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38096406 - LE - GOFF - J-Documento - Monumento, Notas de estudo de História

LE GOFF, Jacques – “Documento / Monumento” In: Memo?ria-Histo?ria, Campinas: Editora da Universidade de Campinas, 1990;

Tipologia: Notas de estudo

2011
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Baixe 38096406 - LE - GOFF - J-Documento - Monumento e outras Notas de estudo em PDF para História, somente na Docsity! Documento / Monumento Jacques Le Goff (Texto extraído de LE GOFF, Jacques. História e Memória. 4.ed. Campinas: Unicamp, 1996.) 1. Os materiais da memória cole�va e da história A memória cole�va e a sua forma cien�fica, a história, aplicam-se a dois �pos de materiais: os documentos e os monumentos. De fato, o que sobrevive não é o conjunto daquilo que exis�u no passado, mas uma escolha efetuada quer pelas forças que operam no desenvolvimento temporal do mundo e da humanidade, quer pelos que se dedicam à ciência do passado e do tempo que passa, os historiadores. Estes materiais da memória podem apresentar-se sob duas formas principais: os monumentos, herança do passado, e os documentos, escolha do historiador. A palavra la�na monumentum remete para a raiz indo-européia men, que exprime uma das funções essenciais do espírito (mens), a menória (memini). O verbo monere significa ‘fazer recordar’, de onde ‘avisar’, ‘iluminar’, ‘instruir’. O monumentum é um sinal do passado. Atendendo ás suas origens filológicas, o monumento é tudo aquilo que pode evocar o passado, perpetuar a recordação, por exemplo, os atos escritos. Quando Cícero fala dos monumenta huius ordinis [Philippicae, XIV, 41], designa os atos comemora�vos, quer dizer, os decretos do senado. Mas desde a An�guidade romana o monumentum tende a especializar-se em dois sen�dos: 1) uma obra comemora�va de arquitetura ou de escultura: arco de triunfo, coluna, troféu, pór�co, etc.; 2) um monumento funerário des�nado a perpetuar a recordação de uma pessoa no domínio em que a memória é par�cularmente valorizada: a morte. O monumento tem como caracterís�cas o ligar-se ao poder de perpetuação, voluntária ou involuntária, das sociedades históricas (é um legado à memória cole�va) e o reenviar a testemunhos que só numa parcela mínima são testemunhos escritos. O termo la�no documentum, derivado de docere ‘ensinar’, evoluiu para o significado de ‘prova’ e é amplamente usado no vocabulário legisla�vo. É no século XVII que se difunde, na linguagem jurídica francesa, a expressão �tres et documents e o sen�do moderno de testemunho histórico data apenas do início do século XIX. O significado de “papel jus�fica�vo”, especialmente no domínio policial, na língua italiana, por exemplo, demonstra a origem e a evolução do termo. O documento que, para a escola histórica posi�vista do fim do século XIX e do início do século XX, será o fundamento do fato histórico, ainda que resulte da escolha, de uma decisão do historiador, parece apresentar-se por si mesmo como prova histórica. A sua obje�vidade parece opor-se à intencionalidade do monumento. Além do mais, afirma-se essencialmente como um testemunho escrito. No final do século XIX, Fustel de Coulanges pode ser tomado como um testemunho válido de como documento e monumento se transformaram para os historiadores. Os dois termos encontram-se, por exemplo, nas clássicas páginas do primeiro capítulo de La Monarchie franque [1888, pp. 29, 30, 33]: “Leis cartas, fórmulas, crônicas e histórias, é preciso ter lido todas estas categorias de documentos sem omi�r uma única... Encontraremos no curso destes estudos várias opiniões modernas que não se apóiam em documentos; deveremos estar em condições de afirmar que não são conformes a nenhum texto, e por esta razão não nos cremos com o direito de aderir a elas. A leitura dos documentos não serviria, pois, para nada se fosse feita com idéias preconcebidas... A sua única habilidade (do historiador) consiste em �rar dos documentos tudo o que eles contêm e em não lhes acrescentar nada do que eles não contêm. O melhor historiador é aquele que se mantém o mais próximo possível dos textos”. É claro que para Fustel, como para a maior parte dos historiadores embebidos de um espírito posi�vista, vale documento = texto. A esta história, fundada em documentos que se impõem por si