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Guias e Dicas
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Sumário Unidade I Unidade II RAZÃO, COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO1 O USO D, Notas de estudo de Música

Comunicação e ética

Tipologia: Notas de estudo

2017
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Compartilhado em 17/03/2017

vagner-rodrigues-garcia-6
vagner-rodrigues-garcia-6 🇧🇷

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Baixe Sumário Unidade I Unidade II RAZÃO, COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO1 O USO D e outras Notas de estudo em PDF para Música, somente na Docsity! UNIVERSIDADE PAULISTA Interativa Plosoikl, COMUNICAÇÃO E ECA Professor conteudista: Vladimir Fernandes 1 FILOSOFIA, COMUNICAÇÃO E ÉTICA Re vi sã o: A m an da - D ia gr am aç ão : L éo - 1 7/ 11 /2 01 0 - 2ª R ev is ão : A m an da - C or re çã o: F ab io 2 9/ 11 /1 0 Unidade I 5 10 15 20 25 30 35 RAZÃO, COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO 1 O USO DA LINGUAGEM Falar é próprio dos seres humanos, já que os animais não falam. Aristóteles, ao afirmar (em sua Política) que o homem é um animal político, sustenta sua tese na ideia de que o homem é o único que possui linguagem, enquanto os animais apenas expressam dor ou prazer por meio de sons. E por que a linguagem é importante? Segundo o filósofo Ernst Cassirer1, o uso e o entendimento da linguagem possibilitam o verdadeiro “abre-te-sésamo”, que permite a entrada no mundo da cultura humana e o seu desenvolvimento. A linguagem é composta por um sistema de signos. Mas o que é um sistema? E o que são signos? Um sistema é um conjunto de elementos organizados, neste caso os elementos são os signos. Os signos são elementos que designam outros elementos. Por exemplo, a palavra árvore está no lugar do objeto árvore, o número 3 está no lugar da quantidade real que corresponde a três coisas etc. Cassirer afirma, em seu Ensaio sobre o Homem, que é fundamental fazer uma distinção entre sinais e símbolos para que seja possível ter uma melhor clareza do problema. Expõe, ainda, que os animais são suscetíveis a identificarem sinais, como tom de voz, expressões do rosto humano, gestos, e que também podem ser condicionados a vários tipos de sinais, como mostrou Pavlov em suas várias experiências. 1 Cassirer, Ernst. Ensaio sobre o Homem: introdução a uma filosofia da cultura humana. Trad. Tomas Rosa Bueno. São Paulo: Martins Fontes, 1994. 2 Unidade I Re vi sã o: A m an da - D ia gr am aç ão : L éo - 1 7/ 11 /2 01 0 - 2ª R ev is ão : A m an da - C or re çã o: F ab io 2 9/ 11 /1 0 Conforme Cassirer, todas essas atividades denominadas de reflexo condicionado estão distantes, e, até mesmo, do lado oposto ao caráter fundamental do simbolismo humano. O filósofo esclarece que as várias experiências feitas com animais superiores demonstraram que algumas reações não são meros acasos, mas que envolvem um tipo de compreensão e solução criativa. Mesmo nesses casos, a inteligência animal ainda se distancia muito da inteligência propriamente humana, já que ela fica limitada à experiência momentânea, não ocorrendo um progressivo desenvolvimento. Cassirer busca fundamentar sua tese de que o homem é um animal symbolicum, argumentando que somente o ser humano atinge o estágio de uma linguagem proposicional, enquanto os animais mais evoluídos atingem apenas uma linguagem emocional e uma inteligência prática, ou seja, identificam sinais por reflexos condicionados, o que os coloca muito distantes de uma linguagem simbólica. “Em resumo, podemos dizer que o animal possui uma imaginação e uma inteligência práticas, enquanto apenas o homem desenvolveu uma nova forma: uma imaginação e uma inteligência simbólicas” (1994, p.60). A transição de uma forma para outra fica evidente no desenvolvimento humano, mas nos animais tal processo não ocorre. Cassirer cita o caso especial de Helen Keller, que mesmo tendo nascido cega, surda e, consequentemente, muda, conseguiu, a partir dos esforços de sua professora, Mrs. Sullivan, compreender o sentido simbólico da linguagem e adentrar ao mundo humano do significado. E mesmo no caso de Helen Keller, o fato de usar sinais táteis no lugar dos vocais não prejudica a continuidade de desenvolvimento do seu pensamento simbólico (1994, p.63). Para