Baixe sociologia - Paim e outras Notas de estudo em PDF para Sociologia, somente na Docsity! UM, Aco. Drelabro etiono brortuno
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Como indiquei precedentemente, as familias pobres são
assim definidas, nos Estados Unidos, como aquelas cuja renda
anual oscila, no exercicio fiscal (1999-2000), em torno de US$
17 mil. Num pais como o Brasil, familias com renda mensal
de US$ 1,3 mil seriam consideradas como: pertencentes à
classe média. O padrão de vida norte-americano é, entretanto,
muito alto. Dados estatísticos disponi veis para 1992!º indicam -
que 40% das famílias pobres nos Estados Unidos dispunham
de casa própria; 64% tinham automóvel e 91%,TV em cores...
Em que pese o clamor da critica contra os benefícios que a
sociedade proporciona a tais famílias através do sistema de
seguridade," o contingente de pobres, daquela forma definida,
º James T. Patterson, America's Seruggle Ata Eai 1900-1 994 (Harvard: Harvard
and Press, 1994). sintam a TEM
A crítica volta-se contra o fato de que o Welfare deu lugar ao » surgimento de uma camada
social que vive a suas expensas. Reforma republicana, só efetivada em 1995, limita a
concessão de doações financeiras a cinco anos. Mais grave é que levou à proliferação do
instituto da mãe solteira, com reflexos assustadores nos níveis de delinquência juvenil
e adolescente.
-— 72 —
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pp- 61
UNIDADE ESCOLAR DESCENTRALIZA
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COLEGIO PEDRO H
E LSCOLAR DESCENTRALIZADA DE NIT]
61. 91
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situa-se em torno de 15% da população. Esse contingente é .
' ainda menor nos outros países desenvolvidos.
A constatação que se pode fazer é de que o capitalismo”
“não só criou uma sociedade de bem-estar material, sem
precedentes na história da humanidade, como também
- alcançou invejável distribuição de renda. Na pratica realizou
“as promessas básicas do socialismo, o que se pode comprovar
“ pelo confronto entre as duas Alemanhas, efetivado em seguida,
A 3 de outubro de 1995, a reunificação alemã
completou cinco anos de existência. Desfeita a Cortina de
Ferro, ali simbolizada pelo Muro de Berlim, o Ocidente pas-
sou a ser informado de -brutalatraso econômico daquela área
(a República Democrática Alemã — RDA), que se considera-
“va a mais próspera e desenvolvida dentre os satélites sovie-
ticos.
Segundo o esquema marxista, o imperativo socialista
decorreria do fato de-a-
- obstáculo à continuidade do progresso técnico (no jargão
yropriedade privada dos meios de .
produção, na sociedade industrial, transformar-se num
marxista diz-se forças produtivas”, conceito equivoco que
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“provocou muita celeuma por envolver não só as máquinas,
“mas também os homens). Subsidiariamente, o capitalismo
roduziria, em oposição. ao pólo da riqueza, o pólo da pobreza
Pp posição ao pô q Pp E
(ainda segundo o jarpão: “pauperização absoluta e relativa
do proletariado”). Do lado capitalista (consideramos
naturalmente as nações desenvolvidas que são as únicas
“merecedoras, de fato, da denominação capitalistas, não sendo
-este o caso do Brasil, que estaria mais bem caracterizado
como patrimonialista, parente próximo dos socialistas), O
fenômeno não ocorreu. Mas, e do lado socialista?
“As duas Alemanhas prestam-se, de modo excepcional,
ao exame da questão. À mesma lingua; idênticas tradições
culturais; mão-de-obra igualmente educada e até a mesma
religião (perversamente, sendo os protestantes imensa
Na cidade de Manchester, mais da metade habitava em
sótãos. Na França, os operários têxteis trabalhavam de 16
a 17 horas por dia e recebiam salário miserável, Nas minas
de carvão da Inglaterra, as crianças arrastavam vagonetes |
pelas galerias nas quais era dificil passar um adulto, em
troca de pagamento infimo. Na Alemanha, algumas
indústrias utilizavam os serviços de menores de ate cinco
anos de idade. Em toda parte, as mulheres recebiam
remuneração extremamente reduzida. A mortalidade dos
proletários assumiu caráter alarmante. !
