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Guias e Dicas
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IEA 2015 Bueno, Notas de estudo de Antropologia

Povoamento da América do sul

Tipologia: Notas de estudo

2016

Compartilhado em 07/07/2016

fabiola-souza-18
fabiola-souza-18 🇧🇷

4.6

(15)

62 documentos

Pré-visualização parcial do texto

Baixe IEA 2015 Bueno e outras Notas de estudo em PDF para Antropologia, somente na Docsity! estudos avançados 29 (83), 2015 119 povoamento inicial da América do Sul não foi um processo homogê- neo. Em termos cronológicos as evidências apontam para a ocupação de diversas regiões da América do Sul já em fins do Pleistoceno e início do Holoceno, com datas anteriores ou ao menos contemporâneas ao Horizonte Clovis na América do Norte. As dinâmicas do processo de colonização desses novos territórios também foram marcadas por uma grande variedade de estra- tégias. Os distintos ecótones não foram ocupados simultaneamente. Observa-se a existência de conjuntos de sítios de uma mesma matriz cultural separados por grandes distâncias e muitas áreas geográficas só passaram a ser exploradas em tempos mais recentes (Borrero, 2006; Bueno, 2011; Bueno et al., 2013a; Dias, 2004; Dias; Bueno, 2013; Dillehay, 2009; Faught, 2008; Goebel et al., 2008; Gruhn, 2005; Lanata et al., 2008; Mioti; Saleme, 2003; Steele; Politis, 2009). Esses fenômenos podem ser mais bem entendidos se concebermos que o processo de povoamento das Terras Baixas Sul-Americanas incorporou os vales dos grandes rios como rotas para o interior do continente. Tal dinâmica de explo- ração de novos territórios por caçadores coletores promove rápidos deslocamen- tos por grandes distâncias, combinando uma rede de movimentos axiais, com vias simultâneas de expansão radial. O modelo fluvial também prevê a existência de hot spots em certas áreas, constantemente ocupadas ao longo de milênios, o que resultaria em agrupamentos de sítios com longas sequências estratigráficas. Outras áreas, cuja ocupação estaria associada a ciclos sazonais de mobilidade, combinando momentos de agregação e dispersão de grupos humanos, seriam caracterizadas por assinaturas arqueológicas mais discretas e de baixa visibilidade (Anderson; Gillian, 2000; Anthony, 1990; Beaton, 1991; Haezelwood; Steele, 2003; Kelly, 2003; Sauer, 1944; Steele et al., 1998). Entre doze mil e oito mil anos ap o leste da América do Sul já se encon- trava ocupado por uma população estável de caçadores coletores, caracterizada por diversificadas estratégias de adaptação aos processos de transformação das paisagens holocênicas. O predomínio de sistemas de subsistência generalistas e a grande variabilidade de estilos regionais das indústrias líticas para esse período evidenciam os limites dos modelos clássicos sobre o povoamento da América para a compreensão dos processos de colonização inicial dessa região. Uma revi- Povoamento inicial da América do Sul: contribuições do contexto brasileiro LuCas Bueno i e adriana dias ii O estudos avançados 29 (83), 2015120 são crítica da bibliografia concernente ao contexto brasileiro indica 359 datações entre treze mil e sete mil anos ap associadas a 117 sítios arqueológicos, distri- buídos por todo o território nacional. De fato, o número de datas é maior, mas essa amostra representa somente aqueles sítios que apresentam dados confiáveis quanto ao tipo de material datado, o método de coleta e análise, a referência de laboratório, a proveniência estratigráfica e o contexto cultural associado a amos- tra datada, bem como um sigma inferior a trezentos anos (Bueno et al., 2013a). Também não foram consideradas datas anteriores a treze mil anos ap por en- volverem contextos cujas características discretas levantam questões a respeito da relação entre datações e atividades antrópicas (Dias; Bueno, 2014; Meltzer et al., 1994; Prous; Fogaça, 