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Guias e Dicas
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Moura, Notas de estudo de Educação Física

Projeto de Pesquisa

Tipologia: Notas de estudo

2012

Compartilhado em 16/04/2012

marcio-farias-16
marcio-farias-16 🇧🇷

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Baixe Moura e outras Notas de estudo em PDF para Educação Física, somente na Docsity! ll~ il lsl· f edl uerJ :;: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Reitor NIVAL NUNES DE ALMEIDA I Vice-reitor RONALDO MARTINS LAURIA EDITORA DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CONSELHO EDITORIAL Augusto Jose Mauricio Wanderley Cesar Benjamin Donaldo Bello de Souza Evanildo Bechara Francisco Manes Albanesi Filho Lucia Bastos (Presidente) PROJETOS DE PESQUISA ELABORA~AO, REDA~AO E APRESENTA~AO Maria Lucia Seidl de Moura Maria Cristina Ferreira edl uerJ Rio de Janeiro, 2005 .,: SUM ARlO PREFACIO 11 APRESENTAC;XO 13 PARTE I ELABORAC;XO DE PROJETOS DE PESQUISA 17 CAPfTULO 1 DECISOES PRELIMINARES 19 Escolha do tema 19 Preparac;ao: consulta aliteratura 23 :: Revisao da literatura 34 Definic;ao do problema, identificac;ao das questoes Definic;ao de conc:eitos, constructos, de pesquisa e formulac;ao de hipoteses 37 variaveis e indicadores 44 CAPfTULO 2 DEFINH;XO DA METODOLOGIA 49 Definic;ao dos participantes 49 Escolha da hknica de coleta de dados 54 Definic;ao da h~cnica de analise de dados 79 : PARTE II CAPITULO 3 PARTE III CAPITULO 4 ANEXO 1 ANEXO 2 AN.EXO 3 ANEXO 4 ANEXO ;; '\ REDA~AO DE PROJETOS 89 REDA~AO DE PRO]ETOS 91 A reda~ao doprojeto 91 Reda~ao dos itens de projetos Observa~oes finais 102 93 APRESENTA~AO DE PROJETOS 103 APRESENTA~AO DE PRO]ETOS 105 Normas gerais de apresenta~ao de projetos escritos 105 Prepara~ao de apresenta~oes orais de projetos Preparac;ao de projetos para submeter a comites de etica 111 108 CONSIDERA~OES FINAlS 113 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 115 PORTAL DE PERIODICOS DA CAPES 119 EXEMPLOS DE FOLHAS INICIAIS DE PRO]ETOS RESOLU<;AO CFP 016/2000 129 ETICA EM PESQUISA (CONEP) 137 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 141 123 PREFACIO Quando fui convidado por Maria Lucia Seidl de Moura e Maria Cristina Ferreira, amigas de longa data, a prefaciar este livro, agradeci-Ihes e disse que 0 faria com muito prazer. Nao imaginava, entretanto, que esse prazer seria tao intense e come~aria logo na leitura das primeiras paginas. Isto acontece com to do professor ao descobrir urn texto que sera especialmente utH a seus proprios alunos - urn texto que poderao acompanhar com interesse e sem dificuldades. Alias, 0 primeiro grande merito deste livro esta relacionado preci­ samente a esses dois aspectos: interesse e dificuldades. Ele faz com que o interesse intrinseco a elabora~ao de urn projeto de pesquisa torne-se evidente e praticamente experimentavel para 0 estudante. Ao mesmo tempo, 0 livro afasta as dificuldades, esclarecendo-as antes que possam se instalar no animo dos leitores. Maria Lucia e Maria Cristina propoem questoes absolutamente pertinentes - que, por isso mesmo, despertam 0 interesse - e as respondem com compeH~ncia e clareza, impedindo que se cristalizem como dificuldades insuperaveis. A estrategia para a obtenc;ao desses efeitos e simples e freqtientemente recomendada, mas quase nunca utilizada ou eficientemente desenvolvida. Tem-se aqui 0 estabelecimento de urn dialogo com os leitores, que, embora nao possam se dirigir asautoras, tern suas expectativas e duvidas por elas adivinhadas. Nao e urn dom natural que Ihes permite fazer isto, e sim sua extensa e produtiva experiencia na inicia~ao de jovens estudan­ tes no dominio da pesquisa cientifica. 0 dom que cabe reconhecer em ambas e 0 da generosidade com que agora estendem os beneficios dessa experiencia aos alunos e orientandos de outros professores. o segundo merito do livro sao suas "quase obsessivas" sistema­ ticidade e completude. Nao se trata de uma sele~ao de alguns ou de muitos aspectos importantes das atividades implicadas na elabora~ao, reda~ao e apresenta~ao de projetos de pesquisa, mas da explicita~ao e discussao sistematicas de todos eles. E isto, de forma seqiiencialmente hierarquizada, sem "idas e vindas" - nas quais 0 pesquisador iniciante pudesse trope~ar - e sem lacunas. Quando algum aspecto tE~cnico foge ao escopo do livro, nao e omitido ou escamoteado, 0 que configuraria uma lacuna; e devidamente identificado, sendo 0 l~itor remetido a outros textos cuja competencia na questao as autoras avalizam. Finalmente, 0 livro nao e uma receita que graduandos, mestran­ dos e doutorandos possam seguir, sem pensar muito, para terem seus projetos enquadrados nas "exigencias da academia". 0 texto mostra que a todo momenta 0 pesquisador, seja ele iniciante ou senior, tern de tomar decis5es. Tambem mostra que do adequado embasamento des­ tas depende a qualidade do produto final. A defini~ao dos objetivos da pesquisa, a escolha da fundamenta~ao te6rica e 0 recorte metodol6gico - cujo conjunto interdependente e articulado chamei, em outra parte, de "constru~ao do objeto de pesquisa" - resultam necessariamente de processos decis6rios conscientes por parte do estudante e, como bern ressaltam as autoras, de seu orientador. Falando em nome dos orientadores em psicologia - e tambem arris­ cando faze-Io pelos de areas afins -, ratifico que este livro representa, no que se refere a sua simplicidade e despretensao, uma contribui~ao das mais importantes ao desenvolvimento da pesquisa e da p6s-gradua~ao brasileiras, pois efetivamente se dirige aqueles que em breve serao por isso responsaveis. Entretanto, sei bern que, ainda estudantes, eles nao costumam ler prefacios. No presentecaso, fazem muito bern. Exorto, desse modo, que vaG logo ao que lhes deve interessar, e muito, nas pr6ximas paginas. Aproveitem a leitura. Etudo 0 que seus orientadores esperam. CELSO· PEREIRA DE SA APRESENTA<;AO Este livro teve origem numa publica~ao nossa e de Patricia Ann Paine (Seidl de Moura, Ferreira e Paine, 1998) e no convite da EduERJ para que escrevessemos uma obra mais detalhada e atualizada sobre 0 tema. o Manual de elaboraftio de projetos de pesquisa surgiu da experiencia das tres autoras como pesquisadoras e professoras de disciplinas sobre me­ todologia de pesquisa, em cursos de gradua~ao e p6s-gradua~ao, e da constata~ao da dificuldade de alunos de psicologia em se interessar pela atividade e se apropriar das ferramentas necessarias para exerce-la. Sete anos mais tarde, ampliamos nossa experiencia de orientadoras e coordenadoras de grupos de pesquisa (em que novos pesquisadores sao form ados), enriquecida com a participa~ao em bancas e seminarios de avalia~ao de projetos em diversos cursos de p6s-gradua~ao em·psico­ logia pelo pais e com a atua~ao como membros de comites de avalia~ao de institui~6es de fomento e peri6dicos dentificos. Essas experiencias tern confirmado 0 que ja era apontado por n6s, em 1998, quanta a deficiencias ainda presentes na forma~ao da atividade cientifica, na gradua~ao em psicologia, e a dificuldades dos alunos de p6s-gradua~ao (e mesmo de pesquisadoresiniciantes) na elabora~ao de projetos de pesquisa. Realmente, nao e urn processo fadl. Acredita-se que s6 se forma urn pesquisador capaz de elaborar urn born projeto numa rela~ao de parceria com membros (tanto de gradua~ao quanta de p6s-gradua~ao) de urn grupo, liderado por urn pesquisador experiente e produtivo. Assip orientamos nossos alunos. Acreditamos, no entanto, que parte dessa experiencia pode ser organizada e compartilhada para contribuir com 0 processo de forma~ao. Como diz Beveridge, a pesquisa euma dessas atividades altamente complexas e sutis que geralmente permanecem bastante nao formuladas nas mentes dos que as praticam. Isso explica par que a maioria dos cientistas pensa 12 CAPITULO 1 DECISOES PRELIMINARES ESCOLHA DO TEMA Um pesquisador eum estudante por toda a vida, e sua prepara~ao para realizar pesquisas eum trabalho que nunca termina. Pode iniciar-se na '\, gradua~ao ou mesmo antes, como foi 0 caso de J. Piaget, que publicou seu primeiro trabalho cientifico aos onze anos de idade. Alguns tem a oportunidade de participar de grupos de pesquisa na gradua~ao. Nessa experiencia, podem come~ar a descobrir os temas pelos quais se interessam. Da mesma forma, alguns cursos de gradu­ a~ao exigem a apresenta~ao de um trabalho final a monografia. Na realiza~ao dessa monografia, pode estar (ou nao) sendo inaugurada uma carreira de pesquisador. Isto pode, por vezes, dar-se mais tarde, na realiza~ao de um curso de mestrado, ou somente no doutorado, quan­ do oficialmente se considera que efetivamente ocorre. 56 com 0 titulo de doutor, por exemplo, come~a-se a ter acesso a bolsas espedficas de pesquisador do CNPq. De qualquer maneira, 0 processo se inicia com a escolha de um tema e a formula~ao de perguntas. 0 que me interessa? 0 que me instiga? De tudo 0 que venho lendo e estudando, em que tenho vontade de me aprofundar e pesquisar? Estas sao as primeiras questoes, que s6 podem surgir por meio de leituras e estudos. Nao hci possibilidade de destacar temas para estudo se nao ha estudo de temas. Isto parece bastante 6bvio, mas muitas vezes os estudantes apresentam dificuldades nesse ponto, pois lhes faltou interesse ou aprofundamento em quaisquer dos temas com os quais tiveram contato na gradua~ao. Para a elabora~ao de urn bom projeto de monografia num semestre, enecessario ter tido tempo antes para se interessar e refletir sobre temas e questoes. Da mesma forma, a rea1iza~ao de um projeto de mestrado em doze meses, ou de doutorado em dois anos, exige que algumas escolhas tenham sido feitas antes do ingresso numa pos-gradua~ao. Essas escolhas devem ser produto de estudos ja realizados. Para come~ar, no caso da monografia, e possivel fazer uma analise em termos de subareas da psicologia. Preferendas se delineiam por psi­ cologia do desenvolvimento, social ou clinica, as vezes influenciadas por urn ou mais professores com os quais se estabeleceu urn born vinculo e que despertaram urn interesse mais acentuado por uma dessas subareas. Uma oportunidade especialmente propicia para ~avorecer a escolha e, como foi dito, a participa~ao em projetos de pesquisa como bolsista de inicia~ao cientifica. Tal participa~ao tern como objetivo ir alem da mera escolha de temas de interesse, propiciando uma verdadeira capacita~ao para a atividade de pesquisa. Imaginando urn aluno que nao teve essa oportunidade e dividindo a analise de preferencia por subareas, da-se urn primeiro nivel de escolha. Escolhida a psicologia social, por exemplo, 0 que parece particularmente interessante? A questao de diferen~as de genero? De preconceitos e es­ tereotipos? As representa~oes sociais? A influencia social? A partir das primeiras leituras que despertaram 0 interesse, erecomendavel procurar livros basicos e manuais e ler sobre as principais questoes relacionadas aos temas, para tomar contato com teorias e autores. A escolha de temas esta ligada diretamente a teorias. Os temas so existem orientados teoricamente. Muitas vezes, destacar urn tema para pesquisar e selecionar as teorias com as quais se vai trabalhar, como no caso do estudo derepresenta~oes sociais ou sistemas de cren~as. Em outros, como 0 desenvolvimento cognitivo, existe mais de uma teoria, e 0 vies te6rico a ser adotado e tambem produto de uma escolha. Nem sempre, no entanto, 0 caminho e linear. Escolhe-se urn tema especifico sem conhecer as teorias que tent am explica-Io. Por exemplo, a rela~ao entre 0 aumento de agressividade em crian~as e a televisao. As teorias de agressividade sao multiplas, e a forma de abordar 0 assunto vai de pender de algum conhecimento sobre essas teorias e da op~ao por uma delas. Uma maneira de buscar temas que possam motivar a investiga­ ~ao e examinar numeros recentes de peri6dicos das areas de interesse. Apesar do desenvolvimento de ferramentas de busca, a serem discutidas posteriormente, a visita a bibliotecas ainda e muito importante. Folhear peri6dicos cientfficos ou seus sumarios pode dar uma no~ao do que (e por quem) esta sendo publicado e trazer ideias sobre temas diversos. Esse tipo de atividade nao deve ser iniciado somente quando se neces­ sita desenvolver urn projeto. Faz parte da rotina de urn pesquisador e e fundamental para que ele possa manter-se atualizado. Na rea1iza~ao de projetos de disserta~oes e teses, muitas vezes ja existe uma preferencia por determinados temas, em geral desenvolvida des de a gradua~ao. Freqiientemente, ha uma inc1ina~o para est a ou aquela abor­ dagem teorica, a fim de orientar a investiga~ao. Os cursos variam em suas exigencias. Alguns demandam urn anteprojeto para a sele<;ao de candidatos; outros, urn plano de estudos.' 0 primeiro caso e cada vez mais comum no mestrado e ocorre na quase totalidade dos programas no nivel de douto­ rado. De qualquer maneira, algumas escolhas ja devem ter sido feitas, e 0 trabalho sera facilitado se for dada continuidade a estudos ja realizados na monografia e/ou em projetos de que 0 aluno participou na gradua~ao" (no caso do mestrado) ou na disserta<;ao (no caso do doutorado). Uma condi<;ao fundamental em todos os niveis, e que vai prever em grande parte 0 sucesso da empreitada, e a escolha do terna ser orientada por interesse e nao por imposi<;ao ou falta de op~ao. A tarefa de realizar urn projeto de pesquisa e uma monografia, disserta~ao ou tese e suficientementeardua para os que estao motivados e orientados pela busca do conhecimento. Pesquisar algo por que se tern pouco ou nenhum interesse pode tomar-se frustrante e ate mesmo insuportaveL Urn problema comum, decorrente da falta de experiencia ou de co­ nhecimento da literatura na area, aIem de uma certa dose de onipotencia, e a escolha de temas amplos, de grande complexidade, que envoi veri am a realiza<;ao de uma serie de pesquisas e nao de urn trabalho apenas. Exemplos nesse sentido sao temas como fracasso escolar e violencia; muito ja foi estudado a respeito. Para se obter algum sucesso numa pesquisa sobre ambos, e preciso bastante cuidado na identifica<;ao de urn problema especifico, 0 que reAuer diversas leituras do que ja foi investigado e 0 conhecimento das limita<;oes das publica<;oes na area. Observa-se tarnbem, com relativa freqiiencia, que os alunos, es­ pecialmente os do mestrado, desejam realizar urn trabalho de grande relevancia cientifica e social, aIem de profundo significado em suas vidas. Nao estao conscientes de que 0 trabalho e apenas uma das investiga~oes do que se espera ser uma serie na carreira de pesquisador que se inicia. 21 20 III III \£omo tal; ele tern 0 sentido'de exerdcio e de ritual de iniciac;ao; nao constitui uma contribuic;ao significativa aoconhecimento da area, por mais que isto seja dificil de aceitar. No caso do doutorado, embora 0 grau de complexidade esperado seja maior, ainda assim trata-se de urn trabalho que inaugura formalmente a carreira de pesquisador, e nao e possivel, nesse momento, a nao ser em casos raros da historia da ciencia (por exemplo, a tese de N. Chomsky), ter algum tipo de impacto. Nessa etapa, assim como nas demais, 0 papel do(a) orientador(a)l e de extrema importancia. A partir de sua experiencia, ele e capaz de su­ gerir temas pelos quais 0 aluno pode se interessar e1indicar leituras para urn contato inicial. Alem dis so, adverte para os problemas de escolhas que podem levar a dificuldades por vezes intransponiveis e a becos sem saida, ou arealizac;ao de trabalhos de grande pretensao, mas que pouco contribuem para 0 desenvolvimento de quem os executa. Cabe aqui urn pequeno desvio no tema para falar de urn aspecto fundamental para 0 sucesso do planejamento de urn born projeto nessa etapa da carreira: a escolha do orientador. Os estilos de orientar trabalhos cientificos de alunos de graduac;ao ou pos sao muito variados, dos mais diretivos aos que deixam 0 aluno fazer sozinho suas escolhas. Todos· podem ser adequados conforme as caracteristicas do aluno e do profes­ sor. 0 que e indispensavel, no entanto, e a experiencia do orientador no estudo e na pesquisa do tema ou da subarea escolhida. 0 estudante deve procurar conhecer as publicac;5es do professor, consultando seu curriculo LattesZ, se ele 0 tiver (do contrario, ja e urn sinal de que nao esta engajado como deveria na vida academica). Uma boa estrategia e escolher urn orientador ativo e produtivo, alguem que publica regularmente na area que investiga. 0 orientador, alem de seu papel obvio de acompanhar 0 trabalho academico, deve ser urn mentor de entrada na vida academica nacional e, algumas vezes, internacional. Alem da experiencia e pro­ dutividade, e preciso conversar, a fim de verificar a compatibilidade de Para nao cansar 0 leitor, a partir desse ponto sera usado 0 termo orientadOl; enten­ dendo~se tanto os profess ores quanta as professoras que orientam a realiza~ao de projetos, e aluno, indicando ambos os generos. 2 0 curriculo Lattes euma ferramenta do CNPq para apresenta~ao dos curriculos de pesquisadores brasileiros em todas as areas da ciencia. Estao disponiveis on-line e ser acessados por qualquer interessado. 