Baixe História do rio doce e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Ambiental, somente na Docsity! HISTÓRIA DO RIO DOCE O Rio Doce Em 1572 o Brasil despertava a imaginação e a cobiça das cortes da Europa. Luís de Brito d’Almeida era, na época, governador geral do Brasil e despachou o aventureiro Sebastião Fernandes Tourinho com a missão de explorar a nova colônia, erra busca de riquezas e pedras preciosas. Não era fácil a tarefa. Tourinho enfrentou tribos de índios aguerridos e, depois de meses de penosa jornada ao longo do Rio Doce, apresentou ao governador um punhado de esmeraldas e safiras, mas alguns historiadores acreditam que as pedras não passavam de cristais coloridos. De qualquer forma, a descoberta serviu para incentivar novas expedições Seguindo as pegadas de Sebastião Tourinho, partiu Marcos de Azeredo, navegando também ao longo do Rio Doce. Azeredo conseguiu de fato prata e esmeraldas, e Rodrigues de Arzão, outro explorador que havia decidido tentar a sorte, encontrou ouro nos arredores de onde hoje e Ouro Preto, confirmando os sonhos de riqueza dos aventureiros e, sobretudo, do reino de Portugal Entre 1693 e 1695, foram encontradas as primeiras reservas auríferas, localizadas em diversos pontos de Minas: a trilha dos aventureiros passou a rumar para as regiões de garimpo, semeando povoados ao longo dos caminhos. Com isso, a exploração incerta e perigosa do Rio Doce caiu no esquecimento. Suas margens transformaram-se em territ6rio de tribos que evitavam o contato com os invasores e foi apenas no século XVIII, com o esgotamento das minas em outras regiões, que o Rio Doce voltou a ser lembrado pelos exploradores. Em 1781, dom Rodrigo José de Menezes, governador da Província, decidiu explorar o Rio Doce, interessado em descobrir mais terras para cultivo, atendendo a reclamações daqueles que sofriam pelo fato de as minas não produzirem como antes. Vinte e cinco anos depois, o governador Pontes realizou exploração mais regular e metódica. Em pouco tempo, o Rio Doce transformou-se num tesouro estratégico via comercial de grande importância para o desenvolvimento de Minas Gerais e fonte quase inesgotável de minérios e pedras preciosas. Testemunho da história O Rio Doce, a exemplo de Minas Gerais, destacou-se em todas as grandes etapas da historia política, econômica e social do país. Estava presente nas primeiras explorações de ouro e pedras preciosas, participou da era do café, da pecuária, da cana-de-açúcar, da extração da madeira e contribuiu ativamente, com grandes sacrifícios, para o desenvolvimento das indústrias e da siderurgia. Ao longo das margens do Rio Doce antes território de botocudos, pataxós, crenaques - e uma da ultimas trincheiras de resistência contra o invasor -, desenvolveu-se, dois séculos depois, uma área de produção em grande escala de matérias-primas e insumos básicos. Nestes poucos séculos, as aldeias foram substituídas pelas empresas de mineração e a paisagem adquiriu os traços e contornos, muitas vezes sombrios, da historia moderna da exploração e do progresso. Desvendando os mistérios O Rio Doce foi considerado por muito tempo, um dos mais misteriosos rios de Minas Gerais. O desinteresse em explorar suas margens depois da descoberta de Arzao, as florestas densas e a presença de tribos hostis mantiveram o Rio Doce como um segredo bem guardado da natureza, revelado apenas aos índios. Na Segunda Guerra Mundial, o esforço aliado exigiu a convocação das riquezas da região e o Rio Doce alistou-se no conflito, fornecendo diversas matérias-primas, especialmente ferro. Hoje, explorado e mapeado detalhadamente, o Rio Doce não e mais um mistério geográfico. Seus principais afluentes são os rios