1999; Schmitz, 1990). Embora essa represente a maior amostra de datações para o período em comparação aos demais países da América Latina, esses dados são negligenciados na construção dos modelos de povoamento do continente americano por estarem publicados, na maioria, em língua portuguesa (Anderson; Gillian 2000; Bueno et al., 2013b; Lanata et al., 2008; Steele et al., 1998; Haezelwood; Steele, 2003; Hubbe et al., 2010). A colonização inicial do atual território brasileiro teria sido contempo- rânea ao Horizonte Clovis da América do Norte, apresentando características culturais distintas daquelas previstas pelos modelos ortodoxos. Na transição Pleistoceno-Holoceno, pelo menos três distintos eventos de colonização teriam contribuído para o povoamento original do Brasil. Um primeiro conjunto de evidências, entre doze mil e onze mil anos ap, refere-se à ocupação da Floresta Tropical e do Cerrado, cujos extensos sistemas fluviais interligam norte, nordes- te e centro-oeste do país, servindo de rota de acesso ao interior do continente (Figura 1). Em interação com esses mosaicos de paisagens tropicais, marcados pela sazonalidade das chuvas e alternância entre áreas de vegetação aberta e fechada, os caçadore-coletores da Tradição Itaparica investiram em estratégias generalistas, baseadas em sistemas de mobilidade sustentados por amplos ter- ritórios, cujos domínios eram demarcados pelos estilos regionais das indústrias líticas e da arte rupestre. Entre onze mil e oito mil anos atrás uma segunda frente populacional (Fi- guras 2, 3 e 4), culturalmente relacionada às populações pioneiras que coloniza- ram o extremo meridional do continente, passa a expandir-se da Bacia do Prata em direção ao norte e à costa Atlântica, chegando a atingir a zona de transição com as savanas tropicais. O clima mais ameno, sem alternância sazonal acentua- da, e a abundância de recursos associados à Mata Atlântica contribuíram para a fixação dos caçadores coletores da Tradição Umbu que passam a desenvolver estratégias generalistas de exploração dos recursos, marcando uma ruptura cul- tural com os contextos pampeanos. estudos avançados 29 (83), 2015 123 Uma última frente de colonização original do Brasil está representada pelo início da ocupação humana da planície litorânea a partir de oito mil anos ap (Fi- gura 5), onde predominam estratégias de exploração especializada em recursos aquáticos e sistemas de mobilidade restritos. Distribuída desde a desembocadura do rio Amazonas até o litoral norte do Rio Grande do Sul, a ocupação do litoral Atlântico apresentou uma alta diversidade regional, indicando origens culturais e biológicas distintas das populações continentais e padrões comportamentais tí- picos do Período Arcaico. Embora uma ocupação pioneira mais antiga não possa de todo ser descartada, as evidências arqueológicas apontam que o povoamento definitivo do litoral esteve associado ao aumento da produtividade ambiental nessa área, decorrente das flutuações do nível do mar que a partir do Holoceno Médio afetaram as dinâmicas de formação das paisagens costeiras. A inclusão do contexto brasileiro nos debates sobre povoamento da Amé- rica permite demonstrar que no Holoceno Inicial quase todos os espaços das Terras Baixas da América do Sul já haviam sido ocupados ou pelo menos co- nhecidos, visitados e mapeados por grupos humanos. A transição Pleistoceno- -Holoceno constituiu-se, portanto, no período em que essa paisagem se tornou território, onde histórias, sentimentos e atividades foram definitivamente asso- ciados a marcos geográficos, criando uma sensação de apropriação, familiaridade Figura 5 – Mapa com a localização dos sítios arqueológicos com datas entre oito mil e sete mil anos ap. estudos avançados 29 (83), 2015124 e pertencimento (Rockman, 2003; Zedenõ, 1997; Zedeño; Anderson, 2010). A diversidade dos padrões