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A NATUREZA DE UM GÁS
CAPÍTULO
Todo sólido ou líquido pode se transformar
em gás, e todos os gases podem se transformar em
líquido ou sólido. Em condições ordinárias de
temperatura e pressão, o ar que circunda a Terra
é um gás. Em outras circunstâncias, no entanto,
é líquido, e uma importante indústria vive de
liquefazer o ar, resfriando-o. A familiar neve car-
bônica, chamada gélo sêco, transforma-se em gás
sob nossos olhos. Quando levada à fervura, a água
se torna vapor, quê é água gasosa ou vapor de
água. (As substâncias que se apresentam normal-
mente no estado líquido, quando gaseificadas,
são denominadas vapóres). O vapor de água resul-
tante do ar quente e úmido do verão, se condensa
em orvalho, ao contacto com as superfícies mais
frias. Mesmo os metais mais resistentes ao calor
se transformam em gases, quando suficientemente
aquecidos. Quase tódas as chamas são gases in-
candescentes, que resplandecem e formam rede-
moinhos. “Fais chamas resultam da queima de
tôóda substância sólida.
Pelo estudo da forma gasosa da matéria, utili-
zando meios singelos, começamos a ter uma idéia
da linha seguida pela física e química na solução
dos problemas da natureza da matéria. Como
pode a estrutura corpuscular da matéria, o arran-
jo de seus átomos, determinar a natureza do
mundo material? Acontece que a natureza atô-
mica e molecular de um gás, que não pode ser
demonstrada com configurações nítidas e ordena-
das como as dos cristais, auxilia muito a com-
preensão da natureza de tôda a matéria. É o que
iremos ver agora. Seu desenvolvimento mais com-
pleto exigiria um estudo melhor da física do mo-
vimento do que o feito até agora, e que será visto
mais detalhadamente no Capítulo 26. A imagem
de um gás, tal como estamos para descréver, foi
o primeiro fruto da compreensão atômica da ma-
téria, e serve como base na tentativa que a ciência
vem fazendo de estender esta imagem, ainda em
desenvolvimento, às formas mais complexas da
matéria, Seu sucesso é mais um testemunho em
favor da profundidade e alcance da representa-
ção atômica,
9 — 1. Modêlos físicos
Para compreender o comportamento dos gases,
construiremos o modélo de um gás. Que quere-
mos dizer com a palavra modêlo?
Um modêlo não significa apenas uma réplica
reduzida de um objeto, como o modêlo de um
navio ou um aeromodêlo. Significa uma idéia,
uma imagem, um sistema de conceitos que a in-
tuição criadora e o trabalho árduo levaram a
julgar como descritivos das coisas que investiga-
mos. Por exemplo, quando falamos no modêlo
de uma nuvem, não imaginamos uma nuvenzinha
em escala que pode ser feita de algodão. Quere-
mos dizer muito mais que isto. Nosso modélo de
uma nuvem é a nossa descrição do que acontece
nas nuvens — as correntes ascendentes, a turbu-
lência, a condensação, a chuva e a neve — tudo
isto em função do que podemos medir no labora-
tório, e em térmos das idéias e leis físicas testa-
das, que mostram as relações entre tais medidas.
Ao elaborar tal modêlo, esperamos que êle in-
clua as caracteristicas essenciais dos problemas
físicos ou sistemas que estamos investigando, com
a certeza, entretanto, de que êle não pode ter
tódas es: . Nenhum modêlo é per-
feito: assim o prova a história. Tanto o modêlo
abstrato, feito de idéias, quanto o modélo tangi-
vel de plástico e arame, não são de todo fiéis.
Por isso, os modelos são testados para verificação
do quanto se aproximam da coisa real.
O primeiro teste a que se submete um modélo
consiste em examiná-lo de um modo lógico para
verificar as propriedades que deve ter o sistema
físico por êle representado, Tais propriedades são
depois pesquisadas no laboratório. Uma concor-
dância razoável entre as propriedades aguardada
em função do modêlo e as realmente encontradas,
é um bom sinal. Provavelmente o modêlo pode
ser melhorado. E, com o aperfeiçoamento, se tor-
na mais e mais preciso, mais e mais completo.
Finalmente, os modélos que resistiram a vários
testes, que predizem satisfatóriamente muitas coi-
sas, € sugerem novas e inesperadas experiências,
as quais, por sua vez, concordam com o modêlo,
confirmam-no ou o estendem — tais modelos são
o conteúdo das teorias físicas,
É inútil ampliar um mapa, e julgar que éle
pode ser confundido com a região que representa,
ou analisar maçanêtas de latão de uma casa de
bonecas e esperar encontrar o mesmo número de
átomos existentes em uma maçanêta de tamanho
real, Os modelos precisam observar a escala apro-
priada. Não se deve esperar que um modêlo seja
exato num domínio com ordem de grandeza
muito além daquela para a qual foi construído.
Apesar disso, os bem sucedidos modelos físicos
são melhores do que se poderia antecipar. Con-
servamos os que resistiram aos rigorosos testes,
os que permitiram um alcance além da escala de
grandezas para a qual foi montada a imagem
original. Mesmo assim, mais cedo ou mais tarde,
submetidos a exames minuciosos, aparecem limi-
tações. Por exemplo, demos um modélo atômico
«da matéria: tôda matéria foi descrita em térmos
de unidades fundamentais — os átomos, Mas não
descrevemos a natureza interior dos átomos, a
qual exige uma teoria diferente, um modêlo di-
ferente, que é uma extensão do modêlo anterior,
já discutido.
