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ENCICLOPÉDIA PRÁTICA
DA CONSTRUÇÃO CIVIL
TEXTO E DESENHOS DE
| 16
PEREIRA DA COSTA
“OBRAS DE
ESIGNAMOS por obras de cantaria todos os trabalhos
de construção civil executados com pedra apare-
lhada, como sejam escadas, pilares, colunas, pi-
astras, socos, forros, cimalhas, faixas, guarnecimentos
le vãos, balaustradas é outros que não enumeramos por
desnecessário.
De entre as obras de cantaria notamos as que se exe-
zutam em ligação completa com a alvenaria e aquelas
que se constroem separadamente, como sejam arcos or-
aamentais, fontes, colunatas, escadarias, etc.
As edificações que comportam cantarias são consi-
deradas de maior valor sob o ponto de vista comercial
EM
Je Largura di lso-—
Espeto
CANTARIA
e de maior riqueza, pela sua incontestável imponência.
sob o ponto de vista arquitectônico.
A cantaria é na Construção Civil o material mais
rico. .
Os edifícios com as fachadas possuidoras de canta-.
rias, ainda que só em envasamentos, guarnecimentos, pi-
lastras, faixas e cornijas, têm um valor incontestável;
uma importância acima de todas as suposições orça-
mentais.
Quando, porém, no seu conjunto construtivo e artis-
tico se junta a obra escultural de cantaria 2 sua esti-
mativa é insuperável,
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Pesada
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Fig. 1— GUARNECIMENTO DE UM VÃO DE SACADA
(Alçado e Corte)
eae rs ic mis
OBRAS DE CANTARIA
PRELIMINARES
A aplicação de cantarias num edifício dá-lhe ri-
queza, não só pelo seu valor como pelo aspecto
e nobreza da sua arquitectura.
Nas edificações de modesta condição apenas se as-
sentam cantarias a guarnecer os vãos de portas e janelas
e nada mais. Nas casas de grande preço empregam-se
cantarias não só nos guarnecimentos dos vãos, como tam-
bém no revestimento das paredes, nos socos e nas cor-
nijas.
Em geral os degraus de convite de qualquer prédio
de rendimento também são construídos de cantaria.
O uso das cantarias é assaz grande nas construções
do nosso país, em qualquer aplicação exterior nas facha-
das ou interiores.
Num conjunto de uma obra de cantaria ou num sim-
ples guarnecimento de vão, as pedras ligam-se entre
sie à alvenaria onde têm lugar por gatos de bronze ou
de ferro zincado.
Os blocos de pedra ligam-se também uns aos ou-
tros por cavilhas ou pernes de pedra, como por maihe-
tes e respigas que entram nas mechas (Fig. 2).
Com chumbo derretido prendem-se os gatos e dá-se
às pedras em ligação a justeza necessária. Actualmente
para certas ligações aplica-se com bom resultado massa
e calda de cimento.
:As cavilhas de pedra não são mais do que uma es-
pécie de respigas ou pernes de cantaria.
Os gatos e pernes metálicos entram numas pequenas
escarvas abertas nas cantarias — os chumbadouros, onde
se lhe vaza chumbo derretido. As vezes para o chumbo
não cair faz-se junto dos chumbadouros um pequenino
vazo de barro que depois se desfaz.
Depois de todo o assentamento das pedras proce-
de-se ao enchimento dos espaços vazios com calda de
cimento ou gesso amassado com água.
Em determinados trabalhos as pedras ficam bem se-
paradas do maciço da alvenaria e nesse Caso a sua se-
E
le de art
Fig. 2— CABEÇAS DE FORRO APARELHADAS E LIGA.
ÇÕES DE PEDRAS
—2—
gurança fica dependente da aplicação de gatos. Se, po-
rém, as pedras ficam encostadas ou quase encastadas às
paredes a sua ligação com elas é simplesmente feita com
massa ou calda de cimento.
No nosso desenho (Fig. 2) mostramos as diferentes
ligações das pedras com as respigas cortadas da própria
pedra e emechzdas nas escarvas abertas como malhete,
e ainda as ligações com os gatos de bronze ou de ferro
galvanizado apertados em chumbo.
CANTARIA
À designação generalizada de cantaria é dada às
pedras cortadas regularmente e aparelhadas. As
pedras de cantaria são utilizades nos guarneci-
mentos dos vãos de portas e janelas, cevestimentos de
paredes, socos, faixas, pilastras, colunas, pilares, moldu-
ras e em muitos outros trabalhos de edificação.
Às cantarias mais usadas mo nosso país são as de
lioz e granito, além de uma grande variedade de pedras
das diferentes regiões.
Quando as pedras são de grãos finissimos e de cores
espelhadas, permitindo um aparelho delicado ao mã-
ximo, têm a designação de mármore.
De todas as pedras de cantaria é o granito a mais
dura e de grande resistência, sobretudo o do norte do
país. O foz é uma pedra de grande apreço pelas suas
boas qualidades de adaptação e é oriundo dos arredo-
res de Lisboa.
Quase todas as regiões do pais possuem magníficas
canfarias de boz contextura e colorido.
A extracção das pedras é, como se sabe, feita nas
pedreiras trabalhadas à céu aberto, e depois sercadas,
nes senrarias, em blocos de formas geométricas. É des-
tes blocos que saem as diferentes peças destinadas às
construções, preparadas nas oficinas de canteiro.
O operário gue trabalha a cantaria é o canteiro.
São muitas as variedades de cantaria que entram nos
trabalhos da nossa Construção Civil.
ESTEREOTOMIA
aplicação da geometria descritiva no corte dos blo-
à cos de madeira ou de pedra, baseada no estudo das
projecções, tem a designação de estereotomia. Este
princípio científico aplica-se no corte das pedras que
constituem qualquer parte de um todo, como sejam, por
exemplo, as aduelas de um arco ou de uma abóbada, os
pedaços de círculo de um vão circular e as peças com-
Donentes de uma cimalha, obedecendo às normas da sua
estabilidade.
A divisão do conjunto em pedras separadas, que
assentes no seu lugar justapostas ou interpostas dêm &
obra a segurança conveniente, dentro das leis da Está-
tica, são Os princípios em que se traçam os cortes ou
espessos das pedras, segundo a Esfereotomia,
EEN
pa a
OBRAS DE CANTARIÃ
cal, levando como de costume as palmetinhas de ma-
deira que melhor acomodam toda a cantaria. -
“Todas estas peças de cantaria são furadas do lado
da gola e também do lado da aduela. Em geral os furos
da aduela são estreitos e recebem buchas de madeira para
a fixação dos aros de aduela. Os furos da gola são quase
sempre de 9 ou 12 milímetros, conforme o volume das
cantarias. e são cheios de clmumbo em fusão onde fica
a porca dos parafusos a aplicar nos aros de gola. Estes
furos com chumbo são os chumbadouros e ficam equi-
distantes uns dos outros.
'iNa Figura 7 mostramos o guamecimento de canta-
ria visto pelo tardoz, onde podemos observar a dispo-
sição dos furos para os chumbadouros que hão-de rece-
be os parafusos dos aros de gola, cujo pormenor se
acha deserhado no interior do vão.
Neste mesmo desenho vemos também a localização
das palmetas de madeira metidas nos topos das ombrei-
ras, duas em cada um, e tanto do lado da cabeça como
do lado da gola, que é o tardoz do vão que observamos
neste estudo.
Sob o peitoril também igualmente vemos duas pal-
metinhas em cada extremidade, pois que auxiliam o as-
sentamento nivelado do zresmo sobre as pedras do ele-
gimento, como já descrevemos.
IA verga assenta nos topos das ombreiras onde se
aplica wma ligeira camada de argamassa de cimento e
areia ou mesmo de cal e areia. Às palmetas auxiliam o
bom nivelamento.
iNas obras em que os guamecimentos são de grande
largura de cabeça e de espessura de aduela têm de apli-
car-se gatos e pernes de bronze.
A melhor argamassa para utilização no assentamento
exterior das cantarias é a hidráulica, tanto de cal como
de cimento doseada com areia. Esta argamassa não au-
xilia o aparecimento de musgo nem de outros parasitas
vegetais.
'Nos vãos de portas o assentamento do guarneci-
mento inicia-se pela soleira que se apoia sobre as pedras
do elegimento onde também nos servimos das palmetas
de madeira para o seu nivelamento, 'As extremidades são
gateadas para as pedras da alvenaria.
'Sobre as soleiras, como sobre os peitoris, respectiva-
mente nos vãos de portas e de janelas assentam-se as
ombreiras devidamente aprumadas. Para se manter O
galgamento do vão em toda a sua altura servem-se os
pedreiros de escantilhões. Nos vãos de portas assentam
-Se quase sempre sobre as soleiras os socos, onde por
sua vez sobre os seus topos tomam lugar as ombreiras.
Entre os topos dos socos e das ombreiras servimo-nos de
argamassa e das palmetas de madeira, como sucede com
todas as peças de cantaria.
“Os arcos de gola também são chamados arcos de pe-
draria e no norte do pais, designa-se a gola por dente
e a aduela por cabeça de dente A gola também no
norte chamam batente.
Antigamente, nas construções de Lisboa, não era
costume assentarem-se os socos sobre a soleira, porque
ela ficava entalada entre eles Os socos montavam sobre
um leito ou eligimento deixado na alvenaria para esse
fim, Este sistema de assentar soleiras tinha vantagens
guando sobre elas passavam veículos pesados, porque
depois de danificadas facilmente eram substituídas.
Ebumia-
sburo na
gola dia
contaria
Jomireira
fubeçar
«dor
+ +
Parafusos
Pestortl
+
Fig. 7 —GUARNECIMENTO DE UM VÃO DE
JANELA VISTO PELO TARDOZ
Pig. 8 — PORMENORES DE PEITORIS DE
CANTARIA
—5—
ÓBRAS DE CANTARIA
ENVASA
D ESIGNA-SE envasamento o forro de cantaria assente
ma frente das fachadas das edificações. A espes-
sura deste forro oscila geralmente de 0,06 a 0,10
ea ligação à alvenaria é feita com calda de cimento ou
<om gatos de ferro galvanizado.
As pedras componentes deste envasamento devem
ficar bem aprumadas e nas suas fiadas, para que o seu
nivelamento fique perfeito, aplicam-se as palmetas de
madeira, que também servem para evitar o esmilha-
mento das arestas.
Muitas vezes os envasamentos são constituídos sim-
plesmente por enxilharia, como noutro caderno (') já
expuzemos.
As diferentes fiadas das pedras que formam o forro
são ligadas com pemes de ferro galvanizado (7).
Os aparelhos a aplicar nos forros são variados, de-
pendendo dos pormenores do projecto da obra, ficando,
porém, sempre bem observado o golpe de aresta.
Nunca é conveniente dar pouca espessura às pedras
dos forros, porque com o rodar do: tempo as juntas
alargam e elas perdem a sua estabilidade na descon-
juntura. Outro inconveniente que a pouca espessura das
pedras apresenta é o caso dos lesins, das cavidades e dos
veios de ferro abrirem, dando lugar a fendas de difícil
reparação.
Fig. 9— ENVASAMENTO DE APARELHO RÚSTICO
Os envasamentos devem entrar no terreno pelo me-
nos cerca de 0,15, para evitar que com a terraplanagem
do local ou com o alinhamento da rua ou do passeio fi-
quem mais altos, mostrando um espaço vazio que mes-
“ mo que se-tape é sempre de mau efeito.
Os envasamentos podem comportar qualquer tipo de
aparelho, formarem os mais variados traçados arquitec-
(1) Cademo N.º 14 Obras de Alvenaria.
() Nas obras de grande categoria aplica-se brosze nos gatos
e nos pernes em vez de fesro galvanizado.
—“6—
MENTOS
tónicos e serem construidos de qualquer qualidade de
cantaria, desde que seja bastante dura e isenta de lesins.
As pedras de grão fino não são convenientes para este
género de trabalho, porque a acção do tempo desgas-
ta-as com facilidade.
Para os envasamentos são aconselháveis os apare-
lhos mais grossos, mas nas boas edificações usa-se fre-
Fig. 10— SOCO DE FORRO DE CANTARIA
quentemente um pico fino tendo cada pedra o seu en-
quadramento num golpe de aresta (Pig. 10 e 11).
Para as casas de rendimento está muito indicado o
aparelho abujardado e nas velhas construções usava-se
a silharia, como descrevemos quando tratâmos das alve-
narias.
O assentamento dos forros e dos socos ou de qual-
quer tipo de envasamento, com pedras de 0,10 de es-
Fig. 11— SOCO DE FORRO DE CANTARIA
pessura ou menos, deve ser feito com calda de cimento
e com gatos e pernes. Quando a espessura das cantarias
- é assaz grande faz-se a integração delas com a alve-
naria.
Quando o envasamento é faciado a pico fino, a jun-
ção das pedras é feita com mechas de gesso ou com
massa de cimento branco.
ea
é
É
É
s arcos dos vãos de portas e janelas nas fachadas
O revestidas de cantaria, quando não são guarne-
“ cidos com ombreiras e arquívoltas, têm as ombrei-
ras e as vergas em plena concordância com as fiadas
gerais de todo o revestimento.
Assim, os espessos da cantaria que cobre os arcos
têm de obedecer a um traçado especial a que se dá a
designação de convergência.
Hã vários processos de traçar as convergências, to-
dos mais ou menos interessantes e muito práticos, ba-
seados mos grandes princípios clêssicos da Arquitectura.
De entre os melhores damos quatro processos apli-
cáveis a quatro diferentes tipos de arcos, unas que se
adaptam perfeitamente a todas as restantes construções
curvilíneas.
Convergência do Arco de Volta Perfeita-—(Fig. 12)
— Depois de desenhadas todas as fiadas do revestimento
da fachada, divide-se o arco pelo intradorso num nú-
mero impar de partes iguais, cujos raios convergem, como
é natural, para o centro.
O prolongamento das linhas, da aresta do arco para
as fiadas da fachada, dá o espesso das pedras que for-
mam as aduelas do arco. Traçado simplissimo e de bo-
nito efeito.
Convergência do Arco Sobrebaixado (Arco Abatido
de 1 Centro) — (Fig. 13) — Divide-se o infradorso do
arto num número impar de partes iguais, cujos raios,
OBRAS DE CANTARIA
CONVERGÊNCIAS
como no traçado do Arco de Volta Perfeita, convergem
também para o centro inscrito na Enha do eixo.
O prolongamento das linhas até ao encontro do tra-
cado das fiadas do revestimento da fachada, dá o es-
pesso de todas as pedras que formam e fecham 6 aro.
Este traçado é. por conseguinte, idêntico ao da con-
vergência do Arco de Volta Perfeita.
Convergência do Arco Abatido de 3 Centros (Fig.
14) — Divide-se o arco pelo infradorso num número
impar de partes iguais, como nos traçados das conver-
gências dos outros arcos atraz descritos.
A primeira divisão de cada lado das nascenças do
amco converge para Os centros inscritos na linha da lar-
gura do arco, os pontos 2 e 3 da construção da obra.
As divisões inscritas na parte central do intradorso
do arco convergem para o centro inscrito na linha do
eixo, o ponto 1.
Como nos outros traçados o prolongamento das l-
nhas até ao encontro das fiadas do revestimento da fa-
chada, dá o espesso das pedras que fonmam as aduelas
da verga do arco.
Convergência do Arco Ogival — (Fig. 15) — A
construção deste arco é bastante curiosa, como interes-
sante é todo o traçado da sua convergência.
Estabelecida a largura do arco À-B, divide-se essa
tinha em quatro partes iguais, e. assim, obtemos os pon-
tos A-a-0-b-B. O ponto O é o eixo do arco.
Fig. 12— CONVERGÊNCIA DOS ARCOS DE VOLTA PERFEITA
OBRAS DE CANTARIA
CU NHAIS
O ângulos ou esquinas das edificações que têm a
designação de cunhais são geralmente nas bozs
obras revestidos, quando não konstruidos, de
cantaria, em concordância com o envasamento e com &
cornija, formando um enguadramento de fachada con-
veniente, dentro do estudo arquitectónico preconcebido.
Os cunhais podem ser construidos por blocos de
pedra de qualquer grandesa em paralelepipedos, por fia-
das regulares, maciços ou por pedras serradas, quento
à sua contextura e a respeito do seu aspecto podem ser
de superfície plana, de juntas refendidas e de alhetas.
L
com várias pedras. Nos cunhais de alhetas só se aplica
geralmente uma pedra de face se é constituido por pe-
dras serradas (Fig. J7-D e E).
Se, porém, o cunhal é maciço (Fig. 17-B) cada fiada
é uma só pedra, repetimos. Assim assepta-se sobre o
soco uma pedra estreita e seguidamente faz-se o assen-
tamento de uma pedra mais larga, depois uma mais es-
treita e assim sucessivamente até se atingir a cimalha
que deve apoiar-se, sempre, numa pedra larga. É apeuas
questão de fazer-se a divisão da altura do cunhal no nú-
mero de pedras que assim convenha.
Nalgumas obras também, como nas pilastras, apli-
cam-se juntas refendidas, tanto rectas como triangulares.
Os aparelhos das pedras dos cunhais são quase sem-
pre de igual sistema em toda a obra; no entanto têm-se
feito construções em que os cunhais apresentam apare-
lhos diferentes das restantes cantarias e até mesmo de-
corados com molduras, tal qual como se pratica com as
pilastras.
Fig. 16-DIVERSOS TIPOS DE CUNHAIS REGULARES
Quando os paralelepípedos que formam o cunha)
têm espessura que atravessa as paredes têm o nome de
juntoiras.
Os cumhais de alhetas, que tanto podem ser regula-
res como desencontradas, segundo o projecto da obra
constroem-se sempre, conforme os traçados clássicos,
com as pedras estreitas no início, sobre os socos ou en-
vasamentos, como indicamos nos mossos desenhos (Fig.
18-A).
Os cunhais de feces regulares (Fig. 16) tanto po-
dem ser constituídos com uma só pedra de face como
Fig. J7— PLANTAS DE DIVERSOS TIPOS DE CUNHAIS
— 10 —
RE
IH
JE
«Lot
Fig. 18— DIVERSOS TIPOS DE CUNHAIS DE ALHETAS
Na Fig. 17 apresentamos as várias plantas dos di-
versos tipos de cunhais, que vamos descrever suscinta-
mente, Assim: A) — Cunhal de faces iguais construido
por pedras de forro; B) — Cunhal de alhetas construido
por pedras grossas; C) — Cunhal constituído por uma só
pedra na sua largura; D) — Cunhal de alhetas consti-
tuído por pedras delgadas; E) — Cunhal de alhetas de
faces desiguais.
Porém, ao finalizar este estudo lembramos mais uma
vez aos estudiosos que, classicamente, o assentamento
das pedras que constituem as fiadas dos cunhais de
alhetas deve principiar por uma pedra estreita e ter-
minar, em cima, por uma pedra larga.
'O cunhal apresentado na Figura 18-B é também vul-
garmente denominado de paralelepípedos, pois que sa-
bemos que é construido de pedras com essa forma geo-
métrica, com as superfícies das faces todas iguais,
No assentamento ' dos cunhais constituídos por pe-
dras de forro é da maior conveniência a utilização de
bons gatos e pernes ligados para a alvenaria,
OBRAS DE CANTARIA
FA
à faixa é uma moldura clássica aplicada nos enta-
blamentos das ordens arquitectónicas, mas àparte
essa função tem geralmente em todas as facha-
das, mesmo nas mais modestas, um destaque sobrema-
neira importante.
