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Em Paz Com Deus - Billy Graham, Notas de estudo de Teologia

Em Paz Com Deus - Billy Graham

Tipologia: Notas de estudo

2015

Compartilhado em 03/03/2015

edson-nobre-6
edson-nobre-6 🇧🇷

4.8

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Baixe Em Paz Com Deus - Billy Graham e outras Notas de estudo em PDF para Teologia, somente na Docsity! Billy a Resc Paz com DEUS E e rc Em Paz com Deus O caminho certo para a paz pessoal num mundo em crise Billy Graham Título original: Peace with God Tradução de Soraia Guedes Editora Record, 3ª Edição, 1995 ISBN 85-01-02956-4 Copyright © 1953,1984 by Billy Graham constatar a pertinência do original, porém alguns detalhes precisa- ram ser atualizados. Esta edição revisada, como o fez a edição original de Paz com Deus, indica o caminho, o único caminho, para a autêntica paz pessoal em um mundo em crise. Desde a sua publicação, há trinta e um anos, milhões de leitores de muitos países têm seguido seus passos simples e claros e descoberto para si a vida nova e revolucionária oferecida por um galileu então desconhecido. Estes leitores incluem homens que escreveram aguardando a execução e até mesmo um de meus genros. Perguntaram a uma das repórteres que cobriram nossa Cruzada em Bristol, Inglaterra, se tivera alguma ligação com igrejas antes de vir a Bristol, e ela replicou: "Ah sim, sou cristã. Fui convertida por Billy Graham em 1954." Aos dez anos, quando estava no internato, fora a um "bazar de coisas usadas" (semelhante aos que montamos em nossas garagens). Sobre a mesa encontravam-se alguns livros. Ela reparou em um exemplar de Paz com Deus e sentiu-se de imediato atraída. Pagou seis pence pelo livro — todo o dinheiro que possuía no momento — e ficou acordada a noite inteira lendo-o à luz de lanterna em seu quarto na escola. Aceitou Cristo por causa do livro. Embora tivesse freqüentado a igreja na infância, nunca ninguém lhe explicara a simples mensagem do evangelho nem como poderia mostrar-se sensível a Cristo. Peço a Deus que esta edição revisada chegue às mãos e aos corações de um mundo perdido, confuso e em constante busca, pois sinto que agora, ainda com mais intensidade do que quando o livro foi escrito, homens, mulheres e jovens em toda parte anseiam pela paz com Deus. Estou profundamente grato àqueles que me ajudaram na pre- paração desta nova edição. Agradeço em particular à minha esposa, Ruth, que trabalhou muitas horas nesta revisão; minha filha mais velha, Gigi Tchividjian; e minha secretária, Stephanie Wills. Que Deus possa usar este livro para transformar as vidas de milhões de pessoas desta nova geração. Billy Graham Primeira Parte: A Avaliação da Situação 1. A Grande Busca Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração. JEREMIAS, 29:13 * VOCÊ iniciou a Grande Busca no momento em que nasceu. Passaram-se muitos anos, talvez, antes que você percebesse, antes que se tornasse evidente que esteve sempre buscando — buscando algo que nunca teve — buscando algo que era mais importante do que tudo na vida. Algumas vezes você tentou esquecer. Algumas vezes tentou ocupar-se com outras coisas, de modo que não houvesse tempo nem atenção para nada além dos problemas imediatos. Algumas vezes pode até ter achado que se livrara da necessidade de continuar buscando esta coisa sem nome. Em alguns momentos, você quase conseguiu abandonar a busca por completo. Mas foi sempre envolvido por ela de novo — teve sempre que retomá-la. Nos momentos mais solitários de sua vida, você olhou para outros homens e mulheres e imaginou se também estariam buscando — algo que não podiam descrever, mas sabiam que queriam e necessitavam. Alguns deles pareciam ter encontrado a realização no casamento e na vida familiar. Outros partiram para alcançar fama e fortuna em outras partes do mundo. Contudo, outros permaneceram no país e prosperaram, e olhando-os, você * N.T. Todas as citações bíblicas foram extraídas de A Bíblia Sagrada, Antigo e Novo Testamento, Rio de Janeiro, 1975, série RAO 44 Z-l, edição revista e atualizada, tradução portuguesa de João Ferreira de Almeida, com referências a algumas variantes. talvez tenha pensado: "Estas pessoas não participam da Grande Busca. Elas encontraram seu caminho. Sabiam seu objetivo e conseguiram atingi-lo. Somente eu percorro este caminho que não leva a parte alguma. Somente eu continuo perguntando, buscando, tropeçando ao longo desta estrada escura e desesperadora que não tem sinalização." A Súplica da Humanidade Mas você não está só. Toda a humanidade percorre este cami- nho com você, pois todos encontram-se nesta mesma busca. Toda a humanidade está buscando a resposta para a confusão, a doença moral, o vazio espiritual que oprime o mundo. Toda a humanidade implora orientação, auxílio, paz. Dizem que vivemos na "era da ansiedade". Historiadores mos- tram que houve poucas vezes na história da humanidade em que o homem esteve sujeito a tanto medo e incerteza. Todos os esteios fa- miliares que conhecíamos parecem ter sido destruídos. Falamos de paz, porém nos defrontamos com constância com a guerra. Plane- jamos complexos esquemas de segurança, mas ainda não a encon- tramos. Tentamos nos agarrar a qualquer oportunidade passageira e, mesmo quando a agarramos, ela desaparece. Durante gerações, corremos como crianças assustadas, primeiro por um beco sem saída e depois por outro. Todas as vezes dize mos a nós mesmos: "Este é o caminho certo, este nos levará aonde queremos ir." Mas todas as vezes estivemos errados. O Caminho da Liberdade Política Um dos primeiros caminhos que escolhemos chamava-se "li- berdade política". Proporcione a todos liberdade política, dissemos, e o mundo transformar-se-á em um lugar feliz. Vamos escolher nossos próprios chefes de governo e teremos o tipo de governo que tornará nossa vida digna de ser vivida. Assim, conseguimos a liberdade política, mas não aquele mundo melhor. Nossos jornais diários falam de corrupção em altos cargos, de favoritismo, de exploração, de hipocrisia, que igualam e por vezes superam o despotismo dos reis da antigüidade. Liberdade política é uma coisa da civilização está caindo com rapidez, e se existe um caminho que conduza à luz, se existe um retorno à saúde espiritual, não devemos perder uma hora sequer! A Busca de Soluções Muitos se debatem neste tempo de crises e vêem que seus esforços não os ajudam a se erguer, mas sim a afundar cada vez mais no abismo. O índice de suicídio teve um aumento vertiginoso, na década de 80. Nos últimos dez anos, o índice de suicídio de crianças entre 10 a 14 anos triplicou. A revista Leadership calcula que, por ano, meio milhão de pessoas tentam o suicídio — e 50.000 são bem- sucedidas. Em 1981, morreram mais pessoas por suicídio do que por homicídio. No ano passado, milhares de americanos — muitos dos quais adolescentes — que não conseguiam descobrir nem mesmo as res- postas erradas, preferiram tirar suas próprias vidas a continuar vagando nesta selva criada pelo homem, a qual chamamos de civilização. Durante os últimos vinte anos, o índice de divórcio nos Esta- dos Unidos aumentou, até mesmo na igreja com um em cada dois casamentos terminando em divórcio. Este índice aumentou 100 por cento desde 1900! Gastamos uma fortuna para "adotar" graciosas criancinhas carentes, enquanto nossas crianças são alvo de maus-tratos ou de horríveis atrocidades da "pornografia infantil". Ouvimos falar sobre aborto livre, mães substitutas, bancos de esperma e assim por diante. Nossas famílias estão crivadas de todos os tipos de abusos e aberrações. Então "onde estamos?", pergunta você. "Onde estamos agora e para onde vamos?" Deixe-me dizer-lhe onde estamos e o que somos. Somos uma nação de pessoas vazias. Nossas cabeças estão abarrotadas de conhecimento, mas em nossas almas existe um vá- cuo espiritual. Reclamamos no passado que a juventude deste país perdera o ímpeto, a iniciativa, a disposição para trabalhar e progredir. Todos os dias, ouvia pais dizerem que não entendiam por que seus filhos não queriam trabalhar, mas apenas ganhar tudo de mão beijada. Os pais não pareciam perceber que seus filhos bem educados e criados com cuidado estavam, na verdade, vazios por dentro. Não estavam imbuídos do espírito que torna o trabalho uma satisfação. Não estavam cheios da determinação que faz do progresso um prazer. E por que eles estavam tão vazios? Porque não sabiam de onde tinham vindo, por que estavam aqui, nem para onde estavam indo! Hoje, nossos jovens procuram direção e perspectiva. Estão em busca de modelos a serem seguidos, de padrões de determinação. Assemelham-se a fileiras de belos automóveis novos, perfeitos nos mínimos detalhes, mas sem gasolina nos tanques. A carroceria é uma beleza, porém não há nada no bojo para dar-lhes potência. E, assim, ficam parados e enferrujam — de tédio. A Extensão do Tédio Fala-se que os Estados Unidos possuem a maior renda per capita de tédio do mundo! Sabemos disto porque temos mais variedade e um número maior de distrações artificiais do que em qualquer outro país. As pessoas se tornaram tão vazias que não são capazes nem de se distrair sozinhas. Elas têm que pagar a outras pessoas para distraí-las, para fazê-las rir, para tentar fazê- las se sentir bem, felizes e satisfeitas por alguns minutos, para tentar fazê-las perder aquela desagradável e assustadora sensação de vazio — aquela sensação espantosa e aterrorizante de estar perdido e só. Você pode achar que o tédio é uma questão insignificante. To- do mundo se entedia às vezes, é muito natural. Mas deixe-me dizer-lhe algo a respeito do tédio e desta perigosa apatia que está se apoderando da nação e da mente e do coração do povo. O homem é a única criatura de Deus que é capaz de se entediar, embora já tenha visto animais em um zoológico que parecem muito entediados! Nenhum outro ser vivo além do homem pode se entediar consigo ou com seu ambiente. Isto é muito significativo, pois o Criador nunca faz nada sem um propósito e se Ele concedeu ao homem a capacidade de entediar-se, fez isto com um propósito. O tédio é um dos meios seguros de medir o seu próprio vazio interior! Ele tem a precisão de um termômetro para revelar a extensão do vazio do seu espírito. A pessoa que está por completo entediada, vive e trabalha em um vácuo. Seu eu interior é um vácuo, e não há nada que ofenda mais à natureza do que um vácuo. É uma das regras infalíveis deste universo que todos os vácuos devem ser preenchidos e preenchidos de imediato. Uma Nação de Pessoas Vazias Não é preciso que retornemos aos tempos antigos para ver o que acontece a uma nação de pessoas vazias. Não precisamos ir além da história recente da Alemanha ou da Itália para vermos com que velocidade mortal a natureza preenche os vácuos que ocorrem dentro de nós. O nazismo na Alemanha e o fascismo na Itália não poderiam encontrar nenhum lugar no coração e na alma de uma pessoa que estivesse imbuída do Espírito Divino, mas as falsas ideologias inundam com a maior facilidade as mentes e os corações daqueles que estão vazios e disponíveis. A natureza abomina um vácuo, mas cabe a nós, como indivíduos, determinar com o que preencheremos o nosso vácuo interior. Portanto, esta é a nossa situação atual — nações de pessoas vazias. Tentamos nos satisfazer com a ciência e a educação, com melhores condições de vida e prazer, com muitas outras coisas que pensávamos querer. Temos o capitalismo cada vez mais decadente em um extremo e o comunismo ateu no outro. Mas continuamos vazios. Por que estamos vazios? Porque o Criador nos fez para Si; e nunca encontraremos a perfeição e a plenitude longe de Sua co- munhão. Em uma entrevista recente no Presbyterian Journal (2 de no- vembro de 1983), o eminente colunista católico, Michael Novak, co- menta a nossa situação: "o socialismo é um sistema para santos, ... o capitalismo democrático, ... um sistema para pecadores." É por isto que ele acha que o socialismo não pode funcionar neste mundo. Jesus disse-nos há muito tempo que "Não só de pão vive o homem" (Lucas, 4:4), mas não lhe demos atenção. Tentamos fazer mesmo isto. Não suportamos o nosso terrível vazio, não conseguimos encarar a estrada solitária e desolada que se estende à nossa frente. Estamos desesperadamente cansados do ódio, da cobiça e O Pecado É Ainda o Mesmo O pecado, também, permaneceu inalterado, embora o homem tenha feito o possível para alterá-lo. Tentamos enfeitá-lo com ou- tros nomes. Tentamos colocar novos rótulos na mesma velha garrafa de veneno. Tentamos caiar o edifício em ruínas e fingir que estava em bom estado (ou novo). Tentamos chamar o pecado de "erro", "engano" ou "falta de juízo", mas o pecado em si permaneceu o mesmo. Por mais que tentemos apaziguar nossa consciência, sabemos que todo o tempo o homem continuou a pecar; e os resultados do pecado ainda são a doença, a decepção, a desilusão, o desespero e a morte. Tampouco a dor se alterou. Ela começou quando Adão e Eva contemplaram com o coração partido o corpo inerte do filho assas- sinado, Abel, e conheceram o peso esmagador da dor. E ela assim continuou até se tornar hoje a língua universal do homem. Ninguém escapa dela, todos a vivenciam. Pareceu mesmo a um dos consoladores de Jó que ela era a finalidade da vida, pois disse: "Mas o homem nasce para o enfado como as faíscas das brasas voam para cima" (Jó, 5:7). A morte também continua a mesma. Os homens tentaram mudar sua aparência. Trocamos a palavra "morrer" por "falecer". Colocamos os corpos em "urnas" agora em vez de "caixões". Temos "Jardins da Saudade" em vez de "cemitérios". Tentamos suavizar a rigidez dos últimos ritos; mas a despeito do nome que lhe atribuímos, ou da aparência natural que possamos dar a um corpo sem vida por meio da maquiagem, a realidade fria, dura e cruel da morte não se modificou no decorrer da história humana. Um amigo, lutando contra um câncer terminal, escreveu há pouco tempo: "Comecei a compreender que o câncer não é terminal — a vida é que é!" Estes três fatos constituem a verdadeira história do homem: seu passado está cheio de pecado; seu presente transborda de dor; seu futuro é a certeza da morte. Diz a Bíblia "... aos homens está ordenado morrerem uma só vez..." (Hebreus, 9:27), e à pessoa normal isto parece uma situação definida e sem esperança. Centenas de filosofias e inúmeras religiões foram inventadas pelo homem na tentativa de lograr a Palavra de Deus. Filósofos e psicólogos modernos ainda tentam fazer parecer que existe algum outro caminho que não o de Jesus. Mas o homem já tentou todos, e nenhum deles conduz a lugar algum a não ser para baixo. Cristo veio para nos dar as respostas aos três problemas permanentes do pecado, da dor e da morte. É Jesus Cristo e somente Ele, que é também permanente e imutável, "o mesmo ontem e hoje, e o será para sempre" (Hebreus, 13:8). Como o compositor de hinos, Henry F. Lyte, escreveu: "Declínio e mudança vejo por onde sigo; Ó Vós que não mudais, ficai comigo." Todas as outras coisas podem mudar, mas Cristo permanece imutável. No mar inquieto das paixões humanas, Cristo mantém- se firme e tranqüilo, pronto para acolher todos os que recorrerem a Ele e aceitarem as bênçãos da segurança e da paz. Pois estamos vi- vendo em uma época de graça, na qual Deus promete que quem quer que seja poderá vir e receber seu Filho. Mas este período de graça não durará para sempre. Mesmo agora, vivemos em um tempo emprestado. 