22. estilos e perspectivas. Duas pequenas historias ilustram a importancia dessa escolha, que e redproca. Uma aluna de mestrado no exterior tinha urn orientador com urn estilo nao diretivo. Para ele, orientar era quase uma atividade terapeutica (havia sido orientando de C. Rogers). As sess5es de orientac;ao dependiam da iniciativa da aluna. Ele se sentava em silencio, fumando seu cachimbo. Numa ocasiao, a aluna escolheu urn instrumento para usar no estudo e passou urn mes pesquisando a respeito. Ao final desse tempo, conduiu que nao era apropriado. Ao levar essa conclusao ao orientador, ele disse que ja sabia. Perplexa, a aluna perguntou por que a deixara estudar urn mes 0 instrumento; ele respondeu que ela precisava descobrir sozinha. Esta pode ser uma estrategia interessante, mas, com os prazos atuais de cursos de pos-graduac;ao no Brasil, talvez nao seja a mais eficiente. Alem disso, causou muito estresse aaluna. Outra hist6ria. Uma doutoranda escolheu urn tema para pesqui­ sar, sem qualquer experiencia previa (nem teo rica nem empirica). Seu orientador recomendou que pas sasse urn mes no campo, observandoa atividade que pretendia investigar. Isto ainda nao era coleta de dados, mas urn estudo preliminar, uma especie de sensibilizac;ao, para que a aluna pudesse formular questoes mais pertinentes sobre 0 tema. Ao cabo de urn mes, a doutoranda voltou e oprofessor perguntou-Ihe como havia sido a experiencia. Ela, muito of end ida, respondeu que nao havia gostado e que "nao era atividade de uma doutoranda" ficar observando daquela maneira. A continuac;ao da conversa - na qual a aluna demonstrou 0 pouco valor que atribufa ao dadoempirico na ciencia -levou 0 professor a recomendar-Ihe a procura de urn novo orientador. Esses dois exemplos pretendem dizer 0 seguinte: as escolhas podem ser boas para a dupla, mas podem tambem nao ser. Caso isto ocorra, devem ser mudadas a tempo, nao quando resta apen(,\s urn mes para a defesa. PR.EPAR.A~AO: CONSULTA A LITER.ATUR.A o contato com a literatura, ou seja, com os trabalhos que vern sendo desenvolvidos numa area, subarea ou tern a, e de extrema importancia : 23 Plataforma Lattes - Base de dados criada pelocNPq para indexar toda a produc;ao de pesquisadores brasileiros que pos~uem curriculo no sistema Lattes. Nela, referendas de artigos, livros, dissertac;5es, teses e resumos de congresso, produzidos por pesquisadores em todas as areas da dencia, podem ser localizadas. 0 acesso se da em http://lattes.cnpq.br. Busca·se por palavtas·chave, eo resultado e uma lista de pesquisadores em cujos currfculos ha referendas a trabalhos sobre 0 tema, com links para os mesmos e para resumos do grupo de pesquisa a que pertencem, se for 0 caso; . SciE L 0 Brasil - Base de dados que oferece ferramenta de busca e aces­ so a artigos cientificos de alguns peri6dicos, como, por exemplo, Psicologia: Reflexao e Crftica (UFRGS), Estudos de Psicologia (UFRN) e Revista Brasileira de Psiquiatria. Pode ser acessada pela pagina ;P do CFP e pela Biblioteca Virtual de Psicologia. Seu enderec;o e http://www.scielo.br; Conselho Federal de Psicologia (CFP) - Per mite acesso aBiblioteca Virtual de Saude, aBiblioteca Virtual de Psicologia e, por meio desta, ao Sdelo e ao Index-Psi Peri6dicos e Livros, alem de outras bases de dados. Tambem da acesso a textos completos do peri6dico Psicologia: Ciencia e Profissiio. 0 enderec;o e http://www.po1.org.br; Biblioteca Virtual em Saude (BVS) - Resulta da parceria entre a Rede Nacional de Bibliotecas da Area de PSicologia, coordenada pelo Servic;o de Biblioteca e Documentac;ao (SBD) do Instituto de Psicologia da usp (IPUSP), 0 CFP e a Organizac;ao Pan-Americana da Saude - repre­ sentada no Brasil pelo Centro Latino-Americano de Informac;ao em Ciencias da Saude (BIREME); Euma ampla base de literatura na area de saude, com acesso a outnls, tais como: MedLine, Lilacs e Adolec. Oenderec;o e http://www.bireme.br; Associa~iio Nacional de Pesquisa e P6s-Graduafiio em Psicologia (ANPEPP) - Contem informac;oes sobre grupos de trabalho, bancos de te­ ses e dissertac;oes, f6runs de discussao, avaliac;ao de peri6dicos brasileiros de psicologia e links interessantes. 0 enderec;o e http://www.anpepp.org.br. Em relac;ao aliteratura internacional, os recursos abertos tambem existem: Education Resources Information Center (ERIC) - Emantido pelo Instituto de Ciencias da Educac;ao (IES), do Departamento de Educac;ao dos Estados Unidos. A base de dados e sobre educac;ao e inclui biblio­ grafia desde 1966. 0 enderec;o ehttp://www.eric.ed.gov; MedLinelPubMed - PubMed e uma ferramenta de busca de artigos den­ tificos na area da saude e indexa, entre outros, mais de trezentos peri6dicos de psicologia e psiquiatria. Oferece Clcesso a informac;oes ~.' bibliograficas, inclusive da base MedLine. Edisponibilizada pelo sistema de recuperac;ao.Entre!z (Entrez retrieval system). Poi desenvol­ vida pelo Centro Nadonal para a Informac;ao de Biotecnologia (NCBI) na Livraria Nacional de Medicina (NML), localizada no Instituto N acional de Saude dos Estados Unidos. Entrez e urn sistema de busca e recuperac;ao usado para 0 PubMed e outros servic;os. Jii o LinkOut permite acesso a textos completos de artigos nos sites de peri6dicos. Vale a pena explorar com calma todos os recursos oferecidos em http://www.ncbLnlm.nih.gov/entrez; Findarticles - Euma base em que se pode encontrar literatura internacional com texto completo em diversas areas, inclusive em psicologia. 0 acesso gratuito elimitado, mas pode-se adquirir livros e capitulos de interesse. 0 enderec;o eh1tp:/Iwww.findartic1es.com. Sabendo-se que informac;ao vale muito, pode-se imaginar que as ferramehtas mais poderosas de busca e as bases de informac;ao rna is abrangentes sao de acesso restrito, ou seja, apenas para os que pagam. Felizmente, os estudantes e profess ores de muitas instituic;oes brasileiras de ensino superior tern acesso a elas pelo portal de peri­ 6dicos da CAPES, importante iniciativa do Ministerio da Educac;ao. A pagina pode ser acessada nas instituic;oes autorizadas por meio do endereC;o http://www.capes.gov.br. ou diretamente na pagina http://www.periodlicos:capes.gov.br. o anexo 1 oferece mais informac;5es sobre 0 portal da CAPES e seu uso. Entre algumas das bases de dados disponiveis, estao: Assia Plus Contem resumos de trabalhos publicados sobre ciencia~ sociais a partir de 1987; Dissertation Abstracts - Traz mais de 1 milhao de referencias, com resumos 29 28 III de teses defendidas desde 1980 e disserta<;oes de 1988 em diante, cobrindo mais de 3 mil subareas; Education Index - Cobre material publkado sobre diversas subareas da educa<;ao em mais de quatrocentos periodicos; PsycInfo - Base de dados que oferece resumos e citac;oes da literatura cientifica nas ci€mcias humanas. Inclui material relevante para psicologos, profissionais e pesquisadores de areas afins: artigos de periodicos (mais de 2 mil tftulos), capitulos e livros; Social Sciences Index - Permite acesso aos trezentos principais peri6di­ cos publicados em ingles, em areas das ciencias sociais, incluindo sociologia, economia, cU~ncias ambientais, ge6grafia, relac;oes in­ ternacionais, direito, criminologia, estudos urbanos, estudos sobre a mulher etc.; Sociofile Conh~m informac;oes sobre cerca de 1.500 periodicos em trinta linguas, cobrindo principalmente sociologia e disciplinas relacionadas. Para encerrar esta parte sobre buscas bibliograficas na internet, cabe ressaltar a diversidade de ferramentas e a quantidade de informac;oes disponiveis. Para ter acesso a tudo isso, aIem de usar as ferramentas, restritas Oll nao, epreciso conhecer um pouco do que se procura. A busca nao pode ser cega. Deve ser planejada e dirigida, e e necessario explorar com calma os recursos disponiveis ern cada ferramenta e base. Paralelamente aos varios tipos de busca realizados e aos estudos desenvolvidos a partir dos resultados dessas buscas, e de grande valia para 0 pesquisador iniciante (e para 0 experiente tambem) a participa<;ao em eventos cientificos em sua area de interesse. A Reuniao da Sociedade Brasileira de Psicologia, que se realiza anualmente, e 0 Congresso Norte­ Nordeste de Psicologia, bienal, entre Qutros, fornecem uma visao geral do desenvolvimento das investigac;oes de psicologia no pais e dos pes­ quisadores engajados em estudos dos diferentes temas. A leitura de artigos sobre urn dado tema nos periodicos selecionados pode levar a mudan<;as na escolha feita. AIem disso, ela precisa ser de­ senvolvida de forma a buscar Ulll equilibrio entre a familiariza<;ao com o que ja foi investigado e a manuten<;ao de uma relativa originalidade. Epreciso ler criticamente, bus cando observar uma certa independencia 30 de pensamento e uma visao ampla do que esta sendo estudado. Vale 0 ~ ; conselho de Francis Bacon: "Leia, nao para contradizer ou negar, nem para acreditar ou aceitar sem critica, mas para ponderar e refletir". Epreciso ler sem se prender apenas aos detalhes dos artigos, mas bus cando compor uma visao da area, fazer analogias, detectar tendencias, identificar abordagens teoricas diversas, seus pontos de aproximac;ao e de divergencia. Vma boa estrategia e, em primeiro lugar,ler 0 resumo e ter uma ideia geral do artigo ou capitulo; depois, ler tentando identificar os principais temas abordados e 0 argumento geral desenvolvido. Deve­ se tentar responder a perguntas do tipo: sobre 0 que e esse trabalho? .~ , o que 0 autor pretendeu argumentar? Como ele conseguiu isso? Com 0 que concordo ou nao? Por que? Em que esse trabalho ajuda 0 desenvol­ vimento do argumento de meu projeto? Weiten (2002) cita 0 trabalho de Robinson (1970), que pode ser util. Segundo esse autor, cinco passos devem ser seguidos para aumentar a eficiencia da leitura para 0 estudo: ~. 1 Pesquisar - Antes da leitura do texto em questao, deve-se explora­ 10 para ter uma ideia do que trata, quais os seus principais itens e subitens e qual a sua organizac;ao geral; 2 Perguntar - Lidar com uma parte de cada vez e formular uma pergunta para ser respond ida pela leitura. Se 0 item incluir, por exemplo, aten<;ao conjunta e desenvolvimento da intersubjetividade, procurar responder: 0 que e intersubjetividade? Como se relaciona com 0 estabelecimento da atenc;ao con junta?; 3 Ler - E0 aprofundamento da leitura, sempre tendo em mente res­ ponder as questoes formuladas; 4 Recitar - Depois da leitura minuciosa e atenta, responder, com sUas proprias palavras, a pergunta da sec;ao lida. So passar adiante quan­ do isso tiver side feito; 5 Revisar - Ap6s ler todo 0 texto, rever os pontos principais e formar uma ideia geral do texto. As vezes, e importante nao se restringir a leituras diretamente rela­ cionadas ao tema, ou a uma unica maneira de aborda-Io. Isto garante uma visao ampla e 0 aprofundamento necessario no tema em foco. Por exemplo, 31 se 0 projeto se situa na area de representat;5es sociais, e a leitura de urn pesquisador iniciante focaliza apenas estudos orientados pela teoria de S. Moscovici, nao se tomara conhecimento de debates importantes na area de representa.;5es sociais ena de psicologia social como urn todo. Pode-se mesmo ficar com a falsa ideia de consenso, 0 que nao existe. A consulta aliteratura deve incluir estudos te6ricos e investiga.;5es empiricas. Muitas vezes, no exame das investiga.;5es, identifica-se mais de uma abordagem te6rica e vai-seaos autores citados para maior apro­ fundamento. Oaf, volta-se ao exame das investiga.;5es feitas, contrastando os estudos com as explica.;5es te6ricas. Urn exemplo pode ser observado no trabalho de A. Ribas em seu projeto de tese e, posteriormente, na propria tese. Interessada em estudar responsividade materna, a autora realizou urn levantamento inicial sobre 0 tema: Uma investiga~ao realizada por Ribas, Seidl de Moura e Ribas (no prel03) forneceu um panorama das pesquisas que focalizam a res­ ponsividade materna. Tratou-se de um levantamento bibliognHico realizado atraves de buscas sistematicas em importantes bases de dados bibliograficos nacionais (Prossiga; cNPq/sBPc/Academia Brasileira de Ciencias, Index-Psi, Conselho Federal de Psicologia/puc-Campinas) e uma base internacional em psicologia (PsycInfo, da American Psychological Association) sobre 0 tema entre 1967 e 2001. Foram identificados registros de 231 artigos nas bases de dados internacionais e muito poucos registros (apenas quatro)nas bases nacionais. Tendo como base a pesquisa de Ribas, Seidl de Moura e Ribas (no prelo) e outras fontes, como Bornstein (1989) e outros, pode-se apresentar inicialmente um panorama tanto do conceito de responsi­ vidade como de algumas das muitas questoes relacionadas apesquisa sobre este tema (Ribas, 2002, pp. 14-S). o panorama mencionado indicou que muitos estudos nao apresen­ tavam fundamenta.;ao teorica clara e que a principal teoria usada para tratar da responsividade era a do apego. Essa informa.;ao possibilitou a autora tomar decis5es e fazer escolhas teoricas e metodol6gicas. 3 Este trabalho ja foi publicado: Ribas, Seidl de Moura e Ribas Jr. (2003). 32 Nesse ponto, se isto ainda nao foi feito, e importante come.;ar a pensar em desenvolver urn sistema para organizar 0 que esta sendo lido. Ha os que ainda resistem ao computador. Recomenda-se superar 0 pro­ blema, easo haja a inten.;ao de seguir a carreira docente e de pes&uisador. Enquanto isso, sistemas de organiza.;ao em fiehas podem funcionar. .EQ.ssibilidade eusar ficbas de tamanhos diferentes: uma para 0 resumo. do que esta senda lido, cpm comenblrios devidamente diferenciados do qu~esintese do textoj uma para dtakOes jnteressantes,-que, se nao forem ~adas 'luando lidas, nao serao facilmente recuperadas; e ~tra pa!!, ._.~s r~ferendag "PfbliogrMjcas Uma regra de aura: nao ler nada sem anotar a referencia bibliografica completa, ja no formato apropriado. Colocando as referencias em fieh~;~-' pade-se. selecionar com facilidade as que hverern sido e:fi!t1varnenLelISa:'"" " das n~--te~to:-na. r.e4a~~~ do prOjeto. AMm disSO, como esfao em-fithas separadas, elas podem s~r"4i~postas-em'oraemarfabeHca;" ~ ,"," Para quem ja se apropri~~"do computadorcoriio ter"ramenta, as possibilidades se ampliam. t possivel organizar 0 :n;§terial crianq-2 arquivos em Word ar ' " . sere arar os resumos dos textos lidos, or aniz U: ~~tiva mais sofisticada e eriar bancos de dados usando 0 utilitario Access. Cada urn pode experimentar e perceber a forma com a qual se sente mais confortavel. o metodo de organiza.;ao epessoal, porem, seja qual for, e fun­ damental para urn acesso eficiente aomaterial consultado e para sua utiliza.;ao em textos de natureza diversa. Se 0 metoda for eficaz, pode . aeompanhar 0 pesquisador em sua trajet6ria academica, permitindo a constru.;ao de urn acervo vaUoso. Uma das autoras deste livro criou urn sistema de fichas quando realizou seu mestrado. Tal sistema continuou a ser usado durante dezessete clTIOS, inclusive em seu doutorado. Ao se preparar para e,screver uma tese para concurso de professor titular, o acervo construido foi de inestimavel valor. Muitos livros e artigos classicos, lidos mais de uma decada antes, nao tiveram de ser relidos; estavam fichados, e a informa.;ao sobre eles pode ser facilmente recu­ perada e cHada. Outro aspecto importante no processo de consulta (e, posterior­ mente] de revisao) da literatura e 0 conhecimento de outras Hnguas. 33 .. Enfim, num determinado instanter chega~se adefini~ao de urn proble­ ma de pesquisa a ser tratado no projeto. A consulta e a revisao sistematica da literatura, se bern orientadas, levam natural mente aidentifica~ao de urn problema especffico. Na tese, espera-se originalidade. Isto significa que 0 problema deve corresponder a uma lacuna no conhecimento da ~~~in~d1!D.Na ?is.s..