É pois destas faixas que fazemos o nosso estudo nes-
ta ocasião (7).
A faixa é, como o seu nome faz antever, uma peça
de cantaria de pouca altura, assente encastrada na parede
em todo o comprimento das fachadas. O seu assenta-
mento pode fazer-se gateando-a para as pedras de alve-
maria ou simplesmente empregando argamassa de ci-
mento e areia para completa ligação com toda a parede.
O comprimento total de uma faixa pode ser consti-
tuido por vários pedaços de cantaria, ligados no con-
junto por gatos de ferro galvanizado ou de bronze.
Este tipo de fáixa pode ser apenas liso ou conter
várias molduras obedecendo ao projecto da obra.
Para o bam assentamento é conveniente que as pe-
dras não sejam muito delgadas. É aconselhável que as
pedras das faixas tenham pelo menos 0,10 de espessura.
Nas boas construções é normal deixarem-se a estas mol-
duras uma cauda que,por vezes ultrapassa 0,15
A cabeça e as restantes faces recebem o aparelho
indicado para as cantarias de todo o edificio que recebe
a faixa. -
As faixas assentes nas fachadas indicam quase sem-
pre a separação dos diferentes pisos de um edifício.
Nas consiruções de somenos importância as faixas
são construídas de massa.
Como mostramos no nosso desenho (Fig. 19) as fai-
xas a aplicar nas vulgares fachadas podem ser conce-
bidas de qualquer forma e com quaisquer molduras, den-
tra do clássico ou fora dele.
As faixas entram na construção como elemento de-
corativo, acertam com as pilastras e combimam-se com
todos os motivos de cantaria que entram na composição
dos alçados.
X AS
(As fachadas poderão conter mais de wma ordem de
faixas, dependendo tudo da altura do edifício, pois que
em geral, como atraz dissemos, as faixas quase sempre
indicam a separação dos diferentes andares que com-
põem a obra, mas o estudo do projecto pode muito bem
conter faixas em qualquer altura ou mesmo duplicadas.
Os aparelhos a adoptar nas pedras destinadas ao
conjunto das faixas podem ser os mais diversos, de-
vendo no entanto concordar com os aparelhos das res-
tantes peças de cantaria de toda a obra.
Os topos das diferentes peças que compõem o com-
primento de uma faixa são ligados entre si por gatos
*« pernes de bronze ou de ferra galvanizado ("*) e ainda
por uma leve camada de argamassa de cimento e areia.
Quando a altura das faixas não é grande, não ultra-
passando 0,20 ou 0,25 , a cantaria a utilizar é a que é
vendida no mercado com a designação de lancil, que são
peças de pedra com a largura e a espessura até 0,25 de
cada lado.
As faixas estabelecidas pelos princípios básicos das
Ordens 'Arquitectónicas serão motivo de estudo no se-
guinte caderno desta Enciclopédia.
Em certas construções desprovidas de cantarias as
Faixas são construídas de massa e quando atingem gran-
de saliência são construídas de tijolo furado, rebocado e
esboçado como toda a fachada e suas sacadas.
Para que da aposição das faixas se obtenha bom re-
sultado estético nas fachadas dos edifícios que as devem
conter, é conveniente que os pedreiros as deixem ficar
bem niveladas, porque se elas ficam fora de nível o re-
sultado é desastroso.
Quando as pilastras são consteuídas de pedra com
"as arestas lisas, também as faixas deverão ser lisas.
(*) Ver Molduras no Coderno Nº 17 desta Enciclopédia,
**) O inventor da galvanização foi o fisico italiano Galvani
(1737-4798).
E
Fig. 19 — DIVERSOS TIPOS DE FAIXAS
— Ii —
OBRAS DE CANTARIA
CORPOS DESTACADOS
A designação geral de corpos destacados dada a co-
f lumas, pilares, pilaretes, balaústres, marcos, colu-
neis e outros motivos arquitectónicos é Jhes atri.
puída por se separarem, segundo as conveniências, do
maciço da construção. Estes motivos têm na cantaria o
eu melhor material de execução.
Actualmente quase todos estes trabalhos são em al-
gumas edificações construídos em tijolo e em betão ar-
mado. Porém, é na pedra aparelhada que vincam todo
> seu valor arquitectural num volume apreciável que,
:omo já temos acentuado, dão aos edifícios não só ri-
queza mas também a mais clara noção da eternidade.
” BALAÚSTRES
O s balaústres, que mais não são do que umas peque-
minas colunes, têm na arquitectura clássica alguns
tipos próprios, de bonito efeito e bem coadunados
com os entablamentos e acrotérios onde tenham lugar.
Nas construções modernas constroem-se balaústres den-
tro dos mais variados tipos, sem nenhuma obediência a
regras.
Os balaústres tanto podem ser cilindnicos como cons-
truídos de secção quadrada ou sexta e oitavada.
Actualmente constroem-se balaústres de betão ar-
mado, cujo preço fica muito baixo, mas ficam quase sem-
pre muito distantes da beleza e elegância das obras de
cantaria. São obtidos por vazamento, o que faz alhear
a utilização de filetes inferiores e das belas escócias e
outras molduras de donairosas curvas.
Fig. 20 CORPOS DESTACADOS
A) — Bealaústre Clássico; B) — Merco de secção
quadrada; C) — Merco de secção redonda
— ng —
Em madeira também se constroem balaústres para
obras interiores, onde por vezes a ralha tem proeminente
interesse. Quando são cilindricos os balaústres de ma-
deira são simplesmente obras de torno e chegam a atin-
gir grande beleza de linhas.
MARCOS
O marcos são pequenos motivos erectos sobre os ter-
renos ou arruamentos destinados aos mais varia-
dos fins, como indicação de itinerários, de dimen-
sões, de propriedades, de vedação e outros.
m geral a construção dos marcos, que podem com-
portar qualguer aspecto arquitectónico, é bastante va-
riada. Os marcos podem ser cilndricos, cónicos ou qua-
drados, quer na secção quer na forma e construídos por
qualquer pedra com qualquez aparelho.
Para a sua segurança no terreno possuem uma ca-
beça de avultadas dimensões.
Pelo menos a cabeça dos marcos de pedra deve ter
de altura um quarto da sua altura total.
Nos nossos desenhos (Fig. 20) mostramos, embora
esquemãticamente, a fisionomia dos marcos de pedra.
Alguns destes marcos, como agueles que delimitam
passagens, portões, etc. tem a designação popular de
frades.
Os marcos também podem ser construidos de betão
armado, cujo custo é muitíssimo baixo.
COLUNAS E PILARES
S colunas e os pilares (*) são os mais importantes
À elementos destacados das constmições arquitectó-
, nicas e por conseguinte obras de alta categoria
des pedra aparelhada.
As colunas e os pilares são actualmente construídos.
em certas edificações, de betão armado. .
Os pilares é os pilaretes são muitas vezes erguidos
em tijolo, tanto à vista como guamecido. As colunas são
também, especialmente quando erectas em jardins, sim-
ples pedaços de tubos de fibro-cimento de largos dia-
metros, que geralmente são ceiados, Como capiteis des-
tas colunas assentam-lhe superiormente umas pequenas
lajens de betão armado, Desprovidas de base assentam
por sua vez sobre uns maciços de tijolo ou de alvenaria.
E assim temos praticamente umas colunas ligeiramente
construidas. .
No entanto nas fachadas de certas edificações onde
embora nem de longe se sintam os ditames das Ordens
Arquitectónicas, aplicam-se tolunas concebidas nos mais
variados moldes quer clássicos quer modernos.
(*) As colunas e os pilares são tratados vo Caderno Nº 17
desta Enciclopédia.
cegas pers
pgs
OBRAS DE CANTARIA
Fig. 24 — ALÇADO DA ESCADA
Fig. 25— ALÇADO LATERAL DA ESCADA
Guarda
Fig. 26— CORTE DO LANÇO DA ESCADA
— I5—
OBRAS DE CANTARIA
DIVERSOS TRABALHOS
à LÉM dos estudos apresentados a zespeito de diver-
sos traçados em que as cantarias têm principal
<abimento, muitos outros trabalhos a executar em
pedra há que ter em conta,
Entre os vários trabalhos de cantaria ou mesmo de
mármore, que têm lugar na construção da casa, contam-
-Se Os capeamentos e as molduras.
Estes, que também podem ser executados em ma-
deira e em massa, relegamo-los para o seguinte Ca-
derno, mas os capeamentos, que da mesma sorte podem
construir-se em madeira ou em tijolo, têm aqui o seu
lugar.
Outras obras de somenos importância tiram os Jeito-
res por analogia de execução.
CAPEAMENTOS
s capeamentos destinam-se a cobrir na sua extensão
muros destinados a bom aspecto, como divisórias
de jardins onde se lhe assentam gradeamentos,
paredes divisórias de baixa altura nas habitações e a
remate de platibandas ou a qualquer tipo de parede.
Os perfis dos capeamentos são variáveis conforme
o projecto da obra, e O seu assentamento é feito sobre
os muros ou paredes com argamassa de cimento e areia
com qualquer traço mais ou menos forte, como sejam
os de 1:4 ou 1:5.
Algumas vezes também são fixados aos muros com
ferrolhos arqueados ou com pernes metidos em chumba-
douros abertos nas pedras dos capeamentos e em algu-
mas pedras da alvenaria do muro.
Em gexal os capeamentos traçam-se estabelecendo a
espessura do muro e dando para cada lado o balanço
conveniente.
Na Figura 27 damos vários tipos de perfis de ca-
peamentos. 'As ilhargas ou faces laterais dos capeamen-
Fig. 2 — DIVERSOS PERFIS DE CAPEAMENTOS
— 16 —
tos de pedra rectos têm a designação tulgar de cabe-
cinhas.
Também se aplicam capeamentos de madeira. de be-
tão armado e de tijolo.
LANCIL
AnciL é à designação geral dada aos prismas de can-
L taria de dimensões estreitas e delgadas e comer-
cialmente é vendido por metros lineares.
Nas pedreiras medem-se estas pedras por palmos à
maneira antiga.
Os Jancis servem para as bordaduras dos passeios,
capeamentos. ombreiras e vergas quando não ultrapas-
sam 0,25 e para faixas e demais obras de cantaria.
As faces do lancil são cabeças, leito e tardoz; as pri-
meiras são aparelhadas e as duas últimas ficam lascadas
ou ligeiramente desbastadas, para ligação ao conjunto
da obra.
Todas as cantarias em bloco são de um modo geral
medidas por volume, medindo-se as peças a construir
pelas suas maiores dimensões.
'O lancil devido ao seu corte de aproveitamento é de
um preço relativamente baixo, mesmo quando é obtido
das melhores qualidades de cantaria.
CONDUÇÃO E ASSENTAMENTO
s pedras de cantaria são trabalhadas e assentes com
ferramentas apropriadas a este material. À con-
dação das cantarias também é feita com os apa-
relhos adequados a pouparem as arestas que se poderão
quebrar se não merecerem as necessárias precauções.
Os blocos saídos das pedreiras são conduzidos às
serrarias onde são serrados em cubos, em placas e em
lancis destinados às oficinas onde serão adequados às
diversas obras, sofrendo novas serragens e cortes.
:As cantarias já trabalhadas são actualmente leva-
das para as construções em camiões, mas bem acondi-
cionadas para se não quebrarem. Em tempos condu-
ziam-se a pau e corda que era o seu melhor meio de
transporte,
No local da edificação rolam sobre rolos de madeira,
elevam-se, presas a estropos, pelos guinchos, roldanas
e outros aparelhos elevatórios. -
Pera se conchegarem as diferentes peças de canta-
ria no seu lugar servem-se os pedreiros de ferros de luva.
pequenos paus e palmetas de madeira.
Todo o esforço deverá ser feito de molde a poupar
as arestas de qualquer peça e a evitar a fractura nas
peças de pequena espessura.
. Nos assentamentos das cantazias utilizam-se além
dos gatos e pernes, os gatos de botão, barras lisas numa
extremidade e unha rachada na outra, gatos de malhete,
simples barras mais estreitas no meio e gatos de unha
rachada, barras espalmadas de um lado e de unha tevi-
rada do outro,
Tm
ENCICLOPÉDIA PRÁTICA
DA “CONSTRUÇÃO CIVIL
TEXTO E DESENHOS DE
j 17
PEREIRA DA COSTA
OBRAS DE
A 5 construções de pedra aparelhada exigem dos téc-
micos da arte de construir conhecimentos relativa-
mente profundos dos traçados da clássica arquitectura,
ainda hoje absolutamente necessários, para que a obra,
no seu conjunto, resulte convenientemente.
'A Arquitectura, a famosa arte momumental, só con-
segue atingir esta sublime designação quando a sua
obra é construída de cantarias.
Quando a edificação é conseguida de materiais po-
bres, o seu valor artístico e a sua resistência ficam sem-
pre àquem. da categoria que lhe seria atribuída, mas
quando as construções são de pedra aparelhada resis-
tem eternamente sobre as ruinas dos edifícios abatidos
CANTARIA
pelos cataclismos ou pela passagem secular do tempo.
Basta um simples relancear da vista para os vetustos
monumentos da Grécia e de Roma, não querendo deter-
-nos para as obras da génesis arguitectural do remotis-
simo vale do Nilo, para compreendermos abertamente a
duração eterna das construções de pedra aparelhada —
a cantaria.
Desfaz-se a alvenaria no seu conjunto, mas fica im-
ponente a cantaria a desafiar o tempo.
iSão pois as Obras de Cantaria o tema deste Ca-
derno, depois de já termos estudado os preliminares de
tudo o que diz respeito à este material e ao género de.
obras que nele se executam. .
O]
forro A
Aenarta |
Fig. 1— ENTABLAMENTO DE CANTARIA
(Alçado e Coste)
OBRAS DE CANTARIA
Fig. 12 — GARGANTA
ALONGADA
tiramos um pedaço de circulo da paralela superior até
à horizontal e depois, centrando no ponto 2, continua-
mos o quarto de Ginculo até 3 paralela inferior, ficando
terminada a moldura.
- 2º — Escócia de três centros — Inicia-se este tra-
sado dividindo a altura total da moldura em 3 partes
iguais e por uma dessas divisões — e superior — traça-
-se uma linha horizontal que passa pela perpendicular
baixada do filete superior, dando o ponto 7. YA distância
de Za a é trasladada para a horizontal de 1 a à e divide-
-Se em 3 partes iguais e | dessas partes marca-se na
mesma horizontal, para o seu lado direito, dando-nos o
ponto 2.
Da extremidade da moldura, cuja largura é livre,
onde se situa o ponto b, eleva-se uma perpendicular
onde se inscreve uma distância igual a 2-4” o que nos
dê o ponto c Seguidamente ligam-se os pontos 2 * c
e a meio dessa recta traça-se uma perpendicular que in-
tercepta a linha elevada de b e estabelece o ponto 3.
Deste ponto 3 tira-se uma linha a passar pelo ponto 2
gue se prolonga até a baixo, !Finaliza-se a escócia cen-
trando no ponto 1, de a até encontar a horizontal par-
tda de 2. Centra-se depois n6 ponto 2 e segue-se o
arco até wo encontro da linha que de 3 passa por 2
e fimalmente com o centro no ponto 3 segue-se O arco
até ao ponto 5.
3.º — Escócia de cinco centros — Dada a altura da
moldura a-b, dá-se-lhe também a largura a-c e seguida-
mente divide-se a altura em 14 partes iguais e toma-se
o comprimento dessas partes de b para a extremidade
4 tds
. 1 ,
Aos a
+ “4
4 1 DN
+ “a e
: +
: '
Colono +
Fig. 16— GARGANTA Fig. 17 — GOLA
REVERSA REVERSA
—4—
Pig. 13-— GOLA RECTA
ALONGADA
Fig. 14— GOLA
ENCURTADA
superior da escócia, b”, de onde se baixa uma perpendi-
cular que há-de encontrar uma diagona! saída de b,
estabelecendo-se assim o ponto 1, que nos dá o primeiro
arco de circulo que vai de b' até & diagonal e cujo raio
é igual a 3 partes em que se dividiu a altura da mol-
dura.
O ponto dois é obtido no prolongamento da linha
diagonal saída de b, medindo-se nessa linha 4 partes
iguais das da altura, desde o arco já traçado. É o novo
raio do axco de círculo que termina numa linha tirada
da terceira divisão da altura e tocando no próprio
ponto 2.
Fig. 15— GOLA ALONGADA
O ponto 3 é marcado no prolongamento da linha
tixada da terceira divisão e que passa pelo ponto 2
medindo de comprimento 7 das partes da altura- desde
o círculo acabado de traçar. O novo arco centrado em
3 vai desde o anterior arco até a uma linha mite obtida
com uma corda medindo 6 partes da altura da escócia,
partindo"do arto no ponto da linha que passa por 2 e 3.
.O ponto 4, que é marcado no prolongamento da
linha-gue parte do limite da corda anteriormente des-
crita e que passa por 3, obtem-se com !10 partes da al-
tura da moldura, de onde se centra um arco que ligando
com o anterior termina também num comprimento de
corda com 6 partes. Deste ponto do desenho parte uma
linha que passando por 4 vai interceptar uma perpendi-
cular levantada da extremidade inferior da moldura c,
dando assim o ponto 5.
'De ponto 5 centra-se descrevendo um arco de círculo
que ligando com a constrição anterior, fecha a escócia
OBRAS DE CANTARIA
1
1
'
'
'
'
'
Eepercrnecan ces
a
“a,
proro=e==o camp
Ar
Fig. 18 — ESCÓCIA
DE 2 CENTROS
Fig. 19 — ESCÓCIA
PROPUNDA
* em c, Este traçado é, sem dúvida, o que melhor nos dá
uma escócia própria para um grande conjunto de mol-
ic ras.
4º — Escócia profunda — Dividida a altura da mol.
E éra em 2 partes iguais, traça-se uma linha horizontal
E 4 lo eixo c. Na intersecção dessa linha com uma per-
tendicular tirada da extremidade do filete superior a.
marca-se o ponto 1 de onde se cêntra para um quarto
” círculo que de a vai encontrar a linha de eixo c.
Deste ponto c tira-se uma linha para À, ponto ins-
erto no limite da largura da escócia, e dividimo-la ao
= meio traçando uma perpendicular que intercepta o pro-
agamento da linha horizontal de c dando o ponto 2.
Fig. 22 — ESCÓCIA DE 3 CENTROS
O ponto 2 é o centro do raio que fecha o arco de
para b, terminando-se desta forma a escócia, cuja
profundidade ukrapassa 2 sua própria altura.
é 5.º — Escócia circular — Estabelecida a altura e a
à Igura da moldura baixa-se uma perpendicular do seu
: filete superior a, que se divide em 7 partes iguais, Fa-
+ 7emos eixo ma terceira divisão a partir de cima — o, e
& esenhamos um círculo. Depois tomamos um compri-
ento igual a duas divisões e marcamo-lo no círculo,
da “aresta do filete a para o lado direito b, traçando uma
+ “tagonal passando por b e o vai interceptar uma per-
- endicular subida do filete inferior da largura da es-
-Scia, dando-nos o ponto € que é o eixo do pedaço de
circulo que termina a construção da moldura desde à
aba o-é até à extremidade.
ini
Fig. 20 — ESCÓCIA
CIRCULAR
Fig. 21 — ESCÓCIA
ELÍPTICA
O arco de circulo da linha o-c até a é reforçado a
fim de dar o bom aspecto da figura.
