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A Contribuição Marxista para o Estudo das RI, Notas de estudo de Relações Internacionais

Contribuição Marxista nas RI

Tipologia: Notas de estudo

2013

Compartilhado em 08/12/2013

sabrina-eggers-4
sabrina-eggers-4 🇧🇷

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Baixe A Contribuição Marxista para o Estudo das RI e outras Notas de estudo em PDF para Relações Internacionais, somente na Docsity! Lua Nova, São Paulo, 83: 111-143, 2011 A CONTRIBUIÇÃO MARXISTA PARA O ESTUDO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS Tullo Vigevani Aline Regina Alves Martins Manoela Miklos Priscila Rodrigues Este artigo parte da constatação conhecida de que Marx não teria elaborado em seus trabalhos um conceito acaba- do de nação. Além disso, há grande controvérsia a respeito da existência de uma teoria marxista de Estado. Corolário imediato, Marx não teria produzido uma análise de rela- ções internacionais consistente. Isso poderia levar à seguin- te conclusão: haja vista a importância fundamental dos conceitos de nação e de Estado nas teorias dominantes da disciplina de relações internacionais, não haveria em Marx um instrumental teórico adequado para a compreensão, tal como as entendem essas teorias, das relações internacio- nais. Não obstante, nosso objetivo é mostrar que a teoria marxista contribui sim para a compreensão destas, inclusive as do século XXI. A realização de nosso objetivo exige uma visão abran- gente e não dogmática do que sejam as relações interna- cionais, inserindo-as plenamente nas relações sociais gerais. Atualmente, na busca da capacidade de explicar aquelas relações, as diferentes versões do marxismo não vulgar par- tem de fundamentos distintos dos que são utilizados pelo 11065-LN83_meio_af4.indd 111 8/19/11 10:14 AM 112 A contribuição marxista para o estudo das relações internacionais Lua Nova, São Paulo, 83: 111-143, 2011 realismo, pelo liberalismo e por outras perspectivas teóri- cas. O estudo clássico das relações internacionais parte do pressuposto da existência de relações formais entre Esta- dos soberanos o que implica na aceitação plena da ideia de nação e Estado. Inversamente, o emprego do método mar- xista no estudo das relações internacionais teria como resul- tado um instrumento de análise que passa pela desconstru- ção do conceito de Estado tal qual entendido pelas teorias dominantes de relações internacionais, isto é, pela descons- trução de um conceito considerado fundamental por tais concepções teóricas. Não desconhecemos que no final do século XX, e agora no XXI, há outras teorias no campo das relações internacionais – o construtivismo, por exem- plo –, que reduzem significativamente o papel do Estado, mas essas teorias não têm como pressuposto o papel estru- turador das relações de produção e o papel fundamental das classes sociais, pontos centrais para o marxismo e, ainda que de forma atenuada, para este na sua versão gramsciana. Buscaremos evidenciar que as análises marxistas de relações internacionais têm caráter normativo forte. Certa- mente não reconhecem na nação e no Estado a fonte prin- cipal do poder – de modo diverso, portanto, do estudo das relações internacionais como é tradicionalmente entendido, para o qual são o ponto de partida –, ou melhor, entendem que as relações entre os Estados devem buscar a explica- ção do que dá origem a elas, e essa razão não se encontra na própria formação estatal. Para as análises marxistas, a explicação das relações interestatais deve ser procurada nos movimentos profundos da história. Quase toda a literatura que apresenta ou discute a dis- ciplina de relações internacionais dedica algum espaço às contribuições marxistas. O mesmo pode ser identificado nas grades da maioria dos cursos dessa disciplina no Brasil e no mundo, bem como em obras de referência acerca de sua teoria (Russett e Starr, 1992; Baylis, Smith e Owens, 2008). 