Cassirer, apenas o homem desenvolve por si mesmo uma linguagem e uma inteligência simbólica, sem o simbolismo 3 FILOSOFIA, COMUNICAÇÃO E ÉTICA Re vi sã o: A m an da - D ia gr am aç ão : L éo - 1 7/ 11 /2 01 0 - 2ª R ev is ão : A m an da - C or re çã o: F ab io 2 9/ 11 /1 0 ficaríamos presos às necessidades biológicas e às situações concretas. Dessa forma, a questão sobre o que é o homem e qual sua diferença mais primária e específica em relação aos outros seres ganha novo enfoque. Daí que, para Cassirer, é mais adequado definir o ser humano como um animal symbolicum ao invés de animal racional, ou mesmo animal político ou construtor. Na verdade, essas definições não são excludentes ou contraditórias, mas a definição de Cassirer enfoca uma característica mais primária no ser humano: criar símbolos. E esse fato é a condição de possibilidade para o desenvolvimento de outras capacidades humanas. O que possibilita que o homem seja um ser racional, um ser político, um ser construtor de coisas, pois esta é sua capacidade primária de criar símbolos. O ser humano, enquanto animal simbólico, constrói a realidade em diferentes perspectivas. O sistema simbólico é a condição para ordenação do pensamento e da ação, sem ele não sairíamos da caverna de Platão nem adentraríamos no mundo plenamente humano (2006, p. 33)2. 2 O USO DA RAZÃO A palavra razão, na sociedade ocidental, tem origem em duas fontes: o termo latino ratio e o termo grego logos. Segundo Chauí, ambos os termos são substantivos originados de dois verbos com sentidos semelhantes em grego e latim. “Logos vem do verbo legein, que quer dizer: contar, reunir, juntar, calcular”; “Ratio vem do verbo reor, que quer dizer: contar, reunir, medir, juntar, separar, calcular” (1997, p.59). E o que fazemos, questiona Chauí, “quando medimos, juntamos, separamos, contamos e calculamos?”. Pensamos, com medida e proporção, de forma ordenada. Dessa forma: Logos, ratio ou razão significam pensar e falar ordenadamente, com medida e proporção, com clareza e 2 Fernandes, Vladimir. Filosofia, ética e educação na perspectiva de Ernst Cassirer. FEUSP: Tese de doutorado, 2006. 6 Unidade I Re vi sã o: A m an da - D ia gr am aç ão : L éo - 1 7/ 11 /2 01 0 - 2ª R ev is ão : A m an da - C or re çã o: F ab io 2 9/ 11 /1 0 Se entendermos ciência no sentido moderno, em que modelos matemáticos são desenvolvidos na tentativa de expressar, da melhor forma possível, resultados obtidos em experiências realizadas em laboratórios ou observações de fenômenos naturais, talvez seja adequado começar com Galileu Galilei, na Itália, e Johannes Kleper, na Alemanha, no início do século XVII. Porém, se por ciência entendermos a tentativa de compreender racionalmente o comportamento dos fenômenos naturais sem uma preocupação direta com a experimentação, então devemos começar a nossa história muito antes, em torno de seiscentos anos antes de Cristo (2003, p.9). Nessa perspectiva, os pré-socráticos foram os primeiros a adotar uma postura científica, uma vez que o conhecimento científico resulta de uma atividade racional. Os filósofos entendiam que era necessário passar da opinião (doxa), que é um conhecimento impreciso, superficial e subjetivo, para a ciência (epistéme), entendida como conhecimento racional e objetivo. Por outro lado, de um modo geral, a ciência grega permaneceu contemplativa, separada da prática e sem o interesse de intervir na realidade. Uma possível explicação para isso pode residir no fato de que a sociedade grega era escravagista e, dessa forma, o trabalho braçal e, consequentemente, o aperfeiçoamento dos instrumentos técnicos utilizados não eram valorizados pelos pensadores gregos. A partir do século XVII, com Galileu Galilei, tem início a moderna concepção de ciência com sua separação da filosofia. Galileu, em seus estudos de astronomia, faz uso da luneta para observar os astros e nas suas investigações de física recorre ao uso de matematização e experiências. Segundo Aranha & Martins: A grande novidade da nova física foi o uso da experimentação e da matematização. Enquanto a 7 FILOSOFIA, COMUNICAÇÃO E ÉTICA Re vi sã o: A m an da - D ia gr am aç ão : L éo - 1 7/ 11 /2 01 0 - 2ª R ev is ão : A m an da - C or re çã o: F ab io 2 9/ 11 /1 0 física antiga era qualitativa, baseada nas qualidades intrínsecas das coisas, Galileu observava