6.º — Escócia elíptica — Unem-se os dois extremos
dos filetes da moldura por uma linha a-b, que se divide
em 'qualquer número de partes iguais, tizando-se também
do seu centro um ateo de círculo de a para b. Das di-
visões da linha a-b tiram-se perpendiculares até ao arco
de circulo.
met
o
OBRAS DE CANTARIA
tão mesmo tempo das divisões da nha a-b titam-se
linhas horizontais, paralelas 20s filetes da moldura,
correspondendo às perpendiculares que tocam no arco.
“Seguidamente marcam-se pas linhas paralelas aos fi-
letes distâncias iguais às que vão da linha a-b ao arco
de circulo nas linhas que lhes correspondem.
Depois ligam-se todos os pontos de distâncias mar-
cados nas paralelas aos filetes por uma linha executada
à mão livre, dando-se assim finalidade à moldura.
A aplicação da escócia nos conjuntos de molduras
nem sempre, especialmente na arquitectura chamada
moderna, é desenhada rigorosamente dentro dos prin-
cípios clássicos, muitas vezes para obtenção de bons
resultados as escócias são desenhadas à mão livre.
iArtisticamente consegue-se melhor harmonia de li-
ahas curvas com a ausência da rigidez dos traçados.
“Todas as molduras podem ser rectas ou cilíndricas,
conforme o local onde sejam construídas ou assentes.
Assim, em paramentos Tectos, pilares e pilastras as
moiduras são rectas e cilindricas se são colocadas em
colunas ou em paramentos rotundos.
O quarto de círculo côncavo tem também a designa-
ção particularissima de escapo. quando toma lugar na
transição do fuste das colunas para o capitel ou para a
base e de um paramento recto para uma moldura.
O escapo toma o nome de inescapo se estã na tran-
sição do fuste para é base e de somescapo se estã na
transição do fuste para o capitel, isto no que se Tefere
a colunas, pilares e obras afins.
:As caracteristicas das molduras notam-se pela sua
localização em plena luz ou na sombra, sendo de feição
arredondada as que ficam & luz e de arestas vivas as
que ficam imersas na sombra.
DECORAÇÃO DAS MOLDURAS
ENTRO das nove molduras clássicas estabelecidas pe-
los famosos arquitectos do Renascimento italiano,
designadas também por molduras simples, ticam-se to-
dos os elementos necessários à composição das chama-
das molduras compostas e à formação dos conjuntos
salientes da arte moderna,
IEsses nove perfis que por si só formam belos e bem
eguilibrados contornos, entram abundantemente no con-
junto arguitectural dos grandes entablamentos e comi-
jas que coroam magestosamente as grandes obres de
<antaria.
Vignola, Paládio, Seilio, Scamozi e tantos outros
insignes criadores de arquitectura na Itália do Renasci-
mento como o francês 'Philibert Delorme, todos mestres
grandes da arte de construir traçaram as obras monu-
mentais perenes de molduras que se talharam na pedra.
'A cantaria é por excelência o material apropriado
para as construções de grande arquitectura.
As molduras como já dissemos são muitas vezes de-
coradas com os mais variados ornatos. tanto de origem
grega como romana.
Actualmente com o desenvolvimento do modernismo
na onquitectura as molduras quase que não têm deco
vação.
Alguns arquitectos modernistas decoram as suas
obras com ornatos arrancados às antiquissimas artes das
desaparecidas civilizações americanas — azeteques.
maias, etc. ou ainda a outras arquitecturas como « egip-
ciae a assíria.
A grandeza das molduras para que resulte uma
agradêvel apresentação do belo deve ser sempre pro-
porcional à grandeza da obra « isso, que também estã
fora das regras, ou não se tratasse de uma obra de
arte, só se consegue com q intuição artística.
A riqueza de uma edificação é definida pela varie-
dade das suas molduras esculpidas artisticamente nas
cantarias das suas fachadas ou alçados, sempre dentro
da escala e em bem achadas proporções. A grande be-
Jeza das molduras consiste na pureza do traçado do
seu perfil. As molduras bem perfiladas, por mais sim-
ples que sejam são sempre agradáveis.
'Fora da decoração clássica a disposição das moldu-
ras é absolutamente livre, presidindo & sua composição
apenas o critério do artista.
Fig, 24— PILASTRAS — À) Pilastra de Juntas Refendidos; B) Prlastra de Juntas
Charéradas; C) Pilastra Lisa
Pi
O s pifares que, como as colunas, são corpos destaca-
dos da construção, mas de secções quadrada, rec-
tangular, sexta ou oitavada, concordam com elas na
base e no capitel.
Os pilares tomando o aspecto e as proporções das
Ordens Arquitectônicas. ficam a maior parte das vezes
integrados neles. -
Quando os pilares têm as secções poligonais de mai:
de quatro lados são geralmente confundidos com as co-
tunas. À função dos pilares é praticamente a mesma
das colunas: suporte de arcadas, de varandas, de
corpos de edifícios, de pavimentos, fim decorativo e in-
fterrupção de gradeamentos.
iNa construção de arcadas a distância entre pila-
res é a mesma que a estabelecida para as colunas, apli.
cando-se, portanto, o sistema dos infercolúnios.
Os pilares podem ser desprovidos do capitel e da
base e ter a forma e o aspecto que mais convier.
Os pilares como as colunas quanto mais fortes mais
robustez dão às edificações, enquanto que de estreitas
secções tornam leve uma construção pesada e empres-
tam-lhe por vezes uma graciosidade que sem eles não
comportariam.
Os fustes dos pilares podem ser decorados e pro-
vidos de caneluras. 'À sua construção pode ser elevada
OBRAS -DE CANTARIA
LARES.
por paralelepipedos, pelo sistema de cubos ou por uma
ou mais pedras sem preocupação especial.
Geralmente dá-se aos pilares um soco de pequena
altura. o -
Quando os pilares têm fim decorativo ou são erectos
como ombreiras de portões, são quase sempre encima-
dos por ornatos, como vasos, pirâmides, esferas e outros
motivos.
'Aos pilares peguenos dá-se o nome de pilaretes.
Modernamente. constroem-se pilares desprovidos de
capiteis e de bases, o que em certos casos é de grande
interesse.
'O aparelho das cantarias dos pilares deve sempre
ser igial ao da restante obra em construção.
IO assentamento das pedras que compõem os pila-
res deve ser feito por sobreposição de umas sobre as
outras com a aplicação de argamassa de cimento e areia.
que pode ter o traço de 1:5. Se os pilares forem muito
delgados é da maior conveniência que as diferentes
pedras sejam fixadas com permes de bronze.
Quando a espessura dos pilares é constituida por
várias pedras utilizam-se gatos de bronze ou massa de
cimento.
“Também se utilizam para o bom assentamento de
todas as pedras pequeninas palmetinhas de madeira.
5 iTr—s
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5 | EEE
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eaaecaça
Pia 29— DIVERSOS TIPOS DE PILARES
(Pilar azadrado, pilas oitavado, pilar rectangular)
Fig. 30— DIVERSOS TIPOS DE PILARES
(Pileces de juntes refendídas. pilar de caneluras. pilar chanfrado)
—9—
ÓBRAS DE CANTARIA
COLUNAS
s colunas, que são corpos destacados, são construí-
das nas secções redonda e eléptica. Destinam-se
a suporte de arcadas, frontarias, varandas, terraços e
afins meramente decorativos.
Fazem as colunas parte principal das Ordens Ar-
quitectônicas e são compostas por base, fuste e capitel.
Nas construções vulgares, desintegradas das Or-
dens, podem as colunas ter o aspecto que se desejar,
de acordo com a natureza da obra.
!As colunas podem simplesmente possuir o fuste ci-
líndrico, torcido, carelado e também golbado.
Em geral es colunas são construídas por várias pe-
dras: uma para a base, outra para o capitel e duas para.
o fuste. Só com tipos e em casos especiais assim se não
pratica.
Nas colunas obedientes às Ordens o fuste é divi-
dido em três terços: o inferior fica cilíndrico e os dois
superiores cónicos. O diâmetro superior, junto do rapi-
tel, perde às vezes um terço do diâmetro inferior.
O espesso do fuste deve coincidir com a transição
do terço inferior para os ferços superiores. Se assim se
não fizer, lembramos aos estudiosos, o efeito produzido
é desastroso. Só em grandes colunas, em que a sua al-
tura atinge alguns metros, se espessa também a meio
dos dois terços superiores, para obviar a obtenção de
grandes pedras.
N
q
AU
r
1
A diferença da largura dos diâmetros dos fustes
das colunas, entre o inferior e o superior, na vertical
subida do fuste junto à base, dá-se a designação de
entases.
Komo neste estudo não observamos as colunas das
Ordens Arquitectónicas, mas todas aquelas que entram
na vulgaridade das construções, diremos que os seus
traçados podem ser absolutamente livres, desde que
estejam sempre de acordo com a construção.
À construção das colunas deve ser bastante perfeita
e deve evitar-se que as pedras que as compõem, mor-
mente no fuste, sejam de cores diferentes. Assim é bas-
tante aconselhável a aplicação de colunas monolíticas.
As colunas, além dos fustes descritos acima, podem
também ser constituídas por tambores (”) de diâmetros
desiguais com a separação entre si feita por alhetas.
“Nos interiores das edificações as colunas podem ter
a mesma constituição e aspecto das colunas assentes nos
exteriores. Porém, muitas vezes as colunas de pedra
erectas nos interiores são pulidas e podem ostentar
ormatos metálicos. '
Aos grupos de colunas assentes numa mesma edifi-
(*) As colunas de tambores foram criadas por Philiber De-
lorme aquitecto francês, no Pelácio do Louvre, de Paris.
o
Lo.
H
[AY
Fig. 3/— DIVERSOS TIPOS DE COLUNAS -
(Cóluna de tombores —Colune Galbads — Coluna
de Juntas Refendidas)
—10—
EE | Lua ae
duto ts
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fa
”
cação dá-se o nome de colunata e ao espaço entre elas,
tanto de eixo a eixo, como entre -as suas faces, dá-se à
designação de intercolunio.
Pelo que fica exposto; as funções das colunas e dos
pilares são inteiramente iguais.
As colunas pequenas dão-se as designações de colu-
melas, colunelos e colunetas.
GALBAMENTO DAS COLUNAS
A fim de dar às colunas toda a beleza que lhe é
indispensável faz-se o seu galbamento. 'O galbo
das colunas consiste em estabelecer, desde o diâmetro
superior zo inferior dos fustes, uma harmonia elegante
que permite disfarçar a transição do come dos dois terços
superiores para o cilindro do terço inferior.
Fora do galbamento desenhado à mão livre hã va-
riados processos de galbar colunas além daquele que é
obtido por meio de um arco de 'grande raio,
De entre os vários processos, todos eles clássicos, .
destacamos dois métodos criados ambos pelo insigne
arquitecto Vignola. Um mara as colunas toscaras e
dóricas e outro para as colunas jónicas, corintias e com-
pósitas.
Qualguer destes processos pode ser aplicado indis-
Pig. 32 — GALBAMENTO DAS CO-
LUNAS TOSCANAS. E DÓRICAS
OBRAS DE CANTARIA
tintamente a todas as colinas, especialmente aquelas
que não obedecem às ordens arquitectónicas estabele-
cidas, pois, como se sabe, o arquitecto pode projectar
o tipo de colunas que à sua obra mais convenha.
Galbo das Colunas Toscanas e Dóricas — Desenha-
-se o fuste nos seus dois terços superiores, cuja largura
do diâmetro é a-b; a largura do diâmetro inferior €A-B
e inscreve-se a linha de eixo e-E.
Seguidamente divide-se a altura desde o diâmetro
inferior ao superior em qualquer número de partes iguais,
não sendo, porém, conveniente menos de 8 ou 6, para
maior facilidade do traçado. Junto à base A-B faz-se
um arco com centro na linha de eixo E. De 2 e de b,
baixarão perpendiculares que, tocando no arco descrito,
darão os pontos à” e b”.
Osrco de Aa a” e de Ba b será dividido no mesmo
número de partes iguais em que foi dividida a altura do
Pig. 33— GALBAMENTO DAS COLUNAS JÔNICAS,
CORÍNTIAS E COMPÓSITAS
fuste e-E e de cada uma das divisões do atco partirão
linhas paralelas ao eixo, que encontrarão as horizontais
de 1 para baixo.
Finalmente unem-se os pontos a-A e &-B por linhas
continuas, traçadas à mão livee ou com o auxílio de
<urvas, tocando todas as intersecções das perpendicula-
res com as horizontais.
Galbo das Colunas Jónicas, Corintias e Compósi-
tos — Desenha-se o fuste das colunas nos seus dois ter-
cos superiores, sendo a-b a sua largura e A-Ba largura
do diâmetro inferior.
De b tire-se um arco de círculo de raio igual a me-
tade do diâmetro inferior, ou seja A-E, que, passando
——
OBRAS DE CANTARIA
os cuidados necessários para a boa harmonia do con-
junto.
IA condenável maneira de trabalhar não pode ser
virtualmente aplicada, como os estudiosos muito bem
compreendem, aos capitéis jónicos nem &s floreadas cria-
ções coríntias e compósitas. Quando muito, só pode
comportar escasso êxito no toscano e nO dórico.
iAssim, desenvolvida a querela do inconcebível, acen-
tuamos que só se devem construir os capitéis, de qual
quer Ordem, apenas com uma peça de cantaria. E tam-
bém fazemos notar-que para se obter o melhor resultado
no trabalho de escultura, dos curiosos floreados arqui-
tectónicos, deve procurar-se uma boa cantaria, sem de-
feitos de qualquer espécie e de contestura homogênia.
O lioz é uma das mais recomendáveis cantarias para a
execução dos capitéis.
IO assentamento dos czpitéis sobre o fuste das co-
lunas é um trabalho que necessita dos bons conhecimen-
tos do canteiro e do pedreiro. Os pernes de bronze e a
massa de cimento branco completam a fixação do con-
junto arquitectursl.
Sobre os capitéis de toda uma colunata corre & ar-
quitrave num travamento completo de todo o conjunto.
iNão tratando ora da construção das Ordens Arqui-
tectónicas, mas tão sômenie daquilo que se constrói em
cantaria, não especificamos sob o ponto de vista arqui-
tectural as obras clássicas, o que apenas fazemos só em
alguns casos, como os estudiosos já bem notaram no
nosso trabalho, lembrando por isso que para estudo das
bases das colunas se deve observar o conjunto das mol.
duras (Fig. 3).
A base das colunas também se deve construir de
uma pedra única, sempre que nada nos force a outro
processo de trabalho.
'O fuste da coluna assenta sobre wa base par meio de
pernes de bronze para sua segurança, mas em algumas
obras prescinde-se dessas peças metálicas e apenas a
massa de cimento nessa junção tem lugar.
iAs diferentes peças que constituem as colunas são
assentes como todas as obras de cantaria (*).
Os capiteis des colunas antes da suz execução em
cantaria são modelados em berro e depois passados à
“gêsso, de onde os canteiros, por compassos, sutas € cér-
ceas transladam para os blocos de pedra.
Dentro dos moldes clássicos os escultores fanta-
siam, criando boa arte, capiteis de apurado sentimento
artístico. Na escultura moderna vemos por vezes ca-
piteis de grande beleza.
BASES
s bases das colunas e dos pilares dentro dos prin-
<ípios clássicas são boas obras de cantaria que po-
dem ser construidas por uma só pedra, quando se en-
contre um bom bloco sem defeitos que possam prejudi-
<ar a obra.
Em geral as bases clássicas comportam bastantes
molduras. Actualmente, na arquitectura moderna cons-
troem-se bases de colunas e pileres com sóbria e artís-
tica decoração.
Das bases clássicas parece-nos mais bela w Base
Ática, pelo seu conjunto de molduras que são assim dis-
tribuídas: dois toros « uma escócia que se separa deles
por dois filetes, tudo assente num prisma que assenta
no pavimento.
Sobre o toro superior assenta a coluna pelo seu fi-
lete que fica abaixo do somescapo.
'As proporções da construção da Base Ática são
interessantíssimas, medindo a sua altura 1 Módulo da
construção da Ordem onde se integre.
De um modo geral todos os trabalhos de cantaria
são obras de bom acabamento desde que os seus apare-
lhos sejam bem executados e que os seus golpes de
aresta sejam bastante perfeitos.
:As boas qualidades de pedra permitem as boas cons-
truções.
(*) Caderno N.º 16.
Fig. 39 — CAPITEL COMPÓSITO
— 4 —
ESP CS A
RR
natas Saia eso
Do Di aa
dita
OBRAS DE CANTARIA
ANOTAÇÕES
O assentamento dos grandes volumes de cantaria.
como sejam entablamentos, escadarias, cimalhas
e outros de maiores dimensões, são em geral obtidos por
sobreposição de pedras, umas sobre as outras, bem eo-
castradas nas alvenarias.
As peças de maior sacada devem comportar maior
cauda para contrabalanço e equilíbrio perfeito.
iNa nossa Fig. 1 damos um exemplo conciso do
assentamento de uma corníja de relativa sacada, na for-
mação de um cunhal de uma edificação.
Demonstramos satisfatôriamente a forma mais prá-
tica de se fazer o trabalho da disposição de uma cima-
lha, no seu conjunto de molduras nas diversas pedras
com as apropriadas dimensões.
ARCOS DE CICLOIDE
N EM sempre os arcos estabelecidos dão o aspecto que
os autores dos projectos conceberam ao delinear
a obra curvilinea desejada, recorrendo por isso a outras
regras e até, por vezes, aos traçados à mão livre.
Como é do domínio das gentes da construção, os
arquitectos têm por vezes a necessidade de criar formas,
cujos pormenores serão procurados não só na geome-
tria como também, conforme se diz, no sentimento.
Entre as construções curvilineas aplicam-se os mais
variados estudos clássicos, construindo-se arcos obtidos
de qualquer figuração.
Nestes arcos especiais — chamemos-lhes assim —
citamos o Ciclóide, cujo exemplo de estudo executado
apresentamos num vão de portão (Fig. 42).
O traçado do Ciclóide é muito prático e o seu efeito
éo de um belo arco de asa de cesto na mais empolgante
das suas formas.
Leta o Fisçedo
fenda adote
A
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| amdeçira
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Zeiteit
AEE ME
Fig. 40— VÃO DE JANELA GEMINADA
Este traçado é assim: dada a altura do asco, divide-
-se o meio e nesse centro c centra-se um circulo, que,
por sua vez, se divide em oito partes iguais e que são
os pontos 1,2,3,4,5,6,7e8.
IPassando por estes pontos traçam-se linhas horizon-
tais paralelas umas às outras em toda a largura do vão.
Em seguida baixam-se dos pontos 1 e 7 perpendi-
eulares que vão da linha hocizontal que passa pelo cen-
tro do círculo até à linha horizontal das impostas do
arco, e temos os pontes 1 e I nessa mesma linha, à di-
reita e à esquerda da linha perpendicular A-B,
Depois, estabelecemos nessa linha os pontos 2, 3 e £,
de ambos os lados do eixo da altura do arco. Os pon-
tos £ coincidem com as impostas.
Desses pontos elevamos perpendiculares que atin-
gem a linha horizontal que atravessa pelo meio o cír-
culo. Destas intersecções centramos com o compasso
para 1, « tiramos um arco desse ponto para a horizontal
que passa pelos pontos 3 e 5 do círculo que é a hori-
zontal superior.