~rta<!ao, assim como ~to~E,~ No entanto, a revisao da literatura permite que se identifiquem questoes interessantes a serem investigadas. Nem sempre 0 alvo da pesquisa necessita ser urn problema especffico. Por vezes, 0 exame da literatura revela que sao ~cessarios estudos exploratorios, a fim de definir problema~ especificos para pesquisas posteriores. o processo de identifica~ao de problemas, como quase todas as etapas da pesquisa, na~ e linear e envolve urn questionamento constante, urn dicHogo interno do aluno-pesquisador e conversas com seus cole gas e 0 orientador. Dessa maneira, pode-se restringir urn foco por, demais amplo, esclarecer ideias vagas e confllsas, transformar impressoes em metas sistematizadas e abrir mao de alguns objetivos, mesmo que pro­ visoriamente, para a realizac;ao de urn born trabalho. Algumas subetapas do processo de descoberta de questoes de pes­ quisa consistem em: escolher urn tema geral; discutir com 0 orientador e outros colegas; buscar a literatura e delinear 0 contexte geral do estudo desse tema e sua importancia na area; discutir com 0 orientador e ou­ tros professores que se dediquem ao estudo do tema; procurar outros pesquisadores, identificando-os na literatura (em buscas na base Lattes), assistindo a congressos ou examinando seus livros de anaisi identificar abordagens teoricas relevantes e seus pressupostos, estuda-Ias e optar por umafundamentac;ao para orientar 0 trabalho; realizar uma revisao mais sistematica da literatura, identificando tendencias, debates contempora­ neos e controversias, influencias e preferencias metodologicas; refletir e discutir; identificar questoes de estudo, analisar sua complexidade e a viabilidade de estuda-Ias no tempo previsto; submete-Ias a pessoas mais experientes no estudo da area; refina-las e definir 0 problema a ser estu­ dado e os objetivos ou hip6teses da pesquisa, segundo sua natureza. Pode-se dizer que a capacidade de identificar problemas de pesquisa ja e uma pista do provavel sucesso do pesquisador. Beveridge observa: o estudante com algum talento real para pesquisa geralmente nao tern dificuldade para encontrar urn problema adequado. Se no curso de seus estudos ele nao percebeu lacunas no conhecimento ou incon­ sistencias, ou nao desenvolveu algumas ideias proprias, nao promete muito como pesquisador (1957, p. 13). Percebe-se essa habilidade em alguns alunos desde a graduaC;ao. Em outros, ela parece nao estar presente mesmo durante 0 cursode doutorado, que e feito apenas para se conseguir urn titulo indispensavel na carreira academica. Medawar, em Conselho a urn jovern cientista (1982), parodiando os que consideraram politica a "arte do possivel", diz que a pesquisa e "a arte do soluvel'~ no sentido daquilo que e possivel estudar, do que e exeqiiivei. Assim, e importante avaliar a complexidade do problema identificado e a viabilidade de investiga-Io no tempo disponivel para realizar a monografia, a disserta~ao ou a tese. Nos tres casos, mesmo com as diferen~as esperadas, convem ter em mente a questao da viabilidade. Eborn come~ar com urn problema que tenha chance de sucesso e nao esteja aMm das capacidades tecnicas do pesquisador. Por exemplo, numa monografia, em que 0 tempo e reduzido, em geral com urn semestre para a elabora~ao do projeto e outr~ para a realizac;ao do estudo, talvez nao seja aconselhavel escolher urn problema que necessite ser investigado por urn complicado sistema de analise de observac;oes, com 0 qual 0 aluno pode ainda nao estar familiarizado. Hitchcock e Hughes (1995), comentando 0 trabalho de Light, Singer e Willett - By design: planning research on higher education - (1990, p. 82), \> apontam que 0 pesquisador deve ser capaz de fazer tres coisas impor­ tantes: "explicitar de forma clara uma questao de pesquisa qu,e sirva de base para 0 planejamento, entender sua liga~ao com a metodolo­ gia a ser empregada e aprender a partir do trabalho ja realizado por outros". Fazendo isto, sera capaz de realmente definir urn problema, especificar os aspectos envolvidos e formular as hipotesescom·que vai trabalhar. Pessoa (2003, pp. 45-6), em seu projeto de mestrado, identificou uma lacuna na literatura e nela focalizou seu estudo, como pode ser visto no quadro 1: 38 39 J A revisao da literatura Indicou que os diversos aspectos aqul discutidos t~m sldo investi· gados, mas nao sao considerados de forma articulada. 0 esquema a seguir da uma Ideja dessas artlcula~oes. A linguagem pode ser estudada em tres dimensoes: sintaxe, pragmatlca e semantica. No ambito da pragmatica, 0 foco recal sobre a maneira como 0 falante utiliza os slgnos e faz uso dos enunclados. Considera-se 0 contexto no qual os signos s110 proferidos. vlsando a finalidades especificas e ao suJeito para quem 0 dlscurso foi dirigldo. No uso da pragmatlca, podem ser Identificados os aspectos culturais e socials internalizados pelas pessoas em intera(:ao social. Com Isso, 0 presente estudo ateve-se aos aspectos pragmaticos das sentenf;as emitidas pelas maes em contextos espedficos, pressupondo sua influEmcia no desenvolvimento /lngOistlco infanti!. A defini~ao do problema, ou a identifica~ao das questoes do traba­ lho, e 0 ponto de partida nas pesquisas de natureza qualitativa. Nesse caso, nao sao formuladas hipoteses a serem testadas, mas os objetivos e as questoes a que se tentara responder com a investiga~ao. Nos demais, apos determinar 0 que deve ser respondido pela pesquisa, enecessario elaborar uma predi<;ao espedfica que possa ser testada, ou seja, formular uma ou mais hipoteses. Antes de abordar a formula~ao de hipoteses, epreciso discutir a espe­ cifica~ao de objetivos. Em qualquer tipo de projeto, eles sao fundamentais. Definidas as questoes da pesquisa, 0 problema, a lacuna na literatura, explicita-se 0 que 0 estudo a ser desenvolvido visa realizar ou alcan~ar. Ecomum indicar urn objetivo geral, desdobrado em objetivos espedficos. Eles devem ser formulados em linguagem objetiva e com todos os termos clara mente definidos no projeto, para que se possa, depois de realizada a investiga~ao, avaliar se foram plenamente atingidos. Seguem alguns exemplos: Analisar a relar;ao entre as caracterfsticas da fala materna aos cinco e vinte meses e 0 desenvolvimento IingOistico do bebe aos vinte meses, avallado por' melo do MacArthur .. jnventario do desenvolvimento de habllidades comunicativas -, que sera preenchido pela mae e pela analise de sua fala registrada na sessao de observar;ao da brincadeira (Pessoa, 2003, p. 47). Tendo em vista essas considerar;oes, este proJeto tem como obJetivos: Integrar 0 estudo da responsividade materna ao referencial te6rico da abordagem sociocultural, tanto no que se refere adiscussao te6rica sobre responsividade quanto no que se refere aos dados empirlcos encontrados na pesquisa; 2 Investlgar a responsividade materna em termos do seu carater contingente e apropria­ do. djferenciando responslvldade para atlvidades com e sem estresse, numa amostra brasileira; 3 Analisar a rela(:ao entre a responsividade materna e 0 nivel socloecon6mlco da familia (escolarldade materna e status socioeconomico medldo pelo Hollingshead); 4 Avaliar possiveis rela(:oes entre a responsividade materna e algumas variaveis do contexte de desenvolvlmento das crianr;as. especlficamente 0 numero de horas que a mae passa sozinha com a crianr;a por semana e 0 numero de pessoas que cui dam da crian~a diariamente (Ribas, 2002, pp. 81·2)_ Alguns estudos envolvem a formula~ao de hipoteses. para auto­ res como Beveridge, as hip6teses sao fundamentais na inve~tiga~ao e consistem em estrategias mentais que tern a fun~ao de sugerir novos experimentos e observa~oes. Tambem ajudam a enxergar de outra forma o significado de urn objeto ou evento. Ao longo da historia das ciencias, as hipoteses tern levado a descobertas importantes. AIem disso, nao precisam estar cqrretas para nos conduzir a resultados interessantes. Pod em, assim, ser frutiferas, mesmo nao sendo verdadeiras. Eainda Beveridge (19571 pp. 66-70) quem indica precau~oes em rela~ao as hip6teses. A primeira e ter 0 desprendimento de abandonar ideias que se revelaram infrutiferas. As hip6teses sao instrumentos; nao devem aprisionar a busca de conhecimento. 0 desprendimento deve ser equilibrado com a perseveran<;a necessaria aos que se dedicam a 41 40 investigac;ao cientifica. Segundo Beveridge, a incapacidade de abandonar ideias estereis e caracteristica das mentes menos criativas. Vma segunda recomendac;ao e ter disciplina intelectual ao subordinar ideias a fatos; para isso, e necessario nao esquecer que as hipoteses nao sao fatosl mas meras suposic;oes. 0 autor sugere como estrategia a formulac;ao de hipoteses multiplas ou de uma sucessao de hipoteses. A terceira dica e nao acolher automaticamente qualquer conjectura que venha amente. Deve-se sub­ mete-la, mesmo sendo uma hipotese provisoria, a uma analise cuidadosa antes de aceita-Ia. Ainda conforme Beveridge, concepc;oes que se mostram erroneas devem ser abandonadas. Em sintese, adverte: Precisamos resistir atenta<;ao de nos tornarmos muito as nossas hip6teses e buscar julga-Ias objetivamente, modificando-as ou descartando-as sempre que evidencia contraria for disponiveL Enecessario vigiHlncia para impedir que nossas observa<;5es e inter­ preta<;5es sejam tendenciosas em favor da hip6tese (1957, p. 71). Para serem testaveis, as hipoteses cientificas devem ter formulac;ao precisa, e todos os fenomenos envolvidos devem ser c1aramente defi­ nidos, como sera discutido em item posterior. As hipoteses podem ser de natureza correlacional ou comparativa: no primeiro caso, 0 objetivo principal e verificar a existencia de correlac;5es entre variaveis nwn unico gtupo de sujeitos; no segundo, as hip6teses visam efetuar comparac;5es entre grupos de sujeitos. Alguns exemplos sao apresentados na proxima pagina, no quadro 3. Nas pesquisas que utilizam analise quantitativa, as hipoteses gerais que orientam 0 estudo sao formuladas de maneira bastante especifica, em termos de hipotese nula. Em muitas investigac;oes, a hipotese de pesquisa e complexa e desdobra-se na hipotese nula, na hipotese da variavel secun­ daria e, quando se trata da pesquisa experimental, na hipotese causal. A hipotese nula etestada por interinedio de metodos estatisticos. Ela afirma que nao existe diferenc;a entre grupos (resultado da intervenc;ao experimental), ou entre 0 comportamento antes (baseline) e depois da intervenc;ao experimental, alem da diferenc;a que pode ser atribuida ao acaso. Essa hipotese e testada na investigac;ao e pode ser rejeitada ou nao. Se uma diferenc;a significativa for verificada, a hipotese nula e 42 Hipoteses correlacionais: • As pessoas mais Inteligentes costumam ser ma!s criativas; • Quanto maior a idade dos parceiros ao se casar, menor a probabilidade de que 0 casamento termine em div6rclo; • Homens com atitudes mais preconceituosas em relatao as mulheres tendem a endossar mais fortemente a pratica de violencia domestica contra elas. Hipoteses comparatlvas: • Criantas provenientes de lares desestruturados demonstram indices de auto.-estlma menores que crlantas provenientes de lares estruturados; • Alunos submetidos a um metodo de ensino audiovisual apresentam melhor rendimento num curso de Hnguas que os alunos submetidos a um metodo oral; • Pessoas idosas tem atitudes mais negativas em relatao ao aborto que pessoas mals jovens. rejeitada, e 0 que era hipotetizado a respeito da relac;ao entre as variaveis e confirmado. No planejamento, e necessario pensar em cuidados para garantir que a hipotese esteja realmente sendo testada, ou seja, que 0 estudo tenha valida de. Sem esses cuidados, supondo-se que, colhidos os dados e realizadas as analises pertinentes, seja verificada uma diferenc;a estatisticamente sig­ nificaUva na direc;ao prevista, ainda nao se pode afirmar que a diferenc;a nao edevida a variaveis estranhas que confundem os resultados. Fatores aMm da variavel independente podem ter Udo um efeito na variavel de­ pendente. Epreciso afastar a possibilidade de que variaveis secundarias expliquem os resultados. A eliminac;ao dos efeitos das variaveis secunda­ rias e feita, de preferencia, na fase do delineamento da pesquisa, quando podemos usar controles para eliminar a chance de efeitos sistematicos das variaveis secundarias sobre a variavel dependente. A hipotese da variavel secundaria' nao po de ser testada diretamente. Cada uma e eliminada antecipando-se variaveis secundarias potenciais e reduzindo-se cuidadosamente a probabilidade de seu efeito no delinea­ mento da pesquisa. No caso de estudos experimentais, a hipotese causal afirma que a variavel independente tem 0 efeito previsto na variavel dependente. Pode-se ratificar a hipotese causal somente depois de rejeitar tanto a hipotese nula como a de variaveis secundarias. 43 cional explicitada. 0 processo de especifica~ao das variaveis e defini~oes de urn projeto, conduzido apos a formula~ao das hipoteses da pesquisa, e exemplificado abaixo: Exemplo 1: It Problema: a exposh;:ao aviolencia interfere na agressividade de crlanc;:as? » Hlp6tese comparativa: crianc;:as expostas a um fUme violento apresentarao maior agressivldade que crianc;:as nao expostas a esse filme. ,.. Varlavel independente: exposic;:ao avlolencia. oeftnfc;:ao constitutiva: experiencia vivenciada mediante 0 contato com modelos que utilizam a forc;:a ffsica e 0 poder para subjugar os mais fracos. Deftnic;:ao operacional: fenomeno provocado pela situac;:ao de colocar as crianc;:as para verem 0 fUme X. ,.. Variavel dependente: agresslvidade. Deftnlc;:ao constltutiva: atos destlnados a causar Intenclonalmente danos fisicos ou pslcol6glcos a outra pessoa. Deflnic;:ao operaclonal: numero deataques verbals dirlgldos a um colega durante uma brincadeira realizada lmediatamente apes a exibic;:ao do fUme. Exemplo 2: It Problema: a motivac;:ao para 0 trabalho se associa aprodutividade? It Hipotese correlacional: quanto maior 0 grau de motivac;:ao para 0 trabalho. maior 0 grau de produtivldade. ,.. Varlavel independente: motivac;:ao para 0 trabalho. Definic;:ao constitutiva: estado interno caracterizado por uma forc;:a que impulsio­ na 0 individuo a agir de modo a alcanc;:ar as metas de trabalho que Ihe sao colocadas. Oefinlc;:ao operacional: resultado obtido numa escala destinada a avaliar a mo­ tlvac;:ao para 0 trabalho. ,.. Varlavel dependente: produtividade. Definic;:ao constitutiva: desempenho apresentado em situac;:oes de trabalho ao Ion go de um determinado perfodo. Deftnic;:ao operacional: numero de pec;:as fabricadas sob a responsabilidade do individuo durante uma semana. CAPITULO 2 DEFINI-;AO DA MI~TODOLOGIA Apos explicitar a que pretende fazer, ou seja, os objetivos, problemas, questoes e hipoteses da pesquisa, 0 pesquisador deve proceder ao detalhamento de como pretendE~ fazer, isto e, do metodo que utilizara para atingir seus objetivos. Segundo Cone e Foster (1993), a regra fun­ damental a ser adotada e a replicabilidade: a metodologia do projeto deve ser exposta de modo suficientemente claro e detalhado, para que " qualquer pessoa que a leia seja capaz de reproduzir os aspectos essen­ cia is do estudo. Nessa etapa, portanto, devem ser especificados todos os procedi­ mentos necessarios para se chegar aos participantes da pesquisa, obter deles as informa~oes de interesse e analisa-las. Em outras palavras, o pesquisador deve definir a amostra, ou 0 grupo de participantes, e as tecnicas de coleta e analise de dados a serem empregadas no estudo. DEFINI<;AO DOS PARTICIPANTES A partir dos objetivos da pesquisa, 0 pesquisador deve especificar 0 conjunto de pessoas que the interessa estudar (popula~ao) e, nao sendo possivel considerar 0 grupo total, definir 0 subconjunto de casos ou elementos (amostra) que ira efetivamente abordar em seu estudo. Assim, por exemplo, umf pesquisa a respeito da influencia da televisao sobre a agressividade poderia ter como participantes crian~as na faixa de 7 a 12 anos, os pais de crian~as nessa faixa etaria ou ambos. Em alguns estudos, como no caso dos levantamentos quantita­ tivos (surveys), e fundamental que a amostra seja representativa da popula~ao, is to e, que reflita da forma mais fiel possivel suas caracte­ rlsticas, na medida em que tais estudos tern por objetivo realizar uma 48 descric;ao acurada de determinadas variaveis, constructos e relac;oes presentes na amostra, com a finalida.de de generalizar essas conclu­ soes para a populac;ao. Conseqiientemente, procedimentos de selec;ao de amostras devem ser adotados, de modo a prevenir a ocorrencia de vieses sistematicos que ameacem a representatividade (Shaughnessy & Zechmeister, 1994). Em outros tipos de estudos, como os de natureza qualitativa, em que a preocupac;ao maior nao e a generalizac;ao dos resultados obtidos numa amostra, mas a caracterizac;ao, compreensao e interpretac;ao dos fenomenos observados num grupo espedfic?, nao existe a ne­ cessidade de serem adotados procedimentos sistematicos de selec;ao de amostras. Em sintese, a etapa de definic;ao da metodologia requer a descric;ao minuciosa dos participantes do estudo - suas principais caracteristicas, locais onde podem ser encontrados e numero de pes­ soas a serem abordadas - e dos procedimentos a serem adotados em sua selec;ao, quando se fizerem necessarios. Os do is procedimentos basicos de amostragem referem-se aselec;ao de amostras probabilisti­ cas ou nao-probabiHsticas, em suas diferentes modalidades, conforme resumido abaixo: Amostras probabllisticas I Amostras nao-probabilisticas 1) Utiliza~ao mats freqOente: 1) Utillza~ao mals frequente: • Estudos descritlvo-quantitativos (Ie- II Estudos quantitativos sobre a rela~ao vantamentos e censos). entre varlaveis (experimentais e corre­ lacionals); II Estudos descritivo-qualitativos (estu­ dos de caso e estudos de campo). 2) Tipos: 2) Tipos: • Amostra aleatoria simples; • Amostra aleat6ria estratiftcada; • Amostra aleat6ria por conglomera­ dos. 3) Conclusoes: • Generalizaveis apopula~ao. 11 Amostras acidentais; II Am()stras intencionais; II Amostras por cotas. 