próprios, Fustel de Coulanges opõe o espírito e a realização da história erudita alemã, tais como se exprimem, por exemplo, nos “Monumenta Germanie historica”, e marcados, segundo ele, não pelo signo da ciência, mas pelo do patrio�smo. Pode-se, então, falar de um triunfo do documento sobre o monumento. Lento triunfo. Quando, no final do século XVII, Don Jean Mabillon publica o sei De re diploma�ca, fundamento da história “cien�fica” que vai permi�r a u�lização crí�ca do documento e de certa maneira cria-lo, trata-se apenas ainda de monumento. Quando, em 1759, o inspetor-geral das finanças do rei da França, Silhoue�e, decide a criação de um depósito geral de Direito público e de História – que será mais tarde o Gabinete de Chartres – e confia a direção ao advogado e publicista Jacob-Nicolas Moreau, historiógrafo da França, este escreve: “Baseado em monumentos do meu depósito, empreendi a história da nossa cons�tuição e do nosso direito público... o nosso direito público, uma vez fundado em fatos e monumentos reconhecidos, estará mais do que nunca ao abrigo das vicissitudes que produz o arbítrio...” [Paris, Bibliothéque Na�onale, Collec�on Moreau, n. 283, fol 33; cf. Barret- Kriegel, 1978]. O inspetor-geral Ber�n, sucessor de Silhoue�e, escreve ao rei Luís XVI: “A história e o direito público de uma nação são apoiados por monumentos” [Colle�on Moreau, n. 309, fol. 102]. No seu relatório de 10 de Março de 1837 a Guizot, Augus�n Thierry escreve ainda: “Assim, a recolha dos monumentos da história do Terceiro-Estado deve, de certa maneira, fazer vir à luz as raízes mais profundas e mais vivas da nossa ordem social atual... Porque realiza um dos votos mais queridos das grandes inteligências históricas do século XVIII... que viam nos monumentos da legislação municipal a origem mais segura e mais pura do nosso an�go direito consuetudinário” [1837, p. 28]. O termo ‘monumentos’ será ainda correntemente usado no século XIX para as grandes coleções de documentos. O caso mais célebre é o dos “Monumenta Germanie historica”, publicados a par�r de 1826 pela sociedade fundada em 1819 pelo barão Karl von Stein, para a publicação das fontes da Idade Média alemã. Em Turim aparecem, a par�r de 1836, por decisão do rei Carlos Alberto, os “Monumenta historiae patriae”. Assim, pouco a pouco, são editadas nas diversas províncias italianas coleções de Monumen�: os “Monumen� di storia patria delle provincie modenesi” a par�r de 1861, os “Monumen� istorici per�nen� alle provincie della Romagna” a par�r de 1869, os “Monumen� storici, publicados pela Regia Deputazione veneziana de história pátria a par�r de 1876, os “Monumen� storici” publicados pela Societá napolitana de história pátria a par�r de 1881. relação com a série que os precede e os segue, é o seu valor rela�vo que se torna obje�vo e não a sua relação com uma inapreensível substância real” [Furet, 1974, pp. 47-48]. A intervenção do computador comporta uma nova periodização na memória histórica: produz-se, a par�r de então, um corte fundamental no momento em que se podem cons�tuir séries [sobre a história serial entre os seus numerosos escritos, cf. Chaunu, 1972]; tem-se, doravante, uma idade pré-esta�s�ca e uma idade quan�ta�va. Mas é necessário observar que, se este corte corresponde a um grau de diferença das sociedades históricas em relação ao recenseamento – indiferença ou desconfiança em relação ao número para aquém, atenção sempre maior e mais precisa para além –, a história quan�ta�va, como o demonstra a arqueologia, pode transpor alegremente esta fronteira histórica. Porque a história quan�ta�va não é nem uma revolução puramente tecnológica, nem a conseqüência de uma emergência do número na história. Não é imposta nem pelo computador nem pelo passado. Como observa Glénisson, no século XIX, ao princípio era o documento; hoje, ao princípio é o problema. É uma “revolução da consciência historiográfica” [Furet, 1974, p. 53]. A revolução documental tende também a promover uma nova unidade de informação: em lugar do fato que conduz ao acontecimento e a uma história linear, a uma memória progressiva, ela privilegia o dado, que leva à série e a uma história descon�nua. Tornam-se necessários novos arquivos, onde o primeiro lugar é ocupado pelo corpus, a fita magné�ca. A memória cole�va valoriza-se, ins�tui-se em