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Guias e Dicas
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Resumo de Todos os Sistemas do Corpo Humano, Resumos de Anatomia

Livro contendo um resumo bem didático de todo a anatomia humana, feito baseado no Moore, Dangelo e Angelo Machado. Possui dezenas de figuras para facilitar a compreensão. Ideal para estudantes e para aprender rapidamente aquilo que cai em provas de anatomia.

Tipologia: Resumos

2010
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Compartilhado em 20/09/2010

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Baixe Resumo de Todos os Sistemas do Corpo Humano e outras Resumos em PDF para Anatomia, somente na Docsity! Anatomia Humana Resumo de Anatomia PRIMEIRA EDiçÃoO (2010) Fernando Álison M. D. Felix Aluno de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba (FCM/PB) - Turma 2009.1. Monitor de Anatomia Humana do curso de Medicina da FCM/PB do período 2010.2 ao 2011.1. João Pessoa - PB Resumo de Anatomia Humana FELIX, Fernando Álison M. D. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO À ANATOMIA HUMANA ...ccccceccececereceneccreerereneneeeere D Enfoques da Anatomia... Normal e Variação Anatômica. Nomenclatura Anatômica. Posição Anatômica......... Divisão do Corpo Humano... Planos de Delimitação e Secção do Corpo Humano Termos Anatômicos............ Organização Geral do Corpo Human Princípios de Construção do Corpo Humano... rrenan 16 2. SISTEMAS REPRODUTORES Introdução à Pelve e ao Períneo. Cíngulo do Membro Inferior (Quadri Cavidade Pélvica (Pelve menor ou verdadeira) Principais Estruturas Neurovasculares Sistema Genital Masculino Sistema Genital Feminino. 3. SISTEMA ENDÓCRINO................ccccccccc cce ceeeceeeeeeeeeeeeeeececeeeeeeee e BA Definição de Glândulas Endócrinas Atividade Hormonal.................... Mecanismos de Ação Hormonal. Controle da Secreção Hormonal. Hipotálamo e Glândula Hipófise (Pituitária) Glândula Pineal (Epífise) .......................... Glândula Tireóide..... Glândulas Paratireóides.. Glândula Timo....... Glândulas Suprarrenais Pâncreas...... Ovários e Testículos . 4. SISTEMA NERVOSO Medula Espinal.................cs es cresseerserereseererecerseneraneesenererac erra nera snes enaceraanes 44 Forma e Estrutura da Medula Espinal Conexões com os Nervos Espinais.... Topografia da Medula. Envoltório da Medula . Tronco Encefálico Generalidades... Bulbo (Medula Oblonga) Ponte. Cerebelo..... Resumo de Anatomia Humana Generalidades ............eremeremeremererereerereneerereerererereneereneereesrereeecenearencaresenseneara 55 Alguns Aspectos Anatômicos .55 Lobos Cerebelares .55 Verme e Lóbulos Cerebelares. .56 Fissuras Cerebelares .56 Divisão Ontogenética e Filogenética do Cerebelo .57 Diencéfalo .... 59 Generalidades .59 Hl Ventrículo .59 Tálamo..... .60 Hipotálam .61 Epitálamo .62 Subtálamo Telencéfalo Generalidades Sulcos e Giros. D o em Lobos Morfologia das Faces dos Hemisférios Cerebrais Morfologia dos Ventrículos Laterais.......... Organização Interna dos Hemisférios Cerebrais . Considerações sobre áreas importantes Vascularização do SNC...................... Importância... Vascularização do Encéfalo Vascularização da Medula Espinal.. Nervos Cranianos .. Generalidades... .63 64 .64 .64 .65 15 .76 79 81 .81 .81 .85 86 .86 Estudo Sumário dos Nervos Cranianos .87 Meninges e Líquor ......................... 91 Meninges.... .91 Líquor (Líquido Cerebrospinal — LCE) .96 5. SISTEMA LOCOMOTOR.........ccccccereeeeeesreerrecenecancereeeenaasscereeea a DO Sistema Articular ...........eeseees Articulações Fibrosas (Sinartroses) Articulações Cartilagíneas (Anfiartroses, Articulações Sinoviais (Diartroses) Sistemas Esquelético e Muscular ... Sistema Esquelético Sistema Muscular... Membros Superiores ............. Ossos dos Membros Superiores Articulações dos Membros Superiores Músculos dos Membros Superiores . Vascularização dos Membros Superiores Inervação dos Membros Superiores. Membros Inferiores............... . 128 Ossos dos Membros Inferiores ............nemmeeemeeresemeerereeeese corremos ceseeeceeesarerenseneres 128 FELIX, Fernando Álison M. D. Articulações dos Membros Inferiores............... eres rerererererererereneatos 131 Músculos dos Membros Inferiores... Vascularização dos Membros Inferiore: Inervação dos Membros Inferiores. Cabeça. Ossos da Cabeça Articulações da Cabeça Músculos da Cabeça... Vascularização da Face Observações............. Pescoço............... Ossos do Pescoç Fáscias do Pescoço... Músculos do Pescoç Trígonos do Pescoço Vasos Sanguíneos no Pescoço . Nervos no Pescoço................ Caixa Torácica . Ossos do Tórax Músculos do Tórax... Nervos da Parede Torácica Artérias da Parede Torácic. Veias da Parede Torácica. Parede Abdominal............ Regiões da Parede Abdominal. Parede Ântero-Lateral do Abdome Região Inguina Pregas Umbilicais e Fossas Vesicais Nervos da Parede Abdominal... Vascularização da Parede Abdomina Correlação Clínica: Hérnias Inguinais Dorso .....cecererereeerererereereenereanes Ossos do Dorso — A Coluna Vertebral Articulações da Coluna Vertebral..... Correlações Clínicas . Músculos do Dorso .. . Vascularização do DOFSO.............. reter eme rererare area aree nene rere nene rarareeaes 199 6. SISTEMA RESPIRATÓRIO 200 Traquéia Brônquios Principais ...... Pleura e Cavidade Pleural. Pulmões..........erereeserersereererenso 7. SISTEMA CARDIOVASCULAR .. 10 Resumo de Anatomia Humana ANATOMIA APLICADA: salienta a importância dos conhecimentos anatômicos para as atividades médicas, clínica ou cirúrgica e mesmo para as artísticas; ANATOMIA RADIOLÓGICA: estuda o corpo usando as propriedades dos raios X e constitui, com a Anatomia de Superfície, a base morfológica das técnicas de exploração clínica; ANATOMIA COMPARADA: estuda a Anatomia de diferentes espécies animais com particular enfoque ao desenvolvimento ontogenético (desenvolvimento de um indivíduo desde a concepção até a idade adulta) e filogenético (história evolutiva de uma espécie ou qualquer outro grupo taxonômico) dos diferentes órgãos. Métodos de Estudo 1. Inspeção: analisando através da visão. A análise pode ser de órgãos externos (ectoscopia) ou internos (endoscopia); 2. Palpação: analisando através do tato é possível verificar a pulsação, os tendões musculares e as saliências ósseas, dentre outras coisas; 3. Percussão: através de batimentos digitais na superfície corporal podemos produzir sons audíveis, que ajudam a determinar a composição de órgãos ou estruturas (gases, líquidos ou sólidos); 4. Ausculta: ouvindo determinados órgãos em funcionamento (Ex.: coração, pulmão, intestino); 5. Mensuração: permite a avaliação da simetria corporal e de eventuais megalias; 6. Dissecação: consiste na separação minuciosa dos diferentes órgãos para uma melhor visualização; 7. Estudo por imagem: inclui o raio-X, ecografia, ressonância nuclear magnética e tomografia computadorizada. NORMAL E VARIAÇÃO ANATÔMICA Normal, para o anatomista, é o estatisticamente mais comum, ou seja, o que é encontrado na maioria dos casos. Variação anatômica é qualquer fuga do padrão sem prejuízo da função. Quando ocorre prejuízo funcional trata-se de uma anomalia e não de uma variação. Se a anomalia for tão acentuada que deforme profundamente a construção do corpo, sendo, em geral, incompatível com a vida, é uma monstruosidade. Existem algumas circunstâncias que determinam variações anatômicas normais e que devem ser descritas: Idade: os testículos no feto estão situados na cavidade abdominal, migrando para a bolsa escrotal e nela se localizando durante a vida adulta; Sexo: no homem a gordura subcutânea se deposita principalmente na região tricipital, enquanto na mulher o depósito se dá preferencialmente na região abdominal; Raça: nos brancos a medula espinhal termina entre a primeira e segunda vértebra lombar, enquanto que nos negros ela termina um pouco mais abaixo, entre a segunda e a terceira vértebra lombar; Tipo morfológico constitucional (Biótipo): é o principal fator das diferenças morfológicas. Os principais tipos são: FELIX, Fernando Álison M. D. a- longilíneo (ectomorfo): indivíduo alto e esguio, com pescoço, tórax e membros longos. Nessas pessoas o estômago geralmente é mais alongado e as vísceras dispostas mais verticalmente; b- brevilineo (endomorfo): indivíduo baixo com pescoço, tórax e membros curtos. Aqui as vísceras costumam estar dispostas mais horizontalmente; c- normolíneo (mesomorfo): características intermediárias. A identificação do tipo morfológico é importante devido às diferentes técnicas de abordagem semiológica, avaliação das variações da normalidade e até mesmo maior incidência de doenças, como por exemplo, a hipertensão, que é sabidamente mais comum em brevilíneos. NOMENCLATURA ANATÔMICA É a linguagem própria da anatomia, ou seja, conjunto de termos empregados para designar e descrever o organismo ou suas partes. Com o acúmulo de conhecimentos no final do século passado, graças aos trabalhos de importantes “escolas anatômicas” (sobretudo na Itália, França, Inglaterra e Alemanha), as mesmas estruturas do corpo humano recebiam denominações diferentes nestes centros de estudos e pesquisas. Em razão desta falta de metodologia e de inevitáveis arbitrariedades, mais de 20 000 termos anatômicos chegaram a ser consignados (hoje reduzidos a poucos mais de 5 000). A primeira tentativa de uniformizar e criar uma nomenclatura anatômica internacional ocorreu em 1895. Em sucessivos congressos de Anatomia em 1933, 1936 e 1950 foram feitas revisões e finalmente em 1955, em Paris, foi aprovada oficialmente a Nomenclatura Anatômica, conhecida sob a sigla de P.N.A. (Paris Nomina Anatomica). Revisões subsequentes foram feitas em 1960, 1965 e 1970, visto que a nomenclatura anatômica tem caráter dinâmico, podendo ser sempre criticada e modificada, desde que haja razões suficientes para as modificações e que estas sejam aprovadas em Congressos Internacionais de Anatomia. A língua oficialmente adotada é o latim (por ser “língua morta”), porém cada país pode traduzi-la para seu próprio vernáculo. Ao designar uma estrutura do organismo, a nomenclatura procura utilizar termos que não sejam apenas sinais para a memória, mas tragam também alguma informação ou descrição sobre a referida estrutura. Dentro deste princípio, foram abolidos os epônimos (nome de pessoas para designar coisas) e os termos indicam: a forma 11 12 Resumo de Anatomia Humana (músculo trapézio); a sua posição ou situação (nervo mediano); o seu trajeto (artéria circunflexa da escápula); as suas conexões ou inter-relações (ligamento sacroilíaco); a sua relação com o esqueleto (artéria radial); sua função (m. levantador da escápula); critério misto (m. flexor superficial dos dedos — função e situação). Entretanto, há nomes impróprios ou não muito lógicos que foram conservados, porque estão consagrados pelo uso. Posição ANATÔMICA Para evitar o uso de termos diferentes nas descrições anatômicas, considerando-se que a posição pode ser variável, optou-se por uma posição padrão, denominada posição de descrição anatômica (posição anatômica). Deste modo, os anatomistas, quando escrevem seus textos, referem-se ao objeto de descrição considerando o indivíduo como se estivesse sempre na posição padronizada. Nela o indivíduo está em posição ereta (em pé, posição ortostática ou bípede), com a face voltada para frente, o olhar dirigido para o horizonte, membros superiores estendidos, aplicados ao tronco e com as palmas voltadas para frente, membros inferiores unidos, com as pontas dos pés dirigidas para frente. DivisÃo DO CORPO HUMANO O corpo humano divide-se em cabeça, pescoço, tronco e membros. A cabeça corresponde à extremidade superior do corpo estando unida ao tronco por uma porção estreitada, o pescoço. O tronco compreende o tórax e o abdome com as respectivas cavidades torácica e abdominal; a cavidade abdominal prolonga-se inferiormente na cavidade pélvica. Dos membros, dois são superiores ou torácicos e dois inferiores ou pélvicos. Cada membro apresenta uma raiz, pela qual está ligada ao tronco, e uma parte livre. PLANOS DE DELIMITAÇÃO E SECÇÃO DO CORPO HUMANO Na posição anatômica o corpo humano pode ser delimitado por planos tangentes a sua superfície (planos de delimitação), pois delimitam o corpo humano por planos tangentes à sua superfície, os quais, com suas intersecções, determinam a formação de um sólido geométrico, um paralelepípedo. Logo, através dos planos anatômicos podemos dividir o corpo humano em 3 dimensões e assim podemos localizar e posicionar todas estruturas. Têm-se assim, para as faces desse sólido, os seguintes planos Mm , ) correspondentes: Ay o ventral ou anterior => plano vertical tangente ao ventre / o dorsal ou posterior => plano vertical tangente ao dorso o lateral direito => plano vertical tangente ao lado direito do | corpo | Figura 2: Planos de «% / ) Delimitação FELIX, Fernando Álison M. D. Extensão: endireitar ou aumentar o ângulo entre os ossos ou partes do corpo; Adução: movimento na direção do plano mediano em um plano coronal; Abdução: afastar-se do plano mediano no plano coronal; Rotação Medial: traz a face anterior de um membro para mais perto do plano mediano; Rotação Lateral: leva a face anterior para longe do plano mediano; Retrusão: movimento de retração (para trás) como ocorre na retrusão da mandíbula e no ombro; o Protrusão: movimento dianteiro (para frente) como ocorre na protrusão da mandíbula e no ombro; o Oclusão: movimento em que ocorre o contato da arcada dentário superior com a arcada dentária inferior; o Abertura: movimento em que ocorre o afastamento dos dentes no sentido súpero-inferior; Elevação: elevar ou mover uma parte para cima, como elevar os ombros; Abaixamento: abaixar ou mover uma parte para baixo, como baixar os ombros; Retroversão: posição da pelve na qual o plano vertical através das espinhas ântero-superiores é posterior ao plano vertical através da sínfise púbica; o Anteroversão: posição da pelve na qual o plano vertical através das espinhas ântero-superiores é anterior ao plano vertical através da sínfise púbica; o Pronação: movimento do antebraço e mão que gira o rádio medialmente em torno de seu eixo longitudinal de modo que a palma da mão olha posteriormente; o Supinação: movimento do antebraço e mão que gira o rádio lateralmente em torno de seu eixo longitudinal de modo que a palma da mão olha anteriormente; o Inversão: movimento da sola do pé em direção ao plano mediano. Quando o pé está totalmente invertido, ele também está plantifletido; o Eversão: movimento da sola do pé para longe do plano mediano. Quando o pé está totalmente evertido, ele também está dorsifletido; o Dorsiflexão (flexão dorsal): movimento de flexão na articulação do tornozelo, como acontece quando se caminha morro acima ou se levantam os dedos do solo; o Plantiflexão (flexão plantar): dobra o pé ou dedos em direção à face plantar, quando se fica em pé na ponta dos dedos. o ooo o * Médio e Intermédio são termos que indicam situação de uma estrutura entre outras duas. 2 Proximal e Distal são usados para comparar a distância de pelo menos duas estruturas em relação (1) a raiz do membro, (2) ao coração e (3) ao encéfalo e medula espinhal. 