11065-LN83_meio_af4.indd 112 8/19/11 10:14 AM 115 Tullo Vigevani, Aline Regina Alves Martins, Manoela Miklos e Priscila Rodrigues Lua Nova, São Paulo, 83: 111-143, 2011 soberania e da anarquia como formas sociais provenientes da configuração distinta das relações sociais que Marx chamou de modo de produção capitalista e reprodução da vida social. Para Marx, ao assumir a representação da nação, a burguesia legitima a sua dominação mediante o controle político e ideológico do Estado (Marx e Engels, 1967). Isso explica, como faz Mármora (1986, p. 10), as razões pelas quais em Marx não há preocupação específica pelas rela- ções entre Estados: “[...] tratando de negar e desmistificar assim a suposta ‘soberania’ do Príncipe, Marx inverteu as relações, convertendo [...] Estado e nação em variáveis dependentes ou simples reflexos da sociedade civil.” Na discussão teórica ou no debate político, um con- ceito crítico reiterado pelos marxistas é que, ao procla- mar a igualdade formal de todas as nações, omitem-se as verdadeiras relações de dependência e dominação, deter- minadas por fatores econômicos e sociais. A teoria crítica de matriz marxista não afirma que as concepções teóricas tradicionais da disciplina das relações internacionais – rea- listas e liberais em primeiro lugar–, não levam em conta as diferenças e as assimetrias de poder, mas sim que estas não consideram essas assimetrias em suas causas. “Ordens mun- diais – para retornar à afirmação de Gramsci citada ante- riormente neste ensaio – são fundamentadas em relações sociais” (Cox e Sinclair, 2001, p. 140). Ao considerar a obra de Marx, pode-se deduzir que as teorias do mainstream da disciplina de relações internacionais não consideram ade- quadamente as razões que determinariam o sistema inter- nacional e suas mudanças. O foco da análise dessa disciplina, mesmo em suas versões contemporâneas – como o globa- lismo, de matriz liberal –, tem no Estado o seu ponto de partida fundamental. Em alguns casos, os globalistas mais radicais buscam reduzir o papel do Estado com o objetivo 11065-LN83_meio_af4.indd 115 8/19/11 10:14 AM 116 A contribuição marxista para o estudo das relações internacionais Lua Nova, São Paulo, 83: 111-143, 2011 de maximizar a centralidade do capitalismo e do mercado, colocados como eixos centrais e reguladores das relações sociais (Rosecrance, 1986; Ohmae, 1996). É importante ressaltar que, por certo, os globalistas não consideram as contradições estruturais do modo de produção capitalista. Consideram seus problemas, inclusive suas inconsistências e crises; mas tudo isso não seria estrutural, seriam limita- ções atribuíveis a erros, falta de capacidade analítica, ana- cronismos, irregularidades de mecanismos geralmente ade- quados. Em oposição a essa perspectiva, a análise de tipo estrutural, inerente ao marxismo, explica as relações inter- nacionais ao buscar entendê-las de forma a ressaltar suas características fundamentais, determinadas pelas relações sociais, pelas formas de produção e pelo desenvolvimento da técnica. Isto é, em última instância determinadas pelos interesses de classe. Rosenberg (1994, p. 55) sugere que o sistema interna- cional e suas mudanças só podem ser compreendidos se percebermos de outro modo o sistema de Estados. “Nós temos de encontrar maneiras de ver a forma do nosso siste- ma de Estados como a expressão geopolítica de uma totali- dade social mais ampla”. É importante considerar que esse debate, tanto no campo acadêmico quanto no campo polí- tico, ajudaria à formulação de interpretações consideran- do os movimentos profundos da história, sobretudo contri- buiria à análise crítica dos acontecimentos internacionais, viabilizando melhor compreensão das mudanças em curso. Significaria a introdução com mais força nas análises de relações internacionais, dos temas econômicos e históricos numa perspectiva crítica. Marx não elaborou um estudo sistemático e acabado sobre a ideia de nação. Contudo, não ignorou completa- mente o tema. Ainda que a questão não seja objeto central das reflexões de Marx, estas oferecem contribuição impor- tante para o estudo das relações internacionais – ainda que 11065-LN83_meio_af4.indd 116 8/19/11 10:14 AM 117 Tullo Vigevani, Aline Regina Alves Martins, Manoela Miklos e Priscila Rodrigues Lua Nova, São Paulo, 83: 111-143, 2011 o faça a partir de um prisma distinto daquele adotado pelas teorias hegemônicas da disciplina. Segundo o modelo de revolução defendido por Marx e Engels, as forças produtivas se desenvolveriam de forma a incluir todo o mundo civilizado, tendo como centro a Euro- pa Ocidental e Central, e se unificariam as múltiplas lutas de classes existentes tanto nos países avançados quanto nos países atrasados. No horizonte, superadas as desigualdades, os socialistas não estariam dispostos a conceder legitimida- de a instituições de cunho nacional. Além disso, a falta de uma teoria do Estado-nação – ou seja, sua redução a uma teoria da sociedade burguesa – traz como consequência a falta de uma teoria marxista