Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

3. Lucas (Moody), Notas de estudo de Teologia

3. Lucas (Moody)

Tipologia: Notas de estudo

2015

Compartilhado em 14/03/2015

edson-nobre-6
edson-nobre-6 🇧🇷

4.8

(212)

480 documentos

Pré-visualização parcial do texto

Baixe 3. Lucas (Moody) e outras Notas de estudo em PDF para Teologia, somente na Docsity! LUCAS Introdução Esboço Capítulo 1 Capítulo 7 Capítulo 13 Capítulo 19 Capítulo 2 Capítulo 8 Capítulo 14 Capítulo 20 Capítulo 3 Capítulo 9 Capítulo 15 Capítulo 21 Capítulo 4 Capítulo 10 Capítulo 16 Capítulo 22 Capítulo 5 Capítulo 11 Capítulo 17 Capítulo 23 Capítulo 6 Capítulo 12 Capítulo 18 Capítulo 24 INTRODUÇÃO O Evangelho segundo Lucas é a narrativa mais completa da vida de Jesus que veio até nós proveniente da era apostólica. Teve a intenção de ser uma descrição completa do curso da vida do Salvador desde o seu nascimento até a sua ascensão, e faz parte de uma obra maior que inclui o livro dos Atos, o qual prossegue com a história das atividades missionárias da igreja até o estabelecimento da comunidade cristã em Roma. O Autor. De acordo com o testemunho uniforme da igreja, Lucas, um médico gentio e companheiro de Paulo, foi o autor do Terceiro Evangelho. Seu nome não foi mencionado nas suas páginas, mas as evidências disponíveis tendem a concordar e confirmar a tradição. A íntima relação entre o Evangelho e o livro de Atos mostra que as duas obras têm o mesmo autor, e sejam quais forem as pistas que identifiquem o autor de uma aplicam-se à interpretação da outra. Os dois livros foram endereçados ao mesmo homem, Teófilo (Lc. 1:3; Atos 1:1). O conteúdo de Lucas encaixa-se perfeitamente na descrição do "primeiro tratado" mencionado na introdução dos Atos (Atos 1:1). A continuidade do estilo e dos ensinamentos sobre a pessoa de Cristo, a ênfase Lucas (Comentário Bíblico Moody) 2 predominante sobre a obra do Espírito Santo, o interesse penetrante pelo ministério aos gentios, e a atenção constante que o escritor dedica aos acontecimentos históricos contemporâneos apontam para uma unidade planejada. Nessa mesma base, os fatos fornecidos pelo livro de Atos relativamente ao seu autor também se aplicam ao Evangelho. O autor era um gentio convertido, possivelmente da igreja de Antioquia, onde Paulo serviu com Barnabé no começo do seu ministério (Atos 11:25, 26). O escritor juntou-se-lhe mais tarde em Troas, conforme indica o uso que faz do pronome "nós" (Atos 16:10), acompanhou-o até Filipos, e presumivelmente permaneceu lá enquanto Paulo visitava Jerusalém Quando Paulo retornou a Filipos, Lucas voltou com ele a Jerusalém (Atos 20:5 – 21:15), onde Paulo foi preso e colocado sob custódia protetora. No final da prisão de Paulo em Cesaréia, Lucas o acompanhou a Roma (Atos 27:1 – 28:15). Paulo menciona Lucas três vezes em suas epístolas, chamando-o de "médico amado" (Cl. 4:14; Fm. 24), e indicando mais tarde que foi o último amigo que permaneceu com ele na sua segunda prisão (II Tm. 4:11). A declaração de Paulo que Lucas era médico está corroborada pela linguagem que Lucas usa e pelo interesse que demonstra pelas enfermidades e a cura. Um notável exemplo dessa inclinação aparece na diferença entre a sua narrativa e a de Marcos referente à mulher que tinha uma hemorragia (Lc. 8:43; Mc. 5:26). Ele diagnostica o caso da mulher como incurável, enquanto Marcos enfatiza a incapacidade dos médicos. O ministério de Lucas foi amplo. Médico, pastor, evangelista itinerante, historiador e escritor, foi tremendamente versátil e ativo. Tinha muitas amizades entre os líderes cristãos do primeiro século, e parece que também tinha importante e especial relacionamento com as autoridades romanas. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 5 diretamente além das duas menções feitas em Lucas 1:3 e Atos 1:1. Era um cristão convertido, interessado em saber mais sobre a nova fé do que poderia obter da simples instrução de rotina. Os dois tratados de Lucas tinham a intenção de transformá-lo em um crente inteligente. O Desenvolvimento das Idéias. O Evangelho de Lucas apresenta o curso da vida de Jesus como se alguém apresentasse seus pontos altos a um auditório por meio de um filme. Começa com sua genealogia e nascimento, continua através do seu ministério terreno até a Paixão, e atinge o clímax na Ressurreição. Atos continua sua operação na igreja através do Espírito Santo até a chegada de Paulo em Roma. O Evangelho, então, foi dedicado à primeira metade dessa apresentação progressiva da pessoa de Cristo. A estrutura de Lucas segue de modo geral a ordem de Mateus e Marcos, uma vez que foi determinada pela vida de Cristo propriamente dita. A apresentação dos fatos é mais completa em diversos aspectos, mas é menos apegada aos tópicos do que Mateus e mais fluente que a de Marcos. Resumo da Mensagem. A mensagem do Evangelho de Lucas pode ser resumida nas palavras de Jesus a Zaqueu, conforme Lucas as registra: "Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido" (19:10). O caráter e propósito de Jesus como Salvador é o tema principal deste livro. As atividades e os ensinamentos de Jesus em Lucas são focalizados no ato de tirar os homens dos seus pecados e de trazê-los de volta à vida e à esperança. Os milagres, as parábolas, os ensinamentos e as atitudes de Jesus exemplificam seu poder e vontade redentores. O conceito de Jesus como Filho do homem enfatiza a sua humanidade e a sua compaixão sentida por todos os homens. Ele tinha de ser a "Luz para alumiar as nações, e para glória de. . . Israel" (2:32). Lucas escreve como cristão gentio, com profunda apreciação pela revelação de Deus através do povo hebreu, revelando contudo uma grande simpatia por aqueles que não foram incluídos no primeiro Lucas (Comentário Bíblico Moody) 6 convênio da Lei. Seu Evangelho é verdadeiramente universal no campo de ação. ESBOÇO I. Introdução. 1:1-4. II. A anunciação do Salvador. 1:5 – 2:52. A. A anunciação a Zacarias. 1:5-25. B. A anunciação a Maria. 1:26-56. C. O nascimento de João. 1:57-80. D. O nascimento de Jesus. 2:1-20. E. A apresentação no Templo. 2:21-40. F. A visita a Jerusalém. 2:41-52. III. O aparecimento do Salvador. 3:1 – 4:15. A. A introdução de João Batista. 3:1-20. B. O batismo de Jesus. 3:21, 22. C. A genealogia. 3:23-38. D. A tentação. 4:1-13. E. A entrada na Galiléia. 4:14-15. IV. O ativo ministério do Salvador. 4:16 – 9:50. A. A definição do seu ministério. 4:16-44. B. As provas do seu poder. 5:1 – 6:11. C. A escolha dos apóstolos. 6:12-19. D. Um sumário dos seus ensinamentos. 6:20-49. E. Um período difícil do seu ministério. 7:1 – 9:17. F. O clímax do seu ministério. 9:18-50. V. O caminho para a cruz. 9:51 – 18:30. A. A perspectiva da cruz. 9:51-62. B. O ministério dos Setenta. 10:1-24. C. Ensino público. 10:25 – 13:21. D. O começo dos debates públicos. 13:22 – 16:31. E. Instruções aos discípulos. 17:1 – 18:30. VI. O sofrimento do Salvador. 18:31 – 23:56. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 7 A. A ida a Jerusalém. 18:31 – 19:27. B. A entrada em Jerusalém. 19:28-44. C. O ensino em Jerusalém. 19:45 – 21:4. D. O discurso no Jardim das Oliveiras. 21:5-38. E. A última ceia. 22:1-38. F. A traição. 22:39-53. G. A prisão e o julgamento. 22:54 – 23:25. H. A crucificação. 23:26-49. I. O sepultamento. 23:50-56. VII. A ressurreição. 24:1-53. A. A sepultura vazia. 24:1-12. B. A caminhada a Emaús. 24: 13-35. C. O aparecimento aos discípulos. 24: 36-43. D. A última comissão. 24:44-49. E. A ascensão. 24:50-53. COMENTÁRIO Lucas 1 I. Introdução. 1:1-4. O Evangelho de Lucas é o único que conta qual o método que o autor usou na sua composição. O conteúdo da introdução tem a intenção de fortalecer a confiança do leitor naquilo que o Evangelho contará a respeito de Cristo. 1. Houve. . . empreenderam. Uma tradução literal do verbo grego, quer dizer, "tentaram" ou "iniciaram". A narração. A palavra implica em uma narrativa formal que é um sumário conciso dos fatos. Fatos que ... se realizaram tem o sentido de "as coisas que foram aceitas por certas ou verdadeiras", ou "os reconhecidos fatos do caso". Lucas (Comentário Bíblico Moody) 10 casa. A casa de Zacarias ficava na região montanhosa, provavelmente não muito longe de Jerusalém (1:39). B. A Anunciação à Maria. 1:26-56. 27. A uma virgem desposada com certo homem . . . cujo nome era José. A lei judaica considerava o compromisso do noivado tão válido quanto o casamento. O noivado era completado depois de negociações realizadas pelo representante do noivo e depois de pago o dote ao pai da moça. Depois de assumido o noivado, o noivo podia reclamar a noiva a qualquer momento. O aspecto legal do casamento estava incluído no compromisso de casamento; o casamento propriamente dito era apenas um reconhecimento do compromisso que já fora estabelecido. José tinha todo o direito de viajar com Maria a Belém. Da casa de Davi. Pelos direitos de adoção, considerado como filho de José, Jesus podia reclamar a herança real da casa de Davi. 28. Favorecida. A palavra pode ser traduzida para cheia de graça, mas refere-se a quem é o recipiente da graça e não a fonte da mesma. 29. Que significaria esta saudação. Ser escolhida dentre todas as outras mulheres para receber uma bênção era perturbador. Maria não entendeu por que ela fora escolhida para esta honra. 31. A quem chamarás pelo nome de Jesus. Jesus é a forma grega para o Josué hebreu, que significa Jeová é salvação. Compare a narrativa de Mateus da anunciação feita a José (Mt. 1:21). 32. O trono de Davi, seu pai. Os descendentes de Davi reinaram sobre Judá desde o Reino Unido até o Exílio numa dinastia ininterrupta. O anjo predisse que Jesus completaria essa sucessão. 33. Reinará para sempre sobre a casa de Jacó. Esse reino será tanto temporal quanto espiritual. 34. Como será isto, pois não tenho relação com homem algum? A pergunta de Maria confirma a declaração de sua virgindade no versículo 27. José ainda não a tomara por mulher. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 11 35. Descerá sobre ti o Espírito Santo. Em contraste com as lendas pagãs da antiguidade relacionadas com reputada descendência de deuses e homens, não houve nenhuma intervenção física. O Espírito Santo, por meio de um ato criador no corpo de Maria, providenciou os meios físicos para a Encarnação. 36. Isabel, tua parenta. Se Maria e Isabel eram primas em primeiro grau, Jesus e João Batista eram em segundo grau. 38. Aqui está a serva do Senhor. A pronta aceitação de Maria demonstrou seu caráter devoto e obediente. Ela estava pronta para se arriscar a cair em desgraça e divórcio para cumprir a ordem de Deus. 43. A mãe do meu Senhor. A saudação de Isabel mostra que ela estava pronta a reconhecer o Filho de Maria como o seu Senhor. 46. A minha alma engrandece ao Senhor. Os versículos de 46 a 56 são chamados O Magnificat, que tem origem na primeira palavra da tradução latina. Compare à oração de Ana (I Sm. 2:1-10). 47. Deus, meu Salvador. Maria não era sem pecado; ela reconhecia a sua necessidade de um Salvador. 48. Serva (gr. doulê). Literalmente, uma escrava. 49. Porque . . . me fez grandes coisas. Melhor: fez grandes coisas em meu favor. 51. No coração alimentam pensamentos soberbos. Pensamento (cons. I Cr. 29:18) tem o significado de "presunção" ou as perspectivas jactanciosas de que se orgulhavam. C. O Nascimento de João. 1:57-80. 59. Circuncidar o menino. Os meninos judeus eram circundados oito dias após o nascimento, ocasião em que costumavam receber o seu nome. 60. Chamado João. João, do hebreu Yohanan, que significa "Deus é gracioso". 61. Ninguém há na tua parentela que se chama por este nome. As crianças costumavam ter nomes de família. Neste caso a escolha de Lucas (Comentário Bíblico Moody) 12 um nome diferente significa a expectativa de algo especial para a criança. 63. Pedindo ele uma tabuinha, escreveu. Tabuinhas recobertas de cera eram usadas nos tempos antigos para fazer anotações temporárias. 65. Foram divulgadas estas coisas. Talvez Lucas soubesse dos fatos conversando com algumas das pessoas que moravam na região montanhosa. 67. Cheio do Espírito Santo. Esta foi usada oito vezes nos escritos de Lucas incluindo duas ocorrências anteriores neste mesmo capítulo (1:15, 41). Em todos os oito exemplos está relacionada como capacidade de falar e pregar. Subentende-se um controle especial e preparação efetuada pelo Espírito para se transmitir uma mensagem vinda de Deus. Profetizou. Esta palavra não se aplica exclusivamente à predição do futuro, mas pode se referir também à transmissão da mensagem de Deus aos homens, quer se relacione com o passado, o presente, ou o futuro. 68. Bendito seja o Senhor Deus de Israel. Lucas, embora gentio, relaciona o ponto central da mensagem como Deus do V. T. Visitou e redimiu o seu povo. Zacarias reconheceu no nascimento de João o princípio do cumprimento da vinda do Messias. 69. Poderosa salvação (chifre da salvação). Os chifres do boi eram símbolo de poder. Muitas passagens do V. T, usam esta figura de linguagem, especialmente nos Salmos (cf. Sl. 18:2; 89:24; 132:17; 148:14). 70. Seus santos profetas. Deus tem os seus representantes em todas as épocas e em todos os lugares. Enoque, que foi mensageiro de Deus antes do Dilúvio, foi chamado de profeta (Judas 14). 73. Juramento. O Senhor jurou a Abraão que os seus descendentes seriam preservados através da escravidão no Egito, e que eles possuiriam a terra prometida (Gn. 15:13, 18). O sol nascente das alturas. Nascente, um termo que se refere ao nascer do sol e, neste caso, ao nascer do "Sol da Justiça" (veja Ml. 4:2). Toda esta passagem contém ecos do último capítulo das profecias de Malaquias. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 15 22. Os dias da purificação. De acordo com a lei de Moisés, a mulher que tinha um filho do sexo masculino era considerada imunda durante sete dias. No oitavo dia a criança era circuncidada, e ela ficava imunda por mais trinta e três dias. Passado esse tempo ela oferecia um sacrifício no Templo e era cerimonialmente purificada (Lv. 12:2-6). O sacrifício oferecido era na proporção da capacidade financeira da família. 24. Um par de rolas. A oferta das aves indica que José e Maria eram pobres (Lv. 12:8). Para a apresentação da oferta eles viajaram a Jerusalém, que distava apenas algumas milhas de Belém. 25. Simeão. Simeão devia ser um Hasidim, adorador de Deus sincero e dedicado, que guardava a Lei tanto no Espírito como na letra. Justo expressa sua atitude em relação aos homens; temente, sua atitude para com Deus. Consolação de Israel. O esperado Messias, que libertaria os judeus do poder dos seus opressores. 26. Revelara-lhe. Uma profecia individual especial fora dada a Simeão como .recompensa pela sua devoção. 28. Louvou a Deus, dizendo. As palavras de Simeão, como os Salmos de Davi, foram ditas em poesia hebraica. 32. Luz para revelações dos gentios. Simeão percebeu o verdadeiro propósito de Deus de alcançar os gentios além de Israel. Lucas, um gentio, devia estar especialmente interessado em sua profecia. 34. Este. Jesus não era apenas outra criança judia, mas era o pivô da fé. Aqueles que cressem nele subiriam a novas alturas; aqueles que o rejeitassem cairiam em negro desespero. 35. Uma espada. Simeão deu uma indicação de que Maria sofreria profunda tristeza por causa dEle. 36. Uma profetisa chamada Ana. Tanto no Velho, como no Novo Testamento, as mulheres recebiam poderes proféticos. Débora (Juízes 4:4) foi uma das primeiras líderes de Israel, e as filhas de Filipe, o evangelista, também profetizavam (Atos 21:9). Lucas (Comentário Bíblico Moody) 16 37. Era viúva, de oitenta e quatro anos. Ana convivera com o seu marido sete anos antes da morte deste. Se ela tivesse se casado com a idade de doze anos, teria então mais de cem anos de idade, a não ser que Lucas mencionasse o total de sua idade. Assim como Simeão, ela fazia parte do remanescente piedoso do judaísmo. 38. A redenção de Jerusalém. A grandeza da fé de Ana está comprovada por sua confiança em que essa criança era o instrumento prometido para a redenção nacional. 40. Crescia o menino, e se fortalecia. Lucas é a única fonte de informação sobre a infância de Jesus. Todo o tipo de lendas fantásticas sobre a juventude de nosso Senhor têm sido escritas e publicadas nos Evangelhos apócrifos, mas nenhuma delas aparece nas Escritura. F. A Visita a Jerusalém. 2:41-52. 42. Subiram, segundo o costume da festa. Judeus devotos costumavam assistir a Páscoa em Jerusalém. Jesus, tendo doze anos de idade, estava se aproximando da idade normal para ser aceito no judaísmo como um "filho da lei", que o tornaria um membro efetivo da comunidade religiosa. 43. Permaneceu o menino Jesus em Jerusalém. Como qualquer menino normal, deve ter ficado fascinado com as vistas da cidade; é mais provável que ele tenha se interessado particularmente pelo ensinamento dos rabis. 46. . . o acharam no templo. Seu interesse mostra que ele despertou para a necessidade de compreender a Lei. Ele estava prestando atenção aos mestres, que ficaram espantados com a clareza e discernimento de suas respostas. 48. Filho, por que fizeste assim conosco? Como qualquer mãe de verdade, Maria sentiu a falta dele quando a caravana parou no fim do dia. Obviamente ela ficou preocupada. 49. Casa de meu Pai. Dá a entender que o jovem tinha uma percepção clara do seu relacionamento com Deus. Ele ficou admirado Lucas (Comentário Bíblico Moody) 17 porque Maria e José não tinham compreendido esse relacionamento, e fê-los lembrar que, sendo Deus o seu verdadeiro Pai, ele pertencia à casa de Deus. 50. Não compreenderam. José e Maria não compreenderam o significado completo das palavras de Jesus, que foram o primeiro sinal registrado de sua crescente independência (cons. Jo. 2:4). 51. E era-lhes sujeito. A independência de Jesus não era rebeldia. Ele voltou a Nazaré e ficou com a família até o começo do seu ministério público. Guardava todas estas coisas no coração. Embora não compreendesse o que ele quería dizer, Maria não se esqueceu de suas palavras. Talvez Lucas fosse informado diretamente por ela. 52. E crescia Jesus em sabedoria, estatura, e graça diante de Deus e dos homens. Ele não foi um prodígio no sentido de ser anormal. Crescia (gr. lit. "avançar abrindo caminho") significa que havia crescimento no seu tamanho, consciência e compreensão dos acontecimentos. Ele foi perfeito em cada estágio da vida. Ele estava livre das imperfeições que desfiguram o restante dos homens em cada estágio do crescimento. III. O Aparecimento do Salvador. 3:1 – 4:15. A narrativa do ministério de João Batista, a genealogia e a tentação de Jesus tem o propósito de fornecer os antecedentes do Salvador que Lucas está apresentando. O batismo relaciona-o com a vida espiritual contemporânea sua; a genealogia confirma seu relacionamento com a raça humana; e a tentação prova sua competência em lidar com os problemas morais que a humanidade enfrenta. Lucas 3 A. A Introdução de João Batista. 3:1-20. 1. No ano décimo quinto do reinado de Tibério César. Lucas, sendo um historiador cuidadoso, data o começo da vida pública do Lucas (Comentário Bíblico Moody) 20 17. A sua pá ele a tem na mão. A "pá" servia para joeirar, isto é, jogar os grãos ao ar de modo que a palha era levada pelo vento, enquanto as sementes limpas caíam de volta ao chão da eira. 19. Herodes, o tetrarca. Herodes era casado com Herodias, a esposa de seu irmão Filipe. Quando João o repreendeu publicamente, Herodias ficou enraivecida e exigiu que João fosse aprisionado. Herodes mandou prendê-lo e finalmente, a pedido de sua esposa, ordenou a execução do Batista. B. O Batismo de Jesus. 3:21, 22. 21. Ao ser todo o povo batizado. Submetendo-se ao batismo de João, ele se colocou na categoria dos pecadores, embora não tivesse pecado, e começou a sua missão redentora. Os céus se abrindo foram o reconhecimento divino da filiação de Jesus. 22. E o Espírito Santo desceu. A pomba era o símbolo da inocência e da ausência do mal, um mensageiro da paz (cons. Gn. 8:8, 9). Uma voz do céu. Compare com Lucas 9:35; João 12:28. C. A Genealogia. 3:23-38. 23. Ora, tinha Jesus cerca de trinta anos ao começar o seu ministério. Era como se cuidava, filho de José. A genealogia de Jesus não concorda com a de Mateus, que fornece a linhagem legítima de descendência real. Lucas dá a linhagem humana, possivelmente ao lado de Maria, se José foi reconhecido como filho de seu pai através do casamento. Lucas leva a genealogia até Adão para enfatizar que Jesus descendia do primeiro pai da raça humana, enquanto Mateus começa com os primeiros da aliança: Abraão, a quem Deus prometeu a terra (Gn. 12:7), e Davi, a quem Ele garantiu um reino eterno (II Sm. 7:12, 13, 16). Os nomes da genealogia, diferem quanto à ortografia dos nomes do V. T, porque foram dados na forma grega. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 21 Lucas 4 D. A Tentação. 4:1-13 A narrativa da tentação de nosso Senhor foi apresentada por Lucas e Mateus. Jesus, assim como Adão (Gn. 3:6), foi experimentado nas três áreas do apetite físico, da ambição temporal e do alcance espiritual, para que fosse provado competente em sua missão. Onde o primeiro homem falhou, ele triunfou. 1. Guiado pelo Espírito. A primeira diretiva do Espírito Santo que foi registrada conduzia à prova. Deserto. O cenário tradicional para a Tentação é um território estéril a noroeste do Mar Morto, completamente despido de vegetação ou qualquer espécie de abrigo. 2. Quarenta dias. Um período comum para provação (Gn. 7:4; Êx. 24:18; I Reis 19:8; Jo. 8:4). 3. Se és o Filho de Deus. A condicional grega usada dá a entender que o diabo não duvidava de que Jesus fosse o Filho de Deus, mas em vez disso presumia que Jesus não tinha o direito de criar. Pão. O pão na Palestina não tinha o formato comprido dos nossos filões, mas era um bolo redondo e chato. As pedras do chão tinham o aspecto de pães. 4. Está escrito. Jesus não compôs a sua própria resposta para o tentador, mas extraiu a sua réplica da revelação das Escrituras. Não só de pão viverá o homem. (Dt. 8:3). O homem precisa de pão, mas o pão não serve para todas as necessidades. A gratificação material dos apetites não pode nunca satisfazer os mais profundos anseios do espírito humano. 5. Todos os reinos do mundo. Das alturas da cadeia de montanhas podia-se ver os territórios antigamente ocupados pelos impérios do Egito, Assíria, Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma. 6. Dar-te-ei a ti toda esta autoridade. Cristo veio para reclamar o mundo como seu reino, e o diabo estava oferecendo-lhe em termos "fáceis". 7. Portanto, se prostrado me adorares. Pela adoração, Jesus permutaria a sua independência com os reinos do mundo. Se ele Lucas (Comentário Bíblico Moody) 22 aceitasse esses termos, não seria realmente o soberano, porque se veria obrigado a reconhecer o poderio de Satanás. 8. Ao Senhor teu Deus adorarás. (Dt. 6:13). Ele só admitia a autoridade suprema de Deus. Ele não se comprometia. 9. O pináculo do templo. Uma das ameias ou torres (gr. pterygion, "pequena asa"), de onde se descortinava o átrio ou talvez o Vale de Cedrom. Se Jesus pulasse do alto da ameia para o meio do povo e chegasse ao chão incólume, seria aclamado como o Messias do céu, e sua reputação seria imediatamente formada. 10. Está escrito. Na terceira tentação o diabo omitiu parte do versículo, que diz, "para que te guardem em todos os teus caminhos". Deus não prometeu guardar o seu servo num ato de tola presunção, mas somente quando estivesse andando pelos caminhos de Deus (veja Sl. 91:11, 12). 13. Até o momento oportuno. As palavras dão a entender que a tentação ou o ataque foi renovado mais tarde. O Salvador viveu constantemente sob a pressão do diabo. O diabo é uma personalidade real, embora não seja necessariamente visível. E. A Entrada na Galiléia. 4:14, 15. Mateus, Marcos e Lucas começam o ministério de Jesus com a Galiléia; João registra um ministério anterior na Judéia (Jn. 2:13 - 4:3). Lucas destaca o lugar do Espírito Santo na carreira de Jesus (cons. Lc. 1:35; 3:21 , 22; 4:1). IV. O Ministério Ativo do Salvador. 4:6 - 9:50. A primeira parte do ministério de nosso Senhor ocupou cerca de dois anos e meio. Inclui a escolha dos apóstolos, a maior parte dos seus ensinamentos e curas, e alcança o seu clímax na Transfiguração. Lucas Lucas (Comentário Bíblico Moody) 25 38. A casa de Simão. A chamada de Simão foi registrada por João (Jo. 1:41, 42). Lucas não o mencionou antes, mas presume que seus leitores já sabiam que Simão era discípulo. Sua vocação para o serviço foi apresentada mais tarde. Com febre muito alta. Só Lucas usa o adjetivo muita, refletindo seu interesse médico. 40. Ao pôr-do-sol. O pôr-do-sol marcava o fim do dia judeu. Com o encerramento do sábado, era permitido por lei que se carregassem os enfermos. Tantos foram trazidos para o Senhor que ele deve ter passado grande parte da noite ministrando-lhes. 42. Saiu. Muitas vezes, depois de um dia atarefado, Jesus se retirava do meio das multidões a fim de orar (veja 5:16; 6:12). 43. O reino de Deus. O reino e governo de Deus através do Messias era o objeto da pregação do Salvador. Sua ética, seus feitos, sua obra redentora e sua promessa de voltar, tudo pertence ao domínio desse assunto. O povo judeu daquele tempo esperava que o reino seria principalmente uma restauração da independência de Israel. Jesus lhe deu um teor mais completo. B. As Provas do Seu Poder. 5:1 – 6:11. Esta divisão de Lucas continua apresentando as provas do poder de Jesus, preparando-se para dar ênfase ao ministério público. Lucas 5 1. Lago de Genesaré. Outro nome para o lago da Galiléia. É um grande volume de água, com cerca de 20 quilômetros de comprimento por 12 de largura, rodeado de montanhas. No tempo do Senhor a região à volta dele era bastante habitada, e havia numerosas cidades sobre as suas praias. Cafarnaum e Betsaida (ao norte) eram os centros da indústria de peixes. 2. Lavando as redes. A limpeza das redes era normalmente o trabalho matutino depois de uma noite de pescaria. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 26 3. Entrando em um dos barcos. O terreno em frente do lago fornecia um auditório, pois havia um leve aclive a partir da praia, e a acústica era boa. Para que a multidão não o comprimisse, Jesus emprestou o barco de Simão Pedro e usou-o como púlpito. 4. Lançai as vossas redes para pescar. Os peixes vinham à superfície para comer de noite; de dia eles desciam às águas mais frescas e profundas do lago. 5. Mas, sobre a tua palavra. Embora a experiência de Pedro como pescador dava-lhe a certeza de que nada poderiam apanhar, suas palavras demonstram fé em Jesus. Ele estava pronto a crer na palavra do Mestre mesmo em assuntos nos quais Jesus não seria naturalmente considerado um técnico. 6. Rompia-se-lhes as redes. Literalmente, suas redes começaram a romper-se. A pesca foi tão grande que nem as redes nem os barcos podiam abrigá-la. 8. Senhor, retira-te de mim, porque sou homem pecador. Esta prova de que Jesus sabia mais do que Pedro sobre pescaria, e a dádiva dos peixes, que o compensou grandemente do trabalho inútil da noite anterior, fez o discípulo ver-se em uma nova luz. Em contraste com Jesus, cuja divindade ficou evidente pelo milagre, Pedro percebeu que era pecador, e sentiu-se indigno de ficar ao lado de Jesus. 