3 Aferente e eferente indicam direção e são usados em anatomia para vasos e nervos. 4 Os termos superficial e profundo indicam as distâncias relativas entre as estruturas e a superfície do corpo. São também termos de situação que indicam estar contido nos planos superficiais ou nos planos profundos. Nesse caso, o limite entre superficial e profundo é a fáscia muscular. Lesões limitadas ao tegumento são superficiais, e lesões que atingem a fáscia muscular já são consideradas profundas. 15 16 Resumo de Anatomia Humana ORGANIZAÇÃO GERAL DO CORPO HUMANO O corpo humano consiste de vários níveis de organização estrutural que estão associados entre si. O nível químico inclui todas as substâncias químicas necessárias para manter a vida. As células constituem o segundo nível de organização e são as unidades estruturais e funcionais básicas de um organismo. O terceiro nível de organização é o nível tecidual. Os tecidos são grupos de células semelhantes que, juntas, realizam uma função particular. Os quatro tipos básicos de tecido são tecido epitelial, tecido conjuntivo, tecido muscular e tecido nervoso. Quando diferentes tipos de tecidos estão unidos, eles formam o próximo nível de organização: o nível orgânico. Os Órgãos são compostos de dois ou mais tecidos diferentes, têm funções específicas e geralmente apresentam uma forma reconhecível. O quinto nível de organização é o nível sistêmico. Um sistema consiste de órgãos relacionados que desempenham uma função comum. O mais alto nível de organização é o nível de organismo. Todos os sistemas do corpo funcionando como um todo compõem o organismo — um indivíduo vivo. PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO DO CORPO HUMANO ANTIMERIA: O corpo está dividido em duas metades homólogas (aparentemente simétricas) através do plano mediano, uma direita e outra esquerda, chamadas de antímeros. METAMERIA: O corpo está dividido em segmentos superpostos como uma pilha de moedas, através de planos transversos sucessivos no sentido crânio-caudal, chamados de metâmeros. PAQUIMERIA: O corpo está dividido em duas metades heterólogas (assimétricas) através do plano frontal ou coronal, uma anterior ou ventral (tubo esplâncnico) e outra posterior ou dorsal (tubo neural), chamadas de paquimeros. ESTRATIFICAÇÃO: O corpo possui estruturas dispostas em estratos ou camadas. FELIX, Fernando Álison M. D. SD) Sistemas rodutores INTRODUÇÃO À PELVE E AO PERÍNEO A pelve é subdividida em pelves maior e menor. A pelve maior, superior à abertura superior da pelve, protege as vísceras abdominais inferiores (íleo e colo sigmóide). A pelve menor oferece a estrutura óssea para os compartimentos da cavidade pélvica e do períneo, separados pelo diafragma da pelve. O períneo refere-se à região que inclui o ânus e os órgãos genitais externos, se estendendo do cóccix até o púbis e abaixo do diafragma pélvico. CíNGULO DO MEMBRO INFERIOR (QUADRIL) O quadril une a coluna aos 2 fêmures. Funções primárias: o Sustenta o peso do corpo nas posições sentadas e de pé; o Oferece fixação para os fortes músculos da locomoção e postura; Funções secundárias: o Contere proteger as vísceras pélvicas e as vísceras abdominais inferiores; o Proporcionar sustentação para as vísceras abdomino-pélvicas e para o útero grávido; o Proporcionar fixação para uma série de estruturas como corpos eréteis, músculos, membranas, etc. Ossos e Características do Cíngulo do Membro Inferior O cíngulo do membro inferior é formado por 3 ossos: (1) Ossos do quadril direito e (2) esquerdo, cada um desenvolvendo-se a partir da fusão de 3 ossos: ílio, ísquio e púbis; (3) sacro, constituído pela fusão das 5 vértebras sacrais. Após a puberdade o ílio, o ísquio e o púbis fundem-se para Articulação formar o osso do quadril. Os 2 ossos do quadril são unidos anteriormente na sínfise púbica e articula-se posteriormente com o sacro nas articulações sacroilíacas. » Promontório Vsinfise púbica Figura 4: Pelve. Forma da abertura superior da pelve; vista superior. 17 20 Resumo de Anatomia Humana Articulações Lombossacrais As vértebras L5 e S1 articulam-se na sínfise intervertebral, anterior, formado pelo disco intervertebral entre seus corpos e nas duas articulações dos processos articulares, posteriores, entre os processos articulares dessas vértebras. Ligamentos: o Ligg. iliolombares. Articulações Sacrococcígeas É uma articulação cartilaginosa secundária com um disco intervertebral; une o ápice do sacro à base do cóccix. Ligamentos: o Lig. sacrococcígeo anterior; o Lig. sacrococcígeo posterior; o Ligg. sacrococcígeos laterais. CAVIDADE PÉLVICA (PELVE MENOR OU VERDADEIRA) Limites: Inferior: diafragma pélvico; o Posterior: cóccix + parte inferior do sacro; o Teto: parte superior do sacro; o Parede ântero-inferior: corpos dos púbis + sinfise púbica. o Paredes e Assoalhos da Cavidade Pélvica Parede ântero-inferior da pelve Formada principalmente pelo corpo e pelos ramos do púbis e pela sínfise púbica. Paredes laterais da pelve Formadas pelos ossos do quadril esquerdo e direito, cada qual incluindo um forame obturado fechado por uma membrana obturatória, e pelos músculos obturadores internos e pelas fáscies obturatórias que revestem as faces mediais desses músculos. Parede posterior (parede póstero-lateral e teto) Formada pela parede e pelo teto ósseos na linha mediana (sacro + cóccix) e pelas paredes póstero-laterais músculo-ligamentares (ligamentos das articulações sacroiliacas e mm. piriformes); nervos do plexo sacral. Assoalho pélvico Formado pelo diafragma pélvico, composto pelos seguintes músculos: o Mm. coccígeos; o M. levantador do ânus: -m. puborretal -m. pubococcígeo! - m. iliococcígeo FELIX, Fernando Álison M. D. Funções do m. levantador do ânus: o Formam uma alça muscular para sustentar as vísceras abdominais; o Resiste ao aumento da pressão interna; o Ajuda a manter as vísceras pélvicas em posição. ?A lesão do m. levantador do ânus, principalmente no m. pubococcígeo, pode causar incontinências urinária por esforço. PRINCIPAIS ESTRUTURAS NEUROVASCULARES Nervos Pélvicos Tronco lombossacral: parte descendente do nervo L4 + ramo anterior do nervo L5. Plexo Sacral: a maioria dos ramos do plexo sacral sai da pelve através do forame isquiático maior: o N. isquiático: maior nervo do corpo, formado pelos ramos anteriores dos nervos espinais L4 à S3. o N. pudendo: principal nervo do períneo e o principal nervo sensorial dos órgãos genitais externos; é derivado dos ramos anteriores dos nervos espinais S2 à S4. o JN. glúteo superior: origina-se nos ramos anteriores dos nervos espinais L4 à S1; inerva os mm. glúteos médio e mínimo e o m. tensor da fáscia lata. o N. glúteo inferior: origina-se nos ramos anteriores dos nervos espinais L5 à S2; inerva o m. glúteo máximo. Artérias Pélvicas Ramos da a. ilíaca interna: Divisão (ou tronco) anterior: - a. umbilical, que se transforma na a. vesical superior; - a. obturatória; -a. vesical inferior (em homens) / a. vaginal (em mulheres); - a. retal média; - a. uterina; - a. pudenda interna; - a. glútea inferior. Divisão posterior: - a. glútea superior; - a. iliolombar; - aa. sacrais laterais; - a. ovárica; - a. sacral mediana; - a. retal superior. 21 22 Resumo de Anatomia Humana Veias Pélvicas Os plexos venosos pélvicos são formados pelas veias que se anastomosam circundando as vísceras pélvicas. Os vários plexos na pelve menor se unem e são drenados principalmente pelas vv. ilíacas internas. SISTEMA GENITAL MASCULINO Órgãos: testículos, sistemas de ductos, glândulas sexuais acessórias, escroto e pênis. Escroto Bolsa que consiste em pele frouxa e fáscia superficial e serve de suporte para os testículos. Rafe do escroto: linha (crista) mediana na pele do escroto; Septo do escroto: fáscia superficial que divide o escroto em 2 bolsas, cada uma contendo um só testículo. Músculo dartos: fascículos de fibras musculares lisas encontrado no tecido subcutâneo do escroto; quando se contrai, provoca o enrugamento da pele escrotal. Estratificação — da camada mais superficial à mais profunda: Pele (cútis); Túnica dartos (m. dartos); Tecido celular subcutâneo; Fáscia espermática externa (derivada do m. oblíquo externo do abdome); Fáscia cremastérica (m. cremáster — músculo estriado esquelético; derivado do m. oblíquo interno do abdome); Fáscia espermática interna (derivada do m. transverso do abdome); Lâmina parietal da túnica vaginal"; Lâmina visceral da túnica vaginal; Túnica albugínea. o ooo o ooo * Quando os testículos descem para o escroto, eles arrastam consigo parte do peritônio parietal, originando o processo vaginal do peritônio. A parte superior desse processo oblitera-se e a parte inferior irá formar a túnica vaginal de paredes duplas (lâminas visceral e parietal). Descreva a função do escroto na proteção dos testículos contra as flutuações de temperatura. e A própria localização do escroto e a contração de suas fibras musculares regulam a temperatura dos testículos. A temperatura de aproximadamente 2 a 3 ºC abaixo da temperatura central, requerida para a produção normal de esperma, é mantida no escroto porque este está fora da cavidade pélvica. O músculo cremáster eleva os testículos durante exposição ao frio. Essa ação move os testículos para mais perto da cavidade pélvica, onde podem absorver calor do corpo. A exposição ao calor reverte o processo. O músculo dartos também se contrai em resposta ao frio, e relaxa, em resposta ao calor. FELIX, Fernando Álison M. D. O ducto deferente conduz espermatozóides do epidídimo para a uretra por meio de contrações peristálticas da túnica muscular. Deferentectomia (vasectomia) É Método comum de esterilização masculina; Durante esse procedimento, parte do ducto deferente é ligada e excisada por uma incisão na parte superior do escroto. A inversão de uma vasectomia é bem sucedida em situações favoráveis (pacientes com menos de 30 anos de idade e que a cirurgia tenha ocorrido há menos de 7 anos) na maioria dos casos. Funículo Espermático Contém estruturas que entram e saem do testículo e suspende o testículo no escroto. O funículo espermático começa no anel inguinal superficial e termina no escroto, na margem posterior do testículo. O revestimento do funículo inclui: o Fáscia espermática interna; o Fáscia cremastérica (com o m. cremáster); o Fáscia espermática externa. Os constituintes do funículo espermático são: o Ducto deferente; A. testicular — origina-se da aorta e irriga testículo e epidídimo; A. do ducto deferente — origina-se da a. vesical inferior; A. cremastérica — origem da a. epigástrica inferior; Plexo venoso pampiniforme? — rede formada por até 12 veias que convergem superiormente como as veias testiculares esquerda e direita; Ramo genital do n. genitofemoral — supre o m. cremáster; Vasos linfáticos — segue para os linfonodos lombares; Vestígio do processo vaginal — pode não ser detectável. o ooo o 2 O plexo pampiniforme proporciona uma grande superfície de contato e um sistema de trocas térmicas contracorrentes entre artéria e veia. Acredita-se que trocas de calor ocorram neste local, entre o sangue arterial quente com o sangue venoso frio, auxiliando manter a temperatura testicular menor que a corporal. Esta troca de calor depende muito da diferença de temperatura entre artéria e veia, ou seja, da temperatura corporal e do testículo, respectivamente. Enumere as estruturas contidas no funículo espermático masculino e > feminino. e As estruturas contidas no funículo espermático masculino foram descritas acima. Como não é homólogo ao funículo espermático (masculino), o ligamento redondo do útero (feminino) não contém estruturas comparáveis. Inclui apenas vestígios da parte inferior do gubernáculo ovariano e do processo vaginal. 25 26 Resumo de Anatomia Humana Ductos Ejaculatórios Cada ducto ejaculatório mede cerca de 2 cm e é formado pela união do ducto da glândula seminal e da ampola do ducto deferente. São tubos delgados (de calibre reduzido). Os ductos ejaculatórios se formam logo acima da base (parte superior) da próstata, e seguem juntos ântero-inferiormente, atravessando a parte posterior da próstata. Os ductos ejaculatórios convergem para se abrir no colículo seminal por meio de pequenas aberturas semelhantes a fendas sob a abertura do utrículo prostático, os óstios dos ductos ejaculatórios. Embora os ductos ejaculatórios atravessem a próstata glandular, as secreções prostáticas se unem ao liquido seminal somente na parte prostática da uretra após o fim dos ductos ejaculatórios. Fundo da bexiga 1 Óstio do ureter «, » Uretra masculina, Parte prostática — “A RA í Próstata — +& = Próstata w q Uretra masculina, Parte membranácea — / Ducto ejaculatório Figura 7: Bexiga, próstata, ducto deferente, glândula seminal; Corte oblíquo para expor a desembocadura do ducto ejaculatório esquerdo na uretra. Uretra (masculina) Serve como passagem tanto para o sêmen quanto para a urina. Esse tubo muscular mede de 18 a 22 cm de comprimento e possui dois óstios: o óstio interno da uretra, na bexiga, e o óstio externo da uretra, na glande do pênis. Saindo da bexiga (parte intramural), passa através da próstata (parte prostática), do diafragma urogenital (parte membranácea) e do corpo esponjoso pênis (parte esponjosa). A partir deste trajeto a uretra se subdivide em 4 partes: o Parte intramural da uretra — 0,5 a 1,5 cm / circundada pelo esfíncter interno da uretra; o Parte prostática da uretra - 3 a 4 cm / contém o colículo seminal / os tratos urinário e reprodutivo se fundem nesse ponto; o Parte membranácea da uretra —- 1 a 1,5 cm / circundada pelo esfincter externo da uretra; o Parte esponjosa da uretra — -15 cm / possui duas dilatações (proximalmente: fossa intrabulbar; distalmente: fossa navicular). FELIX, Fernando Álison M. D. Pênis É o órgão masculino da cópula e, conduzindo a uretra, oferece a saída comum para a urina e o sêmen. Tem formato cilíndrico e consiste em corpo, raiz e glande do pênis. O corpo do pênis é composto por três massas cilíndricas de tecido erétil (permeado por seios sanguíneos), cada uma envolvida por tecido fibroso, chamado de túnica albugínea. Superficialmente ao revestimento externo está a fáscia do pênis (fáscia de Buck), que forma um revestimento membranáceo