[De sorte que O 8
ocialismo obedece a uma-inspiração
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eminentemente moral. Os fundadores dessa doutrina provem
'todos da elite proprietária ou da alta intelectualidade. |
Exagerou-se O fato de que Proudhon tenha sido tipógr
revisor — o que se supõe haja causado viva impressão É 1
nosso Antero de Quental — enquanto se procurou dourar a
condição de fabricante de cerveja de seu pai, a exemplo de.
Jesus Silva Herzog — incumbido de preparar uma antologia, *————
publicada em 1963 =, que escreve: “su padre fue un honrado -
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elaborador de cerveza em pequena escala”. |
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Esses homens de elite, diante de uma situação real,
que se desenvolvia às suas vistas, imaginaram uma solução:
radical: abolir o capitalismo para, em seu lugar, colocar um q... ;
regime baseado na Justiça. O substrato último dessa colocação "ya
reside no suposto de que as pessoas seriam (ou poderiam a
ser), como eles próprios, seres morais : Não pretendo discutir
agora essa premissa, mas não poderia deixar de assinalar que
se trata de uma impossibilidade: sosasenepeesesa enem
Nessa altura, cabe perguntar: como se passaram as
se
| surgiram fibricas concentradoras de grandes contingentes
De o e
4 Ellauri & Baridon, Historia universal — época contemporánea, 17. ed. (Buenos Aires:
Kapeluz, 1972).
'5 Jesus Silva Herzog, Antologia del pensamiento económico-social (México: Fondo de Cultura,
— 1963).
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humanos, onde não se verificou nenhuma “fome de aço” e,
para tanto, não foi preciso mobilizar todas as pessoas aptas
“ao trabalho, mesmo crianças, € enfiá-las em soturnas galerias
“de minas subterrâneas? |
Creio que foi Silvio Romero o primeiro pensador a
enfrentar essa questão. Em Doutrina contra Doutrina inseriu
uma longa introdução com este título: “Os novos partidos
políticos no Brasil e o grupo positivista entre eles”. Nesse
texto Silvio Romero faz profissão de fé socialista mas não se
furta ao registro do carater artificial das agremiações surgidas
nopais:
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temos nós aqui tambem o nosso partido operário, segundo
todos os sintomas; temo-lo até já dividido entre três ou
quatro grupos, conforme não menos evidentes sinais [...)
As grandes leis da história hão de se cumprir também no
Brasil; nós também havemos de ter o nosso quarto estrato
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Mas para que, por prazer de imitação, ou por qualquer
“—eutro móvel ainda menos desculpável, havemos de fantasiar
fatos que não possuimos, problemas que não nos assentam
e só podem servir para aumentar a confusão, desnortear os
“espíritos e dificultar a vida da nação?'* .
“Na visão de Sílvio Romero, “as condições para. a . (0 q
existência de um partido reivindicador dessa natureza são ro?
sempre € por toda parte: pais demasiado cheio de população,
“concentrada esta especialmente em grandes cidades
industriais”. Parece-lhe, com razão, que a situação do Brasil
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em nada se assemelha à dos países industriais. Com a
pequena exceção de alguns fazendeiros, senhores de engenho
|
“ou proprietários urbanos, a grande massa é pobre, mesmo
os pequenos proprietários urbanos e rurais. Se tivessem
sido feitos aqui estudos como os que se promoveram na
Europa sobre a situação da classe operária — menciona OS
16 Sílvio Romero, Doutrina contra Doutrina, 2. ed. (Rio de Janeiro/São Paulo: Livraria
Clássica de Alves e Cia., 1895). Introdução, p. XLII.
