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Análise da Capacidade Funcional de Idosos em São Paulo, Notas de estudo de Enfermagem

Este estudo avaliou a capacidade funcional de idosos cadastrados em uma unidade básica de saúde em são paulo, observando-se que a maioria deles é do sexo feminino, na faixa etária de 60 a 69 anos, sem cônjuge, com baixa escolaridade e renda mensal de um a três salários mínimos. Além disso, foi constatado que um expressivo percentual de idosos vivia sozinho e apresentava alto grau de dependência funcional para atividades relacionadas ao autocuidado. Esses resultados denotam que os idosos estão vivenciando envelhecimento caracterizado por condições sociodemográficas deficientes e alto grau de dependência.

Tipologia: Notas de estudo

2013

Compartilhado em 27/12/2013

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gerson-souza-santos-7 🇧🇷

4.8

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Baixe Análise da Capacidade Funcional de Idosos em São Paulo e outras Notas de estudo em PDF para Enfermagem, somente na Docsity! REAS [Internet]. 2013; 2(3):67-76 ISSN 2317-1154 Artigo Original CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO CAPACIDADE FUNCIONAL DE ANCIANOS EN UNIDADE BÁSICA DEL SALUD DEL MUNICIPIO DE SÃO PAULO FUNCIONAL CAPACITY OF THE ELDERLY SEEN IN A BASIC HEALTH UNIT IN THE CITY OF SÃO PAULO Gerson Souza Santos1, Isabel Cristina Kowal Olm Cunha2 RESUMO Este estudo objetivou avaliar a capacidade funcional de idosos cadastrados em uma unidade básica de saúde município de São Paulo. Estudo descritivo-exploratório, com abordagem quantitativa, realizado em uma Unidade Básica de Saúde da Família no município de São Paulo-SP. Participaram do estudo 340 sujeitos. Os dados foram coletados por meio de questionário contendo informações sociodemográficas e aplicação do Índice de Katz. Observou-se que os idosos que participaram deste estudo eram, na sua maioria, do sexo feminino, na faixa etária de 60 a 69 anos, alto percentual de idosos sem cônjuge, baixa escolaridade, aposentadoria como ocupação principal, renda mensal de um a três salários mínimos, arranjos familiares multigeracionais, com expressivo percentual de idosos vivendo sozinhos e apresentando alto grau dependência funcional para atividades relacionadas ao autocuidado. Esses resultados denotam que os idosos estão vivenciando envelhecimento caracterizado por condições sociodemográficas deficientes e alto grau de dependência. Descritores: Saúde do idoso. Atividades cotidianas. Programa Saúde da Família. RESUMEN Se objetivó evaluar la capacidad funcional de ancianos registrados en una unidad básica de salud del municipio de São Paulo. Estudio descriptivo-exploratorio, de abordaje cuantitativo, realizado en Unidad Básica de Salud de la Familia del municipio de São Paulo-SP. Participaron 340 sujetos. Datos recolectados mediante aplicación del Índice de Katz. Se observó que los ancianos que participaron de este estudio eran mayoritariamente del sexo femenino, en la faja etaria de 60 a 69 años, alto porcentaje de ancianos sin cónyuge, baja escolarización, jubilados como condición laboral prevalente, renta mensual de uno a tres salarios mínimos, estructuras familiares multigeneracionales, con significativo porcentaje de ancianos viviendo solos y presentando alto grado de dependencia funcional para actividades relativas al autocuidado. Los resultados demuestran que los ancianos están experimentando envejecimiento caracterizado por condiciones sociodemográficas deficientes y alto grado de dependencia. Descriptores: Salud del Anciano; Actividades Cotidianas; Programa de Salud Familiar. 1 Mestre em Enfermagem. Doutorando e membro do Grupo de Estudos e Pesquisa em Administração em Saúde e Gerenciamento de Enfermagem - GEPAG da Escola Paulista de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo-EPE/UNIFESP. E-mail: enf.gerson@hotmail.com. 2 Enfermeira e Doutora em Saúde Pública pela USP. Professora Livre Docente Associada da EPE/UNIFESP. E- mail: isabelcunha@unifesp.br. 68 REAS [Internet]. 