forte para as três massas, unindo-as. As massas dorsolaterais pareadas são chamadas de corpos cavernosos do pênis; a massa ventral média menor, o corpo esponjoso do pênis, contém a parte esponjosa da uretra. A raiz do pênis é a parte fixa (parte proximal) e consiste no bulbo do pênis, a parte expandida da base do corpo esponjoso do pênis, e o ramo do pênis, as duas partes separadas e cônicas dos corpos cavernosos do pênis. O bulbo do pênis está fixado à face inferior do diafragma urogenital e é envolvido pelo m. bulboesponjoso. Cada ramo do pênis está fixado aos ramos ísquio-púbicos, sendo envolvido pelo m. ísquiocavernoso. A contração desses músculos esqueléticos auxilia a ejaculação. Distalmente, o corpo esponjoso se expande para formar a glande do pênis; sua margem é a coroa da glande. O colo da glande é uma constricção em sulco oblíqua que separa a glande do corpo do pênis. A abertura em fenda da parte esponjosa da uretra, o Óstio externo da uretra, está perto da extremidade da glande. No colo da glande, a pele e a fáscia do pênis são prolongadas como uma dupla camada de pele, o prepúcio, que em homens não-circundados cobre a glande em extensão variável. O frênulo do prepúcio é uma prega mediana que vai da camada profunda do prepúcio até a face uretral da glande. Dois ligamentos sustentam o pênis: o Lig. suspensor do pênis, que se origina da sínfise púbica; o Lig. fundiforme, que se origina da parte inferior da linha alba — superficial (anterior) ao lig. suspensor do pênis. Fimose Ê Prepúcio que envolve a glande afunila-se. Correção cirúrgica: remoção do prepúcio (circuncisão). Circuncisão É o procedimento cirúrgico no qual se remove parte ou todo o prepúcio. Vantagens: facilita higienização, protege contra o câncer de pênis, menor risco para infecções no trato urinário e menor risco para DST's. Suprimento arterial do pênis Ramos das aa. pudendas internas: o Aa. dorsais do pênis; o Aa. profundas do pênis; o Aa. do bulbo do pênis. Resumo de Anatomia Humana Cada ovário situa-se de encontro à face posterior do lig. largo e alojado com a face lateral na fossa ovárica. Ligamentos que mantêm os ovários na posição: o Lig. largo do útero por meio de uma prega, o mesovário; o Ligg. útero-ováricos — ancoram os ovários ao útero; o Ligg. suspensores dos ovários — envolve os vasos ováricos e fixam os ovários a parede da pelve. Cada ovário contém um hilo, pelo qual passam vasos sanguíneos e nervos, e ao longo do qual o mesovário está fixado. Tubas Uterinas Estendem-se lateralmente a partir do útero, situando-se na margem superior do lig. largo do útero. Aproximadamente 10 cm de extensão com diâmetro variando ao seu longo. Transportam ovócitos Il e óvulos fertilizados ou não, a partir dos ovários para o útero. Configuração externa (do lateral para o medial): o Infundíbulo — parte funiliforme da tuba, próximo ao ovário / possui as fímbrias (e a fímbria ovárica); o Ampola — parte mais larga, longa e tortuosa da tuba; o Ístmo-— parte curta da tuba que chega ao útero; o Parte intramural da tuba — que passa pela parede do útero. A fertilização geralmente ocorre na ampola da tuba uterina. A parte do lig. largo que une a tuba a este ligamento se denomina mesossalpinge (no interior contém restos embrionários, o epoóforo). Útero É o local da menstruação, implantação do óvulo fertilizado, desenvolvimento do feto durante a gravidez e parto. Situado entre a bexiga urinária e o reto, com tamanho e formato de uma pêra invertida. Em mulheres que nunca ficaram grávidas, possui: 7,5 cm de comprimento, 5 cm de largura e 2,5 cm de espessura; é maior nas mulheres que ficaram grávidas recentemente e menor (atrofiado) na menopausa (diminuição dos hormônios). Subdivisões anatômicas do útero: o Fundo — porção acima dos óstios uterinos das tubas; o Corpo — abaixo do fundo e acima do istmo, possui duas faces: anterior (relacionado com a bexiga) e posterior (relacionado com o reto); o Istmo — abaixo do corpo, segmento estreito com cerca de 1 cm de comprimento; o Colo — parte final do útero com cerca de 2,5 cm de comprimento, possui duas porções: supravaginal (acima da vagina) e vaginal (que se salienta para a vagina). A porção vaginal do colo do útero circunda o óstio do útero e, por sua vez, é circundada pelo fórnice da vagina. O interior do corpo do útero é chamado de cavidade uterina e o interior do colo, de canal do colo uterino. 30 FELIX, Fernando Álison M. D. O canal do colo do útero se abre na cavidade uterina, no óstio interno, e na vagina, no óstio externo. Normalmente o útero fica deitado sobre a bexiga (antevertido e antefletido). O canal do colo forma rugosidades: pregas palmadas. A porção vaginal do colo que situa-se anteriormente ao óstio é chamado de lábio anterior do colo, e a porção posterior, de lábio posterior do colo. A parede do fundo e corpo do útero é formada por três camadas: o Perimétrio: revestimento seroso externo; o Miométrio: camada muscular lisa espessa; o Endométrio: camada mucosa interna, relacionado com a menstruação e a nidação (implantação do embrião). O colo não possui endométrio e o miométrio é delgado. O endométrio é dividido em duas camadas: o Camada funcional: parte que descama durante a mesntruação; o Camada basal: parte que origina a camada funcional após a menstruação. As células secretoras da túnica mucosa do colo produzem o muco cervical que forma um tampão no colo. Ligamentos do útero: o Lig. largo: pregas duplas de peritônio que fixam o útero em ambos os lados da cavidade pélvica; Ligg. uterossacrais: extensões peritoneais que ligam o útero ao sacro; Ligg. cardinais: estendem-se para baixo até a base do lig. largo, da parede lateral da cavidade pélvica ao colo do útero (conduz os vasos uterinos); o Ligg. redondos: estendem-se do útero até os lábios maiores; o Ligg. útero-ováricos. A inclinação do útero para trás é chamada de retroflexão. Por dentro dos dois folhetos do lig. largo passam: lig. redondo do útero, vasos uterinos e o ureter. Histerectomia Remoção cirúrgica do útero, podendo ser parcial ou subtotal (corpo do útero é removido, mas o colo é deixado no lugar), total (remove corpo e colo do útero) e radical (remove completamente útero, tubas uterinas, ovários, parte superior da vagina, linfonodos pélvicos e ligamentos). A histerectomia pode ser indicada em condições como: endometriose, doença inflamatória da pelve, cistos ováricos recorrentes, sangramento uterino excessivo e câncer do colo, útero ou ovários. Vagina Órgão fibromuscular medindo de 7 a 10 cm de comprimento, revestido por túnica mucosa. Situada entre a bexiga urinária (anterior) e o reto (posterior). Estende-se desde o fórnice da vagina ao vestíbulo (no períneo). Uretra, vagina e reto atravessam o diafragma pélvico. O seu epitélio apresenta espesso enrugamento transversal (rugas vaginais) e apresenta por diante uma elevação provocado pela uretra, chamada carina uretral da vagina. 31 32 Resumo de Anatomia Humana A parede da vagina é constituída por três camadas: o Túnica mucosa: reveste internamente a vagina; epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado + tecido conjuntivo areolar; o Túnica muscular: camada circular externa e longitudinal interna de músculo liso; o Túnica adventícia: camada superficial; ancora a vagina aos órgãos adjacentes; tecido conjuntivo areolar. No óstio da vagina pode haver fina prega de túnica mucosa vascularizada, chamada hímen, que forma uma borda em torno do óstio, fechando-o parcialmente. Com o rompimento do hímen, formam-se as carúnculas himenais. A vagina serve de passagem para fluxo menstrual, parto, e para o sêmen proveniente do pênis durante a relação sexual (coito). Vulva ou Pudendo Monte púbico: elevação de tecido adiposo recoberto por pele e pêlos grossos; anterior aos óstios da vagina e da uretra. Lábios maiores: duas pregas longitudinais de pele, homólogas ao escroto. A fusão anterior desses lábios maiores forma a comissura labial anterior, e a fusão posterior, a comissura labial posterior. Lábios menores: duas pregas menores de pele medial aos lábios maiores, formam o vestíbulo e rima do vestíbulo. Clitóris: pequena massa cilíndrica de tecido erétil e nervos, localizado na junção anterior dos lábios menores; homólogo à glande do pênis; o corpo do clitóris é recoberto pelo prepúcio, formado no ponto onde os lábios menores se unem; a parte exposta do clitóris é a glande. Vestíbulo: região delimitada pelos lábios menores; aí estão: o hímen (quando presente), o óstio da vagina, o óstio externo da uretra e as aberturas dos ductos de diversas glândulas. Em ambos os lados do próprio ostio da vagina, encontram-se as gll. vestibulares maiores (gll. de Bartholin — homólogas às gll. bulbouretrais no homem). Diversas glândulas vestibulares menores também se abrem no vestíbulo. Bulbo do vestíbulo: duas massas alongadas de tecido erétil imediatamente abaixo dos lábios em ambos os lados os óstio da vagina; homólogo ao corpo esponjoso e ao bulbo do pênis. Períneo Diafragma genital (de fora para dentro): o M.transverso superficial do períneo; o Membrana inferior (ou membrana superficial do períneo); o M.transverso profundo do períneo; o Membrana superior (ou membrana profunda do períneo). O períneo é a área em forma de losango que contém os órgãos genitais externos e o ânus. Limites: o Anterior: sínfise púbica; o Laterais: túberes isquiáticos; o Posterior: cóccix. FELIX, Fernando Álison M. D. O número de receptores em uma célula-alvo pode: diminuir caso o hormônio esteja presente em quantidade excessiva (down-regulation — regulação para baixo), ou aumentar quando a concentração do hormônio for deficiente (up-regulation — regulação para cima). O bloqueio dos receptores hormonais é um método clínico-medicamentoso para inibir a ação e o efeito de alguns hormônios. Tipos de hormônios: o Endócrinos — entram no sangue e atuam sobre células-alvo distantes; o Parácrinos — atuam sobre as células vizinhas; o Autócrino — atuam sobre as mesmas células que os secretaram. Os hormônios endócrinos são inativados pelo fígado e excretados pelos rins. Quimicamente, os hormônios são lipossolúveis (esteróides, hormônios tireoidianos e óxido nítrico) ou hidrossolúveis (aminas, peptídeos, proteínas e glicoproteínas e eicosanóides). Os hormônios hidrossolúveis circulam na forma “livre” no sangue; os hormônios esteróides e tireoidianos se prendem a proteínas transportadoras específicas, sintetizadas pelo fígado. Os hormônios regulam o meio ambiente interno, o metabolismo e o balanço energético; participam da regulação das contrações musculares, das secreções glandulares e de determinadas respostas imunes; afetam o crescimento, o desenvolvimento e a reprodução. MECANISMOS DE AÇÃO HORMONAL Os hormônios esteróides e tireoidianos, lipossolúveis, afetam o funcionamento celular por alterarem a expressão gênica. Os hormônios hidrossolúveis alteram o funcionamento celular pela ativação de receptores da membrana plasmática, que inicia uma cascata de eventos, no interior da célula. Interações hormonais: o Efeito permissivo: quando um hormônio potencializa o efeito de um segundo hormônio; o Efeito sinérgico: quando os efeitos de dois hormônios, atuando em conjunto, são maiores, ou mais extensos, que a soma dos efeitos dos dois hormônios agindo isoladamente. Ex.: estrógeno + FSH = maturação dos folículos; o Efeito antagônico: quando um hormônio se opõe às ações de outro hormônio. Ex.: insulina e glucagon = síntese e degradação de glicogênios, respectivamente. CONTROLE DA SECREÇÃO HORMONAL A regulação da secreção se dá para impedir a secreção excessiva ou deficiente dos hormônios. A secreção hormonal é controlada por sinais no sistema nervoso, pelas alterações químicas do sangue ou por outros hormônios. 36 Resumo de Anatomia Humana Controle inadequado da secreção, receptores modificados ou número inadequado de receptores podem resultar em distúrbios do sistema endócrino (hipossecreção ou hipersecreção de hormônio). Com grande frequência, sistemas de feedback negativo regulam a secreção hormonal. Ocasionalmente, um sistema de feedback positivo contribui para a regulação da secreção hormonal. HIPOTÁLAMO E GLÂNDULA HIPÓFISE (PITUITÁRIA) O hipotálamo é o principal elo integrador entre os sistemas nervoso e endócrino, pois ele regula a atividade hipofisária por meio de conexões neurais e hormônios de liberação. O hipotálamo controla o sistema nervoso autônomo e regula a temperatura corporal, a sede, a fome, o comportamento sexual e as reações de defesa, como as de medo e de raiva. Células, no hipotálamo, sintetizam pelo menos 9 hormônios diferentes e a hipófise mais 7. Hipófise: o Forma de ervilha; o Mede cerca de 1a 1,5 cm de diâmetro; o Pesa emtorno de 0,5 g; o Situada na sela túrcica do osso esfenóide (fossa hipofisal), fixando-se ao hipotálamo por uma haste, o infundíbulo da hipófise; o Duas partes anatômica e funcionalmente distintas: lobo anterior e lobo posterior, ou adeno-hipófise e neuro-hipófise, respectivamente. o Diafragma da sela: expansão da dura-máter que protege a hipófise; fixado aos processos clinóides anteriores e posteriores do osso esfenóide; [Em cirurgias, esse diafragma pode atrapalhar o processo cirúrgico.] o Uma 32 região, chamada parte intermédia, atrofia-se durante o desenvolvimento fetal, cessando de existir como lobo distinto nos adultos. Glândula Hipófise Anterior (Adeno-hipófise) Responsável por cerca de 75% de todo o peso da glândula. A liberação dos hormônios da adeno-hipófise é estimulada por hormônios de liberação e suprimida pelos hormônios de inibição, ambos do hipotálamo. Os hormônios hipotalâmicos chegam à adeno-hipófise por meio de um sistema porta (que leva sangue entre 2 redes capilares sem passar pelo coração): o sistema porta hipofisário. Os 7 hormônios principais, secretados pelos 5 tipos celulares da adeno-hipófise são: o GH: hormônio do crescimento humano ou somatotropina — secretado por céls. chamadas somatotrofos. O hGH, por sua vez, estimula diversos tecidos a secretarem fatores de crescimento semelhantes à insulina (IGF's), que são hormônios estimulantes do crescimento geral do corpo e reguladores de aspectos do metabolismo; o TSH: hormônio tireoestimulante ou tireotropina — secretado pelos tireotrofos. Controla as secreções e outras atividades da glândula tireóide; FELIX, Fernando Álison M. D. o FSHe LH: hormônio folículo-estimulante e hormônio luteinizante — secretados por gonadotropos. Atuam sobre as gônadas: ($) estimulam a secreção de testosterona e a produção de espermatozóides; (9) estimulam a secreção de estrógenos e progesterona e a maturação dos ovócitos; o PRL: prolactina — secretada pelos lactotrofos. Inicia a produção de leite pela glândula mamária; o ACTH e MSH: hormônio adrenocorticotrópico ou corticotropina, e hormônio estimulante dos melanócitos — secretados pelos corticotrofos. O ACTH estimula o córtex adrenal a secretar glicocorticóides. Glândula Hipófise Posterior (Neuro-hipófise) Contém axônios e terminais axônicos de mais de 10.000 neurônios, cujos corpos celulares estão situados nos núcleos supra-óptico e paraventricular do hipotálamo. Os terminais axônicos na neuro-hipófise estão associados à neuróglia especializada, chamada pituitócitos. Não sintetiza hormônios; na verdade armazena e libera 2 hormônios produzidos nas céls. neurossecretoras do hipotálamo: ocitocina e ADH: o Ocitocina: durante o parto, aumenta a contração das céls. musculares lisas na parede uterina; após o parto, estimula a ejeção do leite pelas glândulas mamárias. o ADH: diminui a produção de urina (faz com que o rim retorne mais água para o sangue, diminuindo, desse modo, a volume urinário) e a água perdida pela sudorese (causa constricção das arteríolas, o que aumenta a pressão). O etanol inibe a produção de ADH, logo sua ação é diurética. Os axônios das céls. neurossecretoras hipotalâmicas formam o trato hipotálamo- hipofisário. Correlação Clínica ê Gigantismo: enfermidade hormonal causada pela excessiva secreção de GH durante a idade (fase) de crescimento. Principal sintoma: crescimento longitudinal acelerado. Acromegalia: sindrome causada pelo aumento da secreção de GH durante a idade adulta. Por ocorrer na fase adulta, o crescimento se dá nas partes moles e crescimento horizontal (largura/espessura). Nanismo hipofisário: deficiência de GH na infância. Principal sintoma: baixa estatura acentuada. Rs Optic chlasm x Pai muitas tpothalam Figura 8: Face medial do cérebro; diencéfalo e tronco do encéfalo. 