Nossos modelos, as teorias físicas agora dispo-
níveis, descrevem muito de nosso mundo. Ama-
nhã, elas se alargarão, tornar-se-ão mais comple-
tas, e descreverão mais e mais o mundo natural,
à medida que éle fôr sendo desvendado através
da experimentação,
181
A NATUREZA DE UM GÁS
CRISTAL LIQUIDO
9 — 1. Estados da matéria. Sob condições apropriadas,
qualquer substância pode existir como um sólido, liquido,
ou gás, Q iódo está representado acima, em cada um
dêsses estados. Como um sólido (cristal), as partículas es-
tão rígida e intimamente ligadas. Como um líquido, as
moléculas mantêm-se um pouco afastadas e têm maior
liberdade de movimento. Como um gás, as moléculas se
acham grandemente distanciadas e com ampla liberdade
de movimento. Observe que as moléculas são do mesmo
tamanho (cérca de 6X 10"m) nos três estados. Numa
mudança de estado, varia a distância entre as moléculas,
mas seu tamanho permanece inalterado. (De “General
Chemistry” 2º Ed. Linus Pauling, Copyright, 1949, 1950,
1953, W. H. Freemann & Co).
9 — 2. O modêlo molecular de um gás
Quando inventamos qualquer modélo para ex-
plicar o comportamento do mundo que nos cerca,
guiamo-nos pelos fatos proeminentes que quere-
mos explicar. No Capítulo 8, esboçamos um
modêlo para os gases, e mencionamos algumas
de suas propriedades mais notáveis: verificamos
que (1) êles são facilmente compressíveis em com-
paração com os sólidos e líquidos; (2) têm grande
mobilidade, chegando mesmo a se interpenetra-
rem facilmente; e (3) suas densidades são baixas
184 À NATUREZA DE UM GÁS
válvula aberta
9 — 5. Aparelho para investigar a pressão de um gás.
Quando a válvula está aberta, o nível do mercúrio é o
mesmo ambos os lados do tubo, Podemos adicionar
um número definido de moléculas no espaço V,, pelo
tubo à direita,
expansão. As moléculas vão de encontro às pare-
des e são rebatidas, como uma chuva de granizo;
elas exercem uma pressão momentânea contra as
paredes (Fig 9 — 3). Esta sucessão de choques
momentâneos é a pressão que empurra as pare-
des e resiste à compressão.
O empurrão exercido contra uma parede é per-
pendicular a ela. As moléculas se movem para a
parede, vindas de tôdas as direções, de modo que
qualquer empurrão de uma molécula da direita
para a esquerda é contrabalançado pelo empur-
rão de outra, da esquerda para a direita, Mas
tôdas as moléculas exercem pressão para fora,
contra a parede; e não há uma fórça contrária
pressionando para dentro, a não ser a reação da
parede.
Será que o empurrão contra a parede varia de
um ponto para outro? Se o gás é uniforme, o
número médio de moléculas colidindo em cada
unidade de área será o mesmo em tôdas as par-
tes, € o gás empurrará sem preferência, para fora,
em tôdas as direções. É claro que se um número
maior de moléculas colidir com uma certa área,
esta será empurrada com mais intensidade, mas
há tantas moléculas incidindo sôbre qualquer
área apreciável, que tais efeitos se uniformizam
em muito curto tempo. Apenas o tamanho da
área empurrada deveria ser tomado em conside-
ração. Efetivamente, o valor do empurrão é pro-
altura extra N
válvula fechada
mercúrio
9 — 6, Acrescentamos moléculas adicionais ao espaço V.,
e fechamos a válvula, A coluna de mercúrio se eleva à
esquerda, medindo a pressão extra
porcional à área que recebe o bombardeio mole-
cular, A fórça uniforme perpendicular por uni-
dade de área é o que chamamos de pressão do
gás (Fig. 9 — 4). É uma grandeza importante que
podemos medir equilibrando-a com a fôrça da
gravidade sôbre algumas massas-padrão,
Podemos investigar experimentalmente a pres-
são exercida por um gás confinado, do seguinte
modo. Enche-se com mercúrio a parte inferior de
um tubo aberto ao ar pelas duas extremidades
(Fig. 9 — 5). A altura do mercúrio é, então, a
mesma em ambos os lados do tubo, O lado direito
do tubo se abre num espaço gasoso V,, de volume
definido. Uma válvula permite isolar êste volume
do ar exterior. Ainda mais, através do tubo com
a válvula, podemos forçar quantidades adicionais
de gás para o espaço V,.
Suponha que tomamos um saco plástico de
volume definido, V, por exemplo. Quando cheio
de ar e aberto para a atmosfera, o saco contém
um número definido de moléculas (realmente,
ValV, vêzes o número de moléculas já presentes
em V). Prendemos, então, o saco plástico ao ter-
minal direito do tubo (Fig. 9 — 5), Pressionamos
o gás que está no saco até forçá-lo todo para
dentro do volume P,. Fechando a válvula pode-
mos manter o gás comprimido neste volume, que
contém agora mais moléculas do que antes. O
bombardeio da superfície do mercúrio no reci-
piente da direita aumentou porque há mais mo-
léculas no mesmo volume. A pressão extra em-
o
o
a
o
Pressão em cm de mercúrio
» »
So o
o
o
Lo 20 30 x 10%
Número de moléculas por m*
9 — 7. Pressão adicional em função do número de mo-
léculas por unidade de volume, à temperatura do gélo
fundente.
purra para baixo o mercúrio dêste lado; em con-
úência, o mercúrio se eleva à esquerda (Fig.