10. Não temas: doravante serás pescador de homens. Simão e seus dois companheiros, Tiago e João, já eram discípulos de Jesus, mas continuaram no seu negócio. Agora Jesus os chamava para um serviço especial, e eles deixaram tudo para segui-lo. 12. Coberto de lepra. A linguagem dá a entender que era um caso avançado. A lepra era enfermidade comum no Oriente. No seu estágio final ela causa desfiguração do corpo, quando vários membros do doente vão apodrecendo. A Lei exigia a segregação do leproso fora da cidade (Lv. 13:45, 46). Se quiseres. O leproso não duvidou da competência de Jesus em curar; ele não estava certo da atitude dEle. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 27 13. Quero. Uma vez que a doença era normalmente considerada incurável, a súbita cura deve ter causado surpresa ao homem e a todos os que o conheciam. 14. Vai . . . mostra-te ao sacerdote. A Lei dispunha que os casos de lepra deviam ser inspecionados pelos sacerdotes, que faziam às vezes de um departamento de saúde na comunidade judia (Lv. 14:1-32). Jesus quis que o homem passasse pelos devidos canais para ser readmitido na comunidade. 17. Fariseus e mestres da lei. A fama do mestre levara à Galiléia líderes religiosos de todas as partes do país. Ouviam seus ensinamentos como críticos. 18. Um homem que estava paralítico. O caso era difícil, e a cura seria tanto mais convincente. 19. O desceram no leito por entre os ladrilhos. Lucas descreve a casa como se fosse uma habitação romana com telhado coberto de telhas, como as que existiam nas cidades conhecidas pelos seus leitores. 20. Homem, estão perdoados os teus pecados. Nosso Senhor começou lidando com a necessidade espiritual do homem, que era maior do que sua necessidade física. 21. Blasfêmias. Os críticos de Jesus sentiram-se chocados quando Ele assumiu o direito que só a Deus pertencia – o direito de perdoar pecados. O Senhor não declarou que, sendo Ele o Filho de Deus e tendo autoridade, eles estavam errados em sua suposição. Em vez disso, ele propôs um teste de autoridade. 23. Que é mais fácil? Seria mais fácil dizer "Os teus pecados te são perdoados", porque se não existissem, não haveria nenhuma evidência externa. Se Jesus ordenasse a cura, e o homem não ficasse curado, todos saberiam que aquele que operava a cura era fraudulento. 24. Levanta-te, toma o teu leito. Jesus fez do seu poder de curar um teste para o seu poder de perdoar. Realizando o que seus críticos consideravam o mais difícil, mostrou que podia fazer o que eles achavam mais fácil. Leito, aqui, é um colchão, não uma peça de mobiliário. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 30 9. É lícito nos sábados fazer bem ou mal? Considerando que era permitido pela lei fazer o bem no sábado, e uma vez que a cura era fazer o bem, esta estava acima de críticas. 11. Se encheram de furor. Derrotados na argumentação e desacreditados diante do povo, os oponentes de Jesus foram levados ao desespero. Este versículo marca o começo da controvérsia de Jesus com os líderes judeus, a qual durou por todo o restante de sua carreira. C. A Escolha dos Apóstolos. 6:12-19. 12. Passou a noite orando. O começo da oposição e o problema da escolha de homens certos para seus íntimos colaboradores exigia o aconselhamento prolongado com o Pai. 13. Discípulos . . . apóstolos. Um discípulo é aquele que aprende; um apóstolo é um enviado, comissionado a transmitir uma mensagem. 14-16. A seguinte lista concorda com as de Mateus e Marcos (Mt. 10:2-4, Mc. 3:16-19), exceto quanto ao nome de Judas, irmão de Tiago, que pode ser o mesmo Tadeu nos outros dois Evangelhos. 17. E, descendo com eles, parou numa planura. Estudantes da Bíblia têm argumentado sobre se o texto seguinte é um texto paralelo ao Sermão da Montanha de Mateus 5-7, uma vez que este foi pronunciado sobre uma montanha. Planura significa realmente "um lugar plano", que poderia ser na encosta da montanha. Ou, então, é possível que Jesus repetisse os seus ensinamentos em mais de uma ocasião. D. Um Sumário dos Seus Ensinamentos. 6:20-49. A narrativa que Lucas faz do sermão difere de Mateus em diversos aspectos. Ele equilibra quatro bem-aventuranças com quatro "ais", em lugar de apresentar nove bem-aventuranças. Ele omite a discussão da aplicação da Lei, e alguns dos ensinamentos sobre a oração. Umas poucas parábolas neste sermão encontram paralelo em outras passagens de Lucas. Não há contradições nas narrativas, mas apenas diferente Lucas (Comentário Bíblico Moody) 31 arranjo do material. A palestra foi feita particularmente aos discípulos, embora a multidão também a ouvisse. 20. Bem-aventurados vós os pobres. Enquanto estavam viajando com Jesus os apóstolos não tinham meios visíveis de sustento, e dependiam de ofertas. 21. Bem-aventurados vós os que agora tendes fome. A satisfação só é daqueles que têm um desejo real. Mateus dá a entender que a fome é espiritual. Bem-aventurados vós os que agora chorais. Jesus sabia que aqueles que lhe eram fiéis teriam de participar de suas dores, mas ele lhes prometeu que também participariam do seu triunfo (cons. Jo. 16:20). 22. Bem-aventurados... quando os homens vos odiarem. O conflito que já tinha começado entre Jesus e os líderes da nação envolvia também os seus seguidores (cons. Jo. 15:18-25). 27. Amai os vossos inimigos. O amor era o âmago dos ensinamentos do Salvador, porque é a essência do caráter de Deus. 29. Ao que te bate numa face, oferece-lhe também a outra. O Senhor estava tentando ensinar aos seus discípulos o amor em vez da vingança. Deviam seguir o seu exemplo retribuindo o mal com o bem. 35. Amai, porém os vossos inimigos. O princípio que Jesus inculcou foi aquele que o trouxe à terra (cons. Rm. 5:8; I Jo. 4:10). 38. Boa medida, recalcada, sacudida, transbordando. A figura de linguagem foi extraída da prática do mercador oriental de cereais, que enche a medida do seu freguês o mais que pode até que os grãos transbordem. 41. Argueiro ... trave. Talvez Jesus tivesse a desagradável experiência de um grão de pó de serra nos olhos quando trabalhava na oficina de carpinteiro de José. Assim como um pouco de pó de serra está para uma tábua, também uma pequena falta na vida do irmão quando comparada com uma falta maior na própria vida. 48. Vindo a enchente. Tendo as colinas da Palestina pouca vegetação, as chuvas do inverno produziam violentas enxurradas que varriam qualquer construção que houvesse no caminho. A areia era Lucas (Comentário Bíblico Moody) 32 lavada rapidamente; as construções feitas sobre rocha resistiam. Cristo ensinou que o único alicerce seguro para toda a vida podia ser encontrado em seus ensinamentos e verdade. Com esta declaração exclusiva ele se tornmou o árbitro do destino humano e o objeto de toda a fé verdadeira. E. Um Período Difícil do Seu Ministério. 7:1 – 9:17. Na parte entre a escolha dos apóstolos e o clímax do ministério de Jesus na Transfiguração, Lucas apresenta uma série de atos e ensinamentos de nosso Senhor que não formam uma narrativa conexa, mas que ilustram o caráter do seu ministério. Milagres de cura e parábolas que contêm uma história parecem ter interessado Lucas de modo particular. Lucas 7 1. Cafarnaum. Depois de ensinar os discípulos, Jesus voltou à cidade. Talvez seus discípulos visitassem seus lares enquanto ele servia a localidade. 2. O servo de um centurião. Os centuriões eram a espinha dorsal do exército romano. Regularmente eles subiam de posto por causa do seu caráter. Este oficial parece que era diferente do costumeiro tipo durão de militar romano. Ele tinha afeição genuína pelo seu servo, e amava a nação judia, a qual a maior parte dos romanos desprezava. 3. Alguns anciãos dos judeus. Seu relacionamento com os anciãos devia ser bom, caso contrário não teriam rogado em seu favor. Talvez o centurião pensasse que nenhum rabi judeu faria um favor a um gentio romano. 5. A sinagoga. As ruínas de uma sinagoga em Cafarnaum demonStram arquitetura romana com motivos judeus esculpidos nas pedras. A sinagoga que Lucas menciona era anterior, mas esta última poderia preservar algo do seu estilo. 6. Senhor, não te incomodes. Literalmente, não se esfole. Pode ser uma expressão de gíria que Lucas preservou. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 35 Deus. João sabia apenas que a redenção e a obra do Espírito Santo seriam introduzidos por Jesus (Jo. 1:29-34); ele não viveu para ver a obra de Cristo aperfeiçoada. Aqueles que vivem na dispensação do reino de Deus têm maiores privilégios e poderes do que João. 29. Reconheceram a justiça de Deus. Esta palavra foi usada por Lucas mais do que pelos outros escritores dos Evangelhos. O povo comum reconhecia a justiça de Deus aceitando a condenação dos seus pecados através da mensagem de João, e eles expressaram arrependimento submetendo-se ao batismo. 31. A que pois, compararei os homens da presente geração? Jesus ilustrou o comportamento dos fariseus com as brincadeiras das crianças das quais ele mesmo deveria ter participado quando criança. Se alguém propunha que "brincassem de casamento", os outros não queriam dançar; se outro sugeria que "brincassem de enfermo", ninguém queria chorar. Fosse o que fosse o sugerido, ninguém ficava satisfeito. Chamavam João de louco porque ele se abstinha do luxo; acusavam Jesus de ser glutão e beberrão porque assistia a festas. 36. Convidou-o um dos fariseus para que fosse jantar com ele. Convidou-o seria uma tradução melhor do que rogou-lhe (ERC). Os motivos do fariseu não podiam ser dos melhores; ele provavelmente queria apanhar Jesus em alguma atitude ou pronunciamento. 37. Uma mulher. . . pecadora. A intromissão dessa mulher foi intolerável ao respeitável fariseu por causa da má reputação dela e porque não fora convidada. Um vaso de alabastro. O alabastro era uma fina pedra translúcida, usada apenas para fazer peças decorativas. O recipiente com o ungüento devia ser imensamente valioso, e possivelmente o produto do seu pecado. 38. Estando por detrás, aos seus pés. Os convidados em um jantar não se assentavam junto às mesas, mas reclinavam-se sobre divãs com as cabeças voltadas para a mesa. Teria sido fácil para esta mulher ajoelhar- se na ponta do divã sobre o qual Jesus estava reclinado. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 36 39. Se este fora profeta, bem saberia. O fariseu esperava que Jesus, na qualidade de sábio rabi e líder religioso, rejeitasse a atenção da mulher como um insulto. Os rabis daquele tempo jamais falavam com uma mulher publicamente se pudessem evitá-lo, e se o faziam, sua conduta era excepcional (Jo. 4:27). Simão concluiu que Jesus era ou estúpido ou relaxado. 40. Dirigiu-se Jesus … lhe disse. Simão não pronunciou nenhuma palavra audível, mas Jesus leu os seus pensamentos, e respondeu através da parábola que segue. A história devia ter prendido a atenção dos convidados e, ao mesmo tempo, tornou a questão inequivocamente clara. 41. Certo credor. Sendo rico, Simão mesmo devia ter sido credor em numerosas ocasiões. Talvez Jesus soubesse que ele era generoso, e usasse a história para tocá-lo pessoalmente. Quinhentos denários... cinqüenta. Dinheiro (ERC) representa o denário romano, que valia cerca de dezessete centavos. O primeiro devedor devia cerca de 85 dólares; o segundo, 8,50 dólares. (Colocamos em dólares por ser moeda padrão.) 42. Qual deles, portanto, o amará mais? Simão talvez aceitasse a estória como um simples quebra-cabeça proposto, parte da conversação ao jantar. 43. Suponho indica que ele estava um pouquinho relutante em se comprometer, porque sentia que Jesus tinha um motivo oculto em contar a história. Só havia, entretanto, uma única resposta lógica, e ele a deu. 44. Não me deste água. Deixar de lavar os pés de um convidado era uma séria infração da etiqueta, e Jesus poderia tê-la encarado como um insulto direto. A sua presença no jantar, entretanto, era sinal que ele estava pronto a ignorar a negligência de Simão. 45. Não me deste ósculo. No Oriente, mesmo hoje em dia, os homens freqüentemente se cumprimentam beijando as faces um do outro. Era uma maneira polida e comum dos amigos se cumprimentarem no tempo de Jesus (cons. Rm. 16: 16; I Co. 16:20; I Ts. 5:26). Lucas (Comentário Bíblico Moody) 37 46. A cabeça com óleo. Um toque de óleo perfumado deveria ser uma parte preliminar da festa, mas Simão omitira até mesmo este inexpressivo favor. A mulher usara ungüento valioso. 47. Aquele a quem pouco se perdoa. Jesus contrastou a falta de cortesia de Simão com a devoção dessa mulher, e deu a entender que Simão não experimentara um perdão profundo. 48. Então disse à mulher. Jesus já tinha declarado (v. 47) que os pecados da mulher, que Ele não negava existirem, foram perdoados; mas para justificá-la diante do público, fez uma declaração direta. 49. A mesma pergunta foi feita quando da cura do paralítico (5: 21). 50. Salvou pode significar "deu saúde", tanto no sentido físico como no espiritual. A intenção foi esta última. Esta mulher não pode ser identificada como sendo Maria Madalena, nem Maria de Betânia, apesar da semelhança do ato desta última registrado na narrativa do jantar em Betânia (Mt. 26:6-13; Mc. 14:3.9; Jo. 12:1-9). As diferenças entre esses episódios são maiores do que as semelhanças. Lucas 8 1. Andava de cidade em cidade, e de aldeia em aldeia. Jesus fez uma campanha sistemática por toda a Galiléia, buscando as massas populares e preparando-as para o seu apelo final. E os doze iam com ele. Esta declaração não dá a entender que anteriormente eles não viajaram sempre com ele? Talvez passassem parte do seu tempo ganhando o sustento. 