37 40 Resumo de Anatomia Humana O paratormônio estimula a atividade osteolítica (destruidora do cristal do osso) dos osteoclastos; aumenta a absorção renal de cálcio; aumenta a absorção de vitamina D e absorção intestinal de cálcio, o que se traduz num incremento rápido e sustentado da quantidade de cálcio no sangue. A calcitonina age como um antagonista fisiológico do PTH, impedindo que o cálcio se eleve acima dos níveis fisiológicos. Atua principalmente no osso, causando uma diminuição da reabsorção óssea através da inibição da atividade osteoclástica. GLÂNDULA TIMO É uma glândula ímpar com dois lobos alongados, e localiza-se no mediastino, atrás do esterno e diante dos vasos da base do coração, e entre os dois pulmões. Uma lâmina envolvente de tecido conjuntivo prende os dois lobos do timo, intimamente justapostos, mas uma cápsula de tecido conjuntivo envolve cada lobo separadamente. Essa cápsula fibrosa divide cada lobo em lóbulos. O timo atinge seu auge de desenvolvimento por volta dos 2 anos de idade, e a partir daí ocorre uma involução gradual e progressiva, ao passo que vai sendo substituído por tecido adiposo. Hormônios: timosina, fator humoral tímico (THF), fator tímico (FT) e timopoietina — promovem a proliferação e a maturação das células T. LZé E Figura 11: Timo em seu local anatômico. (Vista anterior) GLÂNDULAS SUPRARRENAIS São glândulas pares (2), uma situada no pólo superior de cada rim, posterior ao peritônio parietal. Recobrindo cada glândula, existe uma cápsula de tecido conjuntivo. Ricamente vascularizadas. FELIX, Fernando Álison M. D. Peso: 3,5 a 5,0 g (em adultos). Dimensões: 3 a 5 cm de comprimento, 2 a 3 cm de largura e aproximadamente 1 cm de espessura. A gl. suprarrenal direita tem forma piramidal. A gl. suprarrenal esquerda tem forma semi-lunar. Configuração externa: e Gl. suprarrenal esquerda: o Face anterior: relacionada lateralmente com o baço e medialmente com o estômago; o Face posterior: relacionada com o diafragma. o Base: relacionada com o pólo superior do rim esquerdo. e Gl. suprarrenal direita: o Face ântero-lateral: relacionada com o fígado; o Face ântero-medial: relacionada com a v. cava inferior; o Face posterior: relacionada com o diafragma; o Base: relacionada com o pólo superior do rim direito; o Crista: proeminência formada entre as faces ântero-lateral e ântero- medial. Configuração interna: * Córtex— maior porção (80 a 90% do peso total), secreta hormônios essenciais àvida: o Zona glomerulosa: produz mineralocorticóides (ex.: aldosterona); o Zona fasciculada: produz glicocorticóides (ex.: cortisol); o Zona reticulada: produz pequenas quantidades de andrógenos (ex.: testosterona). e Medula — seus hormônios não são essenciais para a vida: o Células cromafins: produzem os hormônios epinefrina e norepinefrina (ou adrenalina e naradrenalina, respectivamente), que são simpaticomiméticos. A. renal Glândula supra-renal V. Cava Inf. Ureter A horta Figura 12: Esquema que mostra a relação das glândulas suprarrenais com os rins. A figura aponta agl. suprarrenal direita. (Vista anterior) 41 42 Resumo de Anatomia Humana PÂNCREAS O pâncreas é uma glândula mista: é, ao mesmo tempo, glândula exócrina e glândula endócrina. É um órgão achatado, medindo cerca de 12,5 a 15,0 cm de comprimento e pesando entre 80e 906. Fica situado, retroperitonealmente, posterior e ligeiramente inferior ao estômago, entre o duodeno e o hilo do baço, e anterior à v. cava inferior. Configuração externa: o Cabeça — “abraçada” pela concavidade do duodeno e inferiormente origina o processo uncinado; o Colo; o Corpo; o Cauda — sua extremidade está voltada para o hilo esplênico. Secreções: * Exócrina: suco pancreático pelos ácinos pancreáticos (99% do pâncreas); * Endócrina: hormônios pelas ilhotas pancreáticas (1% do pâncreas): o Células alfa: responsáveis por 20% das secreções endócrinas — secretam glucagon, o qual é um hiperglicemiante; o Células beta: responsáveis por 70% das secreções endócrinas — secretam insulina, a qual é um hipoglicemiante; o Células delta: responsáveis por 8% das secreções endócrinas — secretam somatostatina, que inibe a liberação da insulina e do glucagon. A somatostatina é idêntico ao GHIH (hormônio de inibição do GH). o Células PP: secretam o polipeptídeo pancreático, que inibe secreção de somatostatina, estimula contração da vesícula biliar, suprime a secreção exócrina pancreática e estimula a secreção gástrica. E regula o apetite entre as refeições. OVÁRIOS E TESTÍCULOS Ver no capítulo 2: Sistemas Reprodutores. FELIX, Fernando Álison M. D. A superfície da medula apresenta os seguintes sulcos longitudinais, que percorrem em toda a sua extensão: o sulco mediano posterior, fissura mediana anterior, sulco ântero-lateral e o sulco póstero-lateral. Na medula cervical existe ainda o sulco intermédio posterior que se situa entre o sulco mediano posterior e o sulco póstero- lateral e que se continua em um septo intermédio posterior no interior do funículo posterior. Nos sulcos ântero-lateral e póstero-lateral fazem conexão, respectivamente as raízes ventrais e dorsais dos nervos espinhais. Na medula, a substância cinzenta localiza-se por dentro da branca e apresenta a forma de uma borboleta, ou de um "H". Nela distinguimos de cada lado, três colunas que aparecem nos cortes como cornos e que são as colunas anterior, posterior e lateral. A coluna lateral só aparece na medula torácica e parte da medula lombar. No centro da substância cinzenta localiza-se o canal central da medula. A substância branca é formada por fibras, a maioria delas mielínicas, que sobem e descem na medula e que podem ser agrupadas de cada lado em três funículos ou cordões: o Funículo anterio: lateral. Funículo lateral: situado entre os sulcos ântero-lateral e o póstero-lateral. Funículo posterior: situado entre o sulco póstero-lateral e o sulco mediano posterior, este último ligado a substância cinzenta pelo septo mediano posterior. Na parte cervical da medula o funículo posterior é dividido pelo sulco intermédio posterior em fascículo grácil e fascículo cuneiforme. situado entre a fissura mediana anterior e o sulco ântero- Sulco medianc posterior , | Fascículo grécil Funículo posterior Sulco à eo posterior, | Fascículo cuneiforme) a ud =—!, Subetência gelatincsa central Sulco póstero-lateral «. 4 “ER i Guea poser a “2 EE 4 ey Egg Raiz posterior, Filamentos radiculares ” ——— Substância gelatinosa Fo = ápice Coluna posterior, Formação reticular 7 = Cabeça, Coma posterior ==Coo | Funículo lateral — —- “> Coluna anterior, Corne anterior * Suleo ânterc-lateral Funículo anterior * Pia-máter, parte espinal Comissura branca / Fissura med ana anterior Figura 15: Medula espinal; corte transversal na parte cervical; coloração para as bainhas de mielina. 45 46 Resumo de Anatomia Humana Easedocrânio — — == trnervo cervical [C7) sai acimada vértebra C1 Intumescência cervical a C7 (existem Enervos cervicais, mas re somente 7 vértebras cervicais] Intumescência Z rr EM Nervos cervicais lombossacral i Nervos torácicos EM Nervos lombares EM Nervos sacrais e coccigeos Cone medular lextremidade da medula espinhal) Filamento terminal interno da pia-máter Terminagção do saco dural Filamento terminal estemo da dura-máter Nervo coceígeo Cóceia Figura 16: Relação das raízes nervosas com as vértebras. CONEXÕES COM OS NERVOS ESPINAIS Os sulcos ântero-lateral e póstero-lateral fazem conexão com pequenos filamentos nervosos denominados de filamentos radiculares, que se unem para formar, respectivamente, as raízes ventrais e dorsais dos nervos espinais. As duas raízes se unem para formação dos nervos espinais, ocorrendo à união em um ponto situado distalmente ao gânglio espinal que existe na raiz dorsal. Existem 31 pares de nervos espinais aos quais correspondem 31 segmentos medulares assim distribuídos: 8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1 coccígeo. Encontramos 8 pares de nervos cervicais e apenas 7 vértebras cervicais porque o primeiro par de nervos espinais sai entre o occipital e C1. TOPOGRAFIA DA MEDULA A um nível abaixo de L2 encontramos apenas as meninges e as raízes nervosas dos últimos nervos espinais, que dispostas em torno do cone medular e filamento terminal, constituem, em conjunto, a chamada cauda equina. Como as raízes nervosas mantém suas relações com os respectivos forames intervertebrais, há um alongamento das raízes e uma diminuição do ângulo que elas fazem com a medula. Estes fenômenos são mais pronunciados na parte caudal da medula, levando a formação da cauda egiiina. Ainda como consequência da diferença de ritmos de crescimento entre a coluna e a medula, temos o afastamento dos segmentos medulares das vértebras FELIX, Fernando Álison M. D. correspondentes. Assim, no adulto, as vértebras T11 e T12 correspondem aos segmentos lombares. Para sabermos qual o nível da medula cada vértebra corresponde, temos a seguinte regra: entre os níveis C2 e T10, adicionamos o número dois ao processo espinhoso da vértebra e se tem o segmento medular subjacente. Aos processos espinhosos de T11 e T12 correspondem os cinco segmentos lombares, enquanto ao processo espinhoso de L1 corresponde aos cinco segmentos sacrais. ENVOLTÓRIO DA MEDULA A medula é envolvida por membranas fibrosas denominadas meninges, que são: dura-máter, pia-máter e aracnóide. A dura-máter é a mais espessa e envolve toda a medula, como se fosse uma luva, o saco dural. Cranialmente ela se continua na dura- máter craniana, caudalmente ela se termina em um fundo-de-saco ao nível da vértebra S2. Prolongamentos laterais da dura-máter embainham as raízes dos nervos espinais, constituído um tecido conjuntivo (epineuro), que envolve os nervos. A aracnóide espinal se dispõe entre a dura-máter e a pia-máter. Compreende um folheto justaposto à dura-máter e um emaranhado de trabéculas aracnóideas, que unem este folheto à pia-máter. ver A AA Nervo espinhal += MENINGES ESPINHAIS: Pla-máter intema) Aracnóido Ligament (média) denteado. Dura-máter (extema) Es; subaracnóide Espaço subdural Figura 17: A medula espinal e seus envoltórios meningeos. A pia-máter é a membrana mais delicada e mais interna. Ela adere intimamente o tecido superficial da medula e penetra na fissura mediana anterior. Quando a medula termina no cone medular, a pia-máter continua caudalmente, formando um filamento esbranquiçado denominado filamento terminal. Este filamento perfura o fundo-de-saco dural e continua até o hiato sacral. Ao atravessar o saco dural, o filamento terminal 47 50 Resumo de Anatomia Humana A pirâmide (feixe compacto de fibras nervosas descendentes — trato piramidal) é visualizada a cada lado da fissura mediana anterior como uma eminência alongada. Na parte caudal do bulbo, fibras deste trato cruzam em “X” o plano mediano, obliterando a fissura mediana anterior — decussação das pirâmides. A oliva é uma eminência oval situada na face lateral do bulbo (entre os sulcos ântero-lateral e póstero-lateral). Formada por uma grande massa de substância cinzenta, o núcleo olivar inferior. Emergem do sulco ântero-lateral os filamentos radiculares do nervo hipoglosso (NC XI). Emergem do sulco póstero-lateral os filamentos radiculares, que se unem para formar os nervos glossofaríngeo (NC IX) e vago (NC X), além dos filamentos que constituem a raiz craniana ou bulbar no nervo acessório (NC XI), a qual se une com a raiz espinhal. A porção fechada do bulbo é percorrida por um estreito canal (continuação direta do canal central da medula) que se abre para formar o IV ventrículo (parte do assoalho do IV ventrículo é formada pela porção aberta). Entre o sulco mediano posterior e o sulco póstero-lateral está situada a face posterior do bulbo, continuação do funículo posterior da medula (fascículo grácil e fascículo cuneiforme, divididos pelo sulco intermédio posterior). Estes fascículos terminam em duas massas de substância cinzenta, os núcleos grácil e cuneiforme, determinando o aparecimento de duas eminências, o tubérculo grácil (medialmente) e o tubérculo cuneiforme (lateralmente). Pedúnculo cerebelar inferior: formado por um grosso feixe de fibras, que são continuações dos tubérculos grácil e cuneiforme. Os fascículos grácil e cuneiforme são responsáveis pela sensibilidade tátil e vibratória. PONTE Origem embrionária: metencéfalo (derivado do rombencéfalo). A ponte regula o padrão e a frequência respiratória. A ponte localiza-se entre o bulbo e o mesencéfalo. Situação: ventralmente ao cerebelo, repousando sobre a parte basilar do osso occipital e o dorso da sela túrcica do osso esfenóide. Formato: cúbico (6 faces: superior e inferior são virtuais; anterior; posterior; laterais). A base (face anterior) apresenta estriação transversal: numerosos feixes de fibras transversais convergem para cada lado — pedúnculo cerebelar médio, que penetra no hemisfério cerebelar correspondente. A emergência do nervo trigêmio (NC V) divide a ponte do pedúnculo cerebelar médio. O NC V possui duas raízes: raiz sensitiva (maior) e raiz motora (menor). Sulco basilar: sulco mediano na superfície ventral da ponte; aloja a a. basilar. A parte ventral da ponte é separada do bulbo pelo sulco bulbo-pontino, de onde emerge de cada lado, a partir da linha mediana, o VI, o Vil e o VIII par de nervos cranianos. FELIX, Fernando Álison M. D. O NC VI, o nervo abducente, emerge entre a ponte e a pirâmide do bulbo. O NC VIII, o nervo vestíbulo-coclear, emerge lateralmente próximo a um pequeno lobo cerebelar denominado flóculo. O NC VII, o nervo facial, emerge lateralmente com o NC VIII, o n. vestíbulo-coclear, com o qual mantém relações íntimas. Entre os dois, emerge o nervo intermédio, que é a raiz sensitiva do VII par craniano. A parte dorsal da ponte juntamente com a parte dorsal da porção aberta do bulbo constituem o assoalho do IV ventrículo. Quiasma óptico Trato olfatório Infundíbuto (pedículo pituitário) Túber cinéreo s Substância perfurada anterior Corpos mamilares Lobo temporal (superfície seccionada) Nervo oculomotor (ij Iervo troclear [1] Trato óptico Substância perfurada posterior Fadúnculo cerebral Hergo trigêmeo (e) Corpo geniculado lateral Nerua abducente (41) Nervos facial (WI) Ponte e intermédio Nervo vestibulocoslear (VII) Pedúnculo cerebelar — FERE aa ando médio Z É Plego coráide do 4 ventrículo Diva Nervo glossofaríngeo (1) Pirâmide Nervo vago (3%) Raízes ventrais do nervo espinhal [C1) Heruo hipoglosso (x) Decussação das pirâmides Nero acessório [1] Figura 19: Tronco Encefálico. (Vista ântero-inferior) IV VENTRÍCULO Situação e Comunicações Cavidade do rombencéfalo, forma losângica, situado entre o bulbo e a ponte ventralmente, e o cerebelo, dorsalmente. Continua caudalmente com o canal central do bulbo e cranialmente com o aqueduto do mesencéfalo (de Sylvius), através do qual o IV ventrículo se comunica com o Ill ventrículo. Aberturas laterais do IV ventrículo (forames de Luschka): aberturas dos recessos laterais, situados na superfície dorsal do pedúnculo cerebelar inferior. Abertura mediana do IV ventrículo (forame de Magendie): abertura no meio do teto do IV ventrículo. Por meio destas cavidades, o líquido cerebrospinal (LCE) passa para o espaço subaracnóideo. 