arqueológicos nesse período sugere fluxos de migra- ção com rotas, velocidades e comportamentos variados. Percebe-se também um processo de diversificação constante das estratégias adaptativas, em consonância com as transformações das paisagens ao longo do espaço e do tempo. Evidências da Bacia Amazônica: a primeira colonização caçadora-coletora da Floresta Tropical Estudos paleoambientais realizados no centro-oeste da Amazônia indi- cam que no auge da última glaciação, em torno de vinte mil anos ap, a dimi- nuição das precipitações foi insuficiente para a redução da cobertura vegetal e fragmentação da floresta em áreas de refúgio. Estudos sedimentológicos na desembocadura do rio Amazonas apontam para uma baixa deposição de pó- len de gramíneas, indicando a predominância das florestas tropicais durante o Pleistoceno (Colinvaux et al., 1996, 2000). Apesar de ainda pouco numerosos, estudos arqueológicos na Amazônia colombiana e brasileira, assim como nas savanas do platô das Guianas, têm aportado dados que reforçam a ideia de uma adaptação antiga aos ambientes tropicais, com datas que remontam a cerca de onze mil anos ap (Meggers; Miller, 2003; Mora; Gnecco, 2003; Roosevelt et al., 1996). Para o Brasil, existem no momento 32 datações radiocarbônicas en- tre 11.145 e 8.050 anos ap para doze sítios arqueológicos na Floresta Tropical (Bueno et al., 2013a). As características dos conjuntos líticos associados a essas ocupações apontam para a existência de uma variabilidade regional, embora haja um predomínio de estratégias expeditivas de produção de artefatos unifaciais em diversos pontos dessa macrorregião (Bueno, 2010c, 2010a). Porém, tanto nas savanas das Guianas, onde encontramos o Complexo Sipaliwini, quanto no baixo Amazonas, especialmente no abrigo da Pedra Pintada e no sítio Dona Stela, há evidências de uma indústria lítica com artefatos uni e bifaciais que apresentam também pontas de projétil pedunculadas (Boomert, 1980; Costa, 2009; Roosevelt et al., 2002). Com base na localização dos sítios, na cronologia e composição dos con- juntos artefatuais, podemos dizer que para a Floresta Tropical o contexto de ocupação humana entre onze mil e oito mil anos ap aponta para uma ampliação e diversificação no processo de povoamento. As características da organização tecnológica associada aos conjuntos líticos mais antigos sugerem a presença de indústrias uni e bifaciais no Médio e Baixo Amazonas, possivelmente associadas a uma rota de colonização de ambientes tropicais que inicialmente ocupou o norte do Planalto das Guianas, Venezuela e Colômbia, entrando no Brasil no final do Pleistoceno pelos rios da parte norte do país (afluentes pela margem esquerda do rio Amazonas) e pelo corredor seco existente no baixo Amazonas. Essa hipótese baseia-se em dados cronológicos e similaridades estilísticas entre o Complexo Sipaliwini da Guiana e o sítio Pedra Pintada, no estado do Pará (Boomert, 1980; Rostain, 2008; Roosevelt et al., 1996). Propomos ainda que essa rota norte es- estudos avançados 29 (83), 2015 125 teja relacionada a sítios antigos localizados no médio vale do rio Orenoco e nas montanhas do interior da Colômbia (Barse, 2003; Gnecco; Aceituno, 2006). Nesse caso, a conexão dessas áreas com o norte do Brasil seria facilitada por rios como rio Branco, Trombetas, Paru de Leste e pelo corredor já mencionado. Para a região de Carajás há o predomínio de estratégias expedientes mar- cadas pela produção de artefatos unifaciais, sendo as pontas de projétil bifaciais encontradas enquanto achados isolados. Esse contexto apresenta um padrão mais similar ao que encontramos no Brasil Central no mesmo período, possivel- mente representando um episódio de colonização de ambientes tropicais mais específico ou uma adaptação regional ao ambiente da Serra dos Carajás (Maga- lhães, 1994, 2005). Evidências do nordeste e centro-oeste do