2013; 2(3):67-76 ISSN 2317-1154 ABSTRACT The aim of this study was to evaluate the functional capacity of the elderly enrolled in a basic health unit in the city of São Paulo. This descriptive study was performed in a Basic Family Health Unit in the city of São Paulo, Brazil, using a quantitative approach. The study included 340 subjects. Data were collected using a questionnaire containing sociodemographic information and the application of the Katz Index. It was observed that the participants were mostly female, aged 60-69 years, without a spouse, with low education, retirement as the main occupation, a monthly income of one to three minimum salaries, living in multigenerational family arrangements, with a significant percentage of them living alone and at a high level of functional dependence for activities related to self-care. These results denote that the elderly are experiencing aging characterized by poor sociodemographic conditions and a high level of dependence. Descriptors: Health of the elderly. Activities of daily living. Family Health Program INTRODUÇÃO A população mundial está envelhecendo, estudos mostram que o número de pessoas idosas cresce em ritmo maior do que o de pessoas que nascem acarretando um conjunto de situações que modificam a estrutura de gastos dos países em diferentes áreas. No Brasil, o ritmo de crescimento da população idosa tem sido sistemático e consistente. No período de 1999 a 2009, o peso relativo dos idosos (60 anos ou mais de idade) no conjunto da população passou de 9,1% para 11,3%. Com uma taxa de fecundidade abaixo do nível de reposição populacional, combinada ainda com outros fatores, tais como os avanços da tecnologia, especialmente na área da saúde, atualmente o grupo de idosos ocupa um espaço significativo na sociedade brasileira(1). Neste sentido, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vem alertando, por meio dos indicadores sociais e demográficos divulgados anualmente, que a estrutura etária do País está mudando e que o grupo de idosos é, hoje, um contingente populacional expressivo em termos absolutos e de crescente importância relativa no conjunto da sociedade brasileira. Decorre daí uma série de novas exigências e demandas em termos de políticas públicas de saúde e de inserção ativa dos idosos na vida social(1). No final da década de 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) passou a utilizar o conceito de “envelhecimento ativo” buscando incluir, além dos cuidados com a saúde, outros fatores que afetam o envelhecimento. Para atender a essas novas exigências e demandas, é necessário por em marcha um processo de melhoria das oportunidades de acesso à saúde, à participação e à segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas. Esse processo envolve políticas públicas que promovam modos de viver mais saudáveis e seguros em todas as 71 REAS [Internet]. 2013; 2(3):67-76 ISSN 2317-1154 177 (52%) tem o ensino fundamental incompleto (1 a 4 anos de estudo). Em relação à ocupação atual, 235 (69,1%) eram aposentados. Tratando-se da renda familiar, 176 (51,7%) dos idosos tem renda familiar de um a três salários mínimos. A maioria dos entrevistados 280 (81,8%) moravam em domicílios multigeracionais, apresentando em média quatro pessoas por domicílio. Tratando-se da situação de moradia 240 (70,6%) possuíam casa própria. Em relação ao tipo de casa, 285 (83,8%) moravam em casa construída de tijolos. A grande maioria dos entrevistados 273 (80,2%) não realiza nenhuma atividade física. Mostraram significância estatística as variáveis: idade (p-valor- <0,001); estado conjugal (p-valor- <0,001); escolaridade (p-valor- <0,001) e atividade física (p-valor- <0,001). As demais variáveis não foram significantes. Tabela 1- Distribuição dos níveis de dependência dos idosos cadastrados em uma Unidade Básica de Saúde. São Paulo SP, 2013. Itens da Escala de Katz Independênci a Dependência parcial sem ajuda humana Dependência parcial com ajuda humana Dependência completa n % n % n % n % Banhar-se 255 75,0 69 20,3 2 0,6 14 4,1 Vestir-se 245 72,1 71 20,9 15 4,4 9 2,6 Uso do banheiro 251 73,8 62 18,2 18 5,3 9 2,6 Transferir-se 241 70,9 73 21,5 17 5,0 9 2,6 Controle esfincteriano Micção 238 70,0 75 22,1 17 5,0 10 2,9 Controle esfincteriano evacuação 236 69,4 77 22,6 16 4,7 11 3,2 Alimentar-se 260 76,5 53 15,6 14 4,1 13 3,8 A tabela 1 apresenta os níveis de dependência dos idosos, avaliados pelo Índex de Katz. 255 (75,0%) são independentes para a função banhar-se; 245 (72,1%) são independentes para a função vestir-se; 271 (73,8%) são independentes para usar o banheiro; 241 (70,9%) são independentes para a função transferir-se; 238 (70%) são independentes para a função de controle esfincteriano – micção; 236 (69,4%) são independentes para a função de controle esfincteriano – evacuação; 260 (76,5%) são independentes para a função de alimentar-se. 72 REAS [Internet]. 