2. E também algumas mulheres. Parece que Lucas as conheceu pessoalmente. Joana (v. 3) não foi mencionada fora deste Evangelho. As quais lhe prestavam assistência. Sua gratidão para com Jesus em virtude das curas inspirava as ofertas que ajudavam a sustentá-lo e aos discípulos nas viagens missionárias. 4. Disse Jesus por parábola. Esta parábola foi narrada e interpretada por todos os três Evangelhos Sinóticos (Mt. 13:3-23; Mc. 4:3-25). É um exemplo notável do método de ensino do Senhor. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 40 24. Perecendo. A tempestade devia ser fora do comum para amedrontar pescadores experimentados que conheciam todos os aspectos do lago. Despertando-se Jesus, repreendeu o vento. Jesus tinha autoridade sobre as forças da natureza. Se a tempestade passasse naturalmente, a calmaria não teria se seguido instantaneamente. 26. A terra dos gerasenos. O milagre não poderia ter acontecido em Gadara, que ficava a sete milhas distante do lago. Manuscritos mais antigos comprovam que deveria ser Gergesa ou Gerasa. Havia uma aldeia do lado oposto a Cafarnaum, no sítio hoje marcado por ruínas que recebem o nome de Khersea, perto das quais existem declives escarpados nas rochas e sepulturas abandonadas. O território pertencia a Gadara, e por isso talvez se chamasse "a terra dos gadarenos". A variação nos textos dos manuscritos pode refletir a confusão dos escribas do passado sobre a identidade do lugar, ou até mesmo pontos de vista diferentes da parte dos Evangelistas. O território ao longo do lago era deserto. 27. Um homem possesso de demônios. O endemoninhado era tão perigoso que fora afastado da civilização e se refugiara nas tumbas abandonadas. 28. Que tenho eu contigo? Reconhecendo Jesus como o Filho de Deus, o demônio foi tomado de medo do juízo que Cristo poderia pronunciar contra ele. 29. Procuravam conservá-lo preso com cadeias e grilhões. O endemoninhado exigia controle eficaz. Com força sobrenatural ele quebrava as correntes e escapava. 30. Uma legião romana compunha-se de 6.000 homens. A expressão aqui pode significar apenas um grande número. 31. O abismo da destruição para o qual todos os espíritos malignos estão destinados (Ap. 9:1; 11:7; 20:1,3). 32. Grande manada de porcos. Os porcos eram criados para serem vendidos nos mercados gentios de Decápolis. Os judeus não deviam negociar com eles, nem fazer uso dos mesmos. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 41 33. A manada precipitou-se... no lago, e se afogou. A praia oriental do lago é tão escarpada que se os animais começassem a correr, não poderiam mais parar. Os porcos não nadam bem, e assim todo o rebanho se perdeu. 35. Vestido em perfeito juízo. Há quem questione sobre o direito que Jesus tinha de permitir a destruição da propriedade de outros. Estava envolvida uma escolha de valores. O que valia mais – o homem, ou os porcos? 37. Rogou-lhe que se retirasse deles. Evidentemente o povo dava mais valor aos porcos do que ao homem, temendo mais problemas. Insistiram que Jesus partisse. 38. O homem... rogou-lhe que o deixasse estar com ele. A atitude do endemoninhado curado foi exatamente oposta da atitude dos seus antigos vizinhos. Jesus, porém, o despediu. Jesus não o repudiou, mas deu-lhe uma tarefa a realizar. Ele se tornou uma testemunha eficiente do poder do Salvador. 41. Eis que veio um homem chamado Jairo. Não se menciona o lugar da ressurreição da filha de Jairo, mas Cafarnaum parece ser o local mais provável. O versículo 40 diz que Jesus voltou, o que dá a entender que ele voltou ao lugar que tinha deixado. Jairo devia ser um dos anciãos que veio a Jesus interceder pelo servo do centurião (7:3). 43. Certa mulher que havia doze anos, vinha sofrendo de uma hemorragia. Lucas esclarece que o seu caso era incurável, um desafio à capacidade de todos os médicos. 44. Tocou na orla da veste. A orla era na realidade uma borla (gr. kraspedon) que os rabis usavam em suas vestes. O manto era um pedaço grande e quadrado de lã pesada, drapejado sobre as costas da pessoa de tal maneira que a borla de um dos cantos caía entre os seus ombros. No meio da multidão a mulher aproximou-se de Jesus pelas costas e tocou a borla. 45. Quem me tocou? Jesus sentiu que um fluxo de poder saía dele, e percebeu que alguém o tocara. A pergunta pareceu tola aos discípulos, Lucas (Comentário Bíblico Moody) 42 uma vez que ele estava sendo empurrado por todos os lados pela multidão. Mas o Senhor podia discernir a diferença entre o casual contato físico acidental e a fé que busca. 47. Vendo a mulher que não podia ocultar-se. Ela tinha procurado ser curada em segredo para evitar qualquer possível constrangimento, mas quando foi descoberta, ficou com medo. 48. Filha. O tato e a gentileza de Jesus deu-lhe confiança renovada. Ele confirmou a cura e a despediu aliviada. 49. Falava ele ainda. A demora fora fatal. A notícia deve ter abatido Jairo, e talvez até criou nele algum ressentimento contra a mulher que interrompera os planos do Mestre. 50. Não temas; crê somente. O poder e a compaixão de Cristo eram ilimitados. 51. A ninguém permitiu que entrasse. Depois da notável cura da mulher, Jesus não queria mais publicidade. 52. Não está morta, mas dorme. Falou da morte como se fosse sono porque pensava nela como num estado do qual as pessoas vão acordar. Os pranteadores encaravam-na como o fim da vida (cons. Jo. 11:11-14). 55. E Ele mandou que lhe dessem de comer. Ele tinha consciência das necessidades práticas corriqueiras, além das emergências. 56. E Ele lhes advertiu que a ninguém contassem o que havia acontecido. Ele não queria que a população usasse os seus milagres como motivo para transformá-lo em uma figura política. Seu poder tinha a intenção de aliviar o sofrimento e ajudar os necessitados; ele queria fugir ao mero exibicionismo. Lucas 9 1. Poder e autoridade. Poder é capacidade inerente; Autoridade é o direito de exercitá-la. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 45 Jesus era o Messias prometido no V.T. não se baseava em pretensões políticas da parte do Mestre, nem sobre qualquer reivindicação extravagante. O poder e a autoridade de Jesus eram auto-autenticativas. 21. Advertindo-os, mandou. O Senhor não queria ser anunciado como o líder de um movimento revolucionário. A obra da cruz tinha de preceder qualquer libertação política da nação. 22. É necessário que o Filho do homem sofra... e no terceiro dia ressuscite. É necessário (gr. deî) indica uma necessidade lógica. Cristo estava obrigado a cumprir o propósito de Deus revelado nas Escrituras. Este conceito aparece nas pregações da igreja primitiva (Atos 2:23, 24; 13:17-34; 17:3; 26:22, 23). A morte de Jesus foi uma tragédia, mas não foi um acidente; pois ele estava cumprindo o propósito de Deus na redenção. 23. Se alguém quer vir após mim. Os discípulos seguiram o Mestre quando ele os chamou da primeira vez (5:11), mas naquela ocasião eles não tinham idéia que a sua carreira terminaria com a cruz. Eles ainda pensavam em termos de conquista e poder (22:24). Este apelo foi uma advertência solene para a reavaliação do preço do discipulado. Negue significa exatamente o que Pedro fez no julgamento de Jesus: ele recusou-se a reconhecê-lo. Dia a dia tome a sua cruz. Uma aceitação voluntária das responsabilidades e sofrimentos incidentes ao discípulo de Cristo. Siga- me (gr. akoloutheite). Um imperativo envolvendo ação persistente: "Que prossiga me seguindo". 24. Pois quem quiser salvar a sua vida (gr, psychên) refere-se à alma, ou personalidade. Jesus exigiu consagração do homem todo para a sua causa. Por minha causa. Ele proclamou-se o critério decisivo de todos os valores humanos. 26. Quando vier na sua glória. No mesmo discurso, Jesus predisse a cruz e o estabelecimento triunfal do Reino na sua segunda vinda. 27. Alguns há dos que aqui se encontram. Estas palavras colocam, aparentemente, a vinda de Cristo dentro do espaço de vida dos apóstolos, Lucas (Comentário Bíblico Moody) 46 mas isso não aconteceu. A explicação mais lógica é que Jesus falava da Transfiguração como um exemplo da vinda do Reino, a qual foi a alguns dos discípulos como um penhor do futuro (cons. II Pe. 1:11, 16-19). 29. A aparência do seu rosto se transfigurou. Durante um pequeno período de tempo Jesus reassumiu a glória que abandonara ao vir à terra. Seu corpo e roupas ficaram iluminadas pelo resplendor da divindade. 30. Dois varões... Moisés e Elias. Esses dois homens deixaram o mundo sob circunstâncias fora do comum: Moisés foi sepultado pela mão de Deus (Dt. 34:5, 6), e Elias foi tomado em um redemoinho (II Reis 2:11). Eles representavam a Lei e os profetas, subordinados a Jesus, mas importantes testemunhas da sua obra. 31. E falavam da sua partida. A obra da cruz era de importância supremo para os planos celestiais. Partida é literalmente exodus. A morte de Jesus foi uma retirada de uma esfera e o começo de uma nova vida em outra. 32. Premidos de sono. O incidente aconteceu à noite. Viram a sua glória. Compare o testemunho de João (Jo. 1:14). 33. Façamos três tendas. Literalmente, cabanas. Pedro estava pensando em um abrigo temporário, pois ele desejava desfrutar da companhia dos visitantes celestiais durante algum tempo. 34. Uma nuvem. Não uma nuvem de chuva, mas o Shequiná que marcava a presença de Deus (Êx. 13:21, 22; 40:38; Nm. 9:15; Sl. 99:7; Is. 4:5; II Cr. 7:1). 35. Uma voz. O Pai repetiu sua aprovação no final do ministério popular do Seu Filho (veja 3:22). 37. No dia seguinte. Cristo voltou da glória da Transfiguração para continuar o seu ministério e para morrer. O primeiro passo no caminho da humilhação foi o constrangimento da impotência dos seus discípulos. 41. Ó geração incrédula e perversa! O Senhor falava aos discípulos, não ao pai. Apesar de seus privilégios e experiência anterior no seu ministério, continuavam sem poder. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 47 44. Fixai nos vossos ouvidos as seguintes palavras. Jesus fazia um esforço supremo para familiarizar os discípulos com a mudança de perspectiva. 46. Qual deles seria o maior. Esta é a complementação do versículo 45. Eles não tinham aprendido a avaliar a vida nos termos da cruz (9:23-26). 47. Jesus... tomou uma criança. Ele usou a criança como ilustração da humildade despretensiosa. A criança não obtivera nenhum lugar de importância na sociedade, e era exemplo do menor (v. 48) a respeito de quem o Senhor falava. 49. Não segue conosco. Os discípulos eram intolerantes. Não pertencendo ao seu grupo, eles estavam prontos a fazer pouco da obra. V. O Caminho da Cruz. 9:51 – 18:30. Esta seção do Evangelho de Lucas, que lhe é grandemente peculiar, contém muitos episódios e parábolas que não se encontram em outro lugar, e que podem ter sido um resultado de sua pesquisa particular. A cronologia é difícil; parece ser uma coleção de histórias e não uma narrativa completa. Representa, entretanto, os ensinamentos de Jesus no último ano do seu ministério, e reflete um período de rejeição e tensão. A. A Perspectiva da Cruz. 9:51-62. 51. Os dias em que devia ser assunto ao céu. Há duas possíveis interpretações: ou Lucas usou a palavra assunto (cons. Atos 1:2) no sentido geral compreendendo todo o ministério da Paixão (inclusive a Ascensão); ou ele dá a entender que Jesus, em vez de retornar ao Pai imediatamente no auge de sua carreira pública, escolheu deliberadamente o caminho da humilhação que leva à cruz. A segunda alternativa tem algum apoio nos ensinamentos de Hb. 12:2, que diz: "em troca do gozo que lhe estava proposto ele suportou a cruz" (trad. original). Lucas (Comentário Bíblico Moody) 50 13. Tiro e Sidom eram cidades fenícias notáveis por seu luxo e libertinagem. Saco. Um tecido grosseiro usado pelos pranteadores em sinal de tristeza. 17. Então regressaram os setenta. Sua missão parece que teve sucesso. Os Doze fracassaram em curar o rapaz endemoninhado (9:40); mas os Setenta deram a notícia de que até os demônios fugiam à menção do nome de Jesus. 18. Eu via a Satanás . . . como relâmpago. Quando caía seria uma tradução melhor. Jesus deu a entender que o poder de Satanás foi destruído, e que o sucesso desses discípulos foi uma evidência da vitória. 19. Poder é autoridade, o direito de ordenar. 20. Alegrai-vos, ... e sim, porque os vossos nomes estão arrolados nos céus. O maior motivo para regozijo não foi a vitória momentânea sobre forças sobrenaturais, mas o triunfo eterno de ser alistado entre os cidadãos do céu. Arrolados pode significar registrados em um registro público (cons. Hb. 12:23; Ap. 3:5; 22:19). 21. ... exultou Jesus. O sucesso da viagem dos Setenta encorajou Jesus, pois o poder de Satanás não fora suficiente para impedir que a revelação de Deus lhe fosse dada. 22. Ninguém sabe quem é o Filho, senão o Pai. Este versículo tem uma forte semelhança com a fraseologia de Jesus conforme registrada no Evangelho de João (cons. Jo. 5:22, 23). Uma vez que foi dito em particular, pode ser uma evidência de que os discursos joaninos também foram particulares em sua natureza. Parece que os discursos públicos de Nosso Senhor foram apresentados em um estilo diferente. C. Ensinamentos Públicos. 10:25 - 13:21. 25. Um certo ... intérprete da lei. Na comunidade judaica o "doutor da lei" era um perito nos ensinamentos religiosos da lei mosaica e não propriamente um advogado jurídico. Pôr... em provas. O doutor estava experimentando Jesus para ver o que ele diria em resposta a uma Lucas (Comentário Bíblico Moody) 51 pergunta ardilosa. Vida eterna era um assunto corrente nos debates religiosos (18:18). 