de relações políticas internacionais: o internacionalismo marxista não contém qualquer definição positiva das relações entre as nações durante a transição para o socialismo. Mas, de fato, contém uma negação teórica destas relações e de sua necessidade (Mármora, 1986, p. 11). Consequentemente não é central o tema das relações entre Estados; não ganha relevância a elaboração a respei- to das formas de estruturação do sistema internacional. Em síntese, “a constituição, funcionamento e transformação das relações internacionais são fundamentalmente regidos por relações sociais de propriedade” (Teschke, 2003, p. 273). Ainda que o marxismo não tenha uma reflexão espe- cífica sobre relações internacionais da maneira como são analisadas pelas teorias dominantes da disciplina, ao tomá- -las como relações entre Estados, ele opera para a descons- trução dos princípios que orientam tais teorias e que susten- tam a própria sociedade capitalista. Os marxistas, conside- rando suas diferentes correntes, entendem que a crítica de tal sociedade é instrumento fundamental e deve ser incor- 11065-LN83_meio_af4.indd 117 8/19/11 10:14 AM 120 A contribuição marxista para o estudo das relações internacionais Lua Nova, São Paulo, 83: 111-143, 2011 No final do século XIX, deram-se as primeiras tentativas de aplicar o marxismo à compreensão das relações inter- nacionais. Autores como Bernstein (1978), Kautsky (1978) e Bauer (1987) contribuíram à discussão sobre as relações entre os Estados europeus, com incursões sobre a questão nacional e colonial. A obra com mais notoriedade nas déca- das sucessivas, pelo grande peso político-institucional do autor, é a de Lênin (1987), em que o conceito de imperia- lismo é apresentado como estágio final do capitalismo. Nas primeiras décadas do século XX, autores marxistas como Luxemburgo (1985), Bukarin (1988) e outros aprofunda- ram as análises sobre economia política internacional. Esse debate foi precedido e acompanhado por estudos de impor- tantes economistas (Hilferding, 1985; Hobson, 1981). Como aponta Halliday (2007, p. 70), a “tentativa do marxismo no período de 1900-1920 de teorizar o sistema internacional em torno do conceito de ‘imperialismo’, entendido como a rivalidade estratégica interestatal, é uma das mais ambi- ciosas e criativas jamais feita antes”. Passado um século, são visíveis traços dessas ideias no pensamento contemporâneo: na análise do papel do capital financeiro, na própria ideia de globalização que lembra longinquamente a de super- -imperialismo de Kautsky (1978) e de Hobson (1981). Apesar do esforço de autores marxistas para a compreen- são das relações internacionais, até os anos 1970 o marxis- mo não ocupou espaço confortável nos grandes debates da disciplina, permanecendo no campo da práxis política, muitas vezes sofrendo um processo de esclerosamento dou- trinário. Na maioria das vezes, os manuais acadêmicos dessa disciplina, quando mencionam marxismo, referem-se aos debates do final do século XIX e das primeiras décadas do XX. Essa distância entre os estudos marxistas e os debates da disciplina de relações internacionais – separação muito maior do que nos outros campos das ciências humanas e sociais –, encontra explicação em muitos fatores, mas vale 11065-LN83_meio_af4.indd 120 8/19/11 10:14 AM 121 Tullo Vigevani, Aline Regina Alves Martins, Manoela Miklos e Priscila Rodrigues Lua Nova, São Paulo, 83: 111-143, 2011 ressaltar a hegemonia das escolas norte-americanas e bri- tânicas, em que o marxismo não desempenhou papel rele- vante em toda a primeira metade do século XX e mesmo no período imediatamente sucessivo à Segunda Guerra. Some-se o fato que a teoria marxista foi por longo tempo, ao menos pelo senso comum, apontada como instrumen- tal à fundamentação das políticas dos regimes comunistas, que com o stalinismo eram autoritários e fortemente buro- cráticos. Teschke e Lacher (2007, p. 566) pontuam que “O discurso ocidental das relações internacionais, portan- to, constituiu-se ao exorcizar a questão do capitalismo do debate sobre as origens da grande guerra e das condições para a paz duradoura”. Os anos 1970 apresentaram desafios ao paradigma rea- lista, até então visão dominante na disciplina de relações internacionais. À época, mudanças significativas no plano das relações internacionais resultaram em transformações também importantes nos rumos da disciplina. Um conjunto de circunstâncias históricas definiu um novo cenário inter- nacional e conferiu às novas