2013; 2(3):67-76 ISSN 2317-1154 DISCUSSÃO A complexidade do processo de determinação e interpretação da incapacidade funcional possivelmente ocorre pela grande variedade e falta de padronização de instrumentos utilizados, bem como diferentes pontos de corte para análise de resultados, o que pode dificultar a interpretação e comparação dos achados(6). Dos idosos que participaram deste estudo, 210 (61,7%) encontram-se na faixa de 60 a 69 anos e são, portanto, considerados como idosos jovens. Em um estudo transversal de base populacional realizado com 598 pessoas idosas em Pelotas, Rio Grande do Sul, em 2007, foram encontrados resultados semelhantes aos encontrados neste estudo. A proporção de idosos que apresentam comprometimento na capacidade funcional aumenta com o avançar da idade. Assim, a idade é um dos fatores preditores mais importantes. O risco relativo de declínio funcional aumenta cerca de duas vezes a cada dez anos a mais vividos. Idosos de 80 anos ou mais tem uma chance 25 vezes maior de declínio da capacidade funcional em comparação com idosos mais jovens(6,7,8). O fenômeno de os idosos residirem em domicílios multigeracionais, constituindo a principal fonte de suporte para a família, tem sido descrito como uma tendência na população mais pobre, em países em desenvolvimento8. Apesar de os idosos possuírem baixa renda, a maioria tem moradia própria, pois se trata de uma região invadida pelos moradores e, posteriormente, legalizada pelos órgãos municipais. A avaliação da capacidade funcional é fundamental para determinar o comprometimento e a necessidade de auxílio para as atividades de manutenção e promoção da própria saúde e de gestão do ambiente domiciliar por parte dos idosos, podendo guiar as políticas públicas de atenção à saúde e as políticas sociais para este segmento. Neste sentido, estudo realizado em sete países da América Latina e ilhas do Caribe com idosos encontrou maiores prevalências de incapacidade funcional para as atividades básicas de vida diária no Chile (34,7%), no México (30,2%), na Argentina (32,1%) e no Brasil (28,6%). Com relação às atividades instrumentais, as ocorrências de incapacidade funcional foram maiores no Brasil (33,8%), no Chile (30,3%), na Argentina (27,6%) e em Cuba (26,7%). A variação das prevalências dos desfechos estudados entre os países foi justificada por diferenças nos anos de escolaridade da população-alvo, características da infraestrutura das cidades oferecida aos idosos, assim como fatores culturais relacionados à proteção do idoso em certas 73 REAS [Internet]. 2013; 2(3):67-76 ISSN 2317-1154 localidades(9). No presente estudo, prevalências de incapacidade funcional para as atividades básicas de vida diárias foram muito semelhantes, o que também foi observado em idosos em São Paulo(9,10). Com relação às atividades de autocuidado, encontrou-se a mais alta prevalência de incapacidade para o controle das funções de urinar e/ou evacuar, seguida pelos atos de vestir-se e tomar banho. Do total de indivíduos com incapacidade para as atividades básicas, a grande maioria é independente para realização de atividades básicas de vida diária. Em outros estudos realizados com idosos, foram encontrados resultados semelhantes(11,12,13). A funcionalidade na velhice e a capacidade para realização de atividades básicas de vida diária são influenciadas pelo processo de envelhecimento fisiológico, por características de gênero, idade, classe social, renda, escolaridade, condições de saúde, cognição, ambiente, história de vida e por recursos de personalidade. Tais recursos desempenham um papel importante na determinação do bem-estar subjetivo, que é um mediador na determinação da qualidade de vida na velhice. Esses recursos dizem respeito ao conhecimento e valorização de si, às capacidades de enfrentamento e ao senso de ajustamento psicológico(14,15). Assim, entre as principais preocupações relacionadas à saúde advindas da longevidade, destacam-se as maiores ocorrências de doenças crônicas, quedas e incapacidade funcional, fazendo com que esses indivíduos necessitem, em muitos casos, de cuidado permanente e continuado para o adequado manejo clínico de suas doenças. Por consequência, os idosos são também maiores usuários dos serviços de saúde e apresentam maior frequência de internações hospitalares, bem como tempo de permanência mais prolongado. Para elaborar novos significados para a vida na idade avançada, a política de saúde destinada aos idosos precisa considerar aspectos como: capacidade funcional, necessidade de autonomia, cuidado e participação social(16,17). Neste sentido, a dependência para essas atividades gera a necessidade de apoio por parte de cuidadores, os quais, independentemente de serem formais ou informais, precisam de preparo e suporte adequados. Cabe à Estratégia Saúde da Família atender aos usuários em suas necessidades; assim, a responsabilidade do preparo e do apoio aos cuidadores recai sobre os profissionais que atuam na área. É importante conhecer quais são as atividades de maior dependência para a elaboração de um plano de ação que integre atividades de promoção da saúde, de prevenção e tratamento desses comprometimentos(18). A Organização Mundial da Saúde lançou políticas do envelhecimento ativo
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