Piracicaba, Santo Antonio, Corrente Grande, Suaçui Grande, Cuieté e Manhuaçu. A bacia hidrográfica do Rio Doce incorpora 184 municípios, com 85.028 km², sendo que, deste total, 69 municípios e 74.314 km² pertencem a Minas Gerais. O Rio Doce nasce como Rio Xopoto, escorrendo de uma altitude de mais de mil metros nas serras do complexo do Espinhaço e da Mantiqueira, em Minas Gerais. De sua nascente ate a foz, no vilarejo de Regência, no Espírito Santo, O Rio Doce cumpre uma jornada de 852 quilômetros, mas nem sempre com este nome. No município de Senador Firmino, ele se encontra com o Rio Piranga e, seguindo em direção nordeste, inicia rapidamente a descida das vertentes. Próximo da cidade de Ponte Nova, 390 metros acima do nível do mar, encontra o Ribeirão do Carmo sendo finalmente batizado, a partir deste ponto, como Rio Doce. Neste primeiro trecho alto, a topografia e bastante acidentada, com reflorestamento (eucalipto) culturas de café, cacau e criação de porcos e gado leiteiro e de corte; 2) agroindústria: açúcar e álcool; 3) mineração: ferro, ouro, bauxita, manganês, pedras preciosas; 4) indústria: siderurgia, celulose, turismo, alimentos e laticínios; 5) setor terciário: comercio e serviços (apoio aos complexos industriais); 6) geração de energia elétrica. UNIDADES DE CONSERVAIÇÃO Na Bacia Hidrográfica do Rio Doce encontram-se diversas Unidades de Conservação. São dois Parques Nacionais, o do Caparaó e do Caraça; seis Parques Estaduais, sendo que entre eles esta o Parque Florestal Rio Doce, com a maior área de floresta atlântica de Minas Gerais. Os outros Parques Estaduais são: Sete Salões, Rio Corrente, Serra da Candonga, Serra do Brigadeiro e Itacolomi. Há ainda na Bacia duas Estações Biológicas que são a da Mata do Sossego e de Caratinga, duas Reservas Ecológicas, dezoito APAS duas APES, duas áreas de Reserva Indígena (Crenaque Pataxó) e alto Parques Municipais. AS DIFERENTES REGIOES A Bacia do Rio Doce compreende três regiões distintas: o Alto Rio Doce, o Médio Rio Doce e o Baixo Rio Doce. Cada uma dessas regiões tem suas características próprias e apresenta níveis diferentes de preservação e degradação ambiental. O Alto Rio Doce compreende a nascente na Fazenda Morro Queimada, na Serra da Trapizonga, no Município de Ressaquinha, ate o Rio Piracicaba, em Ipatinga. Em toda essa região pode-se notar boa preservação das matas de topos de morros, o que nem sempre ocorre em outros lugares. O Médio Rio Doce situa-se entre o Rio Piracicaba e a foz do Rio Manhuaçu, na cidade de Aimorés. E uma região com bastante diversidade nas atividades econômicas, com destaque para grandes indústrias do Vale do Aço (Acesita, Usiminas e Cenibra) e para a agropecuária, que prevalece em muitos municípios. Esse e o trecho que apresenta a maior degradação ambiental na Bacia do Rio Doce. Segundo alguns estudos, essa região apresenta acelerado processo de desertificação, devido à retirada de suas matas, a grande monocultura de eucaliptos e a grandes áreas de pastagens. Alem disso, ha outros fatores que prejudicam o Rio Doce nesse trecho. Entre eles, destacam-se a ma utilização do solo, as erosões, que provocam o assoreamento do leito do rio, e os lixos e esgotos industriais e domésticos que são jogados em suas águas, sem qualquer tratamento. O Baixo Rio Doce compreende o espaço entre o Rio Manhuaçu, na divisa de Minas Gerais com o Espírito Santo, ate o Oceano Atlântico. Trata-se de região melhor conservada em relação às matas de topos e ciliares, mas e também a região mais assoreada, por receber toda a carga de materiais sólidos (terra, areia, pedras) de Minas Gerais. A represa da Usina Hidrelétrica de Mascarenhas, na divisa de Minas Gerais e Espírito