51 Resumo de Anatomia Humana Assoalho do IV ventrículo (Fossa rombóide) Forma losângica: parte dorsal da ponte + parte dorsal da porção aberta do bulbo. Limites: o Ínfero-laterais: pedúnculos cerebelares inferiores + tubérculos grácil e cuneiforme; o Súpero-laterais: pedúnculos cerebelares superiores (compactos feixes de fibras nervosas que, saindo de cada hemisfério cerebelar, fletem-se cranialmente e convergem para penetrar no mesencéfalo). Percorrido em toda extensão pelo sulco mediano. Eminência medial: eminência em cada lado do sulco mediano, limitada lateralmente pelo sulco militante. Fóvea superior e fóvea inferior: duas depressões formadas pelo alargamento cranial e caudal do sulco limitante. Colículo facial: elevação arredondada da eminência medial (de cada lado) medialmente à fóvea superior. — Frênulo do véu Braço da colículo inferor mediar eupénior Colículo inferior — — —— Véu medular superior Pedúnculo cerebral — — — | Vocuscaeruleus N. sroclear [Iv] ——— Eaiddi — — Eminência mecial — Colículo facial Pediinculo cerebelar superior — i 6 — Fóvea sLperior Pedúnculo cerebelar médio — Pedúnculo cerebelar inferior — 7 ano 7 Ie Sulco media! quarto ventrículo E Eno K E Estria medular do quarto ventrículo — = Área vestibular ai x Véu medular inferior — SS Favesiintetor Trígono do N. hipoglosso a Trígono do N. vago 4 e > Tubérculo cuneiferme * Funículo lateral da medula oblonga / Sulco póstero-lateral “ * Tubérculo grácil Sulco intermédio posterior 4 ; * Fascículo cuneitorme E do PA A Sulco mediano posterior * Fascículo grácil Figura 20: Fossa rombóide; Visão do assoalho do IV ventrículo após o corte dos pedúnculos cerebelares; vista póstero-superior. 52 FELIX, Fernando Álison M. D. CEREBELO GENERALIDADES O cerebelo constitui o sistema nervoso suprassegmentar. Deriva da parte posterior do metencéfalo e fica situado posteriormente ao bulbo e à ponte, contribuindo para a formação do teto do IV ventrículo. Situação: encontra-se repousando sobre a fossa cerebelar do osso occipital e está separado do lobo occipital do cérebro por uma prega de dura-máter, o tentório do cerebelo. Possui formato praticamente ovalado, porém constringido mediamente e achatado na porção inferior, tendo seu maior diâmetro no sentido látero-lateral. Sua superfície não é convoluta como a do cérebro, porém cruzada por numerosos sulcos, que variam de profundidade dependendo da localização. Seu peso médio no homem é de aproximadamente 150 g. Consiste em dois hemisférios laterais unidos por uma parte mediana estreita, o verme. Liga-se à medula espinal e ao bulbo pelo pedúnculo cerebelar inferior; à ponte pelo pedúnculo cerebelar médio; ao mesencéfalo pelo pedúnculo cerebelar superior. Funções: relacionado com o equilíbrio e a coordenação dos movimentos. ALGUNS ASPECTOS ANATÔMICOS Divisão anatômica do cerebelo: verme + hemisférios cerebelares. Os sulcos do cerebelo, de direção predominantemente transversal, delimitam lâminas finas denominadas folhas do cerebelo. Existem também sulcos mais profundos, as fissuras do cerebelo, que delimitam lóbulos, cada um deles podendo conter várias folhas. Constituição interna: o Centro de substância branca: corpo medular do cerebelo; o Camada externa de substância cinzenta: córtex cerebelar; o O corpo medular do cerebelo com suas lâminas brancas, quando vista em cortes sagitais, recebem o nome de “árvore da vida”; o No interior do corpo medular existem quatro pares de núcleos de substância cinzenta, que são os núcleos centrais do cerebelo: denteado, emboliforme, globoso e fastígio. LoBos CEREBELARES O cerebelo subdivide-se em três lobos: (1) Lobo flóculo-nodular: está envolvido na manutenção do equilíbrio dado que as suas projeções aferentes provêm dos núcleos vestibulares; (2) Lobo anterior: consiste essencialmente na parte anterior do verme e do córtex paravermiano. Tendo em conta que as suas projeções provêm dos músculos e tendões 55 56 Resumo de Anatomia Humana dos membros, este lobo está mais relacionado com a postura, tônus muscular e controle da coordenação dos membros inferiores, principalmente na marcha; (3) Lobo posterior: composto pela parte média do verme e pelas suas extensões laterais que formam em grande parte os hemisférios cerebelares. Este lobo está envolvido na coordenação dos movimentos finos iniciados pelo córtex cerebral. VERME E LÓBULOS CEREBELARES Vermis (verme): porção ímpar e mediana, ligado aos dois hemisférios cerebelares. Regiões (lóbulos) do verme: o Língula — está quase sempre aderida ao véu medular superior; Lóbulo central; Cúlmen; Declive; Folium — consiste em apenas uma folha do verme; Túber; Pirâmide; Úvula (corresponde à tonsila do hemisfério); o Nódulo; Lóbulos: a divisão do cerebelo em lóbulos não tem nenhum significado funcional e sua importância é apenas topográfica. Os lóbulos recebem denominações diferentes no verme e nos hemisférios. Cada lóbulo do verme corresponde a dois hemisférios simétricos e homônimos. Os lóbulos nos hemisférios são: asa do lóbulo central, quadrangular anterior, quadrangular posterior, semilunar superior, semilunar inferior, biventre, tonsila e flóculo. [Analise a Tabela 3 e a Figura 16]. Um lóbulo importante é o flóculo, situado logo abaixo do ponto em que o pedúnculo cerebelar médio penetra no cerebelo, próximo ao nervo vestíbulo-coclear. Liga-se ao nódulo, lóbulo do verme, pelo pedúnculo do flóculo. As tonsilas são bem evidentes na parte inferior do cerebelo, projetando-se medialmente sobre a face dorsal do bulbo. [Um aumento da pressão intracraniana faz com que as tonsilas comprimam o bulbo o que pode provocar uma parada cardiorespiratória.] oooooofbo FISSURAS CEREBELARES Fissuras: o Depois da língula temos a fissura pré-central. Depois do lóbulo central temos a fissura pré-culminar. Depois do cúlmen temos a fissura primária. Depois do declive temos a fissura pós-clival. Depois do folium temos a fissura horizontal. Depois do túber temos a fissura pré-piramidal. Depois da pirâmide temos a fissura pós-piramidal. Depois da úvula temos a fissura póstero-lateral. oooooofbo FELIX, Fernando Álison M. D. FISSURAS VERME HEMISFÉRIO Língula = Pré-central Central Asa do lóbulo central Pré-culminar Cúlmen Quadrangular anterior Primária Declive Quadrangular posterior Pós-clival Folium Semilunar superior Horizontal Túber Semilunar inferior Pré-piramidal Pirâmide Biventre Pós-piramidal Úvula Tonsila Póstero-lateral Nódulo Flóculo Tabela 3: Nomenclatura dos lóbulos cerebelares segundo a região (verme ou hemisfério), separados pelas fissuras correspondentes. ANTERIOR Logo j L CORPO DO CERENELO LOGO POSTERIOR LOGO FLÓGULO-NODULAR BM ssucesesso DO) sesserses À Palocerebeto eee —— — — pissura pró-central a Asa do lóbulo central Lóbuio quadrangular (parte posterior) — = fissura pós-clival Lóbulo semilunar superior Em me mFisgra horizontal isa Fissura práspiramidal do Bv ra póspiramidal , x, isgura pásteco-lateral o Figura 23: Cerebelo; esquematização didática demonstrando fissuras, lobos, lóbulos e divisão filogenética. (Vista panorâmica) DIVISÃO ONTOGENÉTICA E FILOGENÉTICA DO CEREBELO Divisão Ontogenética A primeira fissura a aparecer durante o desenvolvimento foi a fissura póstero-lateral que divide o cerebelo em duas partes desiguais: lobo flóculo-nodular e corpo do cerebelo. A seguir, aparece a fissura primária que divide o corpo do cerebelo em lobo anterior e lobo posterior. 57 60 Resumo de Anatomia Humana Quando o cérebro é seccionado no plano sagital mediano, as paredes laterais do III ventrículo são expostas amplamente; verifica-se então a existência de uma depressão, o sulco hipotalâmico, que se estende do aqueduto do mesencéfalo até o forame interventricular. As porções da parede lateral do Ill ventrículo situadas acima deste sulco pertencem ao tálamo; e as situadas abaixo, ao hipotálamo. Unindo os dois tálamos observa-se frequentemente uma estrutura formada por substância cinzenta, a aderência intertalâmica, que aparece apenas seccionada. No assoalho do Ill ventrículo encontram-se, de anterior para posterior, as seguintes formações: quiasma Óptico, infundíbulo, túber cinéreo e corpos mamilares, pertencentes ao hipotálamo. [Identifique essas estruturas na Figura 21 — elas não foram marcadas.] A parede posterior do Ill ventrículo, muito pequena, é formada pelo epitálamo, que se localiza acima do sulco hipotalâmico. Saindo de cada lado do epitálamo e percorrendo a parte mais alta das paredes laterais, há um feixe de fibras nervosas, as estrias medulares do tálamo, onde se insere a tela corióide, que forma o teto do III ventrículo. A partir da tela corióide, invaginam-se na luz ventricular, os plexos corióides do Ill ventrículo, que se dispõem em duas linhas paralelas e são contínuos, através dos respectivos forames interventriculares, com os plexos corióides dos ventrículos laterais. O subtálamo não se relaciona com a luz do Ill ventrículo. A parede anterior do Ill ventrículo é formada pela lâmina terminal, fina lâmina de tecido nervoso, que une os dois hemisférios e dispõem-se entre o quiasma óptico e a comissura anterior. A comissura anterior, a lâmina terminal e as partes adjacentes das paredes laterais do Ill ventrículo pertencem ao telencéfalo. A luz do Ill ventrículo se evagina para formar quatro recessos: o Recesso óptico, acima do quiasma óptico; o Recesso infundibular, no infundíbulo da hipófise; o Recesso pineal, na haste da glândula pineal; o Recesso suprapineal, acima da glândula pineal. TÁLAMO O tálamo, com comprimento de cerca de 3 cm, compondo 80% do diencéfalo, consiste em duas massas ovais pareadas de substância cinzenta, dispostas na porção látero-dorsal do diencéfalo. O tálamo está organizado em núcleos, com tratos de substância branca em seu interior. Em geral, uma conexão de substância cinzenta, chamada massa intermédia (aderência intertalâmica), une as partes direita e esquerda do tálamo. A extremidade anterior de cada tálamo apresenta uma eminência, o tubérculo anterior do tálamo, que participa da delimitação do forame interventricular. A extremidade posterior, consideravelmente maior que a anterior, apresenta uma grande eminência, o pulvinar do tálamo, que se projeta sobre os corpos geniculados lateral e medial. O corpo geniculado medial faz parte da via auditiva, e o corpo geniculado lateral da via óptica, e ambos são considerados por alguns autores como uma divisão do diencéfalo denominada de metatálamo. Figura 26: Tálamo. (Vista medial) FELIX, Fernando Álison M. D. A porção lateral da face superior do tálamo faz parte do assoalho do ventrículo lateral, sendo revestido por epitélio ependinário (epitélio que reveste esta parte do tálamo e é denominada lâmina fixa). A face medial do tálamo forma a maior parte das paredes laterais do Ill ventrículo, cujo teto é constituído pelo fórnice e pelo corpo caloso (formações telencefálicas). A face lateral do tálamo é separada do telencéfalo pela cápsula interna, compacto feixe de fibras que ligam o córtex cerebral a centros nervosos subcorticais. A face inferior do tálamo continua com o hipotálamo e o subtálamo. Alguns núcleos transmitem impulsos para as áreas sensoriais do cérebro: o Corpo (núcleo) Geniculado Medial — transmite impulsos auditivos; o Corpo (núcleo) Geniculado Lateral — transmite impulsos visuais; o Corpo (núcleo) Ventral Posterior — transmite impulsos para o paladar e para as sensações somáticas, como as de tato, pressão, vibração, calor, frio e dor. Os núcleos talâmicos podem ser divididos em cinco grupos: o Grupo Anterior; o Grupo Posterior; o Grupo Lateral; o Grupo Mediano; o Grupo medial. O tálamo serve como uma estação intermediária para a maioria das fibras que vão da porção inferior do encéfalo e medula espinhal para as áreas sensitivas do cérebro. O tálamo classifica a informação, dando-nos uma idéia da sensação que estamos experimentando, e as direciona para as áreas específicas do cérebro para que haja uma interpretação mais precisa. Funções do Tálamo: o Sensibilidade: todos os impulsos sensitivos passam pelo tálamo, com exceção do olfatório, onde integra, modifica e retransmite ao córtex, porém não é discriminativo (estereognosia); o Comportamento emocional: através do sistema límbico e de conexões com a área pré-frontal; o Motricidade: exerce o controle da motricidade, coordenação da musculatura agonista e antagonista, em circuitos pálido-corticais e cerebelo-corticais; o Ativação Cortical: através das conexões com o sistema ativador ascendente, SARA, mantém o indivíduo em vigília. HiPOTÁLAMO É uma área relativamente pequena do diencéfalo, situada abaixo do tálamo, com funções importantes principalmente relacionadas à atividade visceral. Tem forma losangular. Limitado na frente pelo quiasma óptico, posterior pelos corpos mamilares e lateralmente pelos tratos Figura 27: Hipotálamo. (Vista medial) ópticos. Entre o quiasma e os corpos mamilares estão o túber cinéreo e o infundíbulo. Essas formações anatômicas são visíveis na face inferior do cérebro e constituem o assoalho do Ill ventrículo. 