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Livro os limites do semiarido brasileiro, Manuais, Projetos, Pesquisas de Engenharia Agrícola

Manejo de plantas xerofilas no semiarido

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2013

Compartilhado em 12/04/2013

paulomegna
paulomegna 🇧🇷

4.7

(12)

268 documentos

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Pré-visualização parcial do texto

Baixe Livro os limites do semiarido brasileiro e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Engenharia Agrícola, somente na Docsity! ORGANIZADORES FREDERICO CAMPOS PEREIRA MARISTELA SANTANA DANIEL DUARTE PEREIRA ANNYKELLY VASCONCELOS DE OLIVEIRA LIMA RICARDO PEREIRA VERAS Manejo de Plantas Xerófilas no Semiárido Ê Editora da Universidade Federal de Campina Grande Emâipa 1&, Algodão teh o pac DE EDURAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA PARAÍBA arte da capa: Wedscley Oliveira de Melo FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA UFCG Ma74 Manejo de plantas xerófilas no semiárido / Organizador, Frederico Campos Pereira ...[et al.]. — Campina Grande: EDUFCG, 2013. 270 p.:il. color. ISBN 9/8-85-8001-086-2 Referências 1. Ciências Biológicas. 2. Botânica, 3. Fitotecnia, 4. Semiárido. I. Título. CDU 57.01 CAPÍTULO VIII OS LIMITES DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO Paulo Roberto Megna Francisco INTRODUÇÃO As terras secas, com diversos graus de aridez, correspondem cerca de 55% da área continental do planeta. O semiárido brasileiro estende-se por aproximadamente 1 milhão de km 2 , cobrindo 11% do território nacional e contendo 1.132 municípios, abrangendo integralmente o Estado da Ceará (100%), mais de metade da Bahia (54%), da Paraíba (92%), de Pernambuco (83%), do Piauí (63%) e do Rio Grande do Norte (95%), quase metade de Alagoas (48%) e Sergipe (49%), além de pequenas porções de Minas Gerais (2%) e do Maranhão (1%) e parte do Espírito Santo (Souza Filho, 2011; Bezerra, 2002). O semiárido brasileiro possui localização anômala em relação aos ambientes de climas áridos e semiáridos tropicais e subtropicais da terra (Ab´Saber, 1974). A marca da região semiárida é a heterogeneidade de seus geoambientes ou de suas paisagens (Souza Filho, 2011). A delimitação do semiárido encontra outras definições. O Ministério da Integração Nacional definiu, em 2005, uma nova delimitação do semiárido brasileiro a partir de três critérios técnicos: precipitação pluviométrica média anual inferior a 800 mm; índice de aridez de até 0,5 calculado pelo balanço hídrico, que relaciona as precipitações e a evapotranspiração potencial, no período entre 1961 e 1990; risco de seca maior que 60% tomando-se por base o período entre 1970 e 1990. Semi-Árido Brasileiro Defona de Geociências - Coordenação de Ceografa Figura 1. Mapa do semiárido Brasileiro. Fonte: IBGE (2007). As ecorregiões do bioma Caatinga ou as Grandes Unidades de Paisagem, conforme estabelece o ZANE (Silva et al. 1994), são as seguintes: Chapadas Altas; Chapada Diamantina; Planalto da Borborema; Superfícies Retrabalhadas; Depressão Sertaneja; Superfícies Dissecadas dos Vales do Gurguéia, Parnaíba, Itapecuru e Tocantins; Bacias Sedimentares; Superfícies Cársticas; Áreas de Dunas Continentais; e Maciços e Serras Baixas. Figura 2. Mapa de ecorregiões. Fonte: Ecorregiões Propostas para o bioma Caatinga (2001). Figura 4. Mapa de precipitação anual. Fonte: Ecorregiões Propostas para o bioma Caatinga (2001). O principal fator limitante do desenvolvimento no semiárido brasileiro é a água. Não propriamente pelo volume precipitado, mas pela quantidade evaporada. (Bezerra, 2002). Enquanto a temperatura, a radiação solar e os aportes de nutrientes nos ecossistemas do semiárido variam relativamente pouco no ano, a precipitação comumente ocorre em eventos descontínuos, em forma de pulsos de curta duração (Noy-Meir, 1973). As variações climáticas, sobretudo nos período de estiagem, agravam um conjunto de questões econômicas e sociais, que desmantelam o sistema produtivo e concorrem para sua não consolidação (Bezerra, 2002). Figura 5. Mapa pluviométrico. Fonte: Ecorregiões Propostas para o bioma Caatinga (2001). Temperaturas