patrimônio cultural. O novo documento é armazenado e manejado nos bancos de dados. Ele exige uma nova erudição que balbucia ainda e que deve responder simultaneamente às exigências do computador e à crí�ca da sua sempre crescente influência sobre a memória cole�va. 3. A crí�ca dos documentos: em direção aos documentos / monumentos Não nos devemos contentar com esta constatação da revolução documental e com uma reflexão crí�ca sobre a história quan�ta�va de que esta revolução é o aspecto mais espetacular. Recolhido pela memória cole�va e transformado em documento pela história tradicional (“na história, tudo começa com o gesto de pôr à parte, de reunir, de transformar em “documentos” certos objetos distribuídos de outro modo”, como escreve Certeau [1974, I, p. 20]), ou transformando em dado nos novos sistemas de montagem da história serial, o documento deve ser subme�do a uma crí�ca mais radical. Iniciada na Idade Média, consolidada no início do Renascimento, enunciada pelos grandes eruditos do século XVII, aperfeiçoada pelos historiadores posi�vistas do século XIX, a crí�ca do documento tradicional foi essencialmente uma procura da auten�cidade. Ela persegue os falsos e, por conseqüência, atribui uma importância fundamental à datação. De início, a Idade Média fabrica, sem má consciência, falsos diplomas, falsas cartas, falsos textos canônicos, mas, a par�r do século XII, a Igreja, e mais par�cularmente a cúria romana (sobretudo sob o pon�ficado de Alexandre III e de Inocêncio III), empreende a luta contra os falsos e os falsários. Dá-se um passo importante quando o famoso humanista floren�no Lorenzo Valla demonstra, mediante argumentos filológicos e em resposta à demanda de Afonso o Magnânimo, rei de Aragão e de Sicília, no seu tratado De falso credito et emen�ta Constan�ni dona�one declama�o (1440), que a famosa doação de Constan�no, com a qual o imperador teria feito dom ao papa do Estado pon��cio, é falsa. A Declama�o é publicada apenas em 1517 pelo amigo de Lutero, Ulrich von Hu�en. Sublinhou-se a importância capital do De re diploma�ca (1681) de Mabillon. É necessário relacionar esta obra – apesar das polêmicas corteses que lhe opuseram – com a publicação empreendida pelos jesuítas, de textos hagiográficos nos “Acta Sanctorum”. Depois do padre Héribert Roswey (Rosweide), morto em 1629, do padre Jean Bolland (que dará o nome à Sociedade dos bolandistas, 1596-1665) e sobretudo do padre Daniel van Papenbroeck (Papebroch) que, no início do tomo II de Abril dos “Acta Sanctorum”, em 1675, publicou uma dissertação “sobre o discernimento do verdadeiro e do falso nos velhos pergaminhos” [cf. Tessier, 1961], Bloch pôde escrever: “Naquele ano de 1681, o ano da publicação do De re diploma�ca, uma grande data na história do espírito humano, foi defini�vamente fundada a crí�ca dos documentos de arquivo” [1941-42]. Mas os fundadores dos “Annales” davam início a uma crí�ca em profundidade da noção de documento. “Os historiadores ficam passivos, demasiado freqüentemente, perante os documentos, e o axioma de Fustel (a história faz-se com textos) acaba por se reves�r para eles de um sen�do deletério”, afirmava Lucien Febvre [1933, ed. 1953, p. 86], que lamentava, não já a ausência de sen�do crí�co nos historiadores, que pra�cavam todos eles mais ou menos a crí�ca dos documentos preconizada pela École de Chartes e a história posi�vista do século XIX, mas o fato de que se pusesse em discussão o documento enquanto tal. Assim, Marc Bloch teria escrito: “Não obstante o que por vezes parecem pensar os principiantes, os documentos não aparecem, aqui ou ali, pelo efeito de um qualquer imperscrutável desígnio dos deuses. A sua presença ou a sua ausência nos fundos dos arquivos, numa biblioteca, num terreno, dependem de causas humanas que não escapam de forma alguma à análise, e os problemas postos pela sua transmissão, longe de serem apenas exercícios de técnicos, tocam, eles próprios, no mais ín�mo da vida do passado, pois o que assim se encontra posto em jogo é nada menos do que a passagem da recordação através das gerações” [1941-42, pp. 29-30]. Mas era necessário ir mais longe. Já Paul Zumthor �nha aberto a via a novas relações entre documento e monumento. Tratando-se de um muito pequeno número de textos, os mais an�gos em língua francesa (século VIII-IX), ele