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Guias e Dicas
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Biomecanica da Musculação - Mauricio Arruda, Notas de estudo de Fisioterapia

Biomecanica da Musculação

Tipologia: Notas de estudo

2012
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Compartilhado em 26/01/2012

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Baixe Biomecanica da Musculação - Mauricio Arruda e outras Notas de estudo em PDF para Fisioterapia, somente na Docsity! biomecânica , biomecânica da | RA DEDICATÓRIA Dedico este livro a todas as pessoas que influenciam minha vida: à minha querida esposa Roberta, que sempre me incentiva e tem marcante colaboração em meus projetos, profissionais; à minha mãe Nilze, que sempre esteve ao meu lado em todos os momentos e é um exemplo de mulher; a meu pai José Murillo que, por ser um excepcional pai e professor universitário de Educação Física, é minha inspiração e orgulho tanto em minha vida profissional como pessoal; aos meus irmãos Maria Rita, Denise, Raquel e Marcelo pelo amor que têm por mim. APRESENTAÇÃO A biomecânica é uma das áreas da cinesiologia que melhor proporciona um profundo entendimento sobre o movimento humano. O conhecimento de vários princípios biomecânicos favorece a qualidade do programa de treinamento resistido, por proporcionar uma capacidade, ao profissional, de discemir e prescrever os melhores exercícios para cada cliente. Este livro foi elaborado para colaborar com os profissionais que trabalham com exercícios resistidos, tanto na prescrição do exercício como na orientação da técnica correta e eficiente, através do conhecimento biomecânico dos aparelhos utilizados em musculação e de alguns dos exercícios mais executados pelos praticantes de exercícios resistidos. O primeiro capítulo proporciona a base biomecânica do movimento humano relacionada ao treinamento de força e dos diversos aparatos utilizados atualmente no treinamento resistido. Os capítulos seguintes são análises biomecânicas de exercícios de musculação, utilizando os princípios biomecânicos comentados no capítulo 1, portanto, a prévia leitura do primeiro capítulo é fundamental para um bom entendimento das análises dos exercícios nos capítulos subseqüentes. Boa leitura! Maurício de Arruda Campos Sumário DEDICATÓRIA ....................................................................................................... 5 APRESENTAÇÃO .................................................................................................. 6 PARTE 1: BIOMECÂNICA ..................................................................................... 9 Capítulo 1............................................................................................................. 10 Bases Biomecânicas da Musculação ................................................................ 10 Cinemática - Descrição de Movimento........................................................... 10 Principais Tipos de Movimento do Corpo Humano ........................................ 10 Localização do Movimento............................................................................. 11 Articulações: Movimentos e Amplitudes......................................................... 12 Cinética: Análise de Forças............................................................................ 18 Tipos de Dispositivos para Treinamento Resistido ........................................ 33 PARTE 2: O MEMBRO INFERIOR....................................................................... 38 Capítulo 2............................................................................................................. 39 O Tornozelo ......................................................................................................... 39 Exercícios para o Tornozelo .............................................................................. 39 Flexão Plantar com o Joelho Estendido......................................................... 39 Flexão Plantar com o Joelho Flexionado ....................................................... 41 Flexão Dorsal ................................................................................................. 42 Capítulo 3............................................................................................................. 44 O Joelho............................................................................................................... 44 Exercícios Para o Joelho ................................................................................... 44 Extensão do Joelho na Cadeira Extensora .................................................... 44 Flexão do Joelho na Mesa Flexora ................................................................ 47 Flexão do Joelho na Cadeira Flexora ............................................................ 50 Capítulo 4............................................................................................................. 52 O Quadril e a Pelve.............................................................................................. 52 Exercícios para a Articulação do Quadril e Pelve .............................................. 52 Flexão do Quadril ........................................................................................... 52 Extensão do Quadril no Aparelho (em Pé)..................................................... 54 Extensão do Quadril no Aparelho (em Decúbito Ventral)............................... 57 Adução do Quadril ......................................................................................... 58 Adução na Cadeira Adutora ........................................................................... 59 Abdução do Quadril ....................................................................................... 60 Abdução na Cadeira Abdutora ....................................................................... 62 Capítulo 5............................................................................................................. 63 Exercícios Combinados...................................................................................... 63 Exercícios Combinados de Quadril e Joelho ..................................................... 63 Agachamento Com Barra............................................................................... 63 Agachamento Horizontal com aparelho ......................................................... 65 PARTE 3: O TRONCO.......................................................................................... 70 Capitulo 6............................................................................................................. 71 Exercícios Abdominais....................................................................................... 71 Flexão da Coluna............................................................................................... 71 Análise Biomecânica do Exercício ................................................................. 72 Flexão da Coluna no Aparelho .......................................................................... 73 Capítulo 1 Bases Biomecânicas da Musculação Cinemática - Descrição de Movimento O esqueleto humano é um sistema de componentes ou alavancas. Uma alavanca pode ter qualquer forma, e qualquer osso longo pode ser visualizado como uma barra rígida que pode transmitir e modificar força e movimento. A cinemática envolve termos que permitem a descrição do movimento humano. As variações cinemáticas para um dado movimento incluem: a) O tipo de movimento que está ocorrendo. b) O local do movimento. c) A magnitude do movimento. d) A direção do movimento. Principais Tipos de Movimento do Corpo Humano Há dois tipos principais de movimento que podem ser atribuídos a quase todos os ossos (ou caminhos que um osso pode percorrer). O esqueleto humano é composto de pequenas alavancas ósseas. Pode-se descrever a trajetória feita pelo corpo como um todo ou descrever a trajetória feita por uma ou mais de suas alavancas componentes. Movimento Rotatório (angular) - é o movimento de um objeto ou segmento em volta de um eixo fixo (ou relativamente fixo), percorrendo uma trajetória curvilínea. Figura 1 A flexão da coluna é um exemplo de movimento rotatório Movimento Translatório (linear) - é o movimento de um objeto ou segmento em uma linha reta. Cada ponto do objeto move-se através da mesma distância, ao mesmo tempo, em trajetórias paralelas. Movimentos translatórios verdadeiros de uma alavanca óssea, sem a concomitante rotação articular, podem ocorrer em pequena extensão, quando um osso é puxado para longe de sua articulação (descompressão) ou empurrado diretamente no sentido desta articulação (compressão). Figura 2a Forças compressivas Figura 2b Forças descompressivas na coluna vertebral Embora pensemos nos músculos como estruturados para realizar movimentos de rotação articular, é importante lembrar que muitas forças exercidas no corpo (incluindo as forças musculares) têm componentes que tendem a produzir movimentos não só rotatórios como translatórios. Os movimentos translatórios nas articulações do corpo humano, até quando realizados em pequenas magnitudes, são importantes para entendermos o estresse e a estabilidade articular. Localização do Movimento Uma descrição cinemática de um movimento deve incluir os segmentos e articulações sendo movidas, bem como o lugar, ou plano, do movimento. Os planos de movimento são chamados de transverso, sagital e frontal. Os movimentos de flexão, extensão e hiperextensão, por exemplo, são realizados no plano sagital e possuem um eixo frontal. A flexão lateral, adução e abdução são realizadas no plano frontal (ou coronal) e sobre o eixo sagital. A maioria dos movimentos de rotação medial e lateral é realizada no plano transverso e sobre o eixo longitudinal (ou vertical). Articulações: Movimentos e Amplitudes O conhecimento dos movimentos possíveis e seguros de cada articulação do corpo humano, bem como dos graus de amplitude de cada movimento articular, proporciona uma importante diretriz para uma correta análise biomecânica e, conseqüentemente, cinesiológica. As principais articulações relacionadas à maioria dos movimentos do corpo humano, durante exercícios de musculação, estão descritas a seguir. Tornozelo - Esta articulação realiza movimentos de dorsiflexão (ou flexão dorsal), flexão plantar, inversão e eversão. O movimento de dorsiflexão é realizado numa amplitude média de 15°- 20° (15° com o joelho estendido e 20° com o joelho flexionado). A amplitude de movimento para a flexão plantar é de aproximadamente 45°. A dorsiflexão e a flexão plantar acontecem no plano