Brasil: caçadores-coletores da Savana Tropical Os dados paleoambientais disponíveis para as regiões nordeste e centro- -oeste do Brasil provêm de análises polínicas e sedimentos de lagos de diferentes locais, indicando mudanças na duração e intensidade de climas secos no final do Pleistoceno e início do Holoceno (Behling, 1998, 2002; Behling; Hooghiems- tra, 2001; De Oliveira et al., 1999; Ledru, 1993; Ledru et al., 1998, 2006; Mark- graf et al., 2000; Salgado-Laboriau et al., 1997, 1998). Enquanto as evidências do nordeste apontam para a predominância de climas úmidos durante o final do Pleistoceno, os dados para o Brasil Central apresentam uma tendência geral para condições de intensa aridez. No início do Holoceno, essas áreas apresentam diferentes padrões de mudança climática, embora prevaleça uma tendência para climas marcados por uma intensa sazonalidade e com predomínio de condições secas e ambientes do tipo savana dominando a paisagem. Após dez mil anos ap, para o Brasil Central há evidências que apontam para condições mais úmidas e quentes, enquanto para o Nordeste a tendência parece indicar climas também mais quentes, mas predominantemente secos. Finalmente, no Holoceno Médio eventos de seca de curta duração aparecem distribuídos em várias áreas dessas duas regiões. Nesse sentido, desde o Pleistoceno Final até o Holoceno Mé- dio um mosaico de condições climáticas e formações vegetais deve ter ocorrido em razão de respostas específicas em escala microrregional. Um exemplo des- sas variações locais pode ser visto numa área ao centro-sul do Planalto Central brasileiro, no centro do estado de Minas Gerais, associada à floresta mesofítica semidecidual. Essa área localiza-se em uma zona de transição entre a savana e a floresta tropical e está associada a formações cársticas. Do ponto de vista arqueo- lógico constitui-se em uma área de especial relevância uma vez que apresenta um denso registro arqueológico com datas entre 12.400 e oito mil anos ap. As pesquisas arqueológicas mais intensas nessas regiões permitiram a iden- tificação de 66 sítios arqueológicos com 218 datações radiocarbônicas entre 12.440 e oito mil anos ap associados a indústrias líticas essencialmente unifacial associadas à Tradição Itaparica (Bueno et al., 2013a). estudos avançados 29 (83), 2015128 de pequenos rios que cruzam a região (De Oliveira et al., 1999). Nessa rota, a bacia do rio São Francisco ofereceria o principal eixo de ligação entre a costa Atlântica, o nordeste e o sudeste do Brasil e sua ocupação estaria associada a Tradição Itaparica entre o período de 12.440 anos e nove mil anos ap (Bueno, 2011). Uma segunda rota, que poderia ser contemporânea à primeira, viria do noroeste, seguindo o extenso sistema fluvial amazônico em direção às savanas do Planalto Central brasileiro e estaria representada por sítios como Santa Elina. Apesar de as datas disponíveis para os sítios do nordeste serem mais antigas do que para os sítios do noroeste, isso poderia estar relacionado a um viés amostral, uma vez que há pouquíssimas pesquisas no oeste e no noroeste do Brasil. Outro importante conjunto arqueológico que deve ser mencionado é o Complexo Lagoa Santa, o qual inclui sítios em Lagoa Santa e Serra do Cipó (ex- tremo sul da Serra do Espinhaço). Esses sítios poderiam estar relacionados tanto a um fluxo populacional a partir do oeste quanto a uma expansão derivada do vale do São Francisco, alcançando aí sua mais alta latitude (Bueno, 2013a). No entanto, a tecnologia lítica, a arte rupestre e os conjuntos de sepultamentos hu- manos relacionados a esses sítios apresentam características distintas em relação à Tradição Itaparica ou à Tradição Umbu, criando a possibilidade de entender esse complexo como um fenômeno único e específico que deve responder ques- tões contextuais de ordem local (Bueno, 2013a, 2013b). Associados à Floresta