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Guias e Dicas
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(Betta splendns) criação manejo e reprodução, Trabalhos de Engenharia de Produção

Trabalho sobre o ciclo de produção do Betta,

Tipologia: Trabalhos

2010

Compartilhado em 16/12/2010

douglas-alvaristo-11
douglas-alvaristo-11 🇧🇷

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Baixe (Betta splendns) criação manejo e reprodução e outras Trabalhos em PDF para Engenharia de Produção, somente na Docsity! Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.30, n.3/4, p.134-149, jul./dez. 2006. Disponível em www.cbra.org.br _________________________________________ Recebido: 04 de outubro de 2006 Aprovado para publicação: 11 de maio de 2007 Criação, manejo e reprodução do peixe Betta splendens (Regan 1910) Breeding, handling and reproduction of the Betta splendens -Regan 1910 Paulo M.C. Faria1, 6, Daniel V. Crepaldi2, Edgar de A. Teixeira 2, Lincoln P. Ribeiro3, Alexandre Benvindo de Souza4, Daniel C. Carvalho2, Daniela Chemim de Melo2, Eloísa de O.S. Saliba5 1Mestrando em Zootecnia, 2Doutorando em Ciência Animal, 3Professor Adjunto, 5Professor Associado. Departamento de Zootecnia Escola de Veterinária, UFMG, Belo Horizonte, MG, Brasil. 4Professor Adjunto COLTEC-UFMG, Belo Horizonte, MG, Brasil. 6Correspondência: paulo_laqua@yahoo.com.br Resumo O presente trabalho teve como objetivo uma revisão de literatura sobre a criação, o manejo e a reprodução do peixe Betta splendens, um dos mais belos peixes ornamentais cultivados. Existem variadas formas de criar esses peixes, não existindo um consenso entre produtores sobre qual é a maneira mais eficiente. Nessa revisão, é apresentado um método de criação simples que vem sendo utilizado por produtores, obtendo-se bons resultados há anos. Aspectos ligados à biologia, reprodução, comportamento e genética foram abordados visando elucidar as dúvidas que pairam quanto ao cultivo dessa espécie. Palavras-chave: ornamentais; peixe de briga. Abstract This work is an literature revision about the breeding, handling and reproduction of the Betta splendens, one of the most beautiful cultivated ornamental fish. There are varied forms to create these fish, but the best way is not defined. A simple method of breeding is described at this work. This way has being used for producers for years, getting itself good results. Aspects about the biology, reproduction, behavior and genetics had been explained at this work to elucidate any doubts about the cultive of this species. Keywords: ornamental; siamese fighting fish. Introdução O peixe Betta, também conhecido como "peixe de briga", pertence à subordem anabantoidei (Integrated Taxonomic Information System – ITIS, 2006). É originário da Ásia (Tailândia, Indonésia, Vietnã, China e outros), sendo seu habitat natural as regiões alagadiças com águas estagnadas e pobres em oxigênio, como brejos, pântanos e campos de plantação de arroz. A origem do seu nome vem da associação com uma tribo guerreira, os Ikan Bettah, a qual dominava as regiões do antigo Sião, onde os guerreiros eram chamados de Bettahs. A relação com os antigos guerreiros é evidente, uma vez que o Betta é um peixe bastante territorialista, tornando-se violento quando em contato com outros machos da mesma espécie. Em 1874, foram introduzidos na Europa (França) e, em 1910, nos Estados Unidos (Goldstein, 2004; Aquaworld, 2006) onde o ictiologista C.Tate Regan o denominou de Betta splendens. Os peixes importados tanto na Europa quanto na América do Norte eram de espécies selvagens, os quais apresentavam uma coloração discreta e menor tamanho. As variações de cores e tamanhos existentes nos dias atuais foram conseguidas a partir do trabalho de aquaristas e produtores. As linhagens comerciais atualmente encontradas são o resultado de uma longa seleção feita por criadores visando a dois aspectos distintos: a