Baixe A estufa fria do huambo e outras Notas de estudo em PDF para Ecologia, somente na Docsity! Revista Órbita Pedagógica ISSN 2409-0131 A ESTUFA FRIA: UM ESPAÇO NÃO-FORMAL EM POTENCIAL PARA APRENDIZAGEM DA BOTÂNICA © Instituto Superior de Ciências de Educação do Huambo, Angola. 55 A ESTUFA FRIA: UM ESPAÇO NÃO-FORMAL EM POTENCIAL PARA APRENDIZAGEM DA BOTÂNICA AUTORES: Pedro Capitango1 Ainel Gonzalo Robledo2 ENDEREÇO PARA CONTACTO: E-mail: capitango.isced.hbo@hotmail.com Data de recepção: 25-10-2014 Data de aceitação: 13-12-2014 RESUMO O presente trabalho visa discutir as possibilidades de utilização da biodiversidade vegetal da Estufa Fria do Huambo como recurso pedagógico para aprendizagem da Botânica. Adotou-se como metodologia a abordagem qualitativa: foi feita pesquisas em programas de Biologia, arquivo Digital do Instituto de Investigação Cientifico Tropical (http://actd.iict.pt/). Autores como Araújo, Silva, & Terán, 2012; Prigol & Giannotti, 2012; Moreira, 2011; Badillo, Miranda, Gallego, & Torres, 2011; Jacobucci, 2008; Santos & Terán, 2013, entre outros, foram importantes para a compreensão da utilização de ambientes externos a sala de aula para o ensino da Botânica. Realizamos visitas periodicas a Estufa, onde se estudou as potencialidades para exploração de conteúdos didácticos de Botânica no local. Foram identificadas 39 espécies, distribuídas em 28 famílias botânicas. A partir dos programas de Biologia foi possível identificar conteúdos passíveis de serem abordados neste espaço. Os resultados apontam num olhar diferente a Estufa-Fria, com uma grande variedade de espécies, constituindo-se num laboratório vivo, uma alternativa viável para a promoção do ensino-aprendizagem da Botânica, um espaço especial apto a prestar o seu contributo científico e educativo que lhe parece perdido. PALAVRAS-CHAVE: biodiversidade vegetal; Botânica; Ensino-aprendizagem; Estufa-Fria; Espaços Não-formais. COLD GREENHOUSE: A SPACE NON-FORMAL POTENTIAL FOR LEARNING OF BOTANY ABSTRACT The present work aims to discuss the potential uses of plant biodiversity Greenhouse Cold Huambo as an educational resource for learning botany. 1 Docente de Botânica Geral. Departamento de Ciências da Natureza. Sector de Biologia. Instituto Superior de Ciências de Educação do Huambo, Angola. 2 Docente de Botânica Geral. Departamento de Ciências da Natureza. Sector de Biologia. Instituto Superior de Ciências de Educação do Huambo, Angola. Docente da Universidade de Matanzas, Cuba. Pedro Capitango, Ainel Gonzalo Robledo 56 Revista Órbita Pedagógica. Publicação quadrimestral. Vol. 1, Ano 2014, No. 3 (Setembro-Dezembro) We adopted a qualitative methodology approach: research has been done in biology programs, Digital archive of the Institute of Tropical Scientific Research (http://actd.iict.pt/). Authors as Araújo Silva, & Teran, 2012; Prigol & Giannotti, 2012; Moreira, 2011; Badillo, Miranda, Gallego, & Torres, 2011; Jacobucci, 2008; Santos & Terán, 2013 were important for understanding the use of external environments classroom for teaching Botany. We conduct periodic visits to Greenhouse, where studied the potential for exploitation of learning content in the Botany site. 36 species were identified, distributed in 27 botanical families. From the Biology programs were identified content likely to be used in this space. The results show a different look Greenhouse Cold, with a wide variety of species, becoming a living laboratory, a viable alternative to promote the teaching and learning of Botany, one fit to provide its scientific and educational contribution special space it seems you lost. KEYWORDS: plant biodiversity; Botany; Learning; teaching Greenhouse Cold; Non-formal spaces. INTRODUÇÃO O uso de espaços não-formais3 visando o ensino de ciências não é recente, desde os tempos remotos existiu uma ligação estreita entre a escola e os espaços não-formais de educação, apesar de ainda ser uma prática pouco