abordagens liberais legitimi- dade inédita. Isto é, questões que já faziam há muito parte do debate político, pediam teorias explicativas no campo teórico. Esse contexto expôs as limitações da teoria realista para compreender a transformação e favoreceu a ascensão de novos temas, inicialmente numa perspectiva liberal. Na sequência, os debates sobre os novos atores e sobre as razões das mudanças possibilitaram a algumas interpre- tações marxistas ocupar maior espaço na disciplina de rela- ções internacionais. Possivelmente, os críticos do realismo e do neorrealismo acreditaram encontrar nos marxistas e na teoria crítica um suporte para a demolição de uma cons- trução efetivamente sólida. Nos anos 1970 e 1980, como é amplamente conhecido, os marxistas, particularmente os gramscianos, engajaram-se nas polêmicas intelectuais criticando pesadamente o realismo e o neorrealismo. Em 11065-LN83_meio_af4.indd 121 8/19/11 10:14 AM 122 A contribuição marxista para o estudo das relações internacionais Lua Nova, São Paulo, 83: 111-143, 2011 crítica direta a Waltz (1979), Cox (1986, p. 211) esquadri- nhou o realismo mostrando sua funcionalidade explicati- va das relações efetivamente existentes, portanto do status quo que resultaria da Guerra Fria, ao mesmo tempo em que demonstrou sua incapacidade de compreensão das mudan- ças que, para ele (Cox), resultam exatamente das alterações nas relações de classe: Desde a Segunda Guerra Mundial, alguns acadêmicos americanos, notadamente Hans Morgenthau e Kenneth Waltz, transformaram o realismo em uma teoria para a solução de problemas. Embora fossem indivíduos com conhecimento histórico considerável, eles tenderam a adotar a visão fixa e a-histórica característica das teorias para a solução de problemas ao invés de se afastarem dessa concepção, à maneira de E. H. Carr, e tratá-la como historicamente condicionada e, portanto, suscetível à mudança. Nos anos 1990 e 2000, a crítica voltou-se, sobretudo, aos liberais e neoliberais que, segundo os marxistas, não com- preenderam o significado das novas forças que irrompem no mundo todo e não podem compreender o fracasso do liberalismo econômico. Gowan (2006, p. 128) é explícito: Embora os estudantes de relações internacionais sejam convidados a entrar em um ‘grande debate’ entre ‘realismo’ e ‘liberalismo’, na política externa norte-americana real os realistas tendem a tornar-se mais críticos, enquanto o chamado campo liberal tem sido largamente capturado pelo imperialismo agressivo. Enfim, na perspectiva aberta pelas grandes questões do século XXI, um marxismo renovado, afastado de suas versões vulgares, que busca analisar criativamente os novos proble- 11065-LN83_meio_af4.indd 122 8/19/11 10:14 AM 125 Tullo Vigevani, Aline Regina Alves Martins, Manoela Miklos e Priscila Rodrigues Lua Nova, São Paulo, 83: 111-143, 2011 abordou relações internacionais apenas marginalmente. Com isso, Cox constitui-se em referência para o conjunto da teoria crítica. Em 1983, afirmava: Não surpreendentemente, Gramsci não tinha muito a dizer diretamente sobre relações internacionais. No entanto, descobri que o pensamento de Gramsci era útil para compreender o significado de organização internacional, com o qual eu estava preocupado na época. Seu conceito de hegemonia foi particularmente útil, mas também foram valiosos vários conceitos que ele tinha criado ou desenvolvido a partir de outros (Cox e Sinclair, 2001, p. 124). Dessa forma, o conceito de hegemonia surge como explicativo não só do conflito entre Estados e das relações de dominação, mas também dos outros aspectos que deter- minam as relações de poder: as relações econômicas, cultu- rais, ideológicas. Essas relações estabelecem-se sobre bases profundas, sobre as estruturas que permeiam a organização social e o desenvolvimento do processo histórico. A hege- monia global começa com a expansão de uma hegemonia estabelecida no âmbito nacional. Para Cox e Sinclair (2001, p. 137), o conceito torna-se chave para explicar as relações internacionais: Hegemonia mundial pode ser descrita como uma estrutura social, uma estrutura econômica e uma estrutura política; e não pode ser simplesmente uma dessas coisas, mas deve ser todas as três. Hegemonia mundial, além disso, é expressa em normas universais, instituições e mecanismos que estabelecem regras gerais de comportamento para os Estados e para as forças da sociedade civil que atuam por meio das fronteiras nacionais – regras que suportam o modo de produção dominante. 