produção de peixes com características fenotípicas desejáveis, como belas nadadeiras e corpo colorido com reflexos metálicos e iridescentes, e a criação de peixes mais agressivos para serem utilizados em torneios de luta (mais comuns no Sudeste Asiático), sendo que esses últimos normalmente apresentam nadadeiras curtas e são de maior tamanho. Atualmente, no Brasil, além do aquarismo convencional, essa espécie tem sido utilizada como controle biológico de mosquitos, como os das espécies Aedes aegypti, no Ceará, e o da Culex quinquefasciatus em Pernambuco (Pamplona et al., 2004). Anatomia A anatomia do Betta (Fig. 1 e 2) é semelhante à de outros peixes apresentando, porém, algumas particularidades, como o tamanho de suas nadadeiras e a presença do labirinto, órgão responsável pela respiração acessória. Faria et al. Criação, manejo e reprodução do peixe Betta splendens (Regan 1910). Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.30, n.3/4, p.134-149 jul./dez. 2006. Disponível em www.cbra.org.br 135 Fonte: Central do betta, 2006. Figura 1. Anatomia externa do Betta splendens. A partir dos dois meses de idade, o dimorfismo sexual se torna bem evidente, pois as nadadeiras dos machos se desenvolvem mais, apresentando-se, na espécie adulta bem maiores que as das fêmeas. Em algumas espécies nativas, essa distinção é feita somente a partir do comportamento do macho, o qual se apresenta bem mais agressivo que a fêmea. Fonte: Central do betta, 2006. Figura 2. Anatomia interna do Betta splendens. Bettas são anabantídeos, ou seja, possuem um órgão acessório de respiração, logo acima das brânquias, através do qual respiram oxigênio atmosférico. Peixes com labirinto têm uma outra característica, todos os órgãos internos estão comprimidos na parte anterior do corpo, de modo que a parte posterior tem somente a espinha, músculos e parte da bexiga natatória (Peixebom, 2006). Respiração Por ser um anabantídeo, ele possui além de sua respiração branquial, comum na maioria dos peixes, uma respiração auxiliar realizada pelo labirinto, órgão formado no peixe aproximadamente após duas ou três semanas de vida. Pode-se dizer que esse sistema respiratório não é só auxiliar, mas de vital importância à sua sobrevivência. O Betta necessita subir à superfície e adquirir ar para respirar periodicamente. Existem relatos de Bettas que morrem "afogados" se algum obstáculo impedi-lo de subir à superfície para respirar. O labirinto permite que o Betta consiga captar o oxigênio atmosférico, promovendo sua dissolução na corrente sangüínea e aproveitando-o para a sua respiração. Tal mecanismo possibilita que esse peixe consiga sobreviver em águas com baixíssimos níveis de oxigênio dissolvido e é também responsável pela manutenção do seu equilíbrio (Boumendjel, 2006). O labirinto (Fig. 3) é composto por um número indeterminado de finas placas ósseas na cavidade do ouvido, unidas a um apoio ósseo e fixadas à extremidade superior do quarto arco branquial. O ar é aspirado sendo, então, automaticamente comprimido dentro do labirinto, o oxigênio é absorvido diretamente pelo fluxo sangüíneo, e o ar pobre de oxigênio é rejeitado sob a forma de simples bolhas (Boumendjel et al., 2006). Fonte: Boumendjel, 2006. Figura 3. Local do labirinto na cavida de craniana dos anabantídeos. Comportamento Para defender seu restrito território, em geral pequenas poças de água, o Betta desenvolveu seu instinto Faria et al. Criação, manejo e reprodução do peixe Betta splendens (Regan 1910). Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.30, n.3/4, p.134-149 jul./dez. 2006. Disponível em www.cbra.org.br 138 vivos, como a enquitréia, os blood-worms, as dáfnias e o tenébrio, constituem também uma ótima fonte de proteína. Introdução dos peixes no aquário de reprodução O aquário deve ser montado em um local tranqüilo e com a água estabilizada por pelo menos três dias. Caso haja necessidade de utilização imediata do aquário, a água deve ser tratada para a retirada do cloro, utilizando 100g de Tiosulfito de sódio para cada litro de água (Giampietro, 2006), uma vez que os peixes, de uma maneira geral, são muito sensíveis ao cloro, mesmo em baixíssimas concentrações (< 0,02 mg/l). A coluna de água deve ser baixa, geralmente de 10 a 15 cm de altura. Acessórios, como cascalho ou filtro biológico de placas, devem ser evitados, pois dificultam a coleta dos ovos pelos reprodutores. Após a temperatura estabilizar em 27ºC e o pH estiver próximo da neutralidade, coloca-se a fêmea no centro do aquário. Essa deverá estar dentro de um recipiente (garrafa ou pote transparente), com o nível da água no mesmo nível da água do aquário. A partir desse ponto, a luz ficará acesa até o final do processo reprodutivo. Tampa-se o aquário para evitar que o calor dissipe e coloca-se um pedaço de isopor no canto para que sirva de suporte para o ninho. Em substituição ao pedaço de isopor, pode-se utilizar uma folha de alface. Ao mesmo tempo em que essa serve como suporte para o ninho, possibilita também a produção de alimentos para os alevinos, como algas, bactérias e protozoários. A movimentação de pessoas em torno do aquário pode interferir e até mesmo inibir a reprodução. Nas próximas 24 horas, o macho irá cortejar a fêmea e produzirá várias bolhas de ar embaixo do suporte. Segundo Jaroensutasinee e Jaroensutasinee (2001), o tamanho do ninho é proporcional ao peso e ao comprimento do macho, o que não é confirmado por Giampietro (2006; informação verbal). Após o macho construir o ninho de bolhas, solta-se a fêmea observando o comportamento deles. O macho vai tentar persuadi-la para baixo do ninho. Se o macho for muito agressivo, dando mordidas e arrancando nadadeiras, deve-se prender a fêmea por mais algum tempo e tentar novamente mais tarde. Caso não dê certo, a fêmea escolhida deve ser trocada por outra. O abraço nupcial Depois de aceitar o convite, a fêmea irá para baixo do ninho em direção ao macho. Nessa hora, o macho dará o "abraço nupcial" (Fig. 6), que consiste no acasalamento dos peixes, quando o macho pressiona a fêmea, expulsando seus óvulos e, ao mesmo tempo, fertilizando-os com seus espermatozóides. O Betta é uma espécie ovípara, ou seja, os óvulos expelidos pela fêmea são fecundados na água e se desenvolvem fora da barriga da mãe. Fonte: Autor desconhecido. Figura 6. Casal de Bettas amarelos realizando o abraço nupcial. Os ovos cairão até o fundo onde o macho os pegará com a boca, colocando com cuidado um a um dentro das bolhas do ninho. Algumas fêmeas ajudam o macho no processo de recolhimento dos ovos fertilizados, mas isso não é uma prática muito comum. Esse ritual deverá se repetir por várias horas. Geralmente são expelidos de 100 a 600 ovos, dependendo da idade e do tamanho da fêmea. Após a desova, deve-se retirar imediatamente a fêmea com cuidado para que o ninho com ovos não seja danificado, pois o macho pode ficar agressivo na tentativa de defender a prole. Na maioria das vezes, a fêmea, Faria et al. Criação, manejo e reprodução do peixe Betta splendens (Regan 1910). Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.30, n.3/4, p.134-149 jul./dez. 2006. Disponível em www.cbra.org.br 139 após a desova, vai para o canto oposto ao ninho, sendo mais fácil retirá-la sem muita movimentação na água. Após 20 dias aproximadamente, essa fêmea já está apta à reprodução. A eclosão dos ovos O macho deverá revirar o ninho a todo instante, o que possibilita um maior aporte de oxigênio para os ovos, prevenindo a infestação por fungos. Entre 24 e 48 horas após a desova, as pequenas larvas eclodem. Por um período de aproximadamente três dias, elas se alimentarão exclusivamente do saco vitelino e ficarão penduradas numa posição vertical seja no ninho, na parede do aquário ou mesmo nas plantas (Fig. 7). Figura 7. Larvas com um dia, fixados no vidro do aquário e nas bolhas. O macho ajuda as larvas a