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ENTOMOLOGIA FLORESTAL -parte 8, Notas de estudo de Engenharia Florestal

ENTOMOLOGIA FLORESTAL -

Tipologia: Notas de estudo

2012

Compartilhado em 10/11/2012

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Baixe ENTOMOLOGIA FLORESTAL -parte 8 e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Florestal, somente na Docsity! ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2002 pg. 66 2 - FORMIGAS CORTADEIRAS 2.1. INTRODUÇÃO A ordem Hymenoptera ocupa o terceiro lugar em número de espécies dentro da classe Insecta. O nome é proveniente de hymen (membrana) e pteron (asa). Dentro da ordem Hymenoptera encontram-se as formigas que pertencem à família Formicidae, cuja característica morfológica primordial é a presença de pecíolo1 (Figura 35). FIGURA 35 – OPERÁRIA DE FORMIGA CORTADEIRA MOSTRANDO SEUS NÓDULOS ABDOMINAIS. A alimentação da maioria das formigas é constituída de sucos vegetais, seiva que escorre pelas plantas, néctar, substâncias açucaradas, fezes líquidas de homópteros, insetos mortos, carne de cadáveres, insetos vivos (predadoras) e de fungos como no caso das formigas cortadeiras, objeto de estudo do presente capítulo. A formigas brasileiras são constituídas de 1.105 espécies, divididas em 7 sub-famílias. Na sub-família Myrmicinae estão classificadas as formigas cortadeiras, conhecidas vulgarmente por saúvas e quenquéns. MARICONI (1970) fez uma divisão de interesse prático para o grupo em questão, como se segue: Apterostigma não cortadoras de folhas Cyphomyrmex Formigas cultivadoras e comedoras de fungo Atta (saúvas) cortadoras de folhas Acromyrmex (quenquéns) Pheidole Crematogaster Formigas não cultivadoras e não comedoras de fungo Solenopsis Monomorium 1 Pecíolo = 1 ou 2 segmentos que une o tórax ao abdome, encontrando-se sempre sobre eles 1 ou dois nódulos bem nítidos. ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2002 pg. 67 2.2 - HISTÓRICO Desde os primórdios do descobrimento do Brasil já se faziam relatos sobre as saúvas, como o próprio padre José de Anchieta em 1560 realçando a importância das içás como agentes destruidores de árvores. Acredita-se que, mesmo antes do descobrimento do Brasil, as formigas cortadeiras eram a causa principal do nomadismo dos nossos índios, nas regiões baixas da América do Sul. Frases famosas alusivas às formigas cortadeiras foram mencionadas ao longo do tempo. Mas, cientificamente só foram estudadas a partir do século XX, atingindo, atualmente, uma boa bagagem de conhecimento das principais espécies. 2.3 - SAÚVAS E QUENQUÉNS As saúvas cortadeiras são denominadas vulgarmente de saúvas e quenquéns e apesar de serem semelhantes, apresentam diferenças marcantes empregadas na distinção dos indivíduos. No quadro 3 são apresentadas as diferenças básicas: QUADRO 3 – PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS FORMIGAS DOS GÊNEROS Atta e Acromyrmex. GÊNERO CARACTERÍSTICA Atta Acromyrmex Nome vulgar saúva quenquém Importância econômica maior menor Predileção foliar folhas jovens e maduras folhas jovens e brotações Espinhos notais (tórax)(Figura 36) 3 pares 4-5 pares Arquitetura do formigueiro murunduns visíveis, várias panelas e podendo atingir até 6 m de profundidade murunduns menores, poucas panelas e podendo atingir até 1-1,5 m de profundidade Colônias populosas (3,5 – 7 milhões) menos populosas (175.000) Polimorfismo acentuado Pouco acentuado Rainha 50 x mais pesada do que a operária média 10 x mais pesada do que a operária média Ninhos frequentemente > 50 m2 < 5 m2 Soldados grandes até 1,5 cm sem soldados FIGURA 36 - ESPINHOS NOTAIS DE Acromyrmex e Atta. ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2002 pg. 70 QUADRO 5 – DISTRIBUIIÇÃO GEOGRÁFICA DAS ESPÉCIES DE QUENQUÉNS NAS AMÉRICAS. ESPÉCIE/ NOME VULGAR DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Acromyrmex ambiguus Emery, 1887/ Quenquém preto brilhante SP, BA E RS A. aspersus (F. Smith, 1858)/ Quenquém-rajada SP,BA,ES,RJ,MT,PR,SC e RS A. coronatus (Fabricius, 1804)/ Quenquém-de-árvore SP,PA,CE,BA,ES,MG,RJ,MT,GO,SC e MS A. crassispinus Forel, 1909/Quenquém-de-cisco e Quenquém SP,MG,RJ,PR e SC A. diasi Gonçalves, 1983 DF A .disciger Mayr, 1887/Quenquém-mirim e formiga carregadeira SP,RJ,MG,PR e SC A.heyeri Forel,1899/Formiga-de-monte-vermelha PR,SC,RS e SP A.hispidus fallax Santschi, 1925/Formiga-mineira PR,SC,SP e RS A.hispidus formosus Santschi, 1925 PR A.hystrix (Latreille, 1802)/Quenquém-de-cisco-da- Amazônia AM,PA,RO,GO,BA e MT A.landolti balzani Emery, 1890/Bico-de-cisco, formiga rapa-rapa, formiga-rapa e formiga-meia-lua SP,MG,SC,GO e MS A. landolti fracticornis Forel, 1909 MT E MS A.landolti landolti Forel, 1884 AM,PA,MA,PI,CE,RN,PB,PE,AL,BA,MG, MT e AC A. laticeps laticeps Emery, 1905/Formiga-mineira e formiga-mineira-vermelha SC,RS e PR A.laticeps nigrosetosus Forel,1908/Quenquém-campeira SP,AM,PA,MA,MG,MT,GO,RO,BA e SC A.lobicornis Emery, 1887 BA e RS A.lundi carli Santschi, 1925 AM e PA A. lundi lundi (Guérin, 1838)/Formiga-mineira-preta, quenquém-mineira e quenquém-mineira-preta RS A.lundi pubescens Emery, 1905 MT A.muticinodus (Forel, 1901)/Formiga-mineira CE, ES, RJ, SP, SC, MG e PR A.niger (F. Smith, 1858) SC, SP, CE, MG, RJ, ES e PR A.nobilis Santschi, 1939 AM A.octospinosus (Reich, 1793)/Carieira e quenquém- mineira-da-amazônia AM, PA e RR A.rugosus rochai Forel, 1904/Formiga-quiçaçá SP, CE, MT E DF A rugosus rugosus (F. Smith, 1858)/Saúva, formiga- lavradeira e formiga-mulatinha MS,RS, SP, PA, MA, PI, CE, RN, PB, PE, SE, BA, MG, MT e GO A.striatus (Roger, 1863)/Formiga-de-rodeio e formiga- de-eira SC e RS A.subterraneus bruneus Forel, 1911/Quenquém-de- cisco-graúda SP, CE, BA, RJ, SC, MG e ES A.subterraneus molestans Santschi, 1925/Quenquém- caiapó-capixaba CE, MG, ES, RJ, BA e SP A.subterraneus subterraneus Forel, 1893/Caiapó SP, AM, CE, RN, MG, RJ, MT, PR, SC e RS 2.5. CASTAS DE FORMIGAS CORTADEIRAS As formigas cortadeiras são insetos sociais com organização complexa e organizada, apresentando indivíduos que se diferenciam morfologicamente (polimorfismo) e de acordo com as funções que desempenham (polietismo). As saúvas apresentam polimorfismo bem mais evidente do que as quenquéns. No diagrama seguinte encontram-se as diferentes castas formadoras de um sauveiro. ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2002 pg. 71 RAINHA (SEXUADA) PERMANENTE JARDINEIRA OPERÁRIAS (ESTÉREIS) CORTADEIRA OU CARREGADEIRA CASTAS SOLDADOS FÊMEAS (IÇÁS OU TANAJURAS) TEMPORÁRIAS (ALADAS SEXUADAS) MACHOS (BITUS) Tanto saúvas como quenquéns apresentam castas permanentes e temporárias. Quando o sauveiro atinge a maturidade ocorre o surgimento dos indivíduos temporários (alados) reprodutores, tais como, BITUS (machos) (Figura 39) e içás ou tanajuras (fêmeas)(Figura 40). Os BITUS diferenciam-se morfologicamente das içás por serem menores e apresentarem as mandíbulas menores e as pernas anteriores muito longas, as quais são utilizadas para a cópula durante o vôo. Tanto os BITUS como as içás apresentam olhos compostos bem desenvolvidos, necessários para o vôo. As içás apresentam o abdome e as mandíbulas bastante desenvolvidas. FIGURA 39 – BITUS, MACHOS ALADOS REPRODUTORES (CASTA TEMPORÁRIA) (FOTO: PERES FILHO, 2002). Fazendo parte da casta permanente têm a rainha e as operárias. A rainha é a içá copulada que perdeu suas asas. As operárias apresentam diferenças quanto ao tamanho e comportamento (Figura 41). As operárias menores, denominadas de jardineiras e “babás”, são encarregadas de cuidar dos fungos (hifas) e da trituração final das folhas para o substrato, cuidam também da prole e permanecem sobre as cortadeiras durante o transporte das folhas, com a finalidade de protegê-las do ataque de parasitóides (forídeos), que eventualmente venham ovipositar em suas cabeças. As cortadeiras, forrageadoras ou escavadoras, apresentam tamanho intermediário e têm como funções a exploração, o corte e ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2002 pg. 72 transporte das folhas e a escavação do ninho. Existe, ainda, uma operária pouco menor do que esta que são generalistas dentro do ninho, desempenhando atividades como degradação da vegetação, antes da incorporação ao jardim de fungo, transporte de outras operárias, assistência à prole durante a ecdise, cuidados com a rainha, retirada do lixo e reconstrução de esponjas de fungo. As operárias maiores são chamadas de soldados, defensoras ou cabeçudas e apresentam a função de defesa da colônia e eventualmente transporte de folhas, os soldados ,ainda, transportam seiva na cavidade cibarial. FIGURA 40 – TANAJURA OU IÇÁ, FÊMEA ALADA REPRODUTORA (CASTA TEMPORÁRIA) A ESQUERDA E RAINHA (CASTA PERMANENTE) A DIREITA (FOTO: PERES FILHO, 2002). . FIGURA 41 – OPERÁRIAS, SOLDADOS, AS MAIORES TRANSPORTANDO FOLHA DE TECA (Tectona grandis), CORTADEIRAS, AS INTERMEDIÁRIAS, E AS JARDINEIRAS, AS MENORES (FOTO: PERES FILHO, 1999). . ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2002 pg. 75 QUADRO 6 – DURAÇÃO DAS PRINCIPAIS ETAPAS DA BIOLOGIA DA SAÚVA LIMÃO. FASE TEMPO Penetração da içá no solo e formação da panela inicial 10 horas Regurgitação do fungo 48 horas Colocação do primeiro ovo 5 dias Incubação dos ovos (1ª larva) 30 dias Período larval (1ª pupa) 52 dias Período pupal (1ª adulto) 62 – 66 dias Abertura do primeiro olheiro 80 – 100 dias Abertura do segundo olheiro 17 meses Abertura do 3° ao 10° olheiro 20 meses Aparecimento dos soldados 22 meses 120 olheiros 24 meses 1.000 olheiros 36 meses Primeira revoada (vôo nupcial) – sauveiro adulto 38 meses A rainha de A.sexdens rubropilosa pode viver de 20 a 22 anos. Já Acromyrmex niger e A.octospinosus, em condições de laboratório, podem viver 7 anos e 10 