2. A Bíblia Indestrutível Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão. MATEUS. 24:35 O TEMPO está se esgotando. O ponteiro dos segundos se aproxima da meia-noite. A espécie humana está prestes a dar o salto mortal. Será que fomos apenas colocados aqui por algum criador ou força desconhecidos, sem qualquer pista sobre a nossa origem, a razão de estarmos aqui ou o nosso destino? Para onde devemos nos voltar? Resta ainda alguma autoridade? Existe um caminho que possamos seguir? Existe alguma luz que penetre a negra escuridão? Será que podemos descobrir um livro de códigos que nos forneça a chave para nossos dilemas? Há alguma fonte de autoridade à qual possamos recorrer? A resposta à primeira pergunta é: não. A resposta às perguntas seguintes é: sim. Temos de fato um livro de códigos. Temos de fato uma chave. Temos de fato material de fonte segura. Encontra-se no Livro antigo e histórico a que chamamos Bíblia. Este Livro chegou até nós através dos séculos. Passou por muitas mãos, apareceu sob muitas formas — e sobreviveu a todos os tipos de ataque. Nem o vandalismo bárbaro, nem a erudição civilizada atingiram-no. Nem o fogo ardente, nem o riso do ceticismo conseguiram suprimi-lo. Através das muitas idades das trevas do homem, suas promessas gloriosas sobreviveram inalteradas. É interessante notar que enquanto a leitura da Bíblia foi proibida nas escolas públicas dos Estados Unidos, sua leitura é exigida nas escolas católicas da Polônia comunista. A British and Foreign Bible Society situava-se na rua Jerusalém, uma das mais importantes da velha Varsóvia na Segunda Guerra Mundial. Quando os alemães começaram a bombardear a cidade, a esposa do diretor foi ao depósito e levou cerca de 2.000 Bíblias para o porão. Ficou presa pelo bombardeio, foi capturada mais tarde pelos alemães e colocada em um campo de prisioneiros. Conseguiu escapar e, quando a guerra terminou, pôde reaver aquelas 2.000 Bíblias e distribuí-las às pessoas necessitadas. Varsóvia foi arrasada, mas, na rua Jerusalém, uma parede da velha British and Foreign Bible Society permanecia de pé. Nela achavam-se escritas estas palavras, pintadas em letras grandes: "PASSARÁ O CÉU E A TERRA, PORÉM AS MINHAS PALAVRAS NÃO PASSARÃO." Agora, ao nos aproximarmos do que parece ser mais uma hora decisiva na história do mundo, reexaminemos este Livro indestrutível de sabedoria e profecia; descubramos por que este volume específico tem sobrevivido e sido a fonte infalível de fé e força espiritual do homem. A Bíblia É Mais do que Uma Grande Obra Literária Há aqueles que encaram a Bíblia, principalmente, como a história de Israel. Outros admitem que ela estabelece a ética mais sensata já enunciada. Mas estas coisas, embora importantes, são apenas secundárias ao verdadeiro tema da Bíblia, que é a história da redenção oferecida por Deus através de Jesus Cristo. Em um editorial que apareceu em 30 de junho de 1983, o International Herald Tribune recomendou que a Bíblia fosse lida como obra literária porque é "A melhor expressão da língua inglesa". Aqueles teis. As falsas promessas que o homem fez ao homem destacam-se agora como os erros flagrantes que são. Quando lançamos o olhar assustado ao redor em busca de algo que seja real, verdadeiro e duradouro, voltamo-nos mais uma vez para este Livro antigo que ofereceu consolo, conforto e salvação a milhões de pessoas nos séculos passados. Minha esposa, Ruth, disse certa vez: "Se nossos filhos tiverem o embasamento de um lar feliz e religioso e a fé inabalável de que a Bíblia é de fato a Palavra de Deus, eles terão um alicerce que as forças do mal não poderão abalar." Agradeço a Deus pela influência piedosa de Ruth nas vidas de nossos filhos. Sim, as pessoas estão "redescobrindo" a Bíblia! Estão tirando o pó dos exemplares antigos ou comprando novos. Estão perceben- do que as expressões familiares, mas quase esquecidas, soam com um significado moderno que faz parecerem ter sido escritas ontem. Isto porque a Bíblia incorpora todo o conhecimento que o homem precisa para satisfazer as aspirações de sua alma e resolver todos os seus problemas. Ela é o projeto do Arquiteto Divino, e, somente seguindo suas instruções, podemos construir a vida que buscamos. Aqui nos Estados Unidos, temos um outro grande documento que estimamos e respeitamos. Foi escrito há cerca de 200 anos por alguns homens que empenharam muito tempo, e discutiram ainda mais tempo suas muitas cláusulas e por fim o enviaram aos treze estados confederados para aprovação. Os homens que deram for- ma à nossa Constituição sabiam que estavam escrevendo o docu- mento básico para um governo de homens livres; reconheciam que os homens só poderiam viver como seres livres e independentes se cada um conhecesse e entendesse as leis. Os homens deviam conhecer seus direitos, seus privilégios e suas limitações. Seriam iguais perante os tribunais, e poucos poderiam ser injustos; porque o juiz também estava preso às mesmas leis e era obrigado a julgar cada caso de acordo com elas. A Verdade nos Libertará! Enquanto o resto do mundo assistia a esta grande experiência humana, os homens perceberam que, se conhecessem as leis e vivessem de acordo com elas, poderiam, de fato, ser livres! um homem poderia saber com exatidão a sua posição. Tinha seus direitos constitucionais e também suas responsabilidades constitucionais. Caso se descuidasse de um deles, o outro sofreria — como tantos eleitores negligentes que chegaram mais tarde descobririam, ao se verem tolhidos por restrições governamentais que não lhes agradavam! Assim como os Estados Unidos cresceram e prosperaram am- parados por esta Constituição, o cristianismo floresceu e propagou-se conforme as leis estabelecidas na Bíblia. Assim como pretendia-se que a Constituição se aplicasse por igual a todos os homens que vivessem ao seu abrigo, sem interpretações ou concessões especiais, a Bíblia figura como a Constituição suprema para toda a humanidade, e Suas leis se aplicam igualmente a todos os que a acatam, sem exceção nem interpretação especial. Assim como a Constituição é a lei maior da nação, a Bíblia é a lei maior de Deus. Porque é na Bíblia que Deus estabelece Suas leis espirituais. É na Bíblia que Deus faz Suas promessas duradouras. É na Bíblia que Deus revela o plano de redenção para a espécie humana. Nas maravilhas da natureza, vemos as leis de Deus em funcionamento. Quem ainda não contemplou as estrelas em uma noite de céu claro e maravilhou-se, em mudo assombro, com a glória da obra de Deus? Até mesmo os astronautas louvaram o Senhor como o Criador da imensidão do espaço e das complexidades de nosso universo, que apenas agora começamos a explorar. Se não pudéssemos depender de Suas leis, não nos seria possível empreender estas viagens ao espaço. Quem ainda não sentiu o coração exultante na primavera, ao ver toda a criação irrompendo em vida e vigor renovados? Na beleza e exuberância que nos cercam, vemos a magnitude do poder de Deus e a minúcia infinita de Seu projeto; mas a natureza não nos diz nada a respeito do amor de Deus ou de Sua graça. Não encontramos a promessa de nossa salvação pessoal na natureza. A consciência nos fala no nosso íntimo sobre a presença de Deus e a diferença moral entre o bem e o mal; mas trata-se de uma mensagem fragmentária, de modo algum tão distinta e completa quanto as lições da Bíblia. É somente em suas páginas que encontramos a mensagem clara e inequívoca, na qual se baseia todo o cristianismo verdadeiro. As leis dos Estados Unidos encontram sua gênese nos Dez Mandamentos. E sir William Blackstone, o grande jurista inglês, escreveu: "A Bíblia sempre foi considerada parte do Direito consue- tudinário da Inglaterra." O cristianismo encontra todas as suas doutrinas declaradas na Bíblia e o cristianismo não refuta nenhum ponto, nem tenta acrescentar coisa alguma à Palavra de Deus. Enquanto a Constituição dos Estados Unidos pode ser alterada de vez em quando, nenhuma alteração jamais é necessária à Bíblia. Acreditamos de fato que os homens que escreveram a Bíblia foram guiados pelo Espírito Santo, tanto nos pensamentos que expressaram, como na escolha das palavras. Como disse Pedro: "Porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana, entretanto homens (santos) falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo" (2 Pedro, 1:21). Paulo nos diz que "Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus se torne perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra" (2 Timóteo, 3:16-17). Ao escreverem suas mensagens claras, os escribas bíblicos nunca tentaram enfeitar a realidade da vida. Os pecados dos grandes e dos pequenos são livremente admitidos, as fraquezas da natureza humana são reconhecidas, e a vida nos tempos bíblicos está registrada tal como foi vivida. O que espanta é que as vidas e motivações destas pessoas que viveram há tanto tempo apresentem um sabor tão moderno! À medida que lemos, as páginas se assemelham a espelhos suspensos diante de nossas mentes e corações, refletindo nossos orgulhos e preconceitos, nossos fracassos e humilhações, nossos pecados e pesares.A verdade é atemporal. Ela não difere de uma época para outra, de um povo para outro, de uma localização geográfica para outra. As idéias dos homens podem divergir, seus costumes podem mudar, seus códigos morais podem variar, mas a grande Verdade superior resiste ao tempo e à eternidade. A mensagem de Jesus Cristo, nosso Salvador, é a história da Bíblia — é a história da salvação. Estudiosos profundos da Bíblia traçaram a história de Jesus Cristo desde o início do Velho Testa- mento, pois Ele é o verdadeiro tema tanto do Velho como do Novo Testamento. Jesus Cristo em si é a mensagem eterna da Bíblia. É a história da vida, da paz, da eternidade e do paraíso. A Bíblia não Um cristão perguntou certa vez: "Existe algum livro em que você gostaria de apoiar a cabeça na hora da morte? Muito bem," continuou Joseph Cook, "este é o livro que você quer estudar en- quanto vive. Só existe um Livro assim no mundo!" 3.Como É Deus? Porventura desvendarás os arcanos de Deus? Jó, 11:7 QUEM é Deus? Como é Ele? Como podemos ter certeza de que Ele existe? Quando foi que surgiu? Podemos conhecê-Lo? Todos já fizeram estas perguntas, seja em voz alta, seja para si mesmos, pois não conseguimos olhar o mundo ao nosso redor sem nos questionarmos sobre a sua criação. Deparamo-nos dia-a- dia com o milagre da vida e o mistério da morte, com a glória das árvores floridas, a magnificência do céu pontilhado de estrelas, a imponência das montanhas e do mar. Quem criou tudo isto? Quem concebeu a lei da gravidade, que mantém tudo em seus lugares? Quem fez o dia e a noite e a seqüência regular das estações? E a infinitude do universo? Podemos com honestidade acreditar, como alguém escreveu, que "Isso é tudo que existe, existiu e existirá sempre"? A única resposta possível é que todas estas coisas e muitas mais são obra de um Criador Supremo. Assim como um relógio tem um desenhista, nosso universo também teve um Grande Desenhista. Nós o chamamos de Deus. É um nome com o qual toda a espécie humana está familiarizada. Desde a mais tenra infância, nós murmuramos Seu nome. A Bíblia declara que o Deus de quem falamos, o Deus que louvamos, o Deus "de quem fluem todas as bênçãos!" é o Deus que criou este mundo e nos colocou nele. Nossa exploração do espaço seria impossível em um universo que não fosse regido pelas leis de Deus. Um homem sábio como Benjamin Franklin afirmou: "Vivo há muito tempo, e, quanto mais vivo, mais vejo provas convincentes de que Deus intervém nas questões humanas." Um outro homem sábio, Blaise Pascal, escreveu: "Se um homem não é feito para Deus, por que só se sente feliz em Deus? Se o homem é feito para Deus, por que se opõe a Deus?" Este é o nosso dilema. Mas "Quem é Ele?", pergunta você. "Onde está Ele?" Sabemos que Ele existe. Nós O invocamos nas horas de necessidade e provação. Alguns procuram deixar a presença Dele preencher to- dos os momentos da vida. Outros dizem que não acreditam Nele, que Ele não existe. E ainda outros dizem "Explique-O para mim e talvez eu O aceite." Para aqueles que, neste momento crucial da história do mun- do, estão se perguntando "Como é Deus?", já foi afirmado com simplicidade: Deus é como Jesus Cristo. Da mesma forma que Je- sus veio ao mundo para tornar Deus visível à humanidade e nos redimir, assim, ao subir aos céus, Ele enviou o Espírito Santo para habitar os crentes e permitir-lhes viver de modo a tornar Cristo visível a um mundo descrente. Se é assim que você se sente, se toda a sua vida você ouviu falar de Deus e falou de Deus, mas esperou que alguém explicasse Deus a você antes de depositar sua fé Nele e somente Nele, vejamos com que exatidão a Bíblia nos fornece uma descrição concreta. Como É Deus? Neste momento crucial da história do mundo, todos deveriam estar buscando uma resposta à pergunta "Como é Deus?". Todos deveriam perguntar e todos deveriam ter certeza absoluta da resposta. Todos deveriam saber, sem sombra de dúvida, com exatidão, quem é Deus e o que Ele é capaz de realizar. Diz a Bíblia: "Porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou "(Romanos, 1:19). É a falta do conhecimento de Deus e a recusa do homem de obedecê-Lo que se encontram na raiz de todos os problemas que nos