se fixarem no ninho até que elas estejam aptas a nadar na horizontal e procurar seu próprio alimento, o que acontece por volta do quinto dia de vida. A partir desse momento, ele poderá ser retirado do aquário de reprodução, e a luz, que antes ficava permanentemente acesa, poderá ser apagada durante a noite. Como os alevinos ainda não possuem o labirinto formado, é necessária uma boa quantidade de oxigênio dissolvido na água, o que pode ser feito por meio de aeração suplementar com um soprador ligado a uma pedra porosa. A tampa de vidro não pode ser retirada, a fim de evitar-se modificações bruscas na temperatura, o que poderá prejudicar o labirinto em formação e causar a morte dos alevinos. A formação do labirinto se inicia por volta da terceira e da quarta semanas terminando aos três meses de idade (Gadelha, 2006). Alimentação da prole Esse é um dos principais problemas enfrentados por criadores, uma vez que é uma atividade que demanda tempo e paciência. Uma alimentação variada e com alta freqüência de administração é de fundamental importância para a manutenção da prole. Existem vários tipos de alimentos que podem ser administrados aos alevinos,A partir do quinto dia de vida, eles começam a aceitar alimentação exógena. Os mais utilizados são: infusórios, paramécios, branchonetas, artêmias, gema de ovo, farinha de minhoca e farinha de salmão. A seguir, descreve-se um modelo de alimentação utilizado por alguns criadores alcançando-se bons resultados. Nos três primeiros dias após a absorção do saco vitelino, alimentam-se os alevinos três ou quatro vezes ao dia em pequenas quantidades. Pela manhã, infusórios e artêmia recém-eclodida;à tarde, microvermes, e, à noite, novamente artêmia. Caso a água comece a parecer turva, provavelmente está ocorrendo uma superalimentação dos peixes ou está na hora de fazer uma troca parcial de água. Após três dias nessa dieta, cessa-se o fornecimento de infusórios e microvermes, mas continua-se com a artêmia recém-eclodida por duas vezes ao dia. Eles continuam nessa dieta até aproximadamente dois meses de idade, quando começam a comer outros alimentos vivos como blood-worms, enquitréia, tubifex, artêmias adultas, além de ração comercial, ficando a critério do criador escolher a melhor maneira de alimentá-los. Trocas parciais de água devem ser feitas a fim de controlar a qualidade da mesma, o que permitirá um crescimento mais homogêneo e um melhor desempenho do lote. Quanto mais trocas parciais forem realizadas, melhor será o desempenho dos alevinos. As trocas deverão ser feitas por meio de sifonamentos do fundo do aquário. Exige-se atenção redobrada nesse processo para que não haja sifonamento dos peixes. Faria et al. Criação, manejo e reprodução do peixe Betta splendens (Regan 1910). Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.30, n.3/4, p.134-149 jul./dez. 2006. Disponível em www.cbra.org.br 140 Um método auxiliar de limpeza dos aquários pode ser realizado por ampularíreos, caramujos que comem o resto de alimentos depositados no fundo. Preferencialmente, usam-se os menores, pois os grandes, ao invés de limpar, sujam muito o aquário. Próximo aos dois meses de idade, dependendo da quantidade de alevinos, deve-se separar a prole em vários aquários. A partir dessa idade, os machos começam a adquirir seu instinto territorialista e começam as primeiras brigas. Imediatamente quando identificados, os machos devem ser separados em recipientes individuais. Depois de separados, segue-se com uma alimentação variada juntamente com sifonagem do fundo e trocas parciais da água. Nesse momento. selecionam-se os melhores exemplares para servirem de matrizes, e os demais esperam até que atinjam o tamanho de comercialização, que, em geral ocorre entre cinco e sete meses. Alimentos vivos Atualmente, utilizam-se diversos tipos e formas de alimentos na criação de peixes ornamentais, que podem ser vivos, em conserva, congelados, em forma de