11065-LN83_meio_af4.indd 125 8/19/11 10:14 AM 126 A contribuição marxista para o estudo das relações internacionais Lua Nova, São Paulo, 83: 111-143, 2011 Relevante é mostrar que essa concepção de relações inter- nacionais é crítica na medida em que se considera, como lembra Adler (1999, p. 221), “externa em relação à ordem prevalecente do mundo e se pergunta como essa ordem surgiu. Mas também é de resolução de problemas, no sen- tido de que, uma vez reificadas, as instituições e as práti- cas toma o mundo como o encontra como o cenário dado para a ação”. Portanto, mais uma vez verificamos que, para as concepções marxistas e da teoria crítica, o conceito de hegemonia não produz um corte entre a hegemonia inter- na e a internacional; uma representa a continuidade da outra e as duas se retroalimentam. Autores influenciados pela teoria crítica vêm contri- buindo para o debate das relações internacionais, com inserção significativa no mundo acadêmico. Os trabalhos de Craig Murphy (2005), que se inserem nesse debate pelo viés da análise das instituições internacionais, demonstram a contribuição marxista e, mais especificamente, gramscia- na para a compreensão de temas específicos das relações entre Estados. Suas obras desvendam o papel de correia de transmissão que instituições e organizações internacionais desempenham ao generalizarem e tornarem hegemônicos, sob o manto de valor universal, conceitos formulados nos países centrais e funcionais aos interesses de seus grupos dirigentes. A intenção do autor é explicitamente a de inter- pretar as instituições internacionais à luz dos conceitos de Marx e Gramsci, procurando apontar como tais instituições estabelecem um consenso de cunho universal respaldado no interesse do Estado hegemônico. A influência dessas ideias é visível no mainstream da dis- ciplina de relações internacionais, ainda que as inter-rela- ções não tenham sido suficientemente estudadas. Tanto no campo do realismo quanto no campo liberal – sem par- tir dos mesmos pressupostos teóricos e muitas vezes ten- do objetivos totalmente distintos –, ganham peso alguns 11065-LN83_meio_af4.indd 126 8/19/11 10:14 AM 127 Tullo Vigevani, Aline Regina Alves Martins, Manoela Miklos e Priscila Rodrigues Lua Nova, São Paulo, 83: 111-143, 2011 dos argumentos da teoria crítica e do marxismo. Quan- do Nye Jr. (2002), por exemplo, discute o conceito de soft power, significa que a ideia de hegemonia, como utilizada por Cox para a compreensão das relações internacionais, transcende o debate da teoria crítica. As teorias marxista e crítica desconstroem o caráter da hegemonia, mostran- do sua funcionalidade para a dominação. Trata-se de com- preender a funcionalidade da hegemonia, para que serve, partindo disso para, normativamente, criar os elementos de sua desconstrução. A crítica da hegemonia tem con- tribuído para analisar o significado dos valores chamados ou considerados universais, permitindo compreender seu significado, sua gênese, sua práxis e, eventualmente, sua metamorfose. Reforçando nosso argumento relativo ao peso da teoria crítica para o debate da disciplina de relações internacio- nais, lembremos como os construtivistas em alguns aspectos têm intersecção com ela. Ao discutirem o significado e o peso das ideias, mostram como elas têm grande relevância na determinação da agenda internacional e na discussão das normas que prevalecem. Ao destacarem o peso dos gru- pos epistêmicos, mesmo sem considerarem qualquer aná- lise de classe, reforçam a percepção de que a articulação dos interesses é um elemento básico na determinação da agenda (Adler, 1999; Wendt, 1999). Essa forma de conceber as relações internacionais pode ser retrabalhada de forma a evidenciar o significado que têm os interesses dos dominan- tes e dos dominados. Com isso nos aproximamos do objetivo desse texto: dis- cutir qual a contribuição marxista para o estudo das rela- ções internacionais. Pretende-se mostrar que a análise das relações entre os Estados não pode prescindir da compreen- são das relações entre as classes nos planos nacional e inter- nacional, da materialidade dessas relações e das ideias por elas produzidas. 