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Tradução: Eng.º Ricardo Snel
Revisão técnica: Wilson Leal, Antonio Santoro
e Walfredo Schmidt
FICHA CATALOGRÁFICA
(Preparada pelo Centro de Catalogação-na-fonte,
Câmara Brasileira do Livro, SP)
Porst, Alfred
P875s Semicondutores; tradução: Engº Ricardo Snel; revisão
técnica: Wilson Lêal, Antonio Santoro e Walfredo Schmidt.
São Paulo, Edgard Bliicher, Siemens A. G., 1976.
p. ilust.
Bibliografia
1. Semicondutores
COD-537.622
76-0962 —621.38152
Índices para catálogo sistemático:
1. Semicondutores : Engenharia eletrônica 621.38152
2. Semicondutores : Física 537.622
Siemens AG
ALFRED PORST
SEMICONDUTORES
setembro de 1976
BIBLIOTEC :
CENTRAL 5)
sS/
O DE tecno
editora EDGARD BLUCHER Ida.
Título original
Halbleiter
a edição em lingua alemã foi publicada por
Siemens Akriengesellschaft
copyright O 1973 by Siemens Aktiengeselischaft, Berlin: Munchen
Publicado pela Editora Edgard Bllicher Ltda.
sob a supervisão e responsabilidade técnica da Siemens S. A.
direitos reservados
para a lingua portuguesa pela
Editora Edgard Bliicher Ltda.
1976
É proibida a reprodução total ou parcial
por quaisquer meios
sem autorização escrita da editora
EDITORA EDGARD BLÚCHER LTDA
01000 Carxa PostaL 5450
END. TELEGRÁFICO: BLUCHERLIVRO
São PauLo — SP — BRASIL
Impresso no Brasil Printed in Brazil
Prefácio da edição alemã
O desenvolvimento da técnica de semicondutores durante as duas últimas décadas
trouxe consigo grande número de novos componentes, de aplicação sempre cres-
cente em circuitos eletrônicos. O emprego e aproveitamento desses componentes
podem ser mais perfeitos, se o engenheiro encarregado do projeto tiver bom conhe-
cimento dos processos físicos que se passam no interior deles. Este livro pretende
ser uma ajuda neste sentido; além disso, oferece ao leitor de formação menos
técnica uma visão das leis e relações fundamentais, características das estruturas
de semicondutores.
Os processos de geração e recombinação constituem a base para a compreensão
do funcionamento de muitos dos componentes semicondutores. Tendo em vista
o escopo do livro, serão consideradas três estruturas típicas de semicondutores,
nas quais tais processos, a exemplo das junções PN, exercem influência decisiva
sobre o comportamento eletrônico.
Nesta obra é dado maior destaque aos aspectos da eletrônica industrial do que
aos de telecomunicações, isso porque nas apresentações dos princípios fisicos de
semicondutores, em outras obras, a parte referente a componentes de potência
é muito resumida ou mesmo inexistente.
Munique, abril de 1973.
No estado sólido e sob condições adequadas de fabricação, o silício constitui
uma rede cristalina, onde cada átomo tem quatro átomos vizinhos egilidistantes,
interligados por pontes de pares de elétrons (Fig. 1.2). Esse tipo de ligação, no qual
os átomos se unem devido aos elétrons da camada mais externa, ou seja, os clétrons
de valência, é denominado ligação por covalência
A disposição de átomos apresentada na Fig. 1.2 mostra a menor estrutura cristalina que sempre
se repete, podendo ser delimitada por um cubo. Repetindo-se essa configuração periodica-
mente é em três dimensões, até atingir dimensões macroscópicas, obtém-se o que se chama
de estrutura monocristalina ou monocristal. Existindo no monocristal somente átomos iguais,
trata-se do que se chamará daqui por diante de semicondutor intrínseco, em contraposição ao
semicondutor dopado, do qual se fala a partir da Seç. 23.
A Fig. 13 traz uma representação plana da rede cristalina do silício, portanto
simplificada com relação à realidade. Os círculos grandes representam como
antes, a carcaça atômica do silício, portanto, com os respectivos núcleos e elétrons
das duas camadas internas. A carcaça atômica no caso não é neutra, pois há apenas
dez clétrons (negativos) contra as quatorze cargas positivas do núcleo, e se cons-
tituí num íon (positivo) da rede. As quatro cargas positivas em excesso se com-
pensam, no átomo completo, pelos quatro elétrons externos (negativos).
Cada átomo de silício contribui com um clétron para cada ligação dupla exis-
tente na estrutura cristalina do sistema cúbico, representada nas Figs. 1.2 e 1.3.
O elétron faltante em cada ligação é fornecido pelo átomo vizinho correspon-
dente, do mesmo modo como na molécula de hidrogênio na qual ambos os elé-
trons disponíveis gravitam ao redor de dois núcieos. Pode-se assim considerar
os dois elétrons de uma ligação covalente como pertencentes simultaneamente
aos dois átomos de silício envolvidos na ligação.
Figura 12 Estrutura ideal
do silício (estrutura do sistema
cúbico particular do diaman-
te). As esferas grandes são as
carcaças atômicas; as esferas
pequenas representam os elé-
trons de valência, entre os
quais sc estabelecem os pares
que formam uma ponte de
elétrons entre dois átomos
10
Núcleo do átomo
de um semicondutor,
representados 08
elétrons internos
carcaça atômica)
de valência
Figura 1.3 A estrutura do silício numa representação bidimensional
Todos os elétrons de valência dos átomos de silício, na estrutura cristalina repre-
sentada na Fig. 1.3, são envolvidos pelas ligações entre átomos. Estão, desse modo,
presos em um lugar, sendo denominados elétrons presos. Não existem, portanto,
portadores de carga elétrica disponíveis para o transporte de eletricidade, isto
para dar origem a corrente clétrica. Essa afirmação, porém, é válida apenas para
temperatura absoluta igual a zero, ou seja, T=0XK.
Na verdade, a rede cristalina se encontra sempre a uma temperatura acima do
zero absoluto, ou seja, contém sempre determinada quantidade de energia térmica.
O resultado da presença dessa energia é que os átomos e os elétrons vibram em
torno de suas posições de repouso, o que tem como consegiiência o aparecimento
de forças mecânicas adicionais na rede cristalina. Se a energia introduzida for tão
elevada que supere as forças de ligação, alguns elétrons poderão escapar de suas
ligações covalentes (Fig. 1.4). Tais elétrons ficam livres de seus átomos e com isso
se tornam móveis; são denominados, então, elétrons livres e estão, do mesmo modo
Figura 14 Oscilações tér-
micas da estrutura cristalina
a T>0K
“
Figura 1.5 Movimento ir-
regular em viguezague de um
elétron livre. As vibrações dos
átomos da rede e dos elétrons
fixos são desconsideradas nes-
ta e nas figuras seguintes,
para ihaiór clar
a
com as moléculas de um gás, em permanente movimento. Ao mesmo tempo, estão
sempre colidindo com os átomos da estrutura em oscilação, modificando constan-
temente a direção do movimento. Aparece um movimento em ziguezague irregular
desses elétrons, no qual, em termos de valores médios, não há direção predomi-
nante (Fig. 1.5).
Se for aplicado um campo elétrico ao cristal, os elétrons livres se deslocarão em
sentido oposto ao do campo (Fig. 1.6).
gido de um elétron livre sob a
ação de um campo elétrico
Elétron que a
se libertou HE
(O
À o
E
Figura1.7 Formação de uma
carga positiva aparente (la-
cuna) pela saída de um clê-
tron de uma ligação covalente
Superposto ao movimento térmico desordenado, existe agora um orientado, de
origem elétrica. criando uma orientação predominante. Tal movimento dos elé-
trons livres significa um transporte de cargas elétricas e com isso uma corrente
(primeira componente da corrente). A telocidade de deriva (drift) dos elétrons na
direção do campo elétrico é, geralmente, muito pequena em relação à velocidade
térmica média apresentada nos movimentos em ziguezague.
Quando um elétron abandona uma ligação covalente, fica faltando, nesse lugar,
uma carga elétrica negativa c se constitui numa lacuna (Fig. 1.7). Verifica-se que
essa lacuna, ou seja, uma carga negativa faltante na ligação da rede, também pode
ser considerada como uma partícula autônoma*, carregada positivamente. O con-
ceito assim introduzido de lacuna é muito útil na descrição dos fenômenos físicos
dos semicondutores.
O conceito de lacuna descreve, pois, uma partícula fictícia, de propriedades aná-
logas às do elétron, mas de carga positiva. Esta aparece quando um elétron é
Hbertado (Fig. 1.8).
Figura 1.8 A lacuna na rede
cristalina
*Na literatura inglesa é empregado o termo hole
13
—b
Figura 1.9 O deslocamento de um elétron de valência de uma ligação vizinha para a ligação
incompleta em (a), corresponde ao deslocamento de uma lacuna no sentido oposto em (b)
Figura 1.10 Movimento orientado de um elétron de valência (a) e de uma lacuna (bj sob
efeito de um campo elétrico
Com os movimentos térmicos de que os átomos e elétrons estão animados a 1'> 0 K,
pode ocorrer facilmente que um elétron de uma ligação vizinha venha a preencher
uma ligação antes incompleta. A falha de ligação, ou lacuna, se transfere então
| para outra posição da estrutura de silício (Fig. 1.9). Os movimentos irregulares dos
modelos atômicos, provocados pela introdução de encrgia térmica, têm como
| consegiiência que a lacuna seja transferida continuamente, sem haver em prin-
cípio, predominância de nenhuma direção para seu deslocamento.
Com a aplicação de um campo elétrico ao cristal, o deslocamento de elétrons vai
j ocorrer predominantemente em um sentido (que é oposto ao do campo, Fig. 1.10).
Este retrocesso dos elétrons de valência, no sentido oposto ao do campo, corres-
ponde porém a um deslocamento da lacuna no sentido do campo (veja as Figs.
: 1.10a e 1.10b). No elétron livre, sobrepõe-se ao movimento térmico desordenado
um deslocamento orientado sob efeito do campo elétrico; cada um dos desloca-
| mentos unitários deve, mas não necessariamente, ser feito na direção do campo
| elétrico. O deslocamento orientado dos elétrons de valência (correspondendo ao
das lacunas) significa uma segunda componente de corrente elétrica.
| Existem pois, com a introdução de calor (T'> OK), elétrons livres e lacunas de
igual número, é ambas as espécies de portadores contribuem para a condutividade
do semicondutor.
14
1.2. Modelo de bandas
Nos itens anteriores, foi observada a estruturação do semicondutor com auxílio
do modelo atômico. Outro modo de estudo, equivalente ao modelo atômico,
emprega o modelo de bandas para esclarecer os processos que ocorrem no semi-
condutor. Como os dois modelos se completam mutuamente, passaremos a ana-
lisar a seguir também o modelo de bandas.
A justificativa do modelo de bandas só pode ser fita com auxílio da mecânica quântica, razão
pela qual não será apresentada.
Vamos inicialmente considerar um átomo isolado. Os elétrons da coroa circundam
o núcleo segundo leis perfeitamente determinadas. De modo simplificado pode-se
dizer que os elétrons de uma mesma camada possuem todos a mesma energia. A
Fig. 1.11 apresenta esquematicamente valores de níveis de energia para as camadas
de um átomo isolado, entre as quais não existem outros níveis. Em outras palavras,
não existem elétrons com valores de energia intermediários.
Na composição de uma estrutura cristalina, os átomos permanecem muito pró-
ximos entre si. Os clétrons de cada um dos átomos não podem mais descrever
livremente seu movimento em torno do núcleo, do que resulta uma influência
mútua, e dessa interação advém uma subdivisão dos níveis de energia (Fig. 1.11).
Existe uma analogia elétrica para o alargamento ou subdivisão das bandas de energia na cs-
trutura cristalina. Por exemplo, acoplando-se dois circuitos sintonizados idênticos, que têm
portanto a mesma fregiiência de ressonância, obtém-se, para um acoplamento suficiente-
mente forte, uma curva com duas freqiiências de ressonância (Fig. 1.12). Essas duas novas
frequências de ressonância estão localizadas em f..,, + Afe fu Af, e não são mais iguais à
originária, fc Acoplando-se mais circuitos ressonantes entre si, o número de freqiiências de
ressonância corresponde, de modo geral, ao número de circuitos
Átomo Estrutura
isolado cristalina
w EE
T=— 0 E
o
Figura 1.11 Modelo de bandas. Va- SER
lores de energia dos elétrons no átomo Eai | Bandas
isolado e subdivisão dos níveis ele- de energia
trônicos de energia numa rede cris- mm tremer |proibidas
talina, transformando-se em bandas —— «ct RRRRE
de energia permitidas e proibidas
— e —— RR
=—o ins
tremores Bandas de energia permitidas
SEE IEE (valores de energia
diataaatias Quase contínuos)
15
2. Condução intrínseca e por impurezas
Antes de ser estudada a condutividade do semicondutor, é útil introduzir algumas
observações gerais sobre a condutividade elétrica.
2.1. Condutividade elétrica
A corrente I que circula num condutor é definida como a quantidade de eletricidade
que atravessa a seção transversal desse condutor por unidade de tempo. A partir
dessa definição, obtém-se para a corrente 1 a equação
I=q:n:v:A | (2.1)
q- carga elementar (1,6: 10-"º O),
n- concentração dos portadores de carga (número de portadores por cm?)
» — velocidade de deriva, ou mais exatamente sua componente na direção do campo. Essa
componente orientada se sobrepõe ao movimento térmico irregular em ziguezague (veja p. 12)
De (2.1), obtém-se para a densidade de corrente J:
J=qme. (2.2)
Aplicando-se a Lei de Ohm
J=9:E (23)
na Eq. (2.2), obtém-se para a condutividade elétrica o e para a resistividade q:
1
s=q=qnp=ame (2.4)
O quociente F = u é chamado mobilidade ;t, e é uma medida da rapidez com que
os portadores podem deslocar-se na direção do campo clétrico, para dada inten-
sidade de campo.
Nos metais, os valores da mobilidade se situam entre 10 e 100cm?/V's, para os
semicondutores germânio e silício entre 400 e 4000 cm?/V s. Atingem-se mobili-
dades muito grandes (70000 cm?/V s) em semicondutores compostos com impu-
rezas III-V. A mobilidade relativamente baixa dos metais pode ser explicada pelo
grande número de elétrons livres (em torno de um por átomo); dessa forma, ocorre
interferência mútua.
20
2.2, Condução intrínseca
Introduzindo-se calor no semicondutor, libertam-se elétrons nas ligações da estru-
tura; passam a existir elétrons livres (p. 11), os quais, faltando nas ligações da estru-
deixam vazios nesta, que correspondem às lacunas mencionadas na p. 13,
Mravés desses processos, denominados geração de pares, constituem-se portadores
de carga aos pares, a saber, elétrons e lacunas, que contribuem ambos para a condu-
tância elétrica (veja a p. 14).
Existe também um processo oposto à geração térmica de pares: um elétron livre
errante retorna a alguma ligação dupla incompleta da rede c assim se liga novamente
t estrutura. À lâmina da ligação dupla volta a ser preenchida, tornando impos-
ivel a vinda de outros elétrons das ligações de valência vizinhas: o clétron e a lacuna
am novamente, Esse processo de reunião é chamado recombinação. Pelo ato
de recombinação, ambos os portadores deixam de participar do transporte de
corrente,
e un
No modelo de bandas, a geração térmica de pares é explicada pela subida (em termos
ia) de um elétron da banda de valência para a de condução. Resultam um
elétron (livre) na banda de condução e uma lacuna na banda de valência (Fig. 2.1).
de eneri
Nu recombinação, o elétron “cai” de volta, da banda de condução para uma lacuna
da banda de valência (Fig. 2.1). Com isso, parte da energia liberada se transforma
em radiação. A emissão de recombinação tem o comprimento de onda de 1,
no silício; encontra-se, pois na faixa do infravermelho.
Deixando-se um semicondutor em repouso a determinada temperatura, atinge-se
um estado de equilíbrio termodinâmico, denominado equilíbrio térmico. Como o
próprio nome diz, ocorre equilíbrio entre recombinação e geração de pares.
f razão de geração térmica de pares g, isto é, o número de novos pares de portadores
que se formam por centímetro cúbico e por segundo, deve ser igual à razão de recom-
Banda de
condução
Geração de pares Recombinação
Banda de
valência
Figura 2.1 Geração de pares é recombinação no semicondutor.
21
binação w. ou seja. igual ao número de reuniões por centimetro cúbico e por segundo,
portanto
g=. 25)
A razão de geração térmica de pares q é dependente da quantidade de energia tér-
mica introduzida, que precisa exceder a largura da zona proibida.
A razão de recombinação w, ao contrário, depende antes de mais nada do número
de elétrons livres e de lacunas disponíveis para a reunião, pois um elétron da banda
de condução vai encontrar uma lacuna, um vazio na banda de valência, tanto mais
freqiientemente, quanto mais lacunas existirem. Reciprocamente, tanto mais elétrons
ão se aproximar das lacunas, quanto mais numerosos eles forem.
Em termos de equação, resulta
w=r np (2.6)
Nesta equação, n e p são as concentrações de elétrons c lacunas, ou o número
de portadores por centímetro cúbico, e 1 o coeficiente Ide recombinação, medido
em centímetro cúbico por segundo.
Havendo equilíbrio térmico, aplicando-se a (2.5) as concentrações de equilíbrio
ho & Pos OU seja,
g=w=r"hy Po 27
Daí resulta
No" Po = é o (28)
O segundo termo de (2.8) é medido em (cm *)?. Em seu lugar podemos colocar
o quadrado de uma concentração:
no:bo = En. (2.9)
,
No estado de equilíbrio térmico de um semicondutor intrínseco (p. 10), existe para
cada elétron livre uma lacuna (p. 14) e com isso se satisfaz também a condição de
neutralidade no = Po. De (2.9), obtém-se então:
m=Do=% 0)
A densidade de inversão ou densidade de condução intrínseca n, indica quantos
clétrons livres e lacunas existem no semicondutor intrínseco a dada temperatura.
Fala-se por isso de um semicondutor intrínseco ou da condução intrínseca do
semicondutor. Mostrar-se-á na p. 33 que a condução intrínseca pode ser impor-
tante num semicondutor não-intrinseco (dopado), se a temperatura for suficien-
temente alta.
O valor da densidade de condução intrínseca para o silício, à temperatura ambi-
ente, é n, = 10!'ºem 3, Isso significa que aproximadamente 10"? elétrons por
cm? e 1010 lacunas por em” são responsáveis pela condutância do semicondutor.
22
Comparadas com as concentrações de elétrons livres nos metais (da ordem de
| qi con ' :
10º? em”, isto é, em torno de um elétron por átomo), as concentrações dos por-
tadores no silício intrinseco são muito baixas.
Enquanto que nos metais a condutividade é determinada pelo número de elétrons
livres, nos semicondutores ela é devida tanto aos elétrons livres (concentração n),
quanto às lacunas (concentração p). Como os portadores não têm necessariamente
1 mesma mobilidade, a equação da condutividade (2.4) deve ser ampliada, resul-
SS Gon q HD (2.11)
Modificando-se a Eq. (2.10) para o caso de condução intrinseca, a condutividade
intrinseca (5) resulta
G=q nu +).
m
| 108. —
emê
10% E
|
10 - |
10º -
108
0 50 10 150 200 SC 250
> a
Figura 2.2 Densidade de condução intrínseca (densidade de inversão) n, no silício, em função
da temperatura
No germânio é no silício, vale: ju, = 3,
23
Devido às grandes diferenças entre as concentrações de portadores nos metai
e nos semicondutores, resultam também valores muito diferentes para as resisti-
vidades (e condutividades), as quais são reproduzidas na tabela a seguir para silício
e cobre, a duas temperaturas diferentes:
Tabela 2.1 Comparação das resistividades de um semicondutor e de um metal sob diversas
temperaturas
/
TO Temperatura Resistividade Q
em em Oem
o Do Silcio . Cobre
3 29-10 araos
10 o 10 230
Na p. 24 já se afirmou que o fator de geração de pares g varia numa razão diret:
mente proporcional com a temperatura, Segundo (2.9), a densidade de condução
intrínseca n, aumenta também com a temperatura (Fig. 2.2), e com isto, do acordo
com (2.12), também a condutividade do semicondutor; o coeficiente de recombi-
nação r apresenta apenas uma reduzida dependência da temperatura.
Valores para a determinação da constante n, do silício podem ser obtidos das refe-
rências [1], [2] e [3].
2.3. Condução de impurezas
Além da condutividade intrínseca do semicondutor, devida à excitação térmica,
há também uma condutividade provocada pela introdução de substâncias estranhas
na rede do semicondutor. Para a dopagem de cristais de silício ou germânio, são
especialmente adequados os elementos químicos dos grupos III e V da tabela
periódica” São elementos com três e cinco elétrons de válência, Dopagem é o termo
que indica uma introdução ou acréscimo proposital de impurezas.
2.3.1. Acréscimo de doador
Inicialmente, vamos considerar o acréscimo de um elemento do grupo V, como
por exemplo o fósforo, que vai ocupar o lugar de um átomo de silício (Fig. 2.3).
Os elétrons de valência, externos (no fósforo são cinco), participam como antes da
ligação dupla com os átomos de silício vizinhos. Porém, para essa ligação, só são
necessários quatro elétrons, de forma que sobra um. O quinto elétron se liga muito
fracamente ao átomo de fósforo. Já à temperatura ambiente, o movimento térmico
é suficiente para libertar esse quinto elétron do átomo e transformá-lo em elétron
livre. Nesse caso, porém, não sc origina lacuna alguma, porque não falta elétron
24
Fisura 23 Introdução de
um átomo de fósforo na
rede plana de silício e no
modelo de Shockley
algum nas ligações de valência com os átomos de silício; há, portanto, uma dife-
vença em relação à geração de pares na estrutura do silício intrínseco (veja p. 23).
Somente o número de elétrons livres se cleva, desse modo, pela introdução de
elementos do grupo V do sistema periódico. Esses elementos são por isso deno-
minados doadores de elétrons ou simplesmente doadores. Como a condutividade
é influenciada por elétrons (negativos), diz-se também que o silício é do tipo N
ou de dopagem N.
Na analogia do modelo de Shockley, existe um carro no andar de cima, que não saiu do andar
de baixo (Fig. 2.3). O movimento de carros é possível no pavimento superior, mas a dopagem
N não permite que isso ocorra no andar de baixo.
Deve-se esclarecer agora se no cristal de silício lipo N ainda existem lacunas, pois
os processos de geração e recombinação de pares descritos nas pp. 23 e 24 valem
também no semicondutor dopado. No equilibrio térmico, cada processo e sua
reação oposta deve ocorrer necessariamente com a mesma fregilência, mesmo que
existam processos intermediários, pois também a estes sc aplica a condição acima.
Vale assim, também no semicondutor dopado, a seguinte equação de equilíbrio
térmico:
(2.13)
no" Po
n, é pois uma constante do material, a qual só depende da temperatura. Se a concen-
tração no de elétrons em um cristal de silício de dopagem N se elevar de um fator
10º em relação à densidade de condução intrínseca n,, estabelecer-se-á um equi-
líbrio térmico com concentração de lacunas p,, que segundo a Eq. (2.13) estará
um fator 10º abaixo de nm.