3) Conclusoes: u Nao-generalizaveis it popula~ao. AMOSTRAS PROBABILlSTICAS Na amostragem probabiHstica, todos os elementos que constituem a populac;ao tern chances conhecidas de serem incluidos na amostra (Shaughnessy & Zechmeister, 1994). Tal procedimento pressupoe, assim, o uso de uma listagem que inclua todos os membros da populac;ao (base da amostra), ja que e a partir dai que se processa a selec;ao dos elementos que iraQ compor a amostra. Assim, por exemplo, se urn pesquisador pretende investigar as atitudes dos estudantes de uma universidade sobre 0 aborto, mediante urn procedimento de amostragem probabilfs­ tical devera preyer a adoc;ao de uma listagem dos alunos regularmente matriculados naquela universidade, 0 que dara origem aamostra dos estudantes selecionados para participar da pesquisa. As amostras probabilisticas mais usadas sao as aleat6rias simples, estratificadas e por conglomerados. A amostragem aleat6ria simples constitui a tecnica basica de amostragem probabiHstica. Sua caracteris­ tica essencial e a de que cada elemento da populac;ao tern chances iguais de ser incluido na amostra. lsto pode ser obtido por meio do sorteio dos elementos constantes da listagem da populac;ao que iraQ compor a amostra ou da utilizac;ao de uma tabela de numeros aleat6rios. Na amostragem aleat6ria estratificada, a listagem da populac;ao ini­ cial e subdividida em subconjuntos (estratos), retirando-se de cada urn amostras aleat6rias simples. Num levantamento de atitudes realizado numa universidade, por exemplo, pode-se dividir a populac;ao de estu­ dantes em estratos relacionados aos diferentes centros ou departamentos aos quais os alunos estao filiados, para, em seguida, retirarem-se amos­ \> tras aleat6rias de cada urn desses segmentos. Tal procedimento assegu­ ra uma representatividade maior que a amostragem aleat6ria simples, quando a populac;ao e formada por segmentos homogeneos. Entao, no referido levantamento, ao se utilizar uma amostra estratificada tem-se a garantia de que todos os centr~s ou departamentos estarao igualmente representados, ao passo que na adoc;ao de uma amostra aleat6ria simples pode ocorrer 0 caso de alguns centr~s ou departamentos ficarem mais representados do que outros. A amostra por conglomerados diferencia-se dos metodos anterio­ res devido ao fato de que a unidade de amostragem nao consiste num 50 y 51 elemento individual, mas num conjunto de elementos (conglomerado), como bairros, escolas, residencias, fabricas etc. Desse modo, a listagem da popula~ao econstituida por conglomerados selecionados mediante procedimentos semelhantes aos utilizados na amostragem aleatoria sim­ ples. Tal procedimento pode ser util nas situa~oes em que nao epossivel obter uma listagem dos elementos individuais da popula~ao, mas apenas de conglomerados. Assim, num levantamento sobre a opiniao de donas de casa a respeito de determinado produto, por exemplo, pode-se obter uma listagem de residencias, selecionar aleatoriamente as casas a serem visitadas e, por fim, entrevistar a pessoa que mora em cada uma das residencias selecionadas para compor a amostra. As amostras probabilisticas sao as unicas que permitem a previsao do tamanho do erro de estimativa em que 0 pesquisador incorre ao re­ \ alizar generaliza~oes acerca dos resultados obtidos na amostra para a popula~ao da qual ela se originou,. Por isso, apenas essa modalidade de amostra oferece a capacidade potencial de assegurar a representativida­ de da popula~ao (Shaughnessy & Zechmeister, 1994). No entanto, para que tal objetivo seja atingido, eimprescindivel a utiliza~ao de tabelas e formulas de ca1culo que indiquem 0 tamanho de amostra apropriado para popula~oes de tamanhos variados, levando em considera~ao a magnitude do erro de estimativa em que 0 pesquisador deseja incorrer. Mais detalhes sobre 0 assunto podem ser encontrados em Bunchaft e Kellner (1997). AMOSTRAS NAO-PROBABJLfSTJCAS Na amostragem nao-probabilistica, a chance de cada elemento da popu­ la~ao ser incluido na amostra edesconhecida. Conseqiientemente, tais amostras nao permitem a avalia~ao do grau de representatividade que possuem em rela<;ao a popula~ao. No entanto, of ere cern a vantagem de serem mais economicas e menos trabalhosas (Shaughnessy & Zechmeister, 1994). Mostram-se, dessa maneira, particularmente uteis as situa~oes nas quais a sele~ao cuidadosa de pessoas que tenham as caracteristicas previamente especificadas no problema da pesquisa seja suficiente para que 0 pesquisador atinja os objetivos da investiga~ao. As principais amostras nao-probabiHsticas sao as acidentais, in­ tencionais e por cotas. As amostras acidentais, tambern charnadas de arnostras de conveniencia, caracterizam-se por utilizar pessoas que s~ dispoem voluntariarnente a colaborar no estudo, respondendo aos instrumentos de coleta de dados propostos pelo pesquisador. Assim, no caso da pesquisa a respeito das aHtudes de estudantes sobre 0 aborto, o pesquisador poderia abordar os alunos em suas salas de aula ou nos cor redo res e pedir aqueles que desejassem colaborar na pesquisa que respondessem a urn questionario sobre 0 assunto. Ja as amostras intencionais utilizam pessoas que, na opiniao do pesquisador, tern, a priori, as caracteristicas espedficas que ele deseja ver refletidas em sua amostra. Nesse sentido, ele procura dirigir-se a locais onde sabe que ira encontra-Ias, como, por exemplo, urn jogo de futebol- se pretende estudar as opinioes de torcedores sobre uma nova lei para 0 esporte - ou urn clube de jazz - para encontrar individuos que se disponham a falar sobre os rituais de socializa~ao utilizados pelos freqiientadores. De modo semelhante ao processo .de amostragern estratificada, a amostragem por cotas implica a obten~ao de uma amostra que reflita a propor~ao em que certos subgrupos ocorrem na populac;ao. Ela difere, entretanto, da primeira por nao ser aleatoria, isto e, a sele<;ao das pessoas necessarias ao preenchimento de cada cota e feita por conveniencia. Urn pesquisador que deseja realizar uma pesquisa sobre convivencia familiar" numa amostra de executivos e tern conhecimento de que a populac;ao de executivos de empresas sediadas no Rio de Janeiro distribui-se em 70% de hom ens e 30% de mulheres, pOl' exemplo, podera compor sua amostra com 210 homens e 90 mulheres que se disponham voluntariamente a colaborar com a pesquisa. As amostras nao-probabilisticas sao freqiientemente usadas na psi­ cologia e nas demais ciencias humanas e sociais, em fun<;ao de que nem sempre 0 pesquisador dispoe de uma listagem da popula<;ao, condi<;ao indispensavel a utilizac;aode amostras probabilisticas. Em outras circuns­ tancias, ainda quando tallistagem pode ser reunida, ela se mostra muito grande e dispersa (como no caso das pessoas residentes em urn estado ou pais), 0 que tende a aumentar excessivamente os custos da investigac;ao. Acrescente-se a isto 0 fato de que, na maioria das vezes, 0 foco de interesse ,52 53 /. i A ado~ao de urn registro sistematico de certos comportamentos/ \ eventos ou de uma descri\ao compreensiva de todas as situa~oes nas 1 quais eles ocorrem dependera dos objetivos do pesquisador e das questoes de pesquisa ou hipoteses que se pretende testar. Na primeira situa~ao, os ganhos quanta a validade e fidedignidade sao maiores, enquanto na segunda ganha-se em profundidade e abrangencia. .Nas duas modalidades, 0 observador podera ainda adotar a postura de revelar aos participantes da pesquisa que elesserao observados ou de realizar suas anota~oes sem que eles saibam que estao sendo acom­ panhados. No entanto, 0 fato de as pessoas saberem que estao sendo observadas pode leva-las a alterar seu comportamJnto (reatividade), cabendo ao observador decidir 0 quanta isso podera interferir nos obje­ tivos da pesquisa e optar, se for 0 caso, pelo uso de hknicas nao-reativas (Goodwin, 1995) que resguardem os pIindpios eticos. Embora, para fins didaticos, seja comum a distin~ao dos metodos observacionais em tennos de seu grau de estrutura~ao (sistematica versus assistematica) e em fun~ao da intera~ao entre observador e observado (participante versus nao-participante), 0 que costuma ocorrer, na prati­ ca, e a jun~ao dessas variantes num tipo de observa~ao assistematica e participante ou sistematica e nao-participante. Em outras palavras, 0 observador participante prefere adotar abordagens menos estruturadas, isto e, costllma converter-se no proprio instrumento de observa~ao, ao passo que oobservador nao-participante tende a privilegiar as estrategias mais estruturadas, optando, assim, por utilizar instrumentos padroni­ zados na coleta de dados. d) Pracessa de abserva9aa livre au assistemdtica De acordo com Adler e Adler (1994), 0 processo de observa~ao livre inicia-se com a escolha do local a ser observado, que pode ser orientada pelo interesse teo rico num dado fenomeno ou pela facilidade de acesso a urn determinado lugar. Em seguida, se necessario, 0 pesquisador deve obter uma autoriza~ao formal para 0 acesso e realizar 0 treinamento dos observadores. So depoi,s disso ele podera proceder as observa~oes propriamente ditas, registrando 0 resultado nas anota~oes ou diarios de campo. As anota~oes de campo, segundo Trivifios, 58 ... consistem fundamentalmente na descri~ao por escrito de todas'as manifesta~oes (verbais, a~oes, atitudes etc.) que 0 pesquisador observa no sujeito, as circunstancias fisicas que se considerem necessarias e que rodeiam a este etc. Tambem as anotac;oes de campo devem regis­ trar 'as reflexoes' do investigador que surjam em face da observac;ao dos fenomenos. Elas representam ou podem representar as primeiras bus cas espontaneas de significados, as primeiras expressoes de ex­ plica~oes (1995, pp. 154-5)· Para Adler e Adler (1994), toda observa~ao assistematica deve fazer referencia explicita a participantes, intera~oes, rotinas, rituais, elemen­ tos temporais, interpreta~oes e organiza~ao social presentes na situa~ao observada. as referidos autores, citando Spradley (1980), afirmam que as observa~oes iniciais devem ser nao-focalizadas e rna is superficiais, a fim de dotar 0 observador de uma compreensao geral a respeito da situa~ao e de orientar acerca da dire~ao futura a ser tomada no processo observacional. Apos 0 observador estar mais familiarizado com a situa~ao e ja ter capt ado os grupos sociais e os processos-chave que nela operam, ele e capaz de distinguir os fenomenos que mais Ihe interessam. Assim, pode pro ceder a observa~oes focalizadas, nas quais sua aten~ao sera dirigida, de modo mais apro£undado, para determinados comportamentos, pes­ soas, sentimentos, estruturas e processos. Durante a realiza~ao dessas observa~oes, podem surgir questoes de pesquisa que iraQ moldar as observa~oes futuras, as quais sao ainda mais seletivas, no sentido de permitirem 0 refinamento de conceitos e 0 estabelecimento de rela~oes entre os £enomenos previamente selecionados como objeto de estudo. Desse modo, as diferentes lases do processo vao progressivamente di­ rigindo 0 foco do pesquisador para os fenomenos que emergem como os mais significativos do ponto de vista teorico ou empirico, devendo as observa~oes sucederem-se ate que as caracteristicas das novas descobertas come cern a replicar as anterior mente obtidas (Adler & Adler, 1994). Terminada a lase de coleta das anota~oes de campo, 0 pesquisador esta em condi~oes de organizar e classificar seus registros; pode exami­ nar se vao ao encontro de suas expectativas ou hipoteses a respeito dos fenomenos observados e interpreta-Ios a luz dos £undamentos teoricos 59 que orientaram a coleta. Efundamental que os registros de campo re­ unam informac;oes que atendam aos objetivos da pesquisa. Em sintese, a observac;ao assistematica ocorre em tempo real e de forma continua, sem que haja previa especificac;ao dos elementos a serem observados, e fornece, como resultado, descric;oes acerca dosaspectos verbais, nao­ verbais·e espadais da conduta, bem como impressoes do observador a respeito dos fenomenos observados (Fernandez-Ballesteros, 1996). Segue um exemplo: 1) Situa~io a ser observada: Intera(:ao entre os membros de uma familia durante uma reunllio dominical. 2) Dimensoes a serem observadas: • Espa(:o: layout do local em que a sltua(:ao observada ocorre (por exemplo: a cor das paredes, as dimensoes do local etc.); • Objetos: elementos tlsicos do local (por exemplo: as cadeiras, as mesas etc.); • Eventos: ocasiao ou ocasioes particulares em que a observa(:ao ocorre (por exemplo: o almo(:o, 0 lanche etc.); • Tempo: sequencia em que os eventos ocorrem (por exemplo: 0 banho de piscina acontece prlmelro; em segulda, 0 almo(:o etc.); • Atores: nomes (podem ser fi'titlos) e caracteristicas relevantes dos atores envolvidos no evento (por exemplo: Francisco. 0 pai, tem 50 anos e ealto;joana, uma das filhas, tem 6 anos e emagra etc.); • Ativldades: atos praticados individual mente por cada um dos atores (por exemplo: Francisco brlnca na plsclna com joana, colocando-a em cima da b6ia e empurrando-a ao longo da pisclna; Francisco toma um drinque com sua esposa a beira da piscina etc.); Metas: 0 objetlvo de cad a ator (por exemplo: Francisco quer divertir joana; Francisco quer relaxar na companhia de sua esposa etc.); • Sentimentos: as emo(:oes demenstradas em cada atividade (per exemplo: Francisco esta alegre por brincar com sua filha etc.). e) Processo de observa9iio sistematica ou estruturada Na observac;ao sistematica, ao contrario da observac;ao livre, a classifi­ cac;ao ou codificac;ao dos comportamentos ocorre amedida que a obser­ vac;ao se realiza, 0 que implica a Clefinic;ao previa dos aspectos a serem observados. Isto dependera dos objetivos do trabalho e das evidencias empiricas disponiveis a respeito de sistemas observacionais adotados em estudos anteriores similares. ::; Desse modo, 0 processo de observac;ao sistematica inicia-se com a escolha da unidade de observac;ao, isto e, do que observar. Segundo Fernandez-Ballesteros (1996), isso pode constituir comportamentos in­ dividuais e relac;oes ou interac;oes entre duas ou mais pessoas, ou entre o individuo e seu meio. A definic;ao de tais unidades deve se apoiar nos pressupostos te6ricos que servem de referencial apesquisa, bem como em estudos-piloto previamente realizados com 0 objetivo de testar as categorias de observac;ao a serem utilizadas no trabalho definitivo. Em seguida, 0 pesquisador deve escolher a unidade de medida, definindo se as unidades de observac;ao serao registradas em termos de sua ocorrencia, freqiiencia ou durac;ao. Depois, 0 pesquisador deve proceder aelaborac;ao de um roteiro ou catalogo do qual fac;am parte todos os comportamentos ou padroes de interac;ao que sejam relevantes, acompanhados de uma descric;ao clara e precisa dos mesmos. Quando o pesquisador nao dispoe de informac;oes suficientes sobre 0 fenomeno em estudo, pode realizar observac;oes assistematicas previas que lhe permitam estabelecer descric;oes mais precis as acerca dos diferentes aspectos que 0 caracterizam (Fernandez-Ballesteros, 1996). Os roteiros de observac;ao sao compostos, portanto, de uma serie de comportamentos ou padroes de inter-relac;5es comportamentais, classi­ ficados em categorias mais amp las e acompanhados de uma descric;ao precisa, selecionados de forma racional e apriorlstica por serem catego­ rias teoricamente relevantes aos objetivos do estudo. No·quadro 10, na pagina seguinte, ha um exemplo de definic;ao de categoria. Na maioria das ocasioes, 0 pesquisador nao tem condic;oes de ob­ servar os comportamentos de interesse em todos os momentos e·locais em que eles se apresentam, bern como em todas as pessoas nas quais se manifestam. Nesse sentido, a decisao a ser tom ada consiste na definic;ao das amostras de tempo, situac;oes e indivfduos a serem observados. _Ao definir a amostragem de tempo, 0 pesquisador deve decidir a durac;ao de cada observac;ao, 0 numero de vezes em que ela deve se realizar e 0 intervalo de tempo entre cada uma. No que diz respeito aamostragem de situac;oes, 0 investigador pode optar entre observar apenas os comportamentos emitidos numa dada situac;ao ou observa-Ios 61 60 III Intera<:ao: o infcio de uma Intera~ao ecaracterizado por um dos parceiros ao dirigir um com· portamento social (atividade) em rela~ao ao outro e ser respondido por ele com um comportamento social (atividade), num intervalo de cinco segundos. 0 ftm do episodio de intera~ao caracterlza-se por um ou por ambos os parceiros deixarem de dirigir com· portamentos socials (atlvidades) em rela~ao ao outro, num intervalo de tempo mai~r . que cinco segundos. Nao sao consideradas intera~Oes cuJo tempo de dura~ao seja igual ou inferior a cinco segundos. Asslm. 0 tempo minimo para caracterizar um episodlo de intera~ao ede seis segundos. Observa<:oes para codifJca~ao: o que caracteriza uma intera~ao e0 que 0 nome indica; inter·a~ao. Nao se trata de com· portamento social mente dirigido. Assim, nao basta a mae sorrir, tocar, falar com 0 bebe, por exemplo. Eprecise que 0 bebe responda dentro do tempo indicado na deftnj~ao com um comportamento social dirtgido a mae. Intera~ao euma seqUencia, que nao pode ter menos de dois comportamentos, um da mae e um do bebe. As seqUencias podem ser iniciadas pela mae (intencionalmente) ou pelo bebe, quando este emite um comportamento que deflagra uma resposta na mae. Nesse caso, nao se pressupoe intencionalldade na a~ao do bebe. Para haver intera~ao, eprecise haver algum engajamento redproco. Quando a mae esta realizando alguma atividade nao voltada ao bebe (assistindo a televisao, por exemplo) e faz algo que parece associado a uma a~ao do bebe, nao se pode falar de inte· ra~ao. No entanto, a mae pode estar fazendo alguma colsa (Iavando lou~a, por exemplo) e estar tambem atenta ao bebe, conversando com ele. Nesse caso, havendo uma resposta do bebe nas condi~6es da deftni~ao. pode·se falar em intera~ao. por intermedio de diferentes situa~oes, 0 que the permite verificar ate que ponto urn determinado comportamento se mantt~m estavel ou varia. Alem disso, e preciso decidir se todos, alguns ou apenas urn dos sujeitos presentes no evento serao observados (Fernandez-Ballesteros, 1996). As decisoes a respeito dos criterios de amostragem a serem adotados devem se pautar em indicadores racionais associados aos objetivos da pesquisa, anatureza e complexidade do fenomeno a ser observado e ao tipo de unidade de observa~ao escolhido. Por outro lado, e necessario ter em mente que os fenomenos observados num periodo de tempo es­ tabelecido devem ser representativos do que ocorre no tempo total em que se realiza a observa~o. Desse modo, quando 0 pesquisador nao tern dados suficientes para estipular criterios de amostragem, e aconselhavel 62 realizar uma pre-observa~ao assistem,ltica que Ihe possibilite delimitar 'tais criterios com maior precisao (Fernandez-Ballesteros, 1996). as regis­ tros obtidos por meio da observa~ao sistematica podem ser submetidos a ancHises estatlsticas, que permitirao ao pesquisador responder as questoes da pesquisa e interpretar os dados a luz do referencial te6rico que orientou 0 estudo. Abaixo, segue urn exemplo: M> Escolha da unidade de observa~ao: comportamento de atravessar a rua; M> Deftnl~ao da unidade de medida: frequencla de emlssao de cada categoria de obser­ va~ao; M> Elabora~ao do roteiro de observa~ao (categorias a serem observadas): Atravessar com total seguran~a: atravessar com 0 sinal aberto (verde) para os pedestres; Atravessar com seguran~a moderada: atravessar com 0 sinal fechado (vermelho) para os pedestres, mas sem carras avista; Atravessar com inseguran~a: atravessar com 0 sinal fechado (vermelho) para os pedestres e no meio dos carras; Tentar atravessar com Inseguran~a: come~ar a atravessar com 0 Sinal fechado (vermelho) para as pedestres. e no melo dos carros, e retornar acal~ada ate que o sinal abra para os pedestres. M> Defjni~ao da amostragem de tempo: perfodos de observa~ao de trinta minutos a cada hora, durante oito horas, ao longo de uma semana e em diferentes cruzamentos da cidade. 