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Eletronica basica vol 1, Notas de estudo de Eletrônica

Eletronica basica vol 1

Tipologia: Notas de estudo

2012

Compartilhado em 15/12/2012

alex-gomes-ag-3
alex-gomes-ag-3 🇧🇷

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Baixe Eletronica basica vol 1 e outras Notas de estudo em PDF para Eletrônica, somente na Docsity! ELETRÔNICA BÁSICA SENAI-RJ FIRJAN CIRJ SESI SENAI IEL Versão preliminar Volume 1 - Eletricidade ELETRÔNICA BÁSICA SENAI-RJ Rio de Janeiro 2004 FIRJAN CIRJ SESI SENAI IEL Eletrônica Básica 2004 SENAI-Rio de Janeiro Diretoria de Educação FICHA TÉCNICA Gerência de Educação Profissional Luis Roberto Arruda Gerência de Produto Paulo Cezar Aguiar Coordenação Vera Regina Costa Abreu Pesquisa de Conteúdo Bruno Souza Gomes / Jorge Moreira Revisão Pedagógica e Gramatical Izabel Maria de Freitas Sodré Revisão Editorial Izabel Maria de Freitas Sodré Projeto Gráfico Artae Design & Criação Editoração Conexão Gravatá Ltda. SENAI-RJ GEP– Gerência de Educação Profissional Rua Mariz e Barros, 678 – Tijuca 20270-903 – Rio de Janeiro Tel.:(21)2587.1117 Fax:(21)2254.2884 http://www.rj.senai.br GEP@rj.senai.br Sumário 1 GRANDEZAS ELÉTRICAS ......................................... 20 Matéria .................................................... 23 Estrutura da matéria: moléculas e átomos ............. 23 Grandezas elétricas: tensão ............................ 32 Eletrização de um corpo ...................................... 33 Eletrização por atrito .......................................... 34 Atração e repulsão entre cargas elétricas .............. 36 Potencial elétrico ............................................... 36 Relação entre desequilíbrio e potencial elétrico ....... 38 Diferença de potencial ........................................ 39 Unidade de medida de tensão .............................. 40 Fontes geradoras de tensão............................. 42 Pilhas............................................................. 42 Tensão fornecida por uma pilha ............................ 45 Corrente elétrica............................................. 47 Descargas elétricas ............................................ 48 Unidade de medida da intensidade da corrente elétrica 49 APLICAÇÃO ................................................... 50 Corrente elétrica ................................................ 51 Resistência elétrica ........................................ 51 Unidade de medida ............................................. 53 APLICAÇÃO ................................................... 53 Circuito de ponte balanceada ........................... 133 Configuração do circuito ...................................... 133 Princípio de funcionamento .................................. 134 Pontes comerciais .............................................. 137 INSTRUMENTOS DE MEDIDAS ELÉTRICAS ............... 139 Tensão alternada ............................................ 141 Características .................................................. 141 Tensão alternada senoidal ............................... 146 Valores de pico .................................................. 146 Valor da tensão de pico a pico da CA senoidal ........ 147 Correspondência entre CA e CC ............................ 148 Varivolt ....................................................... 152 Utilização do varivolt .......................................... 153 Simbologia......................................................... 155 Medida de tensão CA ...................................... 155 Instrumentos de medição .................................... 155 Introdução ao estudo do osciloscópio ............... 162 O painel e a função dos controles......................... 163 Osciloscópios de duplo traço................................ 172 CAPACITORES ....................................................177 Capacitor – armazenamento de cargas .............. 179 Descarga do capacitor ........................................ 183 Capacitância .................................................. 184 APLICAÇÃO ............................................................. 186 Tensão de trabalho ............................................. 186 Tipos de capacitores ....................................... 187 Capacitores fixos despolarizados........................... 187 Capacitores ajustáveis ........................................ 189 4 5 Capacitores variáveis........................................189 Capacitores eletrolíticos .................................... 190 Especificação técnica dos capacitores ................ 194 Teste de isolação do capacitor ........................ 196 Comportamento do capacitor em CA ................ 197 Reatância capacitiva ........................................ 199 APLICAÇÃO ............................................................ 200 APLICAÇÃO ............................................................ 202 Determinação experimental da capacitância de um capacitor 203 INDUTORES E TRANSFORMADORES ....................... 204 Magnetismo .................................................. 207 Imãs naturais .................................................. 207 Ímãs artificiais ................................................. 208 Pólos magnéticos de um ímã .............................. 208 Origem do magnetismo ...................................... 209 Interação entre ímãs ........................................ 211 Campo magnético – linhas de força ..................... 212 Campo magnético em um condutor ..................... 214 Campo magnético em uma bobina ....................... 217 Permeabilidade magnética .................................. 219 Magnetismo remanente ..................................... 221 Indução ....................................................... 222 Auto-indução .................................................. 223 Indutância ...................................................... 229 Indutores em CA .............................................. 230 APLICAÇÃO ............................................................ 231 Transformador ............................................... 231 Princípio de funcionamento ................................ 232 Transformadores com mais de um secundário ....... 