25
pequena Aspemdinsa ea fufição da temperatura, devido à variação da mobili-
A concentração de condução intrínseca n, porém, cresce muito rapidamente com
a temperatura (Fig. 2.2). Quando essa concentração excede muito as de dopagem
np» OU n4-, OU seja, quando vale
mn e mm (2.23)
108 - |
cita a
Ve
o aa
A
| 102; - - Co +
Pd |
Ed |
10" = 7 — =
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100 20 300 400 ec 500
—a
— —— Condução por impurezas
=——— Condução intrínseca
Condução por impurezas
= Condução intrínseca
Germênio
Silício
Figura 26 Condutividade de germânio tipo N (tracejado) e de silício tipo N (linha cheia),
em função da temperatura. Não foi considerada a pequena dependência de temperatura das
mobilidades. As curvas em traço grosso indicam a região de condução intrínseca, as em traço
fino, condução por impurezas
,
30
E.
15 concentrações de elétrons e lacunas, estabelecem as proporções seguintes: ny =
Po = 1, — comparar essas relações com a Eq. (2.10).
Prevalece assim a condução intrínseca. A condução por impurezas no semicondutor
dopado (2.16) e (2.19), c a condução intrínseca (2.12), são casos limites para tem-
peraturas baixas c altas.
As temperaturas em que ocorre a transição entre a condução por impurezas e
condução intrínseca depende do material semicondutor e da concentração do do-
pante, bem como do nível de encrgia da impureza (Fig. 2.6).
Na região de transição n, = np. e 1H, , as concentrações de portadores n e Pp podem
«1 determinadas com auxílio de (2.13) e da condição de equilíbrio ng = Pa + ps OU Po =
+
31
3. Geração de pares e recombinação no semicondutor
3.1. A equação da continuidade de portadores
A geração de pares e a recombinação são fatores fundamentais na análise dos fenô-
menos que transcorrem em um semicondutor e que influenciam assim a caracte-
rística corrente x tensão dos componentes semicondutores.
A recombinação e a geração térmica de pares já foram apresentadas na Pp. 21, baseado
porém, na hipótese de que as razões de recombinação w e de geração térmica de
pares g fossem iguais. Esse estado é denominado equilíbrio térmico, que ocorre ao
se deixar o semicondutor em repouso a determinada temperatura.
A análise se refere agora a uma condição em que um elemento de volume, de área A
é espessura dx possa sofrer um acréscimo de portadores também por influências
não-térmicas, ou seja, adicionais à geração térmica.
Todos os componentes que contribuem para o aumento ou a diminuição do número
de portadores no clemento de volume (A - dx) podem ser levados em conta numa
equação de equilíbrio ou balanço, conhecida por equação de continuidade dos por-
tadores.
Assim, a elevação do número de elétrons livres (ou, simplesmente, elétrons) no ele-
mento de volume (A - dx) durante o intervalo de tempo dt, e de acordo com a Fig 3.1,
é dada pela expressão analítica*:
ên
(Ac da)
ot
O acréscimo do número de elétrons ocorre devido à razão de geração térmica de
pares q, resultando do incremento (4 -dx) g por unidade de tempo.
O número de elétrons também aumenta quando o semicondutor absorve luz, de-
vido à ação da energia quântica, em que se transfere parte dessa energia aos elétrons
de valência, ligados à estrutura, libertando alguns elétrons de suas ligações. Da
mesma forma como na geração térmica de pares, aparecem portadores formando
pares, isto é, elétrons e lacunas em mesmo número.
A influência da luz no semicondutor não será, porém, considerada, pois é, na maioria
das vezes, excluída dos componentes reai
*É necessário o uso de derivadas parciais, pois sc considera a variação da concentração com
9 tempo, em um ponto fixo, enquanto a concentração também pode variar de um lugar para
outro. 4
32
Í Corte A
1 I
Ot Corrente I
sã IS elementar e Sa (x+dx)
O de elétrons I
1900 1
I I
Figura 3.1 Elementos para a dedu- | |
vão da equação de continuidade dos [O r-urg!
portadores no semicondutor 9 w| | ur
I
I I
Geração | =
térmica (GOO recombinação |
depares | |
Ol Corrente 1
Sol) gs Lo de Iscunas S+> s, feedx)
mm o
x+dx x
Outra possibilidade de acréscimo no número de portadores, interessante na prática,
ocorre quando elétrons e lacunas, liberados externamente, penetram no interior de
dido elemento. Há acréscimo no número de portadores quando a corrente, devido
|s partículas que penetram no volume considerado é maior que a que sai, ou quando
ocorre um divergente negativo de corrente das particulas.
Com uma densidade clementar de corrente S* na direção x, obtém-se no elemento
de volume (A * dx), um acréscimo do número de elétrons por unidade de tempo
dado por
AIs)-s, (x + do],
determinado pela diferença das correntes de partículas nos pontos x e (x + dx)
(veja também a Fig. 3.1).
O eleito da razão de recombinação w(n, p)** é a redução do número de elétrons por
unidade de volume, pois, na recombinação, o clétron deixa de ser livre.
A dom.
N expressão analítica que se obtém
5, densidade elementar de corrente da partícula, é numericamente igual à densidade de
a x
ortente por unidade de carga, valendo à expressão 5, = “-
**A dependência da razão de recombinação w das concentrações de portadores n e p não
ert dada explicitamente daqui por diante, para maior clareza
33
Levando em consideração a geração térmica de pares, a corrente de particulas e
a recombinação, a equação de continuidade para os elétrons no volume (A - dx)
(Fig. 3.1) fica:
à
(4-dy E = (Ada + A-[5 (= 5 (e + dy] (A “day 81)
ô
Dividindo essa equação por (A - dx), obtém-se:
ms )-s (Hd) ,
mo + nte, 62)
e, portanto,
gw (para dx — 0)* 33
aos a tP x (3.3)
Para indicar de quanto a razão de recombinação w excede a de geração térmica de
pares g, emproga-se frequentemente o excesso de recombinação R (Fig. 3.1).
R(n, p) = w(n, p)-g. (3.4)
Como a razão de recombinação w depende das concentrações n e p, val
le também
para o excesso de recombinação
R=f(n, p).
Um excesso de recombinação negativo (-R) é, de acordo com (3.4), equivalente a um excesso
positivo do geração; isso significa que, nesse caso, a geração térmica de pares supera a recom-
binação
Usando (3.4), a equação de balanço (3.3) resulta:
ên E
õr àx
Considerações análogas sobre as lacunas conduzem, com uma densidade de corrente
de lacunas 5, à equação (veja também a Fig. 3.1): x
(3.5)
3.6)
As Egs. (3.5) e (3.6) descrevem a variação das concentrações n e p, no espaço e no
tempo.
Se a introdução de portadores em úm volume é nula,
ê ôs,
0 SE=0, (3.7)
*Emprega-se aqui a definição de derivada:
df dim fix+dy fo)
dx “ dx>0 dx
34
Hr
(geração
un
União de elétron
|
DO
1
1
a
Banda
i
S
— x
e valência
pa
i
1
1
I
í
i
x
E
É
Regime estacionário
Equilíbrio térmico
<0
ecombinação
ão de pares
sobre a geração
E
E
3%
E
os
dx
Re
Caso especial:
(R=-0) (w=g)
520
p=0;
E
o
a
À segunda hipótese pode ser desprezada quando se analisa o aumento de cormlutividade pela
ação da dopagem, já que o nível daqueles doadores se situa muito próximo da banda de con-
dução, ocorrendo essa segunda ctapa quase tão raramente quanto a passagem “direta” de
um elétron da banda de valência para a de condução. Em outras palavras: impurezas com
níveis de energia muito próximos da banda de valência ou da de condução praticamente não
tem atuação como centros de recombinação.
Quando um elétron da banda de valência se desloca para o nível de uma impureza
carregada, resulta uma lacuna na banda de valência, de modo que a reação também
pode ser descrita como a doação de uma lacuna, da impureza S* para a banda de
valência:
st+o,=S'-0=8s (3.18)
O índice V do elétron O indica a origem na banda de valência.
Para o processo de emissão de lacunas é válido, analogamente a Eq, (3.14)
número de processos de dissociação por unidade de tempo c de volume =
eyons (3.19)
Se uma impureza neutra cede um elétron para a banda de valência, esta perde uma
lacuna. Isso também pode ser descrito como o recebimento de uma lacuna com
nível de energia da impureza:
S-0,=S"+0=5". (3.20)
Para este processo de recombinação, vale analogamente a Eq. (3.12), com concen-
tração de lacunas p:*
número de processos de recombinação, por unidade de tempo e de volume =
Fpha (21)
Analogamente a Eq. (3.16), pode-se introduzir uma constante de massa efetiva Ky,
assim definida:
evo Dong
Po ns
e que determina o comportamento das reações entre impureza e banda de valência.
=K (3.22)
As constantes Kç e K, resultantes da posição dos níveis de energia dos centros de
recombinação em relação às bandas de condução e de valência, determinam con-
juntamente o número de passagens para esse nível. Vale a relação
Ko Ky=nê, (3.23)
para o produto das constantes de massa efetiva, o que se pode tirar de (3.16). (3.11),
(3.22) *
“Na verdade se considera a saída de um elétron da banda de valência, A passagem para a
banda de valência só pode ocorrer, no entanto, se houver lugar para o elétron, isto é, havendo
uma ligação de rede vazia (lacuna). Dessa maneira é compreensível também a proporciona-
lidade à concentração de lacunas
*A Eq. (3.23) só perde a validade para concentrações muito altas (aproximadamente
10º cm-3)
40
sm o alustamento do equilíbrio térmico, alteram-se as concentrações dos parti-
pantes das reações, n, p, Ns + €Ns= O comportamento dessas concentrações é descrito
gi vquações de balanço, ou equilíbrio, as quais, de acordo com (3.12), (3.14), 19)
[421), tendo em conta uma corrente de partículas unidimensional descrita pelas
(1.5) e (3.6), têm a seguinte forma
nengo + ry o Po ta ey Ng (5.24)
ping + eh (3.25)
ôn às, 136
nens)-D> (3.26)
õ : ôx
à (een (27)
do Ns
Em (120) é (2.27) foram desprezadas a goração e a recombinação de pares, que ocorrem dire-
tamento entre as bandas de condução e de valência, porque tais processos — como já se afir-
ã i o a frequência dos processos através
mou na p. 37 — são relativamente raros, comparados com a frequência dos pi
dos centros de recombinação.
Observe-se mais atentamente a equação de balanço (3.24), que descreve a variação,
vom o tempo, da concentração de impurezas carregadas positivamente nç,.
à impurezas carregadas positivamente, S”, aumentam seu valor com a reação
O = 8º, tanto, pela emissão de um elétron, veja a Eq. (3.14), e quanto pela
Ioução 8º + O = S* (tomada de um elétron, veja a Eq. (3.21), Ocorre redução da
oncentração ng, quando um elétron é absorvido por uma impureza st-0=8,
jr a Eg. (3.19), pois a impureza se torna neutra em ambos os casos.
( unsiderações análogas para as concentrações ng., 2 e p conduzem às equações de
quilibrio (3.25) a (327). |
vs sublrações contidas entre parênteses que aparecem em (3.26) (3.27) representam
+ excesso dos processos de geração térmica de pares sobre os processos de recom-
hinação; para esse fim, segundo a p. 34, pode-se introduzir um excesso de tecom-
binação negativo.
Como se trata — nos processos de geração e recombinação de pares, (3.26) e (3.27) —
de reações entre cada uma das espécies de portadores e a impureza, devem-se intro-
luzir à osta altura as notações R, e R, (veja Fig. 3.4), de modo que
-R=
Eee Ages (3.28)
RS Gta he Dot (3.29)
[xclui-se novamente a geração de pares pela ação da luz.
4a
Banda de
condução
Nível de
impureza
Banda de
valência
Figura 34 Excessos de recombinação ReR
Dai, tem-se para as Egs. (3.26) e (327):
os,
= (330)
Op,
àx (3.31)
Nas Eqs. (3.30) (3.31), válidas na presença de centros de recombinação, aparecem
ao contrário de (3.5) e (3.6), excessos de recombinação diferentes para elétron e para
lacunas. »
Substituindo-se (3.28) e (3.29) em (3.24) e (3.25), obtém
ônç.
“o OR + Rp (3.32)
ônç
d Rh + Ra (3.33)
Em regime est átio. [veja
regime estacionário (veja a p. 35), todas as concentrações são constantes com
O tempo, e, portanto,
Onça Ônia
à o (8:34)
A partir de (3.32) e (3.33), obtém-se, então,
R=R,=R (3.35)
isto é, ocorre um único excesso de recombinação mo regime cstacionári
combinação R. Como me c:
2 à
também vale ua
42
gão (110) é (3.31) se simplicam a:
às,
= a, 33
R ox (3.36)
ôs,
= . 3.3
R dx (3.37)
ee so pime estacionário, (3.34) não é mais rigorosamente válida, perdendo também
[8 45) 1 validade.
gu se poder lidar com um só excesso de recombinação R também em fenômenos
ios, Eq. (3.35), e com isso poder trabalhar com equações mais simples,
dinilo-se Ireqiientemente como válida a Eg. (3.34) também no caso não-estacio-
brio, portanto, com concentrações de impurezas nç, c ns constantes em relaç
os tempo
ôn
aa 3.38
E ! )
op Se. (3.39)
à dx
o cnso da hipótese (3.34), valem as equações de continuidade da p. 34 para elétrons
& lacunas, mesmo no caso em que estes passam ao nível de encrgia da impureza.
A hipótese (3.34), porém, só pode ser aproximadamente satisfeita no caso não-esta-
Plonário: cla se concretiza, por exemplo, utilizando-se a Eq. (3.32), se o número de
elétrons que se deslocam do nível de energia da banda de condução para o nível da
impureza, por unidade de tempo e de volume, for aproximadamente igual ao número
de elétrons que retornam do nível de impureza para o da banda de valência; valendo,
portanto.
ôns- 5
ông.
Os «Rr, ou CE GR,
o " ot º
fem «e também que, ao elevar, por exemplo, a concentração n de elétrons na banda
de condução — e por imposição da neutralidade, também a concentração de lacunas p
Ha banda de valência — aumenta também o número de fenômenos de associação
poi unidade de tempo e de volume, segundo (3.12), crescendo a concentração ng, de
impurezas neutras. Dessa forma, e com as concentrações de lacunas já aumentadas
(veja acima), Os processos de associação entre impurezas e a banda de valência se
formam mais frequentes, enquanto a concentração ng. diminui. Estabelecem-se, é
bem verdade, novos valores de concentração nç. E ns-» mas que se afastam porcen-
fualmente muito pouco dos valores originários.
Com auxílio das Egs. (3.42) e (3.43), isto pode ser facilmente verificado a seguir, su-
pondo valores constantes para ec, €y, Fc € ry variando somente n € p.
Crescendo a concentração n, de impurezas, as variações absolutas das concentrações
1.1, podem de fato se tornar comparáveis com as variações de n e de p, deixando
de valer à hipótese (3.34). O leitor interessado pode encontrar mais detalhes na
Hiblhop através de [6] e [7].
43
||
|
N
|
Em termos da hipótese válida para (3.34), obtém-se primeiramente de (3.24):
O=ns(ec+r pn (ey +ren) (3.40)
Com auxílio do balanço de impurezas (3.17), result:
no tnç = (341)
e de (3.40), podem-se calcular as concentrações nç. € ns, como segue:
no evtren 3
= — — fy —— |
Co etrp+re+ren "o (842)
ectrep
Ag, = “ + (
$ Cetrpre+ren 843)
Introduzindo ambas as Eqs. em (3.28) ou (3.29), obtém-se, com (3.35)
o rerynep-eçee,
R=R,=R=—“€ E ne (3.44)
eetrp+eç+ron
Substituindo os coeficientes de emissão dessa equação pelos coeficien!
ubsti tes de recom-
binação e as constantes de massa, (3.44) fica:
—tetty(n: po Ko Kg)
relr+ E) +n(p+K) 645)
Introduzem-se agora convenientemente as grandezas de tempo:
(3.46)
e
(3.47)
Fyhs
onde r é medido em cm? s “enem cm.
Nessas variá
Ness reis, a concentração de impurezas nç entra no denominador, o que
significa que essas variáveis diminuem quando as concentrações n, aumentam.
Tomando-se as Egs. (3.46), (3.47) e (3.23), obtém-se de (3.45), para o excesso de
recombinação R:
(3.48)
medido em cm *
Para o excesso de recombinação R e perante a existência de impurezas, vale ana-
logamente a (3.4), (2.6) e (2.9) também
R=w-gs="epon-rçenê= pon?) (3.49)
Com um coeficiente de recombinação
1
CAR+ EN FU + KO)
(3.50)
“4
R da Eq. (3.48) indica o excesso de recombinação ws, que ocorre acima do valor da
geração térmica de pares gs.
Em (3.48), obteve-se a relação procurada entre as concentrações n e p, € O excesso
de recombinação R, com ajuda do modelo simples de recombinação. Essa relação
só é rigorosamente válida para regime estacionário; com as restrições da p. 42,
(3.34) e (3.48) também podem ser usadas em casos não-cstacionário
No equilíbrio térmico, baseado em (2.9), vale
no Po = não (3.51)
ese verifica imediatamente pela Eq. (3.48) que o excesso de recombinação desaparece,
porque o numerador se torna nulo: a razão de recombinação e a razão de ger:
de pares são iguais neste caso.
3.3. Excesso de recombinação R no semicondutor neutro sob injeção fraca e forte
Em ambos os casos — existência de injeção fraca ou forte — como as que ocorrem,
por exemplo, fregiintemente na região neutra do semicondutor, simplifica-se acen-
tuadamente a expressão do excesso em função de uma só constante de tempo de
cada vez, a qual também é denominada tempo de vida t. Além disso, deve-se supor
um número pequeno de centros de recombinação, n,, comparados com o de impu-
rezas que contribuem para a condutividade.* Tal hipótese é confirmada frequen-
temente.
Chama-se de injeção fraca ou de baixo nível (low-level injection) ao estado em que as
concentrações dos portadores são maiores do que seriam no equilíbrio térmico, mas
a concentração dos portadores minoritários ainda é pequena comparada com a
dos majoritários. Para um material tipo P, por exemplo, vale
n4p=n- (3.52)
Fala-se de injeção forte ou de alto nível (high-level injection) quando a concentração
de elétrons e lacunas é grande comparada com a de portadores majoritários em
equilíbrio térmico, isto é, grande em relação à concentração de dopagem. Para ma-
terial tipo P, por exemplo
n>p=n e p>poTn- (3.53)
A relação de neutralidade do cristal, que exige o atendimento da condição de n, - +
+ n = p, só pode ser satisfeita, se n = p, pois n, - pode ser desprezado. A dopagem
não influi também nesse caso.
Para calcular R, é conveniente expressar as concentrações n e p a partir dos desvios
ne p de seus valores de equilíbrio no € Po:
n=no + An; (3.54)
p= po + Ap. (3.55)
*Uma análise mais exata do modelo de recombinação pode ser encontrada por exemplo na
Bibliografia em [6] e [7].
45
h
Os sentidos de referência para correntes e tensões são estabelecidos de forma a se
terem tensões e correntes positivas quando a polarização é direta. A corrente direta
tem índice F.
No sentido inverso, consegiientemente, o valor da tensão aplicada tem sinal nega-
tivo. A aplicação de tensão inversa (portanto negativa) é assinalada pelo índice R.
Da Fig. 4.1 podemos obter uma regra simples para o sentido de deslocamento dos portadores
majoritários: se o campo externo leva ambas as espécios de portadores para a junção PN,
a condutividade, nesse ponto, aumenta; resulta a condução. Se os portadores tendem a se
afastar da junção, aparece uma camada má condutora, havendo então o bloqueio.
4.1. Corrente de portadores e componentes da corrente elétrica
As correntes de partículas e as consegiientes participações de elétrons c lacunas
na circulação de corrente elétrica desempenham papel importante, e é por isso neces-
sário introduzir algumas considerações fundamentais a respeito.
Nos metais, ocorre uma circulação orientada de elétrons sob a ação do campo elé-
trico. Diz-se haver corrente de campo para uma espécie de portadores. Nos semicon-
dutores, há duas espécies de portadores, movendo-se ambas sob a ação do campo;
existem consequentemente na corrente de campo. Além disso, pode haver no semi-
condutor mais uma corrente de partículas determinada por fenômenos de difusão.
Aparece uma corrente de difusão quando partículas (como elétrons e lacunas) se
deslocam de um volume, no qual estão em alta concentração para outro de con-
centração mais baixa.
A ocorrência de corrente de difusão nos metais é quase impossível, dado o relacio-
namento de diferenças de concentração dos elétrons com o campo aplicado. Dentro
de períodos extraordinariamente curtos (da ordem de 10772 s), as diferenças de
concentração são equilibradas através de correntes de campo correspondentemente
altas.
No semicondutor, ao contrário, é possível haver diferença de concentração de ponto
a ponto, fornecendo uma segunda espécie de portadores, móveis c de polaridade
oposta, para manter a neutralidade clétrica local. Não existe o efeito equilibrador
do campo, passando a existir as correntes de difusão acima mencionadas. Fala-se
então de correntes de difusão dos portadores de carga.
4.1.1. Correntes de campo
Devido a suas cargas opostas, clétrons e lacunas circulam em sentidos opostos sob
ação do campo elétrico, de tal modo que as lacunas se deslocam a favor do campo
e os elétrons contrariamente ao mesmo.
As densidades de correntes de campo 5, são dadas por:
nE (411
(4.2)
50
Por definição, ao circularem elétrons num sentido, existe uma corrente elétrica no
N sentido oposto, ou seja, contrário ao sentido do fluxo de elétrons. No movimento
das lacunas, porém, a parcela de corrente resultante tem o mesmo sentido que o do
fluxo de lacunas. Esse fato pode ser expresso formalmente ao se calcularem as den-
sidades de corrente, que são multiplicadas pela carga (-e) no caso dos elétrons. c
pela carga (+e) para as lacunas, onde e é a carga do clétron
Obtém-se a densidade de corrente de campo de clétrons pela equação:
Ie= (Mn B)=e nn E (43)
e das lacunas por:
Jo =(+8) up E. (4.4)
Compare estas equações com as Eg. (2.3) e (2.4)
Ambas as parcelas de corrente são orientadas e têm a direção do campo. As contri-
buições de corrente de campo dos elétrons e lacunas são sempre somadas.
4.1.2. Correntes de difusão
A densidade de corrente de difusão de partículas S, é proporcional ao gradiente de
concentração (isto é, à declividade da concentração), assim expressa:
Sa =D, º, para os elétrons, (4.5)
dx
e
Su= Se, para as lacunas. (46)
Os sinais negativos em (4.5) e (4.6) informam que, existindo gradiente de concen-
tração positivo, a corrente de partículas resulta no sentido negativo (veja Fig, 4.2).
Os coeficientes de difusão D, e D, estão relacionados com as mobilidades pg, € /,y
respectivamente, através das relações:
kT
Di= mo =HU.
(4.7)
k1
D=m o =t'U (48)
Nestas equações chamou-se k- T/e de tensão térmica ou de temperatura, onde k
é a constante de Boltzmann da teoria cinética dos gases, Ta temperatura absoluta c
e à carga do elétron.