9 — 6). À altura extra do mercúrio, à esquerda,
mede a pressão extra, isto é, a pressão resultante
do bombardeio das moléculas-extra que forçamos
para o recipiente.
Se trazemos outro saco plástico cheio de ar, e
forçamos de nôvo êste ar para dentro do volume
- da direita, totalizaremos duas porções extra de
moléculas em V,. De acórdo com nosso modêlo,
esperamos que a pressão extra do mercúrio fósse,
então, duplicada, Verificamos, de fato, que a al-
tura do mercúrio, no lado esquerdo, subiu nova-
mente de uma quantidade igual àquela quando
foi introduzida a primeira carga de moléculas.
Podemos continuar adicionando números conhe-
cidos de moléculas no volume F, da direita, e
medindo a ascensão do mercúrio, à esquerda. Ve-
rificamos, com essas medidas, que a pressão se
eleva na razão direta do número de moléculas
em um dado volume (Fig. 9 — 7).
Suponha que fazemos esta experiência à tempe-
ratura de fusão do gêlo. A esta temperatura, co-
nhecemos o número de moléculas de qualquer
gás que ocupa um volume determinado à pressão
atmosférica normal. Aprendemos no Capítulo 8
que um mól (6,025 x 1023 moléculas); ocupa
22,4 litros a esta temperatura; e há, portanto,
2,70 x 102º moléculas /m?, Sabemos, consequente-
mente, quantas moléculas introduzimos em V.
Por exemplo, se Vs, o volume de um saco, é 1
litro (ou seja 10-3 mº), cada carga do saco é de
2,70 x 102º moléculas /êm x 10-23 m3 = 2,70 x 1022
moléculas. Pela altura da coluna de mercúrio à
A NATUREZA DE UM Gás 185
esquerda sabemos, também, a pressão por elas
exercida. À temperatura do gélo em fusão, verifi-
camos que, para 2,70 x 1025 moléculas /mº, a
pressão do gás suporta uma coluna de mercúrio
de 76cm de altura, E, em geral, desde que a
pressão é proporcional ao número de moléculas
por unidade de volume, pode ela ser expressa por
Pressão em em de altura de mercúrio
em de altura de mercúrio
N.º de moléculas /mº
2,70 x 1025 moléculas /mê
Em símbolos, temos
Pp N/V N
=> qu P=20 x 10-u —;
76 2,70x 1025 r
onde N/V é o número N de moléculas dividido
pelo volume V que elas ocupam, P é expresso em
cms de altura de mercúrio suportados, e o volume
V, em m3. a
Verificamos, no Capítulo 8, que o volume
ocupado por um certo número de moléculas, à
pressão atmosférica, é independente do tipo de
molécula. Podemos, agora, usando gases diferen-
tes, verificar se a pressão depende da natureza do
gás. Comprovamos com essas experiências que,
em geral, a pressão depende do número de molé-
culas por unidade de volume, mas não da natu-
reza das moléculas. Todos os gases se comportam
da mesma maneira, quando suas densidades são
razoavelmente baixas, isto é, quando a distância
média entre as moléculas é grande em compara-
ção com suas dimensões.
Podemos repetir todo o conjunto das experién-
cias com um volume diferente V,, ao invés do
volume V,; obtemos, então, o mesmo resultado
em térmos do número de moléculas por unidade
de volume. Dêste modo, certificamo-nos ser a
pressão determinada por N/V, o número de mo-
léculas por unidade de volume.
Até agora, trabalhamos apenas à temperatura
do gélo em fusão, Podemos repetir estas ex-
periências à temperatura do vapor de água
em ebulição. Tudo resulta igual, com exceção
do fator de proporcionalidade que é agora
em de mercúrio
8,84x 1]0-u — ao invésde...
(moléculas /m?)
em de mercúrio
2,81 x. 10- + que encontramos
(moléculas /m?)
186 A NATUREZA DE UM GÁS
à temperatura do gêélo em fusão. Para outras
temperaturas, novamente a pressão é proporcio-
nal ao número de moléculas por unidade de vo-
lume, mas o fator de proporcionalidade difere,
dependendo da temperatura.
Em resumo, então, verificamos a partir destas
experiências que, a uma dada temperatura, a
9 — 8. Aparelho para demonstrar a lei de Boyle, A me-
dida que são colocados livros adicionais (massas) sôbre a
plataforma, o ar é comprimido no cilindro, e a altura
da coluna de ar se torna menor. O número de livros
usados serve como uma medida da pressão, e a altura da
coluna de ar indica o volume,
NY
Ed
o 1 2 3 4 5
Massa pressionando para baixo
(número de livros)
9 — 9. Curva da lei de Boyle. Obtivemos os valores acima
grafados com o aparelho da Fig. 9 — 8, Usando o apa-
relho indicado na Fig. 9 — 8, N/V não se torna zero
quando não há massa na plataforma, pois a pressão da
atmosfera ainda atua.
pressão exercida por um gás é proporcional ao
número de moléculas dividido pelo volume que
elas ocupam:
N
P=0—,
v
onde 6 é o fator de proporcionalidade. Este é o
resultado que se deveria esperar desde que as
moléculas não colidam demasiadamente umas
com as outras. Havendo espaço suficiente, o nú-
mero de moléculas que bombardeia as paredes
do recipiente depende do número presente na
região próxima à parede; em consegiiência, a
pressão deve ser proporcional a N/V, como veri-
ficamos. Se há o dôbro de moléculas por unidade
de volume — o dôbro na região próxima à pare-
de — então, o dôbro colidirá sôbre a mesma área
de parede em um tempo dado, e a pressão terá
valor duplo. Esta lei do comportamento de gases
é conhecida como lei de Boyle, em homenagem
a Robert Boyle, brilhante contemporâneo de
Newton, o primeiro a demonstrá-la experimental-
mente.