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devidos “a Carlos Marx e Engels sobre as classes operárias
na Inglaterra; os de Bebel e Liebknecht sobre as da
Alemanha” — ninguém se lembraria de comparar aos
bur gueses ricos dos paises abastados nossa elite proprietária. |
A pequena indústria local é sempre insignificante. O país
nitidamente não dispõe de poupança para empreender o
caminho da industrialização. | Com
“Ora, sejamos francos”, continua Silvio Romero,
onde esta ai, em todas as classes, o trabalhador famélico
* que-veja suas forças exploradas criminosamente pelo
capitalismo? Não está em parte alguma, é a resposta
irrefragável. [...JÉ por isso que o caráter de macaqueação
EA EOCr Ucracia social brasileira é visivel a olhos desarmados.
- Na Europa, a grande massa estruge famélica: aqui espera
talvez fazer alguma greve pilhérica sonhada por algum
deputado ambicioso. Na Europa, quando não está na luta
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pertinaz, comemora suas datas com manifestações
assombrosas; aqui faz alguma passeata acadêmica ou vai ao
São Pedro ou ao Lucinda assistir a a algum espetáculo
burguês.” musa
Silvio Romero limita-se entretanto a fazer a
constatação e não a aprofunda, ainda que não se possa negar-
lhe o mérito-de haver contribuido para o surgimento da
sociologia brasileira, isto é, O empenho. de voltar- -se para a”:
realidade social e tentar compreendê-la. Mas, na verdade, o
culturalismo sociológico que introduziu em nosso meio
demorariá muito até descobrir o significado da valoração
moral, na obra de, Oliveira Viana.
Como se vê, o socialismo da geração brasileira que
fez sua aparição nas últimas décadas do século XIX não tem,
do lado da sociedade, nada que lhe corresponda autenti-
f + . . Ff : .
camente. Essa espécie de socialismo é, portanto, anterior ao
“Capitalismo.
” Silvio Romero, op. cit., p. XLVH,
O Ego ea = a aaa a o
Do que precede, parece evidente a longa sol sobrevivência,
em nosso meio, da moral contra- reformista, que, aliás, tem
passado incólume, isto €, sem merecer a necessária avaliação
crítica, razão pela qual procurei fazê-lo precedentemente.
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Há muita discussão das efetivas
proporções de nosso contingente de pobres, mas estamos
longe de ter atingido uma situação como a que chegou a
Rússia. O nosso sistema previdenciário é limitado mas
constitui um ponto de partida. De todos os modos, não
devemos alimentar ilusões quanto ao poder da burocracia
patrimonialista. Aplica-se tanto ao Brasil quanto à Rússia
esta advertência da sabedoria popular, que parece ter
decorrido do contato com o Estado Patrimonial: o diabo é
perigoso porque é velho. É preciso levar em conta que o
— B9 ——
segmentos espalhados da população. E
“7
patrimonialismo brasileiro, por suas origens ibéricas, é tão
antigo quanto o russo. Assim, cabe determo-nos nos
ensinamentos que poderiam advir da mencionada tentativa
de sair do patrimonialismo.
A primeira advertência é quanto aos prazos de
efetivação e à profundidade da desestatização. Embora não
haja propriamente uma teoria do desenvolvimento
' econômico, esta provado que a he emonia — ou a a presença
expressiva — € do Estado na economia leva à estagnação. Foi
assim não apenas no Leste Europeu mas igualmente na Europa
“Ocidental. A desestatização radical e a abolição da rigidez
nas relações de trabalho permitiram à Inglaterra-retomar o
desenvolvimento eliminando o desemprego. Nos demais
países da União Europeia, embora se haja rompido com a
estagnação econômica, as taxas de desemprego continuam
“altas, O que; muito-provavelmente, tem a ver com o fato de
que as relações de trabalho permanecem intocadas ca
desestatização marcha a passos lentos, dilatando-se no tempo. -
Ja privatização dos grandes monopólios estatais,
notadamente na esfera da: energia, permite disseminar
“investimentos em pontos diversificados, fazendo com que os
beneficios da Previdência comecem a ser sentidos por
É
preciso “reconhecer
“que O patrimonialismo, longamente praticado leva a
- população a aceitar o paternalismo estatal como coisa natura al
-Contingentes de maior ou menor expressão consideram que
“se trata de um bem. Num quadro desses deve-se reconhecer
que muitos hão. de considerar a privatização como mal. Em
tal circunstância, é preciso levar em conta a perspicácia de
dos mortais considera como mal, precisa ser feito de uma só
vez pelo governante.