Perante a temperatura ambiente (T = 300K), obtém-se, para U,, com
Ws
- a Wi,
k= 138 1000 5
v,="T =259mv (49)
e
51
Re e a E
Figura 42 Sentido de corrente de
difusão
Para sentidos iguais de gradiente de concentração, as correntes de difusão de elé-
trons e lacunas têm também o mesmo sentido, segundo (4.5) c (4.6).
Daí resultam os componentes da corrente elétrica; seus valores são obtidos como
antes, multiplicando-sc as correntes de difusão pela carga (-e) para os elétrons,
e (+e) para as lacunas.
Usando (4.5) obtém-sc para a densidade de corrente de difusão de clétrons:
dn dn
J . ai Do A 4
as 2) Dt (4.10)
e com (4.6); a de lacunas
, dp dp N
ta (ro(D dE) = cen, e (4.11)
As parcelas de corrente clétrica devido a elétrons e lacunas são, portanto, opostas.
para gradientes de concentração no mesmo sentido. Resulta daí uma compensação
maior ou menor entre as duas parcelas.
4.2. Estrutura PN em equilíbrio térmico (sem corrente)
4.2.1. Junção simétrica abrupta
Supõe-se predominar dopagem do tipo P numa das metades de um cristal semi-
condutor, ou seja, que tenha sido dopada com um receptor (por exemplo, alumínio).
Seja a outra metade dopada com doadores (por exemplo, átomos de fósforo), tal
que se torne do tipo N. Sejam as concentrações de aceitadores e doadores iguais a
10!* átomos de impureza por cm? nas duas metades, sendo essas concentrações cons-
tantes até o ponto x = 0. Neste ponto, considera-se que ambas as concentrações
caiam instantaneamente para zero; diz-se então que a junção é abrupta.
Como cxistem aproximadamente 102? átomos de silício por em?, uma dopagem de
10'4 átomos de impureza por cm? significa uma contaminação de apenas 108.
ou seja, um milionésimo por cento. Pelos conceitos químicos normais, tem-se ainda
silício extremamente puro.
52
Perante a temperatura ambiente. os átomos de impureza já cederam seus elétrons
* ou lacunas (veja a p. 24). À concentração das lacunas P,, na região P(x < 0) e a
concentração de elétrons U,, na região N(x > 0) são iguais às respectivas concen-
es de impureza:
Ppo = ny- na região P (4.12)
=n,. na região N (4.13)
Na região P e na região N, porém, a outra espécie de portadores também está re-
presentada, a saber, há elétrons na região P e lacunas na região N (veja a p. 25).
Como existem concentrações de elétrons e lacunas tanto na região N como na P,
é necessário distingui-las umas das outras. Usa-se então o indice p para as concen-
trações na região P, e o índice n para a região N. O segundo índice, O, indica estado
de equilíbrio térmico.
Na região N, segundo (4.13) vale a seguinte lei sob esse equilibrio:
2 — ;
No" Pro = = Por Pro
que é consegiiência dos processos de geração e recombinação de pares [veja (
(2.13)]. A concentração de portadores minoritários p,o é calculada como:
n2
e md (4.15)
Pro nos
Correspondentemente, por (4.14), tem-se com (4.12) a lei válida na região P:
Pro = to = nao (4.16)
Para a concentração de portadores minoritários n,o. obtém-se então:
n (4.17)
Um exame mais exato mostra que as concentrações de portadores nas regiões Pe N são esta-
belecidas por duas equações. A primeira equação é obtida da condição da neutralidade. No
equilibrio térmico, vale por exemplo na região P: y ;
Concentração total das cargas positivas =
Pro EMA Mo (4.18)
A concentração total das cargas negativas, como segunda equação. é dada por:
Pro po = 5 (4.19)
A partir de (4.18) c (4.19), calculam-se as concentrações Pp, € t,o COMO:
E
[nã
Po = + das + (420)
e a
no = E. (421)
Pro
Equações correspondentes são válidas na região N. Atendidas as hipóteses de que n, > ne
tias > 1, chega-se a (4.12) (4.13), (4:15) é (4.17).
53
Os valores de concentração obtidos em (4.12), (4.13), (4.15) e (4.17) não são, porém,
válidos em toda região P ou N. Se os portadores majoritários seguissem exatamente
a curva de dopagem da Fig, 43, haveria grande diferença de concentração no ponto
x = 0. Os portadores se moveriam então, de acordo com (4.5) e (4.6), da região de
maior para a de menor concentração; por exemplo, os elétrons passariam da direita
para a esquerda. O gradiente de concentração nas vizinhanças de x = O se tornaria
mais plano na região em que a junção atendesse à hipotese de x, < x < x, segundo
as curvas n c p da Fig. 4.3. Mas o achatamento do gradiente de concentração não
continua ilimitadamente, pois os íons das impurezas, localizados na junção, só são
parcialmente compensados pela carga dos portadores, constituindo-se numa zona
de carga espacial; uma carga espacial positiva (doadores) no lado N, à direita, c uma
carga espacial negativa (receptores) no lado P, à esquerda (Fig. 43). As cargas es-
paciais das regiões P e N originam um campo elétrico, orientado da direita para a
esquerda. Tal campo impele as cargas em sentido oposto ao das respectivas difusões.
: Região P Limite PN Região N E
= ta - ”
imo Hood
O
= ++ +
L— — E +ra
Tosa +!
T T T
H— Região P neutra —a--a-— Zona de carga espacial — »[«— Região P neutra ——»|
l i I I
MPa I Es I I
1%! ! Ma Por | I
em é Í
1054 |
|
102 I
|
mo!
10 |
= 1
— t
. l
10º I
I
108 I
I
17 |
1084. em '
— +
Figura 43 Curvas de dopagem c distribuição das concentrações numa junção simétrica,
em equilibrio térmico
54
A zona de carga espacial da junção mostra grande semelhança com um capacitor carregado,
no qual se podem traçar linhas de força entre as cargas opostas (Fig. 4.4). A densidade dessas
linhas de força é uma medida de intensidade do campo elétrico. No capacitor, as cargas estão
concentradas logo abaixo da superficie dos eletrodos, isto é, estão distribuídos na superfície;
na junção, ao contrário, a região de carga espacial, ou seja, aquela onde existem cargas posi-
tivas ou negativas não-compensadas, pode estender-se numa ordem de grandeza de 10 ? mm
(veja p. 87)
Assim os portadores majoritários não seguem o perfil de concentração das impu-
rezas. Na vizinhança da junção a Concentração dos portadores majoritários cai
para o valor que deve assumir na outra região, como portadores minoritários, de
acordo com (4.15) c (4.17).
Circula pois, segundo (4.1) e (4.2), uma corrente de campos de elétrons c lacunas,
oposta às respectivas correntes de difusão dos dois tipos de portadores, provocadas
pelo gradiente de concentração, conforme (4.5) e (4.6).
Não havendo circulação de corrente, o que corresponde também ao equilibrio
térmico, estabelece-se um estado de equilíbrio na zona de carga espacial x, < x < x,.
de tal modo que se compense exatamente a corrente de difusão pela corrente de
campo dos portadores. A corrente de partículas, tanto no caso dos elétrons como
de lacunas, é nula no equilíbrio térmico.
Cabe estudar agora quantitativamente a compensação entre as correntes de difusão
e de campo para uma partícula dentro da zona de carga espacial da junção.
+ — +
- +
+ -
de = +
+ - t
, Capacitor T z
- +
+ - +
- +
+ - +
— +
E pequeno=— E grande=s—
— + = ++ e
-— + + Estrutura PN | Do — ++
— +
= — +
+ -|4* o 4 -Col+rto
- + “00 |+to
— + —T +
- + - 4
Região P Região N Região P Região N
Dopagem fraca Dopagem forte
Figura 44 Linha de força no capacitor e na junção
55
Ed e an a Sa a Sam asma
[a
MP Maopa
104;
103
qui
Figura 45 Concentrações
o exatas e aproximadas na jun-
ção simétrica
ni aff nn
Aproximação
de:
Schottky
de impurezas n, - é ny, € portanto constante nas regiões x, <x <0c0<x <x
respectivamente. Desprezaram-se novamente as cargas dos portadores móveis
(Aproximação de Schottky).
Como já foi feito para a junção simétrica, na Fig. 4.5, representam-se na Fig. 46
Os perfis de concentração de elétrons e lacunas, os quais, tomando a equação de
Poisson completa (4.39), segucm as curvas em traço-ponto.
Deve-se observar, porém, na Fig. 4.6, que não é mais permissível desprezar as cargas
móveis, principalmente nas proximidades do limite de concentração (x = 0), ou
seja. na região em que a concentração de lacunas p ultrapassa consideravelmente a
60
Figura 46 Perfis de concentração
exatos c aproximados numa junção
assimétrica
10!
concentração de dopagem np.. Nesta região não se pode de modo algum desprezar
a concentração de lacunas na densidade de carga espacial*
o = lho: + pe).
Apesar disso, a Aproximação de Schottky (concentração de carga espacial g = cons-
tante) descreve de modo aceitável o comportamento da junção, ainda neste caso;
as diferenças que ocorrem são em geral de segunda grandeza quanto aos compor-
tamentos direto e inverso da junção**. A diferença de potencial V, que apare:
*Mas as cargas dos elétrons móveis podem ser desprezadas.
+Q conhecimento do perfil de concentração exato é necessário, por exemplo, quando se deve
determinar a largura da zona de carga espacial para pequenas correntes diretas ou tensões
inversas. À Aproximação de Schottky não fornece concentrações com aproximação suficiente
nas proximidades do limite da junção, principalmente quando há grande assimetria.
61
na junção (tensão de difusão), a qual é necessária para a compensação entre correntes
de campo c de difusão, também no caso assimétrico, é determinada como na junção
simétrica por (3.34), a saber:
| Ao :n
D+
In AE,
|| pois na dedução dessa equação não sc usou como hipótese a simetria da junção.
à |] 4.2.3. Junção difundida
| Nas estruturas PN práticas, tem grande importância a junção difundida, na qual
||| apenas em parte se tem concentração constante. Na junção difundida, obtém-se
M pelo menos uma das regiões por difusão, Aprovcita-se para cste fim o futo de que,
a temperaturas suficientemente altas (1 000 a 1 300 *C), é possível difundir-se para
dentro da rede cristalina do silício, ainda em estado sólido, um número suficiente
ht de átomos de substâncias que funcionam como aceitadores ou doadores. Diz-se
então haver uma difusão no estado sólido. Com esse processo, a concentração da
dopagem diminui da superfície do silício para dentro. À Fig. 4.7 mostra os perfis de
dopagem numa estrutura PN difundida, obtida pela difusão de accitadores em
silício homogêneo do tipo N. Também constam as dopagens resultantes nas regiões
Pe N, ou seja, a diferença entre as concentrações de aceitadores e doadores. que
| | são determinantes das concentrações de portadores majoritários. Tal como nas
DP.
4 ms ——
E
"D+
Figura 47 Perfis das concentrações de
dopagem, elétrons e lacunas de uma junção
obtida por difusão, em equilíbrio térmico
funções abruptas, também nas junções obtidas por difusão em equilíbrio térmico,
não há coincidência entre as concentrações de portadores majoritários c a con-
centração final de dopagem nas vizinhanças da junção, criando igualmente uma
zona de carga espacial e com isso um campo elétrico, responsável pela compensação
entre as correntes de difusão e de campo dentro dessa zona. Como antes, podem-se
distinguir regiões neutras e uma zona de carga espacial, cuja largura torna-se difícil
de ser definida, principalmente perante a condução no sentido direto. Na região
neutra uniformemente dopada, aparece, neste caso, um campo elétrico, mesmo
sem circulação de corrente, À existência desse campo se torna compreensível usando
o seguinte modelo para o raciocínio:
Sejam inicialmente consideradas iguais às concentrações de impurezas e de por-
tadores majoritários, em equilíbrio térmico; haverá consequentemente um cstado
neutro. Pelo gradiente de concentração, no entanto, fluirão portadores para as
regiões com menor densidade, constituindo-se, dessa forma, em duas regiões sem
neutralidade. Numa das regiões, há íons de impurezas, não-compensados, formando-
-se uma carga espacial; na outra região predomina a concentração dos portadores
móveis sobre a de impurezas, motivando uma carga espacial de sinal contrário.
Cria-se uma camada dupla, que conduz à formação de um campo elétrico.
Sem circulação de corrente, a corrente de difusão, motivada pelo gradiente de con-
centração, será compensada por uma corrente de campo, exatamente igual em
módulo, mas orientada em sentido oposto. Em tal caso, pois, não se tem exatamente
uma região neutra. Como, porém, o campo elétrico dessa região é geralmente
algumas ordens de grandeza menor que o da zona de carga espacial, é admissível
estabelecer a distinção entre regiões neutras c de carga espacial. Se a concentração
não-homogênea da junção da difusão cresce rapidamente, pode-se em primeira
aproximação considerá-la como uma junção abrupta assimétrica.
Pa—
Figura 48 Ocorrência de um
campo de deriva com con-
centração não-homogênea
—» x
4.3. Estrutura PN com passagem de corrente; regime estacionário
O semicondutor sc afasta do equilíbrio térmico se houver predominância de recom-
binação ou geração de pares. Segundo o que foi visto na p. 36, ocorrem estados de
regime estacionário perante a circulação de corrente elétrica, entre outras pos-
sibilidades.
63
> ando à ”
Predominando a recombinação, circulam mais portadores para dentro de um vo-
E limitado do que para fora deste, como se vê na Fig. 3.2, por exemplo. A corrente
fíquida de partículas é representada simbolicamente na Fig. 49, à esquerda.
se ao contrário, predominar a geração de pares, fluem mais portadores para fora
o volume considerado do que para dentro deste, de acordo com a Fig. 3.2. Tal
caso é representado simbolicamente na Fig. 4.9, à direita.
Os dois casos determinam os comportamentos distintos da junção ao se aplicarem
tensões diretas c inversas, como se verá nas Se c432
— Ja—
| I
o— «— —o
[Vol intao Figura 49 Os dois sen-
tidos de corrente possíveis
da estrutura PN
na direção x ] ! na estrutura PN
Recombinação predomina Geração de pares
sobre a geração de pares predomina sobre a recombinação
(sentido direto) Isentido inverso)
4.3.1. Regime estacionário no sentido direto
Fenômenos que ocorrem na zona de carga espacial
Até agora, considerou-se a distribuição de concentrações na junção, sem passagem
de corrente (equilíbrio térmico), tomando-se conhecimento do fato de que aparece
uma zona de carga espacial na junção. sendo necessária uma tensão para se atingir
a densidade de corrente total J = 0,
A zona de carga espacial aparece pela diminuição do gradiente de concentração
dos portadores, Apesar disso, permanecem grandes gradientes de concentração
na região de carga espacial, em comparação com a região neutra: resultam daí
correntes de difusão muito maiores que as da região neutra. As grandes correntes
de difusão da zona de carga espacial são compensadas no equilíbrio térmico, através
de correntes de campo opostas e de mesmo valor. . i
Aplicando-se uma tensão à junção da Fig. 4.3, com o pólo positivo ligado à região P,
à esquerda, e com o pólo negativo à região N, à direita, origina-se uma corrente
(direta) da esquerda para a direita, Essa corrente é, algumas vezes, menor que as
correntes de campo e de difusão existentes na zona de carga espacial, que são opostas
entre si; a circulação da corrente direta influencia somente de modo imperceptível
os perfis entraçã a zona de carga espacial. Pode-se, portanto,
continuar a usar a relação ,
n= ef
, 14.49)
apresentada na p. 56 conhecida como Lei de Boltzmann (cfr. (4.29)).
64
Mantendo-se nulo o potencial da região N, diminui-se o potencial negativo cxis-
tente em equilibrio térmico no lado da região P, pela adição de uma tensão positiva
Us. Já foi visto, porém, na p. 56, que a curva de variação de potencial influencia
diretamente o perfil de concentração — veja (4.49) —;a redução da tensão assim
obtida tem de conduzir necessariamente a uma redução das razões de concentração
/n, é pol, Como as concentrações n, € p, São iguais às concentrações de impurezas
fora da zona de carga espacial, as concentrações de portadores minoritários nos
pontos x =x € x =x, precisam ser convenientemente clevadas.
Como se supõe a validade da Lei de Boltzmann também no caso de circula
de corrente — veja (4.49), a diferença de potencial que aparece na junção pode
ser calculada conforme a p. 56, à partir da concentração de elétrons n,o no ponto
x, e n,x) no ponto x =x, por exemplo. Obtém-se:
Ap = plc) ela).
x
Com q(x,) = 0 e q(x) =—V, + Up, resulta:
“In (4.50)
K-U-= -
TT En)
Comparando com (4.33), verifica-se que a concentração n de elétrons no ponto
x = x, se elevou de um fator e!r'Ur com relação ao valor de equilíbrio n,o
A mesma variação vale para a concentração de lacunas p no ponto x = x, Obtêm-se:
no) = no eve (451)
o
PAX) = Pao eUEtT. (4.52)
Ao se aplicar uma tensão positiva entre as regiões P e N, estabelece-se uma distri-
buição de concentração dentro da zona de carga espacial, como a representada na
g. 4.10. As concentrações de portadores dentro da zona de carga espacial são mais
elevadas do que seus valores de equilíbrio térmico e, como se verá mais adiante,
também nas regiões neutras adjacentes.
A concentração de elétrons é lacunas foi calculada na Fig. 4.10, fazendo-se uso de uma hipó-
tese simplificadora, de que a concentração de impurezas não-compensada se mantém cons-
tanto na zona de carga espacial (Aproximação de Schottky).
Aplicando-se uma tensão direta, diminui-se a diferença de potencial na junção, e
e consequentemente se reduz o campo na zona de carga espacial. O gradiente de
concentração na zona de carga espacial também se reduz pela elevação da concen-
tração de portadores: as correntes mutuamente opostas, de difusão e de campo,
também se reduzem. As correntes de campo, porém, enfraquecem-se mais que as
de difusão, com o que deixam de ter validade as Egs. (4.22) e (4.24), Resulta assim
uma corrente de lacunas da região P para a N, e uma corrente de clétrons de N
para P. Ambas as correntes têm o efeito de uma corrente elétrica circulando da
região P para a N, apesar de existir um campo (resultante) com sentido oposto na
junção (Fig. 4.11). Essa contradição aparente pode ser esclarecida polo fato de
correntes das partículas resultantes serem correntes de difusão; são pois indepen-
65
ml
se uma parte da corrente do lacunas, vinda da esquerda, desaparece na zona de carga espacial.
Para a densidade total de corrente J no ponto x = x, obtém-se, pois, com (4.58) c (4.61),
S=306) + 00) = Tl) + Taxi) + J, (4.67)
A Eq. (4.65) também vale para o caso mais fregiente da junção assimétrica, pois
para a dedução dessa relação não foi suposta simetria.
Função concentração nas regiões neutras
Para a determinação das correntes de difusão em (4.65), precisam-se conhecer as
funções concentração n,(x) na região P e p,(x) na região N, segundo (4.10) e (4.11).
Tá se indicou, à p. 67, que a concentração de elétrons existente no ponto x = x,
superior a seu valor de equilíbrio térmico, diminui no sentido de x negativo, veja
a Fig. 4.12.
Para os elétrons em regime estacionário, vale a equação de continuidade (3.9)
ds,
E =—R, (4.68)
cuja dedução foi feita nas pp.32 à 36. Com a corrente de difusão de elétrons, desen-
cadeada pelo gradiente de concentração,
dn,
= —E (4.69)
" dx (4.69)
veja (4.5), é com o excesso de recombinação para injeção fraca c dopagem P suficien-
temente alta, deduzido à p. 47, tem-se
8,
ND) No Mal)
R= = 2 com (4.70)
Ta Ta
n6) = 1,0) -n,9 (4:71)
(4.68) fica:
2n (x
Emo) ml), (479)
"de E
Como a concentração de equilíbrio térmico 1,9 em (4.71) não depende de x, vale também
Eno) En) + no] À em)
de TO ad .
Com
L=d (414)
a equação diferencial (4.72) fica:
En) 1
E E 15 bo (4.15)
70
A grandeza L, definida em (4.74) chama-se comprimento de difusão dos clétrons na
região P (portadores minoritários).
O significado intuitivo é o comprimento médio que os portadores percorrem por
difusão durante o tempo 7, (veja p. 46).
Uma solução geral para a equação diferencial (4.75) é:
m(x) = Aces + Berto (4.76)
Considera-se aqui uma região P infinita; tem-se então a condição de contorno
mo) = n,(00) — n,o = 0, (4.77)
isto é, as concentrações de equilíbrio dos portadores não são mais afetadas a dis-
tâncias suficientemente grandes da zona de carga espacial. Resulta então scr B = 0.
A constante de integração A é obtida de
m(x) = Ac esta, (4.78)
A = neto,
Com seu auxílio, e da expressão
ni) = 2,0) no» (4.79)
inicialmente ainda formal, obtém-se de (4.76):
mb) = a), = (x): eta, (4.80)
O valor de n,(x,) é determinado na p. 72, com auxílio de (4.51).
O comprimento de difusão dos clétrons aparece em (4.80) como constante expo-
nencial. O “excesso” de concentração de portadores minoritários [n,(%) -n,0] se
reduz de um fator “e” na extensão de um comprimento de difusão L,.
A variação de [n,(x)-n,0] segundo (4.80) é válida, pela hipótese (4.77) para uma
região neutra P infinita. Mas a solução também se aplica com exatidão suficiente,
desde que a extensão da região neutra P seja de pelo menos 3 comprimentos de
ni)
difusão, pois após 3 comprimentos de difusão m,(x) =» "Ha
Característica corrente-tensão
A densidade de corrente de difusão, proporcional ao gradiente de concentração
segundo (4.10), por exemplo, é calculada de (4.80) com
dr)] e, es
Jal) = (18) [», Em |- Lo mare La, (481)
No ponto x essa densidade de corrente de difusão tem segundo (4.81), o valor
e:D, e:D,
Jul) = Em) = CE Info) no). (482)
n
Expressando-se n,(x) em (4.82) através de (4.51), obtém-Sê a relação entro densidade
de corrente c tensão aplicada:
hoo! (elis 1), (4.83)
Obtém-se a relação análoga para a densidade de difusão de lacunas no ponto x = x,,
resolvendo a equação de continuidade das lacunas cm regime estacionário, (3.10).
Com as condições de contorno
PÁ+ SO) = Pa (4.84)
PAX) = Pro ee (4.52)
e com um comprimento de difusão para as lacunas, na região N de
n .
L,= Dt, (4.85)
obtém-se finalmente a densidade de corrente de difusão de lacunas
eD ut
Toalxo) = 2 pao (eUrtr). (4.86)
p
Com uma corrente de saturação para elétrons
da = Um 487)
8 Tio (487)
e para lacunas
Ts = CPootá (488)
SO Lo hp É
as Egs. (4.83) e (4.86) podem ser escritas, com (4.17) e (4.15):
Jal) = Jog (eo — 1), (4.89)
Sol) = Jog (elmtr 1), (4.90)
As Egs. (4.89) c (4.90) determinam em conjunto, segundo (4.65), à curva característica
corrente-tensão de uma junção sob injeção fraca no sentido direto (baixa densidade
de corrente no sentido direto):
J=(,9 + J,9) (Ur), (491)
Numa junção simétrica (np. = n4-) as duas densidades de corrente de saturação
J,s € J,s apresentam a mesma ordem de grandeza, sc os comprimentos de difusão
não diferirem muito da região P para a N. Portanto, ambas as parcelas de corrente
devem ser consideradas.