sagital sobre o eixo frontal. Os movimentos de inversão e eversão, apesar de ocorrerem na articulação subtalar, são geralmente considerados como movimentos do tornozelo. Joelho - Articulação do tipo gínglimo (ou dobradiça) modificada. Os movimentos desta articulação são flexão, extensão, rotação medial e rotação lateral. A amplitude de movimento para a flexão do joelho é de 140°. A rotação ocorre durante os movimentos de flexão e extensão do joelho e é realizada entre a tíbia e o fêmur. Com o fêmur fixo, o movimento que acompanha a flexão é uma rotação medial da tíbia sobre o fêmur; com a.tíbia fixa, o movimento que acompanha a flexão é uma rotação lateral do fêmur sobre a tíbia. Com o fêmur fixo, o movimento que acompanha a extensão é uma rotação lateral da tíbia sobre o fêmur; com a tíbia fixa o movimento que acompanha a extensão é uma rotação medial do fêmur sobre a tíbia. Quadril - Articulação do tipo esferóide formada pela fossa do acetábulo e a cabeça do Fêmur. Os movimentos desta articulação são: flexão, extensão, abdução, adução, rotação medial, rotação lateral, circundução. A amplitude média para flexão é de 145°. Esta amplitude pode diminuir no caso de uma grande hipertrofia dos flexores do cotovelo e dos flexores do punho. Rádio-Ulnar - Articulação que realiza os movimentos de pronação (rotaçãomedial do rádio sobre a ulna) e supinação (rotação lateral do rádiosobre a ulna). A amplitude normal de movimento é 90° para ambos osmovimentos. É muito comum a confusão entre rotação medial do ombro e pronação ou rotação lateral do ombro e supinação. Para a correta análise destes movimentos, o observador deve focalizar a alavanca óssea que se movimenta. Na rotação medial ou lateral do ombro, o úmero necessariamente se movimenta. O mesmo não acontece se a rotação acontecer na articulação radio- ulnar onde o rádio é que se movimenta. Punho - Os movimentos desta articulação são flexão, extensão, adução, abdução e circundução. Partindo da posição zero (anatõmica), o punho realiza aproximadamente 80° de flexão, 70° de extensão, 35° de adução e 20° de abdução. Quando o punho se desloca medialmente, com a articulação rádio-ulnar em pronação, o movimento também se chama abdução. Apesar de a mão estar se aproximando da linha mediana, a articulação rádio-ulnar, nesta situação, não está em supinação (posição anatômica desta articulação). Movimentos articulares no plano sagital (com o eixo frontal) flexão dorsal flexão plantar Tornozelo extensão (m» “exão Coluna Ombro Movimentos articulares no plano frontal (com o eixo sagital) E Sa ab dução Tomozelo Quadril (fig.1.8b). Centro de Gravidade no Corpo Humano Quando todos os segmentos do corpo estão combinados e o corpo é dado como um único sólido objeto na posição anatômica, o centro de gravidade fica aproximadamente anterior à segunda vértebra sacral. A posição precisa do CG para uma pessoa depende de suas proporções e tem a magnitude igual ao peso da mesma. Em outras posições do corpo humano o CG altera. A quantidade de mudança no CG depende do grau de desproporção em que o segmento se desloca. Fig. 1.9 - Centro de gravidade do corpo na posição anatômica Relação entre Estabilidade e Centro de Gravidade Para a manutenção do equilíbrio do corpo humano, a linha de gravidade deve estar, sempre, em cima da base de suporte (que no corpo humano são os pés). Quando o corpo se movimenta e o centro de gravidade se move para fora da base de suporte, o indivíduo perde o equilíbrio. Dado que a linha de gravidade (LG) deve cair sobre a base de suporte para estabilidade, dois fatores adicionais afetam a estabilidade do corpo: - O tamanho da base de suporte de um objeto. - A proximidade do CG da base de suporte Relocalização do Centro de Gravidade A localização do CG do objeto não depende somente da disposição do segmento no espaço, mas também da distribuição da massa deste objeto. Toda vez que é adicionada uma massa externa ao nosso corpo o novo CG, devido à massa adicionada, se deslocará em direção ao peso -adicional. O deslocamento será proporcional ao peso adicionado. Braço de Momento de Força Braço de Momento (BM) é a distância entre o eixo de uma articulação e o ponto de aplicação de força muscular (inserção do músculo). O braço de momento é sempre a menor distância entre a linha de ação da força muscular e o eixo articular. É achado pela mensuração do comprimento de uma linha traçada perpendicularmente ao vetor de força e intersectando o eixo da articulação. As linhas de ações de músculos raramente aproximam-se de um ângulo de 90°, o que significaria que a inserção do músculo estaria perpendicular ao osso. A maioria dos músculos tem linhas de ações que são muito próximas de paralelas aos ossos em que estão inseridos. Quanto maior for o braço de momento (BM) para um determinado músculo maior será o torque produzido pelo músculo para a mesma magnitude de força. *Importante: Dada uma constante força de contração, o torque gerado pelo músculo será o maior no ponto em que a linha de ação do músculo estiver mais longe do eixo da articulação. O braço de momento (BM) de qualquer força será o maior quando a força for aplicada a 90° ou o mais próximo possível de 90° em relação à sua alavanca. O ângulo de aplicação de força muscular não é diretamente relacionado com o ângulo articular. Fig. 1.10 - Braço de momento de força. Note que a distância “d” é a menor distância perpendicular entre a força "F" e o eixo do movimento "E" (articulação do cotovelo). Braço de Momento da Resistência Qualquer força aplicada a uma alavanca pode mudar seu ângulo de aplicação à medida que a alavanca se move no espaço. A mudança no ângulo de aplicação resultará num aumento ou diminuição no Braço de Momento (BM) da força da resistência. O braço de momento (BM) da força da resistência será o maior quando a força for aplicada a 90° em relação à alavanca. Como a gravidade sempre age verticalmente para baixo, a força da gravidade é aplicada perpendicularmente à alavanca, sempre que a alavanca está paralela ao chão. Quando uma alavanca do corpo está paralela ao chão, a gravidade, agindo naquele segmento, exerce seu máximo torque. Fig.1.13 - Os fatores que criam uma tendência de rotação no sentido da flexão são a força do bíceps e sua distancia do eixo (braço de momento de força). Os fatores que criam a tendência de rotação no sentido da extensão são o peso do objeto (na mão) e sua distância do eixo (braço de momento da resistência). Pelo fato de o torque envolver força (F) e braço de momento (BM), a quantidade de força muscular necessária para produzi-Io depende do braço de momento do músculo (distância entre a linha de ação da força muscular e o centro de rotação ou eixo) e o braço de momento da resistência. Alavancas Músculo-Esqueléticas No corpo, a maioria dos músculos opera com pequenos braços de momento, porque suas inserções estão próximas aos eixos das articulações. Como resultado, os músculos sempre produzem forças maiores do que os pesos de resistência que eles encontram. Forças de resistência, especialmente aquelas seguras pela mão, têm a vantagem mecânica de estarem a um braço de comprimento do eixo da articulação. Por isso, conclui-se que o sistema músculo-esquelético tem uma desvantagem mecânica em relação à produção de torque, mas possui outras vantagens que compensam muito esta deficiência. Entender esta vantagem envolve um maior entendimento dos sistemas de alavancas. A maioria das cadeias osteoarticulares (cadeias cinemáticas) do corpo é exemplo de alavancas de terceira classe. O eixo de rotação esta localizado em uma extremidade, a resistência (objeto sendo levantado) está próxima da outra extremidade e a força da contração muscular é aplicada entre as duas. Em alavancas de terceira classe a resistência sempre tem um braço de momento maior do que a força muscular. Por isso, a força de contração do músculo tem que ser maior do que a resistência, para compensar o pequeno braço de momento no qual ele trabalha. No entanto, as alavancas de terceira classe proporcionam vantagens em relação à quantidade e velocidade de movimento. No nosso corpo, músculos e ossos giram em torno de articulações. Desta maneira, extremidades distais podem mover-se a maiores distâncias com maiores velocidades do que partes proximais. A habilidade do sistema músculo- esquelético em levantar objetos é vantajosa, mas a habilidade em movê-Ias por grandes distâncias com grandes velocidades é até mesmo mais essencial. Outra vantagem da alavanca de terceira classe é com relação à natureza da contração muscular. Os músculos podem encurtar-se somente um pouco. Eles têm uma limitada capacidade de excursão (aproximadamente 50% do seu comprimento) então, as alavancas de terceira classe são melhores em relação a movimentos do esqueleto. O músculo pode contrair-se devagar e com uma excursão muito menor para movimentar a mão mais rápido e com grande amplitude. No gesto de trazer a mão para perto do ombro, por exemplo, os músculos flexores do cotovelo encurtam-se 1/4 ou menos do que o comprimento do deslocamento da mão. No entanto, os músculos devem gerar força bastante para compensar seu pequeno braço de momento. Fig. 1.14. Flexão dorsal do tornozelo. Note que, com um pequeno encurtamento muscular, a distância percorrida pelo pé (e resistência) é muito grande. Torques Internos e Torques Externos Dois tipos de torque - interno e externo - existem no corpo humano. Forças operando fora do corpo produzem um torque externo. Por exemplo, os torques externos produzidos por uma barra com anilhas durante o movimento de flexão do cotovelo (rosca direta). Os músculos, agindo em suas inserções nos segmentos ósseos, produzem torques internos. No exemplo da rosca direta, a barra exerce um torque no sentido da ação da gravidade e os flexores do cotovelo exercem um torque na direção oposta. Fatores de Mudanças de Torques O torque muda conforme mudam a magnitude da força e o braço de momento. Os movimentos sempre resultam em mudanças no comprimento do braço de momento (BM) e o comprimento do músculo, no começo de sua contração, afeta a quantidade de força que este pode produzir (relação força- comprimento). A combinação destas mudanças, incluindo o comprimento do músculo e braço de momento (EM) em cada ângulo do movimento, produz diferentes torques em diferentes posições articulares. Fig. 1.15 - O torque gerado pela força da contração dos flexores do cotovelo é mostrado em diferentes ângulos. Note que a maior produção de força é a 90° de flexão, quando o bíceps tem o maior braço de momento de toda a amplitude do movimento. componente rotatório e do componente translatório são inversamente proporcionais entre si, ou seja, quando há um aumento na