e realizava experiências em laboratório, usava instrumentos e descrevia quantitativamente os fenômenos. Para compreender a queda dos corpos, Aristóteles indagava a respeito da natureza dos corpos pesados ou leves. Diferentemente, Galileu investigava “como” os corpos caem (e não “por que” caem) e depois, de repetir inúmeras experiências em um plano inclinado, descobriu a relação entre o espaço percorrido por um corpo em movimento e o tempo que leva para percorrê-lo. Expressou, então, a lei da queda dos corpos numa forma geométrica (2005, p.189). Com a tendência crescente de valorização da razão e de um saber ativo, o método científico foi se desenvolvendo e sendo adaptado a outros campos do conhecimento, originando outras ciências particulares, como a astronomia, a química, a biologia, a sociologia, entre outras. Enquanto o senso comum produz um conhecimento superficial e impreciso, a ciência busca um conhecimento preciso e objetivo, que possa ser comprovado, e, para isso, utiliza um método. A palavra método vem do grego meta, “através de” e hodós, “caminho”, portanto, indica a necessidade de buscar procedimentos adequados para atingir determinado objetivo. Faz-se necessário trilhar um caminho para atingir um objetivo, no caso da ciência a elucidação de um problema. Em uma passagem de “As aventuras de Alice no país das maravilhas”, ela encontra um gato e pergunta: “Como posso sair daqui? O gato responde: Isso depende muito de para onde você quer ir. Alice explica: Não quero ir para lugar nenhum. Apenas, sair daqui. O gato retruca: Se você não vai para lugar nenhum, qualquer direção serve”. Daí a importância de se ter clareza de onde se quer chegar. 8 Unidade I Re vi sã o: A m an da - D ia gr am aç ão : L éo - 1 7/ 11 /2 01 0 - 2ª R ev is ão : A m an da - C or re çã o: F ab io 2 9/ 11 /1 0 O conjunto de procedimentos adotados pela ciência ao investigar um problema, configura o seu método. Nas ciências da natureza, como a física, a química e a biologia, que possibilitam a experimentação, as seguintes etapas são: observação do problema, hipótese, experimentação, generalização. Vamos ver, segundo Aranha & Martins, um exemplo de aplicação do método científico. O carbúnculo, doença infecciosa provocada por bactéria, trazia inúmeros prejuízos aos criadores de gado quando, em 1881, o francês Louis Pasteur se ocupou com o assunto. Levantou a hipótese de que os animais poderiam ser imunizados caso fossem vacinados com bactérias enfraquecidas de carbúnculo. Separou, então, 60 ovelhas da seguinte maneira: em dez não aplicou tratamento algum; vacinou duas vezes outras 25, e após alguns dias lhes aplicou uma cultura contaminada por carbúnculo; não vacinou as 25 restantes, mas inoculou-lhes a cultura contaminada. Depois de algum tempo, verificou que as 25 ovelhas não vacinadas morreram, as 25 vacinadas sobreviveram e, comparadas com as dez que não tinham sido submetidas a tratamento, ficou constatado que a vacina não lhes prejudicara a saúde. Esse procedimento clássico exemplifica o método das ciências experimentais. Inicialmente, apresenta-se um problema que desafia a inteligência humana: no exemplo dado, a doença que dizimava o rebanho francês. A partir do problema, o cientista elabora uma hipótese e estabelece as condições para o seu controle, a fim de confirmá-la ou não. Se não chegar a uma conclusão a partir da primeira suposição formulada, deverá repetir as experiências ou alterar inúmeras vezes as hipóteses. A conclusão é generalizada, ou seja, considerada válida não só para aquela situação, mas para outras similares (2005, p.178). 11 FILOSOFIA, COMUNICAÇÃO E ÉTICA Re vi sã o: A m an da - D ia gr am aç ão : L éo - 1 7/ 11 /2 01 0 - 2ª R ev is ão : A m an da - C or re çã o: F ab io 2 9/ 11 /1 0 Adorno e Horkheimer ilustram a constituição do sujeito racional no canto XII da Odisseia, quando Ulisses tem que enfrentar ainda alguns perigos antes de retornar à Ítaca. Ulisses, advertido do perigo do canto das sereias, utiliza- se de dois recursos que possibilita que todos sejam salvos e que ele possa, ao mesmo tempo, ouvir o belíssimo canto sem sucumbir. Ulisses pede para ser amarrado fortemente ao mastro do navio e seus companheiros têm os ouvidos tapados com cera e a incumbência de remarem disciplinados e, ainda, o compromisso de amarrarem mais fortemente Ulisses se