11065-LN83_meio_af4.indd 127 8/19/11 10:14 AM 130 A contribuição marxista para o estudo das relações internacionais Lua Nova, São Paulo, 83: 111-143, 2011 detém plena capacidade explicativa em relação a fenôme- nos de grande importância. Há questões que não encon- tram explicações econômicas ou políticas apenas. Elementos culturais (Weber, 1985), psicológicos, questões de identi- dade, dignidade, como sabemos, têm grande significado. Temas esses discutidos por culturalistas e construtivistas, mas ainda insuficientemente absorvidos pelas teorias. Cabe sublinhar que essas perspectivas também trabalham contra os conceitos racionalistas, de rational choice etc. Para Marx, é necessário olhar para a dinâmica das rela- ções sociais de produção para o entendimento da realidade. Ampliando esse raciocínio, Rosenberg (1994) sustenta que as relações internacionais compõem um quadro maior de relações sociais e, portanto, sua análise exige a exata com- preensão do estágio de desenvolvimento das forças produ- tivas. A esse respeito, Gramsci (1971, p. 176) afirmava: “As relações internacionais precedem ou sucedem (logicamen- te) relações sociais fundamentais? Não pode haver dúvida que elas sucedem”. A adoção da perspectiva utilizada pelos marxistas e pelos gramscianos coloca críticas fortes e limites ao potencial analítico das correntes que predominaram na análise das relações internacionais durante todo o século XX. Sua adoção implica a negação da postura positivista adotada pelas escolas realista e liberal, que resulta na rei- ficação e universalização dos objetos de estudo e é consi- derada pelos marxistas a-histórica. O resultado da crítica e consequente negação dessa postura positivista leva a uma interpretação mais refinada do sistema internacional, de suas crises e contribui para a explicação da emergência e decadência de hegemonias. Essa interpretação não tem a pretensão da neutralidade. É abertamente vista por seus for- muladores como instrumento de desconstrução das hege- monias existentes. Sem dúvida, contribui para a explicação das mudanças sistêmicas, questão objeto de grandes polêmi- cas nas quais se evidenciaram as falhas explicativas particu- 11065-LN83_meio_af4.indd 130 8/19/11 10:14 AM 131 Tullo Vigevani, Aline Regina Alves Martins, Manoela Miklos e Priscila Rodrigues Lua Nova, São Paulo, 83: 111-143, 2011 larmente do realismo, a não ser nos casos em que o proces- so histórico é claramente absorvido. Por isso, como vimos, o respeito de marxistas para autores como Carr (1981). A crítica ao positivismo por parte dos autores marxistas tem a ver com um tema comum a eles, qual seja, a nega- ção da possibilidade de neutralidade e de imparcialidade. Cox (1986) e Cox e Sinclair (2001) criticam Waltz e, por meio dele, os realistas particularmente num aspecto: a obsessão pela busca de regularidades e leis gerais. A consequência seria a incapacidade para explicar fenômenos que vão além das transformações tecnológicas e das modificações nas posições relativas dos atores. Essas mudanças são eviden- tes. O que os marxistas criticam é a limitação analítica em entender as interações produzidas pelas relações de domi- nação interna e externa aos Estados. Portanto, a questão não é o balanço de poder, mas as razões que o determinam. A estrutura não reside na tendência ao equilíbrio, mas nas formas de dominação. Waltz (2000, p. 30) adapta sua interpretação sem rom- per com ela. A teoria permite que se assevere que um novo equilíbrio de poder se formará, mas não permite que se afirme quanto tempo ele durará”. Portanto, a teoria teria uma capacidade explicativa prévia, embora limitada. O autor reconhece alguns limites para a teoria, mas reafirma a certeza no tocante à permanência da regra da balança de poder. Os marxistas, por sua vez, entendem que a definição de “leis” limita ou até impede a capacidade de explicar as mudanças provocadas pela própria natureza dos atores e de suas formas de interação. Marx (1999, p. 14) afirma que “a vida social é essencialmente prática, todos os mistérios que levam a teoria para o misticismo encontram sua solução racional na práxis humana e na compreensão dessa prática”. Essa percepção se choca com a pretensa neutralidade cien- tífica. Por isso o positivismo e o racionalismo da disciplina de relações internacionais são criticados por Rosenberg 11065-LN83_meio_af4.indd 131 8/19/11 10:14 AM 132 A contribuição marxista para o estudo das relações internacionais Lua Nova, São Paulo, 83: 111-143, 2011 (1994, p. 7): “o núcleo geopolítico do objeto da disciplina é ontologicamente distinto das estruturas mais amplas da reprodução social”. Para Rosenberg (1994), a compreensão da perspecti- va histórica e da ideologia que lhe corresponde é funda- mental. As relações internacionais, na essência, seriam um tipo de