força aplicada perpendicular à alavanca, concomitantemente, há uma diminuição da força aplicada paralela à alavanca (e vice-versa). A maior parte da força produzida por um músculo contribui muito mais para compressão (e, às vezes para descompressão) do que para rotação articular. Assim, o músculo precisa gerar uma força total maior para produzir a força rotatória necessária para movimentar uma alavanca pelo espaço. Os componentes translatórios da maioria das forças musculares contribuem para compressão articular, o que aumenta a estabilidade da articulação. Fig.1.18 - Componentes rotatório e translatório resultantes da contração do bíceps branquial. Note que o componente rotatório é sempre perpendicular ao osso onde o músculo está inserido e o componente translatório é paralelo ao osso e aumenta a estabilidade do cotovelo (compressão) nesta situação. Quanto mais perto o ângulo articular estiver do ponto em que o ângulo da inserção do músculo for 90°, mais efetiva é a força muscular em produzir movimento rotatório, ou seja, se o músculo estiver fazendo uma força perpendicular ao osso onde está inserido, toda esta força produzirá movimento rotatório e nenhum componente translatório. O ângulo de 90° em relação ao osso praticamente não acontece para a maioria dos músculos do corpo humano e este ângulo do músculo quase nunca coincide com o mesmo ângulo para a articulação. No caso da articulação do cotovelo, por exemplo, o ponto em que a inserção do músculo bíceps braquial se aproxima de 90° é também a 90° de flexão desta articulação. Já para o músculo braquial, o cotovelo flexionado a 90° não é o ponto em que a sua inserção está mais próxima de perpendicular ao osso e o mesmo acontece com o músculo braquiorradial. Fig. 1.19 - Resolução vetorial das forças aplicadas por três flexores do cotovelo (bíceps braquial, braquial e braquiorradial). Energia Elástica: Relação Força-Comprimento A relação Força-Comprimento diz que a força contrátil que um músculo é capaz de produzir aumenta com o comprimento do mesmo e é máxima quando o músculo está no comprimento de repouso, ponto onde existe a maior sobreposição dos filamentos de actina e miosina. A maior força total (força produzida no esqueleto) existe quando o músculo está em uma posição alongada. O aumento da tensão que ocorre no músculo alongado, entretanto, não é somente devido à força de contração mas também pela contribuição dos componentes elásticos nos tecidos. Em geral, a maior tensão total pode ser produzida entre 120-130% do comprimento de repouso. Fig. 1.20 - A relação força-comprimento do músculo esquelético. O aumento na tensão total é devido ao componente elástico. Insuficiência Ativa e Passiva dos Músculos Bi-articulares Insuficiência Ativa - Os músculos bi-articulares não podem exercer tensão bastante para encurtarem-se suficientemente e causarem amplitude articular total em ambas articulações ao mesmo tempo. Por exemplo, é muito difícil para o reto femural realizar força e amplitude para a extensão do joelho e a flexão do quadril ao mesmo tempo. Quando um músculo começa a atingir uma insuficiência ativa, este precisa recrutar um maior número de unidades motoras para continuar produzindo movimento eficientemente. Insuficiência Passiva - É muito difícil para um músculo bi-articular se alongar o bastante para permitir total amplitude articular em ambas as articulações ao mesmo tempo. Por exemplo, os isquiotibiais geralmente não conseguem deixar que a articulação do joelho estenda e a do quadril flexione completamente ao mesmo tempo. Os alongamentos favorecem a elasticidade muscular e, portanto, diminuem a probabilidade de insuficiência passiva precoce durante os movimentos do corpo humano, principalmente aqueles envolvendo músculos bi-articulares. Apesar de serem mais expressivas nos músculos bi-articulares, as insuficiências ativa e passiva também acontecem nos músculos monoarticulares. Um dos atributos do ritmo escápulo-umeral é prevenir o músculo deltóide (que é mono-articular) de uma insuficiência ativa durante a abdução do ombro, por exemplo. Fig. 1.21 - Exempla de insuficiência ativa e passiva dos isquiotibios atividades da vida diária o equilíbrio e estabilização são sempre necessários para total efetividade do movimento. Assim como com os pesos livres, a aceleração dos pesos influenciará na sobrecarga muscular (inércia). Há o aparecimento de momel1to, dependendo da velocidade de execução do exercício. Algumas vantagens dos aparelhos incluem: a) Segurança. O exercício torna-se um pouco mais seguro e requer menos habilidades do executante. b) Flexibilidade. Os aparelhos podem ser estruturados para proporcionar resistência para movimentos do corpo, que são dificeis de serem executados resistidamente com pesos livres. c) Facilidade de uso. É rápido e fácil escolher uma sobrecarga através da inserção de um pino nas placas. Dispositivos de Resistência Variável O torque produzido em um segmento por um grupo de músculos depende do ângulo de inserção muscular em relação ao osso e sua distância da articulação (braço de momento), bem como da relação força-comprimento dos músculos e da velocidade de encurtamento muscular. Os aparelhos de resistência variável alteram a quantidade de torque da força resistiva durante toda a amplitude do movimento articular. Estes aparelhos possuem roldanas com formas ovaladas, o que faz com que o braço de momento da força resistiva mude, conforme o cabo gira em torno da roldana, aumentando ou diminuindo a resistência durante diferentes momentos de um movimento. A vantagem é que a resistência pode ser disposta para aumentar na posição em que o músculo pode produzir o maior torque, por causa da relação força-comprimento ou do maior braço de momento. Dispositivos Isocinéticos O termo isocinético foi originalmente criado para significar uma constante velocidade de encurtamento muscular quando um segmento trabalha contra um dispositivo estabelecido para mover numa velocidade constante. Tem sido mostrado, no entanto, que a velocidade de rotação constante de um segmento não está associada com a velocidade constante do encurtamento muscular. O uso corrente do termo isocinético é aplicado à contração muscular que acompanha a constante velocidade angular de um membro. Aparelhos isocinéticos (ou resistência acomodável) controlam a taxa máxima de movimento articular, porque eles podem ser programados para uma velocidade predeterminada. A vantagem destas máquinas é que o usuário pode produzir tanta força quanto quiser por toda a amplitude do movimento que a resistência não aumentará a velocidade ou ganhará momento, como ocorre nos isotônicos. A resistência desenvolvida é projetada para igualar a força que o indivíduo aplica ao aparelho. Depois que o movimento atinge a velocidade preestabelecida, não importa quanta força você faça contra o aparelho, ele fará a mesma força na direção oposta (igual força de reação) mas não se moverá mais rápido. Assim, o aparelho permite o desenvolvimento de máxima tensão muscular por toda a amplitude do movimento articular. Este tipo de aparelho não é somente utilizado para exercícios resistidos mas também para diagnosticar fraqueza muscular e avaliar o progresso no processo de reabilitação. Dispositivos Assistidos por Computador Os aparelhos computadorizados podem ser uma alternativa para os dispositivos isocinéticos para acomodar o treinamento resistido. Durante o curso de uma repetição, o computador adapta a resistência à curva de força do executante, alterando a resistência de acordo com a curva. Estes aparelhos podem ser ajustáveis na resistência, na velocidade, na potência, acelerações, desacelerações e amplitudes de movimentos. Além disso, o computador armazena dados como repetições, séries, trabalho por semana, por mês, entre outras variáveis. Ainda pode-se saber o volume de treinamento de um dia para o outro ou de uma semana ou mês para o outro, melhorando muito o controle do treinamento, o que facilita a periodização. Dispositivos Elástico-Resistidos Os exercícios realizados com o uso de elásticos proporcionam pouca resistência no começo e muita resistência (de acordo com a espessura e propriedades do elástico) no final do movimento, pois a resistência é proporcional à distância que o elástico é alongado. O uso de elásticos possui duas limitações: a) O aumento da resistência acontece no final da amplitude articular, quando a capacidade de produção de força do sistema muscular diminui. b) Os aparelhos que utilizam este dispositivo são limitados quanto ao número de elásticos, que podem ser fixados no aparelho e/ ou quanto à variação da espessura dos elásticos utilizados (elásticos mais espessos proporcionam maior resistência). É necessário levar o calcanhar para baixo da posição neutra antes de começar o exercício, para que os músculos comecem a flexão plantar partindo de pré-estiramento (dorsiflexão), favorecendo, assim, a relação força-comprimento e a total amplitude de movimento desta articulação. A posição de pré-estiramento no começo do exercício se assemelha à posição em que o tornozelo fica antes de realizar qualquer movimento de flexão plantar, partindo do solo, nos esportes. A única diferença é que, numa cadeia cinemática fechada, em vez de o calcanhar ficar abaixo da horizontal, a tíbia é que se projeta na direção do solo na intenção de aumentar à dorsiflexão e preestirar o gastrocnêmio e o sóleo. Para o completo desenvolvimento muscular é necessário que o movimento seja realizado na maior amplitude articular permitida por esta articulação. O músculo gastrocnêmio é bi-articular e por isso realiza flexão plantar do tornozelo e flexão do joelho. Apesar de este músculo ser principalmente um flexor plantar, os movimentos de flexão do joelho devem ser executados para desenvolvê-Io totalmente. O equilíbrio não é necessário, quando este exercício é executado no aparelho, diminuindo, assim, a ação dos músculos estabilizadores. Portanto, para o desenvolvimento deste grupo muscular, no intuito de melhorar um gesto esportivo, o exercício mais indicado é a flexão plantar com peso livre. O exercício exige equilíbrio e a participação dos estabilizadores, o que se assemelha mais com o gesto esportivo. Se o executante não conseguir realizar uma grande dorsiflexão antes de começar o movimento, por causa de insuficiência passiva do gastrocnêmio, é necessário realizar exercícios de alongamento espe cíficos para este músculo. Quando este exercício é realizado com o joelho em flexão, o gastrocnêmio não consegue realizar o movimento com eficiência, por causa de uma insuficiência ativa. Há um grande componente translatório de compressão durante toda a amplitude do movimento. Isto favorece a estabilidade da