E não apenas isso. Quando mais não seja, por simples
instinto de sobrevivência, os patrimonialistas resistirão com
unhas e dentes. Prolongando a sua permanência, em postos-
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“Maquiavel quanto à necessidade de que, aquilo que o comu A
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“x não viver exclusivamente das contribuições correntes —, não o É
» à há por que usar seus recursos para atender à indigência, 2
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aja ia (incapacidade de de
completa com a'tese de que :
suprir a própria subsistência) não pode ficar na exclusiva
dependência da caridade privada. E reciso destinar recursos
ara eliminar aquela condição. A adoção desse
públicos
princípio permitiria sanar as dificuldades do sistema
previdenciário oficial. Além de que precisaria dispor deuma ,., pn
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base atuarial (isto é, renda proveniente de aplicações) — para ' Jur
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|
n Bastaria o governo destinar àquele fim o dinheiro do Tesouro
ue tem canalizado com a Petrobras — ou para tapar os
rombos do Banco do Brasil — que o problema seria resolvido.
Numa circunstância dessas, a instituição poderiraté mesmo
reduzir certas aliquotas, que sobrecarregam=os-eustos das
empresas, reduzindo-lhes a competitividade.
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À luz da proposta liberal assim concebida, , à reforma
previdenciária encetada pelo governo é parte do processo de
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“sair do patrimonialismo”, reciso acabar com.os privilégios
É escandalosos em matéria de * aposentadoria. Esse objetivo,
“contudo, teria que se fazer acompanhar da elevação da
“capacidade de poupança da grande massa, a fim de habitua-la TU
à idéia de que a manutenção dos padrões de bem-estar
material, que hajam copjuptádo, es pendE à respon-
o paternalismo se Para tanto, contudo CR não o podem
perdurar as regras segundo as quais a cada sabio destinado
ao empregado; “ovempregador recolhe valor equivalente a
120%, gerido pelo Poder Público. A À desregulamentação das
relações de trabalho torna-se, portanto, essencial.
A par disso, a desregulamentação deve abranger
“outros segmentos da vida social, Sem a pretensão de esgotar
". O tema, enfatizaria o seguinte:
1. Em matéria de formação profissional, a ingerência
pública teria de limitar-se aquelas atividades que
podem causar riscos e danos à sociedade, como a
— 94 —
3.
medicina, as engenharias e a prática do direito.
Ainda assim, a supervisão ficaria, preferen-
temente, a cargo de entidades organizadas pelos
proprios interessados, a exemplo da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB). No caso da saúde,
como o exercício profissional é praticamente
automático deveria caber à Associação Médica
Brasileira autorizar o funcionamento dos cursos
respectivos. Nessa maneira, aliás, o Brasil é éo
* único pais do mundo o que e diploma n mais de 10 mil
médicos por ano, o que é literalmente impossível,
“se tivermos presente que a formação daqueles
profissionais está associada à prática hospitalar,
Nas engenharias, os Conselhos Regionais de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea)
poderiam . servir como a base e requerida pelo......... ne
acompanhamento. Todos os demais cursos
ficariam livres de qualquer ingerência pública, e
a existência dos atuais Conselhos deixaria de ser
. f . . . na +
obrigatória, ficando a decisão relativa à sua
sobrevivência a cargo dos profissionais de cada
area.
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O Estado seriá afastado da avaliação dos sistemas
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| educacionais. Criar-se-iam incentivos capazes de
a O ta ee? om RR A um a a
; estimular a concorrência entre instituições que
se dedicassem aquele mister, “de preferência diga
—-—a mam me
* nizadas por associações de pais ou entidades congê-
|; neres, instando-as a adotar critérios objetivos;
- na medida do possível associados ao mercado.