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Fig. 4— VÃO DE JANELA DE OMBREIRAS
INTERROMPIDAS
Com o centro na intersecção da perpendicular do
ponto 2. tira-se um arco desse ponto até tocar « linha
horizontal média e com o compasso na intersecção do
ponto 3 tira-se igualmente um arco desse ponto para
atingir a horizontal inferior, que é a que atravessa O
circulo pelos pontos 1 e 7.
—Is—
OBRAS DE CANTARIA
Esta concluido o traçado. Falta só ligar o arco de
1a 4, de ambos os lados, tocando as intersecções dos
arcos saídos da linha das impostas com as horizontais.
Terminadas todas as ligações por meio de curvas ou
à mão livre temos a Ciclóide concluída, ou seja, como
melhor, temos o arco traçado.
Este arco de cicloide é um dos mis belos arcos da
construção civil, conquanto os arcos de asa de cesto
sejam relativamente semelhantes.
ORNATOS
NJ A arguitectura moderna vêem-se magníficas obras
+ * esculpidas em cantaria, como baixos relevos e ou-
tras esculturas de bem equilibrado gosto.
Na arquitectura - clássica encontramos, porém, a
maior variedade de motivos decorativos que o talento
criador dos arquitectos da Grecia e de Moma conce-
beram. .
É da decoração grega que arrancou à natureza os
seus principais motivos, que a arquitectura pelo decor-
rer dos séculos escolheu os seus mais interessantes frag-
mentos de beleza.
Os ornatos clássicos a construir em cantaria, são en-
tre outros os óvulos, figura semelhante a ovos dispos-
tos em fila entremeados com dardos, as palmas, e as
palmetas que lembram os ramos de palmeira, as pérolas,
as raizes de coração, as ondas, as cordas, as folhas de
água, os ramos de loureiro atados com fitas em forma de
X, as flores de lódão. as folhas de acarto e as rosetas.
De carácter geométrico ainda a decoração grega nos
deixou um apreciável número de gregas, meandros, den-
teis, caneluras, folhas abertas e entrelaçados de curioso
especto e de simplicissimo traçado.
São variadissimos os motivos de ornamentação ar-
quitectónica prontos a múltiplas aplicações e também &
decoração das molduras, onde tomam lugar preponde-
rante pela riqueza que emprestam à arte de construir.
Cada um dos ornatos que vimos de falar tem a sua
aplicação nas molduras, como relevo, nos lugares ade-
guados. .
As raizes de coração são aplicadas na moldura do
cimásio, nos entablamentos, as pérolas e as cordas
vêem-se nos filetes e nos tondinhos e na gola inferior
ao lacrimal empregam-se elegantemente os óvulos. O
lacrimal reveste-se de caneluras ou de folhas abertas.
:As flores de Iódão e as paimetas decoram as arqui-
traves e as folhas de acanto engrinaldam os capiteis co-
Tintios « compósitos (Fig. 38 e 39).
Os entrançados e os ramos de loureiro revestem ri-
camente os toros e os boceis: as gregas e os meandros
cobrem as faixas.
De um modo geral todos os ornatos: podem revestir
as molduras, consoante as suas dimensões e proporções.
Os traçados dos ornatos geométricos são vraa com-
binação de linhas rectas e curvas como as gregas, os
entrelaçados, entrançados, folhas abertas, etc., enquanto
que os que copiam a natureza, como as flores e as fo-
lhas são compostos à mão livre. :
'Os ornatos de concepção mais moderna caracteri-
zam-se por combinações de linhas quebradas, pontas
de diamante, que são umas pequenas pirâmides, estrelas,
losangos, etc,
(Pelo exposto podem as principiantes e estudiosos
concluir que os trabalhos a executar na pedra apare-
fhada são numerosos e de valor artístico.
]
DD gricção AS faro Ear ta den o
Zaníselor TI.
Fig. 42— VÃO DE JANELA COM ARCO DE CICLOIDE
Este sistema de enchimento da caixa torna os pavi-
mentos hidráulicos de grande resistência e duração, fi-
cando à prova de escorregamentos:é assentamentos.
MASSAMES
Os massames são verdadeiramente a base dos pavi-
mentos hidráulicos, assentes sobre o terreno, quer
nas caixas quer à superfície.
Não só para os pavimentos se constróem os massa-
mes. Empregam-se também como maciços para bases de
escadarias, de pilares ou de colunas e fixes para apare-
lhagens pesadas.
Os massames podem ser de betão, de alvenaria e ci-
e Serpa
Ap
Tercêiro
Fig. E—CAJIXAS PARA PAVIMENTOS
Em baixo: Pavimento de Betonilha com massame: Em
cima: Pavimento de Betonilha sobre massame e com 3
camadas de terra.
tm
clópicos. Os massames de betão são construídos por cas-
calho (pedra britada) e argamassa de cimento e areia.
Os de alvenaria são, como o seu nome indica, construi-
“FG
NÍVEL DO PAVIMENTO
PAVIMENTOS DIVERSOS
; Terena
Fig. 5—CAIXAS PARA PAVIMENTOS
A) — Cair aberta; B) — Caixa com uma camada de terra betida;
C)— Caixa cheia com terra e massame.
dos com alvenaxia, de pedra e argamassa, e os ciclópicos
são construídos com betão e grandes blocos de pedra
irregular entremeados na massa,
Geralmente os massames só são começados depois
da terra onde se assentar ter sido batida e-regade com
água doce e limpa.
Os massames de betão devem ser executados com
“rapidez, para que todas as camadas se liguem umas às
outras antes do cimento fazer presa.
Os melhores massames são os que são batidos a
maço à medida que vão sendo executados, isto é, quando
a massa vai sendo despejada uma sobre a outra.
FORMIGÃO
O formigão é um agregado composto de pedra britada.
e argamassa de cal e areia. Destina-se quase sem-
pre o formigão (?) à construção de pavimentos térreos,
1) O betão fai designado por <«formigão» no seu principio.
entre nós. Em Espanha ainda se mantém essa desiguação— o hor-
migón.
FY
e Fig. 6— CAIXA PARA
de
PAVIMENTO SOBRE TERRENO IRREGULAR
PAVIMENTOS DIVERSOS
bases para linhas de canalizações metidas na terra €
fixes para aparelhagem de pequeno peso.
“Antes do desenvolvimento moderno do betão era o
formigão o género de trabalho em uso corrente para
todos os casos de revestimento de terrenos. Supetior-
mente era revestido com uma camada de ergamassa | de
cerca de 0,02 de espessura, muito bem afagada.
Também se constróem formigões com argila, cinza
de carvão de pedra, cacos e outros fragmentos mistura-
dos com argamassa.
Muitas vezes a areia é substituída por saibro.
Se o formigão forma uma camada delgada, não se
pode empregar o cascalho, utilizando-se antes granito(*)
ou fragmentos de tijolo e de peças de barro sem vidrado.
Os traços para o formigão são muitos e variados.
iAlguns técnicos indicam o seguinte traço para'a cons-
trução de formigões:
Cal gorda ... 15 partes:
Cinza de carvão de pedra 9 partes;
Cacos pisados .. 8 partes;
tAreia ou saibro 70 partes.
Junta-se-lhe a água necessária para que, depois de
todos os materiais zmassados em conjunto, resulte uma
pasta consistente.
Também se obtém um bom formigão com o seguinte
traço:
tl de cal gorda, 2 de areia e 4 ide cascalho,
Neste traço amassa-se primeiramente a cal tom a
areia e só depois da boa mistura estar feita se lhe adi-
ciona a pedra ibritada. À quantidade de água a aplicar
na amassadura é só a estritamente necessária,
Com o desenvolvimento do betão o formigão foi re-
legado para segundo plano; porém, por razões de ordem
económica ainda se utiliza em muitas obras.
0) O granito é & pedra muito miudinha.
Juntas I
MBetonilha
Lomada de Brife
Fig. 7—PAVIMENTO DE BETONILHA
COM, JUNTAS
BETÃO
O betão é um aglomerado composto de cimento, areia
e brita, ou, ainda, cal hidráulica, saibro e brita.
A construção do betão é antiquissima, mas depois
da queda do Império Romano desapareceu para só vol-
tar quase nos nossos dias.
Para a construção do betão (?) é absolutamente ne-
cessária a aplicação de bons materiais. Assim, a pedra
britada, a brita — o vulgar cascalho (2), deve ser muito
bem lavada com água dece e limpa, a fim de ficar livre
de argila e de outros elementos nocivos.
De entre as qualidades de pedras a aplicar no betão
deve preferir-se a pedra rija.
tÀ grossura do cascalho, que em geral se obtém com
o anel de 0,02 a 0,06, é aplicada de acordo com a es-
pessura da obra a realizar. Num pavimento ou parede
delgada não se aplica pedra muito grossa, compreende-
-se bem.
A areia dos pinhais ou dos rios de égua doce é a
melhor para a massa de betão, mas se se tratar de um
massame de grande espessura já qualquer areia mais
grossa serve bem (7).
O que é conveniente neste caso é que a areia seja
limpa e isenta de argila e não seja salgadiça.
A forma de fabricar o betão consiste em amassar bem
9 cimento com « areia ou a cal hidráulica com o saibro,
empregando-se a água para essa argamassa sem escas-
sez, Depois junta-se-lhe o cascalho, juntando-lhz mais
água se for preciso para se obter uma boa massa con-
sistente.
ià amassadura mecânica é muito mais rápida e per-
feita que a manual e para uma obra de certa impor-
tância já nada justifica a eusência de uma betoneira me-
cânica.
Em tempos usaram-se betoneiras manuais man2jadas
por dois trabalhadores.
São bons traços para betão os seguintes, já usados
pela prática com óptimos resultados:
() À palavra betão deriva do francês béton.
() Os operárias da Construção designam vulgarmente a pedra
britada por murraça.
() Ver o Caderno Nº 13 desta Enciclopédia, «Obras de Alve-
narias.
Fig. 8— BETONILHA ESQUARTELADA
ASSENTE SOBRE MASSAME
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1 de cimento, 4 de areia e 8 de cascalho;
1 de cimento, 3 de areia e 6 de cascalho;
1 de cal hidráulica, 2 de saibro e 4 de cascalho:
1 de cal hidráulica, 3 de areia e 6 de cacos e frag-
mentos de tijolo.
Para coberturas de edifícios preparam-se betões le-
ves com jorra ou pedra pomes em vez de pedra britada.
O peso destes betões oscila de 100 a '!.300 quilos
por metro cúbico, enquanto que os construídos com brita
calcárea elevam-se para 2.000 quilos e os de cascalho
de basalto atingem 12.500 quilos ou mais.
PESO DE 1º DE BETÃO
1.100 a '1.300 quilos
De jorra de carvão ...
1.500 à 11.900 »
De escórias metálicas
De <acos e fragmentos de tijolo 1.700 a 1.950 »
De cascalho de calcáreo . 2.000 a 2:100 -»
De saibro ......... 2.000 a 2.250 »
De granito britado 2.150 a 2.250 »
De cascalho de basaito 2500 a 2550 »
BETONILHA
à betonilha é uma massa de cimento e areia, de pouca
espessura, assente geralmente sobre massames e
destinada a pavimentos. Os traços das betonilhas são
muito variáveis; mo entanto, são quase sempre massas
fortes. As betonilhas são muito aplicadas nos. pisos ao
ar livre, nos subterrâneos e armazéns.
As betonilhas são estendidas sobre massames, como
acima dissemos, se são de pouca espessura, e muitas
vezes mesmo directamente sobre o terreno se são de re-
lativa camada e constituídas de betão, quer com brita
de anel apertado quer de granito.
1As betonilhas poderão ser lisas, afagadas, esquarte-
ladas e de juntas divididas em rectângulos,
Os traços mais usados nas betonilhas são: 1 :1;11:2:
1:3€e 1:4 se são de massa simples, como argamassa,
edel:1:2;21:2:4e1:3:6 se são compostas. Estas
betonilhas compostas são, como se vê, de betão e brita
ou granito. Em tempos idos construiam-se betonilhas de
cal hidráulica, mas as de cimento oferecem maior soma
de vantagens.
As betonilhas com o ixaço de 1 de cimento e 2 de
areia são de boa contextura, para baixa espessura, bem
como as do traço de 1 de cimento, 2 de areia e 4 de gra-
nito de calcáreo para as de maior camada.
'Para trabalhos sem responsabilidade podem utilizar-
Se traços bastante pobres.
Nos meios construtivos designam-se os traços das
detonilhas por «traços ricos» e «traços pobres», con-
Soante as dosagens de cimento sejam melhores ou piores.
"Às categorias e os sistemas das betonilhas variam
Conforme as obras que têm delas necessidade.
-As várias espécies de betonilha serão descritas 3
medida que estudarmos os diversos tipos de pavimentos.
Agora descrevemos sômente os géneros de trabalhos
“ue entram, duma maneira geral, na consirução dos pa-
Vimentos como preliminares, antes de entrarmos na ma-
téria prôpriamente estudada à base das obras.
PAVIMENTOS DIVERSOS
:As betonilhas podem ser coloridas, para o que basta
misturar um pouco de terras (tintas em pó) nas massas.
Está muito em voga nos pavimentos de betonilha afa-
-gada das cozinhas a mistura de óxido de ferro nas mas-
sas, o que lhes: da, como sabem, a cor avermelhada.
As 'betonilhas assim tratadas são susceptíveis de re-
ceber enceramento.
REVESTIMENTOS HIDRÓFUGOS
A impermeabilização dos pavimentos é feita geral.
mente com produtos hidrófugos a quente ou a frio,
como seja de sua indicação.
Os mais conhecidos desses produtos têm como base
o alcatrão ou breu, tderivados da borra de gás, e dos be-
tumes naturais.
Estes produtos aplicam-se sobre os massames antes
de se assentarem sobre eles os revestimentos superiores.
A prática aconselha de preferência o assentamento dos
produtos hidrófugos a quente No entanto, alguos há
cujo assentamento é de conveniência ser a frio.
'Este mesmo género de impermeabilização também é
adoptado nas paredes salgadiças e húmidas.
Nos pavimentos hidráulicos os revestimentos hidró-
fugos são aplicados para se evitarem as infiltrações de
águas, de esgotos e outros de qualquer ordem.
Os produtos materiais básicos para as impermeabili.
zações são os que abaixo vamos descrever.
ASFALTO
O asfalto é uma substância sólida, mole ou líquida,
podendo ser sempre reduzida a este último estado
pelo calor. -
A sua cor é escura e um pouco brilhante. '/À frio, o
asfalto é inodoro, mas quente tem um forte cheiro em-
pireumático.
É um calcáreo betuminoso que forma uma rocha cal-
cárea porosa, impregnada naturalmente e de uma ma-
neira íntima, de uma certa quantidade de betume, cerca
de 6a 12 por cento. ?
É pela acção dó calor que o betume é extraido da
rocha asfáltica. :
Nos últimos tempos começou a fabricar-se em alguns
países um asfalto sintético, que, não tendo os reais va-
lores do asfalto natural, serve Tazoâvelmente para os
fins milgares.
BETUME
betume é uma substância composta de carbono, hi-
drogénio e oxigénio, sendo pois um carboreto de
- hidrogénio que serve para fabricar os mastiques betu-
minosos empregados na construção,
'O mastique betuminoso é uma mistura de betume e
rocha asfáltica pulverizada, na proporção de 10 a 15
partes de betume por 85 a 90 partes de rocha asfáltica.
Misturado com areia, o mastigue emprega-se nos pas-
seios, terraços, placas de betão armado, etc.
A sua fusão é obtida aos 100º aproximadamente.
O betume artificial é feito com a seguinte composi-
ção necessária a l metro quadrado: 4,50 1. de breu de
hulha, 0,70 g. de colofone e 0,005 m.? de cal.
PAVIMENTOS DIVERSOS
PAVIMENTOS
ODOS os pavimentos baseados no cimento e na
cal são genêricamente designados pavimentos hi-
dráulicos, mas aqui separamos aqueles que embora
construidos com essas massas são de leve factura. De-
signamos-los, como vimos, pavimentos simples, para
efeitos simplesmente de estudo e nada mais.
Assim, os pavimentos hidráulicos reunem as diversas
betonilhas e os mosaicos hidráulicos, nas suas varia-
díssimas combinações.
:À perfeição destes pavimentos depende sempre do
bom acabamento dado.
E
Fig. 12-—PAVIMENTO DE LADRILHO
:
md don
Fig. 13— PAVIMENTO DE PEDRA
HIDRÁULICOS
PAVIMENTOS DE BETONILHA
A vêm das Hgeiras betonilhas que já tratémos no
estudo dos pavimentos simples, temos os pavimen-
tos de 'betonilha, prôpriamente ditos.
Estes pavimentos quando são assentes sobre o
terreno constam dos seguintes trabalhos depois da
preparação do chão ou da escavação para a abertura
da caixa: calkcamento por maço ou cilindro, uma ca-
mada de brita de pouca espessura, 0,07 ou 0,08, como
nos anteriores estudos indicâmos, um massame de 0,10
de espessura onde superiormente assenta a betonilha
que pode conter 0,02 ou 0,03 de espessura, com os
traços já estudados.
A superficie deverá ficar bem afagada. Conforme
as necessidades a befonilha do pavimento poderá ligar
por meio de curva com o roda-pé, quando este também
for construído com o mesmo material.
Nem sempre os pavimentos de betonilha ficam nive-
lados, porque em certas obras é conveniente dar-lhes
declive para efeito de escoamento e outros fins.
BETONILHA ESQUARTELADA
4
A betonilha esquartelada (fig. 8) é o pavimento ade-
quado para cavalariças pois que pelas juntas
chanfradas escorrem as humidades e águas de lava-
gens.
Porém, pelas pesadas passadas dos cavalos este
pavimento deve ficar muito resistente.
"Assim, o massame nunca deve medir menos de
0,20 de espessura e o seu assentamento sobre o terreno
bem batido ou calcado deve ficar muito bem apertado
sobre uma detgada camada de brita ou cascalho.
Ends
Fig. /4— PAVIMENTO DE PEDRA
Ê
Í
é
Depois do massame estar sezonado faz-se a beto-
nilha, que para dar lugar às juntas chanfradas não
pode ser muito delgada, antes deve medir de espessura
pelo menos 0,03.
Quando toda a camada de betonilha começar à
sezonar faz-se por meio de cordéis e réguas o traçado
do esquartelamento, que por sua vez se abre com 3
colher ou com uma gorgeta e com a colher se afaga.
Este pavimento deve ficar muito bem afagado e com
as juntas abertas em triângulo muito perfeitas.
O traço destas betonilhas não pode ser fraco para se
manter intacto todo o esquartelamento, com as pata-
'das dos animais. É aconselhado o traço da massa a 1:l
ou 121,5.
BETONILHAS DE JUNTAS
METÁLICAS
D E um modo geral esta betonilha tem a constituição
- “das outras betonilhas, tanto mos trabalhos b5-
sicos como nos acabamentos.
:A diferença desta betonilha consiste apenas na
disposição de umas delgadas réguas ou lâminas de
latão, que ficam a formar rectângulos ou quaisquer
outras combinações geométricas no pavimento.
Vaza-se a massa nos espaços entre as lâminas me-
tálicas, aperta-se bem sercafando-se em toda a super-
ficie com uma régua bem direita e deixa-se sezonar.
Depois afaga-se à colher e assim que tudo estiver
completamente seco pulem-se as lâminas e o efeito ideste
pavimento é assaz belo.