afligem. É a confusão do homem sobre os desígnios de Deus, que mantém o mundo no caos. É a relutância do homem em aprender a obedecer às leis de Deus que coloca esta pesada carga em nossas almas. Portanto, vamos aprender tudo o que pudermos sobre Ele. Onde devemos procurar este conhecimento? Quem entre nós pode nos dizer a verdade? Não somos todos aqui criaturas finitas? Teria Deus designado alguma pessoa aqui na Terra para falar Dele com autoridade definitiva? Não — o único Homem que poderia fazer isto viveu há dois mil anos, e nós O crucificamos! Como, então, podemos descobrir? Podemos perguntar aos eruditos, e eles talvez nos digam que Deus é a expressão de tudo na natureza e na vida, que todos os seres vivos estão integrados em Deus, que a própria vida é uma expressão da Sua Divindade. Eles lhe dirão que é possível ver Deus na menor gotícula de água e na imensa abóbada celeste. Pergunte a um filósofo, e ele lhe dirá que Deus é a força pri- meira e imutável na origem de toda criação, que Ele é o Dínamo Mestre que mantém todos os mundos em movimento — que Ele é a Força sem princípio nem fim. O filósofo dirá que cada parcela de vida e beleza que vemos é uma manifestação desta força que flui do Dínamo em uma corrente interminável, e a ele retorna. Continue perguntando, e talvez lhe digam que Deus é absolu- to, que Ele é tudo, e que não é possível saber mais nada a Seu res- peito. Existem muitas definições distintas de Deus. O Dr. Akbar Haqq diz que, originalmente, todas as pessoas tinham uma concep- ção monoteísta de Deus. Cada país, cada raça, cada família, cada indivíduo tem tentado explicar o Ser Supremo na origem do univer- so. Homens de todas as épocas tentaram descobrir o Criador, cuja obra viam, mas a quem não conheciam. Qual destas muitas teorias devemos aceitar? Por qual destas autoridades que se auto- nomeiam devemos nos orientar? Como já vimos no capítulo anterior, Deus revelou-Se no Livro chamado Bíblia. Na Bíblia temos uma revelação de Deus — e com base nela, podemos satisfazer nossas mentes e saciar nossos cora- ções. Podemos ficar seguros de que temos a resposta certa, de que estamos a caminho do conhecimento e do entendimento da verda- deira natureza de Deus. Deus revela-Se de centenas de formas na Bíblia, e, se a lêsse- mos com atenção e regularidade como lemos os jornais diários, es- taríamos tão familiarizados com ela e bem informados a respeito de Deus, como estamos acerca dos feitos do nosso jogador favorito durante o campeonato de futebol! que estivesse com as mãos estendidas ao longo de suas muitas praias. Assim acontece com Deus. Ele pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo, ouvindo as preces de todos os que O invocam em nome de Cristo; realizando os portentosos milagres, que fazem com que as estrelas continuem em seus lugares, as plantas brotem da terra e os peixes nadem no mar. Não há limite para Deus. Não há limite para Sua sabedoria. Não há limite para Seu poder. Não há limite para o Seu amor. Não há limite para Sua misericórdia. Se esteve tentando limitar Deus — pare! Não tente confinar Deus nem Suas obras a um único lugar ou esfera. Você não tentaria limitar o oceano. Você não pode limitar o universo. Você não teria a ousadia de tentar alterar o curso da lua, nem deter a terra enquanto ela gira em seu eixo! É tão mais tolo ainda tentar limitar o Deus que criou e controla todas estas maravilhas! Sou para sempre grato à minha mãe por muitas coisas, mas uma das bênçãos mais duradouras que ela trouxe à minha vida foi me ensinar no catecismo, aos dez anos, que "Deus é um Espírito, infinito, eterno e imutável em Sua natureza, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade." Esta definição de Deus me acompanhou a vida toda, e quando um homem sabe no íntimo que Deus é um Espírito infinito, eterno e imutável, isto ajuda a vencer a tentação de querer limitá-Lo. Ajuda a superar todas as dúvidas sobre Sua capacidade de realizar coisas que não podemos realizar! Aqueles que duvidam que a Bíblia seja a verdadeira Palavra de Deus, duvidam porque relutam em atribuir a Deus qualquer coisa que elas próprias não possam realizar. Se você tem alguma dúvida sobre a inspiração da Bíblia, volte e torne a olhá-la. Olhe-a da perspectiva de alguém que esteve fitando uma poça de lama toda a vida e que, pela primeira vez, está diante do oceano! Talvez só agora você esteja vislumbrando pela primeira vez o poder ilimitado de Deus. Talvez só agora você esteja começando a entendê-Lo pelo que de fato é. Pois se Deus é o Espírito que Jesus declara que é, não há problema quanto à Sua sabedoria nas questões humanas, não há problema quanto à inspiração divina dos homens que escreveram a Bíblia. Tudo se encaixa no lugar, quando você compreende quem e o que Deus realmente é. Deus É uma Pessoa Segundo: a Bíblia revela-O como uma Pessoa. Lemos em toda a Bíblia: "Deus ama," "Deus diz," "Deus faz". Tudo que atribuímos a uma pessoa é atribuído a Deus. Uma pessoa é alguém que sente, pensa, quer, deseja e possui todas as expressões da personalidade. Aqui na terra, restringimos a personalidade ao corpo. Nossas mentes finitas não concebem a personalidade que não se manifeste através de carne e ossos. Sabemos que nossas próprias personalidades não estarão sempre envoltas pelos corpos que agora habitam. Sabemos que, na hora da morte, nossas personalidades deixarão nossos corpos e seguirão para os destinos que as aguardam. Sabemos tudo isto — no entanto, é difícil aceitar. Que grande revelação seria, se pudéssemos compreender que a personalidade não tem que estar identificada com um ser físico. Deus não está limitado por um corpo, porém é uma Pessoa. Ele sente, pensa, ama, perdoa, solidariza-se com os problemas e as dores que enfrentamos. Deus É Santo e Justo Terceiro: a Bíblia declara que Deus não é apenas um Espírito e uma Pessoa, mas também um Ser Santo e Justo. Desde o Gênese até o Apocalipse, Deus revela-Se um Deus Santo. Ele é integralmente perfeito e absoluto em todos os detalhes. Ele é santo demais para tolerar o homem pecador, santo demais para suportar uma vida de pecado. Se pudéssemos visualizar a verdadeira imagem de Sua justiça grandiosa, que diferença haveria em nosso modo de vida como in- divíduos e como nações! Se pudéssemos ao menos compreender o tremendo abismo que separa o homem iníquo da justiça perfeita de Deus! As Escrituras declaram que Ele é a Luz na qual não existe nenhuma escuridão — o único Ser Supremo sem falha nem imper- feição. Aqui temos de novo um conceito de difícil compreensão para o homem imperfeito. Nós, cujos defeitos e fraquezas são evidentes em toda parte, mal podemos imaginar a santidade irresistível de Deus — mas precisamos reconhecê-la se quisermos entender e aproveitar a Bíblia. O abismo que separa o homem imperfeito do Deus perfeito é enfatizado em todas as Escrituras Sagradas. Podemos vê-lo na divisão do Tabernáculo do Velho Testamento e do Templo do Novo Testamento na Terra Santa e na maioria dos lugares Sagrados. Ele está salientado na prescrição da oferenda que deverá ser trazida caso um pecador se aproxime de Deus. Está sublinhado por um sacerdócio especial que serve de mediador entre Deus e as pessoas. Está enfatizado pelas leis relativas à impureza no Levítico. Podemos vê-lo nas muitas festas de Israel, pelo isolamento de Israel na Palestina. A Santidade de Deus regula todos os outros princípios de Deus. As Escrituras declaram que Seu trono assenta-se em Sua santidade. Porque Deus é santo e o homem profano, é que existe uma distância tão grande entre Deus e o pecador impenitente. A Bíblia nos diz que nossas iniqüidades nos separam de Deus — separam-nos tanto que Seu rosto nos é ocultado e Ele não quer nos ouvir quando chamamos. "Se eu no coração contemplar a vaidade," diz o salmista, "o Senhor não me teria ouvido" (Salmos, 66:18). Por outro lado, o salmista diz: "Os olhos do Senhor repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos ao seu clamor... Ele acode a vontade dos que o temem; atende-lhes ao clamor e os salva" (Salmos, 34:15; 145:18-19). Deus é puro demais para considerar o mal com aprovação, o que significa que Ele é santo demais para ter qualquer ligação com o pecado. Antes de o pecado se instaurar na espécie humana, Deus e o homem desfrutavam de boas relações entre si. Agora essas relações estão rompidas, e toda comunicação entre Deus e o homem é inviável sem a participação de Jesus Cristo. É somente através de Jesus Cristo que o homem pode restabelecer suas relações com Deus. Há quem diga que todos os caminhos levam a Deus. Porém, Jesus disse: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (João, 14:6). Disse também: "Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e achará pastagem" (João, 10:9). O homem é pecador, incapaz de alterar sua posição, incapaz de alcançar o ouvido puro de Deus, a menos que clame com sinceridade por misericórdia. O homem teria permanecido perdido para sempre se Deus, em Sua infinita misericórdia, não tivesse enviado Seu Filho à terra para transpor este abismo. — Estou soltando pipa — respondeu ele. — Soltando pipa, é? — disse o homem. — Como é que você tem certeza disso? Não pode ver sua pipa. — Não — disse o menino —, não estou vendo, mas de vez em quando sinto um puxão e aí tenho certeza que ela está lá! Não deixe que ninguém lhe diga onde está Deus. Descubra-O por si mesmo, e então também saberá por aquele maravilhoso e re- confortante puxão nas cordas de seu coração que Ele está lá com toda a certeza. 4. A Terrível Existência do Pecado Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus. ROMANOS, 3.23 SE DEUS é um Ser justo e amoroso, então por que existe tanta maldade, sofrimento e dor? Como foi que surgiu todo esse ódio? Por que criamos falsos ídolos? Por que fazemos devoções nos santuários da cobiça, do egoísmo e da guerra? Como foi que a espécie humana, que Deus fez à própria imagem, afundou a tal ponto na depravação, que os Dez Mandamentos tiveram que ser revelados com a exigência de que fossem respeitados? Por que Deus teve que enviar o próprio Filho para nos salvar? Como foi que as criaturas de Deus tornaram-se tão cheias de luxúria e maldade? Para entendermos isto, para compreendermos com clareza por que uma nação se lança contra outra, por que as famílias se antagonizam, por que todos os jornais estão cheios de notícias de atos insanos e violentos de brutalidade e ódio, devemos nos remontar ao início. Devemos nos remontar à história de Adão no Éden, voltar ao primeiro capítulo do Gênese. Há quem diga que esta história bem conhecida da criação é apenas um mito. Dizem que é apenas uma forma simples de explicar uma pergunta irrespondível às crianças. Mas não é verdade. A Bíblia nos diz com exatidão o que aconteceu no início e, por que, desde então, o homem segue a passos firmes pelo caminho da própria destruição. Pois Deus criou este mundo como um todo perfeito. Ele criou o mundo belo e harmonioso que o homem desperdiçou — o mundo perfeito que ansiamos por reencontrar, o mundo que todos nós buscamos. Neste mundo perfeito, Deus colocou um homem perfeito. Adão era perfeito porque nada feito por Deus pode ser menos que perfeito, e, a este homem perfeito, Deus conferiu não apenas o mais precioso de todos os dons — o dom da vida eterna. Conferiu-lhe também o livre-arbítrio. Um amigo nosso, Dr. M.L. Scott, o grande pregador negro, falou-nos de um amigo seu. O filho deste amigo fora estudar em uma universidade e veio visitar a família orgulhoso do conhecimen- to recém-adquirido. "Pai," disse ele certa noite, cheio de si, "agora que estive na universidade, não tenho mais certeza se posso concordar com sua fé simples e infantil na Bíblia." O pai ficou olhando fixamente para o filho, sem pestanejar. Enfim, disse: "Filho, esta é a sua liberdade — sua terrível liberda- de." Foi isto que Deus concedeu a Adão — o livre-arbítrio. Sua ter- rível liberdade. O primeiro homem não foi nenhum habitante das cavernas — uma criatura grunhidora, rosnadora e incompreensível da floresta tentando vencer os perigos da selva e as feras do campo. Adão foi criado já adulto, com todas as faculdades mentais e físicas desen- volvidas. Ele caminhava com Deus e desfrutava de sua amizade. Estava destinado a ser como um rei na terra, governando pela vontade de Deus. Esta, então, era a posição de Adão enquanto no Éden, o ho- mem perfeito, o primeiro homem, com seu inestimável, senão terrí- vel, dom da liberdade. Adão tinha liberdade total — liberdade de escolher ou de rejeitar, liberdade de obedecer às ordens de Deus ou de contrariá-las, liberdade de ser feliz ou infeliz. Pois não é a simples posse de liberdade que torna a vida satisfatória — é o que decidimos fazer com nossa liberdade que determina se encontraremos ou não a paz em Deus e em nós mesmos. O Âmago do Problema Este é o verdadeiro âmago do problema, pois a partir do mo- mento em que um homem recebe liberdade, ele se depara com dois caminhos. A liberdade não tem sentido se há apenas um único ca- minho possível a seguir. A liberdade implica o direito de escolher, selecionar, determinar o próprio curso de ação. Todos nós conhecemos homens e mulheres que são honestos, não tanto por livre-arbítrio, mas porque não tiveram oportunidade de ser desonestos. O Dr. Manfred Gutzke disse: "Vocês velhos, não pensem que estão se tornando melhores só porque estão mais mortos." Todos nós conhecemos pessoas que se orgulham de ser boas, quando, na verdade, é o seu ambiente ou modo de vida que as impede de ser más. Não podemos nos atribuir o mérito de resistir à tentação, se nenhuma tentação aparece à nossa frente! Deus não concedeu a Adão nenhuma das vantagens deste tipo. Conferiu-lhe livre-arbítrio e deu-lhe todas as oportunidades de usá-lo. E, porque Deus não poderia fazer nada que não fosse perfeito, proporcionou a Adão o cenário perfeito para provar se serviria ou não a Deus. Enquanto Adão estava no Éden, era um homem sem pecados, sua inocência não estava maculada. Todo o universo estendia-se à sua frente. A história até então não escrita da espécie humana abria-se como uma grande folha do mais puro pergaminho à sua mão, esperando que ele escrevesse o capítulo inicial — esperando que determinasse que caminho tomariam as gerações futuras. Deus concluíra Sua obra. Criara um jardim terreno, farto em tudo que o homem pudesse precisar. Criara um