O sistema de organização de empresas seria sim-
* plificado, levando em conta a experiência
“internacional. Na Itália, as pequenas e médias
empresas (que em alguns casos podem contratar
até duzentas pessoas, por acordo entre as partes)
estão dispensadas de ter contabilidade, fixando-
ogro
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PER RE
no
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angelo =
se em comum acordo níveis de lucros passíveis
de tributação, patamares revistos periodicamente
para ajustá-los à realidade.
|
| O espírito dessa desregulamentação seria simplificar
a ida dos cidadãos. Para dar mais um exemplo: não há
nenhuma razão que j justifique vistoria em automóveis no
nim
mesmo ano de sua fabri icação: E uma praxe que se lorva
apenas do interesse em “criar dificuldades para vender
facilidades”, isto é, fomentar a corrupção, como é precisamen-
— te o caso d dos Departamentos Estaduais de Trânsito (Detran). io me
Em matéria de política pública de saúde, embora a
amas mas - a 1 » ua .
nação não haja sido arrastada à sua discussão — como precisa
ocorrer, a exemplo da Previdência —, tudo indica que o
segmento populacional que depende do sistema público s situa-.
“se nas camadas de mais baixa renda. Aqueles hospitais e
Fen serviços que escapam a essa regra e precisam ser públicos een
jAesmo seria talvez o caso dos prontos-socorros) deveriam
iser cobrados. À maioria-dispõe hoje de Planos de saúde. O
a pi r
que parece claudicar é o sistema de fiscalização.
Finalmente, não sairemos do patrimonialismo sem um
- sistema político capaz de funcionar e que seja acatado. Ao
longo do periodo republicano, durante mais de um século,
“portanto, não tivemos liberdade para estruturá-lo,
“interrompendo se abruptamente a experiência imperial. Nas
maiores nações desenvolvidas, os grandes partidos políticos
são longevos. Na Inglaterra, o mais novo é o Partido
Trabalhista; com quase cem anos. Nessa matéria é espantosa
tanto a falta de paciência de expressivos contingentes da
população como a maneira leviana com que os meios de
comunicação consideram o problema. Até parece que se
acham de todo empenhados em criar o caldo de cultura
requerido para o novo tipo de ruptura institucional inventado
na América Latina, como ocorreu na Venezuela, onde a
destruição do sistema representativo é autorizado pelo voto.
Seria esquecer todos os sacrifícios que temos feito desde o
et"
as
“ f .
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início da abertura politica, que, convém lembr
e ar, é a terceira
uar
q a tentativa: que se empreende na Re pública, À
insi
stência no comportamento descrito equivale a, m
' ar ais uma
ez, caminhar naquela direção.
VIAS DE SUPERAÇÃO DA MORAL CONTRA-REFORMISTA
qa
Vo
| “Conforme indicamos, a moral contra-reformista
constitui uma tradição arraigada em nosso meio, com dois
renda,
O 1) Primeiro, tem sido sucessivamente alimentada pela
— — Igreja Católica, que continua reafirmando, entre nós, a sua
pas
opção pela pobreza e sua recusa do capitalismo, em que pese
a circunstância de que, sob João Paulo II, aquela-igreja-haja--
|
fixado novo posicionamento.
Ubiratan Macedo teria oportunidade de registrar que,
na encíclica O centenário da Rerum Novarum (1991), o papa
=. o ABRIR, em que, se bem a “Igreja não tem modelos a propor
[...] reconhece o valor positivo do mercado e da empresa”,
para, em seguida, proceder a esta transcrição, em que
responde à pergunta se o capitalismo seria o sistema adequado
ao Terceiro Mundo:
——, EE, es
as ajudem terre reeecentesa masa so a nrnt const
Se por “capitalismo” se indica um sistema econômico que
reconhece o papel fundamental e positivo da empresa, do
mercado, da propriedade privada e da consequente respon-
sabilidade pelos meios de produção, da livre criatividade
humana no setor, a resposta certamente é positiva, embora
talvez fosse mais apropriado falar de economia de empresa
ou de economia de mercado, ou simplesmente de economia
livre. Mas se por capitalismo se entende um sistema onde
a liberdade no setor da economia não está enquadrada
num sólido contexto jurídico que a coloque a serviço da
liberdade humana integral e a considere como uma
particular dimensão dessa liberdade, cujo centro seja ético
e religioso, então a resposta é, sem dúvida, negativa.