Você pode, também, demonstrar a lei de Boyle
fazendo experiências com uma amostra particular
de gás, contido num cilindro fechado por um
baseball movendo-se com grande velocidade bate
em você, quando tenta apanhá-la, com fórça
maior do que o faria uma bola que se movesse
lentamente. Portanto, a pressão sóbre a parede
deve aumentar se aumenta a velocidade de movi-
mento molecular e, baixar, se esta velocidade
diminui. O fator de proporcionalidade q da lei
de Boyle contém esta dependência da velocidade
do movimento molecular.
Mais um fator, pelo menos, entra na constante
de proporcionalidade 9. Uma bala de canhão e
uma bola de ping-pong que se movem com a
mesma velocidade, não atingem um objeto esta-
cionário com à mesma fórça. A bala de canhão,
tendo maior massa, atinge o alvo com fórça
maior que a bola de ping-pong. A massa mo-
lecular está, também, contida na constante de
proporcionalidade 4. Mas, quando aumentamos
a temperatura, não alteramos a massa molecular.
Uma garrafa de gás, a uma temperatura elevada,
apresenta a mesma massa em uma balança, que
a mesma garrafa a uma baixa temperatura. Por-
tanto, na imagem molecular dos gases, o aumen-
to de temperatura deve significar um aumento
das velocidades moleculares.
Devemos estender o modêlo molecular para in-
cluir a idéia de que uma temperatura mais ele-
vada significa velocidade molecular mais alta, A
experiência diária concorda em boa parte com
esta conclusão. Por exemplo, a elevação de tempe-
ratura acelera, em geral, as reações químicas. Isto
concorda com a idéia de que as moléculas estão,
pois, se movendo mais rápidamente. A velocida-
des mais elevadas, devem elas se chocar umas
contra as outras com maior fôrça e mais fregiuen-
temente. As colisões separariam as moléculas e
rearrumariam os átomos com maior frequência;
e, portanto, as reações processar-se-iam mais rápi-
damente.
Ainda mais, a idéia de que uma maior movi-
mentação molecular acompanha a elevação da
temperatura não deveria ser restrita aos gases.
Um gás aquecido comunicará sua temperatura
às frias regiões vizinhas, aumentando a veloci-
dade dos pequenos movimentos das moléculas
nos líquidos ou sólidos, e dos átomos nas molé-
culas.
Suponha que as paredes do recipiente sejam
feitas de metal, com seus átomos cuidadosamente
arrumados em cada um dos pequenos grânulos
cristalinos. Em geral, os átomos não podem aban-
donar suas posições na rêde cristalina; êles vi-
bram, porém, de um lado e outro de sua posição,
como faria um grande número de pequenas esfe-
ras montadas sôbre molas. Êste movimento in-
A NATUREZA DE UM GÁs 189
cessante é medido pela temperatura, do mesmo
modo que o movimento errante das moléculas
de um gás. As moléculas em movimento também
vibram internamente, um átomo contra outro,
além de executarem movimentos rotacionais. Às
vêzes, uma molécula do gás colide com um átomo
de um cristal na parede, fazendo-o vibrar mais
rapidamente. A molécula é rebatida, voltando
com velocidade menor. De vez em quando, uma
molécula vagarosa passando perto de um átomo
da rêde cristalina, e que está vibrando com rapi-
dez, é por éle arremessada, e se afasta com maior
velocidade. Esta constante troca da energia do
movimento atômico e molecular é o meio pelo
qual as temperaturas são igualadas, e o movi-
mento permanece.
Quando aquecidos, os sólidos se transformam
fundindo-se, ou mesmo vaporizando, se a tem-
peratura é suficientemente alta. O movimento
molecular se intensifica à medida que a tempera-
tura se eleva, até se tornar tão grande que os
átomos e moléculas pedem trocar de lugar, ou
mesmo se separar. Às temperaturas mais elevadas,
o movimento molecular é tão intenso que as mo-
léculas do gás colidem umas com as outras, e se
fragmentam. O gás fica reduzido a átomos. Esta
é a razão pela qual sómente são vistos os espectros
dos elementos, espectros dos átomos simples, em
fontes luminosas incandescentes a temperaturas
realmente elevadas.
Quando baixamos o pistão de uma bomba de
bicicleta, o pistão móvel se choca contra as molé-
culas de gás contidas na bomba, e aumenta as
velocidades moleculares. Velocidade maior im-
plica em temperatura mais elevada, do mesmo
modo como temperatura mais elevada significa
maior velocidade. O gás deveria se aquecer. Isto
acontece, realmente; a temperatura do gás pode
se elevar tanto, a ponto de se sentir quente o
exterior do cilindro. Nossa conexão entre veloci-
dade molecular e temperatura concorda, de nôvo.
Temperatura mais alta, maior velocidade.
Baixando a temperatura, as moléculas reduzem
seu movimento. Elas se movimentam lentamente.