articulação do tornozelo. Flexão Plantar com o Joelho Flexionado Este exercício é parecido com o anterior, porém, com o joelho em flexão. Apesar de o movimento para o tornozelo ser idêntico, a posição do joelho influencia bastante na ação muscular. Análise Biomecânica do Exercício O maior braço de momento da resistência acontece quando os pés estão na posição horizontal, diminuindo no sentido superior e inferior a este ponto. Este exercício isola o músculo sóleo porque, como o músculo gastrocnêmio é bi-articular, a flexão do joelho favorece sua insuficiência ativa, tornando-o ineficiente em realizar a flexão plantar e favorecendo a ação do músculo sóleo, que somente cruza a articulação do tornozelo. Se a plataforma de apoio dos pés for inclinada para baixo (dos dedos para o calcanhar), ela favorece uma maior amplitude de dorsiflexão do tornozelo no começo do movimento. Este exercício também pode ser realizado com uma barra apoiada sobre os joelhos flexionados e com os pés em cima de uma plataforma. Neste caso, para maior eficiência biomecânica do exercício, a barra deve ser colocada o mais próximo possível da articulação do joelho. A distância que as anilhas estão colocadas na barra (mais próximas do joelho ou mais em direção às extremidades da barra) não altera a intensidade do exercício. Flexão Dorsal Este exercício é fundamental para adquirir ou manter o equilíbrio entre os pares antagônicos da articulação do tornozelo (gastrocnêmio e sóleo e tibial anterior). O equilíbrio de forças entre os pares antagônicos é essencial para a integridade da articulação e diminuição dos riscos de lesão. Análise Biomecânica do Exercício Como na flexão plantar, a posição de maior torque da resistência é quando os pés estão paralelos ao chão. Como o tornozelo só realiza uma amplitude média de 15°-20° de dorsiflexão, o exercício deve ser realizado partindo-se de flexão plantar, o que aumenta a amplitude do movimento em mais 45° aproximadamente. Para que a flexão dorsal seja realizada com maior amplitude, o joelho deve ficar ligeiramente flexionado, caso contrário, o gastrocnêmio impedirá alguns graus de dorsiflexão por causa de insuficiência passiva (pela exigência de elasticidade do gastrocnêmio no joelho e no tornozelo ao ,mesmo tempo). Seta para cima =força de reação do apoio Seta para baixo =força do quadríceps Traço=ponto de maior tensão de distorção do fêmur Análise Biomecânica do Exercício O maior braço de momento da resistência neste exercício é entre 45° - 50°. O ponto de maior braço de momento do quadríceps, devido à posição da patela, é entre 45°-60°. Um aparelho de musculação equipado com uma roldana do tipo' cam' aumenta o raio da roldana durante estes ângulos. O apoio das costas deve ser um pouco inclinado, para que o executante possa realizar uma ligeira extensão do quadril, o que favorece a ação do músculo reto-femural (principalmente no final da extensão), por causa da relação força- comprimento. Se o quadril é mantido a 90° durante toda a excursão do movimento, o reto-femural atinge uma insuficiência ativa nos últimos graus da extensão (por estar encurtado no quadril e realizando a extensão do joelho). Neste caso, os vastos é que conseguem realizar o maior torque do final da extensão ou o reto femural recrutará um número muito maior de unidades motoras para conseguir realizar o movimento com eficiência. Se o executante não possuir muita flexibilidade, como é o caso da maioria dos iniciantes, o exercício não será realizado na maior amplitude de movimento permitida pelo aparelho, por causa de uma insuficiência passiva dos isquiotibiais que, por já estarem alongados no quadril, impedem a completa extensão do joelho. Este é mais um motivo para que o encosto das costas seja um pouco inclinado, pois mantém um pouco de extensão do quadril, diminuindo a insuficiência passiva dos isquiotibiais na extensão do joelho. A patela tem a função de polia anatômica que mantém a linha de ação do quadríceps um pouco mais longe do centro de rotação do joelho, aumentando, assim, o braço de momento do músculo e sua capacidade de produzir torque. Contudo, quando a patela aumenta o componente rotatório (para rodar a tíbia sobre o fêmur neste exercício), há também um aumento do componente translatório, que tende a deslizar a tíbia anteriormente. O ligamento cruzado anterior (LCA) previne o deslizamento anterior da tíbia neste momento. Assim, a integridade do LCA é fundamental para a estabilidade da articulação do joelho durante este exercício. Se o executante realizar uma flexão dorsal do tornozelo durante a extensão do joelho, o músculo gastrocnêmio pode ter uma insuficiência passiva e impedir a completa extensão do joelho. Quando o aparelho de extensão do joelho não possui um apoio para as costas, o risco de lesão da região lombar aumenta significativamente. Nesta situação, quando o executante está no final de uma série e quase atingindo uma falha concêntrica, o movimento mais natural é jogar a coluna para trás na intenção de estender o quadril e diminuir a insuficiência ativa do reto femural (melhorando a relação força-comprimento), para que este músculo possa participar com eficiência da extensão do joelho. Porém, quando o indivíduo joga a coluna para trás e realiza, ao mesmo tempo, a extensão do joelho, a pelve (origem do reto femural) se fixa, para que o reto femural atue com eficiência no joelho. Com a pelve fixa, o quadril não estende e somente a coluna lombar continua no sentido da extensão, ficando hiperestendida, o que aumenta o risco de lesão desta região da coluna. Os alongamentos para gastrocnêmio e isquiotibiais devem ser enfatizados, principalmente para os iniciantes, para diminuir a insuficiência passiva destes músculos durante a extensão do joelho. Apesar do quadríceps realizar uma contração mais eficiente quando parte de uma posição mais alonga da (por causa da relação força comprimento), o começo do exercício com um ângulo menor que 90° é prejudicial à articulação do joelho, porque, nesta posição, o quadríceps pressiona fortemente a patela contra os côndilos do fêmur. O ideal é realizar o movimento partindo de 90° de flexão, principalmente com sobrecargas mais altas, para evitar lesões da articulação patelo-femural. A diminuição do braço de momento e da relação força-comprimento do quadríceps nos últimos 15° da extensão do joelho coloca o quadríceps em desvantagem mecânica e fisiológica. Um aumento de mais ou menos 60% da força do quadríceps é necessário nesta fase da extensão. O componente translatório da força aplicada pelo quadríceps em toda a amplitude do movimento é de compressão e contribui para a estabilidade da articulação. Note na figura (fig. 3.1c) que há duas forças em sentido contrário, atuando diretamente sobre o fêmur. Como a base da cadeira é pequena, uma parte da extremidade distal do fêmur fica sem apoio. No momento em que o executante contrai o quadríceps, a tendência da extremidade distal do fêmur é de deslocamento inferior. O fêmur pressiona o apoio, causando uma força de reação de igual magnitude no sentido superior. Portanto, o ideal é que o apoio do fêmur seja grande o bastante para que a maior parte de sua extremidade distal permaneça apoiada. Flexão do Joelho na Mesa Flexora Este exercício isola o grupo muscular denominado isquiotibiais, que compreende os músculos semitendinoso, semimembranoso e bíceps femural. Estes três músculos são bi-articulares e realizam flexão do joelho, extensão do quadril e retroversão da pelve. O músculo bíceps femural possui uma porção, que realiza apenas a flexão do joelho e outra porção que é bi-articular. Apesar de realizar a flexão do joelho, a ação principal do músculo gastrocnêmio é na articulação do tornozelo. Outros músculos menores que também são recrutados na flexão incluem o poplíteo, plantar, sartório e grácil. O desenvolvimento dos isquiotibiais é importante para a manutenção do equilíbrio entre este 'grupo de músculos e o quadríceps, e para preservar a integridade da articulação. Alguns estudos têm provado que, quanto mais fortes forem os isquiotibiais, mais o quadríceps pode ser desenvolvido. Como a maioria dos músculos flexores do joelho são bi-articulares, a habilidade deles em produzir torque efetivo pode ser influenciada pelo posicionamento das duas articulações que eles cruzam. Análise Biomecânica do Exercício O maior braço de momento da resistência acontece quando o joelho está por volta de 90° de flexão. Em aparelhos onde a mesa é reta todas as alterações descritas acima são realizadas com maior intensidade, aumentando ainda mais o risco de lesão da coluna lombar. O volume dos músculos gastrocnêmio e isquiotibiais também limita o alcance da flexão do joelho neste movimento. Assim, um indivíduo mais hipertrofiado tem uma amplitude de flexão do joelho menor do que um indivíduo não-hipertrofiado. Flexão do Joelho na Cadeira Flexora Este exercício é muito parecido com o anterior, porém, possui algumas diferenças biomecânicas que devem ser consideradas. O principal grupo muscular visado neste exercício é o composto pelos isquiotibiais. Análise Biomecânica do Exercício O maior braço de momento da resistência é a 90° de flexão do joelho. Os componentes translatórios de compressão e descompressão articular acontecem no começo e no final da flexão, respectivamente, como no exercício anterior. A principal diferença deste exercício para o anterior é o grau de flexão do quadril. Esta posição favorece a melhoria da relação força comprimento e a diminuição da insuficiência ativa dos isquiotibiais na flexão do joelho, por estes estarem mais alongados (pela flexão do quadril) do que na mesa flexora. A tendência de dorsiflexão que ocorre no exercício anterior também é comum neste exercício e acontece para que o gastrocnêmio participe mais efetivamente da flexão do joelho (devido à melhoria da relação força-comprimento para este músculo). Se o executante não possuir uma boa elasticidade dos isquiotibiais, a pelve pode realizar uma retroversão por causa de insuficiência passiva destes músculos (por estarem demasiadamente alongados no quadril e sendo exigidos também no joelho) e/ou por falha dos paravertebrais em sustentarem sua postura. A retroversão da pelve leva a coluna lombar para a flexão, aumentando o estresse nesta articulação. Se os paravertebrais conseguem preservar a postura da pelve, o joelho pode não estender totalmente também por falta de elasticidade dos isquiotibiais. Portanto, os alongamentos para isquiotibiais são imprescindíveis para melhorar sua elasticidade e favorecer uma correta e segura execução deste exercício. Os paravertebrais têm função importante na segurança deste exercício e o seu fortalecimento deve ser feito previamente, para