homem perfeito à Sua semelhança. Dotara este homem com uma mente e uma alma e conferira-lhe completa liberdade para usar a mente e dispor da alma como achasse conveniente. Então, como o Pai sábio que era, Deus esperou para ver que escolha Seu filho faria. A Escolha Feita Pelo Homem Esta era a prova! Este era o momento em que Adão lançaria mão de seu livre-arbítrio para escolher o caminho certo ou o cami- nho errado — escolher porque queria e não porque houvesse um só caminho diante dele! E a Eva, Deus disse: "Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio a dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará" (Gênese, 3:16). Em outras palavras, devido ao pecado original de Adão, o solo que um dia deu apenas plantas belas e nutritivas, agora produz tanto plantas boas quanto más. O homem, que então só precisava caminhar no Éden e estender a mão para obter alimentos, que não carecia de roupas nem de teto, precisa agora trabalhar árduo todos os dias da vida a fim de prover estas necessidades para si e para sua família. A mulher, um dia a mais feliz das criaturas, carrega agora o peso da dor e do sofrimento; e tanto o homem como a mulher estão condenados à morte espiritual e física. A morte é uma circunstância tripla: 1) a morte espiritual instantânea; 2) o início da morte física (no momento em que nascemos, começamos a morrer); e 3) a morte eterna definitiva. O Pecado Entra em Cena O pecado surgiu na espécie humana através de Adão, e, desde então, a espécie humana vem tentando sem sucesso livrar- se dele. E, fracassando em sua tentativa, a humanidade tem buscado em vão suspender a maldição. A Bíblia ensina que Deus preveniu Adão antes que pecasse de que, se comesse da árvore do conhecimento, na certa morreria. A Bíblia também nos conta que Deus instruiu Adão e Eva para que fossem férteis, se multiplicassem e povoassem a terra. Mas embora eles tivessem sido criados à imagem de Deus, após a Queda, Adão e Eva tiveram filhos à sua imagem e semelhança. Em conseqüência, Caim e Abel foram contaminados com a doença mortal do pecado, que herdaram dos pais e que foi transmitida a todas as gerações posteriores. Somos todos pecadores por herança e, por mais que tentemos, não podemos escapar a nosso direito de nascença. Recorremos a todos os meios para recuperar a posição que Adão perdeu. Tentamos através da educação, da filosofia, da religião, de governos, nos livrar do jugo do vício e do pecado. Lutamos para realizar com nossas mentes limitadas e pecadoras as coisas que Deus pretendeu fazer com a visão clara que vem somente do alto. Nossas intenções foram boas e algumas de nossas tentativas louváveis, mas todas fracassaram muito antes de atingir o objetivo. Todo o nosso conhecimento, todas as nossas invenções, todos os nossos progressos e planos ambiciosos impelem-nos à frente apenas um pouco, e logo recaímos no ponto em que começamos. Pois continuamos a cometer o mesmo erro que Adão cometeu — estamos ainda tentando ser reis por direito de nascença, e com as nossas forças, em vez de obedecermos às leis de Deus. Antes de rotularmos Deus de injusto ou desarrazoado por permitir que o pecado envolva o mundo, examinemos a situação mais devagar. Deus, em Sua compaixão infinita, enviou Seu Filho para mostrar-nos a saída de nossas dificuldades. Enviou Seu Filho para sofrer as mesmas tentações que se apresentaram a Adão e vencê-las. Satanás tentou Jesus, da mesma forma como tentou Adão. Satanás ofereceu a Jesus poder e glória se Ele renunciasse a Deus, da mesma forma como os ofereceu a Adão através de Eva. A Escolha de Cristo A grande diferença foi que Jesus Cristo resistiu à tentação! Quando o diabo mostrou-Lhe todos os reinos do mundo e prome- teu-lhe a glória se Ele seguisse apenas a Satanás em vez de Deus, Nosso Senhor disse: "Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele darás culto" (Mateus, 4:10). Ele venceu por completo o Tentador para revelar a todos os povos de todas as gerações seguintes seu caráter puro. Ele é a nossa vitória! Em nossa fraqueza e devido à nossa natureza pervertida, temos nos mostrado filhos legítimos de Adão e temos seguido com fidelidade seus passos. Podemos lamentar a escolha de Adão, mas continuamos a imitá-lo! Não há um só dia em que não nos defrontemos com a mesma prova apresentada a Adão. Não há um só dia em que não tenhamos a oportunidade de escolher entre as promessas astutas do Diabo e a Palavra segura de Deus. Esperamos com ansiedade o dia em que a desilusão, a doença e a morte desaparecerão — mas não há nenhuma possibilidade de que este sonho se concretize enquanto formos os filhos irregenera- dos de Adão. Temos que fazer algo a respeito dos nossos pecados. Nos capítulos seguintes, veremos que Deus fez algo em relação a este problema básico da espécie humana. Desde o princípio dos tempos até hoje, a busca ímpia do ho- mem pelo poder, sua determinação de usar o dom do livre-arbítrio para seus fins egoístas levaram-no à beira da perdição. Os escom- bros e ruínas de muitas civilizações encontram-se espalhados pela superfície da terra — testemunho mudo da incapacidade humana de construir um mundo permanente sem a ajuda de Deus. Novas ruínas, nova miséria são criadas dia-a-dia, e, no entanto, o homem continua em seu caminho pernicioso. Deus, enquanto isto, em sua infinita compreensão e misericórdia, observa, esperando com paciência e compaixão que ultrapassam o entendimento. Espera para oferecer paz e salvação pessoal àqueles que recorrerem à Sua misericórdia. Os mesmos dois caminhos que Deus apresentou a Adão continuam à nossa frente. Ainda somos livres para escolher. Estamos vivendo em um período de clemência enquanto Deus retarda o eterno castigo tão justo que merecemos. É a presença do pecado que impede o homem de ser de fato feliz. É por causa do pecado que o homem nunca conseguiu a uto- pia com a qual sonha. Cada projeto, cada civilização que ele cons- trói acaba fracassando e cai no esquecimento porque as obras do homem são todas construídas na iniqüidade. As ruínas que nos ro- deiam hoje são testemunhos eloqüentes do pecado que povoa o mundo. Causa e Efeito O homem parece ter esquecido a lei sempre presente de causa e efeito, que vigora em todos os níveis deste universo. Os efeitos são o suficiente claros, mas a causa arraigada e profunda parece ser menos nítida. Talvez seja a praga da filosofia moderna do "progresso" que esteja enfraquecendo a visão do homem. Talvez o homem esteja tão enamorado dessa sua tola teoria, que ele se aferra à crença de que a espécie humana está avançando, vagarosa mas firme, em direção à perfeição final. Muitos filósofos poderão até argumentar que a atual tragédia mundial é apenas um incidente na marcha ascendente e eles apontam outros períodos na história humana em que a perspectiva parecia igualmente desalentadora e o resultado igualmente irremediável. Os filósofos diriam que as tristes condições que clareza o que ele significa, e é de suprema importância que nos fa- miliarizemos com o modo como Deus o encara. Podemos tentar ver o pecado como algo pouco importante e nos referirmos a ele como "fraqueza humana". Podemos tentar chamá-lo de insignificante. Mas Deus o chama de tragédia. Nós o consideramos um acidente, mas Deus declara que é uma abomina- ção. O homem busca eximir-se do pecado, mas Deus busca convencê-lo e salvá-lo. O pecado não é nenhum brinquedo divertido — é um terror a ser evitado! Aprenda, então, o que constitui pecado aos olhos de Deus! O Dr. Richard Beal nos fornece cinco definições sobre o pecado. Primeiro: pecado é ilegalidade, a transgressão da lei de Deus (1 João, 3:4). Deus estabeleceu a fronteira entre o bem e o mal, e, sempre que ultrapassamos esta fronteira, sempre que somos culpados de intrusão na área proibida do mal, estamos infringindo a lei. Sempre que deixamos de cumprir os Dez Mandamentos, sempre que contrariamos os preceitos do Sermão da Montanha, transgredimos a lei de Deus e somos culpados de pecar. Se você olhar os Dez Mandamentos um por um, notará como a humanidade hoje está decidida, ao que parece, não apenas em infringi-los, mas também em exaltar a infração! Desde a idolatria, que é colocar qualquer coisa acima de Deus, a lembrar de guardar o domingo (onde estariam o futebol e o beisebol profissionais, se os cristãos se recusassem a assisti-los aos domingos?), a honrar os pais (livros como Mamãezinha querida que denunciam os pecados dos pais), à cobiça e ao adultério — parece que houve um esforço planejado na infração deliberada de cada Mandamento. E não ape- nas isto, mas parece haver uma tentativa resoluta para torná-la atraente! Tiago deixou claro que somos todos culpados quando disse: "Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte" (Tiago 1:14-15). É porque todos nós infringimos as leis de Deus, todos transgredimos Seus mandamentos, que somos classificados de pecadores. Segundo: a Bíblia descreve o pecado como iniqüidade. Iniqüidade é o desvio do que é certo, quer o determinado ato tenha sido expressamente proibido ou não. A iniqüidade está ligada a nossas motivações interiores, às mesmas coisas que tentamos com tanta freqüência ocultar aos olhos dos homens e de Deus. São as transgressões que advêm de nossa própria natureza corrupta, e não os atos malignos, que a força das circunstâncias às vezes nos levam a cometer. Jesus descreveu a corrupção interior quando disse: "Porque de dentro dos corações dos homens é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura: Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem" (Marcos, 7: 21-23). Terceiro: a Bíblia define o pecado como errar o alvo, não atin- gir o objetivo que foi determinado. O objetivo de Deus é Cristo. O objeto e propósito final da vida toda é viver à altura da vida de Cristo. Ele veio para nos mostrar o que o homem pode alcançar aqui na terra; e quando não seguimos Seu exemplo, erramos o alvo e deixamos de alcançar o padrão divino. Quarto: o pecado é uma forma de transgressão. É a intrusão da vontade própria na esfera da autoridade divina. O pecado não é somente uma coisa negativa, não é apenas a ausência de amor a Deus. O pecado é fazer uma escolha positiva, preferir a si mesmo em vez de Deus. É a centralização da afeição em si mesmo em vez de entregar-se de todo coração a Deus. O egoísmo e o egocentrismo são sinais tão evidentes do pecado quanto o roubo e o homicídio. Talvez seja esta a forma de pecado mais sutil e destrutiva, pois tor- na fácil negligenciar o rótulo no frasco de veneno. Aqueles que se apegam a si mesmos, aqueles que centram toda sua atenção na própria pessoa, aqueles que levam em conta apenas os próprios interesses e lutam para proteger apenas os próprios direitos são tão pecadores quanto o bêbado ou a prostituta. Jesus disse: "Que aproveita ao homem, ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?" (Marcos, 8:36). Traduzindo em termos modernos, será que não poderíamos dizer: "O que lucra um homem construindo um grande império industrial, se ele está corroído de úlceras e não pode aproveitar a vida? O que lucra um ditador, conquistando um hemisfério, se precisa conviver com o medo constante da bala de um vingador ou da faca de um assassino? O que lucra um pai que educa os filhos com autoridade excessiva, se é rejeitado por eles mais tarde e abandonado a uma velhice solitária?" Sem dúvida, o pecado do egoísmo é um pecado mortal. Quinto: pecado é descrença. A descrença é um pecado, porque é um insulto à veracidade de Deus. "Aquele que crê no Filho de Deus tem em si o testemunho. Aquele que não dá crédito a Deus, o faz mentiroso, porque não crê no testemunho que Deus dá acerca do seu Filho" (I João, 5:10). É a descrença que fecha a porta do céu e abre a do inferno. É a descrença que rejeita a Palavra de Deus e recusa Cristo como Salvador. É a descrença que leva o homem a fazer ouvidos de mer- cador ao evangelho e a negar os milagres de Cristo. O pecado implica pena de morte, e nenhum homem tem em si a capacidade de salvar-se da pena do pecado ou de purificar o pró- prio coração de sua corrupção. Os anjos e os homens não podem reparar o pecado. É somente em Cristo que se pode achar o remé- dio para o pecado. É somente Cristo que pode salvar o pecador do destino que na certa o espera. "Porque o salário do pecado é a mor- te" (Romanos, 6:23). "A alma que pecar, essa morrerá" (Ezequiel, 18:4). "Ao irmão, verdadeiramente, ninguém o pode remir, nem pa- gar por ele a Deus o seu resgate" (Salmos, 49:7). "Nem a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia da indignação do Senhor" (Sofonias, 1:18). O Único Remédio A única salvação do homem para o pecado encontra-se em uma colina deserta, árida, em forma de caveira; um ladrão está pendurado em uma cruz, um assassino em outra e, entre eles, um Homem com uma coroa de espinhos. O sangue escorre de Suas mãos e pés, jorra do Seu peito, desce pelo Seu rosto — enquanto aqueles que estão assistindo a tudo zombam e escarnecem Dele. E quem é esta figura torturada, quem é este Homem que ou- tros homens buscam humilhar e destruir? É o Filho de Deus, O Príncipe da Paz, o Mensageiro enviado pelos céus à terra dominada pelo pecado. É Aquele perante quem os anjos se prostram e todas as perguntas. Como poderia Deus — que é todo-poderoso, santíssimo e amantíssimo — ter criado o mal ou permitido que o diabo o criasse? Por que Adão teve que ser tentado? Porque Deus não destruiu o diabo quando ele entrou no corpo da serpente para sussurrar maus pensamentos a Eva? A Bíblia nos fornece algumas indicações quanto à possível resposta. Mas a Bíblia também deixa bem claro que o homem não deve conhecer a resposta inteira até que Deus permita que o diabo e suas maquinações O ajudem a realizar os Seus desígnios. Antes da queda de Adão, muito antes mesmo de Adão existir, parecia que o universo de Deus estava dividido em esferas de influência, cada uma sob a supervisão e o controle de um anjo ou príncipe celeste, e que todos tinham que prestar contas diretamente a Deus. Paulo nos fala de "Tronos, soberanias, principados e potestades" tanto no mundo visível como no invisível (Colossenses, 1:16; Efésios, 1:21). A Bíblia faz freqüentes alusões a anjos e arcanjos, mostrando que havia uma ordem estabelecida entre eles, sendo alguns mais poderosos do que outros. O diabo deve ter sido exatamente um destes príncipes celestes e poderosos, a