Sendo a junção muito assimétrica, o que acontece muito mais frequentemente nas
estruturas reais, pode-se, por exemplo, no caso de M,- > np» (região P dopada
72
fortemente e a N fracamente), desprezar a parcela de elétrons J,s(x,) em comparação
com a de lacunas J,ulx,), de acordo com (4.87) é (4.90).*
Obtém-se pois para a densidade de corrente total J:
T=Jalx) = Js(e UE =) (4.92)
o que significa que a corrente total é representada exclusivamente pela corrente
de lacunas no ponto x = x, ou seja, pela corrente de difusão dos portadores mino-
ritários na região de dopagem mais fraca.
ns Po
em
|
108 |-— to
il Ao
Figura 4.13 Perfil de concen-
tração dos portadores numa jun-
cão assimétrica sob circulação de qo
corrente direta (escalas loga-
rítmicas)
*Supôs-se que o comprimento de difusão L., na região P, não seja menor na mesma proporçã
que a das concentrações de dopagem, cf. (4.87) até (490). Em estruturas PN práticas, são
comuns diferenças de dopagens que chegam a fatores maiores que 103. Diferenças tão grandes
não ocorrem, geralmente, entre os comprimentos de difusão nas regiões P e N.
73
1
ã y
Região P ] Região N
1
| Zona de carga espacial
el jam
—+»s
— x
Figura 4. vação rá il
gura 4.14 Elevação dos portadores minoritários em junção assimétrica (escalas lincares)
Considerações análogas às desenvolvidas na p. 65 para
como resultado para a junção assimétrica, à qual se aplica uma tensão direta, um
clevação de ambas as concentrações de portadores minoritários nos pontos x = e
ca nr a fator gre "Fig. 4.13). Na representação logarítmica das concen-
ções, nesta figura, a elevação de ambas as concentrações representa desloca-
mentos iguais nas ordenadas, nos pontos x = Xex=x,. Os valores absolutos das
concentrações aumentadas (x) e p,(x,), assim como os gradientes de concentração
resultantes, são, porém, muito diferentes uns dos outros. Isso pode ser visto facil
mente pela representação cm escala lincar da concentração dos portadores (mimo.
titários, no caso da junção assimétrica polarizada no sentido direto (Fig. 4.14)
Conforme esta figura, os gradientes de concentração nos pontos x sto
são muito diferentes.* Segundo (4.10) é (4.11), '
diferentes entre si, mesmo que os compriment
cando-se imediatamente que vale
a junção simétrica, dão
mex=,
as correntes de difusão são muito
os de difusão sejam iguais, verifi-
a) > Salix)
(cf. rodapé da p. 73).
*Por limitações do tamanho,
as dopagens desta figura diferem apenas de um fator 10
74
Figura 4.15 Estrutura PN com
anel de guarda
A relação exponencial entre densidade de corrente e tensão direta, segundo (4.91) c
(4.92) é observada de modo relativamente raro no silício, ao contrário do germânio.
A densidade intrínseca relativamente baixa do silício ocasiona, segundo (4.87) e
(4.88), pequenas correntes inversas de saturação, e com isso baixas correntes diretas.*
Correntes superficiais parasíticas podem encobrir a verdadeira relação exponencial.
Pode-se, porém, obter a característica tensão-corrente exponencial como éesperado,
inclusive com a constante U/U, prevista, em retificadores PN com cletrodos dis-
postos em forma de blindagem envolvente ou de guarda (Fig. 4.15). A Fig. 4.16
mostra uma curva com essa forma.
Se a parcela J, de corrente, responsável pela cobertura do excesso de recombinação segundo
a p. 69, se torna comparável às correntes na região neutra, não se obtém em geral a relação
exponencial entre corrente e tensão, com a constante U/U,. A proporcionalidade
3, meti
na verdade, não vale, como pode ser demonstrado. Aplica-se uma relação em que a corrente
depende muito menos da tensão. As diversas interdependências corrente versus tensão podem
ter como consegiiência, por exemplo, que a parcela J, tenha de ser levada em conta para tensões
diretas pequenas, podendo, porém, ser desprezada para tensões maiores, uma vez que as par-
celas de corrente das regiões neutras crescem bem mais rapidamente, de acordo com (4.89)
e (490).
Divisão da densidade de corrente total J em correntes de lacunas e de elétrons ao
longo da estrutura PN
Demonstrou-se na p. 67 que, aplicando tensão à junção, os portadores minoritários
e majoritários sc afastam igualmente do valor de equilíbrio, pela condição de neu-
tralidade, Para a região P da esquerda (Fig. 4.12) vale então, por exemplo,
n0)-,o = PAX) - Pro: (4.93)
*Valores comparativos para o germânio e o silício:
nÁGe) “10! cmo
nÁSi) = 14-10" cm”
h pass = 00%
75
Não ocorrendo excesso de recombinação na zona de carga espacial — sem substi-
tuição de corrente na zona de carga espacial — obtém-se, por adição de (4.112) é
(4.113), a Eg. (4.65). As correntes de difusão de portadores minoritários que existem
nos limites da zona de carga espacial (x = x, e x = x,) determinam, por (4.112) e
(4.113), a soma total dos processos “líquidos” de recombinação na região Pc na N.*
Aplicando-se polarização no sentido direto (veja a Fig. 4.14), os valores de concen-
tração de elétrons e lacunas ao longo da estrutura PN se elevam com relação aos
valores de equilíbrio (veja p. 67). Desse modo aumenta a razão de recombinação,
segundo a p. 22, e consegiientemente o excesso de recombinação, pois a razão de
geração de pares não depende da concentração, mas apenas da temperatura.
Segundo as considerações desta seção, a corrente elétrica através da estrutura PN
é determinada pelo excesso de recombinação R; R é, por sua vez, relacionado com
a tensão aplicada à junção, através da elevação dos portadores da p. 65. Com a
tensão crescente, aumentam rapidamente as concentrações e com isso também a
corrente; o sentido direto é o sentido de condução da junção.
4.3.2. Polarização inversa
Aplicando-se uma tensão à estrutura PN, de tal forma que a região N fique positiva
com relação à região P, tem-se o sentido inverso ou de bloqueio da junção, segundo
a p. 49.(cf. Fig. 4.1b). A tensão aplicada externamente se soma à tensão de difusão
Ve aumentando o campo na zona de carga espacial (Fig, 4.20).
Essa intensidade de campo existente nas vizinhanças do limite entre as diferentes
dopagens, mais elevada que a de equilíbrio, bem como a tensão mais alta (U, + Vj,
só podem cxistir devido à maior carga espacial. Isso significa o alargamento da
zona de carga espacial, Pela elevação da diferença de potencial na junção, as con-
centrações das cargas móveis diminuem em grande extensão da estrutura, quando
Somparadas com o valor de equilíbrio (veja a p. 69). Mas com isso se tem um excesso
de recombinação negativa de acordo com a p. 44 (3.49). Relacionada ao excesso de
recombinação negativa aparece na Fig. 4.9, à direita, uma corrente de sentido oposto
ao da corrente direta ou de condução.
Assim, a compensação exata entre corrente de difusão e de campo para cada espécie de par-
tícula não é mais satisfvita, como ocorre no caso da corrente direta (veja a p. 65); a corrente
de campo prepondera então nesse caso, e resulta uma corrente de sentido oposto ao da cor-
rente direta.
Enquanto na polarização direta, é possível o aumento da concentração e, conse-
giientemente, o aumento de corrente através da elevação da tensão direta de modo,
quase que arbitrário, perante a polarização inversa a redução das concentrações
só pode atingir o valor zero.
Segundo (2.6) e (3.4), obtém-se:
R>g para w>0,
*Liquido porque R designa o excesso de recombinação
82
J=0 Jp
Zona de carga espacial Zona de carga espacial
=F
+
Pal
Pegião N jioP TO | 4) Region
+
1
1
Figura 4.20 Intensidade do campo na junção, no equilíbrio térmico (esquerda) e com tensão
inversa (direita)
isto é, o excesso de recombinação tende à um valor limite, determinado pela razão
de geração de pares “g”. Esta limitação conduz — como se mostrará na p. 92 — a
uma característica corrente-tensão como caráter de saturação.
Variação do campo, diferença de potencial e extensão da zona de carga
espacial na junção abrupta
A intensidade de campo, assim como a curva de variação de potencial, foram cal-
culadas entre as pp. 57 e 58, com auxílio da equação de Poisson (4.36) e (4.37).
Para uma estrutura de acordo com a Fig. 4.21a, obteve-se, usando a Aproximação
de Schottky, (que supõe concentrações de dopagem e densidades de carga espacial
constantes de ponto a ponto), para a região à esquerda da junção, com carga espacial
negativa, a seguinte equação de campo:
— (x—x) (4.115)
e'eg
e para a região de carga espacial positiva, à direita da junção:
Ex) =P" (x, x), (4.116)
No ponto x = 0, E, e E, devem ter o mesmo valor. Em x = 0, igualando-se (4.115) e
(4.116) à largura da zona de carga espacial d, na região P será:
a,=0-5, (4.117)
e com a largura d, na região N
(4.118)
m+ 4
Ca a
rga Carga Carga Carga Carga Carga
espacial espacial espacial espacial espacial espacial
negativa positiva negativa — positiva negativa — positiva
Figura 421 Curvas de concentração, distribuição de campo e de potencial com: 4) dopagem
simétrica e fraca; b) dopagem simétrica e forte; e c) dopagem assimétrica. Em todas as estru-
turas, tomou-se o mesmo valor de E,
chega-se à relação
ta
(4.119)
no
De (4.115) e (4.116) pode-se ver que a intensidade de campo atinge o valor máximo
Fox = E(0) no ponto x = 0, ou seja, no limite entre as regiões P e N, podendo esse
valor ser calculado de (4.116), por exemplo. Para uma extensão d, da zona de carga
espacial na região N (4.118), obtém-se
e-nos
EMO) =- "do (4.120)
De (4.120), d, é calculada como sendo:
N o
a, =| E()| o. (4.121)
ep.
Aplicando a relação válida entre campo E c potencial q, [Eq. (4.46)], tem-s
Pl) =| Elo) dx, (4.122)
a partir da qual calcula-se a diferença de potencial atuante sobre a junção PN, ou
seja, a tensão que aparece sobre a zona de carga espacial, pela integração repetida
de (4.115) e (4.116) entre os limites x =x, e x =x,
Segundo (4.122), a tensão sobre a zona de carga espacial é igual à área entre a curva
e o eixo dos x, Pela Fig. 4.21a, calcula-se o valor absoluto dessa tensão para
uma junção simétrica (n,- = np.), considerando d, = d,
E(o)|-ld,
puj= 21801 lay (4.123)
Introduzindo-se (4.121) em (4.123), obtém-se, para a tensão,
= (4.124)
enps
|U] = [E0P-
De acordo com a p. 82, a tensão aplicada externamente, junto com a tensão de difusão
U constituem a tensão V, que aparece na zona de carga espacial. Vale pois a relação
jup=[uil+|ul. (4.125)
De (4.124) pode-se ver que a tensão que atua sobre a junção, dada a máxima inten-
sidade de campo E[0), torna-se menor com dopagens crescentes (cf. Figs. 421a e b).
Usando (4.120), pode-se escrever também a Eq. (4.124) como segue:
enps
tu|= -d2, (4.126)
Daí se calcula a largura d, da zona de carga espacial na região N:
d= ! col UI, (4.127)
ecnpo
Analogamente, para a largura d, na região P:
Para a largura total dg da zona de carga espacial:
de=d+d, (4.129)
|
|
obtém-se com junção simétrica, com (4127) e d,
d=2,=2 ["lUl (4.130)
e no
Se a estrutura PN apresenta dopagem assimétrica, como se mostra na Fig. 421e,
então a exigência, de que devam existir cargas em número igual de ambos os lados
de uma junção PN, leva a uma distribuição de campo assimétrica. À carga espacial
positiva dos doadores não-compensados, na região P, corresponde uma carga nega-
tiva de aceitadores (igual em módulo) do outro lado. O número de aceitadores neces-
sário pode ser obtido numa extensão comparativamente pequena da região P,
fortemente dopada, pois há muitos aceitadores por unidade de comprimento.
Reconhece-se assim que, já com uma diferença de dopagens da ordem de grandeza
de um fator 10, a parte predominante da tensão é determinada pela extensão da
zona de carga espacial para dentro da região de dopagem mais fraca.
Como se pode ver, pela comparação das Figs. 4.21a é 4.21c, é possível, com a mesma
intensidade máxima de campo na junção e a mesma dopagem na região N à direita,
ter-se menos tensão estabelecida (built-in) sobre à estrutura PN as imétrica (com
dopagem P mais forte).
Nas estruturas PN usadas na prática, as dopagens diferem fregilentemente do fa-
tores maiores que 100, Deve-se então considerar que toda a tensão esteja aplicada
sobre a região mais fracamente dopada. Vale a equação:
juj- BOA, eco
2
Leo] —
Zen
(4.131)
a qual, com largura de zona de carga espacial d, = constante, fornece uma tensão
duas vezes menor que a dada por (4.124).
Para (4.131), pode-se aplicar, analogamente a (4.126), a equação
(4.132)
(4.133)
Com uma estrutura PN de dopagem muito assimétrica, por exemplo, com dopagem
do tipo N menor, a largura da zona de carga espacial que se estende pela região N,
day é praticamente idêntica à largura total de. Vale pois também:
(4.134)
Com auxílio da relação de condutividade (2.16), pode-se modificar (4.131). Numa
estrutura com dopagem N mais fraca e com resistividade 0, e região P de dopagem
forte, obtém-se
[ul = [Eop- (4.135)
e com (4.120) e (2.16),
ul=eçdo Lg (4.136)
Zero My O
Aplicando-se a mesma tensão aos perfis de dopagem que aparecem na parte inferior
da Fig. 4.21, as áreas compreendidas entre as curvas de intensidade de campo devem
ser iguais nos três casos. Essa condição implica serem maiores os campos em estru-
turas fortemente dopadas e nas assimétricas (Fig. 4.22).
O cálculo da largura da zona de carga espacial, desenvolvido entre as pp. 83 e 87,
não se limita porém ao caso de polarização direta: no equilíbrio térmico, tem-se
lul=[4]
e na polarização direta
lu
Val-]
Como as diferenças de potencial que podem aparecer nas junções práticas são de
apenas alguns décimos de volt, as larguras da zona de carga espacial, segundo (4.127)
e (4.128), são relativamente pequenas (ordem de grandeza: < 1 um). Nestes casos,
deve-se verificar se ainda é válida a Aproximação de Schottky (veja a segunda nota
de rodapé da p. 61). Ao contrário, sob tensões inversas, podem ocorrer valores
grandes de tensão, e conseqiientemente, aplicando (4.127) e (4.128), grandes larguras
da zona de carga espacial.
Para
lul>|n|=0sv (4.137)
pode-se desprezar a tensão de difusão V,, fazendo
[ugl=[U]. (4.138)
Para tensões inversas de, por exemplo,
[Us |=1000V
obtém-se largura da zona de carga espacial da ordem de 100 um.
Cálculo da corrente inversa
A equação relacionando corrente e tensão para injeção fraca no sentido direto
(4.91) vale também para a junção polarizada inversamente, substituindo-se U, por
Ux Como foram escolhidos valores positivos para a tensão direta Up. 50, devem
ser usados, agora, valores negativos para tensão inversa Up. À introdução de tensões
negativas será denotada pelo índice “R”,
87
| da integral de (4.140), levando-se em conta que 1,9 “P,o = ,o*4- = n2 resulta em:
Ro [1 + (ebntir 1) rele mblT n7 ao
nf o Ly (elnitr 1)
Ta RA
|
(4.147)
-L
Após multiplicar pela carga elementar e e com auxílio de (4.74) resulta para a par-
cela de corrente inversa da região neutra P, ou seja, entre os limites x = aoex = x:
1 +“
| J e Dn uu
| dy = = O (gURtr 1), (4.148)
L,
Como e“s?r < 1, obtém-se uma parcela de corrente negativa, isto é, a corrente
circula neste caso da direita para a esquerda da Fig. 4.25, ou seja, da região N para
a P, Para tensões inversas, Ug <—4U, tem o fator (eU=Ur — 1) de (4.148) pratica-
mente de valor
mn. Ugo
|
| O resultado (4.148) também seria obtido a partir da suposição de ter a concentração de clé-
| trons 1, na região neutra P, reduzido à zero num comprimento L, tendo porém o valor de
| ; equilíbrio no no resto da região P. Com (3.48) da p. 44 e as simplificações da p. 91, obtém-se
|
para a região de concentração bastante reduzida. a equação
*=eR- a á ti
Jum er e (ti Ju, (4.149)
n
1)
isto é, o mesmo resultado de (4.148) para U, = -4U,
Para a concentração de lacunas p,(x) na região neutra N, obtém-se, analogamente
a (4.144), a relação
Pal) — Pao = Pro (eURvo 1) esmo, (4.150)
| & finalmente para a parcela de corrente de lacunas da região
to eD, n2
Jy=e Ríx)dx => Ci (etmior 1) 5
hs [ (x) Lo no (e 1). (4.151)
| JP) ” JN)
a qi 48
Figura 4.25 Sentidos dos componentes de
+ corrente na polarização inversa
— Região P Região N E
92
Essa corrente também circula para a esquerda e se soma à parcela de correntes
de elétrons que surge na região P.
Calculando-se as parcelas de corrente inversa das regiões P e N, com auxílio de
(4.144), (4.10), (4.150) e (4.11), pelas correntes de difusão (x) é J,alx,), nos limites
da zona de carga espacial, obtêm-se as mesmas expressões como em (4.148) e (4.151).
Tal resultado não é surpreendente, pois na p. 81 se deduziu a equivalência das duas
maneiras de considerar o problema.
Para o cálculo da parcela de corrente inversa da zona de carga espacial, usa-se
novamente (3.48), p. 44. Na zona de carga espacial, originada por serem as concen-
trações de portadores majoritários menores que no equilíbrio térmico (veja a Fig.
4.23), em ambas as espécies de portadores cai a concentração muito abaixo das de
condução intrínseca 1, Vale pois também n:p < n7.
A equação para o excesso de recombinação, no caso praticamente independente
da posição, fica então:
pon-nê 2
Tn + Kd) + up + Ko)
= E (4.152)
Ke+ tm t )
p
A parcela resultante de corrente na zona de carga espacial J' é obtida pela multi-
plicação do excesso de recombinação (negativo como antes) pela carga elementar e
e pela largura da zona de carga espacial, dy.
ent
—-— SA daU 4.153
Ke ky UA) tas)
=eRdy(
A densidade de corrente total fica então, por (4.139), com (4.148), (4.151), (4.153) é
das correntes de saturação J,, e Jg» (veja a p. 72):
mê
- » 1) (el 1) 4
“ao
-— + | dalU,
ira ta
- (eU emo o! as
(as + dos) (e D+ [ Rr Ke d(UR) (4.154)
ticas
Enquanto as parcelas de corrente possuem, em ambas regiões neutras, caracterí
de saturação para tensões de bloqueio relativamente pequenas, estas mesmas par-
celas de corrente apresentam, na região de carga espacial, uma dependência com
a tensão aplicada devido à variação da largura dessa zona com a tensão, dy (4.127)
até (4.130). Tal dependência só se torna perceptível, naturalmente, quando a parcela
da zona de carga espacial se torna comparável ou superior às das regiões neutras.
Em (4.154), ambas as parcelas são negativas, pois, na primeira, eU! < 1, Todas
as componentes de corrente têm sentido negativo, isto é, flui uma corrente “inversa”,
com sentido oposto ao da “direita” segundo (4.91). O sentido da corrente conven-
93
cional é pois determinado pela polaridade da tensão aplicada, tanto no caso de
sentido direto (veja a Fig. 4.11 € a p. 72), como no de inverso (Figs. 4.25 e 4.20).
A primeira parcela de (4.154) representa a componente das regiões neutras cor-
respondente a (4.91): os processos da região neutra podem pois ser descritos pela
equação: À
S= (Ds + It) (4.155)
válida tanto para sentido direto como para o inverso. Desprezando-se os processos
de recombinação na zona de carga cspacial, obtém-se a curva característica cor-
rente-tensão pela aplicação a valores positivos de tensão (sentido direto)
tivos (sentido inverso).
) ou nega-
Percebe-se em (4.153) que a componente da corrente inversa à zona de carga espacial
varia aproximadamente com n,. As componentes das regiões neutras, por sua vez,
mostram proporcionalidades a n,?. Subindo a temperatura, ou seja, aumentando sé
m; (Fig. 2.2) as componentes das regiões neutras crescem mais rápido que a da zona
de carga espacial. A curva de variação de corrente, se determinada à temperatura
ambiente da zona de carga espacial, que depende portanto da tensão aplicada
Fi a p. 93, adquire caráter de saturação a temperaturas mais altas (cf. Fig.
IR
x
e
A
n5f— -
qo Figura 4.26 Curva caracte-
rística inversa de um retifi-
cador PN, às temperaturas de
50ºC e 150º€
17j—
a ho A]
03: MM
10%
102 107 1 o vd
—»
94
Sendo as correntes inversas ou de bloqueio menores que as diretas ou de condução, as correntes
“de superficie” se tornam ainda mais perceptíveis do que no caso da característica direta (p. 75),
de modo que em muitos casos a medição das correntes calculadas por (4.154) só se torna pos-
sível com eletrodos de guarda como na Fig. 4.15
Tensão inversa ou de bloqueio máxima
Deduziu-se na seção prévia uma relação entre correntes e tensões inversas para a
estrutura PN. Supôs-se ser válida a relação para grandes intensidades de campo.
Porém, dois fenômenos físicos, o efeito Zener e o de avalanche, podem limitar a
validade de (4.154). No efeito Zener, exercem-se forças eletrostáticas sobre as li-
gações eletrônicas, arrancando elétrons das ligações covalentes. Elétrons e lacunas,
liberados desse modo, são absorvidos para os dois lados pelo mesmo campo. Campos
com tais intensidades ocorrem com tensão inversa sobre a junção. O movimento
dos portadores correspondem a uma corrente; surge mais uma componente além
da já calculada a partir do excesso negativo de recombinação.
Pode-se definir uma intensidade de campo crítica, E, acima da qual ocorre grande multi-
plicação de portadores c consegilentemente grande elevação da corrente inversa. Com tensões
inversas crescentes, e com isso campos cada vez maiores, a dissipação térmica aumenta abrupta-
mente, existindo o perigo de se danificar a junção por sobrecarga térmica
Fala-se da avalanche (breakdown) quando os portadores liberados, devido ao campo
clétrico, se aceleram tanto que, graças à energia cinética adquirida (em contrapo-
sição à energia devida ao campo no efeito Zener), podem arrancar outros elétrons
das ligações duplas da rede cristalina. Os novos elétrons livres são igualmente ace-
lerados pelo campo, podendo liberar outros elétrons da rede. Estabelece-se uma
multiplicação dos portadores na zona de carga espacial, como numa avalanche,
provocando também a subida rápida da corrente inversa. Como antes, pode-se
definir um campo crítico, sob o qual ocorre o aumento repentino de corrente.