anos, respectivamente. As operárias, cortadeira e soldado, podem apresentar uma longevidade máxima de 120 dias e 390 dias, respectivamente. A sobrevivência das içás é bastante difícil chegando algumas vezes atingir a 100%. Para A. sexdens rubropilosa a mortalidade das içás atinge 99,5%, sobrevivendo, portanto, apenas 0,05 % que originarão os novos sauveiros. Os responsáveis por esta alta taxa de mortalidade são os inimigos naturais tais como pássaros, tatus, tamanduás, formigas, besouros predadores, parasitóides como as moscas da família Phoridade e outros fatores abióticos, como a inundação das câmaras por ocasião do período chuvoso. No quando 7 estão listados os inimigos naturais das saúvas. ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2002 pg. 76 QUADRO 7 - LISTA DE INIMIGOS NATURAIS DE FORMIGAS CORTADEIRAS. INIMIGO NATURAL FORMIGA PREDADOR/INSECTA COLEOPTERA, CARABIDAE Taeniolobus sulcipes (Chaud) Atta spp. COLEOPTERA, SCARABAEIDAE Canthon dives (Harold) Atta laevigata (F. Smith) Canthon virens Mannerheim Atta spp. HEMIPTERA- HETEROPTERA, REDUVIIDAE Vescia angrensis Seabre & Hathaway Atta spp. HYMENOPTERA, FORMICIDAE Nomarmyrmex esembecki (Westwood) Atta spp. Nomarmyrmex hartigi (Westwood) Atta spp. Paratrechina fulva (Mayr) Atta spp. Solenopsis spp. Atta spp. ACARI, PYEMOTIDADE Pyemotes tritici (Lagrèze-Fossat) Atta spp. AMPHIBIA pererecas, rãs, e sapos AVES bem-te-vis, galinhas, gaviões, pardais e sabiás REPTILIA cobras e lagartos MAMMALIA tamanduás e tatus PARASITÓIDE/DIPTERA, PHORIDAE Apocephalus attophilus Borgmeier Atta s.piriventris Santschi e Atta s.rubropilosa Forel A. barbicauda Borgmeier Acromyrmex spp. A. luteihalteratus Borgmeier Acromyrmex spp. A. neivai Borgmeier Acromyrmex spp. A. persecutor Borgmeier Acromyrmex spp. Homalophora attae Borgmeier Atta sexdens (Linné) Myrmosicaris catharinensis Borgmeier Acromyrmex spp. M. crudelis Borgmeier Atta sexdens piriventris Santschi M. grandicornis Borgmeier Atta s.rubropilosa Forel e Atta s.sexdens (Linné) Neodohrniphora acromyrmecis Borgmeier Acromyrmex spp. N. calverti Malloch Atta sexdens sexdens (Linné) N. curvinervis (Malloch) Atta laevigata (F.Smith) Atta s.rubropilosa Forel e Atta s.sexdens (Linné) N. declinata Borgmeier Atta laevigata (F.Smith) Atta sexdens rubropilosa Forel Procliniella hostilis Borgmeier Atta spp. PATÓGENOS DEUTEROMYCOTA Beauveria bassiana (Bals.) Vuill. Acromyrmex spp. Atta s.piriventris Santschi e Atta s.rubropilosa Forel Metarhizium anisopliae (Metsh.) Sorok. Atta s.piriventris Santschi e Atta s.rubropilosa Forel NEMATODA, STEINERNEMATIDAE Neoplactana (Steinernema) carpocapsae Weiser Acromyrmex spp. 2.8 PLANTAS CORTADAS, IMPORTÂNCIA ECONÔMICA, DANOS E PREJUÍZOS As saúvas e quenquéns cortam as mais variadas espécies de plantas para servirem de substrato para o fungo do qual se alimentam. Existem espécies que cortam monocotiledôneas, dicotiledôneas, outras se especializaram em cortar ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2002 pg. 77 folhas jovens e ainda aquelas que cortam monocotiledôneas e dicotiledôneas, conforme quadro 8. As folhas jovens são as partes preferidas da planta pelas cortadeiras. QUADRO 8 – TIPOS DE PLANTAS CORTADAS E IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DE