ração balanceada dentre outros, mas o alimento vivo vem sempre mostrando maior eficácia. Esses microorganismos, como o caso da Artemia sp., outros microcrustáceos, larvas de moscas, algumas microalgas e protozoários, possuem alto valor nutritivo, suprindo as exigências nutricionais das larvas e dos alevinos dos peixes cultivados. Abaixo são descritos alguns alimentos vivos de maior importância na criação de peixes ornamentais: Infusórios Os infusórios são obtidos por meio da infusão de vegetais secos em água. Consistem de bactérias, protozoários, algas e outros microorganismos que servem de alimentos para os alevinos. Em um recipiente transparente, coloca-se água com folhas secas de alface, amendoeira, bananeira, e outros. Durante dois dias, esse recipiente deve ser mantido em total escuridão, para que as bactérias, futuros alimentos dos protozoários, proliferem-se. A infusão deve ser mantida em local com claridade, e diariamente devem ser administradas algumas gotas de leite ou de Yakult (que contêm lactobacilos vivos) afim de que ocorra a multiplicação de alimento para os microorganismos. Em laboratório, conseguem-se isolar culturas de paramécios, que são protozoários “gigantes”, os quais constituem uma ótima fonte de alimentos para os alevinos. Para mantê-la, basta seguir os mesmos passos descritos acima e, à medida que o nível de água for abaixando, basta completá-la com água descansada. Essa infusão é considerada um excelente alimento para os alevinos que acabaram de consumir o saco vitelino, sendo de fundamental importância nos primeiros dias de alimentação. Microvermes (Anguilula silusiae) Microvermes são pequenos nematódeos brancos, de formas cilíndricas, que alcançam no máximo 3mm de comprimento. A manutenção de uma cultura é de fácil manejo, e de custo bem reduzido, podendo a cultura inicial ser adquirida em lojas próprias de aquarismo. Em recipientes de 2 litros de sorvete com 1 centímetro de água filtrada, acrescenta-se farinha de aveia até obter a consistência do mel. Em seguida, colocam-se as matrizes no recipiente, e fecha-se hermeticamente o pote para evitar mosquitos. A fêmea se reproduz com a ausência do macho e, em poucas semanas podem ser vistos os vermes subindo pelas paredes do recipiente, momento em que eles devem ser coletados. Quando os vermes começarem a parar de subir, acrescenta-se mais aveia. Esse manejo deverá ser efetuado apenas duas vezes em cada cultura (Giampietro, 2006). É um alimento altamente recomendado para alevinos no seu primeiro mês de vida, mas, por ser muito rico em gorduras, a administração diária não é utilizada. Artêmias (Artêmia salina) A Artemia sp é um microcrustáceo, pertencente à ordem dos Anostraca e à família Artemiidae. É rica em proteínas, vitaminas (caroteno) e sais minerais, por isso é utilizada em larga escala em cultivo de camarões e peixes na fase larval. É um excelente alimento para o peixe Betta, podendo ser administrada congelada, viva (Fig. 8) ou em conserva. A vantagem da artêmia viva é que ela se alimenta por filtragem não seletiva, absorvendo qualquer nutriente colocado na água, podendo ser um importante veículo para a administração de vitaminas, aminoácidos essenciais e medicamentos aos peixes. Faria et al. Criação, manejo e reprodução do peixe Betta splendens (Regan 1910). Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.30, n.3/4, p.134-149 jul./dez. 2006. Disponível em www.cbra.org.br 143 um cavalo pampa. O padrão de cores geralmente altera à medida que os peixes vão se desenvolvendo. Várias outras tonalidades estão sendo desenvolvidas hoje em dia. Dentre elas, temos o dourado, o black cooper (apresenta uma coloração metálica), o chocolate, o laranja, o albino, o roxo, o lilás, etc. Fonte: Giampietro, 2006. Figura 11. Betta mármore. Quanto à forma das nadadeiras, os tipos de cauda redonda e cauda-de-véu são os mais comuns, podendo ser encontrados facilmente em lojas de aquarismo. Os