'Por vezes coloram-se os rectângulos da betonilha
com cores diferentes e o resultado é agradável,
BETONILHAS DE JUNTAS
A betonilha de juntas para: pavimentos ordinários é
uma betonilha vulgar que se constroi por rectan-
gulos, um ou dois de cada vez, em todas as extensões,
por maiores que sejam.
Pig. 15— PAVIMENTO DE LADRILHOS
COM JUNTAS TOMADAS A MASSA DE COR
PAVIMENTOS DIVERSOS
O massame € geral em toda a superfície a pavimen-
tar e só depois de sezonado se faz o assentamento da
camada de betonilha, cuja espessura é vulgar.
Este sistema de construir betonilhas por partes serve
para evitar rachas ou fendas que se podem produzir nos
pavimentos continuos de grandes dimensões, quando o
terreno não nos dá garantia de firmeza.
PAVIMENTOS DE LADRILHOS
OBRE massames e placas de betão armado constroem
-se pavimentos de ladrilhos, mosaicos hidráulicos,
de cimento e areia ou calcáreo e areia e outras composi-
ções mais ou menos idênticas.
Fig. 16— PAVIMENTO DE LADRILHOS
Fig. 18-— PAVIMENTO DE LADRILHOS
(DIVERSOS CORTES)
PAVIMENTOS DIVERSOS
Estes mosaicos são assentes com argamassa de ci-
mento e areia, de qualguer traço normal, como sejam os
de 1:4 ou 1:5 e om argamassa de cal e areia, ao traço
de '1:2, quando o assentamento seja feito sobre formi-
gão ou massame de argamasse de cal, areia e brita.
Algumas vezes também se assentam os ladrilhos com
argamassa de cal e areja mesmo sobre as placas de betão
armado, Quando a <al é de boa qualidade e se não foge
so traço, faz-se um bom assentamento de mosaicos com
essa massa.
Com os diversos mosaicos de cores obtêm-se vistesos
pavimentos hidráulicos.
No mercado encontram-se os mosaicos de várias di-
mensões, especialmente de 0,20X0,20, 0,20x0,10,
0,30X 0,30, 0,30X 0,10, etc., etc. e de formatos hexago-
vais, sextavados, e outros que prefazem combinações
apreciáveis.
A. espessura dos ladrilhos oscila por 0,022.
Durante o assentamento deve evitar-se a argamassa
depositada sobre os ladrilhos, pois que ficam para sem-
pre mais ou menos manchados, No acto de se assenta-
rem molham-se os ladrilhos mergulhando-os em água
limpa e doce.
O assentamento faz-se a encher quando todos os
mosaicos são da mesma £or ou quando são apenas de
duas cores alternadas. Quando se assentam combina-
ções, cercaduras e demais composições é conveniente
fazer-se a medição da superfície com o número de mo-
saicos a utilizar, e mesmo começar o pavimento pelo
centro para que tudo dê bem.
A combinação do múmero certo de mosaicos é sem-
pre interessante fazendo-se os cortes nas extremidades
dos pavimentos.
Os ladrilhadores cortam os ladrilhos tom a pica-
deira ou com uma lâmina de aço fixada numa esqua-
dria de madeira,
A Ledrilhor
Darréno
Fig. 18-CORTES DE DIVERSOS PAVIMENTOS
— 10 —
BETONILHA BRUNIDA
E sra betonilha, que tanto se pode aplicar sobre os
“terrenos como sobre os massames ou placas de be-
tão armado, tem quase sempre uma espessura não infe-
nora 0,05.
'O sen traço pode ser de '1:2:4 ou 1:34, de cimento,
areia e granito de calcáreo. É bastante resistente e de
longa duração este agregado hidráulico, que depois de
seco é brunido com pedra e bastante água.
Em algumas obras também se adiciona à betonilha
Pequenos Iragmentos de pedras de várias cores que de-
pois de efectuado o brunimento fica de bonito efeito.
MO seu processo de execução é idêntico ao das res-
tantes betonilhas. Também ultimamente se têm feito
estas vistosas betonilhas com cimento branco.
ESTRUTURAS
As estruturas dos pavimentos elevados são nas edi-
ficações modernas, como se sabe, de betão armado,
por meio de placas construídas conforme os cálculos de
resistência estudados para cada superfície,
Antes do emprego do betão armado usava-se para
os pavimentos hidrófugos, que não podiam ser cons-
truíidos de madeira, a abobadilha (Fig. 20-A).
Este tipo de construção que ainda hoje tem cabi-
mento em muitos edifícios, é constituído por um viga-
mento de ferro [, assente na menor dimensão da depen-
dência a pavimentar, Os espaços entre as vigas, de 0,40
a 0,60 pouco mais ou menos, são cheios com umas pe-
quenas abóbadas de tijolo. Os perfis destas vigas devem
ser colocados de acordo com as dimensões das dependên-
cias onde têm lugar, no entanto nunca poderão ter
menos de 0,13 para dar lugar aos tijolos que medem
0,11 e necessitam de reboco abaixo das abas das vigas.
Presentemente além das abobadilhas e das placas
de ibetão armado também se constroem pavimentos de
tijolo armado.
Consta esta forma de construir, de enfiar num
varão de ferro um número de tijolos cujo comprimento
total prefaça a menor dimensão da dapendência que tem
de pavimentar-se. Depois da fiada de tijolos estar
pronta, em cima de um estaleiro dobram-se as pontas
«o varão como se pratica nas armaduras de betão armado
para bem encastrarem nas paredes.
Os tijolos são ligados entre si com argamassa de
cimento e areia a um traço forte aplicado nos seus
topos (Fig. 20-C). Depois de cada fiada estar assente
no seu lugar aplica-se argamassa nas suas façes e encos-
ta-se-lhe nova fiada e assim sucessivamente até prefa-
zer todo o pavimento, Os varões de ferro podem com-
portar os mesmos diâmetros aplicados no betão armado.
Nas pequenas superfícies é dispensada a cofragem, como
se compreende.
'Ã cofragem para este pavimento é apenas um es-
trado em toda a superfície.
Este Spo de pavimento é muito recomendável para
cobrir dep2ndênciasacanhadas em que por isso se tome
dificil a construção de placas de betão armado ou abo-
badilha,
Neres
Hs E tg
“a
PAVIMENTOS DIVERSOS
PAVIMENTOS REVESTIDOS
AVIMENTOS REVESTIDOS é a designação genérica dada
a tados os pavimentos que são cobertos com outros
materiais, mudando-lhes o aspecto. Dos soalhos de ma-
deira, por exemplo, podemos fazer superiormente outro
sobrado com revestimentos hidráulicos e cerâmicos.
Sobre as placas de betão, como já descrevemos,
podemos fazer os melhores pavimentos com qualquer
material, incluindo a própria madeira. E sobre as abo-
badilhas idênticos sobrados podemos construir dentro
das melhores garantias de resistência. '
SOBRE SOBRADOS DE MADEIRA
P or necessidade de adaptação de qualquer dependên-
cia normal a casa de banho, sem se poder arrancar
o pavimento existente, procede-se ao seu revestimento
hidráulico.
Assim, prega-se sobre o soalho uma rede metálica,
do chamado metal distendido ou mesmo de qualquer
outro tipo, como as de capoeira, e aplica-se sobre ela
tma camada de betonilha.
O assentamento da rede deve ficar cerca de 0,01
ou 0,015 acima do solho para que a massa fique bem
assente e não haja espaços ocos, que são muito preéju-
diciais como se sabe,
'Essa altura consegue-se no acto do pregamento, pon-
do-lhe por debaixo, de espaço a espaço, um pequeno
fragmento de caco que dê a medida conveniente.
'À camada de massa a aplicar terá a espessura con-
vemiente para que o pavimento fique nivelado de acordo
com outros que se continuem, tendo no entanto em conta
também a espessura ide ladrilhos ou de qualquer outro
revestimento que se lhe assente em cima.
Se o pavimento fica só de betonilha (Fig. 21) deve
afagar-se convenientemente para ficar bem lisa e apli-
car-se-lhe qualquer tratamento.
Nos pavimentos destinados a fins de superiores aca-
bamentos (Fig. 22) arramca-se o solho de madeira e
assenta-se entre as vigas que formam o vigamento de
Fig. 21— PAVIMENTOS DE BETONILHA
SOBRE SOLHO DE MADEIRA
A corticite que é um aglomerado de serradura de
nm Ja os A
e us .
todo o pavimento um novo e ligeiro solho que se prega
nos serrafos fixados de ambos os lados de cada viga.
Executado este sobrado com qualquer madeira, mes-
mo com a do antigo solho, se estiver sã, assenta-se-lhe
a rede de metal distendido alicada também 0,01 ou
0,015 do solho de baixo e aplica-se a betonilha.
Depois de seca a camada de argamassa procede-se
ao assentamento de ladrilhos ou de qualquer outro re-
vestimento.
ZZIPITAITANANN
III
= DAN
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t eta st diet . Vigo *
Fig. 2 PAVIMENTO DE LADRILHOS
SOBRE METAL DISTENDIDO
SOBRE ABOBADILHAS
Ex» certas obras as abobadilhas (Fig. 18) são sim-
plesmente revestidas por uma camada de argamassa
afagada e às vezes nas cozinhas e nas casas de banho
uma camada um pouco mais espessa de massa de ci-
mento, areia e granito, que depois é brunida com pedra
e água,
é E á
Fig. 23— PAVIMENTO DE BETONILHA
SOBRE ABOBADILHA
“Sobre as abobadilhas também se constroem pavi-
mentos de mosaicos e de solho de madeira.
Todos estes pavimentos são de bons resultados e
muito duradouros.
so — 3 —
entos de cortiça são recomendáveis para
PAVIMENTOS DIVERSOS
SOBRE PLACAS DE BETÃO ARMADO
S ore as placas de betão armado constroem-se bons
pavimentos revestidos quer de material hidráulico,
quer de ouíra contextura.
“Para se fazer o assentamento de ladrilhos sobre as
placas basta limpá-las dzs impurezas que se acumula-
ram e arranhar com a picadeixa algumas extensões que
se conservaram lisas, como que afagadas, o que às ve-
zes acontece.
Preparadas assim as placas de betão armado pode
proceder-se ao assentamento dos ladrilhos com as ar-
gamassas indicadas.
Quando haja conveniência para efeitos de precau-
cão contra infiltrações de humidade pode aplicar-se
sobre as placas, antes da argamassa, uma camada de
qualquer produto bidrófugo. É claro que só se faz o
assentamento dos mosaicos depois do resguardo hidré-
fugo estar solidificado.
SOBRE BETONILHA
XISTINDO um pavimento de betonilha que convenha
revestir de ladrilhos ou de qualquer outro mate-
cial, tem de se fazer o rebaixamento necessário, a fim de
se obter a altura prexisa para caber o novo revestimento.
Se for para receber mosaicos tem de contar-se com
a espessura dele e mais a espessura da massa a aplicar
no assentamento, pelo menos 0,01.
Kom o rebaixo ou espécie ide caixa para o pavimento
fica irregular ess> nível, o que é conveniente para a boa
ligação da argamassa com à betonilha existente.
Quando, porém, o revestimento assenta directamen-
te sobre a betonilha, sem ser necessário abrir caixa, é
conveniente picar toda a superfície para a ligação das
massas. Essa picagem tem a designação de aferroa-
mento.
“Também lembramos que no caso de se aproveitar
toda a betonilha, por já estar na altura própria, terá
de se picar e arrancar o fio da superficie, quando o pa-
vimento estiver engordurado pelo uso. Nessas condi-
ções o revestimento não ficava bem ligado.
CORTICITE
A rorticite que é um aglomerado de serraduxa de
cortiça ou de madeira forma uma massa relati-
vamente xonsistente, que, quando é bem feita e bem
aplicada, apresenta um pavimento sem fendas e sem
juntas numa grande extensão.
À corticite pode ser zplicada sobre madeira e sobre
betonilha, numa espessura em geral de 0,02.
Se a corticite é aplicada sobre soalhos de madeira
é conveniente fixar sobre eles uma rede de arame vulgar
e picar com um canto de enxó toda a superfície a reves-
tir. (Assim é facilimo prender a massa ao pavimento
existente.
—I4—
O emprego da corticite é algumas vezes oportuno
para proteger solhos velhos que não é conveniente ar-
rancar.
iA camada ide desgaste do aglomerado pode apre-
sentar qualquer tor para o que basta adicionar na água
as tintas de terras necessárias.
(A aplicação das massas é feita de acordo com o
nivelamento do pavimento por meio de réguas e de
mestras equidistantes em toda a superfície a revestir.
Os roda-pés quando construídos também de corti-
cite formam uma continuidade do próprio pavimento, não
formando, porém, ângulo Tecto mas sim um pequeno
quarto de circulo.
Este chão sem fendas pode ser encerado, depois de
polido e limpo com aguarrás para a sua conservação.
Se os pavimentos de madeira onde a corticite assenta
tiverem muitas oscilações podem fazer zachar toda à
corticite.
Estas rachas ou fendas podem ser tapadas com massa
de idêntica composição e cor. .
MARMORITE
à marmorite é um aglomerado de grãos de mármore,
lioz e outras pedras finas, cimento colorido e água,
que se estende sobre betonilha de cimento.
'A marmorite forma um pavimento contínuo, sem fen-
das e de certa beleza. À boa marmorite é constituída
por duas camadas: a inferior com granito e argamassa
de cimento a um traço relativamente forte, e a camada
de desgaste de cerca de 0,01 de espessura em que se
utiliza a massa de grãos de mármore e cimento colorido
de qualquer cor com a água bastante para que o agre-
gado não sejá duro.
À segunda camada só é estendida depois da pri-
meira já estar sezoada.
Depois de tudo seco procede-se ao alisamento da
superfície com pedra pomes e abundância de água, quer
manualmente quer por processo mecânico.
'S6 se considera pronto este revestimento quando
se atingir um certo estado de polimento e nivelamento
perfeito.
'Estes pavimentos podem ser encerados e a sua im-
peza depois de sujos faz-se com minita água e sabão.
CORTIÇA
Os revestimentos de cortiça são recomendáveis para
«escritórios, salas e quartos, pel sua boa impermea-
bilização de som, frio » calor.
A sua beleza com combinações de cores é superior
e presta-se a um fino enceramento.
'Os revestimentos de cortiça são estendidos no pró-
prio local por uma camada de aglomerado e também
pelo assentamento dz placas. Tanto de um como de
ouiro processo podem fazer-se os mais variados dese-
nhos geométricos como mostramos na Figura n.º 19.
[Este revestimento pode assentar sobre betonilha e
tem geralmente a espessura de 0,01 pouco mais ou menos.
ENA ac
CALC
BERTA a caixa destinada a receber a calçada, como
sucede com todos os outros pavimentos excep-
tuando, é claro, os sobrados de madeira, procede-se ao
respectivo trabalho, batendo primeiramente todo o ter-
reno.
Se o terzeno a calcetar ou a empedrar for de grande
superfície faz-se todo o seu calcamento com um cilindro
mecânico ou de tracção anima), mas se se tratar de
uma pequena extensão emprega-se simplesmente o maço
de madeira manual.
'As calçadas poderão ser executadas com pedra por
vários sistemas e também com cubos ou patalelepipedos
de madeira.
Os calcetamentos mais usados no nosso país são os
de pedra. Os sistemas vulgares são os dos empedrados
de macadame (7) e as calçadas prôpriamente ditas com
pedra britada de calcáreo e de basalto.
iNão são à primeira vista as calçadas obras de cons-
trução civil, mas os pátios » as caves carecem muitas ve-
zes desses pavimentos, que é por conseguinte útil
conhecer,
EMPEDRADO DE MACADAME
O empedrado ou calçada à macadame consiste sim-
plesmente em depositar-se a pedra britada ou cas-
calho na caixa destinada a pavimentar com a altura ia-
dicada no projecto.
Seguidamente procede-se 2o calcamento da pedra
por meio de cilindro pesado, para que essa camada assás
espessa fique bem comprimida. Finaliza-se a obra espa-
thando uma camada de saibro ou de areia amarela por
cima de toda a brita, que também deverá ser calcada a
cilindro. Nas margens da calçada onde o cilindro não
pode chegar faz-se o calcamento por meio do maço de
madeira.
O terreno da caixa deve ser molhado, bem como a
camada da brita e a superficie da areia ou do saibro.
(*) O vocibulo macadame deriva do nome do engenheiro fran-
cês Mac Adam que criou «ste tipo de calçada.
fig. 24-—EMPEDRAMENTO COM PARALELIPIPEDOS
PAVIMENTOS DIVERSOS
A DAS.
CALÇADA DE BASALTO
Cm pedra de basalto quebrada em fragmentos de
cerca de 0,10 pouco mais ou menos, em volume,
faz-se uma calçada de grande resistência e de simples
execução.
Camada dz
Es,
A” Belivmivera
Férreno
Fig. 25— CALÇADA COM CUBOS DE PEDRA
Ay— Corte; B) — Planta; C) — Corte de passeio com o lancil
Sobre a caixa no terreno a calcetar espalha-se areia
e sobre esta camada vão-se dispondo as pedras deixando
o lado melhor facetado para cima. :À junção das pedras
faz-se encostando as melhores faces de umas às outras
conchegando-as com um camartelo,
Finalmente espalha-se areia por sobre a calçada a
fim de encher e tapar as juntas entre as pedras.
O calcamento por meio ide cilindro mecânico garante
a resistência da calçada.
CALÇADA DE CUBOS DE PEDRA
REPARADA à caixa para o pavimento com o seu fundo
bem batido a maço ou bem calcado a cilindro e
molhado, procede-se da mesma maneira como para &
calçada de basalto, éspalhando a areia necessária para
receber os cubos ou os paralelipipedos de pedra.
A pedra para os cubos deve ser a de granito pois
que a sua dureza é garantida e a sua duração eterna.
Terminada a calçada e devidamente calcada pelo
cilindro pode proceder-se a aplicação de qualquer induto
betuminoso sobre a sua superfície.
É esta uma das melhores calçadas para o ar livre.
—15—
VÃOS DE JANELAS
PRELIMINARES
Qrespo se constroem as alvenarias em elevação
assim quo as paredes chegam à altura do en-
soleiramento fazem-se logo, ao mesmo tempo que se
marcam os vãos das portas, os panos de peito, de
acordo com os seus lugares indicados no projecto da.
obra.
Os panos de peito são, como também já sabemos,
construídos com tijolo é à face do paramento exterior
das paredes das fachadas da edificação. A altura dos
panos de peito é, em geral, de 0",90, incluindo, como
se compreende, o peitoril. que quase sempre é de can-
taria.
De ambos os lados dos vãos das janelas, como tam-
bém dos vãos das portas, ficam as golas ou ombreiras,
que em algumas obras são construídas de tijolo, na
mesma espessora dos panos de peito, mas que são de
ordinário constituídas por pegas de cantaria que do
mesmo modo se designam ombreiras. Para 6 assenta-
mento das ombreiras de cantaria, que por seu turno
assentam sobre o peituril, do mesmo material, deixam-se
ficar na alvenaria umas caixas para lhes dar lugar (9.
Sobre os topos saperiores das ombreiras assenta-se
a verga.
À verga nem sempre é de cantaria, às vezes é um
arco de tijolo 6 outras uma peça de betão armado.
Por conseguinte, constituído o vão, é mister goarne-
cêlo e dota-lo de caixilhos e portas.
O guarnecimento dos vãos de janelas é de norma. ser
composto de dois aros: 0 aro de aduela é o aro de gula.