este lhes pedir para que lhe soltem. “amarrai-me de pé sobre a carlinga, com rudes laços, para que eu daqui não saia, e pendam fora do meu alcance as pontas das cordas. Se eu insistir convosco para que me soltes, apertai-me, então, em laços mais numerosos” (Homero, 1997, p.144). Dessa forma, todos conseguem se salvar do encanto do canto das sereias. Os companheiros de Ulisses porque foram privados de ouvir o canto e remaram concentrado, e Ulisses que, amarrado ao mastro, pôde escutar, mas foi obrigado a renunciar a esta felicidade. Ele contempla impotente ao espetáculo. Segundo Adorno e Horkheimer: “As medidas tomadas por Ulisses quando seu navio se aproxima das Sereias pressagiam alegoricamente a dialética do esclarecimento” (1985, p.45). A viagem metafórica da constituição do sujeito racional que calcula e domina a natureza pressupõe a renúncia de si mesmo, o sacrifício. Foi necessário reprimir os instintos e sacrificar-se para que Ulisses ouvisse o canto, sobrevivesse e depois contasse aos outros mortais sobre sua beleza. O sacrifício é o tributo necessário para a constituição do sujeito, para que este vença o destino e, também, para sua dolorosa separação do estado de natureza. 12 Unidade I Re vi sã o: A m an da - D ia gr am aç ão : L éo - 1 7/ 11 /2 01 0 - 2ª R ev is ão : A m an da - C or re çã o: F ab io 2 9/ 11 /1 0 Ulisses é comparado, por Adorno e Horkheimer, ao futuro burguês que renuncia a felicidade quanto mais seu poder a torna possível. Já os remadores são comparados aos trabalhadores nas fábricas, que devem executar seu trabalho de forma disciplinada e sistemática, sem dar atenção ao prazer que foi colocado de lado. A razão instrumental burguesa entendeu que conhecer a natureza é, sobretudo, dominá-la. O esclarecimento torna- se uma dominação cega que não se preocupa mais com a essência, apenas com a eficiência. Tudo se transforma em mercadoria, em objeto quantificável que deve gerar lucro. O pensamento atrofiado reifica-se num automatismo autoritário que o faz regredir à mitologia. Reabilitar o pensamento que pensa sobre si mesmo é o caminho alternativo ao totalitarismo da razão. 5 OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA Os meios de comunicação de massa, como a própria expressão indica, são aqueles meios capazes de atingir um grande número de pessoas, de diferentes lugares e classes sociais. E esses meios são objetos tecnológicos, como o rádio, o cinema, a imprensa, a televisão etc. É por meio desses objetos tecnológicos que as mensagens são propagadas. E quais são os conteúdos transmitidos? São informações com diferentes formas: novelas, notícias, jogos, música, debates etc. Os meios tecnológicos de comunicação de massa costumam ser criticados por criarem um simulacro de realidade. Segundo Aranha (2006), “O simulacro intensifica e embeleza o real, que se torna “hiper-real” e, portanto, mais atraente. Basta ver como nas propagandas o hambúrguer parece ser mais saboroso, ou a guerra distante nos faz lembrar um trailer de um filme qualquer. As consequências 13 FILOSOFIA, COMUNICAÇÃO E ÉTICA Re vi sã o: A m an da - D ia gr am aç ão : L éo - 1 7/ 11 /2 01 0 - 2ª R ev is ão : A m an da - C or re çã o: F ab io 2 9/ 11 /1 0 dessa superexposição de imagens é que tudo se transforma em show, em entretenimento, na sua apresentação sedutora. (...) Por outro lado, o resultado também é muitas vezes a ilusão de conhecimento, a atenção flutuante, o conhecer por fragmentos, sem um momento de parada para a integração das partes e a reflexão sobre as informações recebidas. Trata-se, enfim, de um desafio para o professor, cujo trabalho teórico contraria o fluxo frenético e feito em partículas do videoclipe ou do zapping na tevê” (2006, p.79). Leia, abaixo, um trecho do texto do filósofo Mário Sérgio Cortella5, em que ele relata sua experiência e algumas reflexões sobre os efeitos de um meio de comunicação de massa: a televisão. “Como era a sala da minha casa em Londrina, há 30 anos? Num canto tinha uma mesa com cadeiras em voltas e nela fazíamos uma coisa inacreditável na hora do almoço: almoçávamos juntos, pais e filhos. No fundo tinha um guarda-comida, um armário onde a minha mãe guardava tudo o que ela tinha ganhado no casamento para usar num dia especial, que nunca chegou; mas guardava. E com o tempo foi sendo distribuído para filhos e netos. Na sala havia uma área de circulação para chegar na cozinha, e num cantinho havia um altarzinho com uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. Havia ainda quatro poltronas. Por incrível que pareça, uma de frente para a outra, de maneira que as pessoas, quando sentassem, pudessem fazer uma coisa antiga, que era se ver. E sabem o que fazíamos em casa, à noite? Só quem é idoso como eu vai saber. Sabem o que fazíamos? Conversávamos! Conversavam pais com filhos, vinham os parentes. Vizinho era bem-vindo. Alguém se lembra desse tempo em que vizinho era bem-vindo? Ele vinha, trazia um bolo, conversava. 