235 6 Relação de transformação ............................... 236 Tipos de transformadores quanto à relação de transformação................................................. 238 Relação de potência dos transformadores ......... 241 APLICAÇÃO ............................................................... 243 Potência em transformadores com mais de um secundário ........................................ 244 APLICAÇÃO ............................................................. 245 Ligação de transformadores em 110 V e 220 V ....... 245 Transformador para entrada em 110/220 V com primário a três fios ................................................................ 247 Transformador para entrada em 110/220 V com primário a quatro fios .............................................................. 249 Instalação de fusível e chave liga/desliga .................. 252 Identificação dos terminais das bobinas do primário 254 Especificação de transformadores ..................... 259 Relação de fase entre as tensões do primário e do secundário .................................................... 260 Ponto de referência ............................................ 261 Transformador com derivação central no secundário 262 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................. 2667 Apresentação Eletrônica Básica - Apresentação A dinâmica social dos tempos de globalização exige dos profissionais atualização constante. Mesmo as áreas tecnológicas de ponta ficam obsoletas em ciclos cada vez mais curtos, trazendo desafios renovados a cada dia, e tendo como conseqüência para a educação a necessidade de encontrar novas e rápidas respostas. Nesse cenário, impõe-se a educação continuada, exigindo que os profissionais busquem atualização constante durante toda a sua vida – e os docentes e alunos do SENAI/RJ incluem-se nessas novas demandas sociais. É preciso, pois, promover, tanto para os docentes como para os alunos da educação profissional, as condições que propiciem o desenvolvimento de novas formas de ensinar e aprender, favorecendo o trabalho de equipe, a pesquisa, a iniciativa e a criatividade, entre outros aspectos, ampliando suas possibilidades de atuar com autonomia, de forma competente. Este material apresenta conceitos essenciais da teoria eletrônica básica, possibilitando a aquisição de conhecimentos fundamentais para o bom desempenho do profissional desta área. Mas é importante que você utilize outras fontes de consulta, e, principalmente, leia com atenção os folhetos, catálogos ou manuais técnicos do fabricante que especificam as características de cada componente ou equipamento eletrônico. Assim você estará sempre atento às mudanças e avanços tecnológicos que possam vir a ocorrer nos campos da eletricidade básica, fundamentais para a teoria eletrônica. Esperamos que os conteúdos aqui abordados sejam úteis ao seu aprendizado e atualização profissional. SENAI-RJ 15 Uma palavra inicial Eletrônica Básica - Uma palavra inicial Meio ambiente... Saúde e segurança no trabalho... O que é que nós temos a ver com isso? Antes de iniciarmos o estudo deste material, há dois pontos que merecem destaque : a relação entre o processo produtivo e o meio ambiente, e a questão da saúde e segurança no trabalho. As indústrias e os negócios são a base da economia moderna. Não só produzem os bens e serviços necessários, como dão acesso a emprego e renda. Mas para atender a essas necessidades, precisam usar recursos e matérias-primas. Os impactos no meio ambiente muito freqüentemente decorrem do tipo de indústria existente no local, do que ela produz e, principalmente, de como produz. É preciso entender que todas as atividades humanas transformam o ambiente. Estamos sempre retirando materiais da natureza, transformando-os e depois jogando o que “sobra” de volta ao ambiente natural. Ao retirar do meio ambiente os materiais necessários para produzir bens, altera-se o equilíbrio dos ecossistemas e arrisca-se ao esgotamento de diversos recursos naturais que não são renováveis ou, quando o são, têm sua renovação prejudicada pela velocidade da extração, superior à capacidade da natureza para se recompor. É necessário fazer planos de curto e longo prazo, para diminuir os impactos que o processo produtivo causa na natureza. Além disso, as indústrias precisam se preocupar com a recomposição da paisagem e ter em mente a saúde dos seus trabalhadores e da população que vive ao seu redor. Com o crescimento da industrialização e a sua concentração em determinadas áreas, o problema da poluição aumentou e se intensificou. Em relação ao ar e à água, a questão é bastante complexa, pois as emissões poluentes se espalham de um ponto fixo para uma grande região, dependendo dos ventos, do curso da água e das demais condições ambientais, tornando difícil localizar, com precisão, a origem do problema. No entanto, é importante repetir que, ao depositarem os resíduos no solo, ao lançarem efluentes sem tratamento em rios, lagoas e demais corpos hídricos, as indústrias causam danos ao meio ambiente. SENAI-RJ 17 1 Nesta seção... GRANDEZAS ELÉTRICAS Matéria Grandezas elétricas Fontes geradoras de tensão Corrente elétrica Resistência elétrica Materiais condutores e isolantes Circuito elétrico 22 SENAI-RJ Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas SENAI-RJ 25 Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Constituição da molécula: os átomos A divisão de uma molécula dá origem a duas ou mais partes menores que podem ser chamadas de “partículas”. Estas partículas são os átomos. Considerando que a molécula é muito pequena, conclui-se que suas partículas constituintes, os átomos, são ainda menores. Ilustrando, pode-se afirmar: 100 milhões de átomos, colocados um ao lado do outro, perfazem uma pequena reta da ordem de 10mm. Através de pesquisas científicas, verificou-se que existem na natureza 87 “tipos” diferentes de átomos. Além deles, existem ainda outros tipos, que são “produzidos” em laboratório mas que são instáveis, existindo durante um curto período de tempo. Os diversos tipos de átomos são agrupados em uma tabela denominada de Tabela periódica de elementos químicos. (Fig.3) Na tabela periódica, os elementos químicos são representados por um símbolo: H : hidrogênio Fe : ferro O : oxigênio Al : alumínio C : carbono Mn : manganês Cu : cobre In : índio Si : silício Li : lítio Ag : prata Co : cobalto Fig. 3 H 1 Li 3 Na 11 K 19 Rb 37 Cs 55 Fr 87 Be 4 Mg 12 Ca 20 Sr 38 Ba 56 Ra 88 Sc 21 Y 39 Lan- tani- dos Ti 22 Zr 40 Hf 72 Ku 104 V 23 Nb 41 Ta 73 Ha 105 Cr 24 Mo 42 W 74 106 Mn 25 Tc 43 Re 75 107 Fe 26 Ru 44 Os 76 Co 27 Rh 45 Ir 77 Ni 28 Pd 46 Pt 78 Cu 29 Ag 47 Au 79 Zn 30 Cd 48 Hg 80 B 5 Al 13 Ga 31 In 49 Ti 81 C 6 Si 14 Ge 32 Sn 50 Pb 82 N 7 P 15 As 33 Sb 51 Bi 83 O 8 S 16 Se 34 Te 52 Po 84 F 9 Cl 17 Br 35 I 53 At 85 Ne 10 Ar 18 Kr 36 Xe 54 Rn 86 He 2 Acti- nidos é 26 SENAI-RJ Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Os átomos se reúnem entre si, em diferentes arranjos, dando origem às moléculas de todas as substâncias da natureza. Um exemplo bastante importante de reunião de átomos na formação de moléculas é a união de dois átomos de hidrogênio com um de oxigênio. A molécula formada, (H 2 O) é a da água. (Fig.4) Estrutura dos átomos As partículas que constituem as moléculas foram denominadas de átomos pelos gregos, que acreditavam ser esta a menor partícula do universo, e que não podia ser dividida. Entretanto, com o desenvolvimento dos métodos científicos de pesquisa verificou-se que os átomos também são constituídos por partículas menores: as partículas subatômicas, denominadas prótons, elétrons e nêutrons. Cada uma dessas partículas subatômicas tem características próprias com respeito à carga elétrica e massa. Em relação à carga elétrica das partículas subatômicas, pode-se afirmar que o próton — possui carga elétrica positiva. Por convenção a carga elétrica do próton é +1; o elétron — tem carga negativa, de mesmo valor que o próton: -1; o nêutron — é uma partícula subatômica que não tem carga elétrica. No que diz respeito à massa das partículas subatômicas é preciso saber que sendo elas muito pequenas, suas massas não podem ser determinadas em função das unidades normais de massa (quilograma, grama, miligrama, etc.) Por essa razão, convencionou-se uma unidade Fig. 4 é SENAI-RJ 27 Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas específica para definir a massa das partículas subatômicas: a u.m.a. (unidade de massa atômica). Assim: o próton — tem massa igual a 1 u.m.a. (uma unidade de massa atômica); o elétron — é muito mais leve que o próton (1836 vezes mais leve). Sua massa é tão pequena que pode ser desprezada no átomo, podendo ser considerada igual a zero; o nêutron — tem a mesma massa que um próton: 1 u.m.a. A tabela 1 apresenta um resumo das cargas elétricas e das massas das partículas subatômicas. A estrutura do átomo A forma como as partículas subatômicas estão organizadas em um átomo em muito se assemelha à configuração do sistema solar do qual a Terra faz parte (Fig.5) Tabela 1 Fig.5 Plutão Netuno Urano Saturno Júpiter Asteróides Terra Marte Vênus Mercúrio SOL Carga elétrica +1 -1 nenhuma Partículas próton elétron nêutron Massa 1 u.m.a. desprezível 1 u.m.a. é 30 SENAI-RJ Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas . A distribuição dos elétrons nos diversos níveis obedece a condições definidas. A regra mais importante, em termos de estrutura atômica, com relação a áreas de eletricidade e eletrônica, é a que diz respeito ao nível energético mais distante do núcleo ou camada externa. Esta regra diz: a camada externa tem um número máximo de 8 elétrons. Todas as reações químicas e elétricas (com exceção das reações nucleares) se processam nessa camada, que recebe a denominação de nível ou camada de valência. (Fig. 15) Fig. 13 Fig. 14 átomo de silício (Símbolo químico Si) 1a camada (K) 2a camada (L) No de prótons 3a camada (M) átomo de cobre (Símbolo químico Cu) 1a camada (K) 2a camada (L) No de prótons 3a camada (M) 4a camada (N) Fig. 15 átomo de lítio (Símbolo químico Li) Camada de valência átomo de sódio (Símbolo químico Na) átomo de cobre (Símbolo químico Cu) é SENAI-RJ 31 Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas O equilíbrio elétrico de um átomo Duas das três partículas subatômicas possuem carga elétrica (próton = +1 e elétron = -1). Em condições normais, os átomos tendem a assumir uma condição de neutralidade ou equilíbrio elétrico, de forma que o número total de cargas positivas do núcleo (prótons) é igual ao número de cargas negativas na eletrosfera (elétrons). Quando a condição de igualdade entre o número de prótons e elétrons existe, diz-se que o átomo está eletricamente neutro ou equilibrado. Os nêutrons, no núcleo, não interferem no equilíbrio elétrico do átomo (porque não têm carga elétrica). Os nêutrons apenas conferem uma massa adicional aos átomos. Pode-se citar alguns exemplos de átomos eletricamente equilibrados: Através de forças externas (magnéticas, térmicas, químicas) é possível retirar ou acrescentar elétrons na camada de valência de um átomo, fazendo com que haja um desequilíbrio elétrico. Quando, por um processo qualquer, um elétron é retirado da camada de valência, o átomo passa a estar carregado positivamente (1 próton a mais). Este átomo passa a se chamar de íon positivo. (Fig. 16) Fig. 16 Elemento Hidrogênio Ferro Cobre Alumínio Nº de prótons 1 26 29 13 Nº de elétrons 1 26 29 13 Carga total de átomos +1 -1 = 0 +26 -26 = 0 +29 -29 = 0 +13 -13 = 0 Átomo com carga POSITIVA Perdeu um elétron é 32 SENAI-RJ Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Átomo com carga POSITIVA Recebeu um elétron Da mesma forma, quando um elétron é colocado na última camada de um átomo, por um processo qualquer, esse átomo passa a estar carregado negativamente, denominando-se íon negativo. (Fig.17) Fig. 17 Qualquer átomo que esteja desequilibrado eletricamente é um íon. A transformação de um átomo em um íon é sempre devida a causas externas ao próprio átomo. Uma vez cessada a causa externa que proporcionou a criação do íon, há uma tendência natural do átomo em atingir o equilíbrio elétrico, cedendo os elétrons que estiverem em excesso ou recuperando os elétrons que estiverem em falta. Os átomos sempre procuram atingir a estrutura estável, eletricamente equilibrada. Grandezas elétricas - tensão A expressão “grandezas elétricas “ se aplica a todos os fenômenos de origem elétrica que podem ser medidos. A tensão é uma grandeza elétrica , que pode ser medida, e que tem origem no desequilíbrio elétrico dos corpos. É necessária a existência de