61 62 Resumo de Anatomia Humana O hipotálamo é parte do diencéfalo e se dispõe nas paredes do Ill ventrículo, abaixo do sulco hipotalâmico, que separa o tálamo. Trata-se de uma área muito pequena (4 g), mas apesar disso, o hipotálamo, por suas inúmeras e variadas funções, é uma das áreas mais importantes do sistema nervoso. Corpos mamilares: são duas eminências arredondadas de substância cinzenta evidentes na parte anterior da fossa interpeduncular — núcleos para olfato. Quiasma óptico: localiza-se na parte anterior do assoalho ventricular. Recebe fibras mielínicas do nervo óptico, que ai cruzam em parte e continuam nos tratos ópticos que se dirigem aos corpos geniculados laterais, depois de contornar os pedúnculos cerebrais. Túber cinéreo: é uma área ligeiramente cinzenta, mediana, situada atrás do quiasma e dos tratos ópticos, entre estes e os corpos mamilares. No túber cinéreo prende-se a hipófise por meio do infundíbulo. Infundíbulo: é uma formação nervosa em forma de um funil que se prende ao túber cinéreo, contendo pequenos prolongamentos da cavidade ventricular, o recesso do infundíbulo. A extremidade superior do infundíbulo dilata-se para constituir a eminência mediana do túber cinéreo, enquanto a extremidade inferior continua com um processo infundibular, ou neuro-hipófise. O hipotálamo é constituído fundamentalmente de substância cinzenta que se agrupa em núcleos. Percorrendo o hipotálamo existem, ainda, sistemas variados de fibras, como o fórnice (fórnix). Este percorre de cima para baixo cada metade do hipotálamo, terminando no respectivo corpo mamilar. Impulsos de neurônios cujos dendritos e corpos celulares situam-se no hipotálamo são conduzidos por seus axônios até neurônios localizados na medula espinhal, e em seguida muitos desses impulsos são então transferidos para músculos e glândulas por todo o corpo. Funções do Hipotálamo: o Controle do sistema nervoso autônomo; Regulação da temperatura corporal; Regulação do comportamento emocional; Regulação do sono e da vigília; Regulação da ingestão de alimentos; Regulação da ingestão de água; Regulação da diurese; Regulação do sistema endócrino; Geração e regulação de ritmos circadianos. oooooooo EPITÁLAMO Limita posteriormente o Ill ventrículo, acima do sulco hipotalâmico, já na transição com o mesencéfalo. Seu elemento mais evidente é a glândula pineal: glândula endócrina de forma piriforme, ímpar e mediana (entre os colículos superiores), que repousa sobre o teto mesencefálico. A base do corpo pineal se Figura 28: Epitálamo. (Vista medial) prende anteriormente a dois feixes transversais de fibras que cruzam um plano mediano, a comissura posterior e a comissura das habênulas, entre as quais penetra na glândula pineal um pequeno prolongamento da cavidade ventricular, o recesso pineal. FELIX, Fernando Álison M. D. dos sulcos permite considerável aumento da superfície cerebral sem aumento do volume cerebral. Em qualquer hemisfério, os dois sulcos mais importantes são o sulco lateral e o sulco central. o Sulco lateral (de Sylvius): é subdividido em ascendente e anterior, que penetram no lobo frontal, e posterior, mais longo que separa o lobo temporal (abaixo) dos lobos frontal e parietal (acima); o Sulco central (de Rolando): separa o lobo frontal (anterior) do parietal (posterior). O sulco central é ladeado por dois giros paralelos, um anterior, giro pré-central, e outro posterior, giro pós-central. As áreas situadas adiante do sulco central relacionam-se com a MOTRICIDADE, enquanto as situadas atrás deste sulco relacionam-se com a SENSIBILIDADE. Outro sulco importante situado no telencéfalo, na face medial, é o sulco parieto- occipital, que separa o lobo parietal do occipital. Os lobos cerebrais recebem o nome de acordo com a sua localização em relação aos ossos do crânio. Portanto, temos cinco lobos: Frontal — relacionado com a motricidade, personalidade, fala e o intelecto; Temporal — relacionado com a audição; Parietal; Occipital — relacionado com a visão; Ínsula, que é o único que não se relaciona com nenhum osso do crânio, pois está situado profundamente no sulco lateral. Lobo Frontal Lobo Temporal Lobo Parietal Lobo Occipital Lobo da Ínsula Figura 30: Lobos cerebrais. (Vista esquerda) o ooo MORFOLOGIA DAS FACES DOS HEMISFÉRIOS CEREBRAIS Face Súpero-Lateral Lobo Frontal Três sulcos principais: o Sulco pré-central: mais ou menos paralelo ao sulco central; o Sulco frontal superior: inicia-se na porção superior do sulco pré-central e dirigi-se anteriormente no lobo frontal. É perpendicular a ele; o Sulco Frontal Inferior: partindo da porção inferior do sulco pré-central, dirige- se para frente e para baixo. 65 Resumo de Anatomia Humana E Sulco Pré-central E sulco Frontal superior E sulco Frontal Inferior Figura 31: Sulcos do lobo frontal. (Face súpero-lateral) Giros: o Giro pré-central: localiza-se entre o sulco central e o sulco pré-central. Neste giro se localiza a área motora principal do cérebro (córtex motor); o Giro frontal superior: localiza-se acima do sulco frontal superior, continuando na face medial do cérebro; o Giro frontal médio: localiza-se entre os sulcos frontal superior e frontal inferior; o Giro frontal inferior: localiza-se abaixo do sulco frontal inferior, e é subdividido pelos ramos anterior e ascendente do sulco lateral em três partes: orbital, triangular e opercular. O giro frontal inferior do hemisfério esquerdo é o centro cortical da palavra falada (Área de Broca). E Giro Pré-central E Giro Frontal Superior E Giro Frontal Médio E Giro Frontal Inferior Figura 32: Giros do lobo frontal. (Face súpero-lateral) Lobo Temporal Dois sulcos principais: o Sulco temporal superior: inicia-se próximo ao pólo temporal e dirige-se para trás paralelamente ao ramo posterior do sulco lateral, terminando no lobo parietal; o Sulco temporal inferior: paralelo ao sulco temporal superior é geralmente formado por duas ou mais partes descontínuas. FELIX, Fernando Álison M. D. E Sulco Temporal Superior E Sulco Temporal Inferior Figura 33: Sulcos do lobo temporal. (Face súpero-lateral) o Giro temporal superior: localiza-se entre o sulco lateral e o sulco temporal superior; o Giro temporal médio: localiza-se entre os sulcos temporal superior e o temporal inferior; o Giro temporal inferior: localiza-se abaixo do sulco temporal inferior e se limita com o sulco occípito-temporal. Afastando-se os lábios do sulco lateral, aparece o seu assoalho, que é parte do giro temporal superior. A porção superior deste assoalho é atravessada por pequenos giros transversais, os giros temporais transversos, dos quais o mais evidente é o giro temporal transverso anterior. Esse é importante pois se localiza o centro cortical da audição. E Giro Temporal Superior E Giro Temporal Médio E Giro Temporal Inferior Figura 34: Giros do lobo temporal. (Face súpero-lateral) Lobo Parietal Dois sulcos principais: o Sulco pós-central; localiza-se posteriormente ao giro pós-central. É paralelo ao sulco central; o Sulco intraparietal: geralmente localiza-se perpendicular ao sulco pós-central (com o qual pode estar unido) e estende-se para trás para terminar no lobo occipital. 70 Resumo de Anatomia Humana Face Medial Corpo Caloso, Fórnice e Septo Pelúcido Corpo Caloso É a maior das comissuras inter-hemisféricas. É formado por um grande número de fibras mielínicas que cruzam o plano sagital mediano e penetram de cada lado no centro branco medular do cérebro, unindo áreas simétricas do córtex de cada hemisfério. Em corte sagital do cérebro, podemos identificar as divisões do corpo caloso: uma lâmina branca arqueada dorsalmente, o tronco do corpo caloso, que se dilata posteriormente no esplênio do corpo caloso e se flete anteriormente em direção da base do cérebro para constituir o joelho do corpo caloso. Este se afina para formar o rostro do corpo caloso, que se continua em uma fina lâmina, a lâmina rostral até a comissura anterior. Entre a comissura anterior e o quiasma óptico encontra-se a lâmina terminal, delgada lâmina de substância branca que também une os hemisférios e constitui o limite anterior do Ill ventrículo. Fórnice Emergindo abaixo do esplênio do corpo caloso e arqueando-se em direção à comissura anterior, está o fórnice (fórnix), feixe complexo de fibras que, entretanto, não pode ser visto em toda a sua extensão em um corte sagital do cérebro. É constituído por duas metades laterais e simétricas afastadas nas extremidades e unidas entre si no trajeto do corpo caloso. A porção intermédia em que as duas metades se unem constitui o corpo do fórnice e as extremidades que se afastam são, respectivamente, as colunas do fórnice (anteriores) e os pilares do fórnice (posteriores). As colunas do fórnice terminam no corpo mamilar correspondente cruzando a parede lateral do Ill ventrículo. Os ramos do fórnice divergem e penetram de cada lado no corno inferior do ventrículo lateral, onde se ligam ao hipocampo. No ponto em que os pilares do fórnice se separam, algumas fibras passam de um lado para o outro, formando a comissura do fórnice. Septo Pelúcido Entre o corpo caloso e o fórnice estende-se o septo pelúcido, constituído por duas delgadas lâminas de tecido nervoso que delimitam uma cavidade muito estreita, a cavidade do septo pelúcido. O septo pelúcido separa os dois ventrículos laterais. Lobo Frontal e Parietal Na parte medial do cérebro, existem dois sulcos que passam do lobo frontal para o lobo parietal: o Sulco do corpo caloso: começa abaixo do rostro do corpo caloso, contorna o tronco e o esplênio do corpo caloso, onde se continua já no lobo temporal, com o sulco do hipocampo. o Sulco do cíngulo: tem seu curso paralelo ao sulco do corpo caloso, do qual é separado pelo giro do cíngulo. Termina posteriormente em dois sulcos: ramo marginal do giro do cíngulo, porção final do sulco do giro do cíngulo que cruza a margem superior do hemisfério, e o sulco subparietal, que continua posteriormente em direção ao sulco parieto-ocipital. FELIX, Fernando Álison M. D. Sulco Paracentral: Destaca-se do sulco do cíngulo em direção á margem superior do hemisfério, que delimita, com o sulco do cíngulo e o sulco marginal, o lóbulo paracentral. H Sulco do Corpo Caloso E sulco do Cingulo E Ramo Marginal [] Sulco Subparietal E Sulco Paracentral Figura 39: Sulcos do lobo frontal e parietal. (Face medial) Giro do Cíngulo: contorna o corpo caloso, ligando-se ao giro para-hipocampal pelo istmo do giro do cíngulo. É percorrido por um feixe de fibras, o fascículo do cíngulo. Lóbulo Paracentral: localiza-se entre o sulco marginal e o sulco paracentral. Na parte anterior e posterior deste lóbulo localizam-se as áreas motoras e sensitivas relacionadas com a perna e o pé. Pré-cúneos: está localizado superiormente ao sulco parieto-occipital, no lobo parietal. Giro Frontal Superior: já foi descrito acima, no estudo da face lateral do cérebro. BB Giro co cinguio E Lóbulo Paracentral E Pré-cúneos [a Giro Frontal Superior Figura 40: Giros do lobo frontal e parietal. (Face medial) Resumo de Anatomia Humana Lobo Occipital Dois sulcos importantes: o Sulco calcarino: inicia-se abaixo do esplênio do corpo caloso e tem um trajeto arqueado em direção ao pólo occipital. Nos lábios do sulco calcarino localiza- se o centro cortical da visão. o Sulco parieto-occipital: é o sulco que separa o lobo occipital do lobo parietal. LH] Sulco Parieto-Occipital E Sulco Calcarino Figura 41: Sulcos do lobo occipital. (Face medial) Cúneos: localiza-se entre o sulco parieto-occipital e o sulco calcarino. É um giro complexo de forma triangular. Adiante do cúneos, no lobo parietal, temos o pré-cúneos. Giro occípito-temporal medial: localiza-se abaixo do sulco calcarino. Esse giro continua anteriormente com o giro para-hipocampal, do lobo temporal. E Cúneos E Giro Occipito-temporal Medial FELIX, Fernando Álison M. D. Rinencéfalo O bulbo olfatório é uma dilatação ovóide e achatada de substância cinzenta que continua posteriormente com o trato olfatório, ambos alojados no sulco olfatório. O bulbo olfatório recebe filamentos que constituem o nervo olfatório (NC 1). Posteriormente, o trato olfatório se bifurca formando as estrias olfatórias lateral e medial, que delimitam uma área triangular, o trígono olfatório. Atrás do trígono olfatório e adiante do trato óptico localiza-se uma área contendo uma série de pequenos orifícios para passagem de vasos, a substância perfurada do anterior. MORFOLOGIA DOS VENTRÍCULOS LATERAIS Os hemisférios cerebrais possuem cavidades revestidas de epêndima e contendo líquido cerebrospinal (LCE), os ventrículos laterais esquerdo e direito, que se comunicam com o III ventrículo pelo respectivo forame interventricular (de Monro). Exceto pelo forame, cada ventrículo é uma cavidade fechada que apresenta uma parte central e três cornos que correspondem aos três pólos do hemisfério cerebral. As partes que se projetam para o pólo frontal, occipital e temporal são, respectivamente, o corno anterior, posterior e inferior. Com exceção do corno inferior, todas as partes dos ventrículos laterais têm o teto formado pelo corpo caloso. Corno frontal [anterior] do ventrículo lateral esquerdo Parte central do ventrículo ventrículo lateral direito. Iateral esquerdo Corno temporal (interior) do ventrículo lateral esquerdo Corno oeoipital posterior do ventrículo lateral esquerdo Forame interentricular esquerdo [de Morto) ar ventrículo Aquedut: bral [de Syh Aderência intertalâmica queduto cerebral [de Suluius) . 