elevadas (entre 23 e 27ºC), fortes taxas de evaporação e elevado número de horas de exposição solar (aproximadamente 3.000 horas de sol por ano) tornam essa região especial, dada as elevadas taxas de evapotranspiração e o balanço hídrico negativo durante boa parte do ano (Bezerra, 2002). Curiosamente, é uma região de déficit hídrico. Isso quer dizer que a quantidade de chuva é menor do que a água que evapora, numa proporção de 3 para 1. Ou seja, a quantidade de água que evapora é 3 vezes maior do que a de chuva que cai. Além disso, as chuvas são irregulares e, algumas vezes, há longos períodos de estiagem. Durantes essas épocas, a média pluviométrica pode chegar perto dos 200 milímetros anuais. Daí a importância de guardar a chuva adequadamente. Mas basta chover, de setembro a março, para, em alguns dias, tudo ressuscitar com um verdor deslumbrante. Não há falta de água. É o Semiárido mais chuvoso do planeta. Mas pelo fato de o solo ser cristalino (70%), impedindo a penetração da água, acrescentando-se ainda a evaporação por insolação, perde-se anualmente cerca de 720 bilhões de litros de água (Leonardo Boff) . Caracterizado pelo domínio do bioma Caatinga que é um bioma heterogêneo que inclui diversos tipos de paisagens e espécies, que são exclusivamente regionais. Em seu aspecto fisionômico apresenta uma cobertura vegetal arbustiva à arbórea, pouco densa e geralmente espinhosa. Sua variabilidade espacial e temporal na composição e no arranjo de seus componentes botânicos é resposta aos processos de sucessão e de diversos fatores ambientais, onde a densidade de plantas, a composição florística e o potencial do estrato herbáceo variam em função das características de solo, pluviosidade e altitude (Araújo Filho,1986). Os recursos hídricos de superfície têm como principais representantes os rios São Francisco, Parnaíba, Paraguaçu e Contas. Os demais rios aparecem de forma intermitente, apenas nos períodos de chuva, desempenhando, contudo, um papel fundamental na dinâmica de ocupação dos espaços nessa região. Aproximadamente 50% das terras recobertas com a caatinga são de origem sedimentar, ricas em águas subterrâneas (Car, 1995). Figura 8. Mapa de hidrografia. Fonte: Ecorregiões Propostas para o bioma Caatinga (2001). As características edafoclimáticas da região são semelhantes às de outras regiões semiáridas quentes do mundo: secas periódicas e cheias frequentes dos rios intermitentes, solos de origem cristalina, arenosos, rasos, salinos e pobres em elementos minerais e matéria orgânica, além de solos pouco permeáveis, sujeitos à erosão e, portanto, de mediana fertilidade natural. Nas regiões dos vales aluvionais e em outras manchas geralmente de altitudes superiores constituídas pelos tabuleiros e planaltos, são as reservas edáficas de maior valor socioeconômico. A Região Nordeste compreende dois contextos hidrogeológicos distintos, de extensões quase iguais: o domínio das rochas de substrato geológico cristalino pré- cambriano, praticamente impermeáveis e subflorantes, e os das rochas sedimentares, nas quais ocorrem importantes horizontes aquíferos. Estes últimos abrangem, principalmente, os Estados do Maranhão, 80% do Piauí e cerca de metade dos Estados do Rio Grande do Norte e da Bahia. Apesar da densa rede hidrográfica existente, ela é subutilizada, mal distribuída e dispendiosa. Além disso, a eficiência hidrológica dos açudes no Semiárido é estimada em 1/5 do volume estocado, em função das altas taxas de evaporação, o que leva a intensos processos de salinização cíclica das águas armazenadas. A geologia no ambiente semiárido é muito variável, porém com predomínio de rochas cristalinas, seguidas de áreas sedimentares e em menor proporção encontram-se áreas de cristalino com uma cobertura pouco espessa de sedimentos arenosos ou areno- argilosos. Em consequência da diversidade de material de origem, de relevo e da intensidade de aridez do clima, verifica-se a ocorrência de diversas classes de solo no semiárido, os quais se apresentam em grandes extensões de solos jovens e também solos evoluídos e profundos (Jacomine, 1996; Rebouças, 1999). A altitude da região varia de 0 a 600 m. Em termos