Em certos casos é dispensado um deles.
Nalgumas obras disponsa-se o aro de aduela e noutras
o aro de gola. No aro de aduela funciona O caixilho en-
vidraçado e no de gola fanciona a janela, purta de den-
tro ou portada (*). Quando se dispensa o aro de aduela
funciona o caixilho no aro de gola, prescindindo-se, por
conseguinte, da janela on portada. Quando, porém, se
não assenta o aro de gola é porgne se dispensa a janela
ou portada.
aro de aduela é assente na aduela do vão, isto é,
fixa-so no interior ou face interior dos vãos 6 o aro de
gola fixa-se na gola do guarnecimento do vão, isto 6,
no sen tardoz, que é a parte voltada para o enchalço.
O aro de gola é uma espécie de grade com as mes-
mas dimensões interiores do vão 6 0 aro de aduela é
apenas um enquadramento que se apoia sobre a tábua
de peito » que é, por sua vez, moldurado ou simples-
mente arredondado. .
Estes aros são fixados às captarias por meio de pa-
raíusos.
Quando os vãos de janelas não são guarnecidos de
cantaria é são formados por golas de tijolo os parafusos
que fixam os aros entram nuns tacos de madeira que
ficaram encastrados entre os tijolos ou em buchas em-
bebidas em mineus de betão armado.
(3) Ver o caderno n.º 16 desta Enciclopédia.
(e) A designação de portada dada às portas de dentro tem origem
so norte do Bais, porquanto no sul se chamas simopleemente janelas.
—-2—
O que é preciso ficar bem compreendido 6 que os
aros devem ser bem fixos para que o funcionamento
dos caixilhos & das janelas seja perfeito e não haja des-
caimentos.
As melhores madeiras para a construção dos aros
de aduela são o castanho e o pits-pine, quando se trate de
obras para envernisar ou tratar com óleo de linhaça,
e a casquinha para obras a pintar, À madeira de pinho,
que se utiliza muito nos últimos tempos, só tem cabi-
mento por economia, pois não reúne as necessárias con-
dições para suportar as intempéries.
Devido às chuvas esta madeira incha, atingindo rela-
tivamente grandes espessuras, prejudicando o bom fun-
cionamento dos caixilhos, 6 depois com o calor seca
e contrai-se abrindo largas fendas prejudiciais, como
é do notar.
Para os aros de gola deve de preferência empregar-se
a casquinha, aceitando-se, todavia, O pinho, porque nes-
tes aros, como são interiores, não têm de suportar as
águas pluviais que caem pelas paredes das fachadas.
Os elementos que formam o guarnecimento dos vãos
de janela são normalmente quatro: os aros de aduela
“ é do gola, a tábua de peito, o aparador é as fasquias.
Epa)
Louce sra
Porca,
Havessa d Peito
Processo
Rerpire
EA
Pt
Fig. 2.— ARO DE GOLA PRONTO
A ENGBADAR
fa— Ponta para facilitar o engradamento; b — Canto em serragem
para encostar à alvenaria; c-— Canto feito; £-— Face)
=
AROS E TÁBUAS DE PEITO
frase o guarnecimento dos vãos de janelas com o
assentamento do aro de gola e segue-se-lhe o assen-
tamento da tábua de peito.
Depois faz-se a fixação do aro de aduela. A última
peça a tomar o seu lugar é o aparador que so fixa à
travessa de peito do aro de gola, absixo, por conse
guinte, da tábua de peito.
S6 depois de todas estas pecas de guarnecimento do
vão estarem assentes se pode proceder a0 assentamento
dos caixilhos o das portas de dentro, que são respecti-
vamente suspensas no aro de aduela e no aro de gola.
AROS DE GOLA
Os aros de gola que também têm a designação de
aros de pedraria no norte do Pais, são constituí-
dos por quatro peças: duas couceiras, uma verga é uma
trazessa de peito. Às conceiras são peças verticais e a
verga, que 6 a travessa de cima, e a travessa de peito,
que é a traressa de baixo, são horizontais.
E este aro como sé vê (Fig. 2) uma grade que toma
Tagar, como já dissemos, na gola do vão e serve para
funcionamento das portas de dentro ou portadas.
A espessura da madeira para esto aro é, em geral,
de 07,02 a 07,035, conforme a grandesa do vão.
A largura usual, para os vãos normais, das peças de
madeira, é de Oº,11, ou seja, metade da largura de uma
tábua de casquinha,
O sen aparelho consta da face e do canto é depois
. desengrossando-se obtemos a espessara regular de todo
o aro. O galgamento não é feito, pois que o segundo
canto fica na serragem encostado à alvenaria que forma
o enchalço.
Às couceiras são furadas para darem lugar às respi-
gas das travessas. Os foros têm a largura de um terço
da espessuralda madeira 'e o sen comprimento é igual
Ea
VÃOS DE JANELÃS,
a dois terços da largura. O terceiro terço é envaziado
para dar entrada a um talão com cerca de 02,008, ou
raesmo 07,01, de saliõncia.
As respigas das travessas tôm exactamente as dimen-
stes dos furos, como bem demonstramos no nosso de-
senho (Fig. 2). Para que as respigas entrem bem nos
furos despontam-se um pouco nas suas extremidades de
ambos os lados.
O da maior conveniência que o aro fique bem desem-
penado é esquadriado.
O assentamento dos aros de gola à gola dos vãos 6
praticado por meio de parafusos de cantaria cuja porea
* Ltutetsia
Fig. 8.— DIVERSOS PERFIS DE TABUAS DE PEITO
se fixa num chumbadouro aberto nas cantarias é onde
entra o parafuso apertando o aro de encontro aos gnar-
necimentos de pedra, de betão armado ou de qual-
quer outro material. .
O número de parafesos para cada aro de gola de ja-
nela é quase sempre de oito: três em cada couceira e um
na verga é outro na travessa de peito (Fig. 4).
|
sa
|
|
|
|
Marco
A
ane
: Zed
WU PE apo +
ARO DE Gu,
Fig 4 — VAO DE JANELA DE PEITO
(tro de Aducla, Aro de Gula e Corte)
“AOS DE JANELAS
Cuixitto,
Fig. 5.— ARO DE ADUELA COM TRAVESSA
DE BANDEIRA
Para boa conservação das madeiras é conveniente
aplicar uma demão de tinta no tardoz do aro, na parte
que encosta à cantaria e à alvenaria.
Algumas vezes estes aros também são rebaixados,
trabalhando nesta forma as janelas on portadas nesse
mesmo rebaixo.
Também em alguns casos os aros de gola são provi-
dos de travessa de bandeira, assentando-se assim novos
caixilhos ôu portadas na parte superior do vão.
Pars boa apresentação da janela é sempre conveniente
gas os aros de gola fiquem bem certos com os guarne-
cimentos de cantaria.
Como remate entre o:aro c a cantaria, à tapar a junta
entre esses motivos, prega-se uma fasquia que tem a
designação de docel.
TÁBUAS DE PEITO
As tábuas de peito são, como o seu nome indica, tá-
buas que se assentam sobre os peitoris das ja-
neles.
Destinam-se a proteger as pessoas quando se debru-
cam e tomar no seu reverso a forma que o pejtoril
contiver. o
Superiormente são arredondadas no sou focinho é
rectas no sen peito. Enire a parte plana e o focinho
—4—
abre-se um canal chamado invernal para recolher as
águas plaviais que caem pela face do caixilho é entram
na tábua de peito. Às águas saem do invernal por nm
“furo que dele passa para o peitoril que as faz correr
para o exterior. Este furo é aberto a meio da largura
do vão, onde também q invernal é mais profundo do
que nos extremos.
Para efeitos de bom remate as tábuas de peito são
molduradas na sua cauda, gue assenta sobre a travessa
de peito do aro de gola.
Quando os peitoris são muito largos têm as tábuas
de peito de ser acrescentadas entre a parte alta do So-
cinho e o plano, o que so faz por meio de macho.
As tábuas de peito são fixadas 20 peitoril por meio
de parafusos ou pregos para buchas de madeira metidas
em buracos abertos no pejtoril.
Além de madeiras exóticas é a casquinha a mais ip-
dicada para a construção das tábuas de peito, embora
se use o pinho em larga escala. Esta madeira não pos-
sue as qualidades necessárias para 0 contacto com a
água da chuva, embora se proteja com uma demão de
tinta de óleo.
AROS DE ADUELA
Os aros de caixilhos têm a designação de aros de
aduela porque o sem lugar é nas aduelas dos guar-
necimentos de cantaria dos vãos.
A estrutura destes aros é muito diferente da dos aros
de gola. Os aros de aduela são: constituídos por três
pegas: dois marcos e uma verga (Fig. 4).
Os dois marcos que são verdadeiras ombreiras e que
se encostam 6 fixam às ombreiras dos vãos, apoiam-se
sobre a tábua de peito. A forma da sua construção é
diferente da dos aros de gola.
As socções das peças de madeira quo formam este
aro são de ordinário de 0",0f a 07,05 de espessura e de
02,03 a 09,07 de largnra. Esta medida deve sompre
permitir que o eaixilho possa abrir bem para dentro
e encostar-se para os lados o mais que puder ser, a fim
de se obter maior espaço na largara do vão.
O engradamento dos mareos com a verga ou travessa
é feito por respiga éngasgada à meia-esquedria (Fig. 6),
trabalho perfeito de carpintaria que oferece para os aros
grande resistência. Ultimamente têm-se construído des-
tes aros pelo engradamento vulgar de respiga é furo,
mas não é de aconselhar.
Estes aros, para o bom funcionamento dos batentes
dos caixilhos, são rebaixados. Os rebaixos têm cerca
de 07,01 ou 0º,012 de lado.
À fixação destes aros às cantarias ou aos mineus de
betão srmado 6 obtida por parafusos de rosca de ma-
deira gue entram em buchas metidas em furos prêvia-
mente abertos nas ombreiras e vergas.
Nos vãos de janelas de dimensões vulgares aplicam-se
dois parafusos em cada marco é am na verga, mas nos
vãos de certa altura com bandeiras altas o número de
parafusos em cada marco anmenta.
A ligação de cada marco na tábua de peito, cujo topo
se amolda à tábua é feita com alguns pregos redondos
metidos pelo lado de fora.
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Fig. 10. — PORMENORES DE VÃOS DE CAIXILHOS
COM ALMOFADADOS
Às espessuras das madeiras dos caixilhos vulgares
em dimensões, dos vãos das janelas, são de 02,035, ma-
deira 20 meio de casquinha, eujas tábuas ou pranchas
têm 07,075.
Nos caixilhos de grandes dimensões emprega-se a
madeira à banda, isto é, quando se serra com um fio ao
alto ficam duas folhas, uma de 07,03 6 ontra de 07,045.
Esta última 6 folha à bacda. A outra folha, um pouco
mais grossa do que as folhas a dois fios, tem variadas
aplicações na carpintaria civil.
. Para todos os vãos do caixilhos, qualquer que seja o
sistema do seu funcionamento, as espessuras das ma-
deiras para a na construção são as que indicamos.
O engradamento dos caixilhos é feito por furos nas
Conceiras e respigas nas travessas & Dos pinásios.
A ligação dos pinásios entre si, quando fazem cruza-
mento, é obtida, por enxovado. este trabalho consti-
tuído por uma pequena escarva no pinásio vertical e por
ama curta respiga no pinásio horizontal, como mostra-
mos nos pormenores. À pequena respiga dá entrada va
escarva na ocasião do engradamento do caixilho e fica
com acentnada solidez.
Às travessas o os pinásios devem ficar bem esqua-
driados com respeito às conceiras é para melhor acerto
escantilham-se os vãos para os vidros.
O escantilhamento é feito com uma pequena fasquia
que se aplica diagonalmento no espaço destinado ao
assentamento dos vidros.
Para a obra ficar perfeita deve a marcação da fasquia
Ser igual em qualquer das diagonais.
Se assim pão ficar está o caixilho descantilhado, por
conseguinte imperfeito.
Domessa
daspara
SISTEMA, DE
JUNTA
gr
Ledo do Casio ES
coca HJ ESSE
sirema De Nó ne san Nem |
Fig. 11. — PORMENORES DE FUNCIONAMENTO
DE GAIRILHOS
CONSTRUÇÃO
NICIA-SE 2 construção dos ca'xiltos cortando a madeira
as couceiras e travessas, aplainando-as de face
e canto, Depois desengrossa-se fazendo préviamente
correr o graminho. Esta face de tardoz também aplai-
nada. com a garlopa, porque tudo deve ficar perfeito.
Em seguida procede-se ao assinamento, deitando as
couceiras de face com fica, umas sobre as outras, sobre
a planta traçada numa tábua. Com o corta-mão elevam se
da planta pelos cantos das couceiras todas as linhas
para os furos a abrir nessas peças. Depois, om todas
as couceiras, a uma por uma, passa-se para 0 canto em
tosco os traços correspondentes aos furos desse lado.
Com as travessas e com os pinásios procedeu-se da
mesma forma. Elevaram-se da planta todas as linhas
que limitam as respigas.
Concluída a operação das couceiras é as respigas das
travessas é dos pinásios, manual ou mecânicamente,
procede-se à abertnra das molduras é do rebaixo. Às
molduras mais usadas pos tempos do trabalho manual
eram o cepo de coroa e a meia-cana. Esta última moldura
ainda prevalece na execução mecênica. .
Nos pormenores que apresentamos figoram exclust-
vamente essas duas molduras. Um cepo (1) comum a pa-
relha de ecixilhos abria ao mesmo tempo a moldura é 6
rebaixo. Actualmento a máquina também executa osse
serviço.
Terminada a molduragem abrem-se as murtagens nas
couceiras 6 inicia-se o spgradamento.
() Cepo 6 a designação dada a todas as ferramentas do madeira
para aparelho 6 moldaragem.
—T—
VAOE DE JANELAS
v
|
+
titmansa
ç
| [eme jato eme orrmeca em mao
A foi IB
F
El
o I e
| Xana Pos | fim (ride.
Fig. 12.— VÃO DE CAIXILHOS DE TRÊS BATENTES E BANDEIRAS
(ê Esquerda, Caixilhos; à Direita, Portas de Dentro)
Ficando a furação e o respigado bem perfeitos fica
o engradamento desempenado e bem na esquadria, tra-
balho esse que é feito sempre com o esquadro. Para
a respiga das travessas e dos pinásios entrar bem nos
foros despontam-se um pouco na extremidade.
Nos lugares desses despontados metem-se depois ao
grudar os caixilhos umas palmetas de madeira, uma de
cada lado das respigas, para lves garantir bem o aperto.
As palmetas são também molhadas no grude e batidas
com o martelo ató ao aperto.
É escusado lembrar que é a respiga que leva grado
nas suas duas faces.
O grudamento dos caixilhos é feito sobre dois gasta-
lhos, um próximo de cada murtagem (!), que com pal-
metas os apertam bem afé depois do palmeteados. Ter-
mineda esta operação está o caixilho pronto.
A sua última fase antes do assentamento é o afaga-
mento, para que toda a peça fique bem perfeita.
SISTEMAS —REBAIXOS
Os caixilhos podem ter dois sistemas de funciona-
mento, o de rebaixos e o de nó de banca. U sis-
tema de rebaixos é o mais vulgar e o de nó de banca
está já um tanto fora de uso, por ser de factura menos
económica,
Para os caixilhos de rebaixos é também o aro de
aduela preparado com rebaixos. Os rebaixos medem,
geralmente, 02,01 ou 02,012 de lado, tanto no aro
—8—
como no caixilho. As folgas oscilam por 07,002 entre
o aro 6 o caixilho.
Para se proceder ao assentamento dos caixilhos me-
de-se com uma fasquia a largura do vão, certa, de re-
baixo a rebaixo do aro. Se o vão comporta apenas um
batente é a fasquia da medida colocada sobre o caixilho
e deizando-se as couceiras iguais na sua largura mar-
ca-se por onde se há de cortar e rebaixar dos lados.
À travessa de cima fica com a largura igual à das cou-
ceiras 6 rebaixa-se.
A travessa de baixo sujeita-se, depois do rebaixa-
mento da de cima, à altura tótal desde o rebaixo da
verga do aro até à tábua de peito. Esta travessa não é
rebaixada.
Para os vãos de dois batentes, depois de estabelecida
a respectiva largnra, descontando-se o espaço da régua
de batente ou da régua de cremona, sempre com as
quatro couceiras iguais, procede-se à marcação dos re-
baixos tal como fizemos para o vão de um batente.
Nos vãos de mais batentes trabalha-se de igual ma-
neira.
Dos lados exteriores da largura dos caixilhos onde
se devo fixar a ferragem para O seu movimento cor-
re-se uma moldura arredondada, a fêmea, que se presta
muito bem a esses remates. Na travessa de cima tam-
bóm se observa o mesmo princípio.
Na altura dos caixilhos, entre a travessa de baixo
e a tábua de peito, deve deixar-se uma folga de cerca
“
(1) Murtagem & o Jugar onde as molduras se acertam formando
a meia-esquadria.
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Fig. 13.— PORMENORES DO VÃO Fig. 1£ — PORMENORES DO VÃO
DE TRÊS BATENTES DE TRÊS BATENTES
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Fig. 15. — POBMENORES DO VÃO DE TBÊS BATENTES
VAOS DE JANELAS
Do jado da junta do caixilho forma um redondo cón-
cavo onde entra a junta do caixilho de espera que prê-
viamente é arredondada para esse fim.
A régua de cremona é fixada por pregos ou parafusos
ao seu caíxilho, sendo também grudada.
As larguras das réguas de cremonsa vão geralmente de
02,04 a 07,06 e as suas faces exteriores podem ser
molduradas. É na faco interior que se fixa a eremona,
que é uma espécie de tranca aperfeiçoada e actualmente
de certa delicadeza.
A cremona, como os fecuos de correr, entra em
cima numa grampa fisada ne verga do aro ou na tra-
vessa de bandeira se comporta este elemento, e em
baixo num faro aberto na tábua de peito. Esto furo é
protegido por vma pequena chapa metálica ferada, em-
bebida e aparafusada na tábua de peito.
Quando o vão comporta bandeiras e se elas são de
movimento de batente tém a aplicação também de ré-
guas de cremona que devem ficar na mesma prumada
da dos caixilhos que lhes ficam por debaixo.
A régua de cremona deve ter a mesma altnra do cai-
xilho onde assenta e formar com os dois batentes um
todo homogéneo dentro do mesmo vão.
PINÁSIOS
s pmásios são as divisórias para a distribuição dos
vidros do caixilho. Os seus perfis são estabeleci-
dos de acordo com todas as molduras dos caixilhos.
São moldurados e rebaixados de ambos os lados e no
engradamento combinam-se com as conteiras é tra-
vessas.
A largura máxima dos pinásios é de 07,025.
Nos nossos pormenores tudo isso é bem demons-
trado.
A sua ligação entre si é feita por meio de respiga
enxzonvada é de recorte sobre a parte moldurada para
assentar livremente um sobre o outro (Fig. 17).
Os pinásios transversais tôm respiga que entra nos
furos das eouceiras com samblagem apropriada, como
mostramos nos pormenores, que é a murtagem.
Os pinásios verticais que, por conseguinte, eruzam os
transversais exigem, para a sua prumada ficar rigorosa-
«mente certa, uma marcação adequada.