SAÚVAS E QUENQUÉNS. ESPÉCIE PLANTAS CORTADAS IMPORTÂNCIA ECONÔMICA SAÚVAS 1. Atta bisphaerica Forel Monocotiledôneas Danos severos e frequentes 2. A. capiguara Gonçalves Monocotiledôneas Danos severos e frequentes 3. A.cephalotes (L.) Dicotiledôneas Danos severos e frequentes 4. A. colombica Guérin Dicotiledôneas Danos ocasionais 5. A. goiana Gonçalves Monocotiledôneas Importância econômica desconhecida 6. A. insularis Guérin Dicotiledôneas Danos ocasionais 7. A. laevigata (F. Smith) Ambas Danos ocasionais 8. A. mexicana (F.Smith) Dicotiledôneas Danos ocasionais 9. A. opaciceps Borgmeier Dicotiledôneas Danos ocasionais 10. A. robusta Borgmeier Dicotiledôneas Danos severos e frequentes 11. A. saltensis Forel Dicotiledôneas Danos ocasionais 12. A. sexdens (L.) Dicotiledôneas Danos ocasionais 13. A. silvai Gonçalves ? Importância econômica desconhecida 14. A. texana (Buckley) Dicotiledôneas Danos ocasionais 15. A. vollenweideri Forel Monocotiledôneas Danos ocasionais QUENQUÉNS 1. Acromyrmex ambiguus (Emery) Dicotiledôneas Danos ocasionais 2. A. asperus (F.Smith) Dicotiledôneas Danos ocasionais 3. A.balzani Monocotiledôneas Danos ocasionais 4. A. coronatus (Fabr.) Dicotiledôneas Danos ocasionais 5. A. crassipinus (Forel) Dicotiledôneas Danos severos e frequentes 6. A. disciger (Mayr) Dicotiledôneas Danos severos e frequentes 7. A. diasi Gonçalves Dicotiledôneas ? 8. A. fracticornis Monocotiledôneas Danos ocasionais 9. A. gallardoi Satschi ? Importância econômica desconhecida 10. A. heyeri (Forel) Ambas Danos severos e frequentes 11. A. hispidus Satschi Dicotiledôneas Danos ocasionais 12. A. hystrix (latreille) Dicotiledôneas Danos ocasionais 13. A. landolti (Forel) Monocotiledôneas Danos ocasionais 14. A.laticeps (Emery) Dicotiledôneas Danos severos e frequentes 15. A. lobicornis (Emery) Ambas Danos severos e frequentes 16. A. lundi (Guérin) Ambas Danos severos e frequentes 17. A. mesopotamicus Gallardo ? Importância econômica desconhecida 18. A. niger (F. Smith) Dicotiledôneas Importância econômica desconhecida 19. A. nobilis Santschi Dicotiledôneas Importância econômica desconhecida 20. A. octospinosus (Reich) Dicotiledôneas Danos severos e frequentes 21. A. pulverus Santschi ? Importância econômica desconhecida 22. A. rugosus (F. Smith) Dicotiledôneas Danos severos e frequentes 23. A. striatus (Roger) Ambas Danos severos e frequentes 24. A. subterraneus (Forel) Dicotiledôneas Danos severos e frequentes 25. A. sylvestrii (Emery) ? Importância econômica desconhecida 26. A. versicolor Pergande Dicotiledôneas Importância econômica desconhecida As saúvas têm trazido sérios problemas às culturas florestais, chegando a trazer perdas totais de árvores em reflorestamentos, nos quais não foram realizados os devidos controles. O eucalipto, de foram geral, suporta três desfolhas sucessivas, ao passo que as coníferas não, isto sem considerar que ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2002 pg. 80 FIGURA 44 – DISTRIBUIÇÃO DAS PANELAS DE UM SAUVEIRO DE SAÚVA PARDA, Atta capiguara, SEDE APARENTE NÃO COINCIDINDO COM A SEDE REAL. 2.10 - CONTROLE DE FORMIGAS CORTADEIRAS A) CONTROLE INDIRETO OU PREVENTIVO A presença de sub-bosque tem trazido resultados extremamente