quem, é provável, a terra foi destinada como sua província especial. Conhecido como Lúcifer, "o que leva o archote", ele deve ter estado muito próximo a Deus — tão próximo, de fato, que a ambição entrou em seu coração e ele decidiu não ser o príncipe querido de Deus, mas colocar-se em pé de igualdade com o próprio Deus! Lúcifer não era a contraparte de Deus, mas a contraparte de Miguel ou Gabriel; ele não era um deus caído, mas um anjo caído. Foi neste momento que a ruptura surgiu no cosmos. Foi neste momento que o universo — que fora todo perfeito e harmonioso segundo a vontade de Deus — rompeu-se, e uma parte dele colocou-se contra Deus. Da mesma forma que existem hoje regimes e seitas que negam a existência de Deus ou desafiam Sua autoridade, assim também o diabo desafiou Deus e tentou estabelecer sua própria autoridade. Abandonou sua posição no governo de Deus, desceu às esferas celestiais mais baixas e proclamou que seria igual a Deus Todo-Poderoso. Fora designado por Deus o príncipe deste mundo; e Deus ainda não o removera desta posição, embora as bases justas para a remoção tenham sido firmadas pela morte de Cristo. Desde aquele momento, o diabo contesta Deus na terra. O Reino do Diabo Como príncipe poderoso, com legiões de anjos sob seu co- mando, ele estabeleceu seu reino na terra. Seu poder e posição aqui constituem justamente as razões pelas quais as Sagradas Escrituras vieram a ser escritas. Se Satanás não tivesse desafiado Deus e tentado rivalizar Seu poder e autoridade, a história de Adão no Éden teria sido muito diferente. Se Satanás não tivesse se colocado contra Deus, não haveria necessidade de legar à humanidade os Dez Mandamentos, não haveria necessidade de Deus enviar Seu Filho à cruz. Jesus e seus apóstolos estavam bem conscientes do diabo. Mateus registra mesmo uma conversa entre Jesus e o diabo (Mateus, 4:1-10). O diabo era muito real para os fariseus — tão real, de fato, que eles acusavam Jesus de ser o próprio diabo (Mateus, 12:24)! Não havia qualquer dúvida na mente de Jesus quanto à existência do diabo, nem do poder que ele exerce na terra. A força do diabo está com clareza demonstrada na passagem de Judas, 9, que relata: "Contudo, o arcanjo Miguel, quando con- tendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não se atreveu a proferir juízo infamatório contra ele; pelo contrário, disse: "O Senhor te repreenda." A confusão atual quanto à personalidade do diabo resultou em grande escala das caricaturas que se tornaram populares na Idade Média. Para apaziguar seu medo do diabo, as pessoas tentavam zombar dele e o retratavam como uma criatura ridícula e grotesca com chifres e uma cauda comprida. Colocaram um forcado em sua mão e um olhar imbecil de maldade em seu rosto e então disseram a si mesmas: "Quem tem medo de uma figura ridícula como essa?" A verdade é que o diabo é uma criatura de extrema inteligência superior, um espírito dotado e poderoso de engenhosidade infinita. Esquecemo-nos que o diabo foi provavelmente o maior e o mais nobre de todos os anjos de Deus. Ele foi uma figura sublime, que decidiu usar seus dotes divinos para os próprios objetivos em vez dos de Deus. Seu raciocínio é brilhante, seus planos hábeis, sua lógica quase irrefutável. O poderoso adversário de Deus não é nenhuma criatura estropiada de chifres e cauda — ele é um príncipe imponente, de malícia e astúcia ilimitadas, capaz de tirar vantagem de qualquer oportunidade que se apresente, capaz de alterar qualquer situação em benefício próprio. Ele é implacável e cruel. Não é, porém, todo- poderoso, onisciente nem onipresente. O diabo é bem capaz de produzir o falso profeta de que adver- te a Bíblia. Sobre os escombros da descrença e da fé vacilante o diabo colocará sua obra-prima, o falso rei. Ele criará uma religião sem um Redentor. Construirá uma igreja sem Cristo. Exigirá culto sem a Palavra de Deus. O apóstolo Paulo previu isto quando disse: "Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam corrompidas as vossas mentes, e se apartem da simplicidade e pureza devidas a Cristo. Se, na verdade, vindo alguém pregar-vos outro Jesus que não temos pregado, ou se aceitais espírito diferente que não tendes recebido ou evangelho diferente que não tendes abraçado, a esses de boa mente o tolerais... Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo" (2 Coríntios, 11:3-4-13). O Diabo e o Anticristo Sabemos que o Anticristo surgirá e tentará conquistar as mentes e os corações dos homens. O momento se aproxima, o palco está armado — confusão, pânico e medo estão disseminados. Os sinais do falso profeta são visíveis em toda parte, e muitas talvez sejam as testemunhas vivas do momento apavorante em que começará o ato final deste drama de séculos. Ele pode muito bem ocorrer em nossos dias, pois o tempo está correndo, os acontecimentos se desenrolam céleres, e de todos os lados vemos homens e mulheres de modo consciente ou inconsciente tomando o partido — alinhando-se com o diabo ou com Deus. Será uma batalha de morte, no verdadeiro sentido da palavra uma batalha sem quartel, que não fará concessões nem exceções. A fase humana desta batalha começou no Jardim do Éden quando o diabo seduziu a humanidade e a afastou de Deus, possibilitando a existência de bilhões de opiniões conflitantes, cada homem Não há vestígios de seus cascos fendidos, nem do olhar dardejante em sua fisionomia, Que se encontre hoje na terra ou no ar, pois o mundo decidiu que assim seria. Quem é que segue os passos do santo diligente e representa em seu caminho um constante perigo? Quem é que semeia o joio nos campos do tempo, sempre que Deus semeia o trigo? O Diabo está fora de cogitação e, é claro, não há como duvidar; Mas quem está fazendo o tipo de trabalho que só o Diabo pode realizar? Dizem que agora ele não circula como um leão que ruge; Mas a quem responsabilizaremos pelo ruído incessante Que se faz ouvir no lar, na igreja e no estado, em tudo quanto é lugar, Se o Diabo, por voto unânime, em nenhuma parte está? Será que ninguém dará um passo à frente, fará uma reverência e mostrará sem demora Como as fraudes e os crimes brotam de um único dia? Queremos saber agora! O Diabo foi por completo descartado, e, é claro, O Diabo não mais existe; Mas as pessoas simples gostariam de saber quem é que na mesma obra persiste. Quem, de fato, é responsável pela onda de infâmia, terror e agonia que vemos ao nosso redor? Como podemos explicar os sofri- mentos que todos vivenciamos, se o mal não for uma força poderosa? A cultura moderna tem, de fato, obstruído nossas mentes. Devido às descobertas presumivelmente científicas, algumas pessoas perderam a confiança no poder sobrenatural de Satanás, enquanto outras o veneram. George Galloway resumiu esta contribuição dúbia da cultura atual quando disse; "A teoria de que existe no universo uma força ou princípio, pessoal ou não, em eterna oposição a Deus, é em geral descartada pela mente moderna." A mente moderna pode descartá-la, mas isto não faz com que o princípio do mal em si desapareça! Quando lhe perguntaram cer- ta vez como vencia o diabo, Martin Luther respondeu: "Bem, quan- do ele bate à porta do meu coração e pergunta 'Quem mora aqui?', o querido Senhor Jesus vai até a porta e diz 'Martin Luther costu- mava morar aqui, mas se mudou. Agora eu moro aqui.' O diabo, vendo as marcas de prego em Suas mãos e o lado perfurado, foge de imediato." A Certeza do Pecado O pecado é na certa um fato sinistro! Ele figura como uma força titânica, contestando todo o bem que os homens possam tentar realizar. É como uma sombra negra, sempre pronta a eclipsar qualquer luz vinda do alto que possa chegar até nós. Todos sabemos disto. Todos vemos isto. Estamos todos conscientes disto a cada passo que damos. Seja qual for o nome que lhe dermos, sabemos de sua existência muito real. "Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes" (Efésios, 6:12). Como é que aqueles que negam o diabo e seus apaniguados explicam a velocidade com que o mal se alastra? Como é que expli- cam os imensos obstáculos que são colocados no caminho dos justos? Como podem justificar que a destruição e o desastre sejam apenas obra de segundos, enquanto a construção e a reabilitação são, muitas vezes, de uma lentidão angustiante? Sussurre uma mentira no ar, deixe livre uma língua infamante — e as palavras são carregadas, como por um passe de mágica, aos lugares mais distantes. Diga uma verdade, faça uma ação generosa e sincera — e forças invisíveis começarão a funcionar no mesmo momento para tentar encobrir este pequeno raio de luz e esperança. Quando este livro foi escrito há trinta anos, ninguém construía igrejas para o diabo, ninguém construía púlpitos para pregar sua palavra. E, no entanto, hoje constroem. Sua palavra está em toda parte e, com muita freqüência, converte-se em ações violentas. Se nenhuma força invisível está em ação corrompendo os corações dos homens e distorcendo seus pensamentos, como explicar a ânsia da humanidade de ouvir os indignos, vulgares e desprezíveis, enquanto faz ouvido de mercador aos bons, honestos e puros? Basta apenas ouvir as blasfêmias do punk rock para perceber que Satanás está vivo e muito bem na terra. Será que uma única pessoa entre nós rejeitaria um delicioso pedaço de fruta madura para escolher um pedaço podre que estivesse fervilhando de vermes e cheirando mal, se não fosse levada a esta terrível escolha por uma força poderosa e sinistra? Contudo, é isto mesmo que todos fazemos repetidas vezes. Rejeitamos com constância as experiências fecundas, belas e nobres e buscamos as de mau gosto, vulgares e degradantes. Estas são as obras do diabo e elas prosperam de todos os lados! A Luta Entre o Bem e o Mal O que vemos acontecer aqui na terra é apenas um reflexo das lutas muito maiores entre o bem e o mal na esfera invisível. Gostamos de pensar que o nosso planeta é o centro do universo e atribuímos importância demasiada aos acontecimentos terrenos. Em nosso orgulho tolo, vemos com olhos humanos. Mas uma luta de magnitude infinitamente maior está sendo travada no mundo que não podemos ver!Os homens sábios da antigüidade sabiam disto. Sabiam que há muitas coisas que o olho humano não consegue discernir e muitas coisas para as quais o ouvido humano é surdo. O homem moderno gosta de achar que ele "criou" o rádio, a televisão e os computadores, que tornou possível enviar sons audíveis e imagens visíveis ao espaço e produzir e registrar quantidades impossíveis de dados. A verdade é, sem dúvida, que estas ondas, desconhecidas do homem, sempre existiram, e que maravilhas muito maiores existem no espaço cósmico, sobre as quais o homem talvez nunca adquira o mínimo conhecimento. Que estas maravilhas existiam, os antigos profetas sabiam — mas mesmo eles tinham apenas uma vaga idéia de sua magnitude, mesmo eles captavam apenas os ecos mais difusos da poderosa batalha das esferas. prosseguiu dizendo que, cercada de milhões de admiradores, era na verdade uma mulher muito solitária. Há alguns anos, uma bela e jovem estrela de Hollywood, que em aparência possuía tudo que uma garota pode desejar, pôs fim à vida. No breve bilhete que deixou, havia uma explicação de incrível simplicidade — sua solidão era insuportável. O salmista disse: "Sou como o pelicano no deserto, como a coruja das ruínas. Não durmo e sou como o passarinho solitário nos telhados" (Salmos, 102:6-7). E ainda: "O opróbrio partiu-me o coração, e desfaleci; esperei por piedade, mas debalde; por consoladores e não os achei" (Sal- mos, 69:20). A Solidão de Quem Está Só Primeiro, há a solidão de quem está só. Já senti a solidão do oceano, onde nunca há som algum a não ser o da rebentação ao longo das costas rochosas. Já senti a solidão da planície, em que há apenas o uivo triste e ocasional do coiote. Já senti a solidão das montanhas, quebrada apenas pelo sussurro do vento. O sentinela solitário, em serviço em um posto de fronteira, as milhares de pessoas em hospícios, os reclusos em prisões e campos de concentração conhecem o significado da solidão de quem está só. Louis Zamperini, o grande atleta olímpico, falou sobre a terrí- vel solidão de quem está só em uma balsa de salvamento, onde passou quarenta e oito dias durante a II Guerra Mundial. Em seu fascinante livro, Alone (Sozinho), o almirante Richard E. Byrd discorreu sobre o tempo que passou em uma escuridão atordoante e dilacerante. Morava sozinho em uma cabana literalmente enterrada na calota glacial do Pólo Sul. Passou cinco meses lá. Os dias eram tão escuros quanto as noites. Não existia nem uma criatura viva de qualquer espécie em um raio de cento e sessenta quilômetros. O frio era tão intenso que ele ouvia a respiração congelar e cristalizar quando o vento a soprava na direção de seus ouvidos. "À noite," diz ele, "antes de apagar o lampião, eu costumava planejar o trabalho do dia seguinte." Tinha que fazer isto para pre- servar sua sanidade. "Era maravilhoso", continua ele, "conseguir distribuir o tempo desta forma. Isto me dava um extraordinário senso de controle; e sem atividade constante, os dias não teriam finalidade; e sem finalidade, eles acabariam — como tais dias sempre acabam — se desintegrando." A Solidão da Sociedade É provável que você pense que naquele deserto gelado, Richard Byrd era o mais solitário dos homens. Contudo, a solidão de quem vive na sociedade é muito pior do que a solidão de quem está só, pois existe nas grandes cidades solidão muito pior do que a dele. Aquela criatura infeliz que vive em um cortiço, que nunca re- cebe uma carta, que nunca ouve uma palavra de incentivo, que nunca experimenta o aperto de mão de um amigo — aquele poderoso líder da sociedade, cujo dinheiro comprou tudo, menos amor e felicidade — cada um conhece uma solidão que poucos podem entender. Há a solidão das pessoas que vivem pelas ruas em portais e caixas de papelão, cavando comida em latas de lixo — uma solidão inigualável. Um recente programa de televisão mostrou a solidão degradante de alguns velhos nos Estados Unidos, esquecidos e desprezados em instituições malcuidadas. A total falta de objetivo e o olhar vazio me assombraram. Eles são mortos vivos. No entanto, ao fundo, um velho abandonado estava tocando com um só dedo no piano também abandonado a canção "What a friend we have in Jesus" (Que amigo temos em Jesus). Em João, 5, lemos sobre a caminhada de