Semidecidual, há nessa região sítios nos quais predo- mina uma indústria lítica local, composta por conjuntos com artefatos expedi- tivos, com intenso uso de tecnologia bipolar e exploração de matéria-prima de disponibilidade local, como o quartzo. Em geral, os sítios da região de Lagoa Santa e da Serra de Cipó poderiam estar associados ao Complexo Lagoa Santa datado entre 9.720 e 8.230 anos ap (Hurt, 1960; Hurt; Blasi, 1969). Sepultamentos humanos estão também presentes em uma série de abri- gos sob-rocha da região de Lagoa Santa e Serra do Cipó durante esse período, constituindo a maior e melhor amostra preservada de sepultamentos humanos do Brasil para o Holoceno Inicial (Prous, 1991a, 1992/1993; Neves; Hubbe, 2005; Neves et al., 2003). Na Lapa do Santo, por exemplo, foram encontrados 26 sepultamentos com 36 indivíduos, para os quais foram obtidas sete datas di- retamente a partir dos ossos humanos, definindo um período de ocupação entre 8.730 e 7.400 anos ap (Neves et al., 2003; Strauss, 2010). Estudos sugerem que houve dois picos de enterramentos nessa área: um antigo, entre dez mil e oito mil bp anos ap e um mais tardio entre dois mil e mil anos ap. Por outro lado, para o Holoceno Médio, há poucos sítios arqueológicos registrados e não há, no registro arqueológico da região, nenhum sepultamento humano. Essa configu- ração pode estar relacionada a períodos de intensa aridez enfrentados pela região durante esse período. No que se refere à fase de ocupação tardia dessa área, ela está relacionada a uma população horticultora sem nenhuma relação biológica com os primeiros grupos caçadores coletores (Araujo et al., 2003). estudos avançados 29 (83), 2015 129 Ao sul da Serra do Espinhaço, próximo a Lagoa Santa, também temos uma evidência de arte rupestre bem datada, consistindo em um bloco com gra- vuras que foi encoberto por sedimentos e encontrado nas escavações do Grande Abrigo de Santana do Riacho (Prous, 1991b). Duas amostras de carvão foram coletadas e datadas: uma bem embaixo do bloco (9.350 80 anos ap) e outra sobre o bloco (7.810 80 anos ap). Também nesse sítio foram encontradas evi- dências de pigmentos e raspadores associados a vários sepultamento humanos datados entre dez mil e oito mil anos ap (Prous, 1999). O estilo de arte rupestre associado a essas evidências é denominado Tradição Planalto e tem como princi- pal tema das pinturas a representação de animais (Isnardis, 2009; Prous. 1991a, 1991b; Ribeiro, 2006). Conforme mencionamos, a possibilidade de que o processo de coloniza- ção das savanas tropicais tenha ocorrido através de rotas de interiorização asso- ciadas a diferentes pulsos populacionais é sustentada também pela distribuição espacial dos sítios arqueológicos localizados no oeste do Brasil Central, como Santa Elina, estado do Mato Grosso. Esse sítio está localizado nos limites entre a região ocupada pelas savanas tropicas e pela floresta tropical, em uma área onde se localizam as cabeceiras tanto de rios que correm para a bacia amazônica quan- to para o planalto central e região sudeste do país. Em Santa Elina, embora não tenhamos datas para o momento específico da transição Pleistoceno-Holoceno, há datas disponíveis para o Pleistoceno Tardio, desde treze mil até 27 mil anos ap, associadas a vestígios líticos e de megafauna (Glossotherium lettsomi). No entanto, a origem cultural da amostra de carvão datada e problemas tafonômi- cos colocam algumas questões a essas amostras que ainda precisam ser melhor discutidas (Vilhena-Vialou, 2003; Vialou, 2005). Por outro lado, esse mesmo sítio apresenta nove datações radiocarbônicas entre 10.120 e 9.320 anos ap, associadas a uma indústria lítica caracterizada por uma tecnologia unifacial e ex- peditiva e por um estilo de arte rupestre que não apresenta correspondência com nenhum outro conhecido no Brasil Central para o mesmo período. Embora essa