favoráveis em relação a redução do número de formigueiros/área. Acredita-se que a dificuldade da içá fundar e estabelecer um formigueiro em área com sub-bosque seja um dos fatores desfavoráveis, além da maior presença de inimigos naturais que podem agir contra as içás, por ocasião da fundação das novas colônias. A maior disponibilidade de alimento existente em uma área com sub-bosque parece poupar a floresta plantada do ataque das cortadeiras. Os fatos tem demonstrado resultados interessantes, pois a incidência de sauveiros chegaram a ser 1.800% maior do que em uma área com sub-bosque denso. Em área cujo sub-bosque foi mantido, observou-se uma redução de 11,5 vezes a média de novas colônias, durante o período de 2 anos de observações. ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2002 pg. 81 B) CONTROLE DIRETO OU CURATIVO B.1) RESISTÊNCIA DE ESPÉCIES FLORESTAIS ÀS FORMIGAS CORTADEIRAS Diversas espécies de formigas cortadeiras encontram dificuldades em estabelecerem seus formigueiros em determinadas áreas de reflorestamento, devido ao seu habito alimentar. Isto é, as espécies que cortam seletivamente monocotiledôneas não encontrarão condições de sobrevivência em reflorestamentos com dicotiledôneas (Eucalipto, seringueira, teca, etc.) ou com Gymnosperma (Pinus spp.). Dentro do próprio gênero Eucalyptus ocorrem espécies mais resistentes aos ataques das cortadeiras como é o exemplo de Eucalyptus citriodora em relação à saúva cabeça-de-vidro (Atta laevigata). A adubação balanceada é fator de promoção do aumento da resistência do vegetal, pois já foi verificado que a adubação pesada com fósforo em eucalipto, possibilitou uma redução de 35% no desfolhamento. Espécies florestais nativas e plantas não nativas tem apresentado efeito repelente ou nocivo ao fungo e às saúvas. No quadro 9 estão listadas as espécies vegetais e seus respectivos efeitos sobre as formigas. QUADRO 9 – EFEITOS DE COMPOSTOS QUÍMICOS VEGETAIS SOBRE FORMIGAS CORTADEIRAS. ESPÉCIE VEGETAL EFEITO ESPÉCIE Hymenaea courbaril (Jatobá) Repelente volátil fungicida. Atta spp. Astronium graveolens Repelente. Atta cephalotes Sesamum orientalis (gergelim) Inibidor do crescimento do fungo e efeito tóxico sobre a formiga (Sesamina). A. s. rubropilosa Virola sebifera Semelhante ao do gergelim (Sesamina). Atta sp. Ipomoea batatas (batata-doce) Substâncias tóxicas às formigas. A. s. rubropilosa Ricinus communis (Mamoneira) Substâncias tóxicas às formigas. A. s. rubropilosa Pachayrrhizus tuberosus (Jacatupé) Tóxico aos soldados. A.laevigata Dioscorea caynensis cayenensis Resistente à desfolha. Acromyrmex octospinosus Eucalyptus maculata Altamente resistente à desfolha. A. s. rubropilosa E. deanei Altamente resistente à desfolha. A. s.rubropilosa E. nova-anglica (Proc. 9439) Efeitos deletérios sobre o comportamento e sobrevivência de operárias. A.laevigata E. acmenioides (Proc. 10697) Efeitos deletérios sobre o comportamento e sobrevivência de operárias. A.laevigata E. maculata (Proc. 6169) Efeitos deletérios sobre o comportamento e sobrevivência de operárias A.laevigata E. grandis (Proc. 10695) Efeitos deletérios sobre o comportamento e sobrevivência de operárias. A.laevigata E. deanei (Proc. 10340) Efeitos deletérios sobre o