uma tensão elétrica para que seja possível o funcionamento de qualquer equipamento elétrico (por exemplo: lâmpada, gravador, motor, etc.). é SENAI-RJ 35 Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Outro exemplo muito comum de eletrização por atrito, na natureza, ocorre nas tempestades. As nuvens são atritadas contra o ar, adquirindo uma carga elétrica muito grande. O relâmpago, que é um fenômeno elétrico, comprova a existência de grandes cargas elétricas nas nuvens. (Fig. 23) Fig. 22 Fig. 23 Existem ainda outros processos de eletrização tais como: eletrização por indução, por contato, por impacto. Em qualquer processo, contudo, o resultado são corpos carregados eletricamente. A carga elétrica de um corpo obtida por eletrização denomina-se eletricidade estática. é 36 SENAI-RJ Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Atração e repulsão entre as cargas elétricas Quando dois corpos eletrizados são aproximados um do outro, verifica-se que existe uma reação entre eles. Através de experimentação, verifica-se que, se um dos corpos está carregado positivamente e o outro, negativamente, existe uma tendência de os dois corpos se atraírem mutuamente. No entanto, se os dois corpos apresentam cargas de mesmo sinal, eles se repelem. A partir dessas observações, conclui-se cargas opostas ( + , - ) se atraem. cargas iguais ( + , +) ou (- , - ) se repelem. A Fig. 24 ilustra a interação entre dois corpos eletrizados. Fig. 24 Cargas opostas se atraem Cargas iguais se repelem Fig. 25 Potencial elétrico Tomando-se um pente que não tenha sido atritado, ou seja, sem eletricidade estática, e, aproximando-o de pequenas partículas de papel, não ocorre nenhum fenômeno. (Fig. 25) é SENAI-RJ 37 Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Entretanto, se o pente for eletrizado, ao aproximá-lo das partículas de papel, essas serão atraídas pelo pente. Isso significa que o pente carregado tem capacidade de realizar o trabalho de movimentar o papel. (Fig. 26) Fig. 26 Quando um corpo adquire capacidade de realizar um trabalho, diz-se que este corpo tem um potencial. No caso do pente, a capacidade de realizar o trabalho se deve a um desequilíbrio elétrico: seu potencial é denominado de potencial elétrico. Generalizando, pode-se afirmar que qualquer corpo eletrizado tem capacidade para realizar um trabalho. A afirmação também é válida para corpos eletrizados negativamente. Os corpos eletrizados positivamente têm potencial elétrico positivo e os corpos eletrizados negativamente têm potencial elétrico negativo. (Fig. 27) Bastão de plástico Potencial elétrico POSITIVO Potencial elétrico NEGATIVO Bastão de vidro Fig. 27 é 40 SENAI-RJ Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Unidade de medida de tensão A tensão entre dois pontos pode ser medida através de instrumentos. A unidade de medida de tensão é o volt, representada pelo símbolo V. Em algumas situações, a unidade de medida padrão se torna inconveniente. A unidade de medida de comprimento, por exemplo, não é adequada para expressar o comprimento de um pequeno objeto, utilizando-se um submúltiplo, como o centímetro ou milímetro. A unidade de medida de tensão (volt) também tem múltiplos ou submúltiplos, adequados a cada situação. Observe a Tabela 2. No campo da eletrônica e da eletricidade, utiliza-se quase exclusivamente a expressão “tensão” para indicar a ddp ou tensão elétrica. DENOMINAÇÃO SÍMBOLO VALOR COM RELAÇÃO AO VOLT MÚLTIPLOS megavolt MV 106 V ou 1000000 V quilovolt kV 103 V ou 1000 V UNIDADE volt V – milivolt mV 10-3 V ou 0,001 V SUBMÚLTIPLOS microvolt µV 10-6 V ou 0,000001 V Tabela 2 No campo da eletricidade usam-se normalmente o volt e o quilovolt. Na área da eletrônica usam-se normalmente o volt, o milivolt e o microvolt. A conversão de valores é feita de forma semelhante a outras unidades de medida. µVV kV é SENAI-RJ 41 Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas posição da vírgula nova posição da vírgula é APLICAÇÃO EXEMPLOS DE CONVERSÃO: 1) 3,75 V = mV 3,75 V = 3750 mV 2) 0,6 V = mV 0,6 V = 600 mV 3) 200 mV = V 200 mV = 0,2 V 4) 0,05 V = mV 0,05 V = 50 mV 5) 15 mV = µV 15 mV = 15000 µV 42 SENAI-RJ Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas A existência de tensão é condição fundamental para o funcionamento de todos os aparelhos elétricos. A partir desta necessidade, foram desenvolvidos dispositivos que têm a capacidade de criar um desequilíbrio elétrico entre dois pontos, dando origem a uma tensão elétrica. Esses dispositivos são denominados genericamente de fontes geradoras de tensão, entre cujos tipos citam-se: – pilhas ( Fig. 35) – baterias (Fig. 36) – geradores (máquinas que geram tensão) (Fig. 37) Fontes geradoras de tensão Fig. 37Fig. 36Fig. 35 Pilhas As pilhas são fontes geradoras de tensão usadas em aparelhos portáteis. (Fig. 38) Fig. 38 é SENAI-RJ 45 Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Tensão fornecida por uma pilha As pilhas utilizadas em gravadores, rádios e outros aparelhos fornecem uma tensão contínua de aproximadamente 1,5 V, independente do seu tamanho físico. (Fig. 43) A tensão fornecida pelas pilhas e geradores de tensão contínua pode ser representada em um gráfico, que mostra o comportamento da tensão ao longo do tempo. (Fig. 44) O gráfico da figura mostra que a tensão fornecida por uma pilha comum é 1,5 V em qualquer tempo. Fig. 43 1,5 de tensão contínua PILHAS (pequena, média, grande e pilha de telefone) Tensão CC - Tempo t Fig 44 Fig 45 E (V) em t1, t2 e t3 E = 1,5 V E (V) 1,5 Tensão - Tempo t t1 t2 t3 é 46 SENAI-RJ Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Medida de tensão CC A medida de tensão CC consiste na utilização correta de um instrumento com o objetivo de determinar a tensão presente entre dois pontos. A medição pode ser usada para determinar a tensão fornecida por uma fonte geradora de tensão CC. (Fig. 46) Existem dois tipos de instrumento através dos quais se pode medir tensão CC: — voltímetro ou milivoltímetro (Fig. 47) — multímetro (Fig. 48) Fig. 46 Fig. 47 Fig. 48 é SENAI-RJ 47 Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas O multímetro é um instrumento utilizado no dia-a-dia. A utilização de alguns procedi- mentos relativos a segurança, conservação e manejo contribuem para que o equipamento se mantenha em condições de uso durante muito