26. Que está escrito na lei? O Salvador aceitava a autoridade do V.T. como a revelação de Deus. Sua pergunta dá a entender que o doutor da lei poderia encontrar a resposta para sua dúvida nas próprias Escrituras se ele realmente as estudasse. 27. A isto ele respondeu. A resposta do doutor da lei foi um composto de dois textos – Dt. 6:5 e Lv. 19:18. O primeiro fazia parte do Shema Judeu, ou credo, que costumava ser recitado nos cultos nas sinagogas. Coração (gr. kardia) é a vida interior, não necessariamente apenas emoção. Alma (gr. psyché) é personalidade, o ser consciente. Forças (gr. ischuî) é a força física. Entendimento (gr. dianoia) é a capacidade de pensar. 29. Querendo justificar-se. Percebendo que fora apanhado por suas próprias palavras, uma vez que não guardara a Lei, o doutor começou a tergiversar sobre uma definição. Judeus estritos não reconheceriam que qualquer que não era judeu era o próximo. 30. Certo homem. Embora a história de Jesus seja chamada de parábola, pode muito bem ter sido a narrativa de um acontecimento real. Descia de Jerusalém. Literalmente verdadeiro, pois Jerusalém fica cerca de 800 m acima do nível do mar, e Jericó fica perto de cerca de 400 m abaixo do nível do mar. A estrada é cheia de curvas e estreita, serpenteando entre desfiladeiros rochosos, onde salteadores podiam facilmente se esconder. 32. Um levita. Os levitas serviam no Templo. Nem o sacerdote nem o levita tentaram ajudar o homem. Talvez pensassem que estivesse morto, e não quiseram se contaminar pelo contato com um cadáver. 33. Certo samaritano. Os samaritanos eram desprezados pelos judeus porque descendiam de gentios e porque seu tipo de culto era diferente do judaísmo ortodoxo. Eles adoravam no Monte Gerizim e não em Jerusalém, e mantinham um sacerdócio deles mesmos. Um pequeno Lucas (Comentário Bíblico Moody) 52 grupo ainda sobrevive na aldeia de Nablus, perto do local da antiga Siquém. 34. Chegando-se. Se os salteadores ainda estivessem escondidos nas proximidades, o samaritano estava arriscando a sua vida. Jesus mostrou que o samaritano teve a atitude de amor que a Lei exigia. 35. Dois denários. O equivalente ao salário de dois dias. Ele estava pagando as despesas de um completo estranho, só por causa de sua boa vontade. 36. Qual ... ter sido o próximo? Esta pergunta envergonhou o doutor e obrigou-o a admitir que o verdadeiro próximo não foi nenhuma das autoridades sacerdotais do Judaísmo, mas o samaritano. 38. Num povoado. João (12:1) diz que a aldeia era Betânia, cerca de duas milhas de Jerusalém sobre a estrada que levava a Jericó e à Transjordânia. Jesus devia visitá-las com freqüência quando viajava entre a Galiléia e Jerusalém. Parece que Marta era a irmã mais velha, que assumia a responsabilidade de dona de casa. 39. A ouvir-lhes os ensinamentos. A palavra grega (êkouen) significa que ela estava continuamente ouvindo o Mestre, ou que era seu costume fazê-lo. "Sempre costumava ouvir os seus ensinamentos" seria uma boa paráfrase. 40. Ocupada. A palavra grega (periespato) significa separada ou afastada, portanto "distraída" ou "sobrecarregada". 41. Marta, Marta. Em diversas ocasiões, de acordo com a narrativa de Lucas, Jesus repetiu um nome quando quis fazer alguma declaração extraordinariamente impressiva (veja 22:31; cons. Atos 9:4). 42. Pouco é necessário, ou mesmo uma só coisa. Marta achava que "muitas coisas" eram necessárias para o conforto do Senhor, e estava se desgastando para prepará-las. Sua companhia significava mais para ele do que os pratos que cozinhava. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 55 inimigos de Jesus não admitiam que ele viesse de Deus, atribuíam a uma fonte super-demoníaca o seu poder sobre os demônios. 16. Um sinal do céu. A completa irracionalidade dos seus inimigos ficou comprovada pela exigência que se dessem um sinal quando tinham acabado de testemunhar um. 18. Se também Satanás estiver dividido contra si. O Senhor destacou que seria tolice pensar que Satanás estivesse desfazendo a sua própria obra. 19. Por quem os expulsam vossos filhos? Se as suas obras deviam ser atribuídas ao poder do diabo, os judeus podiam justificar melhor seus próprios filhos quando exorcizavam demônios? 20. Pelo dedo de Deus. Uma figura de linguagem para o poder de Deus. O exercício do poder de Deus provava que Jesus introduziu o governo de Deus entre nós. 21. O valente ... armado. Satanás é o valente que mantém em suas garras aquilo de que se apossou. 22. Um mais valente. Jesus declarou sua superioridade sobre Satanás, e sua capacidade de libertar os homens do poder do diabo. 23. Quem não é por mim. Compare este versículo com o seu oposto em 9:50. No exemplo anterior ele falava de um homem que estava cooperando inconscientemente com ele, enquanto que neste exemplo ele falava daqueles que conscientemente se lhe opunham. 24. Quando o espírito imundo sai do homem. Cristo usou o milagre que acabara de realizar como ilustração de uma verdade espiritual. O vácuo deixado pelo afastamento do mal tem de ser preenchido com o que é bom, ou o mal não se torna pior. Por lugares áridos. Os desertos eram supostamente habitados pelos maus espíritos (veja Is. 13:19-22). 27. Bem-aventurado aquela que te concebeu. Pronunciando uma bênção sobre a mãe de Jesus, esta mulher estava elogiando o próprio Salvador. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 56 28. Bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam. O Senhor insinuou que Ele desejava obediência e não elogios. 29. Sinal... o do profeta Jonas. A milagrosa libertação de Jonas da morte iminente, para que cumprisse com a obrigação que tinha com os ninivitas, era uma figura da Ressurreição. A volta de Cristo da morte foi uma tão grande prova do Seu ministério quanto o salvamento de Jonas. 31. A rainha do sul. A rainha de Sabá, um país na extremidade sul da Arábia. Veio dos confins da terra. Considerando que as viagens eram lentas e difíceis, a longa viagem da rainha foi uma prova de sua ansiedade em conhecer Salomão (I Reis 10:1-10). A sabedoria de Salomão. Hoje, Salomão seria classificado como escritor, cientista, "connoisseur" de arte, patrono da indústria e homem de estado. Nosso Senhor foi proclamado maior do que Salomão. 32. A pregação de Jonas trouxe o arrependimento aos habitantes pagãos da populosa e perversa cidade de Nínive (Jn. 3:5-9; 4:11). Jesus declarou que era um pregador maior do que Jonas. O mundo não reconheceu sua grandeza de sabedoria ou pessoal. 33. Uma candeia. Literalmente, lamparina. Em lugar escondido. A palavra (gr. knyptên) pode ser traduzida para porão (veja Arndt in loco). Do alqueire (gr. modios, uma palavra emprestada do latim). Uma medida contendo aproximadamente um celamim (pouco mais de dois litros e meio). Velador. Uma haste de madeira para sustentar a lamparina. 34. Bons. Desanuviado, devidamente focalizado, ou sadio. Maus refere-se ao defeito físico. 37. Um fariseu o convidou para ir comer com ele. Lucas registra ocasiões numerosas nas quais o Senhor foi convidado para jantar (5:29; 7:36; 14:1; 19:5; cons. Jo. 2:1-11; 12:1, 2). Ele utilizava essas oportunidades para alcançar os homens que de outra maneira não lhe dariam atenção. 38. Admirou-se ao ... que não se lavara primeiro. Os fariseus lavavam-se regularmente antes das refeições, observando um cerimonial. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 57 A negligência de Jesus parecia ser uma recusa direta de guardar a Lei, e um insulto ao anfitrião. A reação do fariseu talvez fosse expressa em palavras, ou então o Senhor talvez tenha lido seus pensamentos. 39. Vós, os fariseus, limpais o exterior. Os fariseus eram os puritanos do judaísmo, que eram excessivamente severos em relação à observância externa da Lei. Jesus os criticou drasticamente por causa de sua hipocrisia, pois eles nutriam toda sorte de cobiça e crueldade em seus corações. 40. Insensatos! Um termo que Cristo raramente usou, e só em relação àqueles que eram moralmente pervertidos, não apenas mentalmente obtusos. 41. Dai antes do que tiverdes. Se os fariseus dessem generosamente aos pobres, não teriam de se preocupar com purificações cerimoniais. 42. Dais o dízimo da hortelã, a arruda, e de todas as hortaliças. Eles davam o dízimo até dos vegetais que cresciam em suas hortas, mas deixavam de cumprir obrigações maiores de amar seus próximos. 43. Primeiras cadeiras nas sinagogas. Os assentos da frente nas sinagogas eram geralmente reservados para os membros mais importantes. 44. As sepulturas invisíveis. Qualquer contato com um defunto ou com uma sepultura constituía infração da Lei. Geralmente as sepulturas eram pintadas de branco para que fossem visíveis à noite, além do dia. Jesus disse que os fariseus, através do seu exemplo, inconsciente obrigavam os outros homens a infringir a Lei e a se contaminarem. 47. Porque edificais os túmulos dos profetas. Os mártires de uma geração tornam-se os heróis da seguinte. Era mais fácil para os filhos construírem monumentos aos profetas do que para os seus pais obedecê- los. 50. Desta geração. A rejeição dos mensageiros divinos culminou com o crime da geração de Jesus, porque eles o recusaram. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 60 errada de várias coisas: Que a alma podia ser satisfeita com bens materiais; que os bens materiais podiam durar muitos anos; que ele viveria o tempo suficiente para gozar de tudo. 20. Esta noite te pedirão a tua alma. 21. Rico para com Deus. Jesus deu a entender que a riqueza pode ser investida em valores eternos (cons. 16:9). 22. Não andeis ansiosos pela vossa vida. Cristo não elogiou a negligência, mas ensinou que o alimento e a roupa não constituem a única ou primária preocupação do homem. O que o homem é é mais importante do que o que ele tem. 25. Curso. (gr. rêlikia) pode significar "idade" (Jo. 9:21), mais do que "tamanho". o problema do homem rico não era a sua altura, mas o tempo que tinha para desfrutar dos seus bens. 27. Observai os lírios. Essas flores eram provavelmente anêmonas. Cresciam profusamente nos campos da Galiléia, colorindo-os profusamente com tons de vermelho e púrpura, as cores reais. Salomão, em toda a sua glória, isto é, quando vestido em suas roupas reais, não tinha a aparência esplêndida dessas florzinhas humildes. 28. Amanhã é lançada no forno. Lenha é coisa quase impossível na Palestina; conseqüentemente, capim e mato seco eram usados para cozinhar. A relva tem vida curta; mas se Deus está pronto a vesti-la de cores vistosas, quanto mais cuidado ele despenderá com o homem, cujo espírito vive para sempre! 30. Porque os gentios de todo o mundo é que procuram estas coisas. Posses materiais são o interesse principal dos gentios, os quais (do ponto de vista judeu) não conhecem a Deus. Jesus disse que para os seus discípulos esses bens materiais deveriam constituir um valor secundário. 31. Buscai antes de tudo o reino de Deus. O Mestre deu aos seus discípulos um novo objetivo na vida – trabalhar para o reino de Deus. 35. Cingidos estejam os vossos corpos e acesas as vossas candeias. Sendo as vestes orientais longas e flutuantes, o usuário tinha Lucas (Comentário Bíblico Moody) 61 de prender as fraldas de seu manto sob o cinto para ter liberdade de movimentos. os candeeiros eram acesos com brasas vivas, pois ainda não existiam fósforos. 36. Ao voltar ele das festas de casamento. O noivo oriental, depois de jantar com os seus amigos, vinha à casa da noiva para reclamá- la. Considerando que o retorno acontecia tarde da noite, o noivo esperava que seus servos estivessem vestidos para o trabalho e com as lâmpadas acesas. Os tradicionais preparativos para o casamento eram um símbolo da disposição para a sua volta. 39. A que hora havia de vir o ladrão. A mudança de figura do noivo para o ladrão enfatiza o elemento do aparecimento inesperado. Paulo aplicou a mesma figura de linguagem para a Segunda Vinda (I Ts. 5:2). 41. Senhor proferes esta parábola a nós ou também a todos? Para esclarecer se ele estava se dirigindo aos discípulos exclusivamente ou a toda a multidão a sua volta, Jesus contou a parábola seguinte. 43. Aquele servo (gr. doulos, "escravo"). Um mordomo era geralmente um escravo encarregado de cuidar da casa do seu senhor. 45. O meu senhor tarda em vir. A parábola diz que o ceticismo sobre a volta do Senhor produz abuso de autoridade e relaxamento de conduta. 46. Virá o Senhor daquele servo. A vinda do Senhor trará recompensas para os fiéis e juízo para os infiéis. Castiga-lo-á. Provavelmente o significado é literal, pois os senhores romanos tinham poder de vida e morte sobre seus escravos. A má administração de uma propriedade podia provocar a pena de morte. 48. A quem muito foi dado, muito se lhe será exigido. A linguagem sugere graus de castigo. 49. Vim para lançar fogo sobre a terra; e bem quisera que já estivesse a arder (Original: Vim para lançar fogo sobre a terra; e como eu gostaria de já tê-lo aceso!) Nosso Senhor percebia que sua missão era divisora e perturbadora. Ele via claramente que a cruz seria ponto de Lucas (Comentário Bíblico Moody) 62 controvérsia e argumentação, e queria que esse levantamento (Jo. 12:32) já estivesse consumado. 50. Tenho, porém, um batismo com o qual hei de ser batizado. Cristo se referia à sua morte (cons. Mc. 10:38). Ele sentia que o seu poder seria restrito até que a obra da cruz fosse consumada. 51. Não... antes, divisão. O judaísmo era uma religião da família, na qual as pessoas adoravam em família mais do que individualmente. Jesus previu que suas declarações poderiam cortar laços familiares, e exigiriam decisões individuais. 