Chegam afinal a se mover tão lentamente, que
as atrações moleculares podem levá-las a se uni-
rem, e não mais rebater após as colisões mútuas
ou com as paredes do recipiente. Se a tempera-
tura diminui para abaixo de 1009K, por exem-
plo, o ar se torna, primeiramente, líquido, e,
depois, sólido; seus dois componentes principais,
o nitrogênio e o oxigênio, sofrem estas mudanças
em temperaturas algo diferentes. A 5ºK e sob
pressão atmosférica comum, não há gases, e ape-
nas o hélio não se solidifica; êle se transforma
Ds
190 A NATUREZA DE UM GÁS
em um nóvo e extraordinário tipo de substância,
semelhante a um líquido, mas com propriedades
não encontradas em nenhuma outra substância
conhecida, £le é chamado um super-fluido,
As baixas temperaturas favorecem a ordem, a
regularidade, o encaixe cuidadoso dos átomos e
moléculas. Esta é a razão profunda existente por
trás do cristal e dos flocos de neve, A ordem se
liga ao frio. Em temperaturas elevadas temos o
reverso. Tudo está em movimento rápido, tudo
é desordem, caos. Dentre todo êste movimento
caótico, permanecem previsíveis os valores médios
da densidade, pressão, e outras propriedades.
Com efeito, as maravilhosas regularidades dos
gases dependem da desordem. O gás é todo movi-
mento e desordem; não há configurações regula-
res, nem formas específicas, ou densidades pre-
determinadas. O calor é desordem.
A vida parece requerer apenas a mistura
correta de ambas as formas: não pode funcionar
num estado congelado de completa e rígida or-
dem, embora possa sobreviver. Por outro lado,
não pode nem sobreviver a uma desordem dema-
siadamente grande. Para o desenvolvimento da
vida, a temperatura deve ser a apropriada. E,
tanto quanto sabemos no momento, a vida se
restringe ao ambiente especial em que vivemos,
ao limite de temperaturas entre aproximada-
mente 200 ºK e 400ºK. Trata-se de um intervalo
reduzido em um universo no qual a temperatura
varia de um par de graus Kelvin, em algumas
partes do espaço, à dezenas de milhões de graus
no centro das estréêlas.
Quando consideramos os átomos e moléculas,
as velocidades aumentam com a temperatura; a
ordem decresce. A ausência de movimento mo-
lecular é o mínimo que podemos obter, e não é
possível ordem mais perfeita que a reinante entre
as moléculas de uma configuração cristalina com-
pletamente congelada. O zero natural de tem-
peratura, 9=0, que obtemos por extrapolação
do comportamento dos gases a partir da região
na qual obedecem à lei de Boyle até às baixas
temperaturas, parece corresponder à velocidade
molecular nula. Não havendo velocidade mais
baixa, o zero parece ter um significado absoluto.
O zero na escala Kelvin (que coincide com 6 = 0)
é muitas vêzes chamado zero absoluto.
Lord Kelvin, o grande físico e engenheiro-ele-
tricista inglês, deu diversos argumentos para es-
tabelecer a escala Kelvin de temperatura, e a
idéia do zero absoluto. Seu raciocínio era baseado
nas leis gerais que servem para descrever a opera-
ção das máquinas térmicas. Estas leis não depen-
dem da concepção molecular. Portanto, o traba-
cilindro
1.º fenda girotório
2.º fenda
3.º fenda
9 — 11. Medindo a velocidade de moléculas. As moléculas
emergem do gás na estufa passando para o vácuo, « são
resolvidas num feixe estreito, pela segunda fenda. A ter-
ceira fenda admite um jato curto de moléculas no cilindro
giratório. Em consegiúência da rotação do cilindro, as
moléculas não incidem diretamente na parte oposta da
fenda, Valendo-se da posição em que elas incidem e da
velocidade de rotação do cilindro, pode-se calcular a ve-
locidade das moléculas. (De “Introduction to Atomic
Physics”, por O. Oldenberg, Mc Graw-Hill Book Com-
pany).
lho de Kelvin estabeleceu a escala de tempera-
tura e o significado do zero absoluto, independen-
temente da interpretação molecular das leis dos
gases. Por outro lado, a idéia de que não há
movimento molecular no zero absoluto, não é
tão segura. É tentadora à luz de nossa interpreta-
ção das leis dos gases, mas, chegando ao 0ºK,
extrapolamos muito além do domínio do com-
portamento de um gás. Todos os movimentos se
tornam movimentos de moléculas ou átomos
unidos entre si. Acreditamos hoje, que há um
mínimo para tais movimentos, e que o estado
mais frio não é tão inerte como indica a extra:
polação das leis dos gases. A extrapolação para o
zero absoluto passa a significar algo diferente da
extrapolação ao repouso absoluto.
Um resultado inesperado surgiu das leis dos ga-
ses. Uma amostra de dado múmero de moléculas
pesadas e outra de mesmo número de moléculas
leves exercem a mesma pressão nas paredes de
um determinado volume, a uma certa tempera-
tura. A pressão não depende da massa molecular,
nem da natureza das moléculas; depende sómente
do número de moléculas presentes, Isto é estra-
nho, porquanto esperamos que a pressão exercida
contra uma parede por uma chuva de bolas de
baseball seja mais forte que a exercida por uma
chuva de granizo. Parece haver sómente uma
explicação: para um determinado valor da tem-
peratura, as moléculas pesadas devem se mover
mais vagarosamente que as leves. Medindo as ve-
locidades com que moléculas de gases, à mesma
temperatura, passam através de uma abertura
para o vácuo (Fig. 9 — 11), verificamos que as
moléculas pesadas, na realidade, se movem com
velocidades médias inferiores às das moléculas
9 — 12. Movimento browniano. Imagem do movimento
errático de uma partícula, obtida por fotografias sucessi-
vas tomadas cada 20 segundos, Em cada intervalo de
tempo, a partícula moveu-se de um ponto para o seguinte.