Fala-se, porém, mais frequentemente, de uma tensão critica, a tensão de ruptura,
ou breakdown, Up.
A clevação da corrente pode ser descrita formalmente pelo fator de multiplicação M:
S=MJa:
(4.156)
O valor Jy denota nesta equação a densidade de corrente inversa que apareceria
com base somente em (4.154).
O fator M tem o valor aproximado [, para tensões pequenas comparadas com a de
ruptura U, Sobe rapidamente quando U, se aproxima de Ur, e tenda a co para
Up=Up
> 00. (4.157)
Mie um)
Uma grandeza característica da estrutura PN é pois a tensão inversa Up na,» Na qual
ocorre o aumento rápido da corrente inversa, desobedecendo ao comportamento
de interruptor aberto (p. 50).
95
A máxima tensão inversa Uy x pode ser calculada introduzindo o campo crítico
Es em (4.124) e (4.131) ou (4.135) no lugar de E(O).
Nas equações indicadas, pode-se ver que para dado E,.,, à máxima tensão inversa
se torna menor quando se aumenta a dopagem (cf. Fig. 4.21a e b).
4.3.3. Capacitância de carga espacial
A zona de carga espacial foi descrita como uma região dentro do semicondutor,
onde a concentração de portadores é geralmente pequena, existindo uma densidade
de carga espacial q devida a íons de impurezas, não compensados eletricamente.
A carga total Q, de sinal positivo, que existe numa região N de seção A e largura de
zona de carga espacial dp, é calculada como sendo
A
Len cdê. (4.158)
=A em
0=4e-ny E
Para junções PN muito assimétricas, como ocorre fregilentemente — por exemplo,
com região N de dopagem fraca — vale segundo (4.134) para [Uk|>| Vil:
(4.159)
obtendo-se para a carga Q:
A
O=2:m7-|
(4.160)
Esta equação assemelha-se à
de uma capacitância
ula da capacitância, introduzindo-se o conceito
(4.161)
Reduzindo-se (4.160) a:
0=C Ur (4.162)
Tal relação não é apenas formal, pois há realmente deslocamento de cargas pela
aplicação de tensão. O conceito de “capacitância” faz sentido, portanto. Através
da variação da largura da zona de carga espacial dy com a tensão, a grandeza C, é
também função da tensão. Segundo (4.161) e (4.134), a relação entre a capacitância
Cr e a tensão aplicada à junção é não-lincar. Utilizando-se relações não-lineares,
tem mais sentido e é mais adequado, geralmente, introduzirem-se grandezas dife-
renciais,
A capacitância diferencial Cy se define a partir de (4.160) pela relação entre as
variações de carga dQ e de tensão dU:
(4.163)
analogamente a (4.162): Cy
96
Figura 427 Curva característica da
capacitância estática e diferencial
+y
Segundo a Fig. 4.27, representa-se a capacitância C, por uma secante que passa
pelo ponto zero. A capacitância diferencial C.p, ão contrário, é determinada pela
inclinação da tangente à curva.
Com (4.158) e (4.134), obtém-se, a seguir, uma relação entre tensão e carga na qual
se elimina du(UW):
La.
2
ÚU
(4.164)
o
1
Derivando-se (4.164) em relação à Q, obtém-se de (4.163) 0 valor —:
ar
Adu td 22º. (4.165)
Ca do 2 cão Aemi
Introduzindo-se (4.158) e, (4.165), obtém-se finalmente
AG
==. 4.166)
Col)="0"qm = 5 (4.166)
Aplicando-se tensão alternada a uma junção já com tensão continua inversa, de
modo que a amplitude da primeira seja pequena comparada com a da segunda, as
variações de carga, pequenas, aparecem somente nos limites da zona de carga es-
pacial (Fig. 4.28). A estrutura PN comporta-sc, assim, como um capacitor de placas
planas, sendo a distância entre as placas igual a dy (largura da zona de carga espacial).
Como essa largura dy tem, no caso de uma junção abrupta, segundo (4.134), a va-
riação da forma
dam JT, (4.167)
tem-se para a capacitância diferencial Cop segundo (4.166),
(4.168)
De acordo com (4.166), a largura da zona de carga espacial dy pode ser determinada
experimentalmente para cada valor de tensão U, pela medição de C(U), Supôs-se
até agora | U | > | V;|. Se essa condição não mais for válida, obter-se
inversa
L .
[ul Ta
(4.169)
Car
97
5.1.1. Máxima tensão inversa
Na delimitação da máxima tensão inversa do retificador de três camadas vem-se
distinguir dois casos limites.
Primeiro caso limite
As extensões da região média e as dopagens não são muito altas. Cabem aqui os
seguintes esclarecimentos: como já sc afirmou na p. 99, a zona de carga espacial
se estende quase que exclusivamente pela região central. A máxima tensão inversa
será atingida, como na estrutura PN, ao se ter 0 campo crítico E,,, no limite entre
as regiões P* e N. A Fig. 5.4 mostra a influência da espessura da região central neste
processo, comparando-se estruturas P*NN*, com as mesmas dopagens, das quais,
porém, a de b) apresenta região central mais espessa.
Por causa da pequena espessura da região central, no caso da Fig. 5.44, parte da
curva de potencial é cortada, resultando tensão inversa máxima menor que a que é
possível com “espessura suficiente” da estrutura, Fig. 5.4b. Com concentrações
menores na região central, a inclinação da curva de variação de campo é menor;
dessa forma, a área sob a curva E(x) aumenta, ou seja, a diferença de potencial e a
máxima tensão inversa crescem (Fig. 5.5).
Com a região central muito fracamente dopada, isto é, com resistividade muito
alta, as cargas cspaciais aparecem quase que exclusivamente nas regiões laterais.
As linhas de força, que sc estendem entre duas cargas de polaridades opostas, co-
meçam e terminam quase todas nas regiões laterais. A densidade de linhas de força,
dentro da região central, é quase constante, o que significa que a intensidade de
campo é constante, como entre as placas de um capacitor (linha grossa da Fig. 5.5).
Para a intensidade de campo crítica E, obtém-se, para a Lensão inversa máxima
U
Rmax
Viena = E,
(51)
Rmar rir
sendo determinada principalmente pela largura da região central w, a concentração
de dopagem não tem influência alguma.
As parcelas de tensão das duas regiões laterais podem ser desprezadas, como já se indicou na
p. 101, porque, nas estruturas reais, as diferenças de dopagem são muito maiores que as colo-
cadas nas Figs. 5.3 e 5.4 para maior clareza. Essas parcelas são então da ordem de 20 a 30mV,
para tensões inversas de 1000 V e mais
Segundo caso limite
Sendo a dopagem da região central mais alta, em outras palavras, com resistividades
baixas, a extensão da zona de carga espacial — veja (4.121) — pode ser menor do
que a espessura da região central, ao se atingir o campo crítico (Fig. 5.4b). A espessura
Figura 54 Influência da espessura da região central na máxima tensão
inversa das estruturas P'NN”. a) espessura pequena; b) espessura sufi-
cientemente grande
102
7 A
|
1
t i
Máxima I
tensão i
inversa |
| Vmax i
1
Máxima
tensão
inversa
| Vimax
+
| | |
I | !
I | !
| |
| [|
a) I 1 Ltb)
I | I
I | I
| DO
| |
|
E Lo Ed |
E 0
a f
| |
| |
I 1
Font H
[1 H
bi I |
Ago! | 1
he
CERA,
3
bomnmernenor
7
gemer
2 Mp o
[Esses É Rafa aaa
Carga Carga Carga Carga
espacial espacial espacial espacial
negativa positiva negativa positiva
103
central dopada: traço grosso: dopagem
da região central desprezivel
9
0
A
Umas
Urmar
Figura 5.5 Influência da dopagem da
região central na tensão inversa máxima
. da estrutura P! NN*; traço fino: região
Ecrit+
da região central não tem influência neste caso, porque o perfil de campo, e conse-
quentemente a máxima tensão inversa, são determinados segundo (4.124) pela den-
sidade de carga espacial, ou seja, pela dopagem da região central
A Fig. 5.6 mostra a tensão inversa máxima de estruturas P*NN* em função da
espessura e da resistividade da região central. A região central N tem dopagem no
minimo cem vezes menor do que ambas as laterais.
104
Tensão inversa máxima Up max
Uge90-pçt
w-
v 500 um
ot E
200 um
100 um
50 um
105
20 um
10
10!
1 10! 10 1º Sem ot
——+ Er
Figura 5.6 Tensão inversa máxima da estrutura P7NN*
Enquanto a zona de carga espacial não se estende por toda a região central, isto é,
para pequenas resistividades 2, da região central, a máxima tensão inversa aumenta
com 4,, independentemente da espessura. Assim que se atinge a espessura de
região central, porém, a tensão inversa máxima cresce muito lentamente com €, ,
atingindo um valor constante, determinado exclusivamente pela espessura, segundo
a Eq. (5.1). Nesta faixa, a tensão inversa máxima é independente de €,
Obtém-se um quadro semelhante ao da Fig. 5.6 se se considerar uma estrutura
P*PN”, ou seja, com a região central do tipo P fracamente polarizada.
5.1.2. Cálculo da corrente inversa
A corrente inversa pode ser calculada como na estrutura PN simples, Como se
fez na p. 89, pode ser tirada da soma das parcelas devidas a cada região, como
na Fig. 5.7.
105
x x
Região N
Figura 5.7 Divisão da estrutura
I t
anão P | | Região centcal N
I
1X % P-NN' em regiões parciais
— e vigia E
Zona Zona
de carga de carga
espacial espacial
Divide-se a estrutura em uma região P* neutr: x ma zona de carga
ma região P t o <
e ui ( <xyu O! carg
espacial limite PÍN (x, <x< x) UMa região central neutra (X, <X<X)
uma zona de carga espacial no limite NNº (x,, < X < x,) e uma regiã tra
Xe < Xe) eu N
gu ! ) o Nº neu
J=e [ Rix)dx + N) R(g)dx + dl Ríx)dx + «[ “Rede +
+er [ Rix)dx. (52)
As diferenças pronunciadas das dopagens em uma estrutura PNN'* (por exemplo.
ig, 5.1) permitem desprezar a parcela de corrente nas regiões fortemente dopadas
Para concentrações assimétricas a região de carga espacial da estrutura PANN*
somente na região fracamente dopada, isto é, só aparece uma zona de carga.
acial perceptível na região central. Como 4 extensão da zona de carga espacial é
muito pequena no limite NN*, pode-se desprezar também essa parcela. Oblém-
então, como aproximação para a corrente inversa: É e
J= e] Rldx + « Rix)dx. (5.3)
Usando (4.151) e (4.153), pp. 92 e 93, mais (4.88), resulta:
J = Jg (etc o 1)+ - — Caio].
s Te Kyo Ko RR 64)
A Sorvente inversa da estrutura P*NN* é calculada então da mesma forma como
na junção PN assimétrica, com a região P* ea N de d. 4
à opagem fraca (cf. 4.15
se pode desprezar J,. ne Sa oh 4.158) onde
5.2. Polarização direta
5.2.1. Injeção fraca
Sob injeção fraca ou de baixo nível, o retificador P*NN'* comporta-se como uma
estrutura PN, correspondente à junção P“N.
106
Valem então as considerações introduzidas para a estrutura PN polarizada dire-
tamente. Em muitos casos, pode-se desprezar a parcela de corrente de difusão da
região P* (cf. a primeira nota de rodapé da p. 73), ou pode ser calculada pela p. 71
e seguintes.
Para calcular a parcela de corrente da região central, precisa-se conhecer o valor de
p(x) nessa região. A distribuição de concentração e portanto a parcela de corrente
de difusão da região central serão influenciadas, porém, quando não se puder mais
supor a região central com comprimento infinito. Essa restrição ocorre muito fre-
qiientemente nas estruturas P*NN', A condição de contorno analisada na p. 71,
dada por
Pl+ 00) = Pros
deve ser substituída.
A nova condição de controle depende das propriedades de recombinação na região
N*. Podem-se imaginar dois casos limites:
Caso em que ocorre grande excesso de recombinação no limite NN*, ou dentro de
N*, devido, por exemplo, a tempo de vida muito curto nessa região; no ponto
X =X é praticamente imposta a condição de equilíbrio pao:
Sogundo (3.61)
R=PDPo (3.61)
com valores bem pequenos de x, não são necessários valores muito diferentes dos
de equilíbrio.
O segundo caso limite se dá quando é possível desprezar a recombinação na região
N*. No ponto x = x, à corrente de difusão de elétrons deve ser zero, ou scja,
ToalXem) = O. (5.5)
Para as lacunas na região central neutra vale uma equação diferencial, analoga à
da p. 71 para elétrons:
dp, 1 ,
.6
de Iê Pi), (5.6)
onde
Pile) = pl) —Pro (5.7)
é o afastamento do valor de concentração no equilíbrio térmico.
Para o presente caso, de região central finita, é conveniente enunciar uma solução
geral para a equação diferencial (5.6):
(58)
1
Pix) = —
x=5 x
Asenh—” + Bsenh
Wo L
senh —
L
em vez de (4.76). A diferença (Xmy — Xm) foi chamada espessura efetiva da região
107
a
+ o .
5 Região P+ Região central N Região N+ |-—o
w:
A
Fa
MPa
Figura 5.10 Perfis de concentração
na estrutura P/NN* com corrente
direta alta (esquemático)
Enquanto a concentração de portadores minoritários, apesar de sua elevação, se
mantiver pequena em comparação com a de dopagem, e consegiientemente em
relas io a de portadores majoritários, o crescimento absoluto igual para as duas
espécies de portadores (motivado pela condição de neutralidade) significará um
acréscimo percentual pequeno nos majoritários (veja nota na p. 67). Quando, porém,
a concentração de portadores minoritários sc iguala à de dopagem, todo acréscimo
desses “minoritários” provoca acréscimo sensível também na concentração cons-
tante de dopagem (Fig. 5.10).
Na região central N da Fig. 5.10, vale a condição de neutralidade
n=p+nç.. (5.27)
Para uma suficiente elevação das concentrações de portadores, aproxima-se, com
exatidão crescente, ao valor de:
(5.28)
112
Como se pode ver nas Figs. (5.28) e (5.10), não tem mais sentido falar de portadores
minoritários ou majoritários na região central. Superada a concentração de dopagem
de um fator 10, as concentrações de clétrons e lacunas são na verdade praticamente
iguais.
Perfil de concentração na região central
Para calcular as distribuições do concentração dentro da região central, usa-se a
relação (4.56).
T=3(0) + IT) = Td) + Todo) + TÃO) + Epa) (5.29)
ou seja, à subdivisão das correntes de elétrons e de lacunas em parcelas de campo
e de difusão. Como neste caso ambas as concentrações n e p são aproximadamente
iguais, não se pode desprezar nenhuma parcela de corrente de campo (cf. p. 68).
As equações completas descrevendo densidades de corrente de elétrons e de lacunas
têm à seguinte forma, com as componentes de difusão e de campo das pp: 50 a 52, e
mais (4.7) e (4.8) são:
dn
1,0) = em Us' Do + em, nO) Elo)
dx
+ eu, p(x) El). (531)
a Pp
169=-el Ur qe
A equação da continuidade aplicada a elétrons e lacunas (veja as Pas. 3.5 e 3.6)
descreve o comportamento da concentração desses portadores em função do tempo
e da posição, a saber:
on
en 5.32)
% (5.32)
-
EP (5.33)
o
Introduzindo-se as densidades de corrente elétricas J, c J, com auxílio de (4.103)
e (4.104), obtém-se:
—, (5.34)
ôp 103, (639)
ao (ro dx
Os sinais contrários dos divergentes de corrente de (5.34) e (5.35) tornam-se compreensíveis
rico, . . ds,
pelas considerações a seguir. Um divergente de corrente de lacunas 7? > O — isto é fluem
x
mais lacunas para fora de um volume de controle do que para dentro, levando a rarefação de
lacunas no volume — pode ser atingido por um divergente de corrente elétrica igualmente
113
Densidade de mm
corrente
5 O+4——+» Densidade ———+—
2. SL elementar de Om $E=T
| E corrente | &-—
(os
ds a a era
(SE) significa: (+SE)>0 significa:
Redução de portadores — p Redução de portadores
(lacunas) (elétrons)
Figura 5.11 A divergência de correntes parciais e correntes elétricas
- ds, . :
positivo oo q2 > O (Fig. 5.11 à esquerda), Um divergente positivo de corrente de elétrons,
ao contrário, só pode ser obtido por um divergente negativo da corrente elétrica,
(Fig 5.11 à direita); veja também as considerações a respeito da Fig. 3.2.
A aplicação das equações de densidade de corrente (5.30) e (5.31) nas equações de
continuidade (5.34) e (5.35), levando em consideração que n = p, à introdução do
excesso de recombinação para injeção forte segundo a p. 48, (362) R= “2 = 2
. . . Ty Thr
e a aplicação de um comprimento de difusão ambipolar L,, dado por
Uru a Ut (536)
conduz à equação diferencial
Lin o, Ono)
au, o "+ sa
- (5.37)
uso a . en
Na polarização direta em regime estacionário, — = 0, e se obtém uma equação
ct
diferencial ordinária no lugar da de derivadas parciais:
dn(x) 1
Tae ToMe)=
(5.38)
Vale, pois, formalmente, a mesma equação diferencial encontrada para injeção
fraca, [veja (4.75)]. No lugar do comprimento de difusão dos portadores minori-
114
tários L, aparece agora o comprimento de difusão ambipolar L,. Além disso, con-
sideram-se no caso presente as correntes de campo dos portadores móveis.
Para maior clareza, supõe-se poder desprezar as correntes de difusão dos porta-
dores minoritários nas regiões laterais comparadas com a corrente total, e além
disso supõe-se que não ocorra recombinação nas zonas de carga espacial entre as
regiões P* e Nº e entre N e N*, que possam ser desprezadas.
Ao se desprezar a corrente de difusão ds elétrons para x < x,,, chega-se à conclusão
de que a densidade de corrente de clétrons deve ser J, = O no limite da região central
x = X, fluindo a corrente total como corrente puramente de lacunas. No limite
da região central com a região N'*, deve-se por sua vez colocar a corrente de lacunas
igual a zero, se a corrente de difusão de lacunas puder ser desprezada na região N*.
N ponto, a corrente total se constitui exclusivamente de elétrons.* A recom-
binação na região central tem o cfeito de a corrente das lacunas, vinda da esquerda,
é substituída por uma corrente de elétrons, oposta (Fig. 5.12).
Podem-se escrever então as seguintes condições de contorno para x = X,, CX = Xm:
Ta) = O, (5.39)
Ikki) = 5, (5.40)
IS) =0 (541)
é Ska) = J. (5.42)
A condição (5.39), por exemplo, significa que, nesse ponto, a componente de campo
da corrente de elétrons deve ser exatamente compensada por uma componente
oposta de difusão, também de elétrons. Ambas as componentes de corrente de
elétrons devem pois ser iguais em módulo.
Devido a (5.28), tem-se
(5.43)
Com (5.31), (5.28) e (5.43), segue que
13,49) | = | Tab) | (5.44)
ou seja, as componentes de corrente das lacunas também são iguais, e com o mesmo
Delas resulta, em conjunto com (5.40), a densidade total de corrente J no
sine
ponto x =X uma vez que J, = O (veja a Fig. 5.13):
Coadecam + Codresia = MU poema = (5.45)
Segue considerando (4.11):
dp 3
Ia =p Urge (5.46)
*Tal hipótese é verificada perfeitamente para correntes diretas médias. Somente sob grandes
densidades, as parcelas de corrente de difusão vão adquirir significado (veja [LL], [12] e [13].
115
Região P* Região central Região Nº
dado
oh | + =
RE
— x
Figura 5.12 Correntes de clétrons e de lacunas na estrutura P! NN” sob injeção forte
Hm Xm
Figura 5.13 Divisão da densidade de corrente total J , nas componentes de elétrons e lacunas
nos limites da região central. O comprimento das flechas indicam as densidades de corrente,
116
e também
(5.47)
Analogamente, tem-se, para à
e (5.42):
borda dircita da região central x = X,,s com (5.41)
dn dp J 1
a = (52 == — 548
(E O E sm
Uma solução da equação diferencial (5.38) que satisfaz as condições de contorno
(5.47) e (5.48) é:
cosh + senh
n(x) = "o a det (5.49)
e La | enh o ta Ho
cosh =
cosl 2,
2
Introduzindo-se uma concentração média à, obtida pela integração de (5.49) sobre
a região central e subsegiiente divisão pela espessura w, obtém-se uma relação
simples entre a concentração média n e a densidade de corrente J
tem y
=J [ nlx)dx = - (5.50)
O deszim were
om (5.50), (5.49) pode ser escrita da forma
x x
cosh — senh —
” Li Myty L,
nog)=n:>——| —— Sa Dn fr Dao (5.51)
2" L, wo MH, w
senh —— cosh —
2L, 2L,
A Fig. (5.14) mostra os perfis de concentração n(x) = p(x) para diversos compri-
mentos de difusão na região central de um retificador P*NN*. As concentraçi
n(x) = p(x) se afastam pouco do valor médio n, para espessuras não muito grandes
da região central (w < 4L).
Os perfis de concentração da Fig. 5.14 calculados por (5.51), podem ser verificados
por técnicas adequadas de medição. Na polarização direta, o processo fisico é
dominado pela recombinação, a qual ocorre tanto através de níveis de impurezas
dentro da banda proibida como também — naturalmente com fregiiência muito
menor — diretamente entre a banda de condução c a de valência. Como já se men-
cionou na p. 21, ocorre na última forma (direta) uma radiação de recombinação,
proporcional ao quadrado das concentrações de portadores n = p. A variação das
concentrações com a distância, pode scr determinada medindo-se a intensidade de
radiação infravermelha, através de uma sonda com abertura suficientemente pequena
aplicada a uma janela polida longitudinal de um diodo P*NN* (veja [14] c [15)).
117
Concentração
02
Figura 5.17 Distribuição de concentrações na estrutura PIN sob injeção forte (esquemático).
índicam-se também quais os valores de concentração que determinam diferenças de potencial
e mais
= n, eU Um2tr, (5.64)
Colocando-se (5.64) em (5.57), tem-se*
(5.65)
Como no caso de baixa corrente direta (491), existe aqui uma relação exponencial
entre a densidade de corrente direta e a tensão aplicada: mas a corrente cresce sob
injeção forte somente com c“r/2z, dependendo portanto menos da tensão do que
Um & sonseniantementa o fator exp (-U,/2U+), é independente da corrente, pelas conside-
ER p1 21 À expresão entr parênteses cm(5.65) depende assim somente da largura w
jo central, do tempo de vida na região central c da tempera avés
de reg peratura (através de n, por
122
Figura 5.18 Característica corrente
x tensão típica para um retificador
PONNt
no caso de injeção fraca. A função (5.65), ou seja, a proporcionalidade
Jg e ctrirt (5.66)
nunca foi observada em estruturas P*NN” reais (veja a Fig. 5.18).
Dois motivos físicos, expostos a seguir, podem ser responsáveis pela diferença de
(5.66).
e O tempo de vida t,, às mobilidades u, e |, é com isso o comprimento de difusão
L, se reduzem com elevação da concentração de portadores na região central;
isso significa que o modelo simples de recombinação segundo (3.48) e (3.62) não
é mais válido.