Os pinásios transversais são engradados com as tra
vessas e constam, por isso, da primeira fase do engra-
damento dos caixilhos. Estes engradados com travessas
e pinásios são apertados nos gastalhos (+) e das marca-
sões dos furos nas travessas (de baixo e do cima) pas-
sa-se com uma régua sobre todos os pinásios, marcando
sobre eles os traços por onde se deve abrir a escarva
para o enxonvamento da respiga dos bocados de piná-
sios que vão formar toda a linha vertical.
Como os nossos leitores já compreenderam o pri-
meiro e o último fragmento dos pinásios tem respiga
e murtagem, para entrarem nos furos abertos vas tra-
vessas, tal e qual como sucede nas couceiras.
Quando nos caixilhos velhos se pretende adaptar no-
vos pinásios e como é impossível 0 sea engradamento,
fez-se o enxouvado sem respiga. Apenas se recorta a
parte moldurada (Fig. 17).
—12—
Este serviço é um pouco frágil mas gerelmente apli-
cam-se dois pregos redondos, um de cada lado, do novo
para o velho piná-io ou para a couceira ou travessas.
Para o trabalho ficar perfeito é bastante que ss mol-
duras sejam iguais, a das peças novas com as velhas.
BORRACHAS
8 borrachas são réguas de madeira moldurada provi-
das de um canal por debyixo, a fim do que a água
da chuva que cai pelo caixilbo não entro para dentro da
janela e antes pngue para 0 focinho da tábua de peito
e vá para fora.
O espaço entre o canal o a aresta exterior forma um
pingadouro conveniente.
O assentamento das borrachas sobre os caixilhos é
feito por uma espécie de cbanfro que se abre na tra-
vessa de baixo onde encosta a borracha, como vemos
nos pormenores.
A sua fixação é obtida com grude e pregos. Algumas
vezes om vez de grude dá-se uma demão de tinta de
óleo.
As dimensões das borrachas vão de 0",04 a 07,05
ua sua altvra e 07,025 ou 07,03 na espessura. Às
borrachas perfilam-se sobre cada batente dos caixilhos
entre o marco do aro e a régua de cremona, mas em
algumas obras não se procede assim.
Nas extremidades recortam-se, de acordo com o ar-
redondado dos marcos dos aros e no centro, sobre a
régua de cromona, acertam a de um caixilho com a do
outro por meia-csquadria, apenas com uma folga de
0”,002 em cima e de 0º,004 em baixo no pingadouro
(Fig. 14).
Na maior parte da caixilharia também se aplicam
borrachas nas bandeiras.
BANDEIRAS
Quasno os vãos das janelas são relativamente altos
aplicam-se na sua parte superior as bandeiras.
Estas não são mais do que novos vãos de caixilhos so-
bre os outros.
O aspecto dos vãos de bandeiras sobre os vãos de
caixilhos nem sempre é igual; muitas vezes é comple-
tamente diferente. O sistema das bandeiras depende,
como tudo o mais, do projecto da obra.
As seeções das madeiras a empregar na construção
das' bandeiras são as mesmas que so utilizam DOS caixi-
lhos, assim como iguais são as suas molduras e rebaixos.
(4) Os gastalhos são serfafses com dois calços, um em cada ex-
tremidado, que se assentam desempenados sobre o banco do car-
pinteiro e neles se apertam, por meio de palmetas, os caixilhos é às
portas engradadas.
Nas grandes oficinas os gastalhos assentam no chão, êm forma
de eavaletes.
sp treino gere
Ria da esempoa
Fig. 18. - PÃOS DE .CAIRILHOS PROVIDOS DE VEDA LUZES
As”bandeiras dos vãos de janelas podem ser móveis
ou fixas.
As bandeiras fixas destinam-se sômento a deixar
passar à lJnz através dos seus vidros e as bandeiras mô-
veis permitem a passagem da laz e do ar.
As bandeiras são rebaixadas em toda a volta é rece-
bem as fixas pars o seu fancionamento no canto infe-
mor.
A bandeira bascula para cima por meio de uns es-
quadros ou compassos de ferro que se fixam no aro.
As bandeiras fixas não são rebaixadas no canto infe-
rior: são providas de um sulco de ponta de diamante
que toma Jogar num sulco inverso aberto na travessa
de bandeira (Vig 1).
Os caixilhos das bandeiras também são quase sempre
providos de borrachas, para se evitar a entrada da água
da chuva no rebaixo da travessa de bandeira.
De uma maneira geral as bandeiras, tanto as móveis
como as fixas, tomam o aspecto dos caixilhos do mesmo
vão. .
Em certas edificações as bandeiras móveis não tomam
o funcionamento basculante que lhes é próprio. Tomam,
porém, o funcionamento de batentes, tal qual como os
vãos de caixilhos vulgares.
TRAVESSAS ALMOFADADAS
S travessas de baixo dos caixilhos de janelas são
nas edificações de certa categoria muitas vezes
constituídas por almofadados. . -
Assim, 2 construção destas travessas é feita com duas
travessas propriamente ditas e entre elas e as coucei-
ras fica a almofada metida como é usual entre enva-
siados.
A travessa deste conjunto qne fca superior tem a
largura volgar dada às travessas médias e a travessa
que fica superior tem cerca de 07,10. A altara da almofada
dependo, por conseguinte, da altura total atribuída à
travessa completa.
O sistema do almofadado é o vulgar, predominando,
porém, a aplicação de uma imitação de persianas fixas
na sua face, como indicamos nos pormenores (Fig. 11).
Os caixilhos de travessas almofadadas são usados nas
janelas maito altas e de baixo peitoril e muito especial-
mente nos vãos de janelas de varandins.
Nestes vãos estabelece-se a altura da travessa com-
pleta de acordo com a altura em que fica o corrimão,
assente sobre a grade de ferro do varandim, cerca de
0,05 mais acima. O aspecto assim formado neste con-
junto é bastante agradável. :
VEDA-LUZES
O uso de veda-luzes nos vãos de caixilhos desprovidos
de portas de dentro 6 ranito antigo. Os veda-luzes
pois destinam-se a tapar a luz que os caixilhos transmi-
tem para o interior das casas. O seu uso é muitíssimo
prático e utilitário.
Os veda-luzes são apenas ans batentes engiradados
que se aplicam sobre os caixilhos na sua face Inferior.
— 13 —
VÃOS DE JANELAS
Na sua largura e altors ponco excedem os espaços
dos vidros dos batentes dos caixilhos, apenas uns es-
cassos 07,03 07 07,04 cobrem as conceiras é as travessas
dos caixilhos.
São fixados nas conceiras dos caixilhos por meio de
fixas de cravar, cavilhadas no canto da conceira do
veda loz, é aparafusadas de chapa na face da couceira
dos caixilhos.
Fecham por um aldrabagato ou qualquer outro tipo
análogo de ferragem, que terá a sua grampa assente na
conceira do caixilho (Vig. 18).
Cada batente de caixilho pode ter o seu veda-luz,
que é sempre separado, como não podia deixar de ser;
o joga completamente com a folha do caixilho onde
tem assento.
As folhas dos veda-luzes abrem para O lado do en-
ehalço tal qual como todos os outros batentes de abrir
e fechar.
Descrita a fanção dos veda-luzes, vamos eserever vm
pouco, só o suficiente, sobre a sua constração.
Os veda-luzes são construídos em geral da mesma
madeira em que são construídos os caixilhos e a sua
espessura regula por 2 fios de casquinha ou 1 fio se se
tratar de madeira de pinho. Isto é claro é respeitante
a vãos de grandesa relativa, mas se se tratar de vãos
muito largos é altos teremos de recorrer a madeiras
mais grossas.
Algumas vezes empregam-se as tábuas a 1 fio de
casquinha nos veda-luzes quando sucede a caixilharia
ser construída de madeira à banda.
Usualmente, nos vãos de 17,00 de largura por 29,00
de altura, pode aplicar-se com bom resultado a madeira
de casquinha de folha-fora ou folha ao centro.
Geralmente as folhas dos veda-lazes são engradados
vulgares: quando têm pequena dimensão são de uma só
almofada e quando atingem maiores superfícies constam.
quase sempre de duas almofadas desiguais.
Uma almofada alta em baixo e uma mais curta por
cima, salvo qualguer caso especial, é o nso corrente.
A grade do veda-lnz pode ser moldurada com sam-
blagens de meia-esquadria on do engradado a topo sem
molduras ou com molduras interrompidas.
Às almofadas podem ser lisas ou replainadas se tive,
rem espessura para isso.
Escusamos de recomendar que os batentes dos veda-
“luzes devem ser tanto quanto possível leves, bem de-
sempenados e direitos.
FERRAGENS
As ferrsgens para os vãos de janelas devem ser
muito bem proporcionadas e de acabamento muito
perfeito.
Nem sempre as ferragens do comércio possuem os
requisitos convenientes e os construtores têm muitas
vezes de as mandar fazer de encomenda.
As ferragens da caisilharia, para o seu movimento,
não é contudo muito variada, apesar de se conhecerem
—W4—
bastantes espécies. Dentro de cada sistema de ferragem
encontram-se tipos melhores uns do que outros. À ca-
tegoria da obra dita a qualidade exigida para os seus
fins.
Assim, temos para o movimento dos caixilhos fixas
de cravar e de armilhar: as primeiras entram armilha-
das nos cantos ou juntas exteriores dos caixilhos e apa-
rafusam de chapa sobre os marcos dos aros de aduela
e as segundas são armilhadas de ambos os lados. Estas
são, portanto, mais baratas. .
Nas fixas de armilhar a patilha que entra no salco
aberto pelo armilheiro é fixada por duas cavilhas ou
pontas que atravessam as couceiras de lado a lado, pas-
sando pelos seus furos. -
Para as portas de dentro, janelas ou portadas são
aplicadas ferragens idênticas mas mais robustas, pois
que têm de suportar maiores pesos.
Para alguns casos temos ainda as fixas de fiel de de-
senfiar que têm as suas vantagens pelo seu sistema.
No movimento das bandeiras aplicamos fixas de todos
os tipos já descritos e os trincos para a sua fisação
quando so fecham. Estes trincos de que há vários sis-
temas são manejados geralntente por cordões, pois que
se encontram a alturas pouco acessíveis.
A fixação dos csixilhos no seu encerramento é obtida
por cremona nas boas obras é por fechos de correr nas
obras de baixa categoria.
A cremona, de origem estrangeira, como já dissemos,
veio substituir a velha e feia tranca das nossas antigas
construções. À cremona era manejada por punho, nera
sempre estético, mas actualmente é provida de um pu-
xador de argola de bonito aspecto. Estas ferragens são
muitas vezes cromadas.
Os fechos de correr empregados nas obras baixas
como atrás dissemos são de dois tipos: o de barrinha
e o de verguinha. O fecho de barrinha é constituido no
seu movimento por um pedaço de barra estreita e del-
gada— a barrinha, e o de verguinha por um pedaço de
vergalhão de reduzidas dimensões — a verguinha.
O comprimento destes fechos é variável, empregan-
do-se para cima o mais comprido e para baixo 0 mais
pequeno, a fim de se lhes chegar melhor.
Os fechos são aparafusados de chapa sobre as réguas
de batente ou mesmo sobre as couceiras dos caixilhos.
Para as portadas podem aplicar-se as cremonas, os
fechos indicados e ainda os fechos de embeber.
Estes, como o seu nome indica, ficam embebidos nas
faces das conceiras onde tomam lugar. São constituídos
por um comprimento de varão adaptado em cursores
por detrás de uma chapa de frente que comporta os
faros para os parafusos que o fixam à madeira.
As cremonas e os fechos de correr e de embeber
entram superiormento, para segurança dos batentes,
nxnma grampa aparafusada nas vergas dos aros. Em
baixo entram num furo aberto va tábua de peito pro-
vido de uma chapinha metálica para sua protecção re-
ferindo-nos aos caixilhos e numa grampa assente na
travessa de peito dos aros de gola tratando das portas
de dentro ou portadas.
No nosso desenho apresentamos as várias ferragens
em uso nas caixilharias e portas das janelas, como fixas
dos vários tipos, fechos grampas, cremonas e 0s per-
tences para o encerramento completo dos vãos.
ENCICLOPÉDIA PRÁTICA
DA- CONSTRUÇÃO CIVIL
TEXTO E DESENHOS DE FPF. PEREIRA DA COSTA
VÃOS DE
s vãos de janelas constituídos por vãos de caixilhos
e vãos de portas de dentro, providos de tábuas
de peito, aros do aduela e do gola, fasquias e apara-
dores, são também em certas edificações possuidores
de vãos de persianas ou de rótulas.
Os primeiros vãos destinam-so a vodação das depen-
dências. Os caixilhos de vidraças garantem a passagem
da luz e as portadas fazem 2 sua completa vedação.
Os últimos vãos destinam-so simplesmente a resguardo
das habitações deixando ao mesmo tempo passar toda a
ventilação.
Usualmente os primeiros destes vãos funcionam abrindo
para dentro e os segundos funcionam abrindo para fora.
Em casos especiais todos os vãos podem abrir para dentro.
JANELAS
As espessuras da madeira para a construção dos vãos
estão na razão directa da sua superficie, havendo to-
davia no mercado madeiras com todas as secções ne-
cessárias.
Todos os tipos de vãos de janela, de vedação e de
resguardo, são tratados neste Caderno com toda a por-
- menorização conveniento ao ser esiudo o construção.
Os assentamentos também aqui ficam pormenorizados
de molde a serem compreendidos pelos menos cersados
nesto género de trabalhos.
Os estndos de vãos de portas, no Caderno seguinte
publicados, farão compreender melhor qualquer lacuna
que porventura so verifique nos esindos sobre janelas
agora om estudo.
Fig. 1.— VÃO DE PORTAS DE DENTRO
A) Alçado interior do vão; B) Planta;
C) Corte vertical pelo eixo do vão
vÃOS DE
VÃOS DE
s portas de dentro ou portadas que se destinam a
vedar a luz das janelas, funcionam nos aros do
gola e podem comportar uma, duas, três ou mais folhas,
conforme a largura do vão. O número de folhas das
sortas de dentro nem sompro concorda com o número
de folhas dos caixilhos.
O sen sistema de construção é o de engradamento
almofadado. Nos vãos de janelas ds altura vulgar é de
uso dispor cada folha com duas almofadas: uma mais
alta do que a outra, ficando a mais pequena por ciraa
ea ds maior altura por debaixo (Fig. 2).
À fixação das janelas (+) aos aros de gola é feita por
meio de fixas de cravar ou de armilhar.
A aplicação das primeiras é de muito maior van-
tagem.
As juntas das portas de dentro que encostam aos aros
são sempre rebaixadas, salvo DOS Casos em que entram
de junta e cujo fancionamento é obtido com machas-
-fêmeas. No nosso desenho (Fig. 6) mostramos os dife-
rentes perfis das juntas das portas de dentro.
JANELAS
JANELAS
A espessura da madeira a aplicar na construção
das portas de dontro 6 variável. Tudo depende da su-
perfícis dos vãos.
Assim, para vãos de pequena dimensão pode apli-
car-se a espessura de 07.025, para os vãos médios a
espessura da madeira ao meio, 0",035, que é talvez
a mais apropriada para toda este género de trabalho,
e; finalmente, a espessura da madeira à banda, para
vãos de determinada superfície.
A construção das portas de dentro obedece em. geral
à sequência de toda a edificação, quer no género de
funcionamento quer na aplicação de molduras e almo-
fadados.
Os diferentes tipos de portadas vão ser estudados
e apresentados convenientemente.
(+) Antigamente em Lisboa é nos distritos confinantes as portas
de dentro eram também designadas janelus.
JANELAS VULGARES
ss janelas valgares, em que não
predomina qualquer exigência
de ordem arquitectural ou decorativa,
as portas de dentro são assentes como
qualquer outra porta ou caixilho tam-
bém dentro da ordem comum.
Constroe-se o vão com todas as
suas folhas de acordo com a planta
exacta o dentro do próprio aro de
gola onde tomará lugar. Se se trata
de uma só folha o trabalho de assen-
tamento é bastante fácil, mas se so
tratar de mais de duas folhas a obra
Fig 2. — VAO DE JANELA 4 FRANCESA
(aros; Portas de Dentro abertas; Enehalço com os caixas para as Portas de Dentro ;
Revestimento do Adudle)
6 mais difícil.
Tem de se acertar todo o conjunto,
cortar, rebaixar e moldurar todos os
batentes de per si, marcar-lhes o lu-
gar das ferragens e proceder então
aoJassentamento.
is Quando são mais de duas folhas as
ue ficam no centro dobram para trás
das que funcionam no aro, como mos-
tramos na Fig. 1.
Nestas portadas vulgares o assen-
tamento é feito tal qual como indicá-
mos para os caixilhos (+), sendo o
desenho na figura acima indicado mui-
tíssimo elucidativo não só para 0 assen-
Re
PoRMENÕA
(8) Ver o Caderno n.º 19 desta Enciclo
pédia,
«opere
:
|
!
É
E
narra ecc mens mesm meme camemmemeetemermms mem
Fig. 8.— ENCHALÇOS DE VÃOS DE JANELAS
(À Esquerda — Encosto culgar da Porta de Dentro junto da Aresta;
A Direita — Encosto à francesa da Porta de Dentro entre o Aro
ea Aresta)
tamento do conjunto como também para a sua cons-
trução. *
Este tipo de portas de dentro é, como já dissemos,
de categoria vnlgar, mas 6 de boa construção é aca-
bamento, pois comporta almofadas replainadas (+)
que é abra de grando efeito e beleza.
Às couceiras 6 travessas são molduradas mas não
comportam murtagens, pois as molduras são inter-
rompidas.
JANELAS À FRANCESA
São conhecidas na nossa construção civil com a
designação de janelas à francesa, porque nos
chegaram do país de Vítor Hugo, esse belo tipo de
Portas de dentro, que nas edificações categorizadas
tem tido larga aplicação.
A construção das folhas, prôpriamente ditas, é em
tudo igual a qaslquer outro tipo de portas de den-
tro. O sen assentamento também em muitos casos
é idêntico, porém, a sua dessiimelhança e interesse
está na arrumação das folhas, quando se abre a ja-
nela, de encontro às paredes dos enchalços.
Ora, antes de entrar-mos no estudo próprio deste
Uncionamento de vãos, queremos esclarecer os estu-
VÃOS DE JANELAS
diosos que há duas maneiras de efectuar o assentamento 6 a
arruntação das folhas. Uma dessas duas maneiras, a mais
simples (Fig. 3— à Esquerda) é do assentamento vulgar,
ga outra (Pig. 3-— à Direita) é do assentamento prd-
priamente dito à francesa.
Para se fazer o assentamento das janelas à francesa,
de qualguer das formas atrás descritas 6, antes de mais
nada, preciso deixar nes paredes dos enchalços uma
caixa com a profundidade da espessura das folhas das
portas de dentro que nelas têm de entrar.
Essa caixa termina om baixo no nível do aparador,
que corre como já sabemos sobre a travessa de baixo
do aro de gola.
Este aparador cresce para ambos os lados, sobre as
paredes dos enchalços até encontrar o guarnecimento
das respectivas arestas, onde deve perfilar.
Em cima -a caixa para as portas do dentro pode ter-
minar no voamento, no caso do assentamento simples,
como mostramos no desenho dos pormenores. No assen-
tamento prôpriamente à francesa as caixas das paredes
terminam em cima num sófito constraído de propósito
logo acima da altura das portadas. Desta maneira quando
-as portas de dentro abrem vão entrar nas caixas, onde
as suas réguas de batente vão tapar as juntas entre elos
e os guarpecimentos das arestas. Assim, o enquadra-
mento fica completo e harmonicso (Pigs. 2 e 4).