aumentar a eficiência do movimento. Capítulo 4 O Quadril e a Pelve A articulação do quadril (ou coxofemural) é formada pela união da fossa do acetábulo da pelve com a cabeça do fêmur. Esta articulação do tipo esferóide possui 3 graus de liberdade: flexão/ extensão no plano sagital, adução/abdução no plano frontal e rotação lateral/medial no plano transversal. Sua função principal é suportar o esqueleto axial e apendicular superior, durante a postura anatômica e durante as posturas dinâmicas como na marcha, por exemplo. Proporciona também uma via de transmissão de forças entre a pelve e as extremidades inferiores. Apesar de esta articulação ser mais estável do que a do joelho, o fortalecimento dos músculos que a cruzam é fundamental para sua integridade. A pelve se articula com a coluna vertebral através da articulação sacro- ilíaca e realiza os movimentos de retroversão (ou inclinação posterior), anteversão (ou inclinação anterior) e inclinação lateral. Quando a coluna lombar realiza rotação, a pelve, conseqüentemente, roda no mesmo sentido da coluna. Devido à grande interdependência entre a pelve, o quadril e a coluna, um ideal equilíbrio muscular entre os pares de músculos antagônicos destas articulações é essencial, para a manutenção do correto alinhamento do corpo humano. Exercícios para a Articulação do Quadril e Pelve Flexão do Quadril Este exercício é muito importante para atletas, porque os músculos do quadril têm uma grande função na estabilidade da coluna. Quando os flexores e extensores do quadril estão em equilíbrio de forças e elasticidade, a pelve fica corretamente posicionada para equilibrar a coluna eficientemente. Os principais músculos envolvidos neste exercício são o reto femural, o iliopsoas (formado pelo psoas maior e menor e pelo ilíaco), tensor da fáscia lata e sartório. Alguns outros músculos como o pectínio, adutor longo, adutor magno e grácil também participam deste movimento, porém, de forma secundária. O iliopsoas é considerado o mais importante flexor do quadril. O seu fortalecimento precisa ser contrabalanceado pelo fortalecimento dos extensores Análise Biomecânica do Exercício O maior braço de momento da resistência é no início do exercício (quando o fêmur está na posição horizontal) e diminui conforme o quadril estende devido à aproximação do acolchoado (onde a parte posterior do fêmur está apoiada) do eixo da articulação do quadril. O glúteo máximo é o músculo que possui o maior braço de momento dos extensores do quadril tendo, portanto, a maior capacidade de produção de torque para o movimento de extensão. O maior braço de momento deste músculo é na posição anatômica (neutra). Embora o braço de momento combinado dos isquiotibiais seja menor que o do glúteo máximo em todos os pontos do alcance do movimento, os isquiotibiais aumentam seu braço de momento quando o quadril flexiona para 35° e diminui deste ponto em diante; o braço de momento do glúteo máximo decresce em qualquer ângulo, além da posição neutra. O movimento deve acontecer da flexão (aproximadamente 90°) até mais ou menos 10° de extensão permitidos pela articulação do quadril. Qualquer movimento de extensão além dos 10° resultará numa anteversão da pelve e numa conseqüente hiperextensão da coluna lombar, aumentando, assim, os riscos de lesão desta última articulação. Se os músculos reto femural e iliopsoas não forem muito elásticos, sua insuficiência passiva precoce fará as alterações da pelve e da coluna (citadas acima) acontecerem antes mesmo de o quadril chegar posição anatômica. Portanto, os exercícios de alongamento para estes músculos flexores do quadril são fundamentais para a segurança deste exercício. A manutenção da postura ereta é necessária durante todo o movimento. A inclinação do tronco, posteriormente, com concomitante extensão do quadril (fase excêntrica), resultará na contração isométrica dos extensores do quadril e na limitação da amplitude do movimento. Os paravertebrais devem ser eficientes em prevenir a pelve de inclinar- se posteriormente (retroversão), principalmente na fase excêntrica do movimento. Assim, o fortalecimento prévio destes músculos deve ser realizado para uma melhor eficiência e segurança do exercício. A extensão do joelho, durante a realização da fase concêntrica do exercício, previne a insuficiência ativa dos isquiotibiais no final da extensão do quadril, por melhorar a relação força-comprimento (conforme os isquiotibiais se encurtam no quadril, eles se alongam no joelho). Se o joelho ficar flexionado durante todo o movimento, a participação do glúteo máximo é maior por causa de insuficiência ativa dos isquiotibiais. Nesta posição, a extensão do quadril torna-se limitada pela insuficiência passiva do reto femural. Se o executante tentar continuar o movimento a partir deste ponto, os extensores do quadril passam a contrair isometricamente e a contração isotônica será transferida para os músculos que realizam a anteversão da pelve e hiperextensão da coluna, aumentando assim, os riscos de lesão da coluna vertebral. Para a correta técnica de execução e segurança deste exercício, a pelve deve permanecer fixa durante toda a amplitude do movimento da articulação do quadril. Extensão do Quadril no Aparelho (em Decúbito Ventral) Análise Biomecânica do Exercício Como neste exercício o joelho faz uma ligeira extensão durante a fase concêntrica do movimento, o braço de momento da resistência aumenta no final da extensão. O componente translatório é de compressão durante todo o movimento, favorecendo a estabilidade da articulação do quadril. Como o joelho fica flexionado por toda a excursão do movimento, a amplitude de extensão pode ficar limitada por causa de insuficiência passiva do músculo reto femural ou do iliopsoas. Nesta situação, o apoio anterior do aparelho para a coluna lombar não consegue prevenir a anteversão da pelve nem a hiperextensão da coluna que, dependendo do grau de flexibilidade do executante, pode ocorrer até mesmo antes de o quadril chegar na posição anatômica. Para a correta execução do movimento e maior segurança do exercício, a melhoria da elasticidade do músculo reto femural e do iliopsoas, através de alongamentos específicos, é fundamental. A inclusão deste exercício, portanto, só deve ser feita depois que o iniciante estiver com sua flexibilidade melhorada. Análise Biomecânica do Exercício O braço de momento da resistência aumenta conforme o quadril aduz e é o maior quando o quadril está próximo da posição anatômica. A fase excêntrica do movimento pode ter uma amplitude limitada, devido à insuficiência passiva dos adutores. Neste exercício, como as duas coxas se movimentam ao mesmo tempo, não há inclinação lateral da pelve e flexão lateral da coluna, como no exercício anterior. O exercício exige uma menor participação dos músculos estabilizadores que o exercício anterior. Como este aparelho utiliza uma roldana oval (cam), o raio da roldana (braço de momento) aumenta, conforme o braço de momento dos adutores também aumenta. Abdução do Quadril Os músculos glúteos médio e mínimo trabalham juntos para abduzir o quadril numa cadeia cinemática aberta e , com maior importância, mantêm a pelve fixa durante o apoio unilateral do membro inferior. O quadril realiza aproximadamente 45° de abdução. Outros abdutores incluem o tensor da fáscia lata e o glúteo máximo. Análise Biomecânica do Exercício Os abdutores do quadril têm o maior braço de momento numa posição um pouco aduzida em relação à posição anatômica. Portanto, este movimento deve começar, partindo-se de uma pequena adução e terminar por volta de 45° de abdução. O braço de momento da resistência é maior no começo do exercício do que nos últimos graus da abdução (no caso de este exercício ser executado, utilizando um cabo). Isto diminui a probabilidade de insuficiência ativa dos abdutores no final do movimento. Se o mesmo exercício for executado com elástico, há uma maior tendência de insuficiência ativa dos abdutores no final da abdução. Apesar de o braço de momento da resistência ser menor neste ponto (como acontece com o cabo), é aí que o elástico desenvolve sua maior tensão. No caso de uma insuficiência ativa dos abdutores, há uma participação dos abdutores da outra articulação do quadril e dos flexores laterais da coluna lombar, com conseqüente inclinação lateral da pelve para aumentar a eficiência do movimento. A amplitude da abdução pode ficar limitada por insuficiência passiva dos adutores. Isto também causa as alterações citadas na análise anterior, caso o executante tente continuar a abdução do quadril. Neste caso, alguns alongamentos para os adutores devem ser incluídos no programa de exercícios. Se o executante utilizar uma sobrecarga alta, a participação isométrica dos flexores da coluna (do mesmo lado do quadril que tenta realizar o movimento) tende a aumentar. Isto ocorre na intenção de preservar a postura da pelve pois, nesta situação, o fêmur passa a ficar mais fixo que a pelve (por causa da sobrecarga), e quando os abdutores se contraem, a tendência é que a pelve vá em direção ao fêmur e não, o contrário (o fêmur vá na direção da pelve). A pelve deve ficar fixa durante a execução do exercício, para aumentar a eficiência dos abdutores. Abdução na Cadeira Abdutora Análise Biomecânica do Exercício O braço de momento da resistência é maior no começo do exercício e diminui no final da abdução. Como o braço de momento dos abdutores também é maior no mesmo ângulo do movimento, a eficiência destes músculos é grande neste exercício. No início do movimento, os músculos abdutores estão numa eficiente relação força-comprimento. Neste exercício, como as duas coxas se movimentam ao mesmo tempo, não há inclinação lateral da pelve e flexão lateral da coluna, como no exercício anterior. O exercício exige uma menor participação dos músculos estabilizadores que o exercício anterior. Como este aparelho utiliza uma roldana oval (cam), o raio da roldana (braço de momento) aumenta conforme o braço de momento dos adutores também aumenta. Se a sobrecarga utilizada estiver muito grande, a amplitude do movimento pode ser prejudicada pela insuficiência ativa dos abdutores. A insuficiência passiva do glúteo máximo (no momento de maior flexão do quadril) pode favorecer a retroversão da pelve e a conseqüente flexão da coluna lombar. Esta postura da coluna diminui a capacidade dos extensores e aumenta os riscos de lesão. Neste caso, o executante deve realizar o exercício com pouca flexão do quadril, até que consiga aumentar a elasticidade muscular através de alongamentos específicos. ~os...extensOIes da coluna lombar (paravertebrais) ~,2(arem_a ~elve ,na posição anatômica, ql!allW o glúteo se cQntrai para estepjecQ. quadril,.il12rimeira_tendência de movimento será de retrovers~o <!,a.p.clve.Como á~retroversão da _p~eJ.yeé seguida pela flexão..s!