Jesus pelas ruas estreitas de Jerusalém. Ao chegar à porta das ovelhas, próxima ao tanque de Betesda, observou uma grande multidão atormentada por variadas enfermidades, esperando para ser levada até a água. De repente, notou uma pobre criatura que parecia mais necessitada do que todas as outras e com ternura, perguntou-lhe: "Queres ser curado?" O desamparado paralítico ergueu a cabeça e respondeu: "Se- nhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada." Pense nisto, trinta e oito anos longos e cansativos, este fardo da dor fora empurrado pela agitada onda humana de Jerusa- lém, e, após todos esses anos, ele precisava dizer a Jesus "Senhor, não tenho ninguém." Estava absolutamente sem amigos. Você pode ter um amigo mais chegado a você do que um ir- mão. Jesus Cristo pode tornar a vida alegre, satisfatória e gloriosa para você. No mundo inteiro, há milhões de homens e mulheres que amam e servem a Jesus Cristo. A partir do momento em que O aceita, você está mais próximo deles do que dos próprios parentes. Não há uma só cidade nos Estados Unidos que não tenha uma igreja acolhedora a que se possa ir e conhecer as pessoas mais maravilhosas deste país. Existe uma rede gigante de verdadeiros cristãos em todas as comunidades dos Estados Unidos. No momento em que você aperta as mãos deles, sabe que tem amigos. Mas, primeiro, precisa arrepender-se, render-se e confiar o coração e a vida a Cristo. Deixe-O perdoar seus pecados passados, e Ele o receberá em Sua família; Ele o levará até a lareira, e você sentirá o calor do fogo. Se está sozinho hoje, eu lhe imploro, chegue-se a Cristo e conheça a amizade que ele oferece. A Solidão de Quem Sofre Terceiro, há a solidão de quem sofre. Há alguns anos, recebemos uma carta de uma radiouvinte que, fazia cinco anos, ficara paralítica devido à artrite. Durante cinco longos anos aborrecidos e dolorosos, ela não pôde estirar-se nem deitar-se, porém escreveu: "Passei muitos dias sozinha, mas nunca tive um dia solitário." Por quê? Era Cristo que fazia a diferença. Com Cristo como seu Salvador e Companheiro constante, você, também, embora sozinho, nunca precisa estar só. Você que está hoje em um leito de hospital, suportando a solidão de quem sofre, pode estar certo de que Deus é capaz de lhe dar Sua graça e força. Enquanto permanece deitado, você pode ser útil a Ele. Pode aprender algo sobre a intercessão, o maior serviço da terra, quando reza pelos outros. Cristo pode lhe dar força para superar todos os pecados e ví- cios da vida. Ele pode romper as cordas, grilhões e correntes do pecado; mas você precisa arrepender-se, confessar, entregar-se e render-se a Ele primeiro. Agora mesmo, isto pode ser decidido, e você conhecerá a paz, a alegria e a amizade de Cristo. A Solidão do Salvador Por último, há a solidão do Salvador. Milhares de seres humanos aglomeraram-se à Sua volta. Havia em toda parte uma grande alegria na época da Páscoa, mas Jesus era "desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso. Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi tras-passado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos" (Isaías, 53:3-6). Jesus estava só. Veio para os seus, e os seus não o receberam. "Tudo isto, porém, aconteceu para que se cumprissem as Escritu- ras dos profetas. Então os discípulos todos, deixando-o, fugiram" (Mateus, 26:56). As multidões que há bem pouco tempo tinham gritado "Hosana", naquele mesmo dia gritavam "Crucifica-o! Cruci- fica-o!" Agora, até mesmo seus doze fiéis tinham partido. E, por fim, nós o ouvimos clamar "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Marcos, 15:34). Ele não fora apenas de- samparado pelos companheiros humanos, mas, agora, naquela ho- ra de desespero e solidão, Ele — pois carregava nossos pecados emSeu próprio corpo na cruz — fora desamparado por Deus também. Jesus suportava o sofrimento e o julgamento do inferno por você e por mim. O inferno, em sua essência, é a separação de Deus. O inferno é o lugar mais solitário do universo. Jesus sofreu a agonia do infer- no por você, em seu lugar. Agora, Deus diz: Arrependa-se, acredite em Cristo, receba Cristo, e você jamais conhecerá a dor, a solidão e a agonia do inferno. "Todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo" (Ro- manos, 10:13). 7. O Que nos Espera Depois da Morte? Há apenas um passo entre mim e a morte. 1 SAMUEL, 20:3 DIZ-SE que a vida toda é apenas uma preparação para a morte. O salmista disse: "Que homem há, que viva, e não veja a mor- te?" (Salmos, 9:27). Acredita-se que estejamos vivendo uma era de livre- pensamento e experiências radicais. Temos procurado alterar o mundo e as leis que o governam através do conhecimento, da ciência, da invenção, da descoberta, da filosofia e do pensamento materialista. Temos tentado exaltar os falsos deuses do dinheiro, da fama e da inteligência humana; mas, por mais que tentemos, o fim é sempre o mesmo: "Aos homens está ordenado morrerem uma só vez" (Hebreus, 9:27). Em meio à vida, vemos a morte por todos os lados. A sirene da ambulância, os letreiros luminosos das agências funerárias, os cemitérios pelos quais com freqüência passamos e a visão de um carro fúnebre ziguezagueando pelo tráfego nos fazem lembrar que a morte pode nos chamar a qualquer momento. Nenhum de nós pode ter certeza de quando chegará o momento exato, mas estamos bem conscientes de que pode chegar a qualquer hora. Alguém disse que "A única coisa certa na vida é a morte". Os- car Wilde disse: "Pode-se sobreviver a tudo hoje em dia — exceto à morte!" Livros sobre a morte proliferam nos dias de hoje — assim como livros escritos por aqueles que alegam ter vivenciado a morte e retornado para falar dela. Em vez de procurar um meio de fazer as pazes com Deus, o mundo inventou aulas sobre como morrer eencarar a morte — aceitando-a como parte natural da vida. Na verdade, toda a humanidade está à espera da morte. A questão principal não é como ou quando morreremos, mas sim para onde vamos depois da morte. Todo ano, mais de meio milhão de americanos entram em seus automóveis mal sabendo que esta será a última vez. Em 1980, 532 mil americanos morreram em acidentes de automóveis. Apesar das crescentes medidas de segurança, outras 469 mil pessoas morreram em acidentes em casa, quando a idéia de morte sequer passava por suas mentes. Pois a morte aproxima-se da humanidade, sorrateira e implacável, e embora a medicina e a engenharia de segurança travem contra ela uma guerra constante, a morte sai sempre vitoriosa. Devido a esta batalha científica que travamos há tanto tempo, agora temos a vantagem de mais alguns anos de vida, mas a morte ainda se encontra no fim da linha, e a expectativa de vida do ho- mem não ultrapassa em muito os setenta anos bíblicos. As doenças cardíacas ainda matam um número excessivo de cidadãos americanos na plenitude da vida. O câncer ainda inflige a dor aos corpos de milhares de pessoas. As doenças do sangue fazem suas vítimas, embora a pesquisa médica tenha feito uma redução considerável em sua cifra anual. O herpes e a AIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida) são as doenças da década de 80. Elas estão em ascensão no mundo inteiro e têm sido registradas nos principais continentes. Mas, por mais que as pesquisas estatísticas sejam otimistas, por mais que nossa expectativa de vida tenha aumentado desde 1900, sejam quais forem os índices de assassinato, suicídio e outras formas de morte violenta, a realidade inevitável da morte permanece inalterada — ela continua a ser a nossa última experiência na terra! Uma Batalha Vitalícia A partir do momento em que a criança nasce, inicia-se o pro- cesso da morte e a luta contra ele. A mãe dedica anos de atenção para proteger a vida do filho. Cuida da alimentação, das roupas, do meio-ambiente, das vacinas e exames médicos, mas, a despeito de seu desvelo, a criança já começou a morrer. Poucos anos se passam e os sinais tangíveis de debilidade se evidenciam. O dentista tratará as cáries de nossos dentes. Haverá necessidade de óculos para ajudar a melhorar a visão deficiente. A exceto agradáveis. Não havia cadeira elétrica, pelotão de fuzilamento, nem injeção letal para tornar a morte o mais indolor possível. Era um tempo de tortura — de anjinhos, tenazes, de forca e depois esquartejamento. Razão por que os homens descritos por Smellie tinham horror à morte. Porém, cada um deles, quando sobrevinha a morte, morria em um êxtase de alegria! A Bíblia indica que há, na verdade, duas mortes: uma é a morte física e a outra é a morte eterna. Jesus advertiu que devemos temer muito mais a segunda morte do que a primeira morte. Ele descreveu a segunda morte como inferno, que é a eterna separação de Deus. Mostrou que a morte do corpo não é nada comparada ao banimento definitivo e consciente de uma alma do convívio de Deus. A Morte de um Santo As últimas declarações de homens à beira da morte fornecem um excelente estudo àqueles que procuram realismo diante da morte. Matthew Henry — "Pecado é amargura. Agradeço a Deus por- que tenho força interior." Martin Luther — "Nosso Deus é o Deus de quem nos vem a salvação: Deus é o Senhor por quem nos livramos da morte." John Knox — "Vive em Cristo, vive em Cristo, e a carne não precisa temer a morte." John Wesley — "O melhor de tudo é que Deus está conosco. Adeus! Adeus!" Richard Baxter — "Sinto dor; mas tenho paz. Tenho paz." William Carey, o missionário — "Quando eu partir, falem me- nos do Dr. Carey e mais do Salvador do Dr. Carey." Adoniram Judson — "Não estou cansado do trabalho, nem es- tou cansado do mundo; porém, quando Cristo me chamar para ca- sa, irei com a alegria de um menino se livrando da escola." Como é diferente a história do cristão que confessou seu pecado e pela fé recebeu a salvação em Jesus Cristo! Durante muitos anos, a Dra. Effie Jane Wheeler ensinou In- glês e Literatura na universidade em que estudei. A Dra. Wheeler era conhecida tanto por sua devoção como por seu conhecimento das disciplinas que ensinava. Em maio de 1949, no feriado come- morativo dos soldados mortos na guerra, a Dra. Wheeler escreveu a seguinte carta ao Dr. Edman, então reitor da universidade, e a seus colegas e antigos alunos: "Agradeço de coração o momento que concederem à leitura desta carta na capela, pois antes de saírem de férias, gostaria que soubessem a verdade sobre mim, que só vim a saber na última sexta-feira. Meu médico por fim revelou o verdadeiro diagnóstico de minha doença, que vem ocultando há semanas — um caso inoperável de câncer. Se ele fosse cristão, não teria protelado nem vacilado tanto, pois saberia, como vocês e eu sabemos, que a vida ou a morte é igualmente bem-vinda quando vivemos de acordo com a vontade do Senhor e em Sua presença. Se o Senhor me chamou à Sua presença, vou com prazer. Por favor, não lamentem um só momento. Não digo um adeus seco, mas sim um afetuoso Auf Wiedersehen até que nos reencontremos — na terra abençoada onde me permitam descerrar as cortinas quando vocês entrarem. Com o coração cheio de amor por todos vocês, (assinado) Effie Jane Wheeler!" Apenas duas semanas após escrever esta carta, a Dra. Wheeler se apresentou diante de seu Salvador, que havia cumprido Sua Promessa de eliminar a dor da morte. Enquanto estávamos escrevendo este capítulo, recebemos quatro cartas no mesmo dia. Uma era de uma santa de noventa e quatro anos, ansiosa para se reunir ao Seu Senhor; outra, de uma mulher condenada à morte que, tendo se tornado cristã há seis anos, pode agora entrever a glória além da execução iminente; e duas cartas de mulheres cujos maridos tiveram morte recente, depois de muitos anos de casamento (um deles quando estava prestes a completar quarenta e nove anos de casados). Essas mulheres estão vislumbrando a glória que se encontra além da morte. O grande Dwight L. Moody disse em seus últimos momentos de vida: "Este é o meu triunfo; este é o dia de minha coroação! É glorioso!" A Bíblia ensina que você é uma alma imortal. Sua alma é eterna e viverá para sempre. Em outras palavras, o seu eu real — a parte de você que pensa, sente, sonha, deseja; o ego, a personalidade — nunca morrerá. A Bíblia ensina que sua alma viverá para sempre em um destes dois lugares — ou no céu, ou no inferno. Se você não é cristão e nunca renasceu, então a Bíblia ensina que sua alma vai de imediato para um lugar que Jesus chamou de Hades, onde você aguardará o julgamento de Deus. Um Tema Impopular Estou consciente de que o tema do inferno não é um tema muito agradável. É muito impopular, polêmico e malcompreendido. Em minhas cruzadas pelos Estados Unidos, contudo, em geral dedico uma noite à discussão deste assunto. Após a discussão, durante dias, chegam aos redatores dos jornais muitas cartas em que as pessoas discutem os prós e os contras, pois a Bíblia tem tanto a dizer sobre este assunto como sobre qualquer outro. Em discussões estudantis nas universidades dos Estados Unidos, com freqüência me perguntam: "E quanto ao inferno? Existe fogo no inferno?", e coisas do gênero. Como pastor, devo enfrentar a pergunta. Não posso desconhecê-la, mesmo que deixe as pessoas insatisfeitas e ansiosas. Admito que de todos os ensinamentos da Bíblia, este é o mais difícil. Há quem ensine que todos serão salvos um dia, que Deus é um Deus de amor e que nunca mandará ninguém para o inferno. Acreditam que as palavras eterno e permanente não significam de fato para sempre. No entanto, a mesma palavra, que fala do banimento eterno do convívio de Deus, é também usada para a eternidade do céu. Alguém já disse que "a justiça exige que tanto a alegria do justo como o castigo do iníquo façam jus à palavra- já que são a mesma palavra grega e têm a mesma duração". Há outros que ensinam que, depois da morte, aqueles que re- cusaram receber a redenção de Deus são destruídos, deixam de existir. Examinando a Bíblia do início ao fim, não consigo encontrar um só dado que sustente esta idéia. A Bíblia ensina que, quer sejamos salvos ou condenados, permanece a existência consciente da alma e da personalidade. O Inferno na Terra Não há dúvida alguma de que os homens iníquos sofrem um inferno relativo aqui na terra. Diz a Bíblia: "E sabei que o vosso pecado vos há de achar" (Números, 32:23). Ainda em outra passa- gem: "Pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará" (Gá- latas, 6:7). Porém, as evidências ao nosso redor