquido Penetrante 41 As características dos penetrantes sem dúvida nos ajudarão a escolher o método mais adequado para um determinado ensaio, porém o fator mais importante a ser considerado são os requisitos de qualidade que devem constar na especificação do produto. É com base nestes requisitos que devemos escolher o método. Não se pode simplesmente estabelecer que todas as descontinuidades devem ser detectadas, pois poderíamos escolher um método mais caro que o necessário. Precisamos estar conscientes de que a peça deve estar livre de defeitos que interfiram na utilização do produto, ocasionando descontinuidades reprováveis. Com base nesses aspectos, um método mais simples e barato pode ser também eficiente para realizar o ensaio. Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Revelador 42 O revelador é aquele talco que suga o penetrante das descontinuidades para revelá-las ao inspetor; Além de cumprir esta função, deve ser capaz de formar uma indicação a partir de um pequeno volume de penetrante retido na descontinuidade, e ter capacidade de mostrar separadamente duas ou mais indicações próximas. Para atender a todas estas características, tem de possuir algumas propriedades. Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tipos de Revelador 45 • revelador aquoso: Neste tipo de revelador, o pó misturado com água pode ser aplicado por imersão, derramamento ou aspersão (borrifamento). Após a aplicação, as peças são secas com secador de cabelo, ou em fornos de secagem. • revelador úmido não aquoso: Neste caso, o talco está misturado com solventes-nafta, álcool ou solventes à base de cloro. Eles são aplicados com aerossol ou pistola de ar comprimido, em superfícies secas. A função principal desse revelador é proporcionar um fundo de contraste branco para os penetrantes visíveis, resultando em alta sensibilidade. • revelador em película: É constituído por uma película adesiva plástica contendo um revelador que traz o líquido penetrante para a superfície. À medida que a película seca, formam-se as indicações das descontinuidades. Este método permite que, após o ensaio, possa destacar-se a película da superfície e arquivá-la. Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Escolha do Conjunto Hoje já existem no mercado kits que fornecem o produto de limpeza (solvente), o líquido penetrante e um revelador. Estes kits são de grande valia, pois facilitam muito a vida do inspetor. Mas devemos consultar as especificações de ensaio para poder escolher o kit com os produtos mais adequados. 46 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Exercícios Marque com um X a resposta correta: 1. O ensaio por líquidos penetrantes teve seu início: a) ( ) na fabricação de cascos de navios; b) ( ) nas pontes da África; c) ( ) nas torres de alta tensão americana; d) ( ) nas oficinas de manutenção das estradas de ferro, em várias partes do mundo. 2. Numere de 1 a 5, a seqüência correta de execução do ensaio por líquidos penetrantes. a) ( ) remoção do excesso de líquido penetrante; b) ( ) preparação e limpeza da superfície de ensaio; c) ( ) revelação; d) ( ) aplicação do líquido penetrante; e) ( ) inspeção e limpeza da peça. 47