56. Entretanto, não sabeis discernir esta época? Os contemporâneos de Jesus não percebiam a importância da sua vinda, nem a seriedade da sua rejeição. 58. Magistrado. O delegado ou policial (gr. praktorî), que executava as ordens do tribunal. Lucas 13 1. Cujo sangue Pilatos misturara com os seus sacrifícios. Provavelmente os galileus, que eram nacionalistas fanáticos, criaram um tumulto em Jerusalém. Pilatos que estava lá durante a festa, mandou que seus soldados interviessem. O resultado foi um conflito sangrento nos átrios do templo. Tal atitude estava inteiramente de acordo com o conhecido caráter de Pilatos. 2. Mais pecadores do que todos os outros galileus? Qualquer calamidade fora do comum logo é interpretada como castigo especial para os implicados. 3. Não eram, eu vos afirmo. Jesus não concordou com a idéia de que as vítimas de Pilatos fossem excepcionalmente pecadoras, mas disse que um destino semelhante aguardava todos os que não se arrependessem. Ele podia ter em mente o destino iminente da destruição da cidade no cerco romano em 70 A.D. (cons. 19:41-44; 21:20-24). 4. Aqueles dezoito. Ele mencionou outro acontecimento recente que foi muito discutido na cidade, e fez uma aplicação semelhante. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 65 28. Ali haverá choro e ranger de dentes. Ali significa "naquele lugar". 30. Há últimos que virão a ser primeiros. Dá-se a entender que a hora do juízo trará muitas surpresas. 31. Herodes quer matar-te. Os fariseus só podiam estar tentando amedrontar Jesus para que este saísse do país. Por outro lado, Herodes tinha uma consciência pesada, e pensava que Jesus podia ser João Batista ressuscitado dos mortos (cons. 9:7). 32. Essa raposa. Um dos poucos termos desdenhosos que nosso Senhor usou. O termo implica em astúcia e covardia. No terceiro dia terminarei. Indicou que tinha um plano definido para sua vida, e que não temia as ameaças de Herodes. 33. Porque não se espera que morra um profeta fora de Jerusalém. Sua resposta aos fariseus significava que ele reconhecia não o perigo das ameaças de Herodes, mas da hostilidade de sua própria cidade. 34. Jerusalém, Jerusalém. A lamentação de Cristo sobre a cidade partiu do seu amor e sua previsão do futuro. Ele estava muito cônscio do destino que a aguardava. 35. Eis que a vossa casa vos ficará deserta. A destruição do templo em 70 A.D. e a posterior expulsão dos judeus por Adriano (135 A.D.) desmantelou completamente a nação judia. Bendito o que vem em nome do Senhor. Uma citação do Sl. 118:26 que se aplicava ao Messias. Jesus identificou-se com as esperanças da nação. Lucas 14 1. Ao entrar ele num sábado na casa de um dos principais fariseus para comer pão (cons. 11:37). Eis que o estavam observando. Os fariseus observavam (gr. paratêrounto) Jesus atentamente (cons. 6:7), esperando apanhá-lo em alguma falta se possível. 2. Ora, diante dele se achava um homem. A presença desse homem era inesperada. Talvez viesse à festa com esperanças de ser Lucas (Comentário Bíblico Moody) 66 curado. Hidrópico. Inchação do corpo produzida pela retenção excessiva de líquido nos tecidos. A deplorável condição do homem deveria ser óbvia a todos. 3. Jesus.., dirigindo-se aos intérpretes da lei e aos fariseus. Ele repetiu a pergunta que já fizera em ocasião anterior (6:9). 4. Eles, porém, nada disseram. Seus críticos não sabiam como responder. Se dissessem que curar no sábado não era permissível, teriam se condenado a si mesmos; se dissessem que era, não deveriam tê-lo criticado. 5. Qual de vós se o filho ou o boi cair num poço. Ele usou o mesmo argumento de duas ocasiões anteriores (6:9; 13:15). 7. Propôs-lhes uma parábola. Nesse jantar nosso Senhor proferiu três parábolas. As duas primeiras (14:7-11, 12-14) foram evocadas pelo comportamento dos convidados e o anfitrião; a terceira (vs. 15-24) foi a resposta dada a um comentário feito. Escolhiam os primeiros lugares. A posição social era coisa importante na sociedade daquele tempo, e cada convidado queria ocupar o mais alto lugar de honra que conseguisse pegar. Lugares. A palavra se refere à localização do assento, e não ao salão. 9. O último lugar. Quando o convidado descobrir que o melhor lugar está reservado para outra pessoa, lugares intermediários já estarão ocupados, e só o último ainda estará vago. 10. Amigo, senta-te mais para cima. Se o anfitrião encontrar um convidado de honra em um lugar inferior, ele o convidará a tomar lugar que lhe foi reservado à cabeceira da mesa. 11. O que se humilha será exaltado. Cristo usou a situação imediata para ilustrar um princípio espiritual geral. Plummer diz: "A humildade é o passaporte para a promoção no reino de Deus" (ICC, pág. 358). 12. Disse também ao que o havia convidado. Jesus tinha uma palavra para o anfitrião e não só para os convidados. Não convides os teus amigos, nem os teus irmãos, nem teus parentes, nem vizinhos Lucas (Comentário Bíblico Moody) 67 ricos. O reino de Deus não é uma sociedade fechada dos ricos, nem um clube exclusivo de amigos. 13. Convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. Nosso Senhor repreendeu a prática egoísta de só entreter aqueles que podem retribuir um favor. Ele queria que o seu anfitrião visse que a sua riqueza proporcionava-lhe uma oportunidade de ajudar os indigentes e desamparados. 14. Ressurreição dos justos. A linguagem que foi usada aqui sustenta a idéia de uma dupla ressurreição, a dos justos e a dos não justificados (cons. Jo. 5:29; I Co. 15:23; Fl. 3:11; I Ts. 4:16; Hb. 11:35; Ap. 20:5, 6), separadas por um intervalo de tempo. 15. Bem-aventurado aquele. O convidado que fez esta observação estava tentando chamar a atenção do Mestre com uma observação piedosa. Jesus contou a parábola seguinte para lhe mostrar que o Reino de Deus exige um propósito real, não aprovação casual. 16. Certo homem deu uma grande ceia. A parábola despertaria o interesse de todos os convidados presentes, porque tratava de uma situação semelhante a deles mesmos. 17. À hora da ceia mandou o seu servo. De acordo com o costume, o convite era feito com alguns dias ou semanas de antecedência, mas a cortesia exigia que, chegada a hora, um convite pessoal fosse levado pela voz de um mensageiro. 18. Todos à uma começaram a escusar-se. Recusar um convite na última hora era uma imperdoável infração de etiqueta. Comprei um campo, e preciso ir vê-lo. A desculpa era falsa, pois nenhum homem de negócios com o seu juízo perfeito compraria uma terra sem vê-la antes. Ou, se a tivesse visto uma vez, a segunda visita poderia esperar, uma vez que a transação já fora evidentemente completada. 19. Comprei cinco juntas de bois. A segunda desculpa era pior que a primeira. Terras são propriedades permanentes e poderiam valorizar; mas os bois só se desvalorizariam se, no ato da compra, já não prestavam. O novo comprador queria verificar como os bois Lucas (Comentário Bíblico Moody) 70 7. Justos que não necessitam de arrependimento. Uma referência semi-irônica feita aos fariseus, que se consideravam infinitamente melhores do que os publicanos e pecadores. 8. Ou qual é a mulher. A segunda parábola teria agradado à mulher que vivia a maior parte de sua vida dentro de casa, enquanto que a primeira seria do agrado do homem que vivia ao ar livre. Tendo dez dracmas. As moedas eram mais escassas na Palestina do que o são na civilização atual pois grande parte do comércio era feito na base da troca. As dracmas valiam cerca de quinze a dezessete centavos americanos cada uma. Representavam as economias de muitos anos. Acende a candela. Uma vez que as casas mais pobres do Oriente não tinham janelas, um candeeiro se tornava necessário mesmo de dia para poder se inspecionar os cantos escuros. Varre a casa. A moeda podia muito facilmente ter-se perdido na poeira do chão batido. 9. Amigas e vizinhas. Estas palavras em grego são femininas, indicando que a mulher chamou outras mulheres para comemorar. 11. Certo homem tinha dois filhos. Esta parábola tem sido intitulada a Parábola do Filho Pródigo. Seria melhor se fosse chamada de a Parábola do Filho Perdido, ou O Pai Maravilhoso. 12. A parte que nos cabe dos bens. Um herdeiro tinha o direito de reclamar a sua parte de uma propriedade quando seu pai ainda estava vivo se assim o quisesse. O filho mais velho podia reclamar dois terços; os outros filhos dividiriam entre si o restante (Dt. 21:17). Bens. Literalmente, sua vida (gr. ton bion), uma vez que a sua propriedade era a fonte de sua subsistência. 13. Uma terra distante. Muitos dos jovens mais ricos do tempo de Jesus iam a Roma ou Antioquia em busca da vida alegre da cidade. Dissipou. A mesma palavra se usava em relação à sementeira (gr. dieskorpisen). Dissolutamente (gr. asôtôs) isto é, esbanjando. 14. Naquela terra. A preposição grega kata, traduzida para em, dá a entender que a fome foi muito difundida, incluindo todo o território Lucas (Comentário Bíblico Moody) 71 onde o rapaz morava. Começou a passar necessidades, ou começou a ficar para trás. 15. Se agregou. A expressão é forte; literalmente, grudou-se (gr. ekollêthê). O desespero forçou-o a se ligar com alguma pessoa proeminente por causa do sustento. Guardar porcos. A maior humilhação possível para um judeu. 16. Alfarrobas. As vagens de alfarrobeira, que foram comidas por João Batista (Mt. 3:4). Eram vagens compridas, de paladar doce e constituíam freqüentemente parte da alimentação das pessoas pobres. Dava. O verbo dá a entender um costume ou processo. "Ninguém lhe costumava dar alguma coisa". 17. Trabalhadores. Os servos pagos nos tempos bíblicos tinham a vida mais difícil do que os escravos, porque seu emprego era incerto, enquanto que os escravos podiam estar certos do alimento e abrigo. 18. Contra o céu. Em obediência ao terceiro mandamento, "Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão", os judeus substituíam a palavra Deus por outros termos para não blasfemaram acidentalmente (cons. Mt. 5:34; 26:64, 65). 19. Trata-me. Esta petição indica uma completa mudança de atitude. Quando deixou o lar, disse, "Dá-me..." Partiu com uma exigência egoísta; voltou com humilde oração. 20. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou. O pai esperava ansioso a volta do rapaz cabeçudo. 21. Pai, pequei. O rapaz nunca terminou o discurso que tinha preparado (cons. vs. 18, 19). Tudo o que o pai queria era a confissão. 22. A melhor roupa. O melhor vestido estava reservado para um convidado de honra. Um anel era sinal da posição de filho, a qual ele tinha perdido quando desertou do círculo familiar. 23. O novilho cevado. Um animal costumava ficar preparado para uma ocasião especial, para que hóspedes de honra pudessem ser rapidamente servidos (cons. Gn. 18:7). Regozijamo-nos. Dá a idéia de uma festa. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 72 25. A música e as danças eram provavelmente fornecidas por artistas pagos. A volta do filho mais moço foi a causa dessa grande celebração. 28. Ele se indignou. A reação do filho mais velho foi de ciúme e aborrecimento. Ficou amargurado com aquilo que considerava uma injustiça. 29. Há tantos anos que te sirvo. Uma tradução moderna séria: "Veja só! Eu tenho trabalhado como um escravo todos estes anos..." A linguagem dá a entender que o jovem estava cheio de justiça própria, auto-piedade e um alheamento íntimo aos sentimentos de seu pai comparável ao anterior afastamento do filho mais moço do seio da família. Um cabrito seria nada comparado com o bezerro cevado. O filho acusava o pai de lhe passar o conto do vigário, enquanto era extravagantemente pródigo em favores com o seu irmão. 30. Esse teu filho. O irmão mais velho estava sendo insolente e pronto a pensar o pior em relação ao irmão mais jovem. 32. Foi achado. Por meio desta parábola, como também através das precedentes, Jesus mostrou a atitude de Deus para com os pecadores. Ele não aprova de maneira nenhuma sua atitude de rebeldia nem suas atitudes irás, mas recebe-os de volta com alegria e os restaura no seu favor quando são arrependidos. Lucas 16 1. Havia um homem rico. Esta parábola, e a seguinte, podem muito bem ter sido extraídas da própria vida. O mordomo era o responsável pela casa e propriedades. Defraudar os seus bens. A mesma palavra que foi usada em relação ao filho pródigo (15:13). 4. Eu sei o que farei. Literalmente, eu sei (gr. egnôn). No estilo pitoresco de Lucas, "Já sei!" Ele teve uma súbita idéia brilhante. Recebam. A terceira pessoa não tem antecedente expresso, mas refere-se aos devedores do seu senhor. O expediente do mordomo, embora decididamente desonesto, foi eficiente. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 75 23. E no inferno (gr. hades). Esta palavra, equivalente ao sheol hebreu, pode significar o mundo invisível em geral, ou o lugar do castigo. O Hades continha o Geena e o paraíso. 26. Está posto um grande abismo. O espaço entre o inferno e o céu é intransponível e permanente. 29. Têm Moisés e os profetas. A Lei continha a revelação de Deus suficiente para instrução deles. 31. Se não ouvem a Moisés e aos profetas. Milagres não produzem fé por si mesmos. As palavras de Jesus eram proféticas, pois quando ele ressuscitou dos mortos, seus inimigos não se sentiram mais inclinados a aceitá-los do que antes. E. Instruções aos Discípulos. 17:1 - 18:30. Lucas 17 1. Escândalos. Aqueles atos que levam outros a se desviarem do caminho do bem como também aqueles que perturbam a sensibilidade moral. 2. Uma pedra de moinho. Narrativa paralela em Mc. 9:42 diz que é uma pedra girada por um jumento (gr. mylos onikos), o que indica um moinho maior do que o moinho doméstico. As palavras do Senhor eram extremamente exigentes. 