relações entre pessoas, grupos, estamentos, classes. Trata-se de compreender o que os marxistas consideram as razões profundas que modelam as próprias relações inter- nacionais. Quanto ao método, os marxistas, tal qual define Cox (1986, pp. 243-244), rejeitam a ideia de fundamentar leis de bronze da história e buscam a compreensão dinâmi- ca do objeto. A abordagem historicista para a ciência social não prevê qualquer lei geral ou universalmente válida que possa ser explicada a partir do desenvolvimento de teorias de aplicação generalista. Para o historicismo, tanto a natureza humana quanto as estruturas de interação humana mudam, mesmo que muito lentamente. A história consiste nesses processos de mudança. Não se pode falar, portanto, de “leis” de validade generalista que transcendam eras históricas, nem de estruturas exógenas ou anteriores à história. Há um núcleo central na crítica às teorias de relações internacionais essencialmente racionalistas que prevalece- ram nas últimas décadas, especialmente a partir do fim da Segunda Guerra: “Toda teoria é sempre para alguém e para algum fim” (Cox, 1986, p. 207). Essa chave interpretativa sur- ge na lembrança da impossibilidade de interpretações neu- tras e na crítica às regularidades e leis gerais. Reforçando esse argumento, Teschke (2003, p. 274) afirma que: As relações internacionais são uma ciência social. E como tal, não estão à parte da reprodução cotidiana das 11065-LN83_meio_af4.indd 132 8/19/11 10:14 AM 135 Tullo Vigevani, Aline Regina Alves Martins, Manoela Miklos e Priscila Rodrigues Lua Nova, São Paulo, 83: 111-143, 2011 do seu poder. Países em desenvolvimento, atraídos pelo interesse na estabilidade e pela possibilidade de usufruírem do crescimento geral, se somariam a eles. Gill (2004, p. 8) descreve esse processo no qual a perspectiva do mercado prevaleceria: A ampliação do escopo do mercado nos anos 1980 e provavelmente durante os anos 1990, somada a certas mudanças na tecnologia e comunicação, contribui para o crescente poder estrutural do capital móvel internacional. Por outro lado, o Estado como uma entidade institucional e social também cria possibilidades para a limitação de tal poder, em parte devido aos bens políticos e serviços que ele fornece aos capitalistas e à autonomia institucional que possui. O esforço de desregulamentação dos mercados e a dimi- nuição do campo de atuação do Estado deram novo fôle- go à separação do político do econômico. Velasco e Cruz (2007) assinala a relação entre política e economia. Ao dis- cutir o papel do neoliberalismo nas formulações econômicas nacionais e na economia internacional, aponta a concepção contraditória dessa escola ao separar e introduzir ao mesmo tempo o fator político. A contradição se evidencia ao denun- ciar a doutrina que faz do intervencionismo estatal o seu leitmotiv e, concomitantemente, estimula a mobilização cres- centemente intrusiva do Estado, necessária à implementação das políticas que ele informa. Nesse contexto, o marxismo e a teoria crítica dão uma contribuição significativa às análises das relações internacionais, já que incidem diretamente pro- curando desvendar os significados da desregulamentação e da alegada diminuição do papel do Estado. Marx, ao diagnosticar o fenômeno da separação entre economia e política, rejeita essa distinção. Ela encobre, para o autor, a verdadeira interdependência estrutural entre as 11065-LN83_meio_af4.indd 135 8/19/11 10:14 AM 136 A contribuição marxista para o estudo das relações internacionais Lua Nova, São Paulo, 83: 111-143, 2011 esferas pública e privada. A emergência de uma forma insti- tucional que distingue a esfera do Estado da esfera da eco- nomia, nesse sentido, seria uma abstração necessária para a consolidação e para a perpetuação do sistema capitalista. “A emergência de esferas institucionais distintas, chamadas de Estado e de economia, é a marca da sociedade capitalista” (Rosenberg, 1994, p. 126). No plano metodológico a cisão entre economia e polí- tica também se verifica e tem consequências. Rosenberg (1994, p. 3) explica: Esta separação formal tem agora um século de idade e data do nascimento da economia pura, resultado da chamada revolução “marginalista” da década de 1870. As relações internacionais Realistas estão entre as várias disciplinas acadêmicas fundadas a partir de tal separação, constituindo-se como o estudo das relações políticas entre Estados. Mais recentemente, este processo levou ao surgimento do novo campo