comum no nosso contexto. Destacamos o filósofo grego Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.) o mérito de haver fundado o primeiro “Jardim Botânico” do ocidente com finalidades educativas, que foi legado por ele a seu discípulo Teofrasto (372 a.C. - 287 a.C.) o maior botânico da antiguidade (Filho, 1984). A dar crédito a versões bíblicas foi no jardim do Éden onde se registou a mais antiga classificação botânica (espécie, árvore frutífera, ervas), apresentada no livro de Géneses, sendo Adão o maior taxinomista da antiguidade (Filho, 1984). Na actualidade os espaços com reserva da biodiversidade vegetal desempenham fundamentalmente três finalidades: utilitária (recintos saudáveis de lazer e convívio), educativa (fonte de recursos educativos) e científica (refúgios científicos de uma natureza em crise) (Filho, 1984, Tavares, 2008). 3 Os Espaços Não Formais são lugares diferentes da escola, onde é possível desenvolver actividades educativas. E podem ser institucionalizados (espaços regulamentados e possuem equipe técnica responsável pelas actividades executadas: Parques Ecológicos, Jardins Botânicos, Mediatecas, Institutos de Pesquisa, dentre outros) e não institucionalizados (ambientes naturais ou urbanos que não dispõem de estruturação institucional, mas onde é possível adoptar práticas educativas: praia, rio, Morro do Moco, entre outros) (Jacobucci, 2008). Revista Órbita Pedagógica ISSN 2409-0131 A ESTUFA FRIA: UM ESPAÇO NÃO-FORMAL EM POTENCIAL PARA APRENDIZAGEM DA BOTÂNICA © Instituto Superior de Ciências de Educação do Huambo, Angola. 59 caule e folha. - Ecossistemas plantas úteis da região. - Elaboração de um herbário. - Gimnospermas. - Angiospermas. POTENCIALIDADES DA ESTUFA FRIA PARA A PROMOÇÃO DO ENSINO- APRENDIZAGEM DA BOTÂNICA Durante a pesquisa de campo foram identificadas 40 espécies, distribuídas em 28 famílias botânicas e 18 ordens. De acordo a ordem e família a que pertencem cada espécie distribuem-se como se observa na Tabela 2. Tabela 2. Famílias e espécies observadas na Estufa Fria Ordem Família Espécie Nome Comum Pinales Araucariaceae Araucaria columnaris Arvore de natal Pinales Araucariaceae Araucaria angustifolia Pinheiro do Brasil Pinales Pinaceae Pinus sp. Pinheiro Pinales Pinaceae Cupressus lusitanica Cedro Asparagales Agavaceae Agave americana Sisal Asparagales Hypoxidaceae Curculigo capitulata Capim Palmeira Zingiberales Cannaceae Canna indica Cana Zingiberales Musaceae Musa sp. Bananeira Poales Cyperaceae Cyperus alternifolius Palmeira-umbela Poales Cyperaceae Cyperus rotundus Tiririca Poales Poaceae Pennisetum purpureum Capim elefante Poales Poaceae Saccharum officinarum Cana-de-açúcar Sapindales Anacardiaceae Manguifera indica Manga Apiales Araliaceae Hedera helex Hera Apiales Pittosporaceae Pittosporum sp. Asterales Asteraceae Chrysanthemum sp Crisãntemo Caryophyllales Cactaceae Opuntia ficus-indica Caryophyllales Nyctaginaceae Bougainvillea glabra Caryophyllales Plumbaginaceae Plumbago sp. Brassicales Caricaceae Carica papaya Mamão Fagales Casuarinaceae Casuarina equisetifolia Malpighiales Passifloraceae Passiflora edulis Maracujá Malpighiales Euphorbiaceae Acalypha wilkesiana Malpighiales Euphorbiaceae Euphorbia milii Coroa-de-Cristo Malpighiales Euphorbiaceae Ricinus communis Fabales Fabaceae (Caesalpinoideae) Bauhinia sp Pedro Capitango, Ainel Gonzalo Robledo 60 Revista Órbita Pedagógica. Publicação quadrimestral. Vol. 1, Ano 2014, No. 3 (Setembro-Dezembro) Rosales Rosaceae Rosa sp. Rosales Moraceae Ficus elastica Malvales Malvaceae Guazuma sp Malvales Malvaceae Hibiscus rosa- sinensis Malvales Malvaceae Ceiba pentandra Laurales Lauraceae Persea americana Abacateiro Myrtales Myrtaceae Callistemon speciosus Myrtales Myrtaceae Eucaliptus sp Eucalipto Myrtales Myrtaceae Eugenia uniflora Pitanga Myrtales Myrtaceae Psidium guajava Goiaba Lamiales Bignoniaceae Jacaranda mimosifolia Jacaranda Lamiales Bignoniaceae Spathodea campanulata