4. Sete vezes no dia. Sete ofensas no mesmo dia deixaria a pessoa afetada, completamente exasperada. 5. Aumenta-nos a fé. Os apóstolos não conseguiam aceitar que um ofensor habitual pudesse ser perdoado. 6. Fé como um grão de mostarda. A somente da mostarda era a menor das sementes conhecidas pelos lavradores da Palestina (cons. 13:19). Cristo enfatizou a vitalidade da fé mais do que a sua quantidade. Esta amoreira. Muitos mestres identificam esta árvore como sendo a amoreira, embora a mesma palavra (gr. sycaminos) na Septuaginta e em outros lugares indica o sicômoro. A amoreira, cultivada na Palestina para Lucas (Comentário Bíblico Moody) 76 consumo dos frutos, podia ser encontrada por toda a parte. O transplante dessa árvore para o mar parece uma idéia extravagante; mas Jesus estava empenhado em mostrar aos seus discípulos que a fé não conhece impossibilidades. 7. Vem já. O significado do texto grego é "imediatamente". 9. Porventura terá de agradecer ao servo? O trabalho de um escravo era aceito como uma coisa lógica; só aquilo que fosse feito além das obrigações mereceria elogio. 11. De caminho para Jerusalém. Lucas retoma a narrativa da última viagem (cons. 13:22) sobre a qual esta parte (9:51 -18:30) foi baseada. Pelo meio da Samaria e Galiléia. Talvez entre seria uma tradução melhor (gr. diameson). Ele seguiu entre os limites das duas províncias, atravessando o Jordão e descendo pelo lado oriental do rio; pois o próprio lugar mencionado é Jericó (19:1), o ponto no qual os peregrinos costumavam se desviar para o lado oeste. 12. Dez leprosos que ficaram de longe. A lei hebraica proibia os leprosos de se aproximarem de outra pessoa. Estavam a uma distância tal que Jesus não os percebeu até que o chamaram. 14. Ide, e mostrai-vos aos sacerdotes. Compare com caso paralelo em 5:12-14. Indo eles foram purificados. Todos os dez tiveram fé para obedecer o Mestre apesar das aparências: Eles aceitaram a cura como coisa já realizada, ainda que não a tivessem sentido. 15. E um deles ... voltou. A gratidão sempre foi mais difícil de se encontrar do que a fé. 16. E este era samaritano. O único dos dez que expressou a sua gratidão foi um samaritano desprezado, de quem os judeus piedosos nada esperavam. 20. Quando viria o reino de Deus. Tanto João Batista como Jesus pregaram que o reino de Deus estava próximo. Os fariseus esperavam que, se Jesus fosse o Messias, ele introduziria o seu governo com uma súbita declaração de poder e uma conquista visível do país. Ele tinha um programa diferente em mente, e sua resposta cobriu os dois pontos Lucas (Comentário Bíblico Moody) 77 principais daquele programa. Não vem o reino de Deus com visível aparência. Seu advento inicial não seria um golpe político ou o resultado de algum movimento visível. 21. O reino de Deus está dentro de vós. Um reino não é simplesmente um território, nem um sistema de maquinismo governamental. Sua existência básica está na unidade e lealdade do povo. Jesus declarou que o reino de Deus já estava presente e apenas necessitava ser reconhecido. Ele trouxera o reino com ele e estava vivendo no meio deles. 22. Dos dias do Filho do homem. Os judeus usavam esta frase para indicar a era messiânica. Filho do homem era um título dado ao Messias em Dn. 7:13, 14. E não o vereis. A vinda do Messias demoraria. 24. Porque, assim como o relâmpago fuzilando brilha. Assim como a luz do relâmpago é visível de uma ponta do horizonte à outra, o verdadeiro Messias será evidente a todos os homens quando ele vier estabelecer o seu reino. Ele não se levantará da obscuridade, nem se confinará a uma só localidade. 25. Mas importa que primeiro ele padeça muitas coisas. Este versículo estabelece sem dúvida, que Jesus falava de si mesmo, pois ele discutiu o mesmo tema em 18:31-34. Seus interrogadores não aceitavam o conceito de um Messias sofredor, mas o convém deste versículo refere- se às passagens proféticas, tal como 24:44 indica. Ele olhava para a sua iminente morte em Jerusalém como parte de sua missão messiânica, a ser seguida mais tarde pela revelação do poder "no seu dia" (v. 24). 26. Assim como foi nos dias de Noé. O versículo dá a entender que há um ínterim de espera entre as ofensas e o momento definitivo do julgamento. Nos dias do Filho do homem. A retribuição não seria imediata, mas seria inevitável. 27. Comiam, bebiam, casavam. Essas coisas não eram erradas em si mesmas, mas a preocupação das pessoas demonstrava que elas viviam em um plano inteiramente materialista, sem um pensamento para Deus. O juízo do dilúvio apanhou-as despreparadas. Até o dia em que Noé Lucas (Comentário Bíblico Moody) 80 11. O fariseu posto em pé, orava. Ficar em pé era posição costumeira para oração (Mt. 6:5; Mc. 11:25). Mas no caso do fariseu, pode significar que ele queria ser notado. Consigo refere-se à sua atitude mais do que à sua posição. Ele orava falando consigo mesmo e não à parte dos outros. Não sou como os demais homens. Sem dúvida sua conduta era tão boa quanto proclamava ser. O problema não estava nas suas atitudes, mas com a sua justiça própria. 12. Jejuo duas vezes na semana. O jejum fazia parte do ritual, mas este não exigia que se jejuasse duas vezes por semana. Os fariseus ultrapassavam as exigências da Lei. De tudo quanto ganho. Uma tradução melhor seria, Dou o dízimo de tudo quanto ganho. 13. Estando em pé, longe. O fariseu estava no centro da área do templo, onde podia ser observado; o publicano enfiou-se em um canto. Ó Deus se propício a mim, pecador. O verbo "propiciar" (gr. hilaskomai) ocorre em Hb. 2:17, onde foi traduzido para expiar. Implica em oferecimento de sacrifício que fornece base satisfatória para perdoar a culpa da pessoa ofensora. O publicano não apresentou suas boas obras, mas o sacrifício que fora oferecido. Pecador (o pecador). O artigo definido foi usado para mostrar que o publicano estava pensando somente em seus próprios pecados. Ele era, diante de seus próprios olhos, o maior dos pecadores. 14. Justificado. Esta é a passagem do Terceiro Evangelho onde esta palavra tem significado teológico. Lucas deve tê-la extraído da teologia paulina (Atos 13:39; Rm. 3:23-26), com a qual ele estava bastante familiarizado. Seu significado é o de reconhecer como justo e não de ser justo. Por causa de sua confiança no sacrifício e sua confissão de pecados, o publicano foi aceito como justo diante de Deus. 15. E traziam-lhe também crianças. Os pais costumavam trazer crianças aos rabis para abençoá-las, Os discípulos acharam que o povo estava tomando liberdades com o tempo e as forças do Mestre. 16. Jesus, chamando-os. A atitude de Cristo foi oposta à da maioria dos judeus adultos, que achavam que as crianças não eram importantes. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 81 17. Como crianças. As crianças vinham a Jesus sem pretensões e sem medo. Tinham fé bastante para crer que ele as receberia e as trataria com bondade. Avidez e expectativa caracterizam aqueles que aceitaram o reino. 18. Um certo homem de posição. Mateus (19:16-30) e Marcos (10:17-31) contam esta mesma história. Só Lucas chama o interrogador de homem de posição. Se ele era jovem, provavelmente era jovem demais para ocupar um lugar no Sinédrio, mas podia pertencer à aristocracia. Bom Mestre. O adjetivo (gr. agathos) tem o sentido de bondade moral, nobreza de caráter. Que farei? A pergunta mostra que o príncipe estava insatisfeito com ele mesmo e com suas qualidades morais. Ele não encontrara a vida da qual fala a Lei (Lv. 18:5), e tinha certeza que passara por cima de algum mandamento. 19. Por que me chamas bom? Jesus queria saber se o título era um elogio vão, ou se o jovem havia refletido cuidadosamente sobre quem Ele era. 20. Sabes os mandamentos. Jesus não citou os quatro primeiros mandamentos, que tratam do relacionamento do homem com Deus, nem o último, que trata de um sentimento íntimo. Ele apenas citou aqueles mandamentos que tratam do relacionamento humano visível. 21. Tudo isso tenho observado. O jovem falou a verdade até onde a conhecia. Ele tinha observado o código escrupulosamente, e sentia que não tinha nada do que se arrepender. Paulo disse de si mesmo que "segundo a justiça que há na lei", ele era "irrepreensível" (Fl. 3:6). 22. Uma coisa ainda te falta. A justiça da Lei era negativa. Jesus exigia uma completa devoção positiva. Vende tudo o que tens. Jesus sempre apresentava suas instruções de acordo com a necessidade da pessoa. A avareza era o pecado peculiar a esse homem. A ação que Jesus exigiu da parte dele iria justamente contra a sua fraqueza. 23. Ficou muito triste. Se ele não estivesse sinceramente interessado em Jesus, não teria ficado triste, mas teria se descartado dEle com desrespeito. Ele queria o que Jesus tinha para oferecer, mas não até Lucas (Comentário Bíblico Moody) 82 o ponto de aceitar os Seus termos. A medida de sua tristeza foi a medida de sua riqueza. 24. Quão dificilmente. Dificilmente não significa "raramente", mas "com dificuldade". 25. É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha. Lucas usa a palavra que se refere a uma agulha cirúrgica (gr. belonês). Tentativas de explicar estas palavras como uma confusão entre os termos camelo (gr. kamelos) e corda (kamilos); ou com o uso figurado da frase significando uma portinha no muro da cidade não tem sido convincentes. Jesus estava usando uma expressão hiperbólica comum para mostrar como seria difícil para um homem rico aceitar o seu discipulado e entrar no reino de Deus. 26. Quem pode ser salvo? De acordo com o pensamento judeu, a prosperidade era um sinal do favor de Deus para aqueles que guardavam a Lei (Dt. 28:1-8). Se um homem era rico, deveria ser bom. O pronunciamento de Cristo constituiu um choque para os seus discípulos, porque eles tinham certeza de que um homem rico devia ser justo. VI. O Sofrimento do Salvador. 18:31 - 23:56. A esta altura Lucas retoma a narrativa paralela aos outros dois Evangelhos Sinóticos, e começa a contar o que se passou nos últimos dias da vida de Jesus. Toda esta seção poderia ser observada à luz da morte de Cristo, embora nem todo o seu conteúdo se relacione diretamente com ela. A Paixão é a nota principal destas parábolas, milagres e debates. A. A Viagem a Jerusalém. 18:31 - 19:27. 31. Eis que subimos para Jerusalém. Com este terceiro aviso de sua morte iminente (cons. 9:22, 44) Jesus começou a última etapa da viagem a Jerusalém. Tudo quanto está escrito. Lucas, como também os Lucas (Comentário Bíblico Moody) 85 mais. A Lei apenas exigia a restituição do capital, com 20 por cento de juros (Lv. 6:5; Nm. 5:7) mas Zaqueu impôs-se uma penalidade muito mais severa, comparável àquela que era aplicada aos assaltantes (Êx. 22:1). 9. Hoje houve salvação nesta casa. Neste contexto, salvação se refere à saúde interior, a salvação da alma. Pois que também é filho de Abraão. O convênio das bênçãos de Deus feito com Abraão e aqueles que diziam-se "filhos de Abraão" (Gl. 3:7). A salvação entrou na casa de Zaqueu não por causa do sangue que ele herdara, mas por causa de sua fé, que era igual a de Abraão. 10. Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o perdido. Este texto é um resumo de toda a mensagem de Lucas, que destaca a obra da busca e da salvação do Messias celestial. 11. Jesus propôs uma parábola. Uma péssima tradução literal, que remonta ao aramaico de Jesus. Ele acrescentou uma parábola ao que ele já estivera dizendo. E lhes parecer que o reino de Deus havia de manifestar-se imediatamente. Apesar das repetidas predições de Jesus a respeito da cruz, os discípulos ainda estavam aguardando seu triunfo e a imediata restauração do reino de Davi. A parábola tinha a intenção de lhes apresentar a perspectiva própria dos seus planos. 12. Certo homem nobre. A parábola pode ter sido construída sobre o bem conhecido episódio de Arquelau, filho de Herodes, que foi a Roma confirmar o título ao reino que seu pai, Herodes, o Grande, deixara para ele. Seu irmão Antipas sustentado por muitos dos líderes judeus protestaram contra a reivindicação e rejeitaram o seu governo. Uma vez que o acontecimento teve lugar por ocasião do nascimento de Cristo, devia ser uma história bem conhecida trinta anos depois (cons. Josefo Antiguidades xvii. 9:3; 11.1). 13. Dez minas. Esta parábola é diferente da parábola dos talentos contada em Mateus (25:14-30), embora haja uma grande semelhança entre as duas. Neste exemplo os servos foram tratados com igualdade, e apenas dez de um número possivelmente grande foram experimentados. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 86 Uma mina valia 100 dracmas, cerca de 16 dólares e meio no dinheiro americano. Negociai (gr. pragmateusasthe), isto é, eles deviam fazer negócios. Os servos deviam investir o dinheiro recebido, para prestar contas quando o senhor retornasse. 14. Seus concidadãos aborreciam-no. Veja comentário sobre versículo 12. 15. Quando ele voltou, depois de haver tomado posse do reino. O paralelismo desta parábola dá a entender que a volta deu-lhe o direito de tomar posse e desenvolver o reino. 17. Terás autoridade sobre dez cidades. A distribuição das responsabilidades sobre territórios dá a entender que o senhor estava repartindo postos governamentais, e fortalece a idéia de que esta parábola estava baseada na ascensão de Arquelau. 18. Veio o segundo. O homem que recebeu menos não foi reprovado pelo pouco lucro. Foi elogiado, e recebeu responsabilidade de acordo com a sua capacidade. 22. Servo mau. O servo considerou-se honesto porque devolveu a mina integralmente; o senhor chamou-o de mau porque devolveu-a sem lucros. 