tempo. A seguir, estão listados estes procedimentos: DE SEGURANÇA • manter o multímetro sempre longe das extremidades da bancada; • não empilhar o instrumento sobre qualquer objeto ou equipamento; • posicionar a chave seletora de escala para a posição desligado (OFF), sempre que o instrumento não estiver em uso. Caso esta posição não seja possível, posicionar em ACV, na maior escala. DE CONSERVAÇÃO • fazer limpeza apenas com pano limpo e seco. DE MANUSEIO • posicionar adequadamente a chave seletora para a medida; • cuidar para introduzir as pontas de prova nos bornes apropriados; • observar sempre a polaridade nas medições de tensão; • cuidar para que a tensão a ser medida não exceda o valor determinado pela chave seletora do instrumento. Corrente elétrica A corrente elétrica consiste em um movimento orientado de cargas, provocado pelo equilíbrio elétrico (ddp) existente entre dois pontos. (Fig. 49) Fig. 49 A corrente elétrica é a forma pela qual os corpos eletrizados procuram restabelecer novamente o equilíbrio elétrico. ddp Corrente Movimento de cargas elétricas é 50 SENAI-RJ Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas APLICAÇÃO A conversão de valores é feita de forma semelhante a outras unidades de medida. Exercícios de conversão. 1 ) 1,2 A = _____________ mA 1,2 A = 1200 mA 2 ) 15 µA = ____________ mA 15 µA = 0,015 mA 3 ) 350 mA = __________ A 350 mA = 0,350 A é SENAI-RJ 51 Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas O instrumento utilizado para medir a intensidade de corrente é o amperímetro. Existem ainda: miliamperímetros – para correntes da ordem de miliampères. microamperímetros – para correntes da ordem de microampères. nanoamperímetros – para correntes da ordem de nanoampères. picoamperímetros – para correntes da ordem de picoampères. Corrente elétrica A corrente elétrica é o movimento de cargas elétricas. Nos materiais sólidos, as cargas que se movimentam são os elétrons; nos líquidos e gases, o movimento pode ser de elétrons ou de íons livres. Corrente contínua Quando o movimento de cargas elétricas (sejam elétrons ou íons) ocorre sempre em um sentido, a corrente elétrica é denominada de corrente contínua. A corrente elétrica contínua é representada por CC. Resistência elétrica Resistência elétrica é a oposição que um material apresenta ao fluxo ou seja, à passagem de corrente elétrica. Todos os dispositivos elétricos e eletrônicos apresentam uma certa oposição à passagem da corrente elétrica. A resistência que os materiais apresentam à passagem da corrente elétrica tem origem na sua estrutura atômica. Para que a aplicação de uma ddp a um material origine uma corrente elétrica, é necessário que a estrutura desse material propicie a existência de cargas elétricas livres para movimentação. é 52 SENAI-RJ Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Conclui-se, então, que a resistência elétrica desses materiais é grande. Em resumo, pode-se afirmar: Fig. 52 Nesse caso, a resistência elétrica do material é pequena. Por outro lado, nos materiais que propiciam a existência de um pequeno número de cargas livres, a corrente elétrica flui com dificuldade. (Fig. 53) Fig. 53 A resistência elétrica de um material depende da facilidade ou dificuldade com que este material libera cargas para a circulação. é Quando um material propicia a existência de um grande número de cargas livres, a corrente elétrica flui com facilidade através dele. (Fig. 52) SENAI-RJ 55 Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Materiais condutores Os materiais condutores se caracterizam por permitir a existência de corrente elétrica toda vez que se aplica uma ddp entre seus extremos. (Fig. 55) Existem materiais sólidos, líquidos e gasosos que são condutores elétricos. Entretanto, na área da eletricidade e eletrônica os materiais sólidos são os mais importantes. Neles, as cargas elétricas que se movimentam, formando a corrente elétrica, são os elétrons, denominados elétrons livres (elétrons que se libertam do átomo, por influência de uma força externa). (Fig. 56)Fig. 55 Quanto mais elétrons livres existirem em um material, melhor condutor de corrente elétrica ele será. Os metais são os materiais que melhor conduzem a corrente elétrica porque os átomos da sua estrutura possuem um pequeno número de elétrons na camada externa (até 3 elétrons). Esses elétrons se desprendem facilmente porque estão fracamente ligados ao núcleo dos átomos, tornando-se elétrons livres. (Fig. 57) Fig. 56 Sem ddp Com ddp Fig. 57 Elétron livre é 56 SENAI-RJ Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Os átomos de cobre, que formam a estrutura atômica do “metal cobre”, têm 29 elétrons, dos quais apenas 1 está na última camada. Esse elétron se desprende do núcleo, vagando livre no interior do material. A mobilidade dos elétrons da última camada energética do cobre é tal que a sua estrutura química se compõe de um grande número de núcleos fixos rodeados por elétrons livres que se movimentam intensamente de um núcleo para outro. (Fig. 58) A grande liberdade de movimentação dos elétrons no interior da estrutura química do cobre dá a este material a característica de boa condutividade elétrica. Os materiais condutores podem ser classificados segundo a resistência que apresentam. Os melhores condutores (chamados de bons condutores) são os que apresentam menor resistência elétrica. Representa-se, a seguir, a classificação de alguns materiais condutores, a partir da prata, em ordem crescente de resistência elétrica: Fig. 58 Eliminando a prata, que é um metal precioso, o cobre é o melhor condutor elétrico, sendo muito utilizado para a fabricação de condutores para instalações elétricas. Prata Cobre Alumínio Constantan Níquel-cromo RESISTÊNCIA é Estrutura do cobre SENAI-RJ 57 Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Materiais isolantes Os materiais classificados de isolantes são os que apresentam grande oposição à circulação de corrente elétrica no interior de sua estrutura. A grande oposição à circulação de corrente nos materiais isolantes se deve ao fato de que a sua estrutura atômica não propicia a existência de elétrons livres. Nos materiais isolantes, os elétrons dos átomos que compõem a estrutura química são fortemente ligados aos seus núcleos, dificilmente sendo liberados para a circulação. Os