Bettas de cauda dupla são derivados de uma mutação na qual a nadadeira caudal se divide em dois lóbulos. Os crowtails e os halfmoons são os exemplares que atingem os maiores valores em leilões e exposições, sendo os mais difundidos em todo o mundo entre os criadores. O International Betta Congress (IBC) determina rigorosos padrões de julgamento nessas exposições. Nos crowtails (Fig. 12 e 13) o IBC classifica os raios e mede a redução da membrana das nadadeiras, enquanto que nos halfmoons o critério de julgamento é relativo à abertura da nadadeira caudal, à disposição dos raios e à simetria do corpo, fazendo com que os criadores melhorem geneticamente cada vez mais seus exemplares. Fonte: Benny Ng, 2005. Figura 12. Betta crowtail de raios simples. Fonte: Wasanbetta, 2006. Figura 13. Betta crowtail de raios quádruplos. O crowntail é um tipo de Betta de “nadadeira com franja”, tendo raios que se prolongam significativamente além da membrana da nadadeira. Para o propósito de julgamento e inserção nessa classe, os peixes devem ter pelo menos 33% de redução da membrana com relação ao comprimento do raio em cada uma Faria et al. Criação, manejo e reprodução do peixe Betta splendens (Regan 1910). Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.30, n.3/4, p.134-149 jul./dez. 2006. Disponível em www.cbra.org.br 144 das três nadadeiras primárias (caudal, dorsal e anal), a fim de a exigência mínima e ser classificado como Betta crowntail (IBC, 2006). Essa exigência deve ser demonstrada em todas as três nadadeiras primárias, mas não necessita estar presente em todos os raios. Para a classificação dos raios, o IBC faz uma definição dos tipos de nadadeiras presentes em crowtails (Fig. 14). Fonte: IBC, 2006. Figura 14. Desenho de Gene Lucas. Raio duplo – a membrana é reduzida em dois níveis: um entre um par de raios e o outro, mais profundo, entre duas filiais de raios. Criadores valorizam os crowntails de raio duplo e quádruplo. Estes traços são considerados como neutros e não devem ser considerados como acima dos crowntails de raio simples. Prolongamentos de 4 raios e mesmo 8 raios são menos comuns e o efeito está geralmente restrito à nadadeira caudal. Raio simples – as bordas das membranas são, idealmente, uniformes, e a redução da membrana é igual entre os raios primários e os raios com filiais. Raio cruzado – manifestado por pares de prolongamento de raios que se curvam um sobre o outro. Halfmoon é um tipo de Betta doméstico cuja característica mais proeminente é o meio círculo perfeito de 180 graus na nadadeira caudal (Fig. 11). No Betta halfmoon ideal, as nadadeiras dorsal e anal são também modificadas, sendo que, junto com a caudal dão forma a um círculo de aproximadamente dois terços em torno do corpo. Seu desenvolvimento genético é bastante complicado pois não é resultado de um único gene e sim de traços multifatoriais. Mesmo os Bettas possuidores desses traços genéticos podem não mostrar as características esperadas por causa de condições ruins da água ou das técnicas deficientes de criação (Giampietro, 2006). Alguns Bettas filhos de halfmoons apresentam abertura da caudal inferior a 180º, logo, são desclassificados nessa categoria e vendidos por um menor preço. São chamados de Delta, e muito apreciados por alguns criadores pelo fato de serem a forma mais barata de se conseguir um exemplar halfmoon, cruzando-os entre si. Outra linhagem de Betta muito importante são os plakats (Fig. 15), muito parecidos morfologicamente com as formas nativas porém desenvolvidos com a finalidade de luta. O desenvolvimento das linhagens é voltado tanto para o formato do corpo, tamanho, potência dos maxilares como para o estilo de luta. São bem disseminados no sudeste asiático, onde as apostas nas rinhas atingem altos valores (Jintasaerewonge, 2006). Figura 15. Exemplar de Betta plakat. Faria et al. Criação, manejo e reprodução do peixe Betta splendens (Regan 1910). Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.30, n.3/4, p.134-149 jul./dez. 2006. Disponível em www.cbra.org.br 145 Outras espécies Atualmente, estão crescendo o número de criadores que se mostram interessados em outras espécies do gênero Betta. O gênero abrange mais de 50 espécies, um número que vem crescendo a cada dia à medida que os rios e florestas asiáticos vêm sendo explorados por pesquisadores. (Thorup, 2004). Abaixo são descritas algumas dessas espécies. Betta imbellis é muito similar ao Betta splendens, sendo por muito tempo considerada uma variedade da anterior. As principais diferenças morfológicas são o menor tamanho e a coloração, que mantém sua origem selvagem, ou seja, menos colorido que o anterior. Seu corpo é mais largo e comprimido, e sua nadadeira pélvica é pontiaguda e mais larga que do Betta splendens (Aquanovel, 2006). Betta macrostoma apresenta uma coloração muito particular, além de uma grande boca que vai até a altura dos olhos. Atualmente é uma das espécies nativas mais procuradas pelos aquaristas (Fig. 16). Fonte: Atisonbetta, 2006. Figura 16. Betta macrossoma. Betta albimarginata (Fig. 17) é encontrado em rios de pouca correnteza e de 5 a 10 cm de profundidade. Do latim, seu nome significa margem branca, coloração esta apresentada na extremidade das nadadeiras (IBC Species Maintenance Program - SMP, 2006). Betta smaragdina (Fig. 18) é muito parecido com a fêmea do Betta splendens. Na Tailândia, também é chamado de lutador verde, por ser a cor predominante desses exemplares (Siamese Cyberaquarium, 2006). Fonte: Siamese Cyberaquarium, 2006. Figura 18. Betta smaragdina. Fonte: SMP, 2006. Figura 17. Betta albimarginata. Doenças Muitos dos patógenos que causam doenças nos peixes estão continuamente presentes na água, substrato, ar ou mesmo nos próprios animais. Sob condições ambientais favoráveis, os peixes são resistentes à maioria desses patógenos, porém, quando submetidos a condições estressantes, essa resistência é quebrada. O íntimo contato do peixe com o ambiente em que vive faz com que ele seja muito sensível às variações Faria et al. Criação, manejo e reprodução do peixe Betta splendens (Regan 1910). Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.30, n.3/4, p.134-149 jul./dez. 2006. Disponível em www.cbra.org.br 148 esbranquiçadas e se desfazem. Quando diagnosticada e tratada precocemente com antibióticos, seu prognóstico é bom, podendo ocorrer reconstituição das nadadeiras afetadas (Fig. 21). Figura 21. Fêmea de Betta splendens com nadadeiras necrosadas. Constipação A constipação intestinal não é provocada por nenhum tipo de parasita, fungo ou bactéria, é o resultado de uma alimentação de má qualidade, em especial quando se utilizam rações peletizadas com baixos níveis de proteína e de consistência muito dura. O uso rotineiro desse tipo de ração faz com que haja um acúmulo no trato digestivo do animal, impedindo sua defecação. Após aproximadamente meses de utilização desse alimento, a cavidade celomática do peixe fica abaulada, ocorrendo a morte em poucos dias. Rações de boa qualidade nutricional e variações na alimentação diária (utilização de alimentos vivos frescos) podem evitar que essa afecção se instale. Conclusão A criação de Bettas é uma atividade simples, podendo ser realizada em pequenos lugares com um baixo custo e com uma boa lucratividade. O emprego de novas tecnologias nas áreas de reprodução, genética e nutrição associado a sua rusticidade e alta prolificidade fazem com que o número de criadores venha aumentando a cada ano. O enfoque adotado é preponderante para o sucesso do empreendimento, é a diferenciação entre os produtores e aqueles que entram na atividade somente por hobby é um fator decisivo. Sendo assim, a criação de Bettas deve ser encarada de maneira profissional, visando sempre a obtenção de melhores índices zootécnicos e maiores rentabilidades. 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