O tempo de vida 7, aparece uma vez diretamente na expressão entre parênteses
de (5.65), mas influencia a componente de tensão U,,, através do comprimento de
difusão L,, de acordo com a Eq. (5.60).
Isso significa que, com tensão direta U, crescente, ou seja, com corrente crescente
e, portanto, concentrações maiores na região central, a expressão entre parênteses
em (5.65) também apresenta dependência de U,.
123
[cm
Região P Fegião central Região N
Figura 5.19 Caminhos de corrente na 'NN
igura 5. a ente na estrutura P ! NN*, tendo em conta o excesso -
binação das regiões de dopagem alta So de recom
* Às correntes de difusão nas regiões laterais não podem ser desprezadas, isto é,
| a teoria apresentada nesta seção teria de ser aprofundada. ,
|
| Uma parcela perceptível da corrente de lacunas que vem da esquerda se combina
| então, não na região central, mas na região Nº, adjacente (cf. Figs. 5.19 e 5.12), Pará
a corrente de elétrons, que flui para a esquerda, vale em princípio, o mesmo. Essas
| parcelas de corrente, porém, fluem para a região central sob a forma de corrente
de campo, provocando queda de tensão maior nessa região. As teorias que levam
em consideração a difusão dessas correntes nas regiões laterais, exigem o uso de
Í equações complexas, (veja [11], [12] e [13] o .
| Em ambos os casos, a concentração de portadores dada por (5.50) não cresce mais
| proporcionalmente a Jy, e sim mais lentamente. À resistência da região central, ao
contrário, continua sendo proporcional a 1/n. Daí resulta o aumento da tensão
na região central, U, com elevação da densidade de corrente, J,. Trabalhos
apresentados em 1972 puderam mostrar que as mobilidades |, e f, diminuem
com concentrações crescentes na região central (veja [17] e [18 ”
| ambém a recombinação nas regiões laterais é maior do que se supunha até então
jà deve ser considerada para densidades méd; orrente ox] menti
ias de corrente (apr: ada
à ' (aproximada;
“t
|| Um trabalho sobre este tema, de Dannhaeuser e Krauss
: apare riódic
om tesao sobr es e, apareceu em 1973 no periódico
124
6. Fenômenos dinâmicos (não-estacionários) nas
estruturas de duas e três camadas
Nos capítulos anteriores, estudaram-se fenômenos estacionários, isto é, supôs-se
corrente constante por unidade de tempo, tendo-se calculado as distribuições de
concentração corrente-tensão.
As inter-relações estacionárias que foram deduzidas não são válidas no caso não-es-
tacionário, porque nessas condições devem-se considerar as grandezas dependentes
do tempo nas equações de continuidade.
6.1, Transitórios de ligação
6.1.1. Ligação de corrente direta em estrutura PN sob injeção fraca
Considera-se uma estrutura PN de dopagem muito assimétrica, cujo perfil de con-
centração corresponde inicialmente ao de equilíbrio térmico (Fig. 6.1 linha fina).
O retificador recebe então, repentinamente, uma corrente dircta constante, por
meio do circuito da Fig. 6.2:
Para t <0, tem-se / =0,
+>0, tem-se J = J, = constante. (6.1)
A condição J, = constante será satisfeita, sendo grande a f.em., expressa na Fig.
6.2, em relação à tensão direta do retificador.
A distribuição de concentração estacionária que corresponde à corrente direta só
será atingida porém, após certo periodo de tempo, pois as concentrações de por-
tadores necessitam ser elevadas acima dos valores de equilíbrio térmico, e a cir-
culação que daí resulta não é instantânca.
No caso de a corrente direta ser tão pequena, que a junção trabalha na região de
injeção em baixo nível, as concentrações de portadores minoritários permanecem
pequenas, comparadas com as dos majoritários, mesmo no regime estacionário
direto.
Determinou-se na p. 73 que, numa estrutura PN de dopagem suficientemente
assimétrica, a corrente total flui como pura corrente de difusão de minoritários,
no limite entre a zona de carga espacial e a região de dopagem. No caso da Fig. 6.1,
esta corrente é de lacunas, no ponto x = x*. A corrente de difusão de elétrons, na
região P, será algumas potências de dez menor, neste caso
*A corrente de difusão de lacunas na região N varia de ponto para ponto (veja a p. 78)
125
Região P
Região N Introduzindo o excesso de recombinação R, sob injeção fraca (veja a p. 47): tem-se:
= PL) -Pao PIO)
R (6.4)
T To
e mais, associando (6.2) e (6.3), tem-se
ep (x
ópio) Pio) +p “Pd, (6.5)
õ: 2 dê
a T, dx
f=co (Distribuição estacionária) As Egg. (5.37) e (6.5) são de forma idêntica, o que se pode comprovar facilmente pela relação
geral:
05
To
ato
ot rl=
7 1
t 1
09
084
Figura 6.1 Variação com o tempo da distribuição de concentração numa estrutura PN.
ao ser aplicada corrente direta (escala logarítmica). A elevação corresponde a uma tensão 07d
direta. Considerou-se a largura da zona de carga espacial como desprezível nesta figura
A variação da concentração de lacunas em função do tempo*, na região N, a 06 4 É-e> (distribuição)
2
Pon
partir do valor de equilíbrio, dado por py =“ = “ até atingir a distribuição
no Nos 054
estacionária p,(x) = Pjo + Py(x), pode ser descrita pela equação de continuidade
de lacunas, em função do tempo [cf. (3.6)]:
Lp) Or) 24]
R-Se. 6.2)
at õt ôx (6.2)
Como a corrente de lacunas circula sob a forma de corrente de difusão 5, conforme 87
a p. 125, sua divergência pela Eq. (4.6) dada por:
d. 2: 024
Spa dpi(x) (63)
dx » dx
014
Figura 6.2 Circuito usado para aplicação de 0
corrente direta X 05 10 15 20
| Início da região N neutra E
»
Figura 6.3 Variação com o tempo do perfil de concentração dos portadores minoritários
*Conseqientemente dos elétrons, pela condição de neutralidade. na região N de um retificador PN, após aplicação de corrente direta constante (escala linear)
126 127
L
im >———— +
Figura 67 Q j
ura 6.7 Queda de concentração d :
desligamento de crneo Wentração dos portadores ato — pt) em estrutura P* NNF, após
Di
| /
| t F
boy
F
! TA Figura 68 Variação com
o tempo da tensão direta
em rclificador P*NN*,
| após desligamento de cor-
| rente direta alta
132
A Fig. 6.8 mostra a variação de tensão com o tempo, no retificador P*NN*, após
ter-se desligado repentinamente uma alta corrente direta. O degrau de tensão (AU),
imediatamente após o desligamento, é explicado pelo desaparecimento da queda de
tensão U,, sobre a região central, predominantemente ôhmica [veja (5.52)], pois,
em t =0, a densidade de corrente cai a J = 0.
A Eq. (6.9) pode ser usada para determinar o tempo de vida dos portadores, tg à
partir da curva de variação de tensão direta Uc(1) 20. Para esse fim, emprega-se
(5.64) com Ug = 0:
HO) = 1, ever (611)
c a forma derivada dessa equação:
) uam, (6.12)
Ambas as Egs. (6.11) e (6.12), podem ser aplicadas a (6.9), resultando a relação:
1 1º du,
“20, di
O tempo de vida «,, pode ser determinado pela inclinação da tangente à curva Uc(0).
Uma redução lenta de U (t), ou seja, pequenas variações dU/dt, significam grandes
valores de t, A relação (6.13) vale enquanto se tiver injeção de alto nível, isto é,
nSP> opagem
(6.13)
Tm
6.3. Transitório de comutação
6.3.1. Transitório de comutação em retificador de três camadas (P!NN*)
Aplicando-se repentinamente uma tensão inversa num retificador P*NN*, pelo
qual esteja circulando elevada corrente direta, obtém-se uma corrente inversa, no
circuito da Fig. 6.9; esta corrente é châmada corrente de retorno, 1,, e pode ser
calculada (veja a Fig. 6.9) como segue:
1, Ver Uoto, 614)
Figura 69 Circuito de comutação de corrente direia
para inversa (esquemático)
Circuito inverso
Py
Lo cit
133
As lacunas se deslocam para a esquerda, sob a ação do campo, entrando na região
P*. Praticamente nenhuma lacuna entra pela borda dircita da região central, pois
há poucas disponíveis na região N*, podendo-se desprezar o pequeno excesso de
veração de pares dentro da zona de carga espacial.
| A região central, imediatamente após a comutação, ainda está inundada por por-
| tadores, oferecendo pequena resistência; ainda que por pouco tempo, pode circular
|| uma corrente inversa muitas potências de dez maior que a corrente inversa esta-
cionária*. A corrente inversa de comutação é inicialmente limitada somente pela
resistência direta Ry,
(6.15)
pois a tensão sobre o diodo Us(t), é desprezível comparada com a £e.m. do circuito,
imediatamente após a comutação.
A circulação de corrente significa um transporte de carga e faz com que os elétrons
c lacunas acumulados na região central sejam removidos pelo campo inverso (veja
a Fig. 6.10).
Região P+ Região N Região
w
Concentração
a
—x
Figura 6.10 Queda de concentração de portadores na região central do retificador P* NN*.
pela circulação de corrente inversa
*Uma junção polarizada no sentido inverso não bloqueia necessariamente a passagem de
corrente em todos os casos; isso se tornará mais claro ao se estudar a junção de coletor do
transistor
134
Esta última parcela de corrente tem a ordem de grandeza da corrente inversa estacionária,
sendo em geral desprezível cm relação às correntes de “esvaziamento” da região central.
O número de lacunas se reduz, dessa forma, na região central, constituindo-se uma
zona nas proximidades da borda direita da região central, onde praticamente cstão
ausentes. Essa zona se alarga enquanto durar o excesso de corrente inversa.
Os elétrons escoam para a direita, da região N*. Na borda esquerda da região
central, não aparecem por sua vez novos elétrons, pois sua concentração é muito
baixa na região P*. Aparece assim uma zona isenta de elétrons, na borda esquerda
da região central. Em ambas as zonas, nas bordas da região central, onde passa a
existir uma só espécie de portador, circula também a corrente total ou de soma Jç,
desprezando-se a corrente de deslocamento, uma vez que o fluxo de corrente tem
de ser isento de divergência.
Na zona de carga espacial da direita, a, < x < x, (Fig. 6.10); circula, pois, só uma
corrente de elétrons, e à esquerda, x, < x < q só corrente de lacunas.
Aparecem “zonas de carga espacial” que se estendem continuamente a partir das
duas bordas da região central, nas quais a corrente inversa de comutação flui prati-
camente como corrente de campo.
O campo necessário para esse fim é formado pela presença de uma só espécie de
portador em cada zona, cuja carga se distribui espacialmente. Esse campo pode
também ser originado pelo fato de os ions de impurezas não terem mais o correspon-
dente número de portadores para compensar-lhes a carga. As cargas opostas situam-
-se em camadas finas, nas regiões de alta dopagem.
Somente após terem sido removidos todos os portadores em excesso da região
central, o retificador readquire suas características inversas estacionárias. Tem-se
então, em (6.14) Uclt) = Us, tornando-se 1, nula, isto é, a corrente inversa cai de
um valor inicialmente elevado 1, para o valor estacionário.
Removendo-se cargas acumuladas na região central dentro de intervalos de tempo
pequenos comparados com o de vida Ty
14 im (6.16)
e daí pode-se ainda desprezar a redução das concentrações de portadores por meio
de recombinação (cf. Fig. 6.7). A carga total acumulada na região central é remo-
vida pela corrente inversa.
Pode-se ter uma visão mais intuitiva do fenômeno através de um modelo simpli-
ficado.
135
Zona de carga Zona de carga
h - —
| espacial esquerda —"[*— “TT espacial direita
| O00000000000
VOSOHSSDOOCSS
à à
| [e Aa
! i ;
! V0000000|oHOoo
seceesoseccse| |
í
Região central neutra
ainda inundada
papa
Zona de carga — Região central |
espacial esquerda E neutra 4
Zona de carga
espacial direita
Figura 6.11 Alargamento das zonas de carga espacial durante o processo de esvaziamento
A Fig. 6.11 mostra, em cima, a parte ainda neutra (isto é, a parte ainda inundada
de portadores) da região central de um retificador P*NN', onde se representam
| as concentrações de portadores por uma fila de elétrons c uma de lacunas.
|
E Durante o intervalo de tempo At, devido à diferença de mobilidades, três elétrons
] | ultrapassam um limite imaginário fixo, dentro da região ainda inundada, da esquerda
[| para a direita, enquanto que só uma lacuna ultrapassa esta fronteira, da direita para
a esquerda. O deslocamento destas quatro partículas corresponde, no modelo, à
circulação da corrente total 1,.
Três intervalos de tempo At passam por essa linha imaginária, inicialmente fixa,
da esquerda para a direita, entrando na zona de carga espacial da direita, de onde
são imediatamente removidos pela grande intensidade de campo. Os elétrons da
região central inundada seguem no mesmo sentido, para manter a neutralidade;
na frente esquerda de esvaziamento, a,, ficam faltando três elétrons, pois não são
fornecidos outros mais da esquerda. Durante o mesmo intervalo de tempo At,
| porém, uma lacuna ultrapassou a frente esquerda de esvaziamento (imaginada
| fixa), da direita para a esquerda, desaparecendo a zona de carga espacial. Esta
lacuna fica faltando na frente direita de esvaziamento.
|
| Essas considerações são válidas também para a frente de esvaziamento a, à direita.
]
A Fig, 6.11, embaixo, mostra que três lacunas à esquerda não têm mais cargas
opostas a compensá-las, assim como um elétron à direita, pois as partículas que
| seriam necessárias para a manutenção de neutralidade em cada caso, saíram para
| a direita (elétrons) ou para a esquerda (lacunas). Desta maneira, mais dois trechos,
à esquerda e à direita, se transformaram em zonas de carga espacial, isto é, os limites
| da zona de carga espacial se deslocaram para dentro da região central, antes ainda
inundada.
136
ir
Desta mancira, entraram quatro partículas nas zonas de carga espacial, podendo
a corrente total, nessas zonas, ser constituída de apenas uma espécic de portador.
Removeu-se assim, durante o intervalo At, a quantidade de cargas
Ag =
(6.17)
s At =e-T(Aa, + Aa) A
da região central.
Uma descrição pormenorizada do processo de esvaziamento pode ser encontrada,
por exemplo, em [21]. Como já se deu a entender em (6.11), as duas zonas de carga
espacial apresentam comportamentos diversos. Por tal motivo, diferem entre si
os comportamentos dc esvaziamento dos retificadores P*NN* (com região cen-
tral N) e dos P*PN* (região central P).
A Fig. 6.12 mostra a variação medida da corrente inversa em função do tempo,
após a comutação, para as duas espécies de retificadores.
Escolheram-se retificadores com as mesmas dimensões geométricas, mesmas do-
pagens e iguais tempos de vida t,, na região central. Os circuitos de medição (de
acordo com à Fig. 6.9) foram os mesmos para os dois casos.
O retificador P*PN* se “esvazia” praticamente em 2 us, mas apresenta, logo antes
do fim do processo de esvaziamento, uma queda abrupta da corrente inversa, que
provoca picos elevados de tensão em circuitos indutivos.
No «ctificador P ''NN*, ainda circula uma corrente inversa relativamente elevada
após 104s, o que mostra que nem todos os portadores desapareceram da região
central; sua remoção é retardada. O excesso de recombinação desempenha papel
importante na eliminação dos portadores excedentes na região central. Neste
processo, mais demorado, os picos de tensão que ocorrem geralmente menores.
Figura 6,12 “Esvaziamento” de um
retilicador P*NN* (retificador N)
c de um P'PN* (região central P)
Retificador P* PN*
Retificador P* NN +
7. O transistor
Nos capítulos anteriores, descreveram-se componentes com a segiiência de camadas
PN, P*NN* e P*PN*, e que apresentam, portanto, apenas uma junção PN. Colo-
cando-se uma camada de polaridade oposta, e geralmente de dopagem mais baixa,
entre outras duas iguais, por exemplo, uma camada P entre duas N, obtemos um
transistor (NPN — Fig. 7.1); tal componente apresenta duas junções PN (J, c J,).
Fala-se de um transistor PNP quando as duas camadas externas são do tipo P,
separadas por uma de tipo N.
A Fig. 7.1 representa, em escala logarítmica, as concentrações de elétrons e lacunas
no transistor NPN, tais como se apresentam no equilíbrio térmico. Supôs-se que
as camadas externas N, chamadas emissor e coletor respectivamente, fossem de
dopagem muito mais alta que a central de tipo P, a região dc base.
Emissor, base e coletor são representados pelos simbolos E, B, C, (maiúsculos). O
indice O indica equilíbrio térmico. Para indicar as bordas esquerda c direita da
Tegião neutra da base, empregam-se ainda os índices 1 e r, respectivamente.
Zona de carga espacial Zona de carga espacisl
Emissor —mj ham Base = be Coletor +
ml H
N It P H N
MN m
H R
tl 1
! | H
np H
oe) ta! [Neo
lemr3 k | Figura 7.1 Segiência de ca-
| , I madas c concentrações típicas
q“ I num transistor (equilíbrio tér-
mico)
1010. mo lo.
l
Ê
105 Logo
I !
! /
E i
pltro I
Emissor Base Coletor
Figura 72 Convenção de
sinais nos transistores. Os
sinais desta figura são tais
que, com sinal positivo das
correntes, existe condução
no sentido direto de cada
junção t
7.1. Princípio de funcionamento
O princípio de funcionamento do transistor NPN scrá descrito inicialmente a
partir da Fig. 7.3. Seja aplicada uma tensão entre coletor e base, a qual polariza a
junção do coletor no sentido inverso. Forma-se assim nesta junção uma zona de
carga espacial, na qual as concentrações de elétrons e lacunas são praticamente
nulas (cf. p. 82). Através do circuito coletor-base, circula uma corrente inversa, a
qual é geralmente pequena, conforme a p. 93. Mas as concentrações de portadores
também podem ser influenciadas pela aplicação de tensão entre emissor e base.
Para o cfeito transistor, é interessante a polarização dircta da última junção (veja
a Fig. 7.3); desse modo as concentrações “nas proximidades” da junção J, se elevam
acima do valor de equilíbrio térmico, conforme a p. 65.
Observa-se, então, na região da basc, uma curva de concentração de portadores
minoritários (elétrons) inclinada, diminuindo do emissor para o coletor, quando
se polariza a junção de coletor J, no sentido inverso, c a de emissor, J,. no sentido
direto. Os elétrons que penetram na região de base, vindos do emissor E, difundem-se,
devido ao gradiente de concentração, para o lado do coletor. Assim que estes elé-
trons em difusão atingem a zona de carga espacial da junção do coletor, são ace-
lerados pelo campo “correto” que existe dentro dessa zona, penetrando na região
de coletor, de onde circulam adiante, como corrente de campo de elétrons, através
do circuito externo, retornando ao emissor.
Define-se densidade de corrente de difusão de elétrons como sendo o número de
elétrons que se difunde na unidade de tempo e de seção transversal; segundo (4.10),
esta grandeza é proporcional à inclinação da curva de concentração.
O gradiente de concentração no ponto X,,, e consegiientemente o número de elé-
trons que atinge a zona de carga espacial do coletor, é determinado pcla tensão
direta U,y aplicada na junção do emissor (veja a Fig. 7.3), pois com Uay crescente
a concentração de elétrons n;(X,) aumenta; a concentração de elétrons em X,
permanece praticamente nula devido à tensão inversa que se aplica na junção de
coletor. Verifica-se, portanto, que é importante para o funcionamento do transistor,
que o comportamento de uma junção, a de coletor, seja influenciado por outra
junção vizinha, a de emissor. O “acoplamento forte” entre as junções somente
torna-se possível, como se verá na p. 151, se as duas estiverem suficientemente
próximas.
143
E —A
Limite de dopag Limite de dopagem
Emissor Base Coletor
TT TH
1 1
Ni p MEN
a v
[a dh
Ti
te ei Jipe
Zona de Zona de
carga espacial do emissor — carga espacial do coletor
O— Difusão
Figura 7.3 Funcionamento do tran-
sistor
Obtém-se um transistor ideal quando a corrente de difusão de portadores mino-
ritários no ponto Xs, da região da base for igual à corrente total do emissor, 1,
e, além disso, quando toda esta corrente de difusão atingir a junção PN do coletor,
indo, finalmente, a corrente
Hel= [| aa (7.1)
atingir o contato do coletor.
Nesse caso, não circula corrente alguma pelo terminal de base,
1=0 (7.2)
lazer a condição
Um tal transistor, que deveria sati:
Excesso de recombinação R = (7.3)
através de toda a estrutura, não é realizável, pois em princípio já ocorrem excessos
de recombinação (positivos ou negativos) para qualquer afastamento do semicon-
dutor do equilíbrio térmico (veja a p. 63).
Os excessos de recombinação que ocorrem no transistor não-ideal ou, então, no
transistor real são esquematizados por caminhos de corrente, para elétrons e lacunas,
na Fig. 7.4. Por meio desta figura, pode-se acompanhar mais exatamente cada com-
ponente de corrente no transistor real.
A corrente de elétrons no emissor, 1, representa pelos caminhos 1 a 4, atinge a
região da base só em parte (caminhos | e 2). Perdem-se elétrons por meio de recom-
binação na zona de carga espacial (caminho 3) e na região neutra do emissor (ca-
minho 4), Essas recombinações são levadas em conta formalmente com o fator 7,
144
Zona de carga Zona de carga
espacial do emissor espacial do coletor
Região neutra
Emissor tipo n| Base tipo P oo tipo N
Ixbkcak
1
Hs
3 Le
4a
XE
mejmt=+—)
é Uca<O
Polarização Í | Polarização
direta o Ha! erga:
—p e Recombiniação ep Geração de pares
Figura 74 Processos de recombinação e de geração de pares no transistor, com polarização
direta da junção do emissor e inversa da do coletor
chamado rendimento de emissor, emissividade, ou fator de forma. Define-se por
corrente de difusão de elétrons em Xy Iru(Xy) (14)
e corrente total de emis Te
O rendimento do emissor
WE] (7.5)
é obtido se a recombinação se mantém pequena na zona de carga espacial e na
região neutra do emissor. A última condição é geralmente satisfeita por junções
de dopagem muito assimétricas (cf. pp. 72 e 78).
Em grande parte da região de base também ocorre excesso de recombinação posi-
tiva. Somente parte dos elétrons que fluem do emissor para a região da base, atingem
a zona de carga espacial em x = xy, parte esta porém que é a maior se houver
dimensionamento correto do transistor.
A parcela de corrente Ty, (Xg), diminui mais ainda na base, e apenas a fração
Ben) | = Brel = [8] (7.6)
aparece como corrente de coletor (caminho 1 da Fig 7.4) O fator f é chamado
fator de transporte, c expressa o excesso de recombinação na base.
Com o “fator de amplificação de corrente” a, define-se:
a=B 7
145
para IÊ
lg =elt]. (7.8)
Os elétrons que se recombinam na base e no emissor, compreendidos formalmente
pelo fator a, precisam de lacunas para se recombinarem. Essas lacunas são forne-
cidas pelo contato de base em forma de corrente de campo, aparecendo nesse ter-
minal como corrente de base (caminhos 2, 3 e 4).
