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Introdução a
nutrição de aves
ornamentais
Os psitacídeos, conhecidos como “aves de bico tor-
to”, são famosos entre animais considerados “pet”. É nesta
família que encontramos as araras, papagaios, aratingas e
periquitos. Temos também os canários (Serinus canaria),
pássaros oriundos das Ilhas Canárias que se propagaram
pelo mundo há cerca de 500 anos. Hoje, a prática da cria-
ção dessas aves silvestres é considerada uma das ativida-
des lúdicas mais praticadas pelo homem. Um dos fatores
mais importantes numa criação bem sucedida é a alimen-
tação que representa a maior parte do custo total de um
criatório. Muitas vezes, a nutrição das aves ornamentais é
praticada de forma empírica e com composição nutricional
inadequada. Por esse motivo é importante conhecer as
necessidades nutricionais dos pássaros, nas diversas con-
dições e estágios fisiológicos de modo que as dietas pos-
sam ser formuladas a fim de atender todas as necessidades.
As rações que utilizam exclusivamente sementes são
deficientes em muitos nutrientes essenciais e muitas semen-
tes são excessivamente ricas em gorduras (girassol, aça-
frão, cânhamo, colza e painço). Quando se suplementam
rações formuladas comercialmente com legumes, verdu-
ras, frutas, e outros, os petiscos devem ser limitados a fru-
tas e legumes e verduras verde-escuras. A conversão ali-
mentar das aves que consomem ração formulada comerci-
almentes pode ser desafiadora, mas os benefícios de uma
nutrição adequada, podem melhorar a higidez e proporci-
onar uma vida mais longa. Uma nutrição desbalanceada
induz efeitos negativos como baixa fertilidade, diminuição
dos índices de postura, defeitos de plumagem entre outros.
Os canários atuais são resultados de uma série de
mutações ocorridas durante a evolução das espécies. A
canaricultura tem cada vez mais adeptos e está mais aper-
feiçoada nos países mais desenvolvidos, portanto a nutri-
ção desta espécie deveria ser tratada com maior cunho
científico.
A preferência alimentar dos canários em relação às
diferentes sementes fornecidas tem papel fundamental no
balanceamento da composição energética de sua dieta.
No Brasil, os canários são alimentados com sementes tais
como alpiste, aveia, colza, niger, linhaça, nabão e cânha-
CRIAÇÃO
Carlos Augusto Mallmann”
D. Tyska?
A. O. Mallmann?
B. A. Mallmann*
P Dilkin
mo que possuem diferentes composições de proteínas,
carboidratos e lipídios. No entanto, temos poucos estudos
que analisam a preferência alimentar dos canários e como
isso pode interferir no seu crescimento, saúde, reprodução
e comportamento.
Taylor et al. (1994) relatam que o consumo diário de
matéria seca para canários, com dietas a base de mistura
de sementes, é 0,14 g/g de peso vivo (PV). Taylor et al.
(1997) encontraram valores para consumo de matéria seca
de 4,94 g/dia para canários de 4 anos e 5,35 g/dia para
canários com mais de 5 anos. Kamphues e Wolf (1997) afir-
maram que canários adultos (22 9), consomem entre 2,6-
3,3 g MS (dietas à base de sementes).
As exigências nutricionais variam conforme a fase de
vida do animal. Segundo Euler (2008), em estudos realiza-
dos com o objetivo de verificar o nível ótimo de proteína
bruta para canários em manutenção, sugerem que 15% de
Proteína Bruta podem atender as exigências de manuten-
ção neste estágio fisiológico, com concentrações
energéticas aproximadamente de 2850 kcal/kg.
As aves são animais uricotélicos, isto é, o ácido úrico
é o produto final principal no metabolismo do nitrogênio.
O nitrogênio do ácido úrico é originário da dieta ou do
catabolismo do tecido corporal. Dietas formuladas com
excesso de proteína, proteína dietética desequilibrada (mes-
mo em baixos níveis), proteína de baixa qualidade, ou ali-
mentos pobres, elevam a excreção de ácido úrico urinário.
Além disso, o excesso de nitrogênio nas dietas pode pro-
vocar um acúmulo de ácido úrico e ureases em vários teci-
dos em vez de ser excretado pelos rins, acarretando pro-
blemas como hiperuricemia e gota úrica (ULLREY et al.,
1991).
! Médico Veterinário. Dr., Prof. LAMIC/DMVP/CCR/UESM, RS -
mallmann E lamic.ufsm.br
* Acadêmica do Curso de Zootecnia, CCR/UFSM, RS.
* Acadêmico do Curso de Med. Veterinária, CCR/UFSM, RS.
* Acadêmica do Curso de Med. Veterinária, UFPel, RS.
* Médico Veterinário, Dr., Prof. LAMIC/DMVP/CCR/UFSM, RS.
Dos 19 aminoácidos requeridos pelas aves, 13 são
onsiderados essenciais, porque eles não podem ser sinte-
zados pelo organismo da ave e devem ser suplementados
a dieta. São eles: Arginina, cistina, glicina, histídina,
Soleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina,
riptofano. tirosina e valina. Alguns, por exemplo, são en-
ontrados em farinha de peixe (lisina e metionina), farinha
le carne, penas, soja, milho (lisina), farinha de glútem de
nilho (metionina). A lisina é o aminoácido essencial para
's aves, fundamental na formação de proteinas, indução
lo crescimento e prevenção do canibalismo. A metionina,
onsiderada também como um aminoácido essencial pode
rovocar atraso no crescimento, mau empenamento, cani-
alismo, redução da fertilidade e da eclosão dos ovos.
A alimentação de aves em cativeiro pode ser mais
omplexa do que se imagina. Os pássaros de vida livre têm
cesso as mais variadas espécies de sementes, brotos,
olos, insetos e outros para satisfazer suas necessidades.
Jma vez presos, como compensar isso? Geralmente pen-
a-se que um canário que se tem na gaiola da cozinha pode
er mantido só com as sementes que adquirimos na loja de
nimais ou supermercado, o que, até certo ponto não dei-
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ásta da SOSM | Jun/09
xa de ser verdade. Sabe-se que presos, os pássaros movi-
mentam-se menos, e por isso as exigências nutricionais
mudam. Infelizmente poucas vezes temos percepção que
numa situação em que as aves só podem comer o que
ofertamos, sofrem frequentemente de carências alimenta-
res que passam despercebidas e vão se agravando com o
tempo. Mas, qual seria a forma e a dieta mais correta para
alimentar nossos pássaros? Qual dieta atenderia melhor as
necessidades nutricionais dessas aves?
Alimentando pássaros com alimentos variados não
necessariamente estaremos dando uma dieta balanceada
ideal, pois estas poderão ser deficientes em aminoácidos
essenciais, minerais e vitaminas, causando problemas coma
distrofia muscular, distúrbios reprodutivos e problemas re-
lacionados a muda de penas. Mas esse não é o maior pro-
blema, o excesso de gordura contido nessas sementes,
que não pode ser removido após seu consumo representa
o maior perigo.
Aves presas, nutridas com poucas variedades de
sementes, podem ficar desnutridas e se intoxicar com al-
gum contaminante que pode ser comum nessa fonte de
alimento, como ocorre com as micotoxinas.