1) Situa<:ao de pesquisa: Um pesqulsador deseja investigar se existem diferen~as de genero no comportamento de risco, com 0 Intuito de testar a hip6tese de que os homens tendem a correr mats ris­ cos que as mulheres. Para tanto. resolve observar a conduta de homens e mulheres ao atravessarem a rua diante de um sinal de transito. 2) Processo de observa~ao; VANTAGENS E LIMITAC;OES DAS TECNICAS OBSERVACIONAIS A principal vantagem das tecnicas observacionais reside no fato de elas serem eminentemente diretas, ou seja, 0 observador, em vez de fazer perguntas a respeito dos sentimentos, opinioes e atitudes das pessoas, ve e escuta 0 que elas dizem. Desse modo, essas tecnicas mostram-se 63 Na condw;ao da entrevista propria mente dita, sao importantes a especifica~ao e a darifica~ao dos diferentes topicos a serem abordados, o que pode ocorrer por meio de perguntas mais abertas ou de forma mais diretiva. Tais posturas condicionam-seao desenrolar da entrevista, especialmente no que concerne anecessidade de confrontar hipoteses emergentes durante 0 processo. Os dados obtidos nessa etapa podem ser gravados e transcritos se 0 entrevistado concordar com 0 procedimento. Outra forma de registro consiste em tomar notas imediatamente ap6s 0 termino da entrevista, visto que 0 registro simultaneo nao e aconselhavel, "por prejudicar 0 curso natural e esponblneo da entrevista" (Fernandez­ Ballesteros, 1996, p. 276). Antes de terminar a entrevista, e recomendavel que 0 entrevistador fa~a urn resume das informa~oes obtidas, de modo a eselarecer algum ponto porventura obscuro. Em seguida, deve encerra-Ia de forma nao abrupta, agradecendo a colabora~ao e informando quando os resultados da pesquisa serao disponibilizados. c) Grupos focais Os grupos focais, isto e, as entrevistas em profundidade realizadas com urn pequeno grupo de pessoas cuidadosamente seledonadas para dis­ cutir determinados t6picos, tornaram-se, nos ultimos anos, uma tecnica bastante popular para a coleta de dados acerca de opinioes e atitudes. A composi~ao desses grupos costuma ser feita de modo a reunir pessoas com interesses, experiendas ou caracteristicas demogrMicas similares (individuos que desempenham uma mesma fun~ao, alunos de uma mesma serie, jovens de uma mesma faixa etaria etc.), 0 que tende a resultar em discussoes mais produtivas. Dessa forma, uma mesma pes­ quisa deveria preyer a realiza~ao de varios grupos focais, com todos eles orientados para urn mesmo t6pico de discus sao (por exemplo, as opiniOes sobre a pesquisa com celulas-tronco), mas diferenciados em fun~ao das caracteristicas de seus responcientes (grupos de ecologistas, bi6logos·e medicos, por exemplo). Cabe aomoderador desse tipo de grupo manter os individuos foca­ dos nos t6picos pertinentes aos prop6sitos da pesquisa e assegurar-Ihes uma discussao rica e ptoveitosa. Para tanto, e conveniente lan~ar ao grupo cada urn dos t6picos a serem abordados e deixar os participantes conversarem livremente, questionando-se uns aos outros e expondo suas pr6prias opinioes, sentimentos e rea~oes. De acordo com a ASA (1997), o numero ideal de participantes nesse tipo de grupo e de seis a doze, pois grupos muito pequenos sao facilmente dominados por urn ou dois membros, enquanto os muito grandes correm 0 risco de perder em coesao, com os membros se dispersando em conversas paralelas ou podendo sentir-se frustrados por ter de esperar muito tempo para participar. Os grupos focais of ere cern a vantagem de reunir grande quantidade de informa~ao num curto espa~o de tempo, aMm de permitirem que 0 moderador explore assuntos riao contemplados previamente no roteiro, mas ainda assim reladonados aos objetivos da pesquisa, quando emer­ gem durante a discussao. Entretanto, a qualidade dos dados fornecidos depende das habilidades do moderador, que, se nao tiver experiencia e treinamento suficientes, pode acabar deixando que umas poucas pes­ soas dominem a discussao ou que os rumos do grupo afastem-se dos objetivos estabelecidos. d) Vantagens e limita~i5es da entrevista A entrevista apresenta a vantagem de fornecer informa~oes bastante detalhadas sobre os t6picos de interesse para a investiga~ao, pois 0 en­ trevistador, por estar face a face com 0 entrevistado, pode deter-se em aspectos que nao se mostrem sufidentemente elaros nas respostas inidais dos sujeitos (Goodwin, 1995). Ela e particularmente utH quando i amos­ tra e composta por pessoas que nao tern condi~oes de dar respostas por escrito, como no caso dos analfabetos, ou quando as perguntas exigem respostas de natureza mais complexa, que podem ser adequadamente esela.reddas no decorrer da entrevista. Alem disso, e relativamente facil de responder, sobretudo quando se refere a opinioes, uma vez que as pessoas nao tern de escrever, mas apenasemitir suas impressoes oral­ mente, 0 que aumenta a taxa de resposta. Todavia, a entrevista constitui uma tecnica que consome muito tempo, alem de apreseritar altos custos, porque sua utiliza~ao exige o envolvimento de pessoas que devem ser previamente treinadas. A presen~a do entrevistador pode inibir os sujeitos, principalmente quando as perguntas se referirem a aspectos de natureza mais intima ou polemica, levando-os a se recusar a responder ou a fornecer respostas distorddas, 68 69 III I IIi II mas socialmente desejaveis (Goodwin, 1995). Por essa razao, tal metodo de coleta de dados requer urn maior grau de sensibilidade do entrevistador, que deve ser capaz de obter as informa\oes pertinentes aos objetivos da pesquisa e, ao mesmo tempo, nao se d.istanciar do roteiro da entrevista. QUESTIONARIOS as questionarios sao instrumentos compostos de urn conjunto de per­ guntas elaboradas, em geral, com 0 intuito de reunir informa\oes sobre as percep\oes, cren\as e opinioes dos individuos a respeito de si mesmos e dos objetos, pessoas e eventos presentes em seu meio (Goddard I I I & Villanova, 1996). Podem ser administrados por meio de entrevista pessoal ou telefOnica, em grupos de pessoas in loco e mediante 0 uso de correia postal ou de recurs os eletronicos. a) Administrafiio par meio de entrevista pessoal A aplica\ao em situa\oes de entrevista pessoal caracteriza-se pelo fato de 0 pesquisador, em contato dire to com os respondentes, formular as perguntas do questionario e anotar as respostas por eles fornecidas. Esse procedimento permite maior flexibilidade na obten\ao das respostas, pois 0 entrevistador tern condi\oes de clarificar as perguntas que por acaso nao tenham side compreendidas pelo entrevistado, assim como d\ obter respostas mais completas. Contudo, na tentativa de esc1arecer as respostas dadas, 0 entrevistador pode incorrer no erro de introduzir ideias que acabam por ser incorporadas as respostas subseqiientes dos entrevistados (Shaughnessy & Zechmeister, 1994). a fato de 0 entrevis­ tador estar em contato direto com 0 entrevistado pode inibi-Io, impedin­ do-o de fornecer respostas fidedignas, sobretudo quando se referirem a aspectos mais intimos de sua vida pessoal. b) Administrafiio par meio de entrevista tele!onica . Nessa modalidade, 0 entrevistador entra em contato por telefone com 0 respondente em potencial; caso este concorde em participar da pesquisa, aquele faz as perguntas e registra as respostas. Esse tipo de questionario e muito utilizado nas pesquisas norte~americanas; no Brasil, ainda nao se It 70 tornou muito popular. Permite que urn grande numero de respondentes seja atingido num curto espa\o de tempo, com uma taxa rna is baixa de nao-resposta do que a obtida nos questionarios enviados pelo correia (Neuman, 2003). No entanto, tern urn custo mais alto que 0 dos demais tipos, alem de sofrer limita\oes quanto a sua extensao, ja que se torna dificil aplicar questionarios mais longos por telefone. Essa forma de aplica\ao nao se mostra adequada as perguntas abertas, face a maior dificuldade de formular e anotar as respostas a esse tipo de pergunta por telefone. c) Auto-administrafao em grupos as questionarios podem ser tambem administrados diretamente a grupos de individuos em situa\oes nas quais 0 aplicador informa os objetivos da pesquisa, fornece instrw;oes, esclarece as duvidas sobre a forma de preenchimento do instrumento e, em seguida, solicit a que todos 0 com­ pletem, assegurando-se de que 0 fazem da melhor forma possIve!. Essa modalidade de aplica\ao e impropria para pessoas analfabetas ou que apresentem d~ficuldades de leitura. Contudo, e urn tipo de questionario de baixo custo e de alta taxa de resposta, em virtude de garantir 0 ano­ nimato e a presen\a dos entrevistados no local de aplica\ao, 0 que faz com que 0 preencham ate 0 final e 0 devolvam, caso tenham concord ado em participar da pesquisa. d) Auto-adrninistrafao via correia postal Nessa modalidade de administra\ao, 0 envio e 0 retorno dos questionarios sao feitos pelo correio. Isto permite que grande quantidade de responden­ tes seja obtida de forma mais rapida do que nos cas os em que sao aplicados de maneira coletiva. a anonimato, freqiientemente utilizado nessa forma de aplica\ao, e uma garantia de que as perguntas mais embara\osas serao respondidas a contento. Entretanto, a utiliza\ao de questiomirios pelo correia tern a desvantagem de apresentar uma taxa relativamente baixa de retorno (geralmente 30%, segundo Shaughnessy & Zechmeister, 1994), em compara\ao ao numero de questionarios enviados. e) Auto-administrafiio par meios eletronicos a advento da internet fez com que os questiomirios administrados por correia eletronico (enviados por e-mail para serem preenchidos no 71 computador pessoal do respondente e devolvido&..tambem por e-mail), bern como os questiomlrios disponiveis em determinadas paginas da rede (a serem preenchidos na propria rede e enviados automaticamente), angariem cada vez mais popularidade entre os pesquisadores nacionais e estrangeiros. Esses questionarios of ere cern maior garantia de anonimato e sao capazes de atingir urn grande numero de pessoas de diferentes regi5es geograficas num curto espa~o de tempo e a urn custo bastante baixo. No entanto, a amostra obtida dessa forma apresenta determina­ dos vieses, oriundos do fato de que atualmente nem todas as pessoas tern acesso a computadores e internet. 0 pesquisador precisa cercar-se de cuidados (como 0 uso de softwares que controlem 0 recebimento de apenas uma resposta proveniente de cada e-mail ou de cada maquina) destinados a impedir que uma mesma pessoa respond a mais de uma vez ao questionario. j) Tipos de perguntas As perguntas utilizadas num questionario dassificam-se em abertas, fechadas e de multipla escolha. f.1) Perguntas abertas Sao aquelas que permitem ao respondente expressar livremente sua opiniao sobre 0 que esta sendo perguntado. Ex.: "Em sua opinHio, quais sao os motivos que levam um homem a agredir sua esposa ou compa­ nheira?". Essas perguntas fornecem respostas mais profundas a respeito dos topkos aos quais se relacionam, mas provocam uma taxa maior de nao­ respostas, aIem de suscitarem analises mais complexas (Slavin, 1.984). Sao particularmente uteis nos estagios iniciais da pesquisa, quando 0 pesquisador nao tern ainda uma compreensao dara do fenomeno em es­ tudo, havendo, assim, necessidade de obter informa~5es mais descritivas que possam ser adotadas posteriormente na elabora~ao de perguntas de natureza rna is objetiva (Goddard III & Villanova, 1.996). f.2) Perguntas jechadas Apresentam urn numero limitado de alternativas de resposta, tais como "sim" e "nao", "concordo" e "discordo", uverdadeiro" e "fa Iso" etc. Ex.: Voce ja sofreu algum tipo de viol€ncia domestica? " ( ) Sim () Niio Quando as mulheres provocam seus maridos, elas merecem apanhar. ( ) Concordo () Discordo Essas perguntas sao rna is faceis de serem respondidas e analisadas do que as perguntas abertas, ah~m de permitirem uma compara~ao direta das respostas forneddas por diferentes sujeitos. Entretanto, restringem a possibilidade de 0 individuo expressar sua verdadeira opiniao. Vma terceira alternativa de resposta, relacionada a op~oes como "nao tenho opini,ao", liaS vezes" etc., pode ser acrescentada as perguntas fechadas. Todavia, os autores divergem quanta asua utili dade: alguns defendem sua elimina~ao, a fim de for~ar os respondentes a se posicionar de modo favoravel ou nao sobre 0 topico em questao; outros sugerem sua ado~ao, pois uma taxamuito alta de respostas nessa op~ao pode indkar que os respondentes nao tern conhecimento suficiente a respeito do que esta sendo perguntado. De todo modo, essa altemativa deve ser adotada com precau~ao, pois ela, por si so, suscita urn numero relativamente alto de elei~oes (Goddard III & Villanova, 1996). /3) Perguntas de multipla escolha Situam-se num nivel intermediario do continuo, cujos palos sao as perguntas abertas e fechadas. Constituem questoes com varias,op~oes de respostas, que devem ser construidas de forma a representar, do modo mais acurado possivel, as diversas possibilidades de opinioes dos respondentes. Ex.: Que medida voce considera mais eficaz para coibir a pratica de viol€ncia domestica? ( ) Prender 0 agressor :; ( ) Tirar a vitima da Casa ( ) Aconselhar 0 agressor ( ) Aconselhar a vitima 73 72 III As escalas para a medida de atitudes, val ores e aspectos da perso­ nalidade estao entre as mais utilizadas na pesquisa pSicol6gica. Embora existam diferentes bknicas para a elabora<;ao das mesmas, as de tipo Likert sao as que tem despertado maior interesse e preferencia, por terem um processo de constru<;ao mais simples. Essas escalas sao compostas por uma serie de afirmativas com as quais as pessoas devem expressar sua opiniao num continuo que, usualmente, varia entre cinco e sete pontos. Sua construc;ao obedece a procedimentos rigorosos e sistematicos que estao fora do escopo deste livro, mas que sao minuciosamente descritos em Pasquali (1996b). TESTES PSICOLOGICOS Um teste psicologico e um instrumento de medida padronizado, isto e, possibilita a comparac;ao de resultados obtidos em amostras que apre­ 78 sentam caracteristicas distintas (Slavin, 1984). Destina-se, em geral, a avaliar aptidoes e rendimento e obedece a procedimentos de constru<;ao ainda mais rigorosos e sistematicos que os adotados no desenvolvimento de escalas. Por essa razao, nao e comum 0 pesquisador elaborar testes originais para sua pesquisa, a nao ser que ela tenha como finalidade especifica a construc;ao de um novo teste. Caso nao seja este 0 objetivo, e mais comum 0 pesquisador lan<;ar mao de testes ja industrializados, adquirindo-os diretamente na editora do instrumento. De modo contra rio ao que ocorre com os testes, a maioria dos es­ tudos relacionados ao desenvolvimento de escalas nao chega a resultar em sua editorac;ao. Sao apenas publicados em peri6dicos especializados, que muitas vezes nao apresentam 0 instrumento completo, fazendo com que 0 pesqJ,lisador precise entrar em contato com 0 autor da escala para ter acesso a uma c6pia. DEFINH;AO DA TECNICA DE ANALISE DE DADOS A decisao seguinte aetapa de explicitac;ao do instrumento de coleta de dados a ser adotado refere-se a escolha da forma de analise dos dados, isto e, das opera<;oes a serem empreendidas com 0 objetivo de fomecer respostas as questoes de pesquisa ou verificar as hip6teses previamente formuladas. Tais procedimentos apresentam naturezas distintas, por se destinarem ao tratamento e a analise de dados qualitativos ou quanti­ tativos. ANALISE DE DADOS QUALITATIVOS Os dados qualitativos apresentam-se sob a forma de descri<;oes narrativas, resultantes, em geral, de transcri<;oes de entrevistas inestruturadas ou semi-estruturadas e de anota<;oes provenientes de observa<;oes livres ou assistematicas. Entre as estrategias adotadas na analise de dados qualitativos, incluem-se a preparac;ao e descri<;ao do material bruto,.a redu<;ao dos dados, sua interpreta<;ao e a analise transversal (High len & Finley, 1996). 