materiais isolantes têm poucos elétrons livres. Os materiais isolantes têm a sua estrutura atômica composta por átomos que têm 5 ou mais elétrons na última camada energética. (Fig. 59) Em condições anormais, um material isolante pode se tornar condutor. Este fenômeno, denominado de ruptura dielétrica, ocorre quando a quantidade de energia entregue ao material é tão elevada que os elétrons (normalmente presos aos núcleos dos átomos) são arrancados das órbitas, provocando a circulação de corrente. Nitrogênio (N) Enxofre (S) Fig. 59 Ruptura dielétrica é o nome dado ao fenômeno pelo qual uma grande quantidade de energia transforma um material normalmente isolante em condutor. A formação de faíscas no desligamento de um interruptor elétrico é um exemplo típico de ruptura dielétrica. A tensão elevada existente entre os contatos no momento da abertura fornece uma grande quantidade de energia que provoca a ruptura dielétrica do ar, propiciando a formação da faísca. é 60 SENAI-RJ Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Quando a lâmpada é conectada a uma pilha por meio dos condutores, forma-se um circuito elétrico. Os elétrons, em excesso no pólo negativo da pilha, se movimentam através do condutor e do filamento da lâmpada, em direção ao pólo positivo da pilha. (Fig. 63) A figura 63 ilustra o movimento dos elétrons livres saindo do pólo negativo, passando pela lâmpada e dirigindo-se ao pólo positivo. Enquanto a pilha tiver condições de manter um excesso de elétrons no pólo negativo e uma falta de elétrons no pólo positivo, haverá corrente elétrica no circuito e a lâmpada se manterá acesa. Simbologia dos componentes de um circuito Seria muito inconveniente, a cada vez que se necessitasse desenhar um circuito elétrico, ter que desenhar os componentes na sua forma real. Por essa razão, foi criada uma simbologia, de forma que cada componente é representado por um símbolo toda vez que se tiver que desenhar um circuito elétrico. A tabela 5 mostra alguns símbolos utilizados e os respectivos componentes. Fig. 63 Falta de elétrons Excesso de elétrons é SENAI-RJ 61 Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas A representação gráfica de um circuito elétrico através da simbologia é denominada de “esquema” ou “diagrama elétrico”. Empregando a simbologia, o circuito elétrico da figura 64 formado pela lâmpada, condutores e pilhas será representado conforme o esquema da figura 65. Tabela 5 DESIGNAÇÃO FIGURA SÍMBOLO Condutor Cruzamento sem conexão Cruzamento com conexão Fonte, gerador ou bateria Lâmpada Fig. 64 Fig. 65 Esquema é 62 SENAI-RJ Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Interruptores ou chaves Os circuitos elétricos possuem normalmente um componente adicional além da fonte geradora, consumidor(es) e condutores. Este componente é o interruptor ou chave. Os interruptores ou chaves são incluídos nos circuitos elétricos com a função de comandar o seu funcionamento.(Figs. 67 e 68) Quando se necessita representar a existência de corrente elétrica em um diagrama, usa-se normalmente uma seta, acompanhada pela letra I. (Fig. 66) Fig. 66 Fig. 67 Fig. 68 Consumidor Chave Consumidor Chave Os interruptores ou chaves podem ter as mais diversas formas, mas cumprem sempre a função de ligar ou desligar o circuito. (Figs. 69, 70 e 71) Fig. 69 Fig. 70 Fig. 71 é SENAI-RJ 65 Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas 2 Nesta seção... RESISTORES Características Simbologia Tipos de resistores Código de cores Resistores ajustáveis Potenciômetros 66 SENAI-RJ Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas SENAI-RJ 67 Eletrônica Básica - Grandezas ElêtricasEletrônica Básica - Resistore Resistores Os resistores são componentes utilizados nos circuitos com a finalidade de limitar a corrente elétrica, sendo assim possível reduzir ou dividir tensões. A figura 1 mostra alguns tipos de resistores. Características dos resistores Os resistores possuem características elétricas importantes: a) resistência ôhmica b) percentual de tolerância Fig 1 70 SENAI-RJ Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Simbologia A figura 2 mostra os símbolos utilizados para a representação dos resistores, indicando o símbolo oficial que deve ser utilizado no Brasil, segundo a norma ABNT. Resistore Fig. 2 ABNT As características específicas dos resistores em um diagrama aparecem externamente ao símbolo ou no seu interior (Figs. 3 e 4) Tipos de resistores Existem três tipos de resistores quanto à constituição: a – resistores de filme de carbono b – resistores de carvão c – resistores de fio Cada um dos tipos tem, de acordo com sua constituição, características que o tornam mais adequado que os outros em sua classe de aplicação. A seguir, são apresentados os processos básicos de fabricação e a aplicação do componente. Fig. 4Fig. 3 SENAI-RJ 71 Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Resistores de filme de carbono Eletrônica Básica - Resistore Fig. 5 O resistor de filme de carbono, também conhecido como resistor de película, é consti- tuído por um corpo cilíndrico de cerâmica que serve de base para a fabricação do componente. (Fig. 5) Sobre o corpo é depositada uma fina camada em espiral, de material resistivo (filme de carbono) que determina o valor ôhmico do resistor. (Fig. 6) Os terminais (lides de conexão) são colocados nas extremidades do corpo, em contato com a camada de carbono. São eles que possi- bilitam a ligação do elemento ao circuito. (Fig.7) Fig. 6 Fig. 7 O corpo do resistor pronto recebe um revestimento que dá acabamento na fabricação e isola o filme de carbono da ação da umidade. A figura 8 apresenta um resistor pronto, em corte, aparecendo a conexão dos terminais e o filme resistivo. As características fundamentais do resistor de filme de carbono são a precisão e a estabilidade do valor resistivo. Resistores de carvão O resistor de carvão é constituído por um corpo cilíndrico de porcelana e apresenta tamanho físico reduzido. Fig. 8 72 SENAI-RJ Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Com maior concentração de partículas de carvão, o valor resistivo do componente é reduzido. Nesse tipo de resistores, os valores de dissipação e resistência não são precisos. Eles podem ser usados em qualquer tipo de circuito. Resistores de fio Constituem-se de um corpo de porcelana