~ c..o..l.una, os riscos de lesão nesta articulação aumentam. Este exercício exige grande participação dos estabilizadores, se comparado aos exercícios de agachamento em aparelhos. Isto deve ser considerado no momento de prescrevê-Io para um hipertenso, por exemplo. Se o executante não possuir uma mínima hipertrofia da porção superior do !p_úJ>cuJo trap~ÚQ,2l?~F.Ea ..EodeEres~ionar rami!icações do píexo braquial. Agachamento Horizontal com aparelho E.M. .] ;;;'- (joelho) - ~ ~ ---- ~ LAR. E.M. -- (quadril) ~II I I - -- E.M. JUI--f ------- r(joelho) 11 - .L "~ " .~.---- - L.AR. E.M.-- Fig.5.2a Fig.5.2 b. Análise biomecânica do exercício Os maiores braços de momento da resistência ocorrem quando o joelho e o quadril estão em flexão.' " Este aparelho ~ão exige equilíbrio,. eliminan.dü._as.sim,-a_as_ãQd,o.s ~res. - Não há braço de momento e, portanto, torque na coluna. Isto aumenta a segurança e diminui o risco de lesões desta articulação. Os componentes translatórios são de compressão articular durante toda a amplitude do movimento, tanto para o quadril quanto para ojoelho. O local onde os pés são colocados, na plataforma, previne uma flexão muito grande do joelho. Isto aumenta a segurança do exercício para esta articulação, porém, impede a completa extensão do quadril. Apesar de ser mais seguro, este exercício não é realizado com a mesma amplitude de movimento que o agachamento com peso livre. .Agachamento com afastamento lateral ~II II~ Este exercício é uma variação do exercício de agachamento convencional. O afastamento lateral favorece ~ão dos músculos adutores ~ m.QyÜ:nento , I B.M.R. I I, B.M.R. LAR. E.M. Fig. 5.3 a Fig.5.3 b Análise biomecânica do exercício o maior braço de momento da resistência acontece a 90° de flexão do joelho. Os componentes translatórios são de compressão durante toda a amplitude do movimento. - Por causa do grande afastamento lateral necessário para que o joelho não ultrapasse 90° de flexão, a amplitude do movimento é limitada. Como não há projeção do tronco para frente, não há torque na coluna porém, b peso da barra gera uma força translatória, que comprime os discos intervertebrais. Q I!!9vi~nto r.eali~do neste exercício é, de cadeia cinemática fe~ ~. Quando ~a contração do quadríceps, em ~7. rl.~_iUibja d~slo.f~t;;.~<an:;teriormel!!l;, 12 remur que se movimenta, !2..o.!ill!o.e.. eé esÊ fuc.2n..2..,chão.Como a extremidade proximal do remur também está relativamente fixa, qU.a.I1..@acontece a contração do ~dríc~ps+ a..ex:trernida_d~di§taldo reIIlUl:~a exg-emida~e pro;cimal d.a..--tíbia se deslocam...p.osteriormente, causando a extensão do joelho. Quando o remur se desloca posteriormente, o quadril indiretamente realiza extensão e adução. Por isso, se o executante só se concentrar no joelho, durante a execução deste exercício, o quadríceps pode realizar a maior parte do movimento sem que haja muita participação dos adutores e extensores do quadril. - A mesma coisa acontece com o quadril. Se o executante se concentrar em estender e aduzir o quadril, a extremidade distal do remur se deslocará para trás e para dentro. Este movimento também estende o joelho, pois o pé está fixo no chão. Por isso, se b -executante possui uma grande capacidade de concentração, este exercício pode ser realizado com uma grande ênfase no joelho, no quadril ou nas duas articulações ao mesmo tempo. - Para que o maior trabalho seja dos músculos do quadril, o executante deve concentrar-se em aproximar um remur do outro. Ao realizar este movimento, o joelho estende automaticamente, por fazer parte de uma cadeia cinemática fechada. - Para que o maior trabalho seja do quadríceps, o executante deve concentrar-se em estender o joelho. Com a extensão do joelho, o Exercícioscombinados 87 quadril estende e aduz automaticamente, por fazer parte de uma cadeia cinemática fechada. Uma insuficiência passiva dos adut<?res do quadril pode limitar a amplitude do movimento e forçar o joelho no sentido da posição valga (tíbia abduzida em relação ao remur). Nesta situação, a articulação do joelho fica muito suscetível à lesão. A colocação dos pés, apontando para fora, deve ser realizada através de uma rotação lateral do quadril e não, do joelho. Quando a rotação acontece no quadril, o joelho realiza flexão e extensão, da mesma forma que na posição anatômica, diminuindo os riscos de lesão para esta articulação. . Lunge (avanço) Este é o exercício no qual a articulação do quadril consegqe realizar a maior amplitude de movimento. Este exercício também é muito efetivo para o desenvolvimento dos músculos do joelho, quando executado corretamente. E.M.I I I I I+ I LAR. Fig. 5.4 a Fig. 5.4 b. Análise biomecânica do exercício - O maior braço de momento da resistência para o joelho da perna da frente acontece na posição de flexão. - Este exercício deve ser executado com afastamento posterior. O afastamento anterior cria uma certa inércia para o remur, que tende a continuar o movimento para frente, quando a tíbia se fixa no momento em que o pé toca o solo. Este movimento cria um grande estresse para os ligamentos (principalmente o ligamento cruzado posterior) e para tendão patelar. - Todas as forças translatórias causadas pelas contrações musculares são de compressão articular por toda a amplitude do movimento. Quando o executante projeta o tronco para frente, na fase excêntrica do movimento, o braço de momento da resistência aumenta na articulação do quadril e diminui na articulação do joelho. Assim, aumenta o trabalho dos músculos glúteo máximo e isquiotibiais da perna que ficou à frente. Nesta situação, o braço de momento da resistência para a coluna também aumenta, favorecendo o aumento das forças compressivas nesta articulação. Se o executante mantém a postura da coluna ereta e concentra o PARTE 3: O TRONCO Capitulo 6 Exercícios Abdominais Os músculos da parede anterior do abdome (reto do abdome, oblíquos internos e externos e transverso) têm uma função fundamental na postura e movimentação da coluna vertebral, pelve e caixa torácica. Os movimentos da coluna que podem ser realizados por estes músculos são: flexão, flexão lateral e rotação, e devem ser realizados para um bom trabalho dos músculos do abdome. Estes músculos realizam também a retroversão da pelve e, por isso, são importantes na prevenção ou diminuição da hiperlordose lombar. Nos movimentos da pelve, os músculos abdominais (juntamente com o glúteo máximo e os isquiotibiais), que realizam retroversão, são antagônicos dos extensores da coluna (quadrado lombar, por exemplo) e flexores do quadril (principalmente o iliopsoas e o reto femural), responsáveis pela anteversão da pelve. Alguns exercícios abdominais são muito polêmicos. Um conhecimento biomecânico destes exercícios pode esclarecer várias dúvidas com relação aos músculos trabalhados e à eficiência destes exercícios para o fortalecimento da parede abdominal anterior. Exercícios Abdominais Flexão da Coluna Este é um dos mais básicos e eficientes exercícios abdominais. Se realizado com sobrecarga, todos os quatro músculos abdominais entram em ação. A função do transverso, neste caso, é comprimir as vísceras, para que a caixa torácica possa movimentar-se com mais liberdade sobre esses órgãos. . Análise Biomecânica do Exercício O maior braço de momento da resistência (parte superior do tronco, membros superiores e o peso) acontece no momento da saída do ombro do chão, no começo do exercício. Conforme o executante realiza a flexão da coluna, o braço de momento diminui. Os componentes translatórios são de compressão articular da coluna, durante toda a amplitude de movimento. O grau de flexão da coluna pode variar entre os indivíduos. A insuficiência passiva dos extensores da coluna pode limitar a flexão. O movimento de flexão deve acontecer sem que a coluna lombar perca o contato com o chão, pois quando isto acontece, o eixo do movimento sai da coluna e passa para a articulação do quadril, favorecendo a ação isotônica do iliopsoas e reto femural. Quando estes músculos entram no movimento, a pelve é puxada no sentido da anteversão e a coluna, da hiperextensâo, o que aumenta os riscos de lesão nesta articulação. Se o executante tiver os flexores do quadril encurtados, o ideal é aumentar o grau de flexão do mesmo, para evitar que a coluna lombar fique hiperestendida, por causa de insuficiência passiva destes músculos durante o exercício. A fixação dos pés no chão favorece o aumento da ação dos flexores do quadril no movimento. O executante deve realizar o movimento até o ponto em que os pés comecem a perder o contato com o solo, (sem que a coluna lombar saia do chão), pois os pés perdem o contato com o solo quando o movimento passa para a articulação do quadril. Quando o eixo do movimento passa a ser a articulação do quadril, o peso do tronco mais o dos membros superiores (que estão de um lado do eixo) passa a ser maior do que o peso dos membros inferiores (que estão do outro lado do eixo). Isto causa um deslocamento do fêmur na direção da coluna e não, da coluna em direção ao fêmur (quando os flexores do quadril se contraem para continuar o movimento), fazendo com que os pés percam o contato com o solo. A amplitude de movimento deve ser a máxima permitida pela coluna, sem que haja hiperextensão da coluna nem flexão do quadril, ou seja, os ombros e a cabeça devem sempre voltar a tocar no chão, na fase excêntrica do movimento. Este movimento feito numa amplitude reduzida pode causar um encurtamento dos músculos abdominais. Quando os músculos abdominais ficam encurtados, eles deprimem a caixa torácica e favorecem uma postura cifótica. Se o executante realizar este exercício com as mãos atrás da cabeça, a intensidade do exercício diminui, pois o peso dos membros superiores se Análise Biomecânica do Exercício O maior braço de momento da resistência (quadril e membros inferiores) acontece no começo do movimento de flexão da coluna. As forças translatórias resultantes da contração do abdome são de compressão, em todos os ângulos do movimento. A articulação do quadril deve permanecer fixa durante todo o movimento, para aumentar a eficiência da contração dos músculos abdominais. Se o quadril flexionar e o joelho estender antes de o abdome realizar a flexão da coluna, a maior parte da flexão é causada pela inércia do membro inferior e não, pela contração isotônica dos músculos abdominais. A posição com o joelho totalmente flexionado é a que fornece o maior braço de momento da resistência (e torque) durante todo o movimento, portanto, deve ser utilizada por indivíduos previamente condicionados. Para