da economia política internacional, que foca precisamente na interação causal entre a política internacional e a economia internacional. O surgimento deste novo campo é entendido como uma inovação que pressiona fortemente as fronteiras disciplinares entre as RIs e a economia. Bem, talvez ele o seja. E, certamente, a pergunta “qual é a relação entre os Estados e os mercados?” é interessante e importante. Rosenberg (1994) ressalta que autores de referência re - conhecida no campo das relações internacionais formula- ram objeções a essa separação. Carr (1981) é um deles, ao mostrar que separar política de economia dificulta, ao invés de facilitar o estudo. Susan Strange (1988) também buscou reintroduzir a relação casual entre economia internacional e política internacional. Não desconhecemos o fato de que tanto parte dos realistas (Gilpin, 1987) quanto parte dos 11065-LN83_meio_af4.indd 136 8/19/11 10:14 AM 137 Tullo Vigevani, Aline Regina Alves Martins, Manoela Miklos e Priscila Rodrigues Lua Nova, São Paulo, 83: 111-143, 2011 liberais (Rosecrance, 1986) aceita e utiliza a relação entre economia e política. O que os marxistas (Gowan, 2009) cons- tatam, contudo, não é apenas a existência da relação entre economia e política, é mais do que isso, eles identificam as relações sociais capitalistas que dão sustentáculo a essa sepa- ração. As falhas de liberais e de realistas estariam em não identificar as razões profundas das inter-relações entre eco- nomia e política. Nisso residiria o positivismo e a utilização da lógica de rational choice que para os marxistas inviabili- zaria a compreensão das próprias relações internacionais. Lembramos que nessa crítica há espaços de overlap. Isto é, instrumentos de análise com fundamento técnico podem produzir resultados úteis quando as variáveis utilizadas são adequadas e quando não se quer, com esses meios, encobrir a totalidade do espectro analítico. Como consequência, a distinção entre o político e o econômico resulta na perda de alcance analítico das teses elaboradas pelas escolas dominantes da disciplina de rela- ções internacionais. Todos reconhecem a importância da questão econômica. No entanto, há modos distintos de considerá-la: a economia pode ser vista de forma positi- vista, como um dado do problema, como um input muito importante na análise das relações entre os Estados, um fator de poder. Kennedy (1988), como outros autores, ao discutir o significado do over extension como fator explicativo da decadência dos Estados, focaliza a atenção no papel da economia. A contribuição marxista, em oposição, está na introdução da questão econômica como fator explicativo não apenas das relações de poder, mas das formas como se desenvolvem as relações entre os Estados, buscando com- preender sua estrutura e sua dinâmica. Há uma relação de interação entre as esferas econômica e política e somente uma reflexão que não exclua a variável econômica para o estudo da política, e vice-versa, é capaz de compreender o sistema internacional em sua totalidade. 11065-LN83_meio_af4.indd 137 8/19/11 10:14 AM 140 A contribuição marxista para o estudo das relações internacionais Lua Nova, São Paulo, 83: 111-143, 2011 quem perde na ordem internacional vigente. Essa questão, presente nos trabalhos de Strange (1988), Cox e Sinclair (2001) e outros, é estratégica e indica em boa medida a con- tribuição do marxismo, dos gramscianos e da teoria crítica. Buscar a resposta a essa questão é a contribuição possível. Tullo Vigevani é professor da Unesp e do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas (PPGRI) da Unesp, Unicamp e PUC-SP. Aline Regina Alves Martins é doutoranda em Ciência Política pela Unicamp. Manoela Miklos é doutoranda em Relações Internacionais pelo Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas (PPGRI) da Unesp, Unicamp e PUC-SP. Priscila Rodrigues é bacharel em Relações Internacionais pela Unesp. Referências bibliográficas ADLER, E. 1999. “O construtivismo no estudo das relações internacionais”. Lua Nova, n. 47, pp. 201-246. ANDERSON, P. 1985. Linhagens do Estado absolutista. São Paulo: Brasiliense. BAYLIS, J.; SMITH, S.; OWENS, P. (orgs.). 2008. The globalization of world politics. Oxford: Oxford University Press: Oxford. BAUER, O. 1987. La question des nationalités et la social-démocratie. Paris: Arcantère Éditions (t. 1). BERNSTEIN, E. 1978. “La socialdemocracia alemana y los disturbios turcos”. In: et al. 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