79 A preparac;ao dos dados brutos diz respeito aorganiza~ao do grande volume de dados freqiientemente obtidoem estudos qualitativos, por meio do uso de etiquetas e tltulos de identificac;ao para cada relato in­ dividual, bern como da elaborac;ao de umalistagem geral, que relacione, segundo determinado criterio de ordenac;ao, todo 0 material coletado. Desse modo,. qualquer pessoa que nao tenha participado das etapas an­ teriores da pesquisa, ao tomar contato COm 0 material assim organizado, sera capaz de analisa-Io (Contandriopoulos & cols., 1997). A reduc;ao tern por meta estruturar os dados obtidos numa etapa anterior de analise, mediante a utilizac;ao de estrategias de codificac;ao que objetivam organizar 0 material coletado em categorias que facilitem a comparac;ao dos dados de forma intra e intercategorial (Maxwell, 1996). o processo de codificac;ao consiste, assim, na atribui~ao de categorias a partes de discursos bern circunscritas e que apresentam uma grande unidade conceitual. Urn born sistema de codifica~ao deve ser inclusivo ( ...). Por inclusivo, entende-se urn sistema suficientemente desenvolvido ( ...), que revele 0 conjunto dos Ia~os entre os diferentes elementos do discurso. A codifica~ao deve tambem se adaptar aevolu~ao do estudo, permitindo gerar novos c6digos, em fun~ao dos novos dados obtidos ou de uma maior compreensao da situa~ao estudada. Finalmente, 0 sistema de codifica~ao deve permitir apreender os elementos do discurso em diferentes niveis de abstra~ao. Certos c6digos visam a urn objetivo essencialmente descritivo (ex.: indicar a incidencia de urn acontecimento), enquanto outros tern uma voca~ao analitica ou te6rica (ex.: papel do doente, controle terapeutico etc.) (Contandriopoulos & cols., 1997, p. 88). Highlen e Finley (1996), citando Patton (1990), afirmam que uma das ttknicas mais freqiientes de geraC;ao de categorias ea analise de conte­ udo,na qual se procura encontrar padroes ou regularidades nos dados e, posteriormente, aloca-Ios dentro desses padroes, mediante 0 exame de porc;5es do texto. Sao criados rotulos ou codigos (categorias) que em seguida sao aplicados aspattes do texto que a eles se associ am. As categorias empregadas na codificac;.ao podem surgir do refe­ rendal teorico que norteou 0 estudo, ser desenvolvidas indutivamente durante a fase de analise dos dados ou ser fornecidas pel os proprios participantes do estudo. 0 fundamental eque sejam desenvolvidas em estreita interac;ao com os dados, permitindo, assim, sua compreensao. Deve-se tomar cuidado para nao perder 0 elo entre essas categorias e 0 contexte da qual se originaram (Maxwell, 1996). No quadro 16, ha urn exemplo de categorias utilizadas para analisar respostas de maes sobre metas de socializac;ao de seus filhos: Pergunta: Que qualidades voce desejaria que seu filho tivesse como adulto? Categorias de analise: 1 Auto-aperfei(:oamento - preocupa(:ao com que se torne autoconfiante e independente e que desenvolva totalmente seus talentos e capacidades como individuo. Essa categoria refere-se a um desenvolvimento pessoal em varlos pianos. Ex.: que se realize; que tenha sucesso; que seja intellgente, batalhador, esfor(:ado; que supere obstaculos; que tenha dlnheiro, boa profissiio; que tenha saude; que possa se desenvolver men­ tal mente e sempre mascer; que tenha auto-estima elevada; que goste de estudar; que sinta ter valor; que saiba cuidar de si; que busque a excelencia e a auto-supera(:ao; 2 Autocontrole - preocupa(:ao com que desenvolva a capacidade de controlar impulsos negativos de ganancia, agressao ou egocentrismo. Ex.: que seja calmo; que nao se estresse; que domine seus Impulsos e seja uma pessoa controlada; que n'ao seja " egocentrico nem egoista; que nao se slnta frustrado se nao consegulr 0 que quer; que seja desprendldo; que nao brigue por qualquer coisa; que nao seja agressivo ou cruel; que seja paciente; que nao seJa Invejoso; que saiba resolver as coisas conversando; que tenha tolerancia afrustra\:ao; que nao tenha mau genio; 3 Emotividade - preocupa(:ao com que desenvolva a capacidade para intimidade emocional com os outros. Ex.: que tenha amigos; que encontre 0 amor; que nao se sinta s6; que seja uma pessoa boa; que seja sincero, amoroso, sensivel; que tenha maturidade emocional e otimismo; que seja amigavel, afetivo, bondoso, carinhoso; que nao seja solitario; que tenha quem goste dele; 4 Expectativas socials - preocupa(:ao com que atenda a expectativas sociais de trabalhar, ser honesto e segulr as leis. Ex.: que seja religioso, bom cldadao; que se preocupe com as outras pessoas; que seJa dedicado, responsavel; que tenha consciencia eco­ 16glca, born carater, boa indole; que sl!ja justo, altruista; que tenha soJidarledade, integrldade; que nao seJa corrupto; Bom comportamento - preocupa(:ao com que se com porte bem, se relacione bem com os outros e desempenhe bem os papeis esperados (bom pai, boa mae, boa esposa etc.), especialmente em rela(:ao afamilia. Ex.: que seja respeitoso; que ajude os pais. 80 :'j 81 III ANALISE DE DADOS QUANTITATIVOS Na interpreta~ao dos dados, pode-se verificar-Ihes a congruencia com um modele teorico previo, explica-Ios de forma relativamen­ te independente da teoria ou preyer 0 modo pelo qual se daria a evolu\ao do fenomeno no tempo (Contandriopoulos & cols., 1997)' Trata-se, portanto, de determinar ate que ponto os dados obtidos se mostram uteis e informativos para os objetivos do estudo (Highle.n & Finley, 1996). No quadro 17, ha um exemplo de interpreta\ao baseada numa analise de conteudo, conduzida por Barros (2000) em entrevistas realizadas com psicologos que atendiam casos de violencia domestica: I As opinioes sobre a teoria feminista divergem. Ha mulheres que a consideram util e a vem adotando em sua pratica; outras, por sua vez, nao a adotam por acha-Ia muito radical. Explorando um pouco mais a categoria genero, a impressao percebida pelas falas e a de que 0 seu uso se da de forma confusa. Sendo assim, mesmo as que afirmam utillzar a teoria feminista fazem-no apenas pelo vies da desigualdade sexista abordada peJa teo ria em seus prlmordios: "Em alguns casos, eu trabalho com a abordagem feminista quando falo de submissao, da educa\;ao" (entrevista 4); "A mulher se coloca num papel sofrendo resqulcios de uma sociedade machista ... E muito mais comum que se veJa a mulher numa situa\;ao inferiorizada financeiramente, de poder. Nao da para deixar 0 aspecto da teoria feminista de lado" (entrevista 1); "Eu nao tenho muito conhecimento da teorfa feminista ( ... ). Acho que existem posh;oes feministas muito radicals, colocando multo essa colsa de vitlma e algoz. 0 fenomeno genero pode costurar uma serle de colsas; ele esta ligado apolitica, aquestao da edu­ ca\;ao, aquestao da saude. Enfim, ele permite lidar com varlos discursos, mas eu acho principalmente que euma questao de cidadania" (entrevista 2); "Eu nao tenho opiniao multo formada Olio, mas acho que as feminlstas vao multo para o extremo. Para complementar minha atuatao. preciso ter especializatao na area social; pOis 0 trabalho envolve uma area que abrange mais pessoas de baixa renda. pessoas que vem de familia pobre, vem de maridos alco6latras, vem de maes alc06latras, sao pessoas assim, pratlcamente inferiores, praticamente abaixo da sociedade ... Entao, eu preciso, necessito meaprofundar mais nessa area" (entrevista 3); "Acho a teorla feminista multo radical. .. Acho que' saiu do olto para 0 oitenta ... Foi importarr,te a conquista, fol um marco. Hoje em dia eu ate estudo mais genero. Com a de genero, me aprofundei mais na questao ... sella de que, mas me aprofundei mais na de genero" (entrevista 5). as dados quantitativos sao aqueles que se apresentam sob forma nu­ merica ou podem ser diretamente convertidos a ela, como os registros provenientes de observa\oes sistematicas, as respostas a perguntas fe­ chad as ou de multipla escolha de questionarios, as respostas aos itens de testes e escalas etc. Na escolha da analise a se realizar com essetipo de dado, deve-se levar em considera~ao a escala de medida na qual os dados foram fomecidos e a natureza das questoes de pesquisa ou hipo­ teses a serem testadas. a) Niveis de medida As escalas ou niveis de medida podem ser de quatro tipos: nominal, ordinal, de interval os e de razao. As escalas nominais utilizam 0 numero como rotulos para catego­ rias, isto e, os valores numericos a elas associados so tem a fun\ao de identifica-Ias. Nao podem ser somados, subtraidos, multiplicados ou divididos (Kerlinger, 1973); 0 unico tipo de compara\ao que permitem e a de igualdade ou diferen\a. As perguntas fechadas dos questionarios, com alternativas "sim" e "nao", bem como os distintos componentes de um sistema de observa\ao em que so e possivel comparar 0 numero de . pessoas que se enquadram em cada uma das categorias, constituem um exemplo desse nivel de medida. Ja as escalas ordinais permitem a ordena\ao das pessoas em uma determinada caracteristica, como, por exemplo, quando se pede a um professor que ordene um grupo de cinco alunos em fun\ao de seu grau de participa\ao em sala de aula. Essas esc alas indicam que ha diferen\as entre as pessoas quanta aordem que ocupam, mas nao sao capazes de detectar a distancia exata que existe entre elas (Kerlinger, 1973). Nas escalas intervalares, ha 0 pressuposto de que elas tem uma unidade de medida constante (como 0 item de um teste psicologico), o que torna possivel a determina\ao das distancias existentes entre elementos localizados em diferentes pontos da escala. a ponto z.ero nessa escala e arbitrario, ou seja, ela nao apresenta um ponto de origem real, que corresponderia aausencia da caracteristica a ser mensurada (Goodwin, 1995). as testes psicologicos sao um exemplo de instrumento ., 83 82 Comparativa Uma variavel Nominal Teste do independente e dois grupos qui-quadrado independentes Ordinal Teste de Intervalar Mann-Whitney Teste t ou de razao para grupos Independentes Comparatlva Uma variavel Nominal Teste Q Independente e mais de dois grupos relacionados Ordinal Intervalar de Cochran Teste de Freedman Analise da ou de razao variancia intra-sujeitos Comparativa Uma variavel Nominal Teste do independente e mais de qui-quadrado dois grupos Ordinal Teste de Independentes lntervalar Kruskal-Wallis Analise da ou de razao varian cia entre-suJeitos ::: PARTE II REDA~AO DE PROJETOS 88 ~ CAPiTULO 3 REDA~AO DE PRO]ETOS Tendo em vista que os projetos poderao envolver diferentes tipos de estudo ou pesquisa, propoe-se urn roteiro mais ou menos flexivel, mas que inclui aspectos considerados fundamentais. Alguns dos itens suge­ ridos a seguir (ex.: hip6teses) nao se aplicam a todos os tipos de pesquisa. Outros sao sempre necessarios (ex.: justificativas), e isto sera indicado. o roteiro foi preparado com base em modelos variados de projetos de dissertac;ao a partir da experienda das autoras. Optou-se pelo nivel me­ dio de dificuldade dos tres tipos de documento discutidos neste livro. As adaptac;oes as exigendas institudonais espedficas e as caracteristicas dos projetos de monografias e teses podem ser feitas pelo leitor. A REDA-;XO DO PRO]ETO Neste livro, foram separados os processos de elaborac;ao e redac;ao de projetos, mas essas atividades desenvolvem-se paralelamente. A pro­ porc;ao que dedsoes forem tomadas em relac;ao aos itens do projeto, e os estudos forem sistematizados, versoes pardais podem e devem ser elaboradas. Enecessario dedicar tempo ao processo de escrita, ja que escrever, como se sabe, exige esforc;o, dedicac;ao e muito trabalho. Alguns alunos reservam pouco maisde urn mes a essa atividade e respondem ao orientador preocupado: "56 falta escrever". 5e s6 falta escrever, falta quase tudo, e para completar 0 que falta vai ser necessario rna is tempo do que 0 aluno imagina. A pratica de alguns orientadores - solidtar versoes parciais e provis6rias ao longo do trabalho - ebastante utH ao estudante, que se ve diante do desafio de aperfeic;oar seu projeto na medida em que se aprofunda e amplia seus estudos. Alguns programas de p6s-graduac;ao introduziram a atividade de seminarios de projetos, exigindo mais de uma vez a apresentac;ao de todos os projetos durante 0 1 curso e submetendo-os a avalia~oes de outros professores do programa e de convidados externos. Isto ocorre, por exemplo, nos programas de Psicologia Social da UPPB, de Psicologia da UFBA, da UFRN e de Psicologia de Desenvolvimento da UFRGS. Desde a elabora~ao de urn projeto de monografia, decisoes estrate­ gicas podem ser tomadas, como a de que maneira sera escrito 0 trabalho. Alguns escrevem versoes preliminares amao e as entregam ao orientador (ha cada vez menos orientadores aceitandoisto), ate chegarem aconclusao de que 0 trabalho esteja "pronto". 56 entao 0 digitam ou mandam digitar na forma final e padronizada. Muitos dominam os processadores de texto e escrevem 0 projeto no computador desde as versoes iniciais. Os estilos sao individuais, naturalmente, mas convem a futuros pesquisadores a capacita~ao em ferramentas como os process adores de texto, que am­ pHam a possibilidade de produ~ao de trabalhos cientificos. AMm disso, os processadores permitem a constru~ao e desconstru~ao dos textos, 0 que pode ser interessante e fertii. Eimportante, entre outros aspectos, seguir urn cronogramai escrever com regularidade, criando urn ritmo de trabalho e dedicando atarefa periodos de tempo continuos e razoavelmente sem interrup~oes; redigir diferentes partes do projeto (introdu~ao, justificativa, objetivos etc.) a medida que preparar material sobre elas ou tomar as decisoes respectivasi apresentar regularmente vers5es parciais ao orientador. o estilo de esc rita e pessoaI, e os jogos de linguagem dos textos cien­ tificos nas ciencias humanas e sociais comportam alguma flexibilidade. A linguagem tern de ser clara, direta, mas pode e deve ser agradavel ao leitor. Efreqiiente 0 uso da terce ira pessoa, impessoal, mas e bastante comum, em projetos de monografias, disserta~oes e teses, assim como em seus respectivos produtos, 0 usa da primeira pessoa do singular ou do plural, embora ambas as formas sejam menos aceitas em peri6dicos cientificos de pSicologia. Vma boa obra para consulta acerca do estilo e das normas na area e o manual de publica~oes da A P A (American Psychological Association). Essas normas tern sido cada vez mais ado­ tadas por revistas brasileiras - Psicologia: Teoria e Pesquisa e Psicologia: Reflexao e Critica, por exemplo. Urn aspecto a ser ressaltado e 0 cuidado com 0 plagio, por vezes involuntario. Muitas pessoas fazem anota~oes das fontes consultadas livremente, nao assinalando quando copiaram verbatim as palavras do(s) autor(es). Na reda~ao do trabaIho, esquecem que erarn trechos copiados e os transcrevem sem indica~ao, 0 que e inadmissiveL Mesmo quando isto nao ocorre, 0 aluno tern dificuldade de libertar-se do estilo dos autores que consulta. Assim, 0 texto nao revela estilo pr6prio e a Ieitura causa estranhamento. Escrever com estilo e realmente dificil e s6 se desenvolve com 0 tempo. Se estiver sendo muito arduo, pode-se praticar lendo as anota~oes e redigindo sem consulta-Ias. Em casos extremos, pode-se usar 0 recurso de falar 0 que gostaria de escrever, gravar e depois transcrever. As cita~oes podem ser oportunas e enriquecer 0 texto, mas e preciso dosar seu uso. Cita~oes em excesso ou muito longas retardam 0 ripno da leitura e ocultam a autoria de quem de fato esta redigindo. Da mesma forma, e preciso equilibrio no usa de referencias no texto. Eclaro que, se foi feita uma boa revisaoe a literatura e fertiI, ha muito 0 que citar; porem, deve-se evitar a referencia gratuita a longas listas de autores sem nenhuma discussao, como sera comentadoadiante. Finalmente, costuma-se nao empregar estrangeirismos ou expressoes em outras lfnguas. Quando usados, precis am vir em italico. REDAC;AO DOS ITENS DE PROJETOS CAPA, FOLHA DE ROSTO E SUMARIO r Seguem os modelos das institui~oes; exemplos podern ser vistos no anexo 2. No que tange ao conteudo, a capa e a folha de rosto contem 0 titulo do projeto, que deve ser conciso e capaz de identificar os princi­ pais objetivos da investiga~ao. Para elabora~ao do titulo, e preciso ter em mente que ele e ? sumario sao os responsaveis pela forma~ao das primeiras impressoes sobre 0 projeto, que poderao predispor 0 leitor a desenvolver uma ava1ia~ao inicial mais ou menos favoravel aproposta. Desse modo, esses itens devem ser vistos como parte importante, sendo cuidadosarnente elaborados. A decisao final sobre 0 tHuloe 0 sumariocostuma ocorrer somente ap6s 0 pesquisador ter redigido as demais etapas do projeto, ocasiao 93 j' 92 em seguida, em varios tipos de pesquisa, a resposta provisoria a ser dada. A resposta, sob a forma de afirma<;ao (hipotese), sera posta em xeque na investiga<;ao. Ah~m das hipoteses, nesse caso, sao apontados os objetivos do estudo. Nao se aplicando, pela natureza da pesquisa, a formula<;ao de hipoteses, sao indicados apenas os objetivos gerais e especificos. No caso da formula<;ao de hipoteses, estas devem obedecer a todos os requisitos de qualidade de uma boa hipotese, ja indicados em capitulo anterior; tern de ser daras, precis as, induir termos definidos e evidenciar as rela<;6es previstas entre as variaveis. I No quadro abaixo, ha a defini<;ao inicial de objetivos, feita num an­ teprojeto de doutorado apresentado na sele<;ao por Engelhard (2004): Objetivo geral: Investigar e discutir as caracteristicas da comunica{:ao gestual mae-bebe em periodos precoces do desenvolvimento (de um a treze meses de idade), comparando duas diades mae-bebe. Objetivos especiflcos: Identificar e analisar qualltativa e quantitativamente a presen{:a de comportamentos que funcionam como precursor'es dos gestos comunicativos infanUs (p. ex., extensao do dedo indicador, estender os bra{:os, abrir as maos e mostrar alga etc.); • Analisar qualitativa e quantitativamente a emergencia da produ{:ao de gestos comu­ nicativos explicitos (p. ex., mostrar, apontar etc.); -t Identificar a natureza da comunica{:ao gestual