Santo, provocam grande impacto ambiental na população de peixes, pois chega a dividir o rio. Além disso, o funcionamento da usina provoca cheia e vazão muito baixa, alterando o fluxo natural do rio. Ha também aspectos positivos, que podem servir de exemplo para outras regiões. No Espírito Santo, a consciência ambiental e muito grande, se comparada a de outros locais, e vários municípios estão desenvolvendo ações para a recuperação e a preservação da Bacia do Rio Doce. Rio Doce, da nascente á foz Sub-Bacias - Afluentes Rio Doce nasce na Serra da Mantiqueira, com o nome de Rio Piranga. Sua nascente fica na Fazenda Morro Queimado, no Município de Ressaquinha. No Município de Ponte Nova, onde o Rio Piranga se encontra com o Rio do Carmo, que desde Ouro Preto vem serpenteando entre os morros ele passa a se chamar Rio Doce. Essa região e a que e chamada de Alto Rio Doce. E nela que o Rio Doce vai se avolumando a medida que recebe seus afluentes Rios Casca, Matipô, Sacramento e, mais ao norte, Piracicaba. Daí em diante já está no Médio Rio Doce, onde ele aumenta de volume com a contribuição dos Rios Santo Antonio, Corrente, Suaçuí Pequeno, Suaçuí Grande, Santa Helena, Caratinga, Emê e Manhuaçu. No Baixo Rio Doce, no Espírito Santo, ele recebe as águas dos Rios Guandu, Santa Joana, Pancas e São Jose, próximo a sua foz. A foz O Rio Doce deságua no Oceano Atlântico, no Município de Linhares- Distrito de Regência (ES). A foz do Rio Doce e um delta. O braço norte está seco, e o braço sul, antes navegável, esta tomado por grandes bancos de areia. História Em 2001, completaram-se 500 anos de descoberta do Rio Doce. A data exata de seu descobrimento foi 13 de dezembro de 1501. Suas águas barrentas tingiam as águas do Oceano Atlântico e chamaram a atenção dos integrantes de uma esquadra, que, cumprindo ordens da Coroa Portuguesa, descia do norte para o sul, em busca de riquezas. O Rio Doce, na verdade, existe ha milhões de anos. Ninguém sabe precisar desde quando suas margens eram habitadas, mas sabe-se que toda a região da Mata Atlântica, em sua bacia, já era povoada pelos índios, que o chamavam "Watu", quando os portugueses chegaram. Com sua descoberta pelos homens "civilizados”, teve início o processo de degradação e agressão ao meio ambiente, que dura ate hoje. A ocupação da Bacia do Rio Doce, no início, foi lenta. Ate ha pouco tempo, cerca de 70 anos, quase toda a extensão da Bacia ainda era uma regi30 bravia, inexplorada e insalubre. As primeiras expedições a Bacia do Rio Doce deveram-se a Sebastião Fernandes Tourinho. Por volta de 1573, ele partiu de Porto Seguro alcançando terras mineiras. Primeiro, subiu os Rios Jequitinhonha e Araçuaí, retornando, depois, numa segunda expedição, com 400 homens, pelo Rio Doce, atingindo os Rios Santo Antonio e Guanhães. Sabe-se que as bandeiras enfrentaram a um serie de dificuldades relacionadas ao clima e aos índios hostis. Para enfrentar os índios, foram criados seis destacamentos militares no Rio Doce, entre eles o de Baguari. Em 1823, estabeleceu-se o Quartel D. Manuel, na margem esquerda do Rio Doce, hoje território do Município de Governador Valadares. Os primeiros aventureiros subiram o Rio Doce, ainda no século XVI, atraídos pelas noticias de que havia ouro e pedras preciosas na região das cabeceiras do rio. A descoberta de ouro em áreas próximas aos locais onde hoje estão as cidades de Ouro Preto e Mariana precipitou o chamado Ciclo do Ouro. Naquela época, a subida do rio era penosa. Corriam boatos de que havia obstáculos intransportáveis. Um deles seria a Cachoeira de Escadinha, hoje submersa pelo lago da barragem de Mascarenhas. O povoamento da região foi feito no sentido do mar para o interior. Em