e —————
E, logo iba, comenta Ubiratan Macedo:
Impossivel pedir uma mais completa adesão ao capitalismo
ocidental moderno; o que rejeita é o capitalismo
manchesteriano do início do século XIX sem lei social
alguma. Mesmo porque, antes da pergunta já o papa
| escrevera:
N | exploração, pelo menos nas formas analisadas e descritas
i por Karl Marx.
- No Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB) ignora solenemente essa revisão e continua com-
E
“poitando- -se como um | partido político cujo propósito é violar
ema re e
| as regras da convivência democrática e levar-nos a uma
“ditadura do tipo cubano, por-mais anacrônica que possa
' parecer semelhante postulação. Alimenta-e insufla o
“radicalismo do Partido dos Trabalhadores (PT) e dos.
“movimentos que lidera, a exemplo do Movimento dos
“Trabalhadores Sem Terra (MST).
a “Segundo, de parte da intelectualidade não há o menor
interesse na avaliação critica do contra-reformismo, seguindo
alias outra de nossas tradições. De modo que parece vã a
suposição de que o Brasil possa mudar pela educação. Para
tanto teria ao menos de haver uma proposta que considerasse
ts mo
9
Ubiratan Macedo, Liberalismo e justiça social (São Paulo: Ibrasa, 1995), p. 100.
—— L128 —
“Na sociedade ocidental foi NA
1
AE
A
“patrocínio do Institute for the Study of Economic Culture,
“patrimonialismo c ao cientificismo contribui para. dar
Lp
em que atua no sentido de reforçar as instituições do sistema us y g,
| representativ o. Embora não tenha conseguido à imprimir seus dá
| possibilidade de que, como resultado do surto-das religiões
e
“o mesmo, dessa vez na América Latina.
a questão moral em sua inteireza. Ao contrário disso, O
par a
reforçar as teses ocas d: | moral contra- reformista, destilando
near e |
cientificismo € O o patrimonialismo têm contribuido
cacem cce masa
|
ódio contra o lucro c a riqueza, |
mo
Entretanto, o quadro não é de total desesperança, |
mesmo porque ninguém sabe como as tradições culturais
perdem ou ganham impulso. A A linha de combate ao
crescente vitalidade às nossas tradições liberais, na medida qu
rumos ao país, aquelas tradições tampouco desapareceram,
por mais que, de tempos em tempos, esse desfecho seja
mama,
trombeteado.
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A par disso, estudiosos têm chamado a atenção para à
evangélicas, criem-se no pais condições favoráveis ao
great
. capitalismo. O Em Tongues of Fire, o autor fundamenta a tese .
o aan
de que o mencionado surto representa uma espécie de terceira
onda de expansão do protestantismo, sendo a primeira devida
aos presbiterianos, ea segunda, aos metodistas. Em ambas
as circunstâncias, a primeira na Inglaterra e a segunda nos
Estados Unidos, formaram-se economias capitalistas sólidas,
o que o leva a concluir que, muito provavelmente, ocorrerá
Td
e Me ma meme
dedicado ao tema “The Culture of Entrepreneurship”, sob o
da Universidade de Boston, David Martin preparou um
documento intitulado The Economic Fruits of the Spirit, cujas
teses principais são resumidas a seguir.
Do sentem — emp — e —
David Martin, Tongues of Fire (Oxford: Basil Blackwell, 1990).
" David Martin, “The Economic Fruits of the Spirit”, em The Culture of Entrepreneurship
(São Francisco: ICS Press, 1991), pp. 73-84.
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