Lamiales Verbenaceae Lantana camara Gentianales Apocynaceae Thevetia peruviana Acreditamos que os conteúdos de Botânica (Tabela 1), lecionados no ensino secundário e superior, fundamentalmente relacionados a morfologia vegetal, podem ser trabalhados através de metodologias de ensino diversificadas, tendo como referência a biodiversidade da flora (Tabela 2) da Estufa Fria. Deste modo, os professores de Biologia têm na Estufa Fria um forte aliado para trabalhar diversos conteúdos de Botânica nos diferentes níveis de ensino. Segundo Benetti e Carvalho (2002), a observação directa é muito importante, inclusive porque coloca os alunos em contacto com uma dimensão não apenas cognitiva do aprendizado, mas também que lhe permita uma vivência lúdica e estética do ambiente. Para Santos (2002), citado por Cruz, Furlan & Joaquim (2009), tais actividades proporcionam ainda uma maior motivação também para os professores que vêem uma possibilidade de inovação para seus trabalhos, pois podem reproduzir em sala as actividades desenvolvidas em campo, vice- versa. Na concepção, de Queiroz et al, (2011), a maioria dos espaços não formais possuem um grande potencial de investigação e descoberta para todo aquele que o visita. Todavia, estes autores, mostram que diversos educadores, por desconhecerem as características dos espaços não formais de sua comunidade, Estado e País, não utilizam totalmente o seu potencial Revista Órbita Pedagógica ISSN 2409-0131 A ESTUFA FRIA: UM ESPAÇO NÃO-FORMAL EM POTENCIAL PARA APRENDIZAGEM DA BOTÂNICA © Instituto Superior de Ciências de Educação do Huambo, Angola. 61 educativo, deixando escapar a oportunidade de vivenciar, uma educação científica. A não exploração total e potencialmente dos recursos dos espaços não formal, acontece pelo despreparo dos professores para esta prática e a ausência de guias (monitores) nesses espaços, causando receio na utilização do mesmo (Queiroz et al, 2011). Segundo Araújo (2011), o trabalho de campo aliado à observação pode ser de extrema valia para o ensino de ciências, já que, assim, as plantas podem ser estudadas como um todo e em interação com o ambiente e se o lugar for propício, pode-se também ampliar a noção de biodiversidade do aluno. ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DA ESTUFA-FRIA PARA PROMOÇÃO DO ENSINO- APRENDIZAGEM DA BOTÂNICA Como pré-requisito para que se alcance resultados significativos em termos de aprendizagem, é importante conhecer as características dos espaços não formais de ensino, visando alcançar uma educação científica e aliar seus recursos aos conteúdos trabalhados em sala de aula (Oliveira & Gastal, 2009; Queiroz et al, 2011). Considerando as variáveis críticas que podem afetar a planificação das aulas praticas na Estufa Fria, elaborou-se um diagnóstico de pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças (Tabela 3). Assim, tanto os pontos fortes quanto os fracos deverão ser objeto de ações específicas. Tabela 3. Pontos fortes, Fracos, Oportunidades e Ameaças da Estufa Fria Pontos Fortes Pontos Fracos - Diversidade vegetal abundante, passível de programação de vários conteúdos de Botânica nos diferentes níveis de ensino. -Localização estratégica, com possibilidade de realizar aulas práticas de campo com menores gastos em transporte e em segurança. -Falta de informação relacionada ao espaço. -Falta a catalogação das espécies existente no local. -Ausência de pessoal qualificado responsável pelas actividades desenvolvidas no espaço. -Falta de estruturas específicas. Oportunidades Ameaças -A existência de especialistas, docentes e estudantes nas diferentes instituições de ensino e investigação. -Fácil acesso -Existência de projecto de requalificação do espaço -Inexistência de projectos ligados ao ensino e investigação. -A pratica de queimadas no local. -Inexistência de normas de utilização. -Perda de interesse por parte da população em frequentar o espaço pelo estado de degradação.