24. Dai-a ao que tem dez minas. Do ponto de vista dos servos, dar uma mina extra ao que já tinha mais, parecia uma injustiça. Do ponto de vista do senhor, ele já tinha perdido os juros da mina, por isso queria investi-la onde havia possibilidade de recuperar mais. 27. Esses meus inimigos. Faz-se uma distinção entre a repreensão de um servo e a execução de um inimigo. O julgamento dos crentes para distribuição de recompensas e aquele do mundo que se opõe para condenação parecem estar bem distintos aqui. B. A Entrada em Jerusalém. 19:28-44. 28. Prosseguia Jesus subindo para Jerusalém. Ia na frente dos discípulos que talvez o seguissem relutantemente. Eles sabiam muito Lucas (Comentário Bíblico Moody) 87 bem que o seu Mestre já estava sob a sentença dos líderes judeus (Jo. 11:16). 29. Ao aproximar-se de Betfagé, e de Betânia. Betânia ficava a sudeste do Monte das oliveiras, a meio-caminho do aclive rochoso, um pouco para o oeste da atual aldeia de El Azariyeh. Betfagé, da qual não existem vestígios, ficava um pouco mais acima no aclive, perto do pico (veja Emil G. Kraeling. Bible Atlas, págs. 395-398). 30. Ide à aldeia fronteira. Talvez a estrada não passasse diretamente pela aldeia. Preso um jumentinho. Mateus (21:2) informava-nos que o animal era um jumento, o animal que os pobres da Palestina usavam para transporte. Os cavalos eram mais usados pelos ricos, ou com propósitos de guerra. A entrada de Cristo em Jerusalém montando um jumento, era símbolo de sua humildade e de suas intenções pacíficas. 31. Porque o Senhor precisa dele. Jesus devia ter-se entendido antes com o proprietário, acertando que poderia usar o jumento quando precisasse. 33. Seus donos lhe disseram: Por que o soltais? Eles não reconheceram os discípulos mas conheciam Jesus. 35. Pondo as suas vestes sobre ele. Nosso Senhor viajava com uma multidão de peregrinos (18:36), que testemunharam o milagre da cura de Bartimeu. Estavam certos que Jesus proclamaria a posse do trono messiânico em Jerusalém, durante a Páscoa, e por isso aclamavam-no publicamente. 37. Toda a multidão dos discípulos. A linguagem empregada sugere que mais do que os Doze foram incluídos aqui. Jesus tinha muitos amigos na Galiléia, um grande número dos quais devia estar entre os peregrinos. Sua excitação aumentava ao descortinar a cidade de Jerusalém. 38. Bendito é o Rei. Esta citação do Salmo 118 (vs. 25, 26) era cantada pelos peregrinos enquanto subiam pela estrada que dava para a Lucas (Comentário Bíblico Moody) 90 13. O meu filho amado. O último apelo do proprietário foi enviar o seu filho. Ele esperava que os arrendatários respeitassem a pessoa e a autoridade do seu herdeiro. Jesus, através desta metáfora, colocou-se bem acima dos profetas, que eram simples servos. 14. Matemo-lo, para que a herança venha a ser nossa. Os fariseus rejeitaram a reivindicação de Jesus sobre si mesmo, pensando que eles eram os verdadeiros herdeiros de Deus. 15. Lançando-o fora da vinha, o mataram. 16. Passará a vinha a outros. Uma predição da transferência do favor divino de Israel para os gentios. 17. A pedra, que os construtores rejeitaram. Esta citação do Sl. 118:22, o mesmo salmo do qual a multidão extraiu suas palavras de aclamação à entrada em Jerusalém, nosso Senhor aplicou a si mesmo. Os primeiros pregadores do N. T. interpretaram-na (Atos 4:11; I Ped. 2:7) como uma predição clara da rejeição do Messias e subseqüente exaltação. 18. Ficará em pedaços. Aqueles que se escandalizam com Cristo prejudicam a si mesmos. Ficará reduzido a pó. Aqueles que são julgados por ele sofrerão perda irreparável. O verbo quer dizer "joeirar grão", ou "pisotear". 19. Naquela mesma hora. Os sacerdotes agiram imediatamente, porque temiam que Jesus pudesse incitar uma revolta do povo. 20. Subornaram emissários. Percebendo que não poderiam condená-lo à morte legalmente, tentaram apanhá-lo de tal maneira que o pudessem passar às mãos do governador romano com acusação incriminadora. 21. Sabemos que falas e ensinas retamente. Suas palavras não passavam de elogios ocos, embora literalmente verdadeiros. 22. É lícito pagar tributo a César ou não? A pergunta apresentava um dilema terrível. Se Jesus dissesse "não", seria acusado de tendências revolucionárias; se dissesse "sim", seria encarado como um colaborador de Roma e perderia o favor do público. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 91 24. Mostrai-me um denário. O denário (gr. denarius) era uma moeda de prata cunhada por Roma, e era a unidade monetária principal. As moedas de bronze com menor valor não continham a imagem do imperador. A efígie e a inscrição. A efígie era do rosto imperial; a inscrição, o título imperial. 25. Dai, pois, a César. O próprio fato dos judeus usarem a moeda, comprovava que eles reconheciam o seu governo, pois o domínio de um rei considerava-se expandido até onde suas moedas fossem aceitas. (Veja SBK, Das Evangelium nach Matthaus, pág. 884). Se os judeus admitiam que César era o seu senhor, não podiam criticar Jesus. 26. E não puderam apanhá-lo em palavra alguma diante do povo. Sua resposta foi de uma exatidão, concisão e integridade maravilhosas. Nada havia nela que o incriminasse, ainda que respondesse sua pergunta e, em aditamento, fê-los lembrar de suas obrigações para com Deus. 27. Saduceus, homens que dizem não haver ressurreição. Os saduceus, em menor número do que os fariseus, eram um partido sacerdotal, mais interessado em política do que em religião. Aderiam estritamente à lei escrita dos cinco primeiros livros de Moisés, rejeitando tradicionais elaborações de interpretação. Não criam em anjos, nem em espíritos, nem na vida após a morte (cons. Atos 23:8). 28. Moisés nos deixou escrito que, se morrer o irmão de alguém. O caso citado foi elaborado sobre a lei mosaica, que eles tinham em conta de autoridade final (Dt. 25:5-10). Dizia que, se um homem morresse sem filhos seu irmão devia se casar com a viúva, suscitando um filho que herdasse as propriedades do falecido. O propósito dessa lei era a de preservar as famílias para que não se extinguissem. No exemplo dado, o caso era puramente hipotético. 33. Pois, no dia da ressurreição, de qual deles será esposa? Os saduceus usaram isto apenas para introduzir o assunto da ressurreição. Se todos os sete, um depois do outro, tiveram a mulher por esposa neste mundo, ela seria, é claro, esposa de todos os sete simultaneamente, no Lucas (Comentário Bíblico Moody) 92 mundo vindouro. Nesse caso a Lei promoveria na vida futura o que é condenado na presente. Tal conclusão seria absurda; portanto, de acordo com a lógica deles, não podia existir vida futura. 34. Então lhes acrescentou Jesus. Os saduceus tinham a lógica, mas a premissa errada. Eles presumiam erradamente que as condições da vida futura seriam idênticas às condições desta vida. Jesus afirmou que, na próxima dispensação, não haverá nem casamento, nem morte. 37. Os mortos hão de ressuscitar. Tendo resolvido seu argumento negativo, o Senhor apresentou um argumento positivo dele mesmo, usando o mesmo método de dedução. 41. Como podem dizer que o Cristo (Messias) é filho de Davi? O Messias costumava ser chamado de filho (ou descendente) de Davi (cons. 18:38). 44. Assim, pois, Davi lhe chamou Senhor, e como pode ser ele seu filho? No costume hebreu, um filho estava sempre sujeito a seu pai. Chamando o seu filho de "Senhor", Davi violou o uso apropriado do termo. Lucas 21 1. Viu os ricos lançarem suas ofertas no gazofilácio. Havia arcas no átrio do Templo, para depósito das ofertas. 2. Duas pequenas moedas. Essas moedas (gr. lepton) valiam cerca de um quinto de um centavo americano. Essas moedas formavam a menor das ofertas aceitáveis. 4. Todo o seu sustento. Jesus elogiou a viúva não pelo valor de sua oferta, mas pelo sacrifício envolvido. D. O Discurso no Jardim das Oliveiras. 21:5-38. 7. Quando sucederá isto? Este discurso tem uma perspectiva dupla: a destruição do Templo e o estabelecimento do reino na volta de Cristo. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 95 36. Para que possais escapar de todas estas coisas. Um outro manuscrito que dá, para que sejais bastante fortes, é ligeiramente melhor. A prova dos últimos dias exigirá resistência especial. 37. À noite ... ia pousar no monte ... das Oliveiras. Durante a semana da Páscoa a cidade de Jerusalém estava sempre lotada de peregrinos de todas as partes do império. Cristo e seus discípulos talvez dormissem sobre o gramado entre as oliveiras do Jardim do Getsêmani. O povo madrugava para ir ter com ele... Jesus mantinha um regular horário de ensino no átrio do Templo. Lucas 22 E. A Última Ceia. 22:1-38. 1. A Páscoa era a maior e a mais sagrada das festas religiosas do ano judeu, que celebrava a redenção da nação da escravidão no Egito. O cordeiro pascal, cujo sangue foi da primeira vez aspergido sobre os umbrais para desviar o juízo da morte (Êx. 12:7), era um tipo de Cristo (I Co. 5:7). 3. Ora, Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes. A traição de Judas foi o resultado de uma inclinação da sua vida. Nunca se interessou altruisticamente por Jesus. Quando o Senhor esclareceu que não pretendia reclamar o trono de Israel mas que esperava morrer, Judas ficou desapontado, e resolveu salvar-se se possível fosse. Sua atitude deu uma brecha às sugestões e controle satânicos (cons. Jo. 13:2, 27). 7. O dia dos pães asmos. Todo o fermento era rigidamente excluído das casas judias durante a estação da Páscoa. 10. Encontrareis um homem, com um cântaro de água. Era coisa fora do comum um homem carregar água, pois esse trabalho era relegado às mulheres, ou aos escravos. A ordem que nosso Senhor deu a Pedro e João dá a entender que Ele já tinha feito arranjos prévios para um contato por meio de um sinal secreto. Ele queria que o lugar da reunião ficasse em segredo, para que pudesse comer na companhia dos seus discípulos sem o perigo de ser preso. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 96 12. Um espaçoso cenáculo mobiliado. A sala já estava preparada para uma festa. 15. Tenho desejado ansiosamente (Com grande desejo eu desejei). Uma expressão idiomática do hebraico que intensifica o significado do verbo (cons. Gn. 22:17). Antes do meu sofrimento. Ele indica que a ceia toda deveria ser interpretada à luz de sua morte. 16. Até que ele se cumpra no reino de Deus. Existe uma ligação entre a Páscoa e o reino de Deus. O último é o cumprimento do propósito de Deus na redenção, assim como a primeira foi uma de suas primeiras manifestações. 19. Isto é o meu corpo. Ele se identificou com os símbolos da páscoa. Assim como o corpo e sangue do cordeiro foram o sacrifício instrumental para a redenção no Egito, ele seria o sacrifício que efetuaria a redenção da nova aliança. Não há nenhuma indicação, nesta linguagem, de que o pão e o vinho deveriam ser fisicamente transformados em seu corpo e sangue. Oferecido por vós. Esta frase e todo o texto subseqüente até o versículo 20 não se encontram no texto Oriental, o qual costuma amplificar em lugar de omitir. É possível que estas linhas não pertençam ao texto original de Lucas (veja WH, II, Appendix, pág. 64), embora haja grande semelhança com I Co. 11:23-26. 22. Porque o Filho do homem, na verdade, vai segundo o que está determinado. A morte do Salvador fazia parte do plano divino para a redenção do homem. 24. Suscitaram também entre si uma discussão sobre qual deles parecia ser o maior. Os discípulos não tinham ainda perdido o desejo de ocupar um alto posto no reino antecipado. Sua atitude de rivalidade de uns para com os outros criou a situação que levou Jesus a lavar os pés deles, conforme registrado em João 13. 25. Benfeitores (gr. euergetês) era um título que recebiam os reis gregos no Egito e na Síria. Lucas (Comentário Bíblico Moody) 97 27. Quem serve (gr, diakonos) não se usava em se tratando de escravos, mas com aqueles que realizavam tarefas para ajudar os outros. 29. E vo-lo confio. Jesus não negou que haveria um reino no qual seus discípulos governariam. Sua afirmação revelou a Sua confiança que a Sua morte não acabaria com as esperanças deles, mas que, no fim, Ele veria a recompensa dos Seus sofrimentos e a partilharia com os discípulos. 30. Doze tribos de Israel. Uma promessa semelhante foi citada em Mt. 19:28. Os discípulos entenderam que isto significava um governo literal sobre Israel restaurada ao "status" de nação. 31. Simão, Simão. Jesus falou a Simão Pedro considerando-o representante dos Doze. Vos. Um pronome plural. Peneirar como trigo. O trigo era cirandado para remover a sujeira e a palha, e para eliminar os grãos partidos e secos. As tentações do diabo servem freqüentemente ao propósito de revelar a força e também a fraqueza dos crentes. 32. Eu, porém, roguei por ti. O pronome singular indica que o Senhor se preocupava de maneira especial com Pedro. Ele sabia do fracasso iminente por causa do excesso de confiança em Pedro; mas Ele não destituiria, nem o privaria de sua posição de liderança. 36. E o que não tem espada ... compre uma. Esta estranha ordem só aparece em Lucas. Jesus disse que duas espadas seriam suficiente (v. 38), embora elas não bastassem para defender todo o grupo contra o bando que o vinha prender. Será que Ele quis dizer que a posse de armas O colocaria entre os transgressores, e assim cumpriria a letra da profecia de Is. 53:12? F. A Traição. 22:39-53. Há uma mudança de cenário entre os versículos 38 e 39. Jesus e os discípulos deixaram o cenáculo e dirigiram-se para o Monte das Oliveiras. 40. Tentação. Provação severa e não solicitação para o mal.
Docsity logo



Copyright © 2024 Ladybird Srl - Via Leonardo da Vinci 16, 10126, Torino, Italy - VAT 10816460017 - All rights reserved