Entre duas fotos sucessivas a partícula pode perfeitamente
ter realizado um trajeto errático semelhante à trajetória
total da figura.
leves. De fato, as experiências indicam que mv?,
o valor médio da massa molecular multiplicado
pelo quadrado da velocidade molecular, é pro-
porcional à temperatura.
É fácil verificar aproximadamente como sur-
gem estas diferenças de velocidade. O movimento
molecular não se realiza por magia. As moléculas
se movem porque são atingidas por outras molé-
culas em movimento. As mais pesadas são postas
em movimento com mais dificuldade, e, o mesmo
choque, poria as moléculas mais leves em movi-
mento mais rápido. Isto sugere, embora não
prove, o resultado observado.
A natureza do calor e da temperatura constitui
uma história demasiadamente rica para ser en-
cerrada com êstes parágrafos; nos capítulos pos-
teriores se avança um pouco mais (Capítulo 26).
Quando chegarmos ao estudo da mecânica, dare-
mos razões mais detalhadas, mostrando que a
temperatura de um gás é proporcional a mv?
Um estudo posterior, que não podemos abordar
neste livro, indica que, se esperarmos suficiente-
mente, os valores médios de mv?, para diferentes
tipos de moléculas que se chocam umas com as
outras, tornar-se-ão iguais. À temperatura tende a
A NATUREZA DE UM GÁs 191
9 — 13. No princípio déste século
Jean Perrin observou cuidadosamente
os números de pequenas partículas
suspensas em várias profundidades de
um líquido. £le verificou uma dis-
tribuição de partículas suspensas aná-
loga à aqui ilustrada em escala am-
pliada. Ela se assemelha à distribui-
ção de moléculas em um gás. As
partículas na parte mais alta da sus-
pensão (ou as moléculas superiores
no gás) pressionam as de baixo e as
ajustam. As mais próximas do fundo
têm sóbre si a maior parte das mo-
léculas e, por isso, são mais em-
purradas, ficando mais próximas, re-
sultando ser a densidade maior pró-
ximo ao fundo, Isto ilustra o que
acontece na atmosfera terrestre, na
qual metade da massa está nos pri-
meiros 5,5km acima da superfície
da Terra. À medida que subimos,
diminui a densidade do ar.
se igualar exatamente dessa forma. Na bomba da
bicicleta, após a compressão, os movimentos das
moléculas no gás quente perdem velocidade,
enquanto que as outras moléculas em volta au-
mentam de velocidade. Após algum tempo, as
temperaturas da bomba e das regiões vizinhas se
igualam para um valor próximo ao da tempera-
tura original do maior conjunto de moléculas.
9 — 6. Movimento browniano
e ruído Johnson
Em uma escala suficientemente pequena, a
densidade de um gás depende do pequeno vo-
lume que você considere. Aqui e ali uma molé-
cula se desloca; o resto do espaço é vazio. A
densidade constante, que normalmente observa-
mos, deve ser um valor médio: o número de
moléculas contidas num pequeno cubo, contado
várias vêzes em momentos diversos, e tomada a
média dos resultados (Ver Fig. 9 — 2). O mesmo
acontece com a pressão. A pressão que detetamos
por pesada ou com um manômetro, é também
uma pressão média, média essa efetuada no es-
paço e no tempo. Um minúsculo e sensível manô-
metro flutuaria enormemente, indicando pressão
elevada quando uma molécula nêle incidisse, e
pressão baixa quando nenhuma molécula esti-
vesse presente. Com um manômetro dêste tipo
obteríamos uma evidência direta dos movimentos
caóticos das moléculas dos gases, mas nossos ma-
nômetros usuais indicam apenas valores médios.
194 A NATUREZA DE UM GÁS
grande deslocamento na posição do feixe de luz
refletida, podemos detetar estas flutuações.
O movimento browniano estabelece claramente
um limite no uso de pequenos instrumentos para
medir pequenas grandezas, O travessão de uma
balança é submetido a movimento browniano, e
isto estabelece um limite na precisão com a qual
podem ser comparadas duas massas. Todo pon-
teiro de cada instrumento experimenta ésse mes-
mo leve, mas irresistível tremor. Ele estabelece
um limite geral na precisão das medidas. Nas me-
dições elétricas, causa um sinal variável errático
em cada circuito, Êste sinal pode ser ouvido como
um ruído, chamado ruído Johnson, em homena-
gem ao seu primeiro observador. Êle é simples-
mente outra manifestação do movimento brow-
niano dos materiais do circuito, e não pode ser
eliminado. Um receptor de TV em um local
tranquilo apresenta entre os canais uma confi-
guração ao acaso chamada “chuvisco”, que é em
grande parte, simplesmente o efeito dos sinais
elétricos ao acaso do ruído Johnson. Parece pro-
vável, também, que o ouvido humano esteja
exatamente no limiar para audição do movimen-
to browniano do ar, como um ruído constante
no mais tranquilo dos aposentos, onde sómente
existe o movimento molecular ao acaso. Só se
conhece um meio de reduzir o movimento brow-
niano: o frio. A baixas temperaturas, o movi-
mento browniario e o ruído Johnson diminuem.
Construiu-se um termômetro que funciona me-
dindo êste ruído.