área ainda seja pouco conhecida para além desse sítio, ela está em um local muito importante para discussões sobre as primeiras rotas de povoamento uma vez que representa o sítio mais a oeste para esse primeiro período de entrada e dispersão do povoamento. Nesse sentido, Santa Elina, em razão de sua localização, cro- nologia e composição artefatual pode representar uma possível conexão entre as Terras Altas do oeste e as Terras baixas do leste da América do Sul. É também importante notar que entre nove mil e oito mil anos ap há uma mudança cultural abrupta no registro arqueológico para essa macrorregião da Savana Tropical: em todos os locais onde havia inicialmente uma ocupação as- sociada à Tradição Itaparica, observa-se a produção de um conjunto artefatual novo e diferente. Essa mudança parece indicar um processo de regionalização das indústrias líticas com características tecnológicas distintas (Bueno, 2007, 2011; Schmitz, 1987; Schmitz et al., 2004). Essas mudanças são especialmente _+ _+ estudos avançados 29 (83), 2015130 evidentes após 8.500 anos ap quando conjuntos líticos assumem características regionais e na maioria dos casos são caracterizados pela produção de artefatos informais produzidos sob matéria-prima local. Mas esse não é o único aspecto que apresenta evidências de mudança. Ainda para o mesmo período os estilos de arte rupestre regionais estão também mudando, com diferenças locais emer- gindo tanto no Planalto Central brasileiro quanto na região nordeste (Guidon et al., 2009; Martin, 1996; Prous; Ribeiro, 1996/1997; Ribeiro, 2006; Schmitz, 1987; Schmitz et al., 1989; Schmitz et al., 1996). Evidências do sudeste e do sul do Brasil: caçadores-coletores da Mata Atlântica e do Pampa A colonização inicial das regiões sudeste e sul apresenta datações mais re- centes quando comparadas com o Brasil Central, com 26 datas radiocarbônicas entre 10.810 e 8.020 anos ap, associadas a doze sítios arqueológicos que apre- sentam indústrias líticas bifaciais, com pontas de projétil de diferentes formas e tamanhos (Bueno et al., 2013a). A diversidade ecológica e as condições climáti- cas benignas corresponderam a fatores de fixação populacional antiga para essa área, contrastando com as restrições de umidade, temperatura e sazonalidade de recursos associadas ao povoamento do Brasil Central (em relação à disponi- bilidade de chuvas) e do Pampa argentino (em relação às baixas temperaturas) (Araujo et al., 2003; Dias, 2011, 2012; Hadler et al., 2013). A Mata Atlântica corresponde à segunda maior floresta tropical da Amé- rica do Sul. Embora o desmatamento tenha reduzido sua extensão original em mais de 90%, estima-se que abrangeria 15% do território brasileiro, estendendo- -se por todo o litoral Atlântico e interiorizando-se até os vales dos rios Paraguai e Paraná (Oliveira Filho; Fontes, 2000). O processo de formação desse bioma iniciou-se na transição Pleistoceno-Holoceno. As análises polínicas indicam que entre 12.300 e 9.800 anos ap passou a ocorrer um aumento progressivo da umi- dade e do calor no Brasil Meridional, estimulando o desenvolvimento das flo- restas até então restritas a encostas e vales de rios. As pradarias que dominavam esse cenário no Pleistoceno restringiram-se às altitudes mais elevadas do planalto sul brasileiro e à região sudoeste do Rio Grande do Sul. No litoral a expansão da Mata Atlântica só passou a ocorrer a partir de cinco mil anos atrás, quando cessaram as ingressões marinhas sobre a planície costeira (Angulo et al., 2006; Behling, 1998, 2002; Behling; Negrelle, 2001). O conjunto mais antigo de evidências da Tradição Umbu no sul do Brasil relaciona-se ao bioma Pampa e está representado por dois sítios a céu aberto, Laranjito e Milton Almeida, com datas entre 10.800 e 10.200 anos ap. Ambos os sítios estão localizados no médio rio Uruguai e as características tecnológicas das