A parcela de corrente If não é, porém, a única componente da corrente de coletor.
Devido à polarização inversa da junção de coletor, ocorrem excessos de recom-
binação negativos em parte da região neutra da base, de tipo P (caminho 5), na zona
de carga espacial do coletor (caminho 6) e na região neutra do coletor (caminho 7),
constituindo a corrente residual de coletor Lo.
Para a corrente total de coletor, tem-se então com (7.8)
I
Io +IÊ = Lo + ale. (19)
Desde que
TED Loo (7.10)
pode-se desprezar a corrente residual Ig, simplificando-se (7.9) à
Hel=a-|te]. (11)
Desprezando-se a corrente residual de coletor Ico obtemos das considerações
acima, que para o fator de amplificação
«= fielsa; 413
E
a corrente de elétrons que chega ao coletor não poderia realmente scr maior que
a que deixa o emissor.
Os processos que ocorrem no transistor podem ser comparados aos de uma válvula cletrô-
nica, trabalhando na região de grado positiva (com corrente de grade).
Na válvula, os elétrons se dirigem do catodo para a placa, devido à diferença de potencial.
Esta corrente de campo corresponde, no transistor, à corrente de difusão de portadores mino-
ritários, que ocorre entre emissor é coletor.
Na válvula, os elétrons que atingem diretamente a grade, no caminho para a placa, podem ser
comparados aos portadores minoritários do transistor que se perdem por meio de recombi-
nação na estrutura.
7.2. Considerações quantitativas
Após essas considerações qualitativas, onde foram introduzidos os conceitos de
rendimento de emissor 7, e do fator de transporte , serão analisadas agora as
distribuições de concentração na base do modelo unidimensional do transistor,
sob injeção fraca, obtendo-se a relação entre corrente c tensão.
146
Da p. 70 em diante, estudou-se a distribuição de concentração dos portadores
minoritários na região P da estrutura PN. Uma solução de forma conveniente
para a equação diferencial (4.75), análoga à (5.8), para a região de basc limitada, é:
1 XX, poenh DX) (713)
Ng) = ng(X) - Ago = TO xao E (a senh — L + B sen L, (
senh Br Hm
Para se obter uma solução especial, devem ser estabelecidos, agora, os parâmetros
apropriados aos limites da zona de base (x = Xy € X = Xp).
A concentração de elétrons no ponto x, aumenta com a tensão direta de emissor
U,,, de modo que, na borda da base adjacente ao emissor, vale a condição de
RE;
contorno
alem) = Ryo eee Gala)
(cf. (4.51).
No ponto x = xy, 4 relação de Boltzmann n — er exige uma redução da con-
centração de equilíbrio, pela aplicação de tensão inversa ao coletor, de um fator
elUc|Ur, ou seja
mula) = po * etemttr* (415)
Com as duas condições de contorno (7.14) e (7.15) c considerando a largura da base
w = Xp — Xyp Obtém-se do (7.13) o excesso da distribuição de concentração ny(x)
na base
x,
senh —
nao) = (0) =Mgo = "yo | (eles = 1) ——
X=Xy
senh-
4 (eta
nº
senh
=| (716)
Para a densidade de corrente de difusão de elétrons Jg, na base, vale por (4.10):
di
Jud) = (00): D, St
Xe X
cosh
so | (eUsivr 1) E — + (elestr 1) E
L ho
senh L sen L
(17
*A aplicação de tensão inversa à junção de coletor dove ser representada por um valor negativo
de Ucg- Desta forma, o fator de (7.15) fica menor que 1 (veja nota à p. 89).
147
|
|
|
|
|
|
carga espacial do coletor, a qual, porém, se estende cada vez mais para dentro da
base, perante tensões crescentes de coletor. Considerado com maior rigor, deve-se
então supor espessura de base, não mais a largura total da região de tipo P, mas sim
uma espessura reduzida pela zona de carga espacial:
We = W— dee (7.22)
denominando-se deç à espessura da zona de carga espacial que sc estende pela base.
Sendo w., função de Uç, a densidade de corrente de coletor J cresce também com
a tensão de coletor, pois a largura que se deve introduzir em (7.18) e (7.20) é a cletiva,
War
O crescimento da corrente do coletor com a tensão, é compreensível pela Fig. 7.8.
Mantendo-se a tensão do emissor constante, ou seja, concentração constante na
borda da junção base — emissor, varia-se a inclinação da curva de concentração,
e com isso a corrente de difusão se altera.
7.4. Tensão de “punch-through”
'Aumentando-se mais ainda a tensão de coletor, a largura da zona de carga espacial
acaba-se tornando igual à de toda a região de base. À largura efetiva de base tende
a zero (Fig, 7.9): w., — O; segue que a densidade de corrente de coletor, calculada
por (7.20) é: Jc — 00; resulta um crescimento muito rápido da densifade de cor-
rente de coletor.
A chegada da tensão inversa até o emissor é chamada punch-through ou perfuração.
que, juntamente com os cfcitos de avalanche e Zener, determina a máxima tensão
do coletor. Fazendo-se subir a tensão acima deste valor indicado por, Up, a tensão
adicional só pode ser absorvida, reforçando-se a carga espacial semelhante, mas
constituída de portadores móveis. Estes são introduzidos pelo emissor, aumentando
por assim dizer a condutividade na região da base. Ultrapassando-se a tensão de
punch-through, qualquer acréscimo de tensão, por pequeno que seja, conduz a
grandes aumentos no fluxo de elétrons a partir do emissor, com a consequente
subida abrupta da corrente de coletor (Fig, 7.9)*.
Dessa forma, encontrou-se mais uma condição de dimensionamento, para deter-
minar a máxima tensão de coletor do transistor.
A tensão de punch-through, num transistor de base tipo N fraco, é dada, segundo
(4.136), pela expressão analítica
(7.23)
No lugar da zona de carga espacial d,, aparece a largura total de base, w.
*Uma análise mais exata da relação entre corrente e tensão, atingida a tensão de punch-through,
pode ser encontrada em Ref. [26]
152
—" lc
py —l pe —e
fetebrjhop Pede
ER
dE OR cio
Fieura 7.9 Estreitamento da largura de base do transistor pela tensão de coletor
Pelas considerações das pp. 85 e 86, a extensão da zona de carga espacial do
coletor depende da tensão aplicada e da dopagem da base, Estando a base alta-
mente dopada, existirão larguras relativamente reduzidas da zona de carga espacial;
a máxima tensão de coletor seria normalmente determinada, em tal caso, pelo
efeito avalanche. Se a base for estreita, e/ou perante baixas dopagens nessa região,
a limitação é dada pela tensão de punch-through, Up. Essa tensão diminui, man-
tendo-se a largura de base constante, ao se aumentar à resistividade da região,
pois a extensão da zona de carga espacial dyc» pela Eq. (4.136) é dada por
Ve. (7.24)
Se a base tiver elevada resistividade, a condição:
deem
largura de carga espacial dec = largura de base w
é atingida com tensões reduzidas.
A limita da máxima tensão de coletor pelos efeitos Zener e avalanche, assim
como também a de punch-through, é apresentada na Fig. 7.10, para transistores com
elevadas dopagens no coletor e no emissor, € baixa dopagem na base. O desejo de
maior ganho de corrente e de tensões de coletor mais elevadas, leva a exigências
conflitantes a respeito da largura de base. Por um lado, deve-se ter base espessa,
para atingir elevada tensão de coletor; um “bom” transistor, porém, só é obtido,
segundo a p. 152, com pequenas espessuras de base. A aplicação especifica do tran-
sistor define a otimização de seu dimensionamento*.
+Nos transistores de alta-freguência, existem condições adicionais, como por exemplo, maiores
fregliências de trabalho. Um pré-requisito para isso, dentre outros, é que a junção de coletor
tenha pequena capacitância, ou seja, a espessura de carga espacial não deve ser demasiada-
damente pequena
153
Uc max
N w =200um
102
yr =100m
' Í
o yr =50m N
wi =204m
| w=10gm
, o 10º 105 Qem 10º
sede E
i o 10? Qomi 10º
— A
Figura 7.10 Limitação da tensão de colei ransist curto- o entre
ação são de coletor no t
ã ansistor, co) o:
j , or. com curto-circuito idcal entre
7.5. Transistor com base não-homogênea
Uma tune ma uai a ocorrência de punch-through é evitada, foi apresentada
o s 7) Se a base tiver dopagem mais alta junto ao emissor, o alargamento
: on e carga espacial do coletor é por assim dizer freado, antes de se atingir a
junção « E elias O aumento subsegiiente da tensão de coletor conduz apenas
ento do campo na porção menos dopada da base*. A dopagem variável
“Situação semelhante foi apresentada na p. 102, na polarização inversa etificador de
, a p. 102, o] ção ii lo retificador
154
Emissor Base Coletor
—" , N
Ea
Pro des
+ '
t
Figura 7.11, Transistor de base não- .
-homogênea !
te |
DS
E
Lo
da região de base pode ser obtida, por exemplo, por difusão de átomos de impureza
na base, aproveitando-se a distribuição não-homogênca que resulta da difusão
(Fig 7.11). Segundo a p. 63, na região de dopagem não-uniforme aparece um campo
elétrico. Com formas adequadas de emissor e coletor, os portadores que atingem a
base como minoritários são acelerados através dessa região, reduzindo-se a recom-
binação (transistor drift [28]). Tal caracteristica é empregada vantajosamento em
transistores de alta-freguência.
7.6. Fator de amplificação « e fator de transporte £
Esta seção se ocupa novamente dos fatores de amplificação de corrente q e de trans-
porte f. Na descrição a seguir, despreza-se a corrente residual de coletor [cos Su-
pondo-se a operação normal do transistor com a hipótese da p. 148.
Para o transistor em circuito de base comum, segundo a Fig. 7.12, 0 fator x é defi-
nido pela razão entre corrente de coletor e de emissor [veja pp. 147 c 148 é (117].
elite. (7.25)
el: Ar .
m=
Ace A, indicam as áreas de emissor e de coletor, Obtém-se pasa a densidade de
corrente de emissor, por (74):
(7.26)
155
Emissor Base Coletor
1
=
o P N
º Figura 7.12 Transistor NPN
1 em base comum
TT Circuito Circuito
de comando de carga
— E
A parcela J,,(Xy) pode ser ca ót
A e ralXp) pode ser calculada. por (7.17), com a hipótese da p. 148, como
JrnlXm
[ (elnetr — 1) coth E (1.27)
usando-se para w a largura cfetiva de base, dada )
1 a larg j por (7.22), dependente da tensã
de coletor. A densidade de corrente de coletor J, é dada por (720). Obtém-se assim,
para &y, empregando as Egs. (7.25), (7.20), (7.27) e (7.26), e fé y
ando em conta w:
A
- (1.28)
cosh =!
comparando-se com (7.7), obtém-se para:
1
E (7.29)
cosh
A Fig. (7.13) à ência de x, &
ig. (7.13) apresenta a dependência de x, com a corrente, com tensão const
' ante
de coletor, para um transistor real de silício.
Essa função pode ser c: i m s es con-
compreendida qualitativamente baseado nas
a aseado nas seguintes c:
siderações. ne
Figura 7.13 Variação esquemática de ag
num transistor real de silício
—» log dg
156
Com baixas densidades de corrente, o rendimento de emissor 7, dos transistores de
silício é diminuída, devido a “correntes de superfície” e devido a parcelas de corrente
da zona de carga espacial (caminho 3 na Fig. 7.4), diminuindo, assim o valor do
fator xy (veja a Fig. 7.4€ p. 145). Perante a densidade de corrente nascente, eleva-se
a grandeza de 7, e com este, de xy (veja nota à p. 75)
Para altas densidades de corrente, a saber, sob injeção de alto nível, a diminui
novamente. Os responsáveis são, provavelmente, os mesmos fenômenos indicados
àp. 123, ou seja, a redução do comprimento de dilusão L na base, ou o aparecimento
de uma parcela de corrente que encobre o excesso de recombinação no emissor, e
não pode ser desprezada para altas densidades de corrente (caminho 4 da Fig. 7.4).
A redução do comprimento de difusão L diminui o fator de transporte 8, segundo
(7.29).
Levando-se em conta à corrente de recombinação na região de emissor, verifica-se
uma redução do rendimento de emissor y; (veja p. 144.
Com pouca recombinação na base, graças a uma geometria adequada do transistor
(w < Lj) e com bom rendimento do emissor (y, = 1), muitos portadores mino-
ritários injetados atingem o coletor. Desta forma, reduz-se, segundo a p. 145, a
corrente no circuito base — emissor. Através dessa corrente, relativamente pequena,
torna-se possível controlar o transistor, o que é obtido por meio do circuito cha-
mado de emissor comum, segundo a Fig. 7.14.
O fator de amplificação ap pode ser definido por:
Corrente útil Udo Hel (730)
* Corrente de controle |h| [icl+]6 :
Com auxílio de (7.25) e (7.28), obtém-se ainda
&a dr (731)
E” w
no cost
coshH o
Como a grandeza «, atingo geralmente valores próximos da unidade, obtém-se
%s > 1; na ligação de emissor comum é possível uma verdadeira amplificação de
corrente.
Uce
|
miar
Circuito de carga
Emissor Base Coletor
Figura 7.14 Transistor NPN T
em emissor comum + e h 2 | W — lc
1a |
Uge-L+ Th
Circuito de controle |
157
Aplicando-se tensão ao tiristor, de modo a ser o catodo (emissor N) positivo com
relação ao anodo (emissor P), diz-se ter polarização inversa (Fig. 8.2). Os portadores
majoritários são retirados das junções J, e J,, alargando-se a zona de carga espacial
nessas junções. Ambas estão polarizadas no sentido inverso, segundo a p. 82.
Como simplificação didática, pode-se afirmar: as duas junções se comportam com
“altas resistências”. Reconhece-se o comportamento de polarização inversa da
junção, caracterizado por correntes relativamente baixas sob tensões relativamente
altas.
Circulam portadores de ambos os sinais para a junção central, J,, tendo por efeito
um enriquecimento na zona de carga espacial, ou seja, uma polarização direta, com
o comportamento típico, isto é, grandes correntes com baixas tensões; pode-se
dizer também que a “resistência” se reduziu nossa região. Tem-se uma ligação série
de duas regiões de alta resistência e uma de baixa. O comportamento de toda à
estrutura é determinado, evidentemente, pelas duas regiões de alta resistência.
Aplicando-se pois tensão inversa, flui apenas uma corrente muito pequena pelo
tiristor, com uma curva característica do tipo de bloqueio de corrente (Fig. 8.2a,
embaixo). Como no transistor, para uma tensão suficientemente alta ocorre ele-
o repentina da corrente inversa, provocada por efeito de avalanche, Zener
ou punch-through (veja a p. 178).
Invertendo-sc a polaridade da tensão, ou seja, o anodo positivo com respeito ao
catodo, diz-se haver polarização direta (Fig. 8.2b). Nesse caso, a zona de carga es-
pacial da junção central J, é que alarga, por haver tensão inversa. Ambas as junções
externas são polarizadas no sentido direto. Como antes, é a junção de “alta resis-
tência” que determina o comportamento, obtendo-se, a princípio, uma curva carac-
tcrística com aspecto de bloqueio de corrente (Fig. 8.2a, embaixo).
Nessa última polarização também é possível outro estado, a saber, quando se con-
seguem injetar elétrons em número suficiente, através das junções J, e J,, à partir
do emissor P (esquerda) e do emissor N (direita) respectivamente, para dentro de
ambas as zonas internas, de modo a superar a carência de portadores em J,, também
essa região pode tornar-se boa condutora (Fig. 8.20). O tiristor se comporta então
praticamente como um retificador de três camadas, polarizado diretamente (veja
as pp. 111 e 175). Mesmo para correntes grandes, aparecem pequenas quedas de
tensão sobre o componente (Fig. 8.2c, embaixo); obtém-se o trecho de condução
direta. Os trechos diretos de bloqueio e de condução são ligados por um trecho de
resistência negativa (Fig. 8.3).
A passagem do estado de bloqueio, ou de má condução, para o de condução direta
é denominado “disparo” do tiristor.
Ligando-se o terminal de controle, obtém-se uma família de curvas características
como se mostra na Fig. 8.4; a corrente de gate é usada como parâmetro.
Percebe-se nesta figura que a máxima tensão direta diminui com a corrente de
controle. Finalmente, ultrapassando certo limite da corrente de gate, atinge-se pra-
ticamente uma característica de retificador.
162
Sentido
de condução
,
|
Figura 8.3 Característica do SCR com eletrodo de
controle aberto
Trecho de
carga direta
Trecho de bloqueio
Sentido inverso
De posse desta característica, pode-se estudar o processo de disparo ao longo de
uma reta de carga resistiva, interessante para aplicações práticas (veja a Fig. 8.4).
Enquanto não há corrente de controle, o liristor apresenta normalmente um com-
portamento de bloqueio. O disparo só ocorre quando se ultrapassa um certo valor
crítico de corrente Iyo, pela clevação da tensão (ponto A); a tensão correspondente
se denomina tensão de disparo com gate aberto Uno (breakover voltage). A situação
estável seguinte se estabelece somente no trecho de condução direta (ponto B'.
“EE “=
Figura 84 Característica de k |
tiristor, com a corrente de
controle T, como parâmetro
Aplicando-se tensões menores, (ponto A), o disparo é possível somente com cor-
rente no gate, e ainda assim, estando a curva 1 x U à esquerda da reta de carga AB.
O desligamento se verifica quando a corrente se reduz externamente abaixo de um
certo mínimo, chamado corrente de manutenção ou retenção, 1y (ponto C da Fig.
8.5); O estado de condução direta não pode mais então ser mantido. O tiristor re-
torna ao estado de bloqueio, ao longo da reta de carga (ponto D da Fig. 8.5). Essa
figura mostra novamente as possibilidades de disparo por meio de corrente de
controle (reta de carga AB) ou sem esta (A'B).
Figura 8.5 Disparo c desligamento do SCR (tiristor)
Verifica-se pela característica corrente — tensão (Figs. 8.4 e 8.5) que o tiristor pode
ser empregado como comutador, podendo o ponto de disparo ser determinado por
um pulso, no sentido direto, sendo o desligamento dado pela redução da corrente
de carga a aproximadamente zero. A última condição é satisfeita automaticamente
na passagem pelo zero da corrente alternada.
A Fig. 8.6 mostra como o tiristor pode ser aplicado como chave controladora em
circuito de corrente alternada. Deslocando-se a fase do pulso com relação à corrente
alternada, deixa-se passar uma porção maior ou menor do semiciclo, alternando
o valor médio da corrente.
O tiristor também pode ser aplicado em correntes não-alternadas, desde que o
circuito supra a condição de desligamento pela redução da corrente a aproxima-
damente zero*.
*Exemplos de aplicação em [22] e [23]
164
fem.
Corrente
t
Pulsos de
disparo
Corrente
Pulsos de
disparo
Figura 86 O tiristor como
comutador controlado em cir-
cuito de corrente alternada
Resistência de carga
A
Circuito
de pulso
de controle
165
8.3. Considerações quantitativas
8.3.1. Condições de disparo
Após as considerações qualitativas, procuram-se, a seguir, as condições que se
devem satisfazer para a passagem de bloqueio para a condução direta. Para maior
clareza, descreve-sc inicialmente o SCR com gate aberto.
“Gate” aberto
Após aplicação de tensão direta, circula uma corrente 1, ainda insuficiente para o
disparo do tiristor (por exemplo, o ponto A na Fig. 8.4). Devido ao terminal de
controle aberto, esta corrente circula por todas as junções, isto é (Fig. 8.9),
===, (8.1)
Na região P de dopagem forte à esquerda, a corrente total circula praticamente
só como corrente de lacunas, 1,
L=1, (82)
A junção assimétrica J, está polarizada diretamente. Fluem assim lacunas, em
forma de corrente de difusão (veja a p. 78) para dentro da base N vizinha. Ocorre
excesso de recombinação na maior parte da estrutura sob esta polarização, ou seja,
a recombinação de elétrons e lacunas prepondera sobre a geração de pares. Exceção
é feita na zona de carga espacial da junção J,, polarizada inversamente; nesta, o
excesso de recombinação é negativo.
o
A corrente de difusão de lacunas sc reduz, dessa maneira, ao atravessar a base. Os
or
elétrons, como parceiros das lacunas na recombinação, originam-se parte do emiss
N, parte da zona de carga espacial de J, (veja a Fig. 8.10). Somente a fra
mp" 1, = % (83)
imp To = mp
de lacunas atinge por difusão a junção de “coletor” J, do transistor PNP, pola-
rizada inversamente, ou seja, parte apenas da corrente 1, + Ly = Io étrans-
portada por lacunas. À corrente na junção J, se divide em uma parcela de lacunas
1, € uma de elétrons 1,,.
Transistor PNP
(Cup)
E E
P NRP
+ (Emissor) H (Emissor) o
o n |
—+ ho tu —s dh
Zona de carga espacial
— o —+bh —+6 | .
pç jgura 8.9 Correntes de SCR
Transistor NPN
(Cpo)
168
— E
Zona de carga espacial
p N R<0,ié, a geração predomina P N
sobre a recombinação
>
Po
pt
[+
pt
|+
“O
+ 1; + -
º º o
+|+
Atomos de impurezas não-compensados, fixos
Figura 8.10 Caminhos de corrente no tiristor, com Za < |
Na zona N forte de emissor do transistor NPN, à direita, fluem somente elétrons;
vale
Lo = e (8.4)
Sob a polarização direta de J,, penetram elétrons na base P, que continuam como
portadores minoritários.
A corrente de clétrons também se enfraquece na base P, por meio de recombina
chegando ao “coletor” do transistor NPN, na junção J,, somente a pare
mim E = 4º To = Ly (8.5)
nom da pm
Com (8.3) e (8.5), o balanço de correntes na junção central J, fica:
16 = 1, + Lg + DUO) = gap To + Galo + DoolU o) (8.6)
A parcela 1, (U,) desta equação leva em conta os portadores que forem gerados
na zona de carga espacial do “coletor”, na junção polarizada inversamente J,.
A corrente total é obtida de (8.6)
po = JodUo)
POLO + Mapa)
pap E Limpa
A corrente direta do SCR (trecho de bloqueio) é maior que a corrente residual da
junção J,, pela presença das duas junções polarizadas no sentido direto, 3, e J,
Tenha-se sempre em mente que cada valor a pode atingir, no máximo o valor 1.