os iniciantes, o joelho deve estar mais próximo da extensão, pois é a posição que fornece o menor braço de momento da resistência. A completa extensão do joelho pode causar uma insuficiência passiva dos isquiotibiais. Esta insuficiência aumenta a força de contração isométrica dos flexores do quadril, aumentando os riscos de lesão da coluna lombar para o iniciante, que não possui força abdominal suficiente para evitar uma anteversão da pelve com hiperextensão da coluna lombar. A fase excêntrica do movimento deve ser conduzida, caso contrário a ação da gravidade faz a maior parte do movimento e a contração dos músculos abdominais se limita ao final desta fase, para desacelerar o movimento. Por causa da ação isométrica dos flexores do quadril por todo o movimento, este exercício não é recomendado para iniciantes (principalmente com hiperlordose lombar e/ou dores lombares). Quando o exercício é realizado com o joelho semiflexionado, a fase concêntrica deve acontecer até o ponto onde a linha de ação dos pés chega em cima do eixo do movimento (aproximadamente no final da coluna torácica) pois, deste ponto em diante, o peso do pé favorece a flexão da coluna, diminuindo a ação do abdome. Se a maior parte do membro inferior passar deste ponto, a contração muscular passa a ser excêntrica para os extensores da coluna e o abdome relaxa completamente (mesmo com a coluna em flexão). Uma variante deste exercício é a flexão, com uma pequena rotação da coluna. Este exercício aumenta o trabalho do músculo oblíquo interno (do lado contrário ao da rotação). As mãos não devem ser colocadas embaixo do quadril. Com os braços nesta posição (ao lado do tronco), o executante exerce uma pressão no chão. Esta força causa uma depressão das costelas e do esterno, desfavorecendo a relação força-comprimento para a contração dos músculos abdominais. Além disso, nesta posição, o executante consegue colocar, erroneamente, muita força nos extensores do ombro, na intenção de tentar tirar a coluna do chão. Flexão da Coluna no Puxador Vertical Como o exercício abdominal no aparelho, uma das principais vantagens deste exercício é um maior controle da sobrecarga e intensidade utilizada. Análise Biomecânica do Exercício O braço de momento da resistência é praticamente inexistente no começo do exercício e aumenta conforme aumenta a flexão da coluna. Este aumento do braço de momento da resistência, enquanto a musculatura abdominal diminui de comprimento, pode favorecer uma insuficiência ativa destes músculos. Por isso, este exercício não deve ser utilizado por iniciantes. O sentido em que o cabo puxa o braço neste movimento gera uma força translatória de descompressão na coluna vertebral. Esta força translatória é compensada pela contração do abdome, que produz uma força translatória de compressão articular durante toda a excursão do movimento. Portanto, a força da contração dos abdominais não só flexiona a coluna como aumenta a estabilidade desta articulação, durante o movimento. Quando as sobrecargas aumentam, há um aumento da participação isométrica dos flexores do quadril para fixar a pelve e evitar que ela realize uma retroversão, por causa da contração do abdome. Para evitar o trabalho isotônico dos depressores das escápulas, estás devem permanecer em depressão durante toda a amplitude do movimento de flexão da coluna. O cotovelo deve ficar em extensão e o ombro em adução, para evitar uma participação isotônica do tríceps, do peitoral maior e do grande dorsal respectivamente. Como em qualquer outro exercício abdominal, a partir do momento em que a flexão da coluna termina, a única maneira de o movimento continuar é pela flexão do quadril, porém, os músculos do abdome não realizam flexão nesta articulação. O executante sente o trabalho do abdome, porque este permanece em contração isométrica, para preservar a postura da pelve e coluna lombar (que são puxadas na direção da anteversão e hiperextensão, respectivamente, por causa da contração isotônica dos flexores do quadril). Uma variante deste exercício é a rotação da coluna, no final da flexão. Esta rotação favorece a ação do oblíquo externo (do lado oposto ao da rotação). Rotação da Coluna O movimento de rotação da coluna aumenta a participação dos músculos oblíquos internos e externos e também dos outros rotadores da coluna. Estes músculos têm um papel importante tanto funcional como estético. Extensão da Coluna na Bola Este exercício fortalece praticamente todos os músculos extensores da coluna vertebral e deve fazer parte de um bom programa de musculação. A bola exige bastante equilíbrio, o que aumenta a participação de toda a musculatura da coluna e pelve para proporcionar estabilidade durante a execução do exercício. Análise Biomecânica do Exercício O maior braço de momento da resistência (peso da extremidade superior do tronco) acontece quando a coluna está paralela ao solo. O componente translatório criado pela contração dos extensores da coluna comprime os discos intervertebrais (e aumenta a estabilidade das articulações da coluna), em todos os ângulos do movimento. O movimento deve partir da completa flexão da coluna (fig. 6.7 a). A movimentação concomitante dos ombros proporciona um estímulo para os músculos deltóide posterior e trapézio. Os isquiotibiais e o glúteo máximo ficam em contração isométrica, durante o movimento, para prevenir a anteversão da pelve durante a contração dos extensores da coluna (principalmente da região lombar). Note que o movimento da coluna é de extensão, a partir de uma flexão e não, de hiperextensão. A manutenção do quadril em flexão favorece a execução correta do exercício por proporcionar uma diminuição do risco de hiperextensão da coluna lombar. Se o executante realizar o exercício com os cotovelos semiflexionados, o ombro pode realizar uma rotação lateral durante a fase concêntrica do movimento. Esta rotação proporciona um fortalecimento de dois músculos do manguito rotador (infra-espinhal e redondo menor). A contração dos extensores da coluna cervical deve ser isotônica até o ponto em que esta se alinha com a coluna torácica e, deste ponto em diante, a contração deve ser isométrica, para manter a postura da cabeça durante a extensão da coluna torácica e lombar. Quanto maior a proximidade entre os membros inferiores, maior a exigência de equilíbrio. Assim, o indivíduo que inicia este exercício deve começá- lo com os membros inferiores afastados. No iniciante, este exercício pode ser realizado com os braços ao lado do tronco. Esta posição dos membros superiores diminui o braço de momento da resistência (membros superiores) e decresce a intensidade do exercício. Extensão da Coluna e Quadril (com fixação do membro inferior) Neste exercício há também, além dos músculos citados no exercício anterior, a participação dos músculos extensores do quadril (principalmente os isquiotibiais e o glúteo máximo). Análise Biomecânica do Exercício O maior braço de momento da resistência (tanto para a articulação da coluna quanto para o quadril) acontece no momento em que o tronco fica paralelo ao chão. Todas as forças translatórias, geradas pela contração dos extensores da coluna e do quadril, são de compressão articular durante toda a excursão do movimento. O indivíduo que inicia este exercício deve realizar a extensão do quadril, com concomitante extensão da coluna. Esta sincronia de movimentos previne um braço de momento muito grande para o quadril, no começo do movimento. O indivíduo treinado deve realizar primeiro a extensão da coluna, seguida pela extensão do quadril. A separação do movimento faz com que o quadril comece a extensão com a coluna já estendida, o que proporciona um maior braço de momento (a extensão da coluna aumenta a distância entre a cabeça e o quadril) para esta articulação. Note que o movimento da coluna é de extensão, a partir de uma flexão e não, de hiperextensão. A coluna lombar, principalmente no iniciante, pode hiperestender, mesmo antes que o corpo do executante esteja na posição anatômica por causa de insuficiência passiva do iliopsoas. A execução do exercício com o joelho flexionado proporciona um aumento da hiperextensão da coluna por causa de insuficiência passiva do reto femural e, portanto, aumenta os riscos de lesão nesta articulação. O iniciante deve, então, possuir uma boa flexibilidade no quadril (proporcionada através de alongamentos específicos), antes da inclusão deste exercício na sua programação. O iniciante deve realizar este exercício com os braços ao lado do corpo (como nas figuras), para que o peso dos membros superiores se aproxime tanto da coluna quanto do quadril. Esta posição diminui o braço de momento da resistência (peso dos membros) tanto para o quadril quanto para a coluna, o que diminui a intensidade do exercício. O executante condicionado deve distanciar os membros superiores da coluna e do quadril, para aumentar a intensidade do exercício. As mãos atrás da cabeça, por exemplo, aumentam substancialmente a intensidade da contração muscular. A altura do banco influencia na segurança do exercício. Bancos muito altos permitem uma flexão do quadril muito grande, o que causa uma insuficiência passiva dos isquiotibiais e uma conseqüente retroversão da pelve. Quando o executante inicia a extensão da coluna e do quadril, com a pelve na posição de retroversão, o estresse na coluna lombar é excessivo e altamente prejudicial. O quadril realiza aproximadamente 10° de extensão, porém, neste exercício, o ideal é chegar até a posição anatômica. A tentativa de realizar os 10° de extensão aumenta a possibilidade de hiperextensão da coluna lombar e anteversão da pelve, o que aumenta o risco de lesão. Fig.7.1 Fig. 7.2 b. Análise Biomecânica do Exercício O maior braço de momento da resistência acontece no final da fase excêntrica. O componente translatório da força realizada pelo peitoral maior ajuda na estabilização do ombro, durante toda a amplitude do movimento. Como a mão fica fixa pela barra, o ombro não consegue aduzir totalmente no final da fase concêntrica, comprometendo a amplitude do movimento. As variáveis deste exercício devem ser' utilizadas para maior e melhor estímulo para os músculos enfatizados porque: a) A barra permite a utilização de uma sobrecarga maior que o cabo ou elástico e um maior braço de momento da resistência numa posição em que o peitoral possui a melhor relação força-comprimento. b) O cabo não permite a utilização de grandes sobrecargas, mas favorece uma maior amplitude de movimento. O maior braço de momento da resistência não acontece em ângulos favoráveis para uma ótima relação força-comprimento (porque o peitoral já está um pouco encurtado) para o peitoral maior, porém, este músculo