ou cerâmica que lhes serve de base. Sobre o corpo é enrolado um fio especial (por exemplo, níquel-cromo) cujo comprimento e seção determinam o valor do resistor. A figura 10 apresenta um resistor de fio em corte. Nela aparecem os terminais, o fio enrolado e a camada externa de proteção do resistor. Resistore No interior da porcelana são comprimidas partículas de carvão que definem a resistência do componente. (Fig. 9) Fig. 9 Partículas de carvão Fig. 10 Os resistores de fio têm capacidade para trabalhar com maior valor de corrente e produzem, normalmente uma grande quantidade de calor quando em funcionamento. SENAI-RJ 75 Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Assim, voltando aos exemplos citados anteriormente, a cor do primeiro anel de cada um dos resistores é: 680 Ω 3300 Ω 560000Ω Eletrônica Básica - Resistore 1º anel azul laranja verde O segundo anel representa o segundo número que forma o valor do resistor. Ex.: 680 Ω 3300 Ω 560000 Ω Desse modo, para os exemplos, a cor do segundo anel é: números que são indicados pelo 2º anel 680 Ω 3300 Ω 560000Ω 2º anel cinza laranja azul O terceiro anel representa o número de zeros que se segue aos dois primeiros algarismos, sendo chamado de fator multiplicativo. 3º anel zeros indicados pelo 76 SENAI-RJ Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas O quarto anel colorido representa a tolerância do resistor. A cada percentual corresponde uma cor característica. prateado — + 10% dourado — + 5% vermelho — + 2% marrom — + 1% Resistore A cada número de zeros corresponde uma cor: preto — nenhum zero amarelo — 4 zeros (0000) marrom — 1 zero (0) verde — 5 zeros (00000) vermelho — 2 zeros (00) azul — 6 zeros (000000) laranja — 3 zeros (000) As cores violeta, cinza e branco não são encontradas no 3º anel porque os resistores padronizados não alcançam valores que necessitem de 7, 8 ou 9 zeros. Os resistores usados como exemplo são representados assim: azul cinza marrom laranja laranja vermelho verde azul amarelo A ausência do quarto anel indica a tolerância de 20%. SENAI-RJ 77 Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Cores dos quatro anéis, acrescendo-se a tolerância de 10% aos valores dos resistores usados como exemplo: 680 Ω + 10% — azul, cinza, marrom, prateado 3300 Ω + 10% — laranja, laranja, vermelho, prateado 560000 Ω + 10% — verde, azul, amarelo, prateado Uso do código para resistores de 1 Ω a 10 Ω Para representar resistores de 1 a 10 Ω (exemplo: 2,7 Ω) o código estabelece o uso do DOURADO NO 3º ANEL. O dourado nesse anel indica a existência de vírgula entre os dois primeiros números. Seguem alguns exemplos: 1,8 Ω + 5% marrom, cinza, dourado, dourado 4,7 Ω + 10% amarelo, violeta, dourado, prateado 8,2 Ω + 20% cinza, vermelho, dourado (não existe o 4º anel) Uso do código para resistores abaixo de 1 Ω Para representar resistores abaixo de 1 Ω (exemplo: 0,27 Ω) o código determina o uso do PRATEADO NO 3º ANEL. O prateado do terceiro anel significa a existência de 0, antes dos dois primeiros números. Seguem alguns exemplos: 0,39 Ω + 20% laranja, branco, prateado, sem cor 0,15 Ω + 10% marrom, verde, prateado, prateado Eletrônica Básica - Resistore 80 SENAI-RJ Eletrônica Básica - Grandezas ElêtricasResistore Resistores ajustáveis São resistores cujo valor de resistência pode ser ajustado, dentro de uma faixa pré-definida, sendo utilizados em circuitos que exijam calibração. A figura 18 mostra alguns resistores ajustáveis. Tipos Existem dois tipos de resistores ajustáveis: — resistor ajustável de fio (Fig. 19) — trimpot (Fig. 20) Fig. 18 A constituição física dos resistores ajustáveis não é preparada para suportar trocas freqüentes de valor. Esse tipo de componente é utilizado em pontos de um circuito onde o ajuste é feito uma vez e não é mais alterado. Fig. 19 Fig. 20 Os resistores ajustáveis (de fio e trimpot) são usados para ajustes definitivos nos circuitos. SENAI-RJ 81 Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Resistor ajustável de fio Eletrônica Básica - Resistore Fig. 21 É um “resistor de fio” ao qual foi acrescentado um terceiro terminal, denominado de cursor. (Fig. 21) O cursor é móvel, deslizando por contato elétrico sobre as espiras de fio que Cursor constituem o resistor, podendo ser fixado na posição desejada. Os resistores ajustáveis de fio, em geral, dissipam grande quantidade de calor, porque trabalham com correntes elevadas. Por essa razão, normalmente são montados em locais com boa ventilação, sendo ligados aos circuitos através de condutores. (Fig. 22) Fig. 22 Ligação ao circuito 82 SENAI-RJ Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Trimpot É um tipo de resistor ajustável, utilizado em pontos de ajuste onde as correntes são pequenas (da ordem de miliampères ou menos). As figuras 23 e 24 mostram dois tipos de trimpot. Resistore Fig. 23 Fig. 24 Pelo fato de dissiparem pequenas quantidades de calor, os trimpots podem ser montados no próprio circuito onde estão atuando. (Fig. 25) Fig. 25 Placa de circuito impresso Existem trimpots verticais e horizontais, o que permite uma opção para montagem mais adequada a cada aplicação. SENAI-RJ 85 Eletrônica Básica - Grandezas ElêtricasEletrônica Básica - Resistore Através do ajuste correto da posição do cursor podem-se obter os mais diversos valores de resistência a partir de um resistor ajustável (valores sempre menores que os extremos). Os resistores ajustáveis se comportam como dois resistores em série, com uma ligação central. (Fig. 38) Potenciômetros São resistores com derivação, a qual permite a variação do valor resistivo pelo movimento de um eixo. (Fig. 39) Fig. 38 São usados nos equipamentos para permitir a mudança do regime de operação. Exemplos: potenciômetro de volume — permite o aumento ou diminuição do nível de intensidade do som. potenciômetro de brilho — permite o controle da luminosidade das imagens. Fig. 39 86 SENAI-RJ Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Funcionamento Entre os dois terminais externos, o potenciômetro é um resistor comum. Sobre este Resistore Fig. 40 resistor desliza um terceiro terminal chamado de cursor, que permite utilizar apenas uma parte da resistência total do componente (de um extremo até o cursor). A figura 40 mostra um potenciômetro, indicando o movimento do eixo para variação da resistência. Simbologia