5 Cortella, Mário Sergio. “Globalização e qualidade de vida”. Palestra proferida no SESC - SP - 1999. Disponível em: http://www.sescsp.org.br/ sesc/Conferencias/subindex.cfm?Referencia=2911&ID=59&ParamEnd=6 &autor=160 16 Unidade I Re vi sã o: A m an da - D ia gr am aç ão : L éo - 1 7/ 11 /2 01 0 - 2ª R ev is ão : A m an da - C or re çã o: F ab io 2 9/ 11 /1 0 cena pode se repetir em qualquer grande cidade do Brasil e do mundo, e ilustra alguns dos aspectos da globalização. Mas como pode ser definida a globalização? Segundo Barbosa: A globalização é uma realidade presente, que se manifesta nos planos econômico, político e cultural, a partir de uma aceleração do intercâmbio de mercadorias, capitais, informações e ideias entre os vários países, ocasionando uma redução das fronteiras geográficas” (2003, p.8). Dessa forma, algumas características marcantes da globalização são: no campo da comunicação, as informações são transmitidas em tempo real, possibilitando acompanhar, de forma quase instantânea, vários acontecimentos que ocorrem no planeta, como jogos esportivos, enchentes, acidentes, protestos, lançamento de satélites etc. No âmbito da economia ocorre uma grande oferta de produtos importados, como produtos eletrônicos, alimentos, roupas, carros etc. Na esfera da cultura, cada vez ocorre uma maior e mais rápida oferta de filmes, CDs e livros produzidos em outros países e que, algumas vezes, são lançados mundialmente. Há também uma tendência à universalização dos valores políticos e democráticos, assim como a defesa dos direitos humanos e sociais. Mas será que todos os países são afetados igualmente pela globalização? Segundo Barbosa: Os países que conseguem assimilar as novas tecnologias possuem as multinacionais mais avançadas, dispondo de uma vantagem comercial adicional em relação aos demais, e maior autonomia para realizar as suas políticas. Esses são “globalizadores”. Como veremos, são esses os países que, em grande medida, controlam as decisões 17 FILOSOFIA, COMUNICAÇÃO E ÉTICA Re vi sã o: A m an da - D ia gr am aç ão : L éo - 1 7/ 11 /2 01 0 - 2ª R ev is ão : A m an da - C or re çã o: F ab io 2 9/ 11 /1 0 internacionais tomadas em fóruns como o G-8 (que reúne as sete economias mais fortes, além da Rússia) e nos organismos internacionais. Já os países “globalizados” são os mais vulneráveis e, portanto, mais expostos aos impactos negativos da globalização, pois geralmente importam mais do que exportam, ou então exportam produtos menos elaborados e são praticamente obrigados a adquirir no exterior as tecnologias mais caras; esses países, ao mesmo tempo, procuram estimular a instalação de empresas multinacionais em seu território, mas não fomentam as empresas nacionais na magnitude exigida; além de se tornarem reféns dos movimentos bruscos dos capitais de curto prazo, sofrendo frequentes ataques especulativos contra as suas moedas (2003, p. 16). Pode-se afirmar que a globalização não criou as diferenças entre os países, mas, segundo Barbosa (2003), ajudou a aprofundá-las, como no caso dos países africanos, ou ajudou a atenuá-las, como no caso de alguns países asiáticos, como Coreia do Sul e Taiwan, por exemplo. Dessa forma, segundo o autor: “a globalização não pode ser rotulada como, necessariamente, boa ou má, sendo antes o resultado de um conjunto complexo de fatores econômicos, políticos e sociais que afetam o mundo inteiro, mas não por igual, já que alguns países possuem maior capacidade de intervenção no cenário internacional do que outros” (2003 p.17). Para refletir: Com base nos conteúdos apresentados, analise a frase do biólogo René Dubos: “Pense globalmente, aja localmente”.
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