O tamanho das flutuações brownianas pode
ser usado para medir o número de Avogadro No.
Se N, fôsse pequeno, de modo que as moléculas
fôssem tão grandes quanto grãos de areia, seriam
grandes as flutuações que observaríamos no mo-
vimento do pólen ou de pequenos espelhos — isto
é, supondo que o pólen e os espelhos não mu-
dassem de tamanho. Se N, fôsse ainda maior do
que é, as flutuações observadas seriam contraba-
lançadas mais completamente do que o são. A
partir do tamanho das flutuações, podem ser cal-
culados os números de moléculas que originam o
movimento. A partir da teoria detalhada e da
observação dos efeitos brownianos, Perrin e ou:
tros, nas primeiras décadas dêste século, fizeram
várias medidas de N, (Seção 8-7). Os movimen-
tos brownianos estão, portanto, diretamente rela-
cionados com a escala molecular, e sabemos quan-
titativamente que êles refletem o movimento tér-
mico do mundo sub-microscópico,
Estes efeitos das flutuações confirmam ampla-
mente o modêlo cinético dos gases, e, também,
o modélo cinético de tôda a matéria macroscó-
pica. Está provado que as moléculas nos líquidos
e sólidos estão em movimento. Eles têm esta pro-
priedade em comum com os gases, cujo compor:
tamento é tão mais simples. O incessante caos
molecular só não é visível.
9 — 7. Gases sem paredes
Parece um paradoxo falar de um gás sem pare-
des. Certamente tal gás se espalharia rápida-
mente, e se dispersaria. Na verdade, entretanto,
vivemos imersos em um dêles. A atmosfera é um
gás com apenas uma parede interna, a superfície
da Terra. Acima da Terra não há segunda pa-
rede. A gravidade mantém as moléculas da atmos-
fera em seu lugar. No ar relativamente denso,
próximo ao nível do mar, uma molécúla se des-
loca apenas um miícron (10-%m), ou menos, antes
de atingir outra molécula. No bordo superior da
atmosfera, a centenas de quilômetros de altura,
a densidade é pequena; as moléculas percorrem
muitos quilômetros entre cada colisão. Lá, as
moléculas agem como uma multidão de pequenas
balas; movem-se em trajetórias curvas, arque-
ando-se para cima quando atingidas por baixo,
e voltando para baixo sob a atração da Terra,
Não há fronteira definida para a nossa atmosfera,
apenas uma diluição gradual da densidade do ar.
O agregado de estrêlas da Fig. 9 — 15 é outro
tipo de gás sem paredes. Suas “moléculas” são
grandes estrêlas; elas se deslocam em volta, mas
raramente escapam de suas mútuas atrações gra-
vitacionais. O mesmo acontece com as galáxias.
Em uma galáxia, como a nossa, há um “gás” de
estrêlas e também um gás de átomos enchendo os
espaços entre as estrélas. Os movimentos e as atra-
ções que regulam estas estruturas são objeto da
astrofísica. A idéia de um sistema sem paredes
e sem solidez será encontrada sempre e sempre;
o próprio átomo é uma destas estruturas, e O
núcleo, outra. Vale a pena recordar que a atmos:
fera nos dá um exemplo de como podem ser
estas coisas.
A NATUREZA DE UM GÁs 195
PARA CASA, CLASSE E LABORATÓRIO
+ Considere a idéia de que tóda a matéria é
formada de átomos. A idéia de que a matéria
é construída a partir de 100 diferentes tipos
de átomos conduz a um modêlo físico? Por
que?
« (a) Esboce o modêlo atômico de sólidos, dis-
cutido brevemente no último capítulo.
(b) Como é o volume de um sólido em rela-
ção aos volumes dos átomos individuais? Por
exemplo, é o volume de um sólido aproxi-
madamente igual ao volume total dos áto-
mos individuais? Muito maior? Muito me-
nor?
(e) Em um modêlo atômico como espera
você deveriam diferir as compressibilidades
de sólidos e gases?
- Na Seção 9-2 salientamos que o movimento
é uma característica essencial do modêlo
molecular dos gases. Use a idéia (discutida
no Capítulo 4) de que os efeitos gravita-
cionais se tornam menos importantes em
pequena escala, para explicar que as “mo-
léculas” de um gás podem estar em movi-
mento, embora as “moléculas de madeira”,
como as da Fig. 8 — 6, fiquem imóveis sôbre
uma mesa.
. (a) Que acontecerá se você inverter um copo,
e o empurrar para dentro de água, de bôca
para baixo?
(b) Pode você usar êste efeito para recons-
truir o raciocínio de que Heron de Alexan-
dria se valeu para mostrar que o ar é uma
substância material?
. Que evidências lembraria você para demons-
trar a mobilidade, interpenetrabilidade, e
mistura de gases? Como início, responda às
questões: “Como chega até você a maior
parte dos odóres?” e “Que acontece ao ar ao
seu redor quando você se move?”
. Dois estudantes planejam determinar a den-
sidade do ar. Primeiro, êles pesam um reci-
piente vazio, e verificam ser sua massa 20 g.
Em seguida, êles inflam um balão plástico
flexível até êle alcançar o diâmetro de 21 cm,
e pressionam seu conteúdo para o recipiente.
Verifica-se, então, que o recipiente com o
ar do balão tem a massa de 26 g. Qual é à
densidade do ar, a partir destas medições?
7. Inflase um pneu a uma pressão 3 vêzes
maior que a atmosférica, Qual é a densidade
do ar no pneu?