observada, classificando-a em impe­ rativa ou declarativa; Analisar quantitativa e qualitativamente como se caracterizam a emergencia e a transl{:ao da produ{:ao de gestos imperatlvO!i para declaraiivos, e vice-versa; • Analisar quantitativa e qualitativamente os tipos de gestos produzidos pelas maes; Investigar se hci diferen{:as na produ{:ao dos gestos maternos em fun{:ao da idade da crian{:a; Investigar se ha alguma rela~ao entre a produ~ao de gestos maternos e a emergencia da produ{:ao de gestos infantis. A parte introdut6ria caracteriza e conceitua todos os termos usa dos, que sao definidos formalmente na metodologia. METODOLOGIA Nesse item ou capitulo do projeto, deve-se descrever como se pretende realizar a investiga<;ao. Sua organiza<;ao pode variar de acordo com as peculiaridades de cada tipo de pesquisa. Entretanto, e fundamental inc1uir informa<;5es sobre aspectos que serao mencionados a seguir. a) Grupo estudadolsujeitolamostra Deve-se induir uma discussao/descri<;ao do grupo que se pretende estudar e como e por que sera escolhido. Por exemplo: participarao do estudo cinqiienta maes primiparas de nivel educacional medio e superior, residentes na cidade do Rio de Janeiro, que vivem com o pai do bebe. As maes serao contatadas e convidadas a participar a partir de indica<;6es de pediatras. Dutro exemplo: a amostra sera constituida de cern alunos do terceiro periodo de gradua<;ao em psi­ cologia, filosofia e sociologia, de universidades publicas da cidade de Sao Paulo. b) Cuidados eticos Devem ser discutidos aspectos eticos, como a submissao do projeto a urn comite de etica e os cuidados para que os participantes nao sofram riscos ou·constrangimentos. Vide item posterior sobre a prepara<;ao do projeto para submissao a comite de etica, na pagina 111. c) Tipos de dados buscados Em alguns tipos de pesquisa, esse item se refere a variaveis, sua defini­ <;ao e dassifica<;ao. Em outros, podeconsistir numa explicita<;ao do que se espera col her de dados (historias de vida, concep<;6es sobre 0 amor, intera<;5es sociaisi representa<;5es sociais etc.). A explicita<;ao envolve algum tipo de defini<;ao, que pode ser provis6ria, mas deve permitir compara<;ao e discussao por outros pesquisadores. d) Forma de coleta de dados Envolve a descri<;ao das bknicas que serao usadas para a· coleta de dados. No caso de uso de variaveis, inclui-se a apresenta<;ao dos instrumentos (teses, inventarios, questionarios, escalas) utilizados 98 99 e) Procedimento a avalia-Ias. Em outros casos, como no uso da tt~cnica de observa­ devem ser especificados 0 alvo, a natureza e como se pretende f Nesse item, faz-se uma descri\ao mais ou menos pormenorizada do que sera realizado: 0 trabalho de campo, a aproxima\ao do grupo estudado, o compromisso estabelecido com este, onde e como serao colhidos os dados, por quem etc. f) Como se pretende analisar os dados Esse item envolve descrever, justificando a escolha feita, a(s) hknica(s) ou forma(s) de analise, seja(m) ela(s) qualitativa(s) ou quantitativa(s) (ex.: analise de conteudo, analise do discurso, analise estatistica), especificando-as. Nao e aceitavel fazer afirma95es vagas do tipo: "as dados serao analisados qualitativamentelt A tecnica estatistica • ja deveestar definida e precisa ser apontada. Nao e necessario, con­ tudo, entrar em detalhes sobre tecnicas conhecidas, como A NOVA e MANOTVA. REFERBNCIAS BIBLIOGRAFICAS Apresenta\ao, em ordem al£abetica pelo sobrenome do primeiro autor, de todos os trabalhos citados no corpo do projeto, seguindo as normas da APA (American Psychological Association), descritas de forma sucinta nas revistas Psicologia: Teoria e Pesquisa e Psicologia: Reflexdo e Critica. No caso de varias obras do mesmo autor, estas deverao ser ordenadas cronologicamente, das mais antigas as mais recentes, inicialmente aquelas em que haum unico autor e depois os trabalhos que 0 autor em questao publicou com colaboradores. Alguns exemplos: a) Livros Seidl de Moura, M.L. (2004). (Org.) 0 bebe do seculo XXI e a psicologia em desenvolvimento. Sao Paulo: Cas a do PSic610go. 100 " b) Livros antigos Piaget, J. (1996). A construpi.o do real na crian~a. Sao Paulo: Atica. (Original publicado em 1937.) c) Capitulos de livros Keller, H. (2002). Development as the interface between biology and culture: a conceptualization of early ontogenetic experiences. Em H. Keller, Y.H. Poortinga & A. Scholmerich (Orgs.), Between culture an biology (pp. 215-240)~ Cambridge: Cambridge University Press. d) Artigos Seidl de Moura, M.L.; Ribas, A.F.P.; Seabra, K. da c.; Pessoa, L.F.; Ribas, Jr., R. de C.; Engelhard, S. (2004). Interac;5es iniciais mae-bebe. Psicologia: Reflexao e Critica, 17 (3), 295-302. e) Resumos em anais de congresso1 Arendt, R. (1996). Psicologia social de comunidades. Em Anais do VI Simp6sio de Pesquisa e Intercambio Cientifico da ANPEPP, p. 25· Teres6polis: ANPEPP. CRONOGRAMA Devera ser inc1uido, podendo ser apresentado sob qualquer formato, para que se possa acompanhar como esta previsto 0 desenvolvimento da monografia, disserta~o ou tese. ANEXOS Se for 0 caso, poderh ser inc1uidos exemplares de instrumentos que se­ rao usados, roteiros de observaC;ao ou de entrevista, ou qualquer outro documento considerado relevante. :; Deve ser evitada a cita9ao de resumos provenientes de anais de congresso, pois nao sao de facil consulta para os leitores. 101 111 "~I' OBSERVA~6ES FINAlS Neste livro, foram privilegiados os projetos de pesquisas empiricas. No entanto, em projetos de disserta~oes e teses teoricas, ele tambem pode ser utilizado. Nesse caso, 0 capitulo de metodologia tera naturezadiferente e devera incluir urn roteiro, mesmo provisorio, do tipo de "dado" que se busca na(s) teoria(s) e da linha de argumenta~ao que sera seguida. Finalmente, cabe ressaltar que urn projeto (de pesquisa, de disser­ ta~ao, de tese) constitui parte significativa do trabalho. Decisoes basicas, te6ricas e metodo16gicas ja devem ter side tomadas. Espera-se tambem que a revisao da literatura ja tenha sido feita de forma suficientemente extensa para permitir algumas dessas escolhas. Muitos se equivocam pensando ser este urn trabalho desnecessario ou um.a exigencia excessiva de alguns orientadores. Todavia, quanta mais ex~icitados os itens do projeto e maior 0 cuidado com sua escrita, mais facil 0 desenvolvimento da pesquisa. Assim, 0 tempo gasto na reda<;ao da tese ou da disserta<;ao sera reduzido. .( PARTE III APRESENTA~AO DE PRO}ETOS 102 com rela~ao as varhiveis que influern sobre 0 surgirnento e a rnanuten~ao da agressao, verificarnos que, apesar das indica\oes da existenda de urn cornponente bio16gico, de fun\ao adaptativa, podern ser apontados rnui­ tos outros fatores que intervern sobre 0 processo ( ...) (2004, p. 368). Quando as cita<;5es contiverem expressoes ou palavras entre aspas, estas devera.o ser transformadas em aspas simples. 0 uso de fontes se­ cundarias (cita<;6es de cita<;6es) devera ser evitado, a nao ser em casos excepcionais. Deve-se sempre procurar 0 trabalho original. Caso isto nao seja possivel e haja a referencia a texto nao consultado diretamente, devera ser identificado 0 autor consultado, utilizando-se a expressao licitado por". PREPARAC;AO DE APRESENTAC;OES ORAlS DE PROJETOS Os projetos de disserta<;ao em geral nao sao apresentados oralmente, mas ha institui<;6es em que urn semina rio de projetos e realizado e todos os alunos participam. Em outros programas, a atividade nao e obrigatoria, mas alguns orientadores a incluem. No doutorado, a apresenta<;ao e a avalia<;ao publicas num exame de qualificafao sao obrigatorias. Antes de abordar aspectos gerais de apresenta<;ao oral de projetos, seguem alguns esclarecimentos sobre 0 exame de qualifica<;ao. o exame e realizado ao fim dos creditos; em geral, dois anos depois do ingresso no doutorado. Eescolhida uma comissao examinadora cuja composi<;ao varia de acordo com a institui<;ao. Ecomum ser constituida de tres profess ores, urn deles 0 orientador e dois convidados, sendo pelo menos urn oriundo de uma institui<;ao diferente. Em alguns programas, o orientador nao faz parte da comissao e e substituido por urn membro do colegiado. A escolha dos membros da comissao deve ser cuidadosa, levando em conta 0 conhecimento e a experiencia dos mesmos nos temas do projeto, ja pensando em sua participa<;ao na comissao examinadora da tese. Eprudente evitar 0 convite a pessoas que tern posi~6es muito divergentes e com historias deconflito entre si. 0 exame de qualifica~ao ja e suficientemente estressante para 0 candidato, e outros dissabores devem ser evitados. o doutorando tern de vinte a trinta minutos para apresentar seu projeto, e os membros da banca tern igual tempo cada urn para suas considera<;5es. Espera-se que ofere~am uma contribui<;ao teorica e meto­ dologica ao que foi apresentado. 0 doutorando deve ser capaz de justificar suas escolhas e pode ou nao aceitar as pondera<;6es feitas. Quanto aapresenta<;ao, a primeira questao e a limita<;ao de tempo. Muitos reclamam que epouco, mas ja se trata de urn ensaio para a defesa da tese e para outras apresenta~6es academicas. Epreciso ser profissional desde entao e programar-se' para 0 tempo disponivel. A primeira pro­ videncia epensar nos itens ;a serem apresentados, hierarquiza-Ios em termos de relevancia e dividir 0 tempo disponivel entre eles de forma proporcional aimporH\ncia atribuida. Em geral, eprudente dedicar maior tempo ametodologia do que arevisao da literatura, ja que naquele item a contribui<;ao dos membros da comissao eimportante. A apresenta<;ao pode fazer usc> de transparencias em retroprojetores, datashow ou multimidia. Embora os dois ultimos sejam atraentes, deve-se contar com possiveis falhas; nesse caso, e born ter transparencias im­ pressas como segun<;la altemativa. Para a prepara~ao de apresenta~6es, o programa PowerPoint e muito util e constitui uma ferramenta da qual os pesquisadores devem pensar em se apropriar ao longo do curso de " pos, se ja nao a dominam. Alguns cuidados com 0 aspecto visual da apresenta~ao devem ser tornados: 1 Usar letras de tamanho suficiente, para que possam ser lidas a disHincia pel a plateia; 2 Usar urn fundo que forne<;a urn born contraste com 0 texto e/ou as imagens; 3 Evitar 0 usa excessivo de texto em cada slide (e apenas urn lembrete e uma forma de organiza~ao para 0 aluno); 4 Evitar 0 usa d~ muitas figuras, imagens ou tabelas. Ao falar, 0 aluno nao deve ler as transparencias, precisa usar lin­ guagem clara e correta, evitar coloquialismos e girias, focalizar a plateia e a banca. Deve tomar cuidado para nao se posicionar na frente do que esta sendo projetado. Por fim, deve manter a calma, lembrando que, em principio, trata-se de uma situa<;ao amigavel, voltada paraajuda-Io em seu 108 109 Iii trabalho. A seguir, sugere-se uma lista de aspectos a serem observados na prepara~ao de apresenta~5es orais de projetos: 1) Conteudo da apresenta~o: a) Colocar 0 titulo do projeto. autor, orientador (se pertinente) e institul~ao; b) Introdu~ao: • Explicitar 0 problema da pesquisa; • Apresentar as Justificativas para 0 estudo; I • Apresentar 0 referendal te6rico de modo condensado e logicamenteencadeado; • Especificar as questOes de pesquisa e/ou hlp6teses. c) Metodo: • Caracterizar os participantes (numero, aspectos sododemognificos etc.); Especlficar os instrumentos de pesqulsa com um ou dois iten~que exempliftquem cada um deles; • Deftnir os procedimentos a serem adotados na aplica~ao dos instrumentos; Explicitar as tecnicas a serem adotadas na amilise dos dados. 2) Slides ou transparencias: a) Quantldade: Preparar um numero'Suficlen'te de slides ou transparencias (nem poucos nem muitos). b) Conteudo: • CUidar para que 0 conteudo inserido em cada slide ou transparencia nao seja excessivo; Utilizar letras detamanho facilmente visivel it audiencia (corpo 24 ou mais); Utilizar cores de fundo e de letras que nao atrapalhem a leitura do slide (fundo escuro.e letras de cor clara) ou da transparencia (fundo claro e letra de cor escu­ ra); Utilizar recursos visuais que despertem a aten~ao (setas, esquemas conceituais, cores variadas etc.) e transmitam 0 conteudo de forma clar·a e direta. 3) Apresenta~ao propriamente dita: Familiarizar-se previamente com 0 conteudo da apresenta~ao; Coordenar a apresenta~ao dos slides. ou transpar~ncias com a fala; Evitar a leitura dos slides ou transparencias; Falar com entusiasmo e de modo claro. mantendo um tom e um ritmo de voz ade­ quados, istoe, nao falar muito alto ou muito baixo e nao se apressar ouir muito devagir. PREPARAC;AO DE PROJETOS PARA SUBMETER A COMITES DE ETICA A partir de 1996, tornou-se obrigatorio a todos que usam seres humanos em suas pesquisas submeter seus projetos a comites de etica institucionais ou nacionais. Vide no anexo 3 a re;soIuc;ao do CFP (Conselho Federal de Psicologia) sobre 0 tema. as comites locais tern sua rotina propria,' mas devem atender alei e aresoluc;ao. A !ista necessaria de documentos e . apresentada no anexo 4. Alem de informar-se sobre os formularios e documentos exigidos em sua institui~ao, 0 pesquisador deve preparar, com a ajuda do orientador,. uma versao reduzida do projeto para ser analisada pelo comite. Urn dos passos irnportantes e a reda~ao de urn termo de consentimento livre eescla­ reddo, que consta da documentac;ao e que devera ser assinado por cada participante e pelo pesquisador responsavel. Vide exemplo no anexo 5· 110 111 CONSIDERA<;OES FINAlS Este livro procurou oferecer aos leitores informa~5es basicas para a elabora~ao, reda~ao e apresenta~ao de projetos de pesquisa. As autoras basearam-se em suas experiencias como pesquisadoras, orientadoras de alunos de gradua~ao e p6s-gradua~ao e professoras de metodologia de pesquisa. Buscaram pontuar 0 texto com exemplos retirados de projetos ja desenvolvidos, a tim de ilustrar 0 conteudo e facilitar a compreensao. Maria Lucia Seidl de Moura e Maria Cristina Ferreira compartilham o interesse por fazer pesquisas e esperam que 0 mesmo seja despertado e/ou estimulado nos que tiverem contato com esta obra. \, r Shaughnessy, J.J. &Zechmeister., E.B. (1994). Research methods in psychology. 311 ed. Nova York: McGraw-Hill. './ ANEXO 1 Slavin, R. E. (1984). Research methods in education: a· practical guide. Englewood Cliffs: Prentice-Hall. . PORTAL DE PERIODICOS DA CAPES Triviiios, A.N.S. (1995). lntrodufiio apesquisa em ciencias sociais: a pesquisa http://www.periodicos.capes.gov.br qualitativa em educa¢o. Sao Paulo: Atlas. Trochim, W.MK. (2002). Research methods knowledge base. 211 ed. Retirado de www.socialresear-chmethods.netlkb em 22/02/2005. COMO USAR? Weiten, W. (2002). Intr-odu¢o apsicologia: temas e VCU'iafoes. Sao Paulo: Pioneira. I Voce pode iniciar sua pesquisa no portal consultanoo: peri6dicos com textos completos, resumos ou patentes, estatisticas, livros e outras fontes. Eimportante tambem entrar em contato com a biblioteca de sua ins­ tituiC;ao e solicitar treinamento para grupos de usuarios. Em poucas horas, : voce obtera muitas informac;oes sobre 0 processo de pesquisa nas bases de dados relevantes para sua area, 0 que certamente implicara economia de tempo e melhorara a qualidade dos resultados alcanc;ados. PERI6DICOS COM TEXTOS COMPLETOS Se voce ja sabe a publicaC;ao que deseja consultar, clique na letra inicial do titulo na oPC;ao Usta alfabetica. Se,no entanto, lembra apenas palavras que constam do titulo, faC;a a pesquisa por palavra do titulo. Para fazer a pesquisa por editor, escolha a opc;ao desejada e voce sera conduzido ao site da editora em que estao disponiveis ferramentas de busca que possibilitam uma eIkiente pesquisa bibliografica, acesso ao texto completo dos artigos, servi~os de alerta e outras informac;oes uteis para 0 desenvolvimento do trabalho academico. Entretanto, como esses recursos sao limitados as publicac;5es oferecidas pelos editores e distribuidoresl e fundamental sempre consultar os resumos para con­ seguir urn resultado completo e interdisciplinar. Se voce deseja saber que titulos estao disponi'veis em sua area de atua~ao, escolha 0 assunto de seu interesse na opc;ao pesquisa por areas do conhecimento: multidisciplinar; ciencias ambientaisi ciencias biol6­ gicas; ciencias da saude; ciencias agrarias; ciencias exatas e da terra; engenbarias; ciencias sociais aplicadas; ciencias humanas; lingiiistica, 119; 118 letras e artes. Dessa forma, voce obtera a rela~ao das publicac;5es com texto completo disponfveis no portal, c1assificadas pelomesmo sistema utilizado pel a CAPES e pelo CNPq, para organizar seus bancos de dados de informac;ao cientifica e tecnol6gica. Com a !ista na tela, clique no titulo que deseja, escolha. os fasclculos e artigos relevantes e fac;a 0 download do texto completo. RESUMOS A consultaaos resumos e a forma recomendada para inidar uma pesqui­ sa bibliografica sistematica, de ampla coberturae metodologicamente correta: Com 0 auxilio desseservic;o, e possivel identificar, por exem­ plo, artigos de peri6dicos e outros documentos cientfficos e tecnicos publicados sobre urn assunto espedfico ou por urn determinado autor, independentemente do periodico em que os trabalhos apareceram. Os resumos inform am sobre 0 conteudo do documento e permitem avaliar com maior precisao a relevancia para sua pesquisa e a conveniencia de consultar ou imprimir 0 texto na integra. Escolha as bases de dados apropriadas para sua area de interes­ se.Usevarias'bases para obter uma'cobertura completa e interdisd.. plirtar.Por exemplo: ciencias da saude (MedLihelPubMed, Biological Abstracts, PsycInfo); ciencias agrtfrias (CAB Abstracts, Biological Abstracts,FsTA - Food Science and Technology Abstracts, AGRICOLA); ciencitis exatase da terrae engenharias(coMPENDEX, INSPEC, METADEX, GEOREF);ciendas sociais aplicadas e ciencias humanas (PsycInfo, Humanities Abstracts Full Text, Social Sciences Full Text); filosofia (Philosopher's Index, Humanities Abstracts Full Text, Human Resources AbstraCts); lingiUstica, letras e artes (Art Full Text, MLA International Bibliography, Humanities Full Text). . 