possui seu maior braço de momento nestes ângulos. c) O elástico possui as mesmas características do cabo mas, com a diferença, que no final do movimento, a tensão no elástico é a maior de toda a amplitude de movimento. Na fase excêntrica do movimento, o cotovelo não deve ultrapassar muito (para baixo) a altura do ombro. Para o ombro realizar uma abdução horizontal maior que 90°, a escápula participa do movimento através de uma adução. Como o peso acima do tronco pressiona-o contra o apoio, a escápula tem que realizar uma adução forçada entre a caixa torácica e o banco, aumentando o risco de lesão desta articulação. Além disso, este movimento causa um estresse excessivo nas estruturas anteriores da articulação do ombro. Pelo fato de a mão estar fixa na barra, o executante deve concentrar-se em aduzir o ombro em vez de estender o cotovelo. Se o enfoque for para o cotovelo, apesar de o movimento (para quem está observando) ser idêntico ao outro cuja ênfase é no ombro, o músculo mais trabalhado é o tríceps braquial. Como as duas mãos estão fixas, quando o tríceps realiza a extensão do cotovelo, o ombro indiretamente aduz. Com a concentração no ombro, o peitoral maior e o deltóide anterior realizam a adução do ombro, e por causa das mãos fixas na barra, o cotovelo indiretamente estende (tornando o tríceps braquial .um sinergistado movimento). Como este exercício é realizado com peso livre, a posição do executante em relação à ação da gravidade deve mudar, para favorecer também as porções superiores e inferiores do peitoral maior (supino inclinado e declinado, respectivamente). O prévio fortalecimento dos músculos do manguito rotador (supraespinhal, infra-espinhal, redondo menor e subescapular) é necessário, para diminuir os riscos de lesão do ombro neste exercício. Crucifixo Deitado (com Cabo ou Elástico) Fig.7.2 a Fig. 7.2 b. Análise Biomecânica do Exercício Com o uso de cabo ou elástico, o maior braço de momento de todo o movimento é na metade do caminho, entre a posição inicial e a final. Neste ponto, a linha de ação do cabo ou elástico fica perpendicular à mão do executante. O componente translatório da força realizada pelo peitoral maior ajuda na estabilização do ombro, durante toda a amplitude do movimento. O uso de cabo ou elástico cobre a deficiência (de amplitude) do supino com barra, por favorecer aproximadamente 90° de amplitude articular contra aproximadamente 45° com a barra. O componente translatório da força realizada pelo peitoral maior ajuda na estabilização do ombro, durante toda a amplitude do movimento. A amplitude de movimento é de aproximadamente 90°. As vantagens deste exercício sobre o crucifixo com halteres são as seguintes: a) No momento em que o ombro está aduzido, ainda há produção de torque pela resistência. b) Não há a participação dos extensores do cotovelo neste exercício. A principal desvantagem deste exercício em relação aos exercícios com peso livre é que, no aparelho, não há exigência dos músculos estabilizadores e os movimentos são realizados em ângulos preestabelecidos. O movimento de abdução (fase excêntrica do exercício) deve acontecer até o ponto em que o cotovelo se alinha com o ombro (vista lateral). O movimento além deste ponto estressa as estruturas anteriores da articulação do ombro. Crucifixo Inverso Este exercício é muito eficiente para os músculos posteriores do ombro e escápula, que participam da manutenção da postura destas duas articulações. Análise Biomecânica do Exercício O maior braço de momento da resistência acontece quando os braços estão paralelos ao solo. . O componente translatório resultante da contração do deltóide posterior é de compressão articular. Se o deltóide posterior tiver insuficiência ativa (comum no iniciante) durante este movimento, a escápula realiza adução, antes que a articulação do ombro realize a completa abdução transversal. Este exercício também pode ser realizado com uma pequena flexão do cotovelo e com rotação lateral do ombro na fase concêntrica. A inclusão da rotação lateral no movimento aumenta o estímulo para o deltóide posterior e proporciona o fortalecimento dos músculos redondo menor e infra-espinhal (músculos do manguito rotador, importantes na preservação da estabilidade do ombro). A abdução do ombro até que o cotovelo fique acima da altura do tronco favorece a participação isotônica dos adutores da escápula (rombóides e porção medial do trapézio). Este exercício não deve ser realizado com o joelho mantido em flexão. A flexão do joelho aumenta a curvatura lombar, por causa de insuficiência passiva do músculo reto femural (que causa anteversão da pelve). Esta posição aumenta o estresse na coluna lombar. O banco deve ser alto para que a mão não toque no solo (como na fig.7.5 a) e a amplitude do movimento fique maior. O aumento de amplitude, neste caso, é de aproximadamente 20°. Elevação Lateral (com Halteres) Este exercício é um dos mais eficientes e seguros para o músculo deltóide e também para o supra-espinhal. Fig. 7.6 a Fig.7.6 b Análise Biomecânica do Exercício O maior braço de momento da resistência acontece quando o braço fica paralelo ao solo. No começo do movimento, o deltóide medial possui a melhor relação força-comprimento. O braço de momento do deltóide aumenta conforme o ombro realiza a abdução. Quando o ombro abduz, o componente translatório do deltóide (as três porções) aumenta a compressão articular e diminui sua influência no deslocamento superior do úmero. A linha de ação do deltóide posterior, nesta posição, tem um pequeno braço de momento e um componente rotatório muito pequeno, para contribuir efetivamente na abdução. Neste caso, este músculo serve primariamente como estabilizador da articulação do ombro, por causa de seu grande componente translatório. Conforme o ombro abduz, o deltóide se aproxima da insuficiência ativa. Esta insuficiência geralmente é prevenida pelo ritmo escápuloumeral. Este exercício deve ser realizado pelo iniciante, porque fortalece o músculo supra-espinhal, que faz parte do manguito rotador e aumenta a estabilidade da articulação do ombro. Análise Biomecânica do Exercício O maior braço de momento da resistência acontece no final da extensão do ombro. O componente translatório resultante da contração do grande dorsal é de compressão articular durante quase todo o movimento e passa a ser translatório de descompressão, somente nos últimos graus da extensão. O apoio do peito ajuda na manutenção da postura da coluna lombar (mas não, da coluna torácica), o que diminui os requerimentos de estabilização por parte dos extensores da coluna. Por isso, este exercício é melhor para o iniciante. Há também uma participação isotônica dos adutores da escápula, no começo do movimento, e isométrica, no final. Como o músculo redondo maior é fixo na escápula, ele só consegue participar efetivamente deste movimento, quando a escápula se fixa pela contração isométrica de seus músculos adutores (principalmente os rombóides). O movimento deve acontecer até que o cotovelo esteja flexionado (90°) e ao lado do tronco (como na figura 7.7b). A continuação da extensão, além desta posição, não é realizada pelo grande dorsal (por causa de sua posição em relação ao úmero), e sim, pelos outros extensores do ombro, que continuam numa posição favorável ao movimento (tríceps braquial e deltóide posterior). A coluna lombar deve permanecer na posição anatômica. A falha desta articulação em manter a postura pode ser causada pela insuficiência passiva dos isquiotibiais. Neste caso, o aumento da flexão do joelho diminui esta insuficiência e facilita a manutenção da postura lombar. Uma variável deste exercício é a pegada em pronação. Nesta posição, o ombro pode realizar abdução horizontal, em vez de extensão e a ação do deltóide posterior e dos adutores da escápula fica bem mais intensa. Não deve haver uma flexão ativa do cotovelo em nenhuma das situações. O cotovelo deve flexionar por causa da extensão (ou abdução transversal) do ombro. Remada Curvada Unilateral O maior braço de momento da resistência, como no exercício anterior, acontece no final da extensão do ombro. As forças translatórias são dê compressão, na maior parte do movimento, e descompressão nos ângulos finais da extensão. No começo do movimento (quando o braço está perpendicular ao chão) não há braço de momento porque a sobrecarga está alinhada com o eixo do movimento (articulação do ombro) e, portanto, não há produção de torque da resistência. Fig.7.8 b Fig.7.8 a O correto alinhamento da coluna depende de vários fatores: a) A altura do banco: Se o banco for muito alto para o executante, o osso ílio do lado do joelho que apóia no banco fica mais alto que o ílio da perna que está apoiada no chão. Isto causa uma rotação da coluna lombar na direção do pé que está apoiado no chão. b) A postura dos ombros: Os dois ombros devem ficar alinhados durante todo o movimento, para impedir que a coluna torácica faça uma rotação no sentido do ombro mais baixo. c) A posição do joelho do membro que está no chão: O joelho da perna que fica apoiada no chão deve ficar um pouco flexionado, para evitar uma insuficiência passiva dos isquiotibiais. Esta insuficiência diminui a estabilidade da coluna lombar, e portanto, aumenta o risco de lesão nesta articulação. d) A posição do cotovelo: O cotovelo do braço que fica apoiado não deve ficar muito flexionado. A flexão do cotovelo aumenta a flexão do quadril e pode prejudicar a postura da coluna lombar. Como no exercício anterior, o cotovelo não deve ultrapassar a altura do tronco. O antebraço deve permanecer perpendicular ao solo, durante toda a amplitude do movimento. O uso de cabo ou elástico aumenta a amplitude do movimento em aproximadamente 30° e mantém o torque da resistência, mesmo quando o braço está perpendicular ao chão, além de melhorar a relação força-comprimento para o grande dorsal, no começo do movimento de extensão. Uma variante deste exercício é a abdução transversal, que melhora a ação do deltóide posterior e dos adutores da escápula. Neste exercício, o antebraço deve ficar vertical, por toda a amplitude do movimento Puxador Vertical A adução do ombro no puxador vertical é um dos exercícios mais utilizados para o trabalho do grande dorsal, por isso, um profundo conhecimento de alguns aspectos biomecânicos deste exercício é de fundamental importância para a eficiência e segurança do exercício. Análise Biomecânica do Exercício O maior braço de momento da resistência acontece quando o braço está paralelo ao solo. A força do grande dorsal gera um componente translatório de compressão no começo do exercício e descompressão articular no final do movimento.
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