indústrias líticas apontam para similaridades com os contextos uruguaios e argentinos contemporâneos. No entanto, a ausência nos sítios brasileiros de pontas de projétil do estilo rabo de peixe permite sugerir que a Tradição Umbu pode estar relacionada a primeira ocupação dos vales fluviais do centro da Amé- estudos avançados 29 (83), 2015 133 há a seleção por locais de referência na paisagem, locais que se destacam pela sua configuração “monumental”, locais que representam marcos na paisagem local. Isso ocorre em um momento em que essa paisagem precisa ser conhecida e mapeada, fazendo que esses marcos desempenhem um papel importante faci- litando o conhecimento e reconhecimento, a orientação e a dispersão de grupos humanos em uma área pouco ou ainda não habitada. Os vales dos grandes rios, tanto no nordeste quanto no Brasil Central, na Amazônia ou na região sul, parecem ter desempenhado um papel importante nesse período, concentrando e direcionando a expansão que rapidamente atinge novas e distantes áreas sem que preencha completamente o vasto território que se estende entre esses pon- tos. Além de representarem feições-chave nessa paisagem, facilmente localizadas e reconhecidas, o vale desses rios concentra uma diversidade de recursos, tanto em termos de subsistência quanto de tecnologia, que certamente seria valoriza- do em situações em que se tem pouco ou nenhum conhecimento sobre as áreas ocupadas. Em contraste a essa configuração, no Holoceno Inicial, essa dispersão toma outra direção, expandindo-se radialmente e criando novas rotas e am- pliando a extensão das áreas ocupadas, em um processo de construção de uma paisagem agora familiar e socialmente incorporada. Há evidências de variação cultural regional, possivelmente associadas com a definição de áreas de ocupação com menor extensão espacial, mas sujeitas a uma grande densidade ocupacional integrada em um ciclo regular de mobilidade anual. Dessa forma, o Holoceno Inicial marca uma fase de ocupação efetiva do interior do Brasil, com a delimi- tação de fronteiras territoriais associadas a um processo de povoamento que envolve múltiplas rotas e dinâmicas de dispersão. As análises bioantropológicas têm oferecido suporte para a criação de mo- delos demográficos para o povoamento do continente compatíveis com a no- ção de intensos fluxos populacionais de origens variadas. De acordo com esse modelo, ao menos dois componentes biológicos constituem as populações que originalmente colonizaram a América. A ocupação mais antiga foi realizada por pessoas com morfologia craniana generalizada, similar a normalmente encon- trada entre populações indígenas africanas e australianas, a qual também preva- leceu no leste da Ásia durante boa parte do Pleistoceno Tardio. As caracterís- ticas dentárias dessas coleções antigas indicam a predominância de um padrão mais próximo aos sundandontes do que aos sinodontes que hoje predominam nas Américas. Esse padrão biológico é modificado entre o Holoceno Inicial e Médio, quando uma morfologia mongoloide e sindadonte torna-se dominante entre as populações nativas na América. Esses dados sugerem que uma segunda onda populacional com uma morfologia clássica mongoloide entrou nas Améri- cas através do estreito de Behring durante o final do Pleistoceno. As mudanças biológicas dos nativos americanos atuais indicam uma transição abrupta, possi- velmente envolvendo substituição populacional por competição e, em menor estudos avançados 29 (83), 2015134 grau, hibridização. Essas características sugerem que o intervalo de tempo entre as duas ondas populacionais com distintos conjuntos biológicos pode ter sido bem curta, por volta de dois ou três milênios (Neves; Pucciarelli, 1991; Neves et al., 2003, 2004; Neves; Hubbe, 2005). Nesse sentido podemos sugerir três rotas principais para o interior do con- tinente, ocupando todo o leste da