mostram com clarezaque alguns homens iníquos parecem prosperar, enquanto os justos sofrem por sua honestidade. A Bíblia ensina que haverá um tempo de compensação em que se fará justiça. Alguém disse que "não somos castigados por nossos pecados, mas são eles que nos castigam". Ambas as asserções são verdadeiras. Será que um Deus amoroso manda um homem para o inferno? A resposta é sim, porque Ele é justo. Mas não o manda por conta própria. O homem condena a si mesmo ao recusar a salvação oferecida por Deus. Com amor e misericórdia, Deus oferece a homens e mulheres uma saída, um meio de salvação, uma esperança e uma expectativa de coisas melhores. Em sua cegueira, estupidez, teimosia, egotismo e amor ao prazer iníquo, o homem recusa o simples método oferecido por Deus para fugir às angústias do banimento eterno. Suponha que eu fique doente e chame um médico, que vem e me receita um medicamento. Mas depois de reconsiderar o proble- ma, decido desatender seu conselho e recusar os remédios. Ao re- tornar alguns dias mais tarde, o médico talvez me ache muito pior. Poderei culpá-lo ou considerá-lo responsável? Ele me deu a receita. Ele receitou o remédio. Mas eu o recusei! Da mesma forma, Deus receita o remédio para os males da espécie humana. Este remédio é a fé pessoal e o compromisso com Jesus Cristo. O remédio é o renascimento, como discutiremos em outro capítulo. Se nossa recusa é deliberada, então devemos sofrer as conseqüências; e não podemos culpar a Deus; Deus é culpado por recusarmos o remédio? O homem, que se recusa a acreditar na vida depois da morte, no céu a ser conquistado ou no inferno a ser evitado, o homem, que se recusa a acreditar na Palavra de Deus sobre o céu e o inferno, acorda na outra vida e descobre que esteve errado, que perdeu tudo. Na revista People, Lem Banker, um dos maiores jogadores dos Estados Unidos, foi citado como autor das seguintes palavras: "Nunca aposte o que quer ganhar, só o que pode dar-se o luxo de perder." Você pode se dar o luxo de perder a alma eterna? Há outros que perguntam: "Qual é a natureza do inferno?" Existem quatro palavras que foram traduzidas na Bíblia como "in- ferno". Uma delas é Sheol, que é traduzida trinta e uma vezes como "inferno" no Velho Testamento. Ela significa um "estado invisível". As palavras sofrimento, dor e destruição são usadas com relação a ela. A segunda palavra é Hades, que é traduzida do grego e usada dez vezes no Novo Testamento. Significa o mesmo que Sheol no Ve- Iho Testamento. Julgamento e dor estão sempre associados a ela. A terceira palavra é Tartarus, usada apenas uma vez em 2 Pe- dro, 2:4, onde está dito que os anjos desobedientes são lançados no Tártaro. Esta palavra indica um lugar de julgamento, uma prisão ou calabouço, onde há intensa escuridão. A quarta palavra é Gehenna, usada onze vezes e traduzida co- mo "inferno" no Novo Testamento. Ela é a imagem que Jesus usou para o Vale de Hinom, um lugar fora de Jerusalém onde se queimava lixo e entulho sem parar. Outros perguntam: "A Bíblia fala literalmente em fogo no in- ferno?" Se o fogo não é literal, é algo pior. Jesus não teria exagera- do. Não há dúvida de que a Bíblia usa muitas vezes a palavra fogo no sentido figurado. Contudo, Deus tem um fogo que arde, mas não consome. Quando Moisés viu a sarça ardendo em fogo, surpreendeu-se ao perceber que ela não se consumia. As três crianças hebraicas foram colocadas em fornalhas ardentes, mas não foram consumidas; de fato, não chamuscaram um só fio de cabelo de suas cabeças. Por outro lado, a Bíblia fala a respeito de nossa língua "posta em chamas pelo inferno" (Tiago, 3:6) toda vez que amaldiçoamos nossos semelhantes. Isto não quer dizer que ocorra uma combustão literal toda vez que dizemos algo contra nossos semelhantes. Mas o fato de ser literal ou figurativa não afeta sua realidade. Se não há fogo algum, então Deus está usando uma linguagem simbólica para indicar algo que pode ser muito pior. A Separação de Deus Em sua essência, o inferno é a separação de Deus. É a segunda morte, que é descrita como o banimento consciente e eterno da presença de tudo que é luz, alegria, bondade, justiça e felicidade. A Bíblia apresenta muitas descrições terríveis a respeito desta horrível condição em que a alma se achará logo após a morte. É estranho que os homens se preparem para tudo, exceto para a morte. Nós nos preparamos para a instrução. Preparamo- nos para o trabalho. Preparamo-nos para nossa carreira. Preparamo-nos, para o casamento. Preparamo-nos para a velhice. Preparamo-nos para tudo, exceto para o momento em que vamos morrer. E, no entanto, a Bíblia diz que estamos todos destinados a morrer um dia. A morte é uma ocorrência que parece, a todo homem, anormal quando diz respeito a ele, mas normal quando se refere a outros homens. A morte reduz todos os homens à mesma classe social. Despoja os ricos dos seus milhões e os pobres dos seus problemas. Diminui a avareza e abranda as chamas da paixão. Todos gostariam de ignorar a morte, porém todos têm que enfrentá-la — o príncipe e o aldeão, o tolo e o filósofo, o assassino e também o santo. A morte não conhece limites de idade, nem parcialidade. É algo que todos os homens temem. Nos últimos anos de vida, Daniel Webster contou como certa vez compareceu a um serviço religioso em uma tranqüila cidadezi- nha do interior. O pastor era um velho simples e piedoso. Após os ritos de abertura, ele se levantou, proferiu seu texto e, então, com a maior simplicidade e seriedade, disse: "Amigos, só podemos morrer uma vez." Daniel Webster, comentando este sermão, disse mais tarde: "Ainda que possam parecer fracas e impessoais, estas palavras es- tão entre as mais impressionantes e estimulantes que eu já ouvi." Um Encontro com a Morte É fácil pensar nos outros tendo que comparecer a este en- contro com a morte, mas difícil lembrar que nós, também, devemos ir a este mesmo encontro. Sempre que vemos soldados a caminho do front ou temos notícia de um prisioneiro condenado à morte ou responsável por seus pecados até que atinja a idade de responder por eles. Parece haver indicações suficientes de que a indulgência absolve seus pecados até a idade em que sejam responsáveis pelas próprias ações certas e erradas. A Bíblia também indica que o paraíso será um lugar de grande compreensão e conhecimento das coisas que nunca aprendemos aqui. Sir Isaac Newton, já idoso, disse a alguém que elogiou sua sa- bedoria: "Sou como uma criança na praia que pega um seixo aqui e uma concha ali, mas o grande oceano da verdade ainda se encontra à minha frente." E Thomas Edison disse certa vez: "Não sei uma milionésima parte de um por cento a respeito de nada." Muitos dos mistérios de Deus, as tristezas, provações, decep- ções, tragédias e o silêncio de Deus em meio ao sofrimento serão revelados no paraíso. Eli Wiessel disse que a eternidade é "...o lu- gar onde as perguntas e respostas passam a ser uma coisa só." E em João, 16:23, Jesus diz: "Naquele dia nada me perguntareis." Todas as nossas perguntas serão respondidas! Muitas pessoas perguntam: "Bem, e o que iremos fazer no pa- raíso? Apenas sentar e usufruir dos prazeres da vida?" Não. A Bí- blia mostra que serviremos a Deus. Trabalharemos para Deus. Todo o nosso ser louvará a Deus. A Bíblia diz: "Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão" (Apocalipse, 22:3). Será um tempo de total alegria, dedicação, riso, canto e louvora Deus. Imagine servi-lo para sempre, sem nunca se cansar! Na Presença de Cristo Agora, a Bíblia ensina que estar ausente do corpo é estar na presença do Senhor. No momento em que um cristão morre, vai no mesmo instante para a presença de Cristo. Ali sua alma espera a ressurreição, quando o corpo e a alma serão reunidos. Muitas pessoas perguntam: "Como é que os corpos que se de- terioraram ou foram cremados podem ressuscitar?" Deus sabe. Mas o novo corpo que possuirmos será um corpo tão glorioso como o de Cristo. Será um corpo eterno. Jamais conhecerá lágrimas, tristezas, tragédias, doenças, sofrimentos, morte ou cansaço. Será um corpo renovado, mas, ainda assim, reconhecível. Aqui temos a imagem de dois mundos eternos flutuando no espaço. Cada filho de Adão estará em um deles. Muito mistério os envolve, mas há sugestões e implicações suficientes na Bíblia para nos revelar que um será um mundo de tragédia e sofrimento e o outro, um mundo de luz e glória. Vimos agora os problemas da espécie humana. Na superficialidade, eles são complexos; na essência, são simples. Vimos que poderiam se resumir em uma única palavra — pecado. Vimos que o futuro do homem sem Deus é desanimador. Mas apenas analisar nossos problemas e ter uma compreensão intelectual dos desígnios de Deus não é suficiente. Se o homem quiser que Deus o ajude, então deve observar certas condições. Nos capítulos seguintes, examinaremos estas condições. Segunda Parte: A Proposta da Solução 8. Por que Jesus Veio ao Mundo? Porque o filho do homem veio buscar e salvar o perdido. LUCAS, 19:10 VIMOS que a existência do pecado é o fato mais terrível e o mais devastador do universo. A causa de todos os problemas, a raiz de todo o sofrimento, o terror de todos os homens reside nesta única palavra — pecado. Ele deformou a natureza do homem. Destruiu a harmonia interior da vida humana. Despojou o homem de sua nobreza. Fez com que o homem fosse apanhado na armadilha do diabo. Todas as confusões mentais, todas as doenças, todas as perversões, toda destruição, todas as guerras encontram sua raiz original no pecado. Ele produz a loucura no cérebro e o veneno no coração. A Bíblia o descreve como uma doença mortal que exige uma cura radical. É um tornado à solta. É um vulcão em erupção. É um louco que fugiu do asilo. É um bandido à espreita. É um leão que ruge buscando a presa. É um raio caindo na terra. É a areia movediça tragando o homem. É um câncer mortal destruindo as almas dos homens. É uma torrente enfurecida que devasta tudo que encontra. É um esgoto de corrupção que contamina todos os domínios da vida. Mas, como já disse alguém, "O pecado pode afastá-lo da Bí- blia ou a Bíblia pode afastá-lo do pecado." Há séculos, o homem está perdido na escuridão espiritual, ofuscado pela doença do pecado, andando às cegas — tateando, buscando, procurando alguma saída. O homem precisava de alguém que pudesse tirá-lo da confusão mental e do labirinto moral, alguém que pudesse abrir as portas da prisão e resgatá-lo que "Todas as religiões ou são uma antevisão, ou uma deturpação do cristianismo". A instrução é importante, mas ela não reconduzirá um homem a Deus. As falsas religiões são narcóticos que tentam proteger o homem do sofrimento atual enquanto prometem glórias futuras, mas nunca conduzirão o homem à sua meta. As Nações Unidas podem ser uma necessidade prática em um mundo de homens em guerra,e somos gratos a cada medida que tomem no campo das relações internacionais para sanar disputas sem recorrer à guerra; mas se as Nações Unidas pudessem trazer paz duradoura, o homem poderia dizer a Deus "Não precisamos mais de Sua ajuda. Trouxemos paz à terra e organizamos a humanidade na justiça". Todos estes esquemas são paliativos que um mundo doente e agonizante deve usar, enquanto espera pelo Grande Médico. Remontando à história, sabemos que a primeira tentativa da união dos homens terminou com a confusão de línguas na Torre de Babel. Os homens fracassaram em todas as ocasiões que tentaram agir sem a ajuda de Deus e continuarão condenados ao fracasso. Permanece a pergunta: "Como Deus pode ser justo — isto é, fiel à Sua natureza e fiel à Sua santidade — e, ainda assim, absolver o pecador?" Porque cada homem tinha que carregar seus pecados, toda a humanidade perdeu a ajuda, uma vez que cada homem estava contaminado pela mesma doença. A única solução era uma pessoa inocente se oferecer para a morte física e espiritual como uma substituição perante Deus. Essa pessoa inocente teria que aceitar o julgamento, a pena e a morte humanas, Mas onde estaria tal indivíduo? Na certa, não havia ninguém perfeito na terra, pois a Bíblia diz: "Todos pecaram" (Romanos, 3:23). Havia uma única possibilidade. O próprio Filho de Deus era a única personalidade no universo que tinha a capacidade de suportar no corpo os pecados do mundo inteiro. Com certeza, Gabriel ou o arcanjo Miguel poderiam ter vindo e morrido por uma pessoa, mas somente o Filho de Deus era infinito e, portanto, capaz de morrer por todos. Deus em Três Pessoas A Bíblia ensina que Deus é na verdade três pessoas. Isto é um mistério que nunca conseguiremos compreender. A Bíblia não ensina que há três Deuses — mas que há um só Deus. Este Deus único, contudo, se manifesta em três pessoas. Há o Deus Pai, o Deus Filho e o Deus Espírito Santo. A segunda pessoa desta trindade é o filho de Deus, Jesus Cristo. Ele é igual a Deus Pai. Ele não era um filho de Deus, mas o filho de Deus. Ele é o Eterno filho de Deus — a segunda pessoa da Santíssima trindade, Deus encarnado, o Salvador vivo. A Bíblia ensina que Jesus Cristo não teve princípio. Ele não foi criado. A Bíblia ensina que o mundo foi criado por Ele (João,1:1-3). Todas as miríades de estrelas e sóis flamejantes foram criados por Ele. A terra foi lançada da ponta do Seu dedo flamejante. O nascimento de Jesus, que comemoramos no Natal, não foi o seu início. Sua origem está envolta naquele mesmo mistério que nos desconcerta quando investigamos o início de Deus. A Bíblia apenas nos diz: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus" (João, 1:1). Sobre Cristo, a Bíblia nos ensina: "Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois nele foram criadas todas as cousas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as cousas. Nele tudo subsiste" (Colossenses, 1:15-17). A última frase indica que Ele mantém todas as coisas unidas. Em outras palavras, todo o universo explodiria em bilhões de áto- mos se não fosse pelo poder coesivo de Jesus Cristo. A Bíblia diz também: "No princípio, Senhor, lançastes os fundamentos da terra, e os céus são obras das tuas mãos; eles perecerão; tu, porém, permaneces; sim, todos eles envelhecerão qual vestido, também, qual manto, os enrolarás, como vestidos serão igualmente mudados; tu, porém, és o mesmo, e os teus anos jamais terão fim" (Hebreus, 1:10-12). Jesus Cristo, o Redentor Jesus disse ainda de Si mesmo: "Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim." Ele, e