A figura 41 mostra os símbolos utilizados para representar os potenciômetros, salientando o símbolo normalizado pela ABNT. Os componentes cujo valor está sujeito a modificação constante (potenciômetros usados no controle de volume, por exemplo) são denominados de “variáveis”. Nos seus símbolos aparece uma seta na ponta da diagonal. São chamados de ajustáveis os componentes cujo valor é ajustado na calibração, não sofrendo mais alteração. O resistor ajustável é um exemplo característico deste tipo de componentes. Fig. 41 SENAI-RJ 87 Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Tipos Existem dois tipos de potenciômetros: – de fio linear – de carbono logarítmico Potenciômetro de fio Eletrônica Básica - Resistore { { Sobre uma tira de fibra em forma de anel são enroladas várias espiras de fio especial (com resisti- vidade elevada). Fixam-se terminais nas extremidades da fibra e as pontas do fio, formando um resistor. (Fig. 42) Fibra isolante Espiral de fio Fig. 42 Sobre o topo da fibra corre o contato móvel do cursor, que é ligado mecanicamente ao eixo do componente. O cursor é ligado ao terminal do potenciômetro. (Fig. 43) Fig. 43 Contato deslizante Espiras de fio Eixo rotativo Terminal ligado ao contato móvel Terminais externos 90 SENAI-RJ Eletrônica Básica - Grandezas ElêtricasResistore Os potenciômetros de carvão logarítmicos comportam-se de forma diferente, com respeito à relação entre posição do cursor e resistência: quando se inicia o movimento do cursor, a resistência sofre pequena variação. À medida que o cursor vai sendo movimentado, a variação da resistência torna-se cada vez maior. A variação da resistência entre um extremo e o cursor é desproporcional ao movimento do eixo. Assim: Resistência entre o cursor e o extremo de referência Ângulo de rotação do eixo O gráfico da figura 48 mostra como a resistência varia com relação à posição do eixo nos potenciômetros logarítmicos. 1/4 do curso total 1/20 da resistência total 1/2 do curso total 1/5 da resistência total 3/4 do curso total 1/2,5 da resistência total POSIÇÃO DO CURSOR RESISTÊNCIA ENTRE UM EXTREMO E O CURSOR Fig. 47 Fig. 47 Os potenciômetros logarítmicos são usados principalmente em controle de volume. Ângulo de rotação do eixo Pequena variação resistiva Resistência entre o cursor e o extremo de referência Metade do curso total A variação da resistência dos poten- ciômetros lineares em relação à posição do cursor se apresenta conforme o gráfico da figura 47. SENAI-RJ 91 Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Potenciômetros com chave Em algumas ocasiões, utiliza-se o potenciômetro para controle de volume e ligação do Eletrônica Básica - Resistore Fig. 49 aparelho. Para cumprir esta finalidade, são fabricados potenciômetros logarítmicos com uma chave presa ao eixo. A figura 49 apresenta um potenciômetro logarít- mico com chave. Potenciômetros duplos Os potenciômetros duplos são utilizados principalmente em aparelhos de som estereofônicos. Existem modelos de potenciômetros duplos em que um único eixo comanda os dois potenciômetros (Fig. 50), e também modelos em que cada potenciômetro tem um eixo próprio. (Fig. 51) Fig. 50 Fig. 51 Potenciômetros deslizantes São potenciômetros em que o movi- mento rotativo do eixo é substituído por um movimento linear do cursor. (Fig. 52) Fig. 52 92 SENAI-RJ Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricas Aplicação dos resistores ajustáveis e potenciômetros Os resistores ajustáveis — e principalmente os potenciômetros — são utilizados principalmente para obtenção de divisores de tensão com tensão de saída variável. As tensões de saída dos divisores são estabelecidas pela relação entre os resistores que os compõem. Incluindo resistores ajustáveis ou potenciômetros na constituição dos divisores, a tensão de saída torna-se variável em função da resistência com que estes elementos são ajustados. Este tipo de divisor é muito utilizado nos pontos dos circuitos que exigem calibração de ponto de operação. De acordo com a posição do elemento variável, o divisor pode fornecer: — um valor de tensão máximo; — um valor de tensão mínimo; — valores de tensão máximo e mínimo. Resistore SENAI-RJ 95 Eletrônica Básica - Grandezas ElêtricasEletrônica Básica - Lei de Ohm Lei de Ohm A Lei de Ohm estabelece uma relação entre as grandezas elétricas tensão, corrente e resistência em um circuito. É a lei básica da eletricidade e da eletrônica. Seu conhecimento é fundamental para o estudo e compreensão dos circuitos elétricos. Determinação experimental da Lei de Ohm A Lei de Ohm pode ser obtida a partir de medidas de tensão, corrente e resistência realizadas em circuitos elétricos simples, compostos por uma fonte geradora e um resistor. Montando-se um circuito elétrico composto por uma fonte geradora de 9 V e um resistor de 100 Ω verifica-se que a corrente circulante é de 90 mA. (Fig. 1) Fig. 1 Bateria (9V) Miliamperímetro Resistor (100Ω) ESQUEMA Símbolo do miliamperímetro 96 SENAI-RJ Eletrônica Básica - Grandezas Elêtricasi ásica - Lei de Ohm Substituindo-se o resistor de 100 Ω por outro de 200 Ω a resistência do circuito torna-se maior. O circuito impõe maior oposição à passagem da corrente, fazendo com que a corrente circulante seja menor. (Fig. 2) Aumentando-se sucessivamente o valor do resistor, a oposição à passagem da corrente é cada vez maior e a corrente, cada vez menor. (Figs. 3 e 4) Fig. 2 Bateria (9V) Miliamperímetro Resistor (200Ω) ESQUEMA 200 I=45mA V ENTRADA = 9V R = 200Ω I=45mA Fig. 3 V ENTRADA = 9V R = 300Ω I = 30mA Bateria (9V) Miliamperímetro Resistor (300Ω) ESQUEMA 300 I=30mA SENAI-RJ 97 Eletrônica Básica - Grandezas ElêtricasEletrônica Básica - Lei de Ohm Colocando em uma tabela os valores obtidos nas diversas situações, tem-se: Fig. 4 Bateria (9V) Miliamperímetro Resistor (400Ω) ESQUEMA 400 I=22,5mA V ENTRADA = 9V R = 400Ω I = 22,5mA Observando-se a tabela de valores verifica-se que a) a tensão aplicada ao circuito é sempre a mesma, portanto as variações da corrente são provocadas pela mudança de resistência do circuito. CORRENTE (I) 1 2 3 4 9 V 9 V 9 V 9 V 100 Ω 200 Ω 300 Ω 400 Ω 90 mA 45 mA 30 mA 22,5 mA SITUAÇÃO TENSÃO (V) RESISTÊNCIA (Ω) Se a resistência do circuito aumenta, a corrente do circuito diminui.
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