0 Web of Science, por sua vez, euma base multidisciplinar, po­ rem seletiva, que indexa somente os peri6dicos mais citados em suas respectivas areas. Etambem urn indice de citac;5es, informando, para cada artigo, os documentos por ele citados eos ~ue 0 citaram. Seu uso complementa, mas nao substitui apesquisa em bases de dados especia­ lizadas por areas do conhecimento. Especifique sua consulta em termos de assuntos, datas, tipos de publicac;ao e idiomas, conforme 0 formuIario que 0 sistema apresentar, para obter os resultados mais predsos e relevantes possiveis. Com a relaC;ao dosdocumentos sobre 0 assunto de seu interesse, identifique os que deseja consultar e em que peri6dicos foram publicados. Verifique na lista alfabetica se os titulos estao disponiveis no portal e, caso positivo, fac;a 0 download do texto completo na hora. Para agilizar sua pesquisa bibliografica, algumas bases de dados de resumos incluem em suas referencias links para os textos completos das pu­ blicac;5es eletronicas assinadas pela CAPES e para os catalogos us P:DEDALUS, PUC/PR-PERGAMUM e Catalogo Coletivo Nacional de Publicac;5es Seriadas (CCN), permitindo que voce veja na hora se a publicac;ao desejada esta disponivel em versao impressa em alguma biblioteca brasileira. Documentos importantes para sua pesquisa e que nao estao disponiveis no portal podem ser obtidos por meio de programas de com'Utac;ao bibliografica - 0 COMUT, por exemplo -, que localizam pu­ blica~5es perildicas no Brasil e no exterior e fome.cem .c6pias mediante pagamento. Consulte sua biblioteca para obter mais informac;5essobre esses servic;os. OUTRAS FONTES DE PESQUISA ( Voce pode complementar e enriquecer seu trabalho consultando tambem outras fontes de pesquisa na rede, como: referencia (didonarios, enci­ clopedias, manuais e diret6rios); arquivos abertos e redes dee-prints; patentes; livros; estatisticas; e outras fontes. Sao sites seledonados, de nivel academico, publicados por importantes instituic;oes cientificas e profissionais e organismos governamentais e internacionais. 120 121 ANEXO 2 :. EXEMPLOS DE FOLHAS INICIAIS DE PROJETOS Modelo de capa de projeto 124 Modelo de capa de disserta~ao 125 Folha de rosto I 126 Folha de rosto U 127 '\ 123 ANEXO 3 RESOLU~AO CFP 016/2.000 (20 de dezembro de 2000) Ementa: DispOe sobre a realiza~ao de pesquisa em psicologia com seres humanos. o Conselho Federal de Psicologia, no usa de suas atribui~oes legais e regimen­ tais, que the sao conferidas pela Lei 5.766, de 20 de dezembro de 1971, e: CONSIDERANDO a iniciativa do Forum de Entidades Nacionais da Psicologia de constru~ao de documento-referencia para a pesquisa em psicologia com seres humanos; CONSIDERANDO a necessidade de expandir os artigos referentes a etica na pesquisa, dispostos no C6digo de Etica e na Resolu~ao 0'11/97; CONSIDERANDO a necessidade de orientar e complementar 0 enten­ d-imento aResolu~ao 196 do Conselho Nacional de Satide, que "aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos"; CONSIDERANDO que a pesquisa envolvendo seres humanos, em psicologia, e uma pnltica social que visa aprodu~ao de conhecimentos que propiciam 0 desenvolvimento teorico do campo e contribuem para uma pratica profissional capaz de atender as demandas da sociedade; CONSIDERANDO a diversidade da psicologia e a necessidade de se levar em considera.;ao os pressupostos teoricos e metodo16gicos dos seus varios- campos de atua~ao e aplica~ao e, conseqiientemente, as diferentes formas que a pesq'fisa pode assumir, induindo af, entre outras, a pesquisa de lab oratorio, a pes-quisa de campo e a pesquisa-a~ao; .. CONSIDERANDO a necessidade de regulamentar regras e procedi­ mentos que devem ser reconhecidos e utilizados nessa pratica; CONSIDERANDO a decisao da AssembIeiade PoHticasAdministrativas e Financeiras em reuniao no dia 09/12/2000; . CONSIDERANDO a decisao deste Plenarionesta data; 129 Resolve: Art. IJl - Toda pesquisa em psicologia com seres humanos devera estar instruida de urn protocolo, a ser submetido aaprecia~ao de Comite de Etica em Pesquisa, reconhecido pelo Conselho Nacional de Saude, como determina a Resolu~ao MS 196/96 do CNS. DO PROTO COLO Art. 2Jl- a protocolo, a que se refere oartigo 1", devera contemplar: I - as objetivos; II - A justificativa: cabe ao pesquisador a responsabilidade de jus­ tificar a relevancia te6rica e social da pesquisa; I I I - Os procedimentos adotados; IV - As salvaguardas tHicas, incluindo-se: a) Consentimento informado: refere-se agarantia de que a parti­ cipa~ao does) individuos(s) e voluntaria, quefoi (foram) informado(s) e entende(m) com clareza os procedirnentos a que sera(ao) submetido{s) e. suas consequencias; que foi (foram) informado(s) sobre os objetivos da pesquisa e do usa que sera feito das informa-;oes coletadas; Os limites quanta ao uso de informa-;oes e os procedimentos de divulga~ao dos resultados. : DO RISCO DA PESQUISA Art. 3Jl - Eobriga-;ao do responsavel pela pesquisa avaliar os ris­ cos envolvidos, tanto pelos procedimentos como pela divulga~ao dos resultados, com 0 objetivo de proteger os participantes e os grupos ou comunidades as quais eles perten-;am. § IJl -Pesquisa de risco minimo: sao aquelas cujosprocedimentos nao sujeitam os participantes a riscos' maiores do que os encontrados nas suas atividades cotidianas. 130 § 2 J1 - A avalia-;ao do risco na pesquisa com grupos vulneraveis ou em situa~ao de risco (por exemplo, crian~as e adolescentes em situa~ao de rua, moradores de rua, habitantes de favelas e regiDes perifericas das cidades, entre outros) devera ser feita somente por pesquisadores e profissionais que conhe~am bern a realidade dos participantes e tenham experiencia de pesquisa e trabalho com esses grupos. § 3J1 - As pesquisas que manipulem variaveis que possam gerar ansiedade, ou que utilizem instrumentos (inclusive entrevista) com 0 objetivo de obter dados e informa~oes sobre eventos que possam ter sido traumaticos (por exemplo, com vitimas de violencia, abuso fisico ou sexual, entre outros), nao receberao classifica~ao de risco minimo. No entanto, 0 pesquisador devera incorporar procedimentos que permitarn avaliar, ao termino da participa~ao de cada individuo, se nenhum dano foi causado. § 4Jl - a pesquisador devera garantir que dispoe dos meios, recursos e competencias para lidar com as posslveis consequencias de seus pro­ cedimentQs e intervir, imediatamente, para limitar e remediar qualquer dano causado. DO cONSENTIMENTO INFORMADO Art. 4Jl - as psic610gos pesquisadores, em respeito aautonomia, liberdade e privacidade dos individuos, deverao garantir, em suas pesquisas: I - Que a participa~ao e voluntaria; I I Que os participantes estao informados sobre os objetivos da pesquisa e 0 usa que sera feito das informa~oes coletadas; III - Que os participantes foram informados e entendem com clareza os procedimentos aos quais serao submetidos, bern como suas possiveis conseqiiencias. Art. sJl- as psic610gos pesquisadores obterao 0 consentimento infor­ made dos individuos a serem pesquisados como garantia de efetiva pro­ te~ao dos participantes, devendo ser obedecidos os seguintes criterios: 131 I - Que os individuos, assegurada sua capacidade legal, cognitiva e emocional para entender os obj~tivos e possiveis conseqilencias da pesquisa, devem decidir se desejam ou nao participar; II - Que os pais ou guardiaes, quando a pesquisa envolve crianc;;as e adolescentes, devem dar seu consentimento; I I I - As crianc;;as e adolescentes, mesmo ja se tendo consentimento dos pais ou responsaveis, devem ser tambem informados, em linguagem apropriada, sobre os objetivose procedimentos da pesquisa e devem concordar em participar voluntariamente; IV - Aplica-se 0 principio das allneas lib" e ~/C" deste artigo aos indiv£duos que, por qualquer razao, nao tenham plena capacidade legal, cognitiva ou emocional. Art. 6l!. - 0 psicologo pesquisador podera estar desobrigado do consentimento informado nas situac;;5es em que: I - Envolvem observac;;oes naturallsticas em ambientes publicos; II - As pesquisas sejam feitas a partir de arquivos e bancos de dados sem identificac;;ao dos participantes; I I I - Haja reanaIises de dados coletados pel a propria equipe ou por outras equipes; IV - Haja outras situac;;oes similares em que nao ha risco de violar a privacidade dos individuos envolvidos nem de causar a eles ou aos grupos e comunidades aos quais pertencem qualquer tipo de constran­ gimento. Paragrafo unico - A determinac;;ao de que nao ha necessidade de consentimento inform ado somente pode ser feita por Comite de Etica em Pesquisa constituido con forme a legislaC;;ao em vigor. Art. 'f! - 0 psicologo pesquisador nao aceitara 0 consentimento informado dos seguintes individuos: . I - Individuos alvo da pesquisa que nao tenham plena capacidade legal, cognitiva ou emocional e os pais ou guardiaes que nao estejam qualificados; II - Pais que nao tenham contato com os filhos ou guardiaes legais 132. que, efetivamente, nao interajam sistematicamente nem conhec;;am bern a crianc;;a ou adolescente; I I I Pais ou guardiaes legais que abusaram eu negligenciaram ou foram coniventes com 0 abuso ou a negligencia; IV - Pais ou guardiaes qUE! nao tenham condic;;oes cognitivas ou emocionais para avaliar as conseqiiencias da participac;;ao de seus filhos na pesquisa. Art. 8l!. - 0 psicologo pesquisador que, em seu projeto de pesquisa, '\ deparar-se com as situac;;5es previstas nas alineas do artigo ~ devera, ao encaminhar 0 projeto ao Comite de Etica em Pesquisa, abordar explici­ tamente neste as determinac;;oes e providencias que se seguem: I - Se a pesquisa deve real mente ser feita com esse tipo de individuo ou se epossivel obter 0 mesmo conhecimento ou informac;;ao com outros grupos menos vulneraveis; II - Se 0 conhecimento ou informac;;5es que serao obtidas devem apresentar relevancia te6rica ou. implicac;;5es para a pratica que justifi­ quem realizar pesquisa com os individuos alvo; I I I - Se os resultados podem beneficiar diretamente os participantes, ou seus grupos ou comunidade; IV - Se a equipe tern experiencia e treinamento adequado para conduzir 0 tipo de investigaC;;ao proposta com os individuos alvo; V - Apresentar avaliac;;ao inicial de risco e detalhar no seu projeto as providencias e medidas que serao tomadas para minimizar e reme­ diar danos. Para.grafo unico - 0 Comite de Etica em Pesquisa, ao avaliar 0 projeto, devera solicitar pareceres de pesquisadores experientes na area caso nao os tenha entre seus membros. DA CONFIABILIDADE, SIGILO E usa DE INFORMA<;5ES Art. ~ - Todos os membros da equipe de pesquisa estarao obrigados­ a conservar em sigilo as informac;;oes confidenciais obtidas na pesquisa, assim como proteger de riscos os participantes. ~ 133 CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO x x x x x Folha de rosto Projeto de pesquisa em po.rtugues Antecedentes ejustlftcatlva. registro no pais de origem. em caso de drogas e dispositlvos para a saude Descri<,:ao de materlal.e metodos. casuIstlca. resultados esperados e bibliografta Analise critlca de riscos e benefiCiOS Dura<,:ao Responsabilidades do pesquisador. da institui<,:ao. do patrocinador Criterios para suspender ou encerrar Local de realiza<,:ao das varias etapas Infra-estrutura necessaria e concordancia da institui<,:ao Or<:amento flnanceiro detalhado e remunera<:io do pesquisador Propriedade das informa<,:oes Caracteristicas da popula<,:ao, justificativa de uso de grupos vulneraveis Numero de sujeitos da pesquisa. no local e global (m ulticentrlcos) Descri<,:ao de metodos que afetem os sujeitos da pesquisa Fontes de material, coleta especlfica Pianos de recrutamento, criter/os de /nclusao e exclusao Termo de consentimento livre e esclarecido Como e quem ira obte-Io Descri<,:ao de riscos COm de gravidade Medidas de prote<,:ao de riscos e da confidencialidade Prevlsao de ressarcimento de gastos Curriculo do pesquisador principal e demais pesquisadores Linguagem acessivel Justiftcativa, obJetivos e procedimentos Desconfortos e riscos Beneficlos esperacios Metodos alternativos exlstentes Forma de asslstenCia e responsavel Esclarecimentos antes e durante a pesquisa sobre a metodologia Posslbilidade de Inclusao em grupo-controle ou placebo Liberdade de recusar ou retirar 0 consentlmento sem penaliza<,:ao Garantla de slgllo e prlvacidade Formas de ressarclmento Formas de Indenlza<,:ao PESQUISAS CONDUZIDAS DO EXTERIOR OU COM COOPERA<;AO ESTRANGEIRA Compromissos e vantagens para as sujeitos da pesquisa Compromlssos e vantagens para 0 pais Identifica<,:ao do pesquisador e da institui<,:ao nacionals co­ responsaveis (folha de rosto) Documento de aprova<=io pelo Comhe de ftlea no paisx de origem ou justifieatlva Resposta anecessldade de treinamento de pessoal no Brasil \ 138 139 PESQUISAS COM NOVOS FARMACOS, VACINAS E TESTES DIAGNOSTICOS x Fase atual e demonstra~!o de cumprlmento de fases ante­ rlores Substancia farmacol6gica - registro no pais de origem Informa~i.o pre'clinica -brochura do pesquisador (BPPFC) tnforma~ao clinica de fases anteriores Justificativa para uso de placebo ou wash out Acesso ao medicamento, se comprovada sua superiorldade Declara~ao do pesqulsador de que concorda (folha de rosto) justiflcativa de inclusao de suJeitos sadios Formas de recrutamento PARA ENVIAR 0 PROTOCOLO A CONEP PARA APRECIA~AO, ACRESCENTAR:' x x Carta de encamlnhamento do CEP institucional Documento de aprova~io pelo CEP, com parecer con­ substanclado ANEXO 5 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ': Pesquisa IntE;!ra~aO mae-bebe e desenvolvimento infantil: um estudo longitudinal e transcultural Coordenador Naturezada pesquisa Voce e seu bebe sao convidados a participar dessa pesquisa, que tem como finalidade investigar as rel~~5es entre as maes e seus bebes e a influencia dessa rela~aono desenvolvimento infantil. AMm disso, a pes­ quisa pretende comparar inforrna~5es sobre as maes brasileirascom informa~5es sobre maes que vivem em outros pafses. Participantes da pesquisa Aproximadamente sessenta maes e seus bebes participarao da pesquisa. 'Envolvimento na pesquisa Ao participar desse estudo, voce deve permitir que um membro do grupo de pesquisa desse projeto visUe voce e seu filho em sua residencia. Ao todo serao duas vi~itas quando 0 bebe tiver cinco meses e duas visitas quando ele tiver vinte meses de idade. Cada encontro deve durar mais ou menos duas horas. Voce tern a liberdadede nab participar e pode abandonar a projeto em qualquer fase da pesquisa, sem prejufzo para voce ou seu bebe. Sempre que quiser, voce podera pedir mais informa~5es sobre a pesquisa. Para isto, entre em contato com a coordenador por meia do 140 141 III ;;: telefone xxx. Se voceachar necessario, contate 0 secretario executivo do Comire de Etica em Pesquisa xxx pelo telefone xxx. Sobre as visitas As visitas serao marcadas com antecedencia. Voce devera se comportar de forma natural, realizando suas atividades normais. Alem disso, tera de responder alguns questionariose foolecer informa~oes basicas" como idade, emprego e dados sobre a saude de seu bebe. Aos cinco meses, sera reaUzada uma filmagem de todas as expe­ riencias do bebe queacontecerem durante uma hor~. Aos vinte meses, ele sera filmado por dois periodos de dez minutos enquanto estiver brincando. Riscos e desconforto A participa~ao nessa pesquisa nao traz complicac;oes, it. excec;ao apenas, talvez, de certa timidez que algumas pessoas tern quando observadas ou filmadas. Os pr-ocedimentos utilizados seguem asnormas estabelecidas pelo Estatuto da Cria~ae do Adolescente (Lei 8.069.( de 13/07/1990) e nao of ere cern risco it. integridade fIsica, psiquica e moral do bebe. Conftdencialidade Todas as informac;oes cole tadas nesse estudo sao estritamente confi­ denciais. Os videos e os relatos de pesquisa serao identificados com urn c6digo, e nao com seu nome ou 0 de seu bebe. Apenas os membros do grupo de pesquisa terao conhecimento dos dados. Se voce der sua au­ toriza~ao por escrito, a-ssinando a permissao para utiliza~o de imagens em video, os dadospoderao ser utiiizados para fins de ensino e durante encontrris e debates cientificos. '\ Benefici{)s Participando da pesquisa, vocee seu bebe nao terao nenhum beneficio direto. Entretanto~esperamos que .esse estudo nos de informac;oes im­ portantes a -respeito· das rela~oes entre as maes e seus bebes no Brasil. Essas informa~.Qes poderao ser usadas em beneficio de maes e bebes brasHeiros. 142 Pagamento Voce nao tera nenhum tipo de despesa por participar dessa pesquisa. Tambem nada sera pago por sua participat;ao. No entanto, voce recebera capias dos relat6rios da pesquisa contendo os resultados do estudo. Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de fOI'IIla livre e esdarecida, manifesto meu interesse em participar da pesquisa. Nome da crianc;a Nomedamae Locale data Assinatura da mae Coordenador do projeto 143
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