4º ventrículo Fiecesso óptico Recesso infundibular Abertura medial Fiacesso pineal forame de ftagendie] Recesso suprapineal Abertura lateral esquerda forame de Lusohka] [anal central da medula espinhal Recesso lateral esquerdo Figura 46: Morfologia dos ventrículos laterais (em transparência). Morfologia das Paredes Ventriculares Corno Anterior (ou frontal) Adiante do forame interventricular. Configuração: o Parede medial: septo pelúcido; o Assoalho + parede lateral: cabeça do núcleo caudado; 75 76 Resumo de Anatomia Humana o Teto+ limite anterior: corpo caloso. Parte Central (ou corpo) Do forame interventricular até o trígono colateral (é a região do ventrículo lateral onde a cavidade se bifurca em cornos inferior e posterior). Configuração: o Teto: corpo caloso; o Parede medial: septo pelúcido; o Assoalho + parede lateral: fórnice, plexo corióide, parte lateral da face dorsal do tálamo, estria terminal e núcleo caudado. Corno Posterior (ou occipital) Posteriormente ao trígono colateral. Configuração: as paredes são, em quase toda extensão, formadas por fibras do corpo caloso. Corno Inferior (ou temporal) Inferiormente ao trígono colateral. Configuração: o Teto: substância branca do hemisfério; na margem medial apresenta a cauda do núcleo caudado; na extremidade da cauda do núcleo caudado, observa-se uma discreta eminência arredondada, o corpo amigdalóide; o Assoalho: eminência colateral e hipocampo. Plexos Corióides dos Ventrículos Laterais Constituição: pia-máter + epêndima. Presente na parte central e corno inferior do ventrículo lateral, e ausente nos cornos anterior e posterior. ORGANIZAÇÃO INTERNA DOS HEMISFÉRIOS CEREBRAIS Cada hemisfério possui uma camada superficial de substância cinzenta, o córtex cerebral, que reveste um centro de substância branca, o centro branco medular do cérebro, ou centro semioval. No interior dessa substância branca existem massas de substâncias cinzenta, os núcleos da base do cérebro. Centro Branco Medular É formado por fibras mielínicas. Distinguem-se dois grupos de fibras: de projeção e de associação. As fibras de projeção ligam o córtex cerebral a centros subcorticais; as fibras de associação unem áreas corticais situadas em pontos diferentes do cérebro. As fibras de projeção se dispõem em dois feixes: o fórnice e a cápsula interna. O fórnice une o córtex do hipocampo ao corpo mamilar e contribui um pouco para a formação do centro branco medular. Já foi melhor descrito anteriormente. A cápsula interna contém a grande maioria das fibras que saem ou entram no córtex cerebral. Estas fibras formam um feixe compacto que separa o núcleo lentiforme, situado lateralmente, do núcleo caudado e tálamo, situados medialmente. Acima do nível destes núcleos, as fibras da cápsula interna passam a constituir a coroa radiada. Distingue-se na cápsula interna um ramo anterior, situada entre a cabeça do núcleo caudado e o núcleo lentiforme, e um ramo posterior, bem maior, situada entre o núcleo FELIX, Fernando Álison M. D. lentiforme e o tálamo. Estas duas porções da cápsula interna encontram-se formando um ângulo que constitui o joelho da cápsula interna. As fibras de associação são divididas em fibras de associação intra-hemisféricas e inter-hemisféricas. Dentre as fibras de associação intra-hemisféricas, citarei os quatro fascículos mais importantes: Fascículo do Cíngulo - Une o lobo frontal e o temporal. Fascículo Longitudinal Superior - Une os lobos frontal, parietal e occipital. Também pode ser chamado de fascículo arqueado. o Fascículo Longitudinal Inferior - Une o lobo occipital e temporal. o Fascículo Unciforme - Une o lobo frontal e o temporal. Dentre as fibras de associação inter-nemisféricas, ou seja, aquelas que atravessam o plano mediano para unir áreas simétricas dos dois hemisférios, encontramos três comissuras telencefálicas: corpo caloso, comissura do fórnice e comissura anterior, já descritas. Núcleos da Base Núcleo Caudado É uma massa alongada e bastante volumosa de substância cinzenta, relacionada em toda a sua extensão com os ventrículos laterais. Sua extremidade anterior é muito dilatada, constitui a cabeça do núcleo caudado, que proemina do assoalho do corno anterior do ventrículo lateral. Ela continua gradualmente com o corpo do núcleo caudado, situado no assoalho da parte central do ventrículo lateral. Este se afina pouco a pouco para formar a cauda do núcleo caudado que é longa e fortemente arqueada, estendendo-se até a extremidade anterior do corno inferior do ventrículo lateral. Em razão de sua forma fortemente arqueada, o núcleo caudado aparece seccionado duas vezes em determinados cortes horizontais e frontais do cérebro. A cabeça do núcleo caudado funde-se com a parte anterior do núcleo lentiforme (putame). Núcleo Lentiforme Tem a forma e o tamanho aproximado de uma castanha-do-pará. Não aparece na superfície ventricular, situando-se profundamente no interior do hemisfério. Medialmente relaciona-se com a cápsula interna, que o se separa do núcleo caudado e do tálamo; lateralmente relaciona-se com o córtex da ínsula, do qual é separado por substância branca e pelo claustro. O núcleo lentiforme é divido em putame e globo pálido por uma fina lâmina de substância branca, a lâmina medular lateral. O putame situa-se lateralmente e é maior que o globo pálido, que se dispõem medialmente. Em secções transversais do cérebro, o globo pálido tem uma coloração mais clara que o putame em virtude da presença de fibras mielínicas que o atravessam. O globo pálido é subdividido por uma lâmina de substância branca, a lâmina medular medial, em partes lateral e medial. 77 Resumo de Anatomia Humana Sulco central Área somestésica primária Área motora primária Área do paladar (gustatória) Área de associação somestésica Área da associação visual Área motora de fala Córtex (Giro de Broca) visual Área olfatória Aa sensitiva da fala Área da associação auditiva Córiex auditivo primário Figura 49: Esquema didático delimitando algumas áreas importantes e de funcionamento bem determinado. 4 Correlação clínica Ê » Uma lesão na área motora da fala (área de Broca) produz uma afasia motora Fr na vítima, ou seja, ela compreende o que escuta mas não consegue verbalizar nada. Já uma lesão na área sensitiva da fala (área de Wernicke) produz uma afasia sensitiva, na qual o indivíduo nem compreende o que escuta nem consegue verbalizar. FELIX, Fernando Álison M. D. VASCULARIZAÇÃO DO SNC IMPORTÂNCIA O sistema nervoso é formado por estruturas nobres e altamente especializadas, que exigem para o seu metabolismo um suprimento permanente e elevado de glicose e oxigênio, visto que a única forma de obtenção de energia pelo cérebro é por meio da glicólise aeróbica. O consumo de oxigênio e glicose pelo encéfalo é muito elevado, o que requer um fluxo sanguíneo muito intenso. Quedas na concentração de glicose e oxigênio no sangue circulante ou, por outro lado, a suspensão do fluxo sanguíneo ao encéfalo não são toleradas por um período muito curto. Após cerca de cinco minutos começam aparecer lesões que são irreversíveis, pois, como se sabe, as células nervosas não se regeneram. O fluxo sanguíneo cerebral é muito elevado, sendo superado apenas pelo do rim e do coração. VASCULARIZAÇÃO DO ENCÉFALO Fluxo Sanguíneo Cerebral O fluxo sanguíneo cerebral (FSC) é diretamente proporcional à pressão arterial (PA) e inversamente proporcional à resistência cerebrovascular (RCV), logo FSC = PA/RCV. A resistência cerebrovascular depende dos seguintes fatores: o Pressão intracraniana — seu aumento eleva a RCV; o Condição da parede vascular — arteriosclerose promove aumento da RCV; o Viscosidade do sangue; o Calibre dos vasos cerebrais. Vascularização Arterial do Encéfalo Peculiaridades da vascularização arterial do encéfalo O encéfalo é vascularizado através de dois sistemas: vértebro-basilar (artérias vertebrais) e carotídeo (artérias carótidas internas). Na base do crânio estas artérias formam um polígono anastomótico, o Polígono de Willis (atualmente denominado círculo arterial de cérebro), de onde saem as principais artérias para vascularização cerebral. As artérias cerebrais têm paredes finas, comparáveis às paredes de veias de mesmo calibre situadas em outras áreas do organismo, logo são mais propensas a hemorragias. Artéria Carótida Interna Clinicamente, as artérias carótidas internas e seus ramos são frequentemente referidos como a circulação anterior do encéfalo. Ramo de bifurcação da a. carótida comum, a a. carótida interna, após um trajeto mais ou menos longo pelo pescoço, penetra na cavidade craniana pelo canal carotídeo 81 Resumo de Anatomia Humana na porção petrosa do osso temporal. Atravessa o seio cavernoso, descrevendo uma dupla curva formando um “S”, o sifão carotídeo. A seguir, perfura a dura-máter e a aracnóide e, no início do sulco lateral, dividi-se em seus dois ramos terminais: o A. cerebral média * Percorre o sulco lateral em todo sua extensão; *- Ramo principal e irriga maior parte da face súpero-lateral de cada hemisfério; « Irriga área motora e somestésica, e centro da palavra falada. o A. cerebralanterior « Percorre a fissura longitudinal do cérebro; « Irriga a face medial e parte mais alta da face súpero-lateral. Além de seus dois ramos terminais, a a. carótida interna dá os seguintes ramos mais importantes: o A. oftálmica « Irriga globo ocular e formações anexas. o A. comunicante posterior * Anastomosa-se com a a. cerebral posterior; « Irrigao trato óptico, pedúnculo cerebral, cápsula interna e tálamo. o A. corióidea anterior « Irriga plexo corióide no corno inferior do ventrículo lateral. Artérias Vertebral e Basilar O sistema vértebro-basilar e seus ramos são frequentemente referidos clinicamente como a circulação posterior do encéfalo. As artérias vertebrais seguem em sentido superior, em direção ao encéfalo, a partir das artérias subclávias próximas à parte posterior do pescoço. Passam através dos forames transversos das primeiras seis vértebras cervicais, perfuram a membrana atlanto-occipital, a dura-máter e a aracnóide, penetrando no crânio pelo forame magno. Percorrem a seguir a face ventral do bulbo e, aproximadamente ao nível do sulco bulbo- pontino, fundem-se para constituir um tronco único, a artéria basilar. As aa. vertebrais originam: o As duas aa. espinais posteriores; o Aa. espinal anterior; o As duas aa. cerebelares inferiores posteriores « Irrigam a porção inferior e posterior do cerebelo. Aa. basilar percorre o sulco basilar da ponte e termina anteriormente, bifurcando-se para formar as aa. cerebrais posteriores direita e esquerda, que contornam o pedúnculo cerebral e percorrem a face inferior do lobo temporal, e irrigando a face inferior do cérebroo e o lobo occipital (área visual). Neste trajeto, a a. basilar emite os seguintes ramos mais importantes: o A. cerebelar superior * Irriga o mesencéfalo e parte superior do cerebelo. o A. cerebelar inferior anterior « Irriga parte anterior da face inferior do cerebelo. o A.labiríntica «Irriga estruturas da orelha interna. 82 FELIX, Fernando Álison M. D. As veias jugulares externa e interna são as duas principais veias que drenam o sangue da cabeça e do pescoço. As veias jugulares externas são mais superficiais e drenam, para as veias subclávias, o sangue da região posterior do pescoço e da cabeça. As veias jugulares internas profundas drenam a porção anterior da cabeça, face e pescoço. Elas são responsáveis pela drenagem de maior parte do sangue dos vários seios venosos do crânio. As veias jugulares internas de cada lado do pescoço juntam-se com as veias subclávias para formar as veias braquiocefálicas, que transportam o sangue para a veia cava superior. Veias do Cérebro As veias do cérebro dispõem-se em dois sistemas: sistema venoso superficial e sistema venoso profundo. Embora anatomicamente distintos, os dois sistemas são unidos por numerosas anastomoses. Sistema venoso superficial - Drenam o córtex e a substância branca subjacente. Formado por veias cerebrais superficiais (superiores e inferiores) que desembocam nos seios da dura-máter. Sistema venoso profundo — Drenam o sangue de regiões situadas mais profundamente no cérebro, tais como: corpo estriado, cápsula interna, diencéfalo e grande parte do centro branco medular do cérebro. A veia mais importante deste sistema é a veia cerebral magna (de Galeno), para a qual converge todo o sangue do sistema venoso profundo do cérebro. VASCULARIZAÇÃO DA MEDULA ESPINAL Irrigação Arterial A irrigação arterial é feita por ramos da aorta descendente e das aa. vertebrais. A medula espinal é irrigada pelas a. espinal anterior, e aa. espinais posteriores (direita e esquerda), ramos da a. vertebral, e pelas aa. radiculares, que penetram na medula com as raízes dos nervos espinais. A artéria espinhal anterior forma-se a partir da união de dois ramos recorrentes que saem das artérias vertebrais. Ela segue pela fissura mediana anterior da medula e vai até o cone medular. As artérias espinhais posteriores percorrem a parte dorsal da medula, medialmente às raizes dorsais dos nervos espinhais. As artérias radiculares irrigam as raízes dos nervos espinhais. As aa. espinais anterior e posteriores enviam ramos para os segmentos da medula, que são denominadas de a. medular segmentar anterior e posterior, respectivamente. Drenagem Venosa Plexo vertebral interno — no espaço epidural, dentro do canal vertebral da coluna; Plexo vertebral externo — em torno da coluna vertebral; Sistema Ázigos — drena para veia cava superior. 85 Resumo de Anatomia Humana Nervos CRANIANOS GENERALIDADES Os nervos cranianos, juntamente com os nervos espinais fazem parte do sistema nervoso periférico. A maioria liga-se ao tronco encefálico, exceto os nervos olfatório e óptico, que se ligam, respectivamente ao telencéfalo e diencéfalo. Os núcleos que dão origem a dez dos doze pares de nervos cranianos situam-se em colunas verticais no tronco do encéfalo e correspondem à substância cinzenta da medula espinal. De acordo com o componente funcional, os nervos cranianos podem ser classificados em motores, sensitivos e mistos. Os motores (puros) são os que movimentam o olho, a língua e acessoriamente os músculos látero-posteriores do pescoço. São eles: HI - Nervo Oculomotor IV - Nervo Troclear VI - Nervo Abducente XI - Nervo Acessório XII - Nervo Hipoglosso Os sensitivos (puros) destinam-se aos órgãos dos sentidos e por isso são chamados sensoriais e não apenas sensitivos, que não se r mà sensibilidade geral (dor, temperatura e tato). Os sensoriais são: : |- Nervo Olfatório II - Nervo Óptico VIII - Nervo Vestibulococlear Os mistos (motores e sensitivos) são e V-Trigêmeo VII - Nervo Facial IX - Nervo Glossofaríngeo X- Nervo Vago A sequência crânio-caudal dos Il. Olfatório Il. — Óptico Il. — Oculomotor Iv. | Troclear V. Trigêmeo VI. — Abducente Vil. — Facial Mill. — Vestíbulococlear IX. — Glossofaríngeo X. Vago XI. Acessório XIl. - Hipoglosso > Identifique-os na imagem! 