Os sófitos poderão ser simplesmente estucados, mas
são quase sempre revestidos de um aplainamento de
madeiras que melhor forma o conjunto com a travessa
do aro, a aresta é a própria portada.
(+) O replainado aplica-se nas almofadas de certa espessura
e adelgaça-as para o esvaziado.
Regue Lo Dotonta
- Apecedor
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Gacaesigane 9 74
Sé Erterio. |
Alvenaria
Fig. 4 — PORMENORES DO ENCOSTO DA POBTA
DE DENTRO JUNTO DA ARESTA
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”
VÃOS DE JANELAS
mer
Mendigo,
ALÇADO
PLANTA VERTICAL
Fig. 8 — CADULHO DE ABEIR PARA POBA
fálgado e Cortes)
As espessuras das madeiras a utilizar nestes caixilhos
são de secções vulgares destinadas a este género de
trabalhos.
- As ferragens são simplesmente eixos ou pernos de
secção redonda, que fixados nos aros entram nos moentes
também metálicos embebidos nas couceiras dos caixilhos.
Estes são providos de tríncos para se poderem fechar
convenientemente. Às vezes também comportam peque-
nos fechos de correr fixados na sua travessa de baixo
para a segurança ser melhor.
Nalgumas construções de certa
categoria uma tranca mecânica re-
guls completamente o funcionamento
de todo O vão, que por vezes com-
porta avultado râmero de bandeiras.
CAIXILHOS
DE GUILHOTINA
s caixilhos de correr vertical
mente são designados por cai-
milhos de guilhotina, pela quase se-
melhança qne apresentam quando
alguém se debruça à janela ficando-
-lhe o caixilho por cima.
— 6—
O oso destes caixilhos vem de longos tempos. O seu
funcionamento era geralmente mau, mas actualmente
pelo sistema de pesos e outros processos mais modernos
tornou-se mais fácil e prático.
Os aros formam umas calhas para corrediça dos cai-
xilhos por meio de fasquias. O caíxilho de cima é fixo
e o de baixo corre por detrás dele para cima e para
baixo. Um descanso de ferro aparafusado ao aro sustom
o caixilho que gira, como vemos no nosso desenho
(Pig. 14) no ponto a.
Uma tábua de peito vulgar completa o conjunto dos
aros.
As espessuras das madeiras para estes caixilhos são
as vulgares. O aspecto pode ser aquele que se quizer.
Actuslmente constroem-se caixilhos de guilhotina com
funcionamento regulado por umas espécies de trincos,
cujas linguetas entram numas caixas abertas como denteis,
gradualmente, nas corrediças dos aros.
Os caixilhos de guilhotina metálicos oferecem melhores
condições de funcionamento que os de madeira.
CAIXILHOS DE ABRIR PARA FORA
Es um tipo de caixsilho verdadeiramente curioso, este
de funcionamento para o exterior.
O exemplo que apresentamos aos nossos leitores tem
também a particularidade de conter a bandeira a abrir
para dentro enguanto que os batentes funcionam para
fora.
um caso singular quase, como vêm, nostes traba-
lhos de carpintaria civil.
O principal pormenor da curiosidade deste vão está
no aro de aduela, que recebe nó de banca do caixilho,
abaixo da travessa de bandeira, e 6 rebaixado acima
dela para receber a bandeira.
À tábua de peito é rebaixada para o lado exterior
para os batentes se encostarem e pode deixar de pos-
suir canal para 2s águas plaviais, pois que a sua função
é talvez nula.
À. travessa de bandeira é de perfil especial, como
muito bem se observa nos nossos desenhos, e as mal-
SECÇÃO A
oteaça Soferrompito
CE tfera deterrempito,
Fig. 9. — PORMENORES DO CAIXIEHO DE ABRIR PARA FORA
Ê
:
Ê
tg E jo pg
E
VÃOS DE JANELAS
dnrss do aro e dos caixilhos podem
ser do perfil que se desejar. =
Neste nosso estudo trata-se de
om vão de caixilhos engradado a
topo. Isto é, estão ausentes as mol-
duras unidas por meia-esquadria.
Não havendo por conseguinte mur-
tagens. Esto sistoma de engrada-
mento é, como escusamos de acen-
tuar, muito económico, e pode ser
aplicado a qualquer tipo de cai-
milhos.
As molduras são corridas e inter-
rompem-se antes de atingirem os
foros 6 as respigas, respectiva
mente Das couceiras e nas traves-
sas é pinásios.
No nosso estado apresentamos os
batentes guarnecidos com régua de
cremona, mas se quizer-mos podemos
também dispensar essa régua 6 apli-
car-mos juntas rebaixadas o» mesmo
chanfradas e providas de réguas de
batente. É tudo questão do porme-
nore de economia. É assanto quefica
à preferência da categoria da obra.
Pelos desenhos podem os leitores
e estudiosos tomar boa conta da
maneira como se deve constrair este
vão de caixilhos. Às espessuras é
as larguras da madeira a empregar
nesta construção são, de um modo ge-
ral, as mesmas que se utilizam nos ontros vãos de caixilhos.
As ferragens a aplicar para o fancionamento deste
vão de caixilhos pode ser a mais simples possível, como
sejam as valgares machas-fêmeas para a bandeira e fixas
com o fiel de desenfiar para os batentes dos caixilhos.
É recomendável esie tipo de fiza, porque devemos ter
em atenção que devido ao perfil da travessa de ban-
beira, os batentes não podem ser desenfiados como se
pratica nos vãos vulgares.
Nas constrnções de elevada categoria utilizam-se
quase sempre umas fixas especiais de três patilhas, que
permitem um bom funcionamento e um fácil processo
de desenfiar os caixilhos.
O assentamento destas fixas é feito da seguinte ma-
neira: aparafusam-se as patilhas laterais uma no aro
e ontra na junta do caixilho e a patilha central é tam-
bém, depois do caixilho assente é fixado, aparafusada à
junta do caixilho, sobre a lateral já fisada, que comporta
furos para receber os parafusos da patilha do centro.
No desenho da Secção C (Fig. 11), mostramos o lu-
gar da fixa simples, mas que pode igualmente comportar
a fixa de três patilhas.
Todos os desenhos dos pormenores são elucidativos
para se poder estudar esta construção.
CAIXILHOS DE REDE
s coírilhos de rede são quase sempre construídos
como todos os outros caixilhos, mas às vezes em
SECÇÃO F
Fig. 11. — PORMENORES DO CAIXILHO DE ABRIR
PARA FORA
“ZECçÃão E
Fig. 10. — PORMENORES DO CAIXILHO DE ABRIB PARA FORA
VÃOS DE JANELAS
Fig. 12.— CAIXILHO DE BALANÇO
obras de pequena categoria não passam de simples gra-
des onde é pregada a rede metálica.
Estes caixilhos destinam-se a vedar ligeiramente de-
pendências onde é preciso, contudo, deixar circular li-
vrementa o ar.
Nos vãos de caixilhos de certa ordem a espessura da
madeira a nfilizar pode ir de 07,03 a 07.035, mas em
pequenos vãos tem-se chegado a aplicar madeira de
0,022.
Os caixilhos são rebaixados como aqueles gue se des-
“timam às vidraças, pregando-se a rede no rebaixo que
depois se cobre com um bite (»). Os bites são pregados
ED die
Fig. 12. — CAJXILHO DE GUILHOTINA
em toda a volta do rectângulo cheio de rede e remata-
dos nos cantos por meia-esquadria.
A rede que se assenta primeiramente só de um lado
deve ser bem esticada para se pregar dos restantes
lados.
Se estes caixilhos se destinam ater fancionamento
de abrir e fechar, quer seja para dentro quer seja para
fora, são convenientemente rebaixados nas juntas 6 são
providos: de fixas ou macha-fêmeas como todos os de-
mais vãos de caixilhos.
Para se fixarem fechados utilizam-se os já nossos co-
nhecidos fechos de correr, de barrinha on verguinha.
Estes vãos podem ser constituídos por uma ou mais
folhas é as jantas entro elas podem ser apenas rebai-
xadas à meia-madeira e providas de réguas de batente.
Algumas vezes os caixilhos de rede
constitníidos por uma só folha são fixos,
como acontece-com os rotulados, é neste
caso poderão não possnir aros apro-
priados. São fixados por meio de parafa-
sos ao aro de adaela dos caixilhos de vi-
draças.
Quando os caixilhos de rede são de
movimento podem ter aros próprios ou
serem assentes nos aros de aduela dos
caixilhos de vidros, como também acon-
3 tece com os aros de persianas.
Ê O funcionamento destes caixilhos pode
q igualar-se aos de rótulas é às persianas,
gy cujos estudos pormenorizâmos.
Fig. 14 — PORMENOR DO CAIZILHO DE ABRIR ,
- PABA4 FORA
(Estudo do Engradamento)
(x) Bite 6 uma delgada e estreita fasquia por
vezes arredondada nam canto, que se emprega
geralmento nos remates com pregos ou parafusos.
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VÃOS DE JANELAS
GEL O SI
As gelosias são um resguardo das janelas que remon-
tam a velhas datas. Os mais antigos tipos de ge-
losias que se designavam vulgarmente por tabuinhas
quase que desapareceram no nosso País.
As gelosias tém vasta aplicação para se protegerem
os interiores das habitações dos olhares indiscretos dos
muradores das casas fronteiras 6 dos transeuntes das
2uas quando se trate de casas de rés-do-chão.
GELOSIAS ANTIGAS
O assentamento das gelosias antigas, as conhecidas
tobuinhas, era feito exteriormente. Uma espécie
de caixa de madeira (Pig. 19) era fixada à verga do aro
de aduela e cobria o enrolamento de toda 2 cortina que
ao ser puxada por um cordão se compri-
mia completamente de encontro a uma
régua, que regulava todo o funcionamento
e era présa ao tecto da espécie de
caixa.
Nessa régua superior eram fixadas as
duas fitas de tecido onde se prendiam as
folhas delgadas de madeira, as chamadas
tabuiahas, que mediam geralmente 07,04
de largura.
As fitas de fixação é enrolamento, se
assim se pode chamar a esse funcionamento,
são como se compreende duas, uma de
cada lado da cortina, a cerca de 07,08
ou 08,10 das suas extremidades. Quando
os vãos eram de largara superior ao vul-
gar a aplicação das fitas de tecido era de
três, sendo o lugar da terceira no meio.
Let de Memo
GELOSIAS EXTERIORES
As gelosias moderpas podem ser de assentamento
exterior ou interior. As de assentamento exterior
são mais antigas e por conseguinte menos aperfeiçoadas
(ig. 18).
São constituídas por uma cortina de réguinhas de
madeira que se enrolam num carrete metido numa caixa
de construção metálica, em geral de chapa de zinco,
que se fixa na verga do aro de aduela dos vãos de ja-
nelas.
Com uma vareta provida de um gancho que puxa
um botão fixado na testeira da cortina faz descer esta
até à altura que se pretendo. À sua subida é apenas
feita por pressão manual.
A cortina de réguas funciona numas calhas assentes
nas ombreiras dos vãos, uma de cada lado, Por moio
de dois compassos, um de tada lado, assentes nos mar-
cos dos aros de aducla, alargam-se para o lado do
exterior as cortinas permitindo que se conservem pes-
soas à janela.
A) Taluinhos; B) Corte;
À S
GELOSIAS INTERIORES
Destosarsr gelosias interiores aquelas cujo funciona-
mento é comandado interiormente. í
O enrolamento deste tipo de gelosias é feito, como
não podia deixar de ser num carrete, que se assenta
sobre o sóito do enchalço do vão de janela onde a
gelosia tem aplicação (Fig. 20).
As cortioas descem dos carretes por cima das vergas
dos aros do aduela e metidos nas corrediças ou calhas
fixadas nas ombreiras dos vãos, giram para baixo e para
cima, manejadas por manípulos assentes nas golas.
A preparação das caixas pode efectuar-se do daas ma-
neiras diferentes, como mostramos nos nossos desenhos.
Uma é constituída como se se tratasse de um alçapão
e a outra faz-se construindo uma tampa de abrir e fechar
no paramento da"parede,?acima da verga do guarneci-
rena SIR
leu
ES
Es
A
Fig. 19. — DIVERSOS TIPOS DE GELOSIAS
C) e D) Cortes de gelosias exteriores ;
E) Algaão da gelosio
mento da aresta, Estas tampas permitem a Teparação
dos earretes sem dano algum nos enchalços.
Poetinsol
Fig. 20.— CORTES DE GELOSIAS INTEBIORES
= [1 —
VÃOS DE JANELAS
| PE RS
As persianas que mais não são que vios de resguardo
º assentes à Trento dos caixilhos de vidraça, para
impedir que se observe o interior das habitações quando
as portas de dentro estiverem abertas, podem ser mo-
« Vimentadas a abrir para fora ou para dentro.
Usualmente os vãos de persianas abrem para fora,
conservando-se abertas seguras com uns ganchos assen-
tes nas paredes, de ambos os lados das janelas.
Os batentes das persianas são constitaídos por cou-
eeiras é travessas, tudo engradado, Tocebendo no seu
espaço rectangelar uma sério do Zabuinhas assentes
a 45º,
As tabuinhas entram nos sulcos de pouca profundi-
dade, 07,005 apenas, e como norma da sua localização
a tabuinha de cima cobre a espessura da tabuinha de
baixo. A espessurs das tabuinbas oscila de 07,004,
0,005 ou 07,006 (Fig. 24).
Para fixação das tabninhas nos seus lugares assen-
tam-se com pregos de arame, em ambas as faces dos
caixilhos, fasquias a cobrir as suas entradas nas cou-
cetras.
Estas fasquias rematam as suas ligações umas com
as outras, a meia-esquadria.
O número de folhas de persianas em cada vão obe-
im
Leo de hinata
Persiana Fira de Boterço.
Fig. 21.— VÃO DE PERSIANAS DE DOIS BATENTES
(Aigodo, Planta e Corte) .
— 12—
I
A NAS
dece, de uma maneira geral, ao número de batentes
dos vãos de caixilhos. .
As folhas das persianas movimentam-se por meio de
ferragens, as já nossas conhecidas fixas de balanço,
que fazem girar as persianas do seu centro até so en-
costarem aos paramentos das fachadas em cujos vãos
de janela tomam lugar.
As persianas assentam-se em aros de aduela próprios,
fixados na aduela do guarnecimento do vão quase na
aresta da respectiva cabeça, para que o balanço se faça
sem dificuldade (Fig. 21).
Quando, porém, as persianas se movimentam para
dentro não se aplica aro especial, antes se prepara o
aro dos caixilhos de vidraça para receber ignalmente
o caixilho da persiana (Fig. 26).
As juntas das folhas, próprias para o assentamento
nos aros, são preparadas simplesmente com os cantos
feitos à esquadria 6 assim encostam nos aros dentro dos
respectivos rebaixos. Se se tratar de persianas a
abrir para dentro as juntas são providas de rebaixo
(Fig. 25).
Nos pormenores du Secção A daquela figura vemos uma
variante dos vãos que abrem para o interior da habi-
tação.
Alguns vãos de persianas são dotados de pos-
tigos móveis que se usam tanto a abrir para baiso
como para cima, numa espécio de sistema bas-
culanto (Fig. 28), para efeito de uma ventilação
mais extensa em certas ocasiões. O movimento dos
vãos de persianas de mais de duas folhas faz-se
dobrando umas sobre as ontras, como ss pratica
com os caixilhos de vidraça (Fig. 25).
As juntas dos centros das folhas são em geral
neste género Je caixilhos feitas a meio-fio, cor-
rendo-se de cada faco do vão uma moldura arre-
dondada entre dois pequenos sulcos, o rinção
(Fig. 25)
Nos vãos que abrem para dentro prepara-se,
como já dissemos, o aro de aduela onde funciana
o caixilho de vidraças, com uma saliência para &
fixação das persianas, cujo fim é obter o espaço
necessário para o caixilho da persiana não preju-
dicar o caixilho de vidraças quando estão ambos
abertos.
Os nossos pormenores são suficientes para a boa
elucidação a respeito destes trabalhos.
Resta-nos agora dizer alguma coisa sobre as per-
sianas de peito ou meias-persianas (Fig. 22),
Estes baixos vãos de persianas servem sd-
mente para constituirem ligeiro resguardo à altura
das pessoas que passam junto das janelas de rés-
-do-chão.
A sua construção é igaal à dos ontros tipos de
persianas, só se definindo a sua altura.
Estes caixilhos abrem normalmente para dentro
de casa; só em certas edificações funcionam para
o exterior. Ás persianas utilizam qualquer tipo de
gas ma ao
tábua da peito que lhes serve de batente. As vozes no
lngar onde se dá a jnnção das folhas do vão, assea-
1a-se sobre a tábua de peito uma pequonina chapa do
latão para servir do batente, quando a tábua não possui
o dispositivo para isso, por o seu conjunto ser adaptado
aos caixilhos de vidraça.
Os vãos de persianas tanto podem ser assentes na
aduela como na gola do vão. Neste último lugar só po-
dem ser assentes quando o vão é desprovido de vidra-
gas o de portas de dentro. Quando as persianas são
assentes no aro de adnela vulgar, são os vãos de caixi-
lhos assentes no aro de gola.
Ora, todas estas situações são compreendidas.
As ferragens para o movimento das persianas são
“idênticas às dos caisilhos. As folhas são seguras de.per
si por fechos de embeber, mas se aplicar-mos fechos de
verguinha também dão bem.
As espessuras da madeira para estas obras são. as
vulgares empregadas para: todos os géneros de caixi-
lharia. ,
Muaitas vezes as persisnas não contêm tabuinhas por-
quo são substituídas por laminas metálicas, especial-
mento de alumínio.
Nos vãos de persianas interiores, aquelas que se as-
sentam em frestas, trmbém é costume empregar tiras
de vidros foscos em vez de tabuinhas. Mas Isso, é claro,
são variantes de ordem especial. O estudo da constra-
ção das persianas, na sua generalidade, aqui fica ex-
posto.
Fig. 22. — VÃO DE JANELAS PROVIDO DE PERSIANAS
DE PEITO
(Alsado, Planta e Corte) %
- (pac
Fig. 22— VÃO DE PERSIANAS DE QUATRO FOLHAS
com POSTIGOS
(Algado, Plania e Corie)
Agora, de seguida, vamos estudar própriamente a
obra de carpintaria que respeita 20s vãos de persianas.
Obtidas as couceiras 6 as travessas, tal qual como se
obtêm para os caixilhos de vidraças, furam so as cou-
ceiras e respigam-se as- travessas. Feito o engrada-
mento pelo mesmo processo daquelas obras e marcados
os lugares para os sulcos que hão: de receber as tabui-
nhas, procede-se à sua abertura em ambas as couceiras,
de um lado e outro.
Depois de grudado o caixilho e de afiugado proce-
de-se ao assentamento das tabuinhas.
Às tabuinhas são preparadas quanto à sua face é seu
tardoz, isto é, com as duas faces devidamente desen-
grossadas é mais nada. Estas ripas ficam com os seus
dois cantos em serragem até serom metidas nos seus
logares.
Depois de assentes as ripinhas nos seus lugares faz-se
então com o rebote o canto cerceado entro as coucei-
ras é aplicam-se os fasquias do remate om todo.o ree-
tangulo ds face do caixilho. Seguidamente faz-se o
mesmo trabalho do lado tardoz & temos o caixilho de
persiana pronto.
—13—