apenas Ele, tinha o poder e a capacidade de reconduzir o homem a Deus. Mas faria isto? Se fizesse, teria que vir à terra. Teria que assumir a forma de um servo. Teria que ser feito à semelhança dos homens. Teria que se humilhar e se tornar subserviente até a morte. Teria que se atracar com o pecado. Teria que encontrar e vencer Satanás, o inimigo das almas humanas. Teria que resgatar pecadores do mercado de escravos do pecado. Teria que romper os grilhões e libertar os prisioneiros pagando um preço — o preço seria Sua própria vida. Ele teria que ser desprezado e rejeitado pelos homens, um homem sofredor e familiarizado com a dor. Teria que ser castigado por Deus e separado de Deus. Teria que ser ferido pelas transgressões dos homens e machucado pelas suas iniqüidades, e Seu sangue derramado para reparar o pecado do homem. Teria que reconciliar Deus e o homem. Seria o grande Mediador da história. Teria que ser um substituto. Teria que mor-rer no lugar do homem pecador. Tudo isto teria que ser feito — por sua própria vontade. E foi assim que aconteceu! Contemplando a Terra pelas ameias do paraíso, Ele viu este planeta girando no espaço — condenado, amaldiçoado, oprimido e destinado ao inferno. Viu você e eu lutando sob a carga do pecado e presos às correntes e cordas do pecado. Tomou Sua decisão na assembléia de Deus. As legiões de anjos se inclinaram com humildade e respeito quando o Príncipe dos Príncipes e Senhor dos Senhores do paraíso, que poderia criar mundos com a palavra, subiu em Sua carruagem radiante, atravessou os portais do céu, em direção ao firmamento e, em uma negra noite judia, enquanto as estrelas cantavam em coro e o séquito de anjos proclamava Seus méritos, desceu da carruagem, livrou-se de Seus mantos e Se fez homem! Era como se eu, ao caminhar ao longo de uma estrada, tivesse pisado em um formigueiro. Talvez olhasse para baixo e dissesse às formigas: "Lamento de coração ter pisado em seu formigueiro. Eu destruí sua casa. Provoquei uma confusão. Gostaria de poder dizer que estou preocupado, que não pretendia fazer isto, que gostaria de ajudá-las." Mas você diz: "Isto é absurdo, isto é impossível, as formigas não entendem sua língua!" É assim mesmo! Como seria matadouro; e, como ovelha, muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca" (Isaías, 53:7). A Derrota do Diabo Ele avançava supremo, glorioso e com grande antevisão rumo à missão que viera realizar. Viera ao mundo para salvar os homens pecadores. Viera para aplacar a ira de Deus. Viera para derrotar em definitivo o diabo. Viera para vencer o inferno e a morte. Havia apenas um meio de fazer isto. Havia apenas um caminho a seguir. Sua morte fora profetizada milhares de anos antes. Primeiro, como vimos, no Jardim do Éden; e, depois, em sermão, história e profecia, a morte de Cristo foi relatada séculos antes. Abraão pre- via Sua morte quando o cordeiro foi sacrificado. As crianças de Is- rael simbolizavam sua morte no cordeiro abatido. Toda vez que o sangue era derramado em um altar judeu, representava o Cordeiro de Deus que viria algum dia e venceria o pecado. Davi profetizou com detalhes sua morte em mais de um Salmo. Isaías dedicou capítulos inteiros à predição dos detalhes de Sua morte. Jesus Cristo revelou que era capaz de dar sua vida quando disse: "0 bom pastor dá a vida pelas ovelhas" (João, 10:11). Disse ainda: "Assim importa que o Filho do homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna" (João, 3:14-15). Jesus Cristo encarara a possibilidade da cruz ainda na eternidade. Durante os séculos que antecederam Seu nascimento, Ele sabia que o dia de Sua morte se aproximava com rapidez. Ao nascer de uma virgem, nasceu com a sombra da cruz em Seu caminho. Assumira um corpo humano a fim de poder morrer. Do berço à cruz, Seu propósito era morrer. Alguém descreveu que Ele sofreu como homem algum jamais sofreu: "A noite em Getsêmani, iluminada por tochas flamejantes, assiste ao beijo do traidor, à prisão, ao julgamento perante o sumo sacerdote, à hora de espera, ao palácio do governador romano, à jornada ao palácio de Herodes, ao tratamento rude dos soldados cruéis de Herodes, às horríveis cenas em que Pilatos tentava salvá-Lo, enquanto os sacerdotes e o povo clamavam por Seu sangue, ao flagelo, às multidões que gritavam, ao caminho de Jerusalém ao Gól-gota, aos pregos em Suas mãos, ao grande prego perfurando Seus pés, à coroa de espinhos na testa, aos gritos sarcásticos e zombetei-ros dos dois ladrões ao Seu lado: 'Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se.'" As pessoas me perguntam algumas vezes por que Cristo mor- reu tão rápido na cruz, em seis horas, enquanto outras vítimas agonizaram na cruz durante dois, três dias — ou mais. Ele estava fraco e exausto quando ali chegou. Fora flagelado, estava fisicamente esgotado. Mas quando Cristo morreu, o fez por vontade própria. Escolheu o momento exato para expirar. Ali estava Ele, suspenso entre o céu e a terra. Tendo sofrido sem descrição, não proferiu queixa ou súplica, mas apenas uma afirmação que nos revela em duas palavras algo da terrível dor física que sofreu, ao dizer: "tenho sede." Um poeta desconhecido expressou este sofrimento da seguinte forma: Mas o que O torturava mais que as dores Na cruz, era a sede intensa e divina Que ansiava pelas almas dos homens, Deus amado — e uma delas era a minha! O Pecador ou o Substituto Deus exige a morte, quer para o pecador, quer para o substituto! Gabriel e dez legiões de anjos aguardavam às margens do universo, as espadas desembainhadas. Bastaria um olhar Seu e teriam lançado ao inferno as multidões que bradavam iradas. Os pregos nunca O prenderam — eram as cordas do amor que prendiam mais do que qualquer prego que o homem pudesse inventar. "Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores" (Romanos, 5:8). Por você! Por mim! Ele carregou nossos pecados em Seu cor- po na cruz. Como disse alguém: "Contempla-0 na cruz, curvando a cabeça sagrada e encerrando no coração, no terrível isolamento de Deus, o fruto dos pecados do mundo, e vê como, a partir da acei- tação do fruto do pecado, Ele cria aquilo que não exige para Si, mas para distribuir àqueles cujo lugar Ele tomou." Desconcertados na presença deste sofrimento, sentindo nossa incapacidade de en- tender ou de explicar e conscientes em demasia do poder e da grandeza que nos dominam, ouvimos as palavras que Lhe saem dos lábios em seguida: "Está consumado." Mas o sofrimento físico de Jesus Cristo não foi o verdadeiro sofrimento. Muitos homens morreram antes Dele. Outros ficaram pregados à cruz por mais tempo que Ele. Muitos se tornaram mártires. O terrível sofrimento de Jesus Cristo foi Sua morte espiritual. Ele atingiu o fruto último do pecado, mergulhou na mais profunda dor, quando clamou: "Deus meu, por que me abandonaste?" Este grito foi a prova de que Cristo, fazendo-se pecado por nós, teve a morte física e, com isto, perdeu toda a noção da presença do Pai naquele momento. Sozinho na hora suprema da história da humanidade, Cristo proferiu estas palavras! Fez-se luz para que tivéssemos uma noção do que estava suportando, mas a luz era tão ofuscante, como diz G. Campbell Morgan, "que olhar algum a suportaria." As palavras foram proferidas, como definiu muito bem o Dr. Morgan, "para que os homens possam saber quantas coisas existem que talvez desconheçam." Aquele que não conheceu pecado, Ele o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus. (Gálatas, 3:13, Mar- cos, 15:34, 2 Coríntios, 5:21). Na cruz, Ele se fez pecado. Foi de- samparado por Deus. Por não conhecer o pecado, há um valor incalculável na pena que sofreu, uma pena que não precisava pa- gar. Se ao carregar em Seu corpo o pecado, Ele criou um valor de que não precisava, para quem foi criado o valor? De que modo este valor foi conquistado na profundeza das trevas, o homem nunca saberá. Sei apenas de uma coisa — Ele carregou meus pecados em Seu corpo na cruz. Foi pregado onde eu deveria ter estado. A parte que me cabia das dores do inferno foi descarregada Nele, e já posso ir para o paraíso e merecer o que não é meu, mas Seu por direito. Todos os prenúncios, as ofertas, os enigmas e símbolos do Velho Testamento se concretizaram. Os sacerdotes não precisam mais estar uma vez por ano no Santo dos Santos. O sacrifício se consumou. Agora que a base da redenção foi lançada, o pecador de cons- ciência pesada só precisa acreditar no Filho para ter paz com Deus."Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu As Cinco Coisas que o Sangue Traz A Bíblia ensina que, antes de mais nada, o sangue redime. "Sabendo que não foi mediante cousas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como do cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo" (1 Pedro, 1:18-19). Não apenas fomos resgatados das mãos do diabo, mas também das leis transmitidas a Moisés por Deus. A morte de Cristo nacruz me isenta dos preceitos da lei. A lei me condenou, mas Cristo satisfez cada exigência. Todo o ouro, prata e pedras preciosas da terra nunca poderiam ter me resgatado. O que não puderam fazer, a morte de Cristo fez. Redimir significa "adquirir de novo". Fomos vendidos ao diabo a troco de nada, mas Cristo nos resgatou e nos adquiriu de novo. Segundo, o sangue nos aproxima. "Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo" (Efésios, 2:13). Quando estávamos "separados da co- munidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, sem Deus no mundo", Jesus Cristo nos aproximou de Deus. "Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (Romanos, 8:1). O pecador redimido nunca terá que enfrentar o julgamento do Deus Todo-Poderoso. Cristo já tomou para Si este julgamento. Terceiro, ele faz a paz. "E que, havendo feito a paz pelo san- gue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as cousas, quer sobre a terra, quer nos céus" (Colossenses, 1:20). O mundo nunca conhecerá a paz até que a encontre na cruz de Je- sus Cristo. Você nunca conhecerá a paz com Deus, a paz da cons- ciência, a paz de espírito e a paz da alma até postar-se aos pés da cruz e identificar-se com Cristo pela fé. Ali reside o segredo da paz. Este segredo é a paz com Deus. Quarto, ele justifica. "Muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira" (Romanos, 5:9). O sangue transforma a posição do homem perante Deus. É uma transformação de culpa e condenação em perdão e absolvição. O pecador perdoado não é como o prisioneiro libertado que cumpriu pena e é solto, porém sem direitos de cidadania. O pecador arrependido, perdoado pelo sangue de Jesus Cristo, recupera a cidadania plena. "Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu, ou antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós" (Romanos, 8:33-34). Quinto, ele purifica. "Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado" (1 João, 1:7). A palavra chave neste versículo é todo. Não parte de nossos pecados, mas todos os pecados. Todas as mentiras que você já disse, todas as mesquinharias que já fez, a hipocrisia, os pensamentos libidinosos — todos são purificados pela morte de Cristo. "Tal Como Sou" Conta-se com freqüência que, anos atrás, em Londres, houve uma grande reunião de personalidades ilustres, e entre os convida- dos achava-se um famoso pregador da época, Caesar Milan. Uma jovem tocava e cantava de forma maravilhosa, e todos estavam fas- cinados. Com muito tato e diplomacia, porém com coragem, o pre- gador dirigiu-se a ela quando a música terminou e disse: "Estava pensando, enquanto a ouvia, como a causa de Cristo seria de modo extraordinário beneficiada se seus talentos fossem dedicados a ela. Sabe, jovem, perante Deus você é tão pecadora quanto um bêbado na sarjeta ou uma prostituta na zona. Mas sinto-me feliz em afirmar que o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, purifica de todo pecado" A jovem censurou-o pelo seu atrevimento, ao que ele replicou: "Senhora, não pretendia ofendê-la. Rezo para que o Espírito de Deus a convença." Todos voltaram para casa. A jovem deitou-se, mas não conse- guiu dormir. O rosto do pregador aparecia diante dela, e aquelas palavras ecoavam em sua mente. Às duas horas da manhã, ela pu- lou da cama, pegou lápis e papel e, com lágrimas escorrendo no rosto, Charlotte Elliott escreveu seu famoso poema: Tal como sou, sem motivo alegado, Senão que Teu sangue foi derramado Por mim, a quem chamas para o Teu lado, Ó Cordeiro de Deus, eu vou! Eu vou! Tal como sou, sem poder esperar Para as manchas de minha alma livrar, Rumo a Ti, cujo sangue me vai lavar, Ó Cordeiro de Deus, eu vou! Eu vou! Mas não termina aí. Não abandonamos Cristo pendurado na cruz com o sangue escorrendo das mãos, do peito e dos pés. Ele foi retirado da cruz e depositado com cuidado em um sepulcro. Uma grande pedra fechou a entrada do sepulcro. Designou-se soldados para guardá-Lo. Durante todo o sábado, Seus discípulos permane- ceram sombrios e tristes no cenáculo. Dois deles já estavam a caminho de Emaús. O medo apoderou-se de todos. Na madrugada daquela primeira Páscoa, Maria, Maria Madalena e Salomé se diri- gem ao túmulo para ungir o corpo. Ao chegarem, ficam surpresas ao encontrar o túmulo vazio. Nas palavras de Alfred Edersheim,o erudito judeu, "Não havia nenhum sinal de pressa, e tudo estava em ordem, dando a impressão de Alguém que Se despojara com lentidão daquilo que não mais Lhe convinha." Um anjo está parado à cabeceira do túmulo e pergunta: "Quem buscais?" E elas respon- dem: "Buscamos Jesus de Nazaré." E então o anjo dá a maior e a mais gloriosa notícia que os ouvidos humanos já ouviram: "Ele não está aqui, ressuscitou." A Ressurreição Neste grande acontecimento se apóiam todos os desígnios do programa de redenção divino. Sem a ressurreição, não haveria sal- vação. Cristo anunciou Sua ressurreição muitas vezes. Disse certa vez: "Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do homem estará três dias e três noites no coração da terra" (Mateus, 12:40). Tal como predisse, Ele ressuscitou! Há certas leis da evidência que subsistem na determinação de qualquer acontecimento histórico. É preciso que haja um registro do acontecimento em questão feito por testemunhas contemporâ- neas fidedignas. Há mais provas de que Jesus ressuscitou dos mortos do que Júlio César tenha vivido ou Alexandre, o Grande,
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