. Ao nível do mar, um barômetro de mercúrio
indica uma pressão de 76 cm de mercúrio, e
a uma altura de 1500 metros, indica 63 cm.
Qual é a densidade relativa do ar a esta
altitude comparada à que possui ao nível do
mar? Suponha que a temperatura é a mesma
em ambos os níveis.
. No aparelho indicado na Fig. 9 — 5, pren-
demos um saco plástico de volume V,, cheio
de gás. Forçamos êste gás para dentro do
espaço gasoso V,, no lado direito do apa-
relho. A altura do mercúrio à esquerda se
eleva de aproximadamente 76 cm. Fechamos
a válvula da direita; prendemos, então, ou-
tro saco de gás, de volume Vos à pressão
atmosférica. Finalmente, abrimos a válvula,
e pressionamos o gás dêste saco para dentro
do volume Vo.
vazio
(sem ar)
mercúrio
9 — 16. Para o problema 10,
196 A NATUREZA DE UM GÁS
ho,
12.
13.
(a) De que altura adicional se eleva a coluna
de mercúrio?
(b) Gom o saco plástico ainda conectado,
abrimos a válvula, De quanto desce a altura
da coluna de mercúrio?
(c) Porque a coluna desce mais de 76 cm?
Em um barômetro de mercúrio (Fig. 9 — 16),
ao nível do mar, a pressão normal do ar
(uma atmosfera) atuando sôbre o mercúrio
na cuba, suporta uma coluna de mercúrio
em um tubo fechado.
(a) Que altura h esperaria você para a co-
luna de mercúrio no barômetro?
(b) Se você se elevar na atmosfera até que
a densidade do ar se reduza à metade do
valor que tem ao nível do mar, que altura
h esperaria você, agora?
Uma coluna de água de 10m de altura
exerce uma pressão aproximadamente igual
à atmosférica. Um sino submarino (um ci-
lindro aberto no fundo) com 2 metros de
diâmetro e altura de 3 metros é submergido
em água, a uma profundidade de 100 metros.
(a) Supondo que a temperatura da água é a
mesma em tôdas as profundidades, a que
altura sg elevará a água no sino submarino?
(b) Qual deve:ser a pressão do ar compri-
mido bombeado para o sino submarino para
mantê-lo inteiramente livre de água?
(c) Você já construiu um ludião ou mergu-
lhador de Descartes? (Seu Professor não vai
bonificá-lo por sua resposta a esta pergunta).
Um cepo ou um barco flutuarão em água
se sua massa fôr menor que a massa de água
que deslocam; um balão se elevará enquanto
a massa do recipiente e do gás que contém
fôr menor que a de igual volume de ar que
o rodeia. Se uma bôlha de sabão de 10 cm
de diâmetro e paredes de 10-*em de es-
pessura, é cheia com gás néon, ela se elevará
ou descerá no ar (de densidade 1,2 x 10-3
g/cmº) à mesma temperatura? Considere a
densidade do material da bôlha como sendo
1,1 g/cm?, e a densidade do gás néon, 8,4 x
x 10-*g/cm?,
Um balão de massa 10,3g é inflado com
hélio até atingir um diâmetro de 32,0 em.
Ele se eleva no ar, e levanta, em adição ao
balão, 9,2 metros de corda antes de alcançar
14.
15.
o equilíbrio. Verifica-se que a corda tem a
massa de 0,78 g/m.
(a) Qual é a densidade do hélio no balão?
(b) Qual é a relação entre as pressões dentro
e fora do balão?
Nota: A densidade do ar é 1,20 g/litro; a
densidade do hélio, à temperatura ambiente,
é 0,165 g/litro.
(a) Um termômetro de gás contendo hélio
está à temperatura do ponto de fusão do
amoníaco no qual estêve imerso durante
algum tempo. Lêse o volume de He à pres-
são atmosférica normal. Transfere-se, então,
o termômetro para um banho de água fer-
vente. A pressão sôbre o volume de gás He
é, ainda, a pressão atmosférica, De que fator
varia o volume de He? (Use a Fig. 9 — 10
para avaliar a temperatura do amoníaco em
fusão).
(b) Se o termômetro fôsse de volume cons-
tante, de que fator variaria a pressão do
gás He? K
(c) Se utilizássemos no termômetro, gás oxi-
gênio ao invés de He, como aletaria isto as
respostas de (a) e (b)?
A pressão em um tubo de volume 1,00 x
x 10-3 m3, contendo hélio, foi reduzida a
1,00 x 10-2 cm de mercúrio, a 09C.
(a) Qual é o número de moléculas por uni-
dade de volume? Qual é o número total de
moléculas no tubo?
(b) O tubo é imerso em nitrogênio líquido.
Depois de esperar um pouco, um manôme-
tro a êle conectado se estabilizou em 2,68 x
x 10-8cm de mercúrio. Qual é a tempe-
ratura ma escala básica dos gases (9)? Qual
é a temperatura na escala Kelvin?
(c) Se o hélio fósse substituído por ar, como
seriam afetadas suas respostas às questões
(a) e (b)? (Veja Fig. 9 — 10).
. O ar contendo vapor de água é mais ou
menos denso que o ar sêco à mesma tempe-
ratura e pressão?
Quando um carro roda por um período
prolongado, especialmente no verão, os pneus
eo ar que os infla, se aquecem, tanto pela
flexão como pelo atrito sóbre os pneus, e
pelo calor da superfície da estrada, Se a tem-
peratura do ambiente é de 27º C, de que
fator, espera você, cresceria a pressão, se a