comportamento e sobrevivência de operárias. A.laevigata E. andrewsii (Proc. 10274) Efeitos deletérios sobre o comportamento e sobrevivência de operárias. A.laevigata E. propinqua (Proc. +3) Efeitos deletérios sobre o comportamento e sobrevivência de operárias A.laevigata E. nesophila (Proc. 6675) Altamente resistente. A. s.rubropilosa /A.laevigata ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2002 pg. 82 B.2) CONTROLE MECÂNICO E CULTURAL O controle mecânico consiste na escavação do formigueiro com o objetivo de localizar e matar a rainha. É recomendado para áreas muito pequenas e quando o formigueiro tiver menos de 4 meses de idade, pois a partir daí a rainha passará a se aprofundar no solo dificultando o trabalho. Tratos culturais como aração e gradagem também podem eliminar formigueiros, principalmente, para as formigas quenquéns e sauveiros com idade inferior a 4 meses. Após essas operações deve-se fazer um repasse na área e destruir com enxadões os formigueiros restantes. No entanto, as medidas culturais de controle não tem a eficiência desejada e tendo que lançar mão de outros métodos. O uso de cultura armadilha tem despertado a atenção dos pesquisadores. O gergelim é uma delas sendo plantado entre as fileiras de árvores, visto que suas folhas são altamente atacadas e exercem uma ação inibidora sobre o crescimento do fungo, além de apresentar ação tóxica sobre as saúvas. Todavia, o uso de cultura armadilha não tem sido bem sucedido. Outras plantas como Senna siamaeai uma leguminosa arbórea, apresenta compostos voláteis em suas flores capazes de atrair Atta opaciceps, como também o extrato de flores de Mahonia aquifolium para A.sexdens rubropilosa. B.3) CONTROLE BIOLÓGICO O emprego de microrganismos entomopatogênicos, predadores ou parasitóides não tem revelado resultados promissores no combate as formigas cortadeiras. Alguns organismos foram testados com baixos resultados positivos. Para os fungos a causa do insucesso do controle das formigas cortadeiras é devido a vigilância social e o altruísmo desses insetos sociais. B.4) CONTROLE QUÍMICO O controle químico é o mais empregado. Apesar dos problemas decorrentes do uso de inseticidas, tais como a resistência dos insetos, poluição ambiental e riscos operacionais em alguns casos é o método que tem trazido os melhores resultados. Os primeiros inseticidas empregados no controle de saúvas eram inseticidas de origem inorgânica como o bissulfureto de carbono, um gás explosivo que ao ser injetado no interior do sauveiro em presença de chama provocava explosão. Os inorgânicos não são mais encontrados no mercado. Posteriormente , vieram os inseticidas de origem orgânica sendo aplicados em diferentes formulações como pó seco, líquido, gases e granulados. Os inseticidas clorados como o heptacloro e dodecacloro foram muito utilizados na formulação de isca granulada, mas com a proibição do uso dos clorados deixaram de ser comercializados. Atualmente, são encontrados as seguintes formulações no mercado: gases liquefeitos líquidos termonebulizáveis iscas granuladas As diferentes formulações devem ser aplicadas de acordo com a época e nas doses, conforme recomendações do quadro 10.
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