América do Sul (Figura 8). Embora elas não sejam todas contemporâneas, já estavam presentes há dez mil anos ap: Figura 8 – Mapa com indicação das principais rotas de interiorização da colonização entre o final do Pleistoceno e o Holoceno Inicial. estudos avançados 29 (83), 2015 135 1) Rota da bacia do São Francisco: Essa seria a rota de interiorização mais antiga com datas para o período da transição Pleistoceno-Holoceno. Está as- sociada à Tradição Itaparica e provavelmente relacionada a uma rota de po- voamento que uniria o Caribe, a costa Atlântica ao norte e porções da cadeia de montanhas andinas, como sugerido por Sauer (1944) e Anderson e Gillian (2000). Nessa rota, o rio São Francisco teria ligado a costa Atlântica ao norte com o nordeste e o Brasil Central. Esse processo continuou até o Holoceno Inicial, com uma expansão radial conectando outras importantes bacias hidro- gráficas do Brasil Central, como Araguaia-Tocantins e Paraguai. Por fim, uma intensa diversificação cultural deve ter ocorrido após 8.500 anos ap, originando distintos complexos tecnológicos regionais (Bueno, 2011; Dias; Bueno, 2013). 2) Rota da bacia amazônica: Durante o Holoceno Inicial a segunda leva de colonização pode ter conectado o norte do Platô das Guianas, Venezuela e Colômbia, entrando no Brasil pelos rios da parte norte do país e pelo baixo Amazonas (Bueno, 2011). Essa hipótese está baseada na cronologia e em simi- laridades estilísticas entre o Complexo Sipaliwini da Guiana e o registro arqueo- lógico do baixo Amazonas (Boomert, 1980; Roosevelt et al., 2002; Rostain, 2008). No entanto, ao contrário da hipótese de Sauer (1944) e de Anderson e Gillian (2000), as datas do contexto brasileiro para esse período suportam a ideia de uma antiga adaptação para as Florestas Tropicais, o que também é confirmado pelo registro arqueológico colombiano (Aceituno; Loaiza, 2007; Gnecco, 2003; Gnecco; Aceituno, 2006; Mora; Gnecco, 2003). Pode-se ainda propor que essa rota norte esteja relacionada a sítios antigos do vale do médio rio Orenoco e com as montanhas do interior da Colômbia. A conexão com o norte do Brasil seria facilitada por rios como o Branco, Trombetas e Paru de Leste (Barse, 2003). 3) Rota da bacia do rio da Prata: Para o Holoceno Inicial uma terceira rota de colonização do interior voltada para a região sul está representada pela Tradi- ção Umbu. Possivelmente esteve associada ao sistema fluvial dos rios Paraguai, Paraná e Uruguai. Embora haja poucas evidências para essa área, as informações disponíveis parecem sustentar as propostas de Sauer (1944) e de Anderson e Gillian (2000), de que o Chaco boliviano parece ter sido um “hot spot” para a dispersão de populações no sul da América do Sul. Nesse cenário a bacia do rio da Prata poderia representar um primeiro caminho conectando os Andes com a Costa Atlântica, ou ainda com a bacia amazônica para o norte. No Brasil – e provavelmente no Paraguai e nordeste da Argentina – esse fluxo de colonização, associado a indústrias bifaciais e composto por uma variada gama de pontas de projétil pedunculadas e triangulares, foi estimulado pela expansão do bioma da Floresta Atlântica ao longo do Holoceno Médio (Dias, 2012; Dias; Bueno, 2013). As rotas aqui propostas definem também os principais vazios que preci- samos preencher para entender melhor o processo de povoamento das terras estudos avançados 29 (83), 2015138 BEHLING, H.; HOOGHIEMSTRA, H. Neotropical savanna environments in space and time: Late Quaternary interhemispheric comparisons. In: MARKGRAF, V. (Ed.) interhemispheric Climate Linkages. s. l.: Academic Press, 2001. p.307-24. BEHLING, H.; NEGRELLE, R. Tropical rain forest and climate dynamics of the Atlantic lowland, southern Brazil, during the late Quaternary. Quaternary research, v.56, n.3, p.383-9, 2001. BOOMERT, A. 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