propôs uma dis�nção entre os monumentos lingüís�cos e os simples documentos. Os primeiros respondem a uma intenção de edificação, “no duplo significado de elevação moral e de construção de um edi�cio”, enquanto que os segundos respondem “apenas às necessidades da intercomunicação corrente” [1960, p. 8]. Confrontando os textos la�nos e os testemunhos em língua vulgar da época, Paul Zumthor quase iden�ficou escrito e monumento: “O escrito, o texto é mais freqüentemente monumento do que documento. Mas, mais adiante, admite “que houve monumentos a nível de expressão vulgar e oral” e que exis�ram “tradições monumentais orais” [ibid., p. 6]. O que dis�ngue a língua monumental da língua documental é “esta elevação, esta ver�calidade” que a gramá�ca confere a um documento, transformando-o em monumento. Por isso, a língua vulgar, que provisoriamente permaneceu no plano documental, só pouco a pouco se transformará em “francês monumental” [ibid., p. 17]. Por outro lado, duas observações de Zumthor conduzem-nos ao centro do problema. “O futuro “francês” foi iden�ficado como uma en�dade lingüís�ca par�cular na medida em que passou... conforme as necessidades do verdadeiro direito do rei, ao estado monumental”. E ainda: “o testemunho dos monumentos mais numerosos, mais an�gos e mais explícitos revela-nos quanto deve ter influído, na tomada de consciência lingüís�ca da Alta Idade Média, a revolução polí�ca que então se operava nos reinos mais orgânicos da România: Gália merovíngia, Espanha Visigó�ca, Lombardia” [ibid., p. 13]. Assim, Paul Zumthor descobria o que transforma o documento em monumento: a sua u�lização pelo poder. Mas hesitava em transpor o fosso que consis�a em reconhecer em todo o documento um monumento. Não existe um documento obje�vo, inócuo, primário. A ilusão posi�vista (que, bem entendido, era produzida por uma sociedade cujos dominantes �nham interesse em que assim fosse), a qual via no documento uma prova de boa-fé, desde que fosse autên�co, pode muito bem detectar-se ao nível dos dados mediante os quais a atual revolução documental tende a subs�tuir os documentos. A concepção do documento/monumento é, pois, independente da revolução documental e entre os seus obje�vos está o de evitar que esta revolução necessária se transforme num deriva�vo e desvie o historiador do seu dever principal: a crí�ca do documento – qualquer que ele seja – enquanto monumento. O documento não é qualquer coisa que fica por conta do passado, é um produto da sociedade que o fabricou segundo as relações de forças que aí de�nham o poder. Só a análise do documento enquanto monumento permite à memória cole�va recuperá-lo e ao historiador usá-lo cien�ficamente, isto é, com pleno conhecimento de causa. Michel Foucault colocou claramente a questão. Antes de mais nada, ele declara que os problemas da história podem se resumir numa só palavra: “o ques�onar do documento” [1969, p. 13]. E logo recorda: “O documento não é o feliz instrumento de uma história que seja, em si própria e com pleno direito, memória: a história é uma certa maneira de uma sociedade dar estatuto e elaboração a uma massa documental de que se não separa” [ibid., p. 13]. Segue-se-lhe a definição de revolução documental em profundidade e da nova tarefa que se apresenta ao historiador: “A história, na sua forma tradicional, dedicava-se a ‘memorizar’ os monumentos do passado, a transformá-los em documentos e em fazer falar os traços que, por si próprios, muitas vezes não são absolutamente verbais, ou dizem em silêncio outra coisa diferente do que dizem; nos nossos dias, a história é o que transforma os documentos em monumentos e o que, onde dantes se decifravam traços deixados pelos homens, onde dantes se tentava reconhecer em nega�vo o que eles �nham sido, apresenta agora uma massa de elementos que é preciso depois isolar, reagrupar, tornar per�nentes, colocar em relação, cons�tuir em conjunto” [ibid., pp. 13-14]. Assim como dantes a arqueologia tendia para a história, “poder-se-ia dizer, jogando um pouco com as palavras, que a história, nos nossos dias, tende para a arqueologia, para a descrição intrínseca do monumento” [ibid., p. 14]. Tomarei como exemplo de uma nova a�tude em relação ao documento, considerado como monumento, o estudo de Monique Clavel-Lévéque, Les Gaules et les Gaulois [1974] que antes de mais nada se integra no neomarxismo e não se reclama de Foucault. Certamente que o documento analisado aqui é um documento literário, a descrição das Gálias e dos Gauleses na Geografia de Estrabão [IV, 58 - V, 25], mas dado como um texto “cien�fico” obje�vo, uma descrição. Mediante uma “completa assunção do discurso considerado nas condições concretas em que foi produzido” que comporta uma pluralidade de leituras, recorrendo de preferência a análises estruturalistas, Monique Clavel-Lévéque desmonta, desestrutura o documento, pondo em evidência o seu caráter de monumento. Uma oposição fundamental, an�gamente/hoje, revela que nas Gálias tudo corre melhor depois de terem passado para o benéfico domínio de Roma. Um estudo das menções de rios mostra que elas estão ligadas a uma estrutura subjacente, um discurso subterrâneo que, pelas ligações fluviais – vias navegáveis – transportes – mercadorias – produções, desenvolvimento, conquista, tende na prá�ca a sublinhar também aqui o caráter vantajoso que teve, para as Gálias, a conquista romana. A descrição do Gaulês, definida sobretudo pelas suas relações com a natureza e a guerra, é estruturada de modo a fazer ressaltar uma espécie de “bom selvagem” a quem os Romanos trouxeram a civilização, que ele acolhe bem e demonstra aceitar. Assim, Monique Clavel-Lévéque revela, com a sua análise, que o documento é composto de elementos que “funcionam como um ‘inconsciente cultural’ que assume um papel decisivo e intervêm para orientar uma apreensão, um conhecimento, uma apresentação das Gálias... profundamente baseada nas lutas e nas realidades imperialistas do momento” [1974, p. 90]. Tal resultado só pode ser a�ngido porque a autora considerou o seu documento como um 1964 L’histoire, Colin, Paris. Febvre, L. 1933 Ni histoire à thèse ni histoire-manuel. Entre Benda et Seignobos, em “Revue de synthèse”, V; atualmente também em L. Febvre (org.), Combats pour l’histoire, Colin, Paris, 1953, pp. 80-98. 1949 Vers une autre histoire, em “Reveu de métaphysique et de morale”, LVIII; atualmente também ibid., pp. 419-38. Foucault, M. 1969 L’archéologie du savoir, Gallimard, Paris. Furet, F. 1974 Le quan�ta�ve en histoire, em J. Le Goff e P. Nora (org.), Faire de l’histoire, Gallimard, Paris (trad. Portuguesa: Bertrand, amadora, 1977, pp. 59-79) Furet, F., e Ozouf, J. 1977 Lire et écrire. L’alphabé�sa�on des Français de Calvin à Judes Ferry, Minuit, Paris. Fustel de Coulanges, N.-D. [1862] Lição dada na Universidade de Estrasburgo, em une leçon d’ouverture et quelques fragments inédits, em “Revue de synthèse historique”, II/3 (1901), n. 6, pp. 241-63. 1888 La monarchie franque, em Histoire dês ins�tu�ons poli�ques de l’ancienne France, Hache�e, Paris, 1875-89, tomo II. Gardin, J.-C. 1970 Archèologie et calculateurs, nouvelles perspec�ves, em “Revue interna�onale de sciences socials”, XXIII, n. 2, pp. 204-18. Glénisson, J. 1977 Uma história entre duas erudições, em “Revista de história”, CX. Goubert, P. 1960 Beauvais et le Beauvoisis de 1600 à 1730, Sevpen, Paris. Lefebvre, G. 1945-46 La naissance de l’historiographie moderne, Flammarion, Paris, 1971. Le Goff, J, e Toubert, P. 1977 Une histoire totale du Moyen Âge est-elle possible ?, em Actes do 100e Congrés Na�onal des Societés savants, Paris, 1975, secretariat d’Etat aux Universités, Paris. Marczewski, J. V. 1961 Histoire quan�ta�ve, buts et methods, em J. V. Marczewski (org.), Histoire quan�ta�ve de l’economie française, ISEA, Paris. Samaran, Ch. 1962 (org.) L’histoire et sés méthodes, em Encyclopédie de la Plêiade, XI, Gallimard, Paris. Tessier, G. 1961 Diploma�que, em Ch. Samaran (org.), L’histoire et sés méthodes, em Encyclopédie de la Plêiade, XI, Gallimard, Paris. Thierry, A. [1837] Rapport sur lês travaux de la collec�on des monuments inédits de l’Histoire du �ers état, adresse à M. Guizot, ministre de l’instruc�on publique, lê 10 mars 1837. Tessier, Paris, s.d. Zumthor, P. 1960 Document et monument. A propos des plus anciens texts de langue française, em “Revue des sciences humaines”, fac. 97, pp. 5-19. História como forma cien�fica da memória cole�va. Quem escolhe o que sobra de ves�gios são os que operam as forças no desenvolvimento temporal do mundo. Evocação do passado: monumento.
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