gerais, a maioria dos solos do Semiárido apresenta características químicas adequadas, mas possuem limitações físicas, mormente no que tange à topografia, profundidade, pedregosidade e drenagem (Oliveira et al., 2003). Figura 9. Mapa geológico. Fonte: Ecorregiões Propostas para o bioma Caatinga (2001). Figura 12. Mapa de solos. Fonte: Ecorregiões Propostas para o bioma Caatinga (2001). O solo do sertão é, em geral, de origem arqueana. A decomposição do granito e do gnaisse resultou a argila vermelha ou amarela com sílica, piçarra e seixos rolados. Não é profundo. Apresenta sinais de erosão, pH acima de 7, pobre de humos mesmo nos aluviões; o azoto é o primeiro fertilizante que se esgota com as lavouras; conserva pouca umidade devido ao calor e ao verão seco; tem a topografia acidentada ou ondulada com pequenas manchas planas nas margens dos rios; a altitude não ultrapassa os 300 m. Limita-se com a caatinga ou com o Seridó, não tendo contato com a mata ou com o agreste. O sertão é uma região bem definida na vegetação típica que o cobre; a subvegetação, abundante no inverno, e composta de dezenas de espécies de gramíneas, de leguminosas, de malváceas, de convolvuláceas, formando o primeiro tapete superficial, seguido de outro de arbustos variados, não densos, e a terceira camada é a das árvores de copas baixas, galhos curtos, entremeados, aqui e ali, pelas cactáceas. Essa associação vegetativa é caracterizada pela dispersão: as árvores se distanciam uma das outras e os arbustos se espalham para permitir à macega inferior receber a luz e medrar. Talvez seja por essa razão que o sertão se presta muito bem para as pastagens. No verão com o pisoteio excessivo do gado, as plantas anuais desaparecem, quase todos os arbustos e árvores perdem as folhas e a insolação incide sobre o chão. O sertão maltratado e degradado pelo sertanejo, na ânsia de extrair proveitos imediatos, tende a transformar-se em Seridó, o que prova que a saarização é intensificada pelo homem. Tem o aspecto verde durante 3 a 4 meses, com as chuvas, e mostra um panorama cinzento e melancólico nas secas. A atmosfera enxuta e movimentada, nos seus milhares de km 3 de ar, não facilita o orvalho; as precipitações variam desde as neblinas até as tempestades, cujas enxurradas não encontram no solo as oportunidades para constituir os lençóis freáticos. A acumulação de água, em maiores proporções somente e exequível por meio de barragem e das plantas xerófilas. O sertão é menos semiárido, de vegetação mais pujante e com mais água do que o Seridó, motivo por que aquele demonstra mais oportunidade de exploração, na escala da aridez. Em comparação com a caatinga, o sertão mostra uma flora menos raquítica, com menos cactáceos e espinhos; quando a altitude ultrapassa os 300 m, as condições mudam e surge a caatinga ou a serra. REFERÊNCIAS ARAÚJO FILHO, J. A. A. Manipulação da vegetação lenhosa da Caatinga com fins pastoris. In: Simpósio sobre Caatinga e sua Exploração Racional (SCER), 1984. Feira de Santana. Anais...Brasília: EMBRAPA – DDT 1986. ASA BRASIL. Leonardo Boff. O Semiárido: o mais chuvoso do planeta. 2010. <http://www.asabrasil.org.br> acesso em 20/06/2011. BEZERRA, N. F.. Água e Desenvolvimento Sustentável no Semiárido. FUNCEME. Fortaleza: Fundação Konrad Adenauer, Série Debates n° 24, dezembro, 2002. CAR, B. A. Qualidade ambiental no semiárido da Bahia. Série Cadernos. Salvador, 1995. 65p. DUQUE, J. G. O Nordeste e as lavouras xerófilas. 4a ed. - Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2004. 330 p. ECORREGIÕES PROPOSTAS PARA O BIOMA CAATINGA. 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Natal: SNPA/UFRGN/EMPARN, 1998. p.127-148. OLIVEIRA, L. B.; RIBEIRO, M. R.; FERRAZ, F. B.; JACOMINE, P. K. T, Classificação de solos Planossólicos do sertão do Araripe. Revista Brasileira de Ciência do Solo, n.4, v.27, p.685-693, 2003. OLIVEIRA, W. M. de; CHAVES, I. de B.; LIMA, E. R. V. de. Índices espectrais de vegetação de caatinga em um neossolo litólico do semiárido paraibano. Anais XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Natal, Brasil, 25-30 abril 2009, INPE, p. 2103-2110.
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