86 FELIX, Fernando Álison M. D. Par Origem aparente no encéfalo Origem aparente no crânio Craniano I bulbo olfatório lâmina cribriforme do osso etmóide " quiasma óptico canal óptico ma sulco medial do pedúnculo cerebral fissura orbital superior IV véu medular superior fissura orbital superior V entre a ponte e o pedúnculo cerebelar | fissura orbital superior (oftálmico); médio forame redondo (maxilar) e forame oval (mandibular) ] sulco bulbo-pontino fissura orbital superior vil sulco bulbo-pontino (lateralmente ao forame estilomastóideo vi) vim sulco bulbo-pontino (lateralmente ao penetra no osso temporal pelo meato VII) acústico interno, mas não sai do crânio IX sulco póstero-lateral do bulbo forame jugular x sulco póstero-lateral do bulbo forame jugular (inferiormente ao IX) xi sulco póstero-lateral do bulbo (raiz forame jugular craniana) e medula (raiz espinal) xi sulco ântero-lateral do bulbo (adiante canal do hipoglosso da oliva) Tabela 4: Origem aparente dos nervos cranianos. EsTUDO SUMÁRIO DOS NERVOS CRANIANOS Nervo Olfatório (NC 1) As fibras do nervo olfatório distribuem-se por uma área especial da mucosa nasal que recebe o nome de mucosa olfatória. Em virtude da existência de grande quantidade de fascículos individualizados que atravessam separadamente o crivo etmoidal, é que se costuma chamar de nervos olfatórios, e não simplesmente de nervo olfatório (direito e esquerdo). Saindo da região olfatória de cada fossa nasal, eles atravessam a lâmina cribriforme do osso etmóide e terminam no bulbo olfatório. É um nervo exclusivamente sensitivo, cujas fibras conduzem impulsos olfatórios, sendo classificados como aferentes viscerais especiais. Mais informações sobre o nervo olfatório podem ser encontradas em Telencéfalo (Rinencéfalo). Nervo Óptico (NC II) É constituído por um grosso feixe de fibras nervosas que se originam na retina, emergem próximo ao pólo posterior de cada bulbo ocular, penetrando no crânio pelo canal óptico. Cada nervo óptico une-se com o do lado oposto, formando o quiasma óptico, onde há cruzamento parcial de suas fibras, as quais continuam no trato óptico até o corpo geniculado lateral. O nervo óptico é um nervo exclusivamente sensitivo, cujas fibras conduzem impulsos visuais, classificando-se como aferentes somáticas especiais. 90 Resumo de Anatomia Humana As fibras eferentes do vago se originam em núcleos situados no bulbo, e as fibras sensitivas nos gânglios superior e inferior (gânglios sensitivos do n. vago). Nervo Acessório (NC XI) Formado por uma raiz craniana (ou bulbar) e uma espinal. A raiz espinal é formada por filamentos que emergem da face lateral dos cinco ou seis primeiros segmentos cervicais da medula, constituindo um tronco que penetra no crânio pelo forame magno. A este tronco unem-se filamentos da raiz craniana que emergem do sulco póstero- lateral do bulbo. O tronco atravessa o forame jugular e divide-se em um ramo interno e um externo. O interno une-se ao vago e distribui-se com ele, e o externo inerva os músculos trapézio e esternocleidomastóideo. As fibras oriundas da raiz craniana que se unem ao vago são: fibras eferentes viscerais especiais, que inervam os músculos da laringe; fibras eferentes viscerais gerais, que inervam vísceras torácicas. Nervo Hipoglosso (NC XII) Nervo essencialmente motor. Emerge do sulco ântero-lateral do bulbo sob a forma de filamentos radiculares que se unem para formar o tronco do nervo. Este emerge do crânio pelo canal do hipoglosso, e dirige-se aos músculos intrínsecos e extrínsecos da língua (está relacionado com a motricidade da mesma). Suas fibras são consideradas eferentes somáticas. Nervo oculomotor (III) Nervo trigêmeo [W) —Sensitivo- face, Músculo ciliar, esfíncter da pupila e todos seios os músculos esuínsecos do olho, exceto paranasais, os músculos oblíqua superior e reto lateral Ianilar dentes andibular Ofrálmico Nervo olfatóri Motor-músculos da mastigação Nervo facial (VI) Músculos da face Nervo troclear [IV] É E Nervo intermédio Músculo obliquo superior Motor - glêndulas submandibular, sublingual e lacrimal Abducente (YI) Músculo reto lateral Nervo glossofaringeo (1%) Nervo acessório (KI) Sensitivo - 183 posterior Músculos da língua, tonsila, faringe, esternocleidomastóideo orelhamédia etrapézio Nervo hipoglosso (XII) ——— Músculos da língua Feixesmusculares pela alça cervical m— Fibras eferentes m— Fibras aferentes Iotar «coração, pulmões, palato, faringe laringe, — Rlervo vago [*) traquéia, brônquios, trato Gl Figura 53: Resumo dos nervos cranianos. FELIX, Fernando Álison M. D. MENINGES E LÍQUOR O tecido do SNC é muito delicado. Por esse motivo, apresenta um elaborado sistema de proteção que consiste de quatro estruturas: crânio, meninges, líquido cerebrospinal (líquor) e barreira hematoencefálica. MENINGES O sistema nervoso é envolto por membranas conjuntivas denominadas meninges que são classificadas como três: dura-máter, aracnóide e pia-máter. A aracnóide e a pia- máter, que no embrião constituem um só folheto, são às vezes consideradas como uma só formação conhecida como a leptomeninge; e a dura-máter que é mais espessa é conhecida como paquimeninge. Dura-Máter É a meninge mais superficial, espessa e resistente, formada por tecido conjuntivo muito rico em fibras colágenas, contendo nervos e vasos. A dura-máter do encéfalo difere da dura-máter espinal por ser formada por dois folhetos: um externo e um interno, dos quais apenas o interno continua com a dura- máter espinal. O folheto externo adere intimamente aos ossos do crânio e se comporta como um periósteo destes ossos, mas sem capacidade osteogênica (nas fraturas cranianas dificulta a formação de um calo ósseo, entretanto isto é uma vantagem, pois a formação de um calo ósseo na superfície interna do crânio pode constituir grave fator de irritação ao tecido nervoso). Em virtude da aderência da dura-máter aos ossos do crânio, não existe, no crânio, um espaço epidural como na medula. No encéfalo, a principal artéria que irriga a dura-máter é a artéria meningea média, ramo da artéria maxilar. A dura-máter, ao contrário das outras meninges, é ricamente inervada. Como o encéfalo não possui terminações nervosas sensitivas, toda ou qualquer sensibilidade intracraniana se localiza na dura-máter, que é responsável pela maioria das dores de cabeça. Pregas da dura-máter no encéfalo Em algumas áreas o folheto interno da dura-máter destaca-se do externo para formar pregas que dividem a cavidade craniana em compartimentos que se comunicam amplamente. As principais pregas são: o Foice do cérebro: é um septo vertical mediano em forma de foice que ocupa a fissura longitudinal do cérebro, separando os dois hemisférios. o Tentório do cerebelo: projeta-se para diante como um septo transversal entre os lobos occipitais e o cerebelo. O tentório do cerebelo separa a fossa posterior da fossa média do crânio, dividindo a cavidade craniana em um compartimento superior, ou supratentorial, e outro inferior, ou infratentorial. A margem anterior livre do tentório do cerebelo, denominada incisura da tenda, ajusta-se ao mesencéfalo, podendo, em certas circunstâncias, lesar o mesencéfalo e os nervos troclear e oculomotor. 91 Resumo de Anatomia Humana o Foice do cerebelo: pequeno septo vertical mediano, situado abaixo do tentório do cerebelo entre os dois hemisférios cerebelares. o Diafragma da sela: pequena lâmina horizontal que fecha superiormente a sela túrcica, deixando apenas um orifício de passagem para o infundíbulo da hipófise. Seio sagital superior. Tenda do cerebelo Seia perroso superior Foise do cérebro. Veia cerebral magna (de Galeno) Seia sagital inferior Seio esfenoparietal Selo transuerso Confluência dos seios Faice do cerebelo Plego venoso basilar Beio ocsipital Sei petroso inferio” Ao forame jugular Seio sigmóide Figura 54: Pregas e seios da dura-máter no encéfalo. Cavidades da dura-máter Em determinada área, os dois folhetos da dura-máter do encéfalo separam-se delimitando cavidades. Uma delas é o cavo trigeminal, que contém o gânglio trigeminal. Outras cavidades são revestidas de endotélio e contém sangue, constituído os seios da dura-máter, que se dispõem principalmente ao longo da inserção das pregas da dura- máter. Seios da dura-máter São verdadeiros túneis escavados na membrana dura-máter, que recebem o sangue proveniente das veias do encéfalo e do globo ocular. Os seios recebem também o sangue das veias do couro cabeludo através das veias emissárias, que atravessam forames nos ossos do crânio. Ao fim, os seios drenam para as veias jugulares internas. Seios da calvária (abóbada) craniana: Seio sagital superior: ímpar e mediano, percorre a margem de inserção da foice do cérebro em toda sua extensão. Desemboca na confluência dos seios, formada pela confluência dos seios sagital superior, reto, occipital e transversos direito e esquerdo. Seio sagital inferior: percorre a margem livre da foice do cérebro. Desemboca no seio reto. 92 FELIX, Fernando Álison M. D. Aracnóide É uma membrana muito delgada, justaposta à dura-máter, da qual se separa por um espaço virtual, o espaço subdural, contendo uma pequena quantidade de líquido necessário á lubrificação das superfícies de contato das membranas. A aracnóide separa-se da pia-máter pelo espaço subaracnóideo que contem líquor, havendo grande comunicação entre os espaços subaracnóideos do encéfalo e da medula. Considera-se também como pertencendo à aracnóide, as delicadas trabéculas que atravessam o espaço para ligar à pia-máter, e que são denominados de trabéculas aracnóideas. Estas trabéculas lembram um aspecto de teias de aranha donde vem o nome aracnóide. Cisternas subaracnóideas São dilatações do espaço subaracnóideo, que contêm uma grande quantidade de líquor. As cisternas mais importantes são as seguintes: Seio sagital superior Espaço subaraenóide [do cérebro) Granulações aracnóideas Pleso coróide do ventrículo lateral (por transparência) Dura-máter (do cérebro] +uaonóide (do cérebro) Cisterna do corpo caloso Cistema da veia cerebralmagna Forame interventricular ide Mono) Cistena quisemática Aqueduto cerebral [de Syluius) Plego cordide do 3: ventrículo E = Abertura lateral [forame de Luschka) Cisterna interpeduncular . Cisterna cerebelobulbar Cistema pontina Plego cordide do 4º ventrículo” Abertura medial [forame de Magendie) Dura-máter (da medula espinhal) sacndide (da medula espinhal) Espaço subaraenóide (da medula espinhal] Cn Figura 57: Cisternas subaracnóideas e circulação do líquor. o Cisterna magna (ou cerebelomedular): ocupa o espaço entre a face inferior do cerebelo e a face dorsal do bulbo e do teto do Ill ventrículo. Continua caudalmente com o espaço subaracnóideo da medula e liga-se ao IV ventrículo através de sua abertura mediana (forame de Magendie). A cisterna magna é a maior e mais importante, sendo às vezes utilizada para obtenção de líquor através de punções — punção cervical suboccipital; o Cisterna pontina: situada ventralmente a ponte; o Cisterna interpeduncular: localizada na fossa interpeduncular; 95 96 Resumo de Anatomia Humana o Cisterna quiasmática: situada anterior ao quiasma óptico; o Cisterna superior: situada dorsalmente ao teto mesencefálico, entre o cerebelo e o esplênio do corpo caloso. A cisterna superior corresponde, pelo menos em parte, à cisterna ambiens, termo usado pelos clínicos; o Cisterna da fossa lateral do cérebro: corresponde à depressão formada pelo sulco lateral de cada hemisfério. Granulações aracnóideas Em alguns pontos da aracnóide, formam-se pequenos tufos que penetram no interior dos seios da dura-máter, constituindo as granulações aracnóideas (ou corpos de Pacchioni), mais abundantes no seio sagital superior. As granulações aracnóideas levam pequenos prolongamentos do espaço subaracnóideo, verdadeiros divertículos deste espaço, nos quais o líquor está separado do sangue apenas pelo endotélio do seio e uma delgada camada de aracnóide. São estruturas admiravelmente adaptadas à absorção do líquor, que neste ponto, vai para o sangue. PS.: Fovéolas granulares: são depressões decorrentes de granulações aracnóideas que causaram erosão do osso. Geralmente são observadas na vizinhança dos seios sagital superior, transverso e alguns outros seios venoso da dura-máter. Pia-Máter É a mais interna das meninges, aderindo intimamente à superfície do encéfalo e da medula, cujos relevos e depressões acompanham até o fundo dos sulcos cerebrais. A pia-máter dá resistência aos órgãos nervosos, pois o tecido nervoso é de consistência muito mole. A pia-máter acompanha os vasos que penetram no tecido nervoso a partir do espaço subaracnóideo, formando a parede externa dos espaços perivasculares. Neste espaço existem prolongamentos do espaço subaracnóideo, contendo líquor, que forma um manguito protetor em torno dos vasos, muito importante para amortecer o efeito da pulsação das artérias sobre o tecido circunvizinho. Verificou-se que os espaços perivasculares acompanham os vasos mais calibrosos até uma pequena distância e terminam por fusão da pia com a adventícia do vaso. As pequenas arteríolas são envolvidas até o nível capilar por pré-vasculares dos astrócitos do tecido nervoso. LíQuor (LíQuiDO CEREBROSPINAL - LCE) É um fluido aquoso e incolor que ocupa o espaço subaracnóideo e as cavidades ventriculares. A sua função primordial é proteção mecânica do sistema nervoso central. Em virtude da disposição do espaço subaracnóideo, que envolve todo o SNC, este fica totalmente submerso em líquido. Logo, de acordo com o princípio de Pascal, qualquer pressão ou choque que se exerça em um ponto deste coxim líquido, distribuir- se-á igualmente a todos os pontos, constituindo um eficiente mecanismo amortecedor de choques. Também segundo o princípio de Arquimedes, este coxim líquido torna o SNC mais leve, o que reduz o risco de traumatismos do encéfalo. O volume total do líquor é de 100 a 150 cm, renovando-se completamente a cada 8 horas. FELIX, Fernando Álison M. D. Formação, Absorção e Circulação do Líquor Sabe-se hoje em dia que o líquor é produzido nos plexos corióides dos ventrículos e também que uma pequena porção é produzida a partir do epêndima das paredes ventriculares e dos vasos da leptomeninge. Os ventrículos laterais contribuem com o maior contingente liquórico, que passa ao Ill ventrículo através dos forames interventriculares e daí para o IV ventrículo através do aqueduto do mesencéfalo. Através das aberturas medianas e laterais do IV ventrículo, o líquor passa para o espaço subaracnóideo, sendo reabsorvido principalmente pelas granulações aracnóideas que se projetam para o interior da dura-máter. No espaço subaracnóideo da medula, o líguor desce em direção caudal, mas apenas uma parte volta, pois há reabsorção ligquórica que ocorre nas pequenas granulações aracnóideas existentes nos prolongamentos da dura-máter que acompanham as raízes dos nervos espinhais. Assim, temos o seguinte trajeto do líquor, desde sua produção à sua absorção: Produção: principalmente nos ventrículos laterais; Forame interventricular; ll ventrículo; Aqueduto do mesencéfalo; IV ventrículo; Forames laterais (ou de Luschka) e mediano (ou de Magendie) do IV ventrículo; Espaço subaracnóideo do encéfalo e da medula; Absorção: granulações aracnóideas. oo oobobo o 97
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