(8.7)
169
SCR com corrente de controle
Aplicando-se então de controle à J,, a corrente através desta junção passa a ser
Ip + Io: À Eq. (8.6) deve ser completada, introduzindo a parcela de corrente de
elétrons que sai da base e chega ao “coletor” N, ficando então
1, == do) + %mplo + Yano + Io) (8.13)
A corrente total, I,, é dada por
LAU) + On d,
tom fade mm 19
(pap E Anpm
A Eq. (8.7) representa assim um caso especial de (8.14), com I = 0. O SCR não
disparado satisfaz, como no caso da base aberta, a condição
np E Upa < 1. (8.15)
Valendo a Eg. (8.15), são necessários portadores para recombinação (Fig. 8.13)
não podendo a zona de carga espacial de J, ser destruída.
ceicpE:
Zona de carga espacial
O —— +
o
e -
o
o
Ea
o
o+ Cai
Dh Gt
o
ol
O|—-——sa
e
h
Figura 8.13 Caminhos de corrente no SCR, circulando corrente de controle (La < 1)
172
lo di didi
8.3.2. Valores de a dependentes da corrente
Sendo ambos os valores de « constantes, haveria, então, duas possibilidades:
e tão logo se aplique tensão direta ao SCR, passa-se diretamente ao estado de
condução (com Gn + Lap E 1), OU
é o SCR não dispara, mesmo com aplicação de corrente de controle (com my +
+ Om < 1).
e ao
Uma hipótese necessária à obtenção de características como a da Fig. 8,
próprio funcionamento do SCR como comutador controlado, são fatores de am-
plificação a(15) variáveis com a corrente. A soma desses fatores
Es =p + (8.16)
mp E Ympm
deve crescer com a corrente
Zoe = fl) (8.17)
para que se tenha inicialmente, com %,y, + pm < 1, à região de bloqueio, ocor-
rendo a condição de disparo
np Sam * |
somente para valores maiores de corrente.
Os valores variáveis de « também são necessários para ligar o SCR, que inicial-
mente não dispararia (pois «sp + %p < 1), por meio de corrente de controle
suficientemente grande.
No Cap. 7 afirmou-se que o fator q vale para regime estacionário, podendo ser
decomposto em dois fatores, por (7.7):
a=B:y (8.18)
Obteve-se a equação para o fator de transporte :
p=— (8.19)
cosh
A grandeza f é pois dependente da espessura efetiva de base
We = w- da(U,) (8.20)
c do comprimento de difusão L, na base; Lé uma medida da recombinação.
O fator f não mostra dependência direta; despreza-se no caso alguma eventual
influência da corrente no comprimento de difusão. Esta grandeza cresce, porém,
com zona de carga espacial mais larga. por (8.20) e (8.19), ou seja, com maiores
tensões aplicadas.
O segundo fator, na Eq. (8.18), apresenta variações marcantes com a corrente,
especialmente nas junções reais de silício, como já foi mencionado p. 157. Anmen-
tando-se a corrente através da junção, o rendimento de emissor cresce, satisfa-
173
zendo-se já em princípio a condição
Ea =f(1).
“omo fregiientemente &, + Ynp < 1 perante baix
queio direto se torna possível,
s correntes, o trecho de blo-
As correntes que fazem atingir a condição limite &,, + %my = 1, € com isso dis-
parar o SCR, ocorrem geralmente para tensões diretas menores do que as de punch-
-through ou ruptura (U). Para que estas tensões sejam atingidas nos casos práticos,
as leis de variação de &,y & 4pmp devem ter à forma apresentada na Fig. 8.14 [31].
Escolhe-se à corrente na qual ,,, cresce rapidamente, atingindo-se a soma q, +
+ %np = 1, suficientemente alta para só ser atingida na clevação abrupta de cor-
rente, provocada pela ruptura ou por punch-through.
10—
a
I a (
oro
Figura 8.14 Dependências de 4
05 - T com u corrente, desejáveis no
| SCR
la,
apa
0 + A
101 10º 10 DA q?
em?
A forma adequada da curva de g,,, pode ser obtida, piorando artificialmente o
rendimento do emissor por meio de um resistor em paralelo com J, (Fig. 8.15).
Parte da corrente total [, flui pelo desvio e não contribui para o cfeito de emissão.
A cficácia deste circuito paralelo só se faz sentir, naturalmente, se sua condutância
for grande comparada com a da junção.
Pela característica aproximadamente exponencial da junção e as consegiientes
variações da resistência, surge uma faixa onde o resistor em paralelo predomina
(Lp Pequeno; 7, = 0), circulando a corrente total pelo desvio, e outra faixa, onde o
p N N
+ (Emissor) JJ (Emissor) —
oh
J; IJ IJ;
Figura 8.15 Redução do rendimento do emissor. y,, pelo desvio de parte da corrente de 3,
174
desvio praticamente não influi (Ip grande; y, = 1), passando toda a corrente pela
junção. Entre essas duas faixas de corrente, existe uma terceira, relativamente
estreita, onde se passa de 7, = 0 para y, X 1.
Nos componentes reais, a resistência paralela desejada se distribui uniformemente
sobre toda a superfície do emissor N. Esta disposição é chamada — na verdade,
não com toda exatidão — emissor em curto-circuito (shorted-emitter).
8.3.3. Sentido direto
Como já se deu a entender na p. 170, o SCR se comporta, após a ligação, como
um retificador de três camadas com injeção forte (p. 111 e seguintes). É o que ocorre
em muitos casos, pois após o disparo circulam correntes relativamente clevadas,
satisfazendo a condição de injeção forte. As concentrações de dopagem, n,- € np+,
podem então scr desprezadas em comparação com n e p; como na região central
do retificador de três camadas, com elevada corrente direta, valen = p > n,- ou
hp, respectivamente (Fig. 8.16). Torna-se sem importância o tipo de dopagem da
região central, e o próprio fato de haver uma junção na região central (J,) não influi
mais.
Pode-se observar a verificação experimental destas considerações na Fig. 8.17 [32].
Esta ilustração mostra que a característica direta de retificadores de três camadas
PYNN* e de retificadores controlados PNPN não apresentam diferença, tendo
ambas as estruturas as mesmas dimensões geométricas, principalmente a mesma
espessura da região central, e com a mesma tecnologia de confecção.
&p N P nto
E
+4p+
=
Retificador controlado Retificador de três camadas
Figura 816 Distribuição de portadores na região central sob injeção forte, no retificador
controlado (esquerda) e no de três camadas (direita)
175
1000
0 05 10 v 15
—»
Figura 8.17 Características medidas em retificadores controlados (pontos experimentais)
o retificadores de três camadas (linha cheia), com mesmas dimensões geométricas
8.3.4. Sentido inverso
O comportamento do retificador controlado quanto à aplicação de tensão no sen-
tido (de bloqueio) direto já foi descrito. Mencionou-se apenas a tensão inversa;
nesse caso (Fig. 8.18), as junções J, e J, estão polarizadas inversamente, e a junção
central J, no sentido direto. Como o perfil de dopagem do SCR real mostra (Fig.
8.19), há concentrações muito elevadas de ambos os lados de J;: a máxima tensão
inversa desta junção é pois de apenas alguns volts, Estando ainda a junção, fregiien-
temente, em paralelo com um resistor, como se afirmou na p. 174, ela pode ser ima-
ginada como um curto-circuito. A descrição do comportamento pode-se restringir
ao transistor PNP restante.
Como se pode ver na Fig. 8.18, praticamente toda a tensão inversa está aplicada
sobre J,; surge uma zona de carga espacial na região N da base, de dopagem fraca.
A junção central funciona como emissor, e a região P da esquerda como coletor.
*Os perfis de concentração não-homogêncos, provocados pelos processos de difusão. não
comprometem muito esta afirmativa; pode-se seguir as considerações usadas para regiões
homogêncas
176
Zona de carga espacial
h
+
— Emissor P Emissor N +
«ss o [os
Figura 8.18 Correntes no tiristor (SCR) com tensão inversa
Pode-se escrever a equação de balanço de correntes como a da p. 169, nesse caso
para a junção J,:
REA AUD = Emp Ta E Hd). (821)
Donde se tira a corrente residual inversa Ip:
IolU,) designa a parcela de corrente inversa que aparece na junção de coletor (J,),
apresentando dependência da tensão aplicada U, = Up.
A corrente pode atingir valores elevados quando «,,, se aproxima da unidade, Tal
pode acontecer, por exemplo, quando a carga espacial assume quase toda a largura
da base N. Normalmente, a elovação abrupta de 1, pela subida de f,9, está con-
dicionada à ruptura.
Ao contr:
região P (à esquerda de J, na Fig. 8.19) atingem a base Ne a zona de cars
de J,. Não há outra fonte para a outra espécie de portadores.
jo do que acontecia na polarização direta (p. 169), apenas lacunas da
a espacial
Ma Mp4 DR
10%
Figura 819 Portilde dopa [PU fo
gem no SCR real qt «-——+ Í
% Mn I 3;
—— Distância x
pode ser comparada à carga de um capacitor, podendo-se empregar a seguinte
relação (veja a p. 96):
dU,
dr
A capacitância C depende da tensão, pois a largura da zona de carga espacial é
função da tensão aplicada, por (4.159), tendo-se por (4.161) a relação
1
da
No começo do processo, quando se tem ainda uma pequena tensão aplicada exter-
namente, a zona de carga espacial ainda é estreita (Fig. 4.6) c a capacitância C,
segundo (8.24), muito alta.
I=C(U)- (8.23)
Canis (8.24)
Com tensão crescente, a zona de carga espacial torna-se mais larga. A capacitância
€ a corrente, por (8.23), tornam-se menores, com dU/dt constante. Podem ocorrer
clevados impulsos de corrente, se o SCR sem carga receber uma tensão com ele-
vação abrupta (dU,/dt grande). Tais impulsos podem, no sentido direto, conduzir
ao disparo, através da dependência de a com a corrente. A amplitude do impulso
de corrente, com dUp/dt constante, diminui quando o SCR já estiver polarizado
inversamente, pois a capacitância “inicial” se torna menor, por (8.24).
Em muitas aplicações, procura-se evitar que o SCR dispare com picos abruptos
de tensão. Uma proteção eficiente contra disparo descontrolado por grandes dUp/dt
é dada pelo emissor “em curto”. O efeito do “curto” é exatamente o mesmo descrito
na p. 175.
8.4.2. Retardos do disparo
Aplicando-se uma corrente de controle suficientemente grande (p. 173), com te
direta ao SCR, induz-se o disparo; mas o SCR não atinge imediatamente a condição
estacionária de condução direta. Nesse caso, os retardos já mencionados no reti-
ficador de três camadas têm grande importância.
Inicialmente, o disparo ocorre como já se mostrou a partir da p. 166 (Fig. 8.7):
fluem elétrons e lacunas, de ambos os emissores para as duas bases centrais. As
concentrações crescem nas regiões centrais, destruindo-se finalmente a zona de
carga espacial em J,. Os acréscimos restantes nas concentrações de portadores
da região central prosseguem de modo semelhante ao do retificador de três camadas,
apresentado na Fig. 6.5, até se atingir a condução direta estacionária. O tempo
necessário se relaciona com o tempo de vida 1.
O rendimento da corrente de controle, isto é, a injeção de elétrons do emissor N,
é limitada nos SCR reais pela geometria do emissor nas vizinhanças do eletrodo
de controle de modo que o processo de disparo se limita inicialmente a pequenas
*O valor final da tensão que varia com o tempo pode estar situado consideravelmente abaixo
da máxima tensão inversa estacionária
182
porções do emissor. Como já se disse na Seç. 7.7, a geometria do emissor e do eletrodo
de controle é determinante dessa distribuição não-homogênea da corrente de con:
trole.
A maior elevação de concentração de portadores, segundo a p. 158, se dá nas porções
do emissor muito próximas à base (gate). Nessa área relativamente pequena do
emissor N, inicia-se o processo de disparo: a corrente total flui por uma superfície
pequena (Fig. 8.25).
Figura 8.25 Distribuição ir-
regular da corrente de carga
do SCR, após a ligação
Dois efeitos expostos a seguir, combinam-se na ligação do SCR.
e Por um lado, a distribuição de portadores na região central não corresponde ao
regime estacionário relativo à corrente em cada instante; ocorrem assim tensões
diretas mais altas, como no retificador de três camadas (veja a p. 128).
e Por outro lado, toda a corrente de carga circula por pequena área dos eletrodos,
com altas densidades de corrente é (segundo a p. 124) maiores quedas de tensão.
Com subidas muito rápidas da corrente de carga, resultam assim aquecimentos loca
lizados muito altos por unidade de área, que podem danificar o componente*
A Fig. 8.26 mostra curvas típicas de variação de corrente, tensão c potência dissipada,
após aplicação da corrente de controle.
A região inundada pelos portadores se expande radialmente, abrangendo por fim
toda a área dos eletrodos. Em retificadores controlados de grande área, as pro
priedades de condução estacionária só são atingidas após aproximadamente 100 jus.
A subida da corrente de carga com o tempo, que pode ser caracterizada pelo valor
dI/di, precisa ser limitada pelo circuito (por exemplo, indutâncias) a valores que
não danifiquem o componente. Os SCR de potência, disponíveis hoje em dia, su
portam valores de d!,/dt da ordem de 200 A/ys. Esse valor é praticamente inde
pendente da área dos eletrodos, pois o processo de disparo é induzido nas vizi
nhanças do eletrodo de controle.
*A potência resultante tem de ser suportada pela pastilha de silício praticamente sozinha, pois
a condução térmica pelo invólucro é desprezível nos primeiros microssegundos
183
|
|
|
A
a Figura 8.26 Tensão, cor-
=. tente e dissipação de po-
tência no disparo do SCR
5% ny
a
8.4.3. Tempo de recuperação
Como se afirmou no início da Seç. 4, o desligamento também é influenciado pelo
retardo dos portadores. A grandeza característica associada é o tempo de recupe-
ração , que é o intervalo de tempo necessário para que o SCR que estava condu-
zindo no sentido direto possa ser novamente submetido a uma tensão direta com
bloqueio, sem disparo espontâneo (Fig. 8.27). Para se esclarecer o significado de t,.
pode-se retomar a consideração usada ao se descrever os processos de desligamento
e de comutação do retificador de três camadas, da p. 131. Os portadores armaze-
nados na região central do SCR ou do retificador pela polarização direta não podem
desaparecer subitamente após a interrupção no circuito. Na p. 134, porém, mostra-se
como a tensão inversa pode remover os portadores da região central. Nos retifi-
cadores de três camadas, com região central do tipo N, isto só era possível com
Desl. Disparo incorreto,
Li Liga [Des com tempo de recuperação
muito pequeno
Corrente Corrente ps
deretorno ||
- T
Í Figura 827 ão do te
rempodé Figura 27 Definição do tempo
n [Tendo ecipsiição o recuperação t,
Ia mho
LÁ
im
; —t
ol
Retardo de bloqueio
184
limitações, e nas estruturas de SCR hoje em uso, determinadas pela tecnologia de
fabricação, o esvaziamento por aplicação de tensão inversa tem sucesso muito
reduzido (veja, por exemplo, [21]).
À concentração de portadores só se reduz, praticamente, pelo predomínio da recom-
binação sobre a geração de pares. A constante de tempo envolvida, como no caso
do retificador de três camadas (Fig. 6.7), é o tempo de vida t. Somente após um
tempo de r x 107, é atingido de novo o equilíbrio térmico na região central do com-
ponente. A constante de tempo 1 é, pois, determinante também para o tempo de
recuperação 1,. Esse tempo pode ser influenciado colocando-se centros de recom-
binação adicionais na região central, reduzindo-se 7. veja a p. 44 e (3.46). (3.47).
O tempo de recuperação do retificador controlado determina entre outros aspectos
à máxima freqiência em que pode ser usada*. Se o semiciclo negativo da tensão
alternada for mais curto que o tempo de recuperação, não se pode esperar funcio-
namento correto.
8.5. Regras de dimensionamento
Como sc pode ver nas seções anteriores, existem os pontos importantes a serem
considerados no dimensionamento do retificador controlado de silício.
Tensão mais alta pode ser atingida por bases mais espessas, segundo a p. 179. Boas
caracteristicas de condução, ou seja, dissipação baixa no estado ligado, só são pos-
síveis quando a razão wy/L, se situa o mais possível entre 1 e 2 (pp. 179 e 180). Para
bases espessas, é necessário maior comprimento de difusão L,, ou seja, maior tempo
de vida 7.
Sendo necessário empregar SCR em frequências mais altas, precisa-se de tempos
de vida mais curtos, segundo 8.4.3, Para dada espessura de base, as características
diretas são inferiores. Diminuindo-sc a espessura de base na mesma proporção que
o comprimento de difusão, obtém-se menor tensão de bloqueio
Como se pode ver, não se pode cvitar adoção de regras de dimensionamento di-
Icrentes para atingir características ótimas, de acordo com a aplicação prevista.
“Em muitos casos, é necessário reduzir ainda mais a fregiência máxima de operação. por
causa das perdas na ligação, ou pelo menos aceitar uma redução da máxima corrente (direta)
185
Símbolos usados
BARASDOOO
& E
Área, seçã
Frente esquerda de esvaziamento
Frente direita de esvaziamento
Capacitância de carga espacial
Capacitância de carga espacial diferencial
Coeficiente de difusão dos elétrons
Coeficiente de difusão das lacunas
Largura da zona de carga espacial
Largura da zona de carga espacial na região N
Largura da zona de carga espacial na região P
Largura da zona de carga cspacial de coletor na base do transistor
Campo elétrico
Campo elétrico no limite de dopagem
Campo crítico
Campo máximo
Campo elétrico inverso
Campo elétrico provocado por tensão direta
Campo elétrico direto ou de condução
Campo elétrico provocado por tensão inversa ou de bloqueio
Campo elétrico na junção PN, em equilíbrio
carga elementar (= 1,6 x 101º AS)
Coeficiente de emissão nas reações entre impurezas e banda de condução
Cocficiente de emissão nas reações entre impurezas e banda de valência
Razão de geração de pares
Razão de geração de pares na presença de impurezas
Corrente
Corrente de base de transistor
Corrente de coletor
Corrente residual da junção de coletor do transistor
Corrente de emissor do transistor
Corrente direta nos retificadores PN e de três camadas
Corrente residual no sentido direto
Corrente inversa no SCR
Corrente de condução direta
Corrente de retorno
Correntes residuais nas junções do SCR
Densidade de corrente
Densidade de corrente de coletor
no transistor
| no tiristor
Densidade de corrente de emissor
Densidade de corrente direta ou de condução
Densidade de corrente de elétrons
Densidade de corrente de difusão de elétrons
Densidade de corrente de campo de elétrons
Densidade de corrente de saturação de elétrons
Densidade de corrente de lacunas
Densidade de corrente de difusão de lacunas
Densidade de corrente de campo de lacunas
Densidade de corrente de saturação de lacunas
Densidade de corrente inversa
Parcela de densidade de corrente inversa da região P
Parcela de densidade de corrente inversa da região N
Parcela de densidade de corrente da zona de carga espacial
Constantes de massa efetiva
Constante de Boltzmann (: 1,38 x 10723 J/K)
Comprimento de difusão ambipolar
Comprimento de difusão dos clétrons
Comprimento de difusão das lacunas
Fator de multiplicação
Concentração de elétrons
Concentração de aceitadores ionizados
Concentração de elétrons na base do transistor
Concentração de doadores ionizados
Concentração de elétrons na base do transistor em equilíbrio
Concentração de elétrons no coletor do transistor, em equilíbrio
Concentração de elétrons no emissor do transistor em equilibrio
Concentração intrinseca ou de inversão
Concentração de elétrons na região central do retificador de três
camadas
Concentração de elétrons na região tipo N
Concentração de elétrons na região tipo P
Concentração de elétrons na região tipo N, em equilíbrio
Concentração de clétrons na região tipo P em equilíbrio
Concentração total de impurezas
Concentração de impurezas ionizadas (carregadas)
Concentração de impurezas neutras
Concentração de elétrons no equilíbrio
Concentração de lacunas
Concentração de lacunas no equilíbrio
Concentração de lacunas na base do transistor em equilíbrio
Concentração de lacunas no coletor do transistor em equilíbrio
Concentração de lacunas no emissor do transistor em equilíbrio
Concentração de lacunas na região central do retificador de três camadas
Concentração de lacunas em região tipo N
Concentração de lacunas em região tipo N, em equilíbrio
187
Kfetiva, área de emissor, 159
espessura de base, 107
Elétrons, comprimento de difusão,
densidade de corrente, 51, 52.
fixos, 11,79
livres, 11, 79
mobilidade, 26
pontes de pares, 10
volt, 19
Emissão, coeficiente, 39
Emissor, 142, 166
efeito, 78
eficiência, 145
Energia, banda permitida, 16
banda proibida, 16
de centro de recombinação, 37
nível de impureza dopante, 37
Equilíbrio térmico, 21, 32, 36, 53, 55,
125
concentrações, 22
Estacionário, regime, 36, 43, 64, 68
regime nã
Fósforo na rede de silício, 24
Garagem, modelo de Shock
Hall-Shockley-
Read, modelo, 38
Ideal, transistor, 144
Impureza, 37
condução por, 24
Indutivo, comportamento, 130
Injeção, fraca, 45, 67, 106
forte, 45,99, 111
Intrínseca, condutividade, 24
Inversão, densidade, 22
Isolante, 17
Junção, 49
abrupta, 52, 59
difundida, 62
Lacuna, 13
comprimento de difusão, 72
densidade de corrente, 51, 52
gradiente de concentração, 67, 70, 108
mobilidade, 28
perfil de concentração, 117
Majoritário, portador, 28
Massa efetiva, constante, 39, 40
Metal, 18
Minoritário, portador, 28, 53
192
Mobilidade, 20
de elétrons, 26
de lacunas, 28
Monocristal, 10
Multiplicação, fator, 95
N, silício tipo, 25
N, região neutra, 58
Neutra, região, 58
Neutralidade, condição, 22, 45, 53, 67,
112
Normal, polarização do transistor, 148
Ohm, lei, 20
P, região neutra, 58
Pares, geração, 21, 32, 37.63, 83
Partículas, corrente, 34,49, 50,51, 113
Perfil de concentração, lacunas, 67. 70,
108, 117
clétrons, 67, 70, 108, 117, 147
PN, estrutura, 49
Poisson, equação, 57
Polarização inversa, diodo, 49
Portadores, aumento da concentração,
65, 67, 74, 89
efeito de acumulação, 139
redução da concentração, 82, 89, 147
Potencial, 56, 58,
diferença, 56, 85, 121
Punch-through, tensão, 152
de portadores, 50
densidade de corrente, 52
Reação, equações, 38
Real, transistor, 144
Realimentação, 167
Receptor, 28, 52
Recombinação, 21, 32,63
centros, 37
coeficiente, 22
excesso, 34, 36, 42, 45, 78, 82, 118
radiação, 21, 117
razão, 22, 24, 33, 34, 38,67
Recuperação, tempo, 184
Resistividade, 20, 24, 102, 179
Retorno, corrente, 133
Ruptura, 95
Saturação, densidade de corrente, 72
Schottky, aproximação, 58, 59, 65
Semicondutor, intrínseco, 10
dopado, 10, 29
Sentido, 49
Shockley, modelo de garagem, 17, 25,
27,28
Temperatura, tensão, 51
Tempo de vida de lacunas, 47
de elétrons, 46
Thp 48, 129
Tensão, queda, 119
máxima inversa, 95
retificador de três camadas, 175
SCR, 178
transistor, 152
Térmica, oscilação, 11
Térmico, equilíbrio, 21, 32, 36, 52, 125
Transporte, fator, 145, 155, 173
Valência, banda, 16
elétrons, 9, 79
ligação, 10
Zencr, efeito, 95
193
Este